"Reforço da Gestão das Pescarias nos Países
da ACP"
Projeto Financiado pela União Europeia.
“Esta publicação foi produzida com a assistência da União Europeia. Os conteúdos da presente publicação são da responsabilidade exclusiva de ”nome do autor” e não poderão de forma alguma serem considerados para refletir as visões da União Europeia.”
“O conteúdo deste documento não reflecte necessariamente as visões dos relativos governos”
Relatório Técnico Final
“Estado da situação, identificação de zonas e avaliação da
potencialidade da aquacultura em São Tomé e Príncipe »
Projeto ref. N° CA-3.1- B14a
Região: África Central País: São Tomé e Príncipe
Data: Outubro 2013
Um projeto implementado por:
Gabriel de Labra
Consultor Internacional em Aquacultura
“Estado da situação, identificação de zonas e avaliação da potencialidade da
aquacultura em São Tomé e Príncipe »
Projecto Financiado pela União Europeia Implementado: G. de Labra, C.I. em Aquacultura pg. 2
Anexo 3. Estudo diagnostico
ESTADO DA SITUAÇÃO, IDENTIFICAÇÃO DE ZONAS E AVALIAÇÃO DA
POTENCIALIDADE DA AQUACULTURA EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
1. CONTEXTO
São Tomé e Príncipe é um Estado Insular é o segundo pais mais pequeno de África depois
de Seychelles. Está situado em plena zona equatorial, próximo das costas do Gabão (303
Km), Guiné Equatorial (442 Km) e Camarões (550). A república é constituída pelas ilhas
que lhe dão o nome e por vários ilhéus adjacentes (não povoados), ocupando uma área de
cerca de 1001 km2 . A ilha de S. Tomé tem 859 km2 e Príncipe 142 km2. A população
residente total é de 179.200 (recenseamento 2012), a grande maioria na ilha de São Tomé.
O Clima é de natureza equatorial, com bosque húmido tropical e abundantes recursos
hídricos mas escassamente desenvolvidos. Devido à topografia das ilhas o vento cálido do
sul é bloqueado pelas montanhas do interior e existe uma grande diferencia entre o norte e
o sul no referente a distribuição das chuvas: o Nordeste de São Tomé apresenta uma
estação seca de junho à setembro, (gravana) e a precipitação anual média é inferior aos
1.000 mm, entanto que no Sudoeste as precipitações excedem os 7.000 mm. Em Príncipe, a
precipitação média no sul é de 5.000 mm e diminui até os 2.000 mm no norte. A fraca
amplitude térmica e sua localização equatorial, formam o conjunto presente de uma notória
diversidade ecológica, onde podemos encontrar não menos do que 5 tipos de climas (desde
Fonte: “Plano de Desenvolvimento dos recursos hídricos globais de São Tomé e Príncipe” Direcção de
Recursos Naturais e Energia, 2009
“Estado da situação, identificação de zonas e avaliação da potencialidade da
aquacultura em São Tomé e Príncipe »
Projecto Financiado pela União Europeia Implementado: G. de Labra, C.I. em Aquacultura pg. 3
o super húmido à mais de 7 000 mm / ano, até o clima árido à menos de 700 mm / ano), 4
camadas de vegetação naturais, 3 tipos principais de solos, 12 formações climáticas (da
floresta super-humida até a savana sub desértica, alcançada pelas zonas de vegetações sub
alpestre).
A temperatura media também encontrar-se condicionada pelo relevo orográfico, com
medias anuais que vão desde os 24 ºC nas zonas baixas litorais até os 18ºC nas zonas mais
elevadas. Aproximadamente mais de um tercio da superfície total de São Tomé tem uma
temperatura média igual ou inferior aos 22ª.
A economia de São Tomé está baseada
fundamentalmente na industria agrícola
de cacau principalmente, e de café,
banana, coco e palma. Antes da
independência existiam umas 50
empresas agrícolas, cada uma com o seu
sistema de irrigação próprio.
Posteriormente se fusionaram em 15
sectores agrícolas, cada um deles com o
seu próprio sistema de irrigação e de
pequenos sistemas de produção hidro-
elétrica. Na atualidade a maioria destes
sistemas está abandonado ou
deteriorado. Fonte: Plano Manejo P.N. Obô S. Tomé 2009-2014
Fonte: “Plano de Desenvolvimento dos recursos hídricos globais de São Tomé e Príncipe” Direcção de
Recursos Naturais e Energia, 2009
“Estado da situação, identificação de zonas e avaliação da potencialidade da
aquacultura em São Tomé e Príncipe »
Projecto Financiado pela União Europeia Implementado: G. de Labra, C.I. em Aquacultura pg. 4
Estas características de insularidade e de
economia baseada em agricultura de
exportação condicionam muito a dieta
alimentar da população que tem uma forte
dependência da proteína de pescado que
representa mais do 60% da proteína animal
ingerida na dieta, presentando um consumo
de pescado por habitante e ano de cerca de
24 Kg. Esta proteína é fornecida
praticamente na sua totalidade pela
atividade da pesca artesanal, realizada por
cerca de 2.500 pescadores e comercializada por um numero similar de “palaiês”. Contudo,
devido as insuficiências do sistema de transporte e as deficientes estradas de acesso em
algumas zonas do interior, uma parte da população apenas consume peixe fresco e baseia a
sua dieta proteica no búzio de mato, um tipo de molusco gastrópode terrestre. Além de
isso, a pesca litoral começa a mostrar sinais de sobre exploração que vem se agravadas por
uma fraca organização e regulação do sector
pesqueiro artesanal enquanto que por outro
lado o rápido crescimento da população está
a por em risco o adequado abastecimento de
proteína animal da população.
É neste contexto que as autoridades são-
tomenses querem promover a exploração do
recurso da aquacultura como uma fonte
alternativa e complementaria para a
produção de proteína animal, atenuando
assim o problema de abastecimento e
criando também as condições para o desenvolvimento de novas atividades económicas
geradoras de renda.
2. ANÁLISE DA SITUAÇÃO ATUAL DO SECTOR DA AQUACULTURA EM SÃO
TOMÉ
Quadro institucional
No estatuto orgânico da Direcção das Pescas, dependente do Ministério de Agricultura,
Pescas e Desenvolvimento Rural, a Aquacultura é considerada como um complemento da
pesca para contribuir à Segurança Alimentar e ao abastecimento de peixe no mercado. Em
relação à Aquacultura a Direcção das Pescas tem as seguintes atribuições (Cap 1, Art 3):
Estudo de viabilidade sobre a aquacultura extensiva a nível artesanal (recursos
hídricos, condições e impactos ambientais, espécies adequadas, alimentação e
materiais disponíveis, tecnologias adequadas)
23,3%20,8%
18,1%
8,9%7,5% 7,3%
3,6% 3,1% 2,9% 1,9%
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
Repar tição da população com 10 anos ou mais que se dedica a atividade agr ícola por tipo de cultivo : RPGH 2001-2012
Evolução dos efectivos da população de 1940-2012
“Estado da situação, identificação de zonas e avaliação da potencialidade da
aquacultura em São Tomé e Príncipe »
Projecto Financiado pela União Europeia Implementado: G. de Labra, C.I. em Aquacultura pg. 5
Recrutar e formar pessoal para as actividades de extensão e apoio
Elaborar um plano de desenvolvimento e criar centros de apoio à aquacultura e
de extensão (apoio técnico, quadro legislativo, criação de alevins, formação,
micro financiamento, monitorização de doenças/prevenção)
Na Direção das Pescas, existe um Departamento de Investigação, Estatística e
Aquacultura, (DIEA) que inclui entre as suas atribuições:
“Desenvolver a aquacultura com critérios baseados na sustentabilidade, para produzir
alimentos e para aproveitar os recursos hídricos (naturais), tanto ambiental como
biológico”
Contudo, não existe um documento de estratégia ou plano operativo para executar esta
atribuição e no momento presente a aquacultura é apenas uma possibilidade de futuro,
baseada em algumas experiencias desenvolvidas no passado e no facto de que, em outros
países da Região de África Ocidental e Central, é já uma atividade que está a ser
desenvolvida por múltiplos actores, públicos e privados, e promovida pelos distintos
governos e instituições internacionais.
Investigação e Formação em Aquacultura
Não existe no País nenhum centro de Formação ou de Investigação em Aquacultura.
Apenas alguns funcionários das Pescas assistiram à seminários ou jornadas onde
receberam formações específicas pontuais em aquacultura, no marco de projetos de
cooperação regionais financiados por distintos doadores internacionais. Contudo, não
existe nenhum quadro técnico especializado em aquacultura e, o nível de conhecimento
atual à nível da Instituição, é insuficiente.
Verbalmente o consultor foi informado de que algum estudo foi feito há mais de dois
décadas por técnico(s) cubano(s) e mais recentemente por um técnico japonês, mais não
há disponível nenhuma copia nem relatório de esses estudos nem informação escrita
relacionada. De igual forma, no DIEA não dispõem de informação detalhada e atualizada
das poucas atividades relacionadas com aquacultura que se estão a realizar no momento
presente, mas, em termos gerais, os técnicos responsáveis sim têm algum conhecimento
das escassas atividades que se estão à realizar e de algumas que se fizeram em anos
anteriores.
Não existem portanto nenhum inventário ou informação sistematizada de dados alusivos à
produção aquícola, a superfície do cultivo utilizada ou as infraestruturas de água doce
existentes que tem ou tiveram alguma atividade piscícola, ou inclusive das espécies
existentes, bem sejam nativas ou introduzidas.
Condições biofísicas e ambientais
Não existe igualmente nenhum estudo específico das condições biofísicas relacionados
com a aquacultura, mas existe um relatório detalhado sobre o “Plano de Desenvolvimento
dos recursos hídricos globais de São Tomé e Príncipe” da Direcção de Recursos Naturais
“Estado da situação, identificação de zonas e avaliação da potencialidade da
aquacultura em São Tomé e Príncipe »
Projecto Financiado pela União Europeia Implementado: G. de Labra, C.I. em Aquacultura pg. 6
e Energia do Ministério dos Recursos Naturais e do Meio Ambiente, elaborado pela CECI
Engeneering Consultants, Inc. de Taiwan em 2009, financiado pela Cooperação
Taiwanesa. Nesse estudo encontra-se informação detalhada da climatologia e os recursos
hídricos orientado fundamentalmente aos aspectos de abastecimento para consumo
humano, energia hidroeléctrica e agricultura, mas alguns dados estatísticos podem servir
também para orientar possíveis explorações acuícolas.
Com referencia aos aspectos ambientais também não foi possível encontrar informação
relativa às espécies de Tilapia introduzidas, na maior parte dos casos, varias décadas
antes. Algumas introduções recentes referidas neste relatório (ver no apartado 3) não
foram registadas nem fiscalizadas oficialmente por nenhuma instituição competente.
No “Relatório Nacional do estado geral da Biodiversidade de São Tomé e Príncipe” de
2007 , em relação à fauna ictiológica de águas interiores salienta-se a existência de cinco
espécies distribuídas em diversos gradientes de salinidade que vão da água doce à água
salobra dos estuários e pântanos. Nos cursos superior e médio dos vários rios e cursos de
água existem peixes de pequenos tamanhos, tais como Eleotris vittata (Charoco),
Sicydium bustamantei, Pomadasys jubellini e Aplocheilichtlys spilauchena. Destaca-se
igualmente a presença de peixes que pertencem à ordem dos Protóperos, tais como os
Dipnóicos (Cucumbas), que possuem simultâneamente guelras e pulmões que lhes
permitem respirar dentro e fora da água. Mas não aparece nenhuma referência a espécies
de Cíclidos como as Tilápias.
O estudo descreve algumas espécies de Crustáceos, tais como: Cardisoma amatum
(caranguejo), da família dos Gecarcinidae, que constroem os seus habitats escavando
buracos à volta dos pântanos. Foram identificados dois géneros que são Macrobrachium
e Atya e compreendem quatro espécies: Macrobrachium zariquieyi, Macrobrachium
raridens, Atya intermedia e Atya scabra. As duas espécies de Macrobrachium
representam os camarões brancos, muito apreciados e procurados no País. Nestes
ecossistemas a riqueza biológica é provada pela presença de camarão de água doce,
Sicydium bustamantei
Disponibilidade de insumos
No referente à disponibilidade de insumos, não existe no país nenhum centro de
produção de alevinos e as espécies de Tilapia presentes em algumas das pequenas
instalações foram importadas em diferentes períodos da história recente de países como
Gana, Nigéria ou Gabão. Conforme às informações disponíveis (comunicação verbal)
nenhuma destas importações foi oficialmente registada.
Em relação a insumos para alimentação aquícola, o país não possui nenhuma fábrica de
alimentos para aquacultura mas sim tem abundancia de produtos agrícolas que podem ser
utilizados como alimentação suplementar dos peixes de cultivo. Produtos ou subprodutos
derivados de tubérculos como Mandioca ou Matabala (Colocasia esculenta), ou frutos
como Fruta Pão (Artocarpus altilis), Jaca (Artocarpus heterophyllu), Coqueiros,
diferentes tipos de Banana, etc. podem ser utilizados direita ou indiretamente em
“Estado da situação, identificação de zonas e avaliação da potencialidade da
aquacultura em São Tomé e Príncipe »
Projecto Financiado pela União Europeia Implementado: G. de Labra, C.I. em Aquacultura pg. 7
aquacultura. Outros subprodutos derivados da industria do Cacau ou da Palma (que
representam as maiores agro-industrias do país) ou da fabricação de cerveja, podem
também ser utilizados como ingredientes para a fabricação de dietas para peixes.
No momento atual existem no país algumas iniciativas privadas de pequenas fábricas de
farinhas vegetais que podem ser utilizadas convenientemente para a fabricação de farinhas
para aquacultura.
Situação do consumo/comercialização
São Tomé e Príncipe é um país com uma ampla tradição de consumo habitual de pescado,
com 23.6 kg/hab./ano (DIPA 1998) que está muito acima da media mundial (17 Kg per
capita) e dos outros países africanos que tem uma media de 8,3 Kg per capita1 . Segundo
dados da própria Direcção das Pescas (2007) esse consumo representa o 60-70% da
proteína animal ingerida pola população, que na media mundial é de apenas 15%.
Este hábito de consumo é baseado exclusivamente em espécies marinhas e por tanto
existem muitas dúvidas de si o peixe de água doce seria aceitado pela população. A
experiencia em outros países com hábitos de consumo de peixe marinhos mostram que
espécies de água doce como a Tilapia encontraram um nicho de mercado mesmo em
mercados considerados “tradicionais” ou “exigentes”. Contudo, é aconselhável fazer um
estudo de mercado para estimar o potencial mercado das espécies de água doce cultivadas.
É também necessário ter em conta que existem todavia algumas comunidades rurais do
interior nas que o peixe apenas é consumido, devido essencialmente às deficientes
condições das estradas de acesso e/ou insuficientes meios de transporte apropriados.
Portanto estas comunidades são também potenciais beneficiários de um pescado de
aquicultura sempre quando fosse física e economicamente atingível.
Previsão de desenvolvimento do sector da aquacultura em São Tomé e Príncipe
Pôde-se por tanto concluir que, no momento presente, não existe um verdadeiro sector ou
sub sector da aquacultura no país e que o desenvolvimento desta atividade vai depender de
múltiplas questões, condições e requisitos, tanto de tipo bio-físico como social e político.
Entre as principais questões que devem ser consideradas estão as seguintes:
1) Existe a necessidade de fazer aquacultura no País?
2) Quê tipo de aquacultura é a mais apropriada para as particularidades de São Tomé e
Príncipe?
3) Existe uma clara visão e vontade política para começar e impulsar uma nova atividade
económica e produtiva que vai exigir esforços económicos e de recursos humanos da
parte do Governo e das instituições responsáveis de forma continuada durante vários
anos?
1 http://www.greenfacts.org/en/fisheries/l-2/06-fish-consumption.htm
“Estado da situação, identificação de zonas e avaliação da potencialidade da
aquacultura em São Tomé e Príncipe »
Projecto Financiado pela União Europeia Implementado: G. de Labra, C.I. em Aquacultura pg. 8
4) Quê condições mínimas devem dar se para atingir uma atividade aquícola económica,
ecológica e socialmente sustentável?
Algumas possíveis respostas a estas questões serão elucidadas no apartado 4, após da
apresentação das informações recolhidas no trabalho de campo.
3. TRABALHO DE CAMPO: IDENTIFICAÇÃO DE ZONAS E ANÁLISE DA
SITUAÇÃO ENCONTRADA NOS LUGARES VISITADOS NO TERRENO
As zonas identificadas foram as indicadas pelos técnicos do Departamento de Estatística,
Investigação e Aquacultura da Direcção das Pescas. Também foram incluídas nos últimos
dias algumas zonas sugeridas pelos técnicos da EMAE e por alguns privados, bem como
uma zona identificada pelo consultor a partir do estudo dos mapas disponíveis.
A seguir se faz uma descrição geral de cada um dos lugares visitados em uma primeira
avaliação em função das considerações seguintes:
1) Condições biofísicas (Água, solo)
2) Condições logísticas (acesso)
3) Infraestruturas (existência, condições de manutenção, etc.)
4) Aspectos sociais.
No Anexo 4 mostra-se um mapa com a localização geográfica (georreferenciada) dos lugares
visitados e algumas fotografias representativas.
Data Localidade
(Lugar)
Descrição e Avaliação
17-sep 1. Guegue
(Depósito
central hidro
eléctrica)
1) Condições biofísicas : a água vem do rio Mé-Zochi que tem água
todo o ano. A qualidade da água é supostamente boa porque no
entorno não há, aparentemente, atividade de lavado de roupa, mas é
preciso uma observação mais exaustiva para verificar este facto.
2) Condições logísticas (acesso): Bom acesso por estrada em condições
aceitáveis para passo de veículos sem tração.
3) Infraestruturas: Um depósito com uma capacidade de uns 3.000 m3
(de aprox 30 x 50 m x 2 m) em boas condições de utilização. No
momento da vista encontra-se vazio porque a central está avariada
(informação verbal de um local). A captação da água é través de um
canal de 1,5 Km. O canal de abastecimento precisa manutenção e
algumas reparações.
4) Aspectos sociais: O depósito pertence a EMAE e aparentemente vai
ser reutilizado para geração de energia eléctrica.
Avaliação: Desde um ponto de vista técnico o depósito reúne condições
“Estado da situação, identificação de zonas e avaliação da potencialidade da
aquacultura em São Tomé e Príncipe »
Projecto Financiado pela União Europeia Implementado: G. de Labra, C.I. em Aquacultura pg. 9
para poder ser utilizado para cultivo semi-intensivo de Tilapia ou Clarias,
mas esta atividade não poderia compatibilizar com a produção de energia.
Para fazer uma estimação da produção praticável seria preciso contar com
dados de temperatura da água durante todo o ano. Como estimação
indicativa pode-se calcular que num depósito de essas dimensões poderia
atingir-se uma produção de entre 3 e 6 toneladas por ano com um
alimento granulado completo.
No caso de que a atividade elétrica seja retomada não é possível utilizar o
reservatório.
17-sep 2. Uba Budo
(Uba Budo
Roça)
Descrição: Nesta localidade não se encontrou nenhum espaço apropriado
para a prática da aquacultura. Os povoadores referiram que um antigo
tanque foi tapado após que um menino afogou nele.
17-sep 3. Água
Amoreira 1) Condições biofísicas. Existe um aporte de água de manancial
permanente todo o ano.
2) Condições logísticas. Distrito de Água Grande, perto da cidade de
São Tomé (5 Km), com boa estrada de acesso.
3) Infraestruturas: É uma antiga estação de captação e tratamento de
água para abastecimento da cidade de São Tomé mas atualmente está
abandonada. Consta de uma infraestrutura de canais de cimento
abertos que abastecem 4 tanques de cimento unidos entre si de aprox
80 m2 (9 x 9) cada um. Dois deles tem água suja e alguns peixes
(aparentemente Tilapia) e os outros estão secos e com vegetação. À
um nível inferior existem outros dos tanques de 10 m2 (2mx5m),
secos e com vegetação. Os tanques estão em más condições de
conservação mas podem ser reparados e aproveitados para
piscicultura. Existe também um pequeno edifício abandonado que
poderia ser aproveitado para a construção de oficinas e laboratório.
4) Aspectos sociais: Algumas mulheres lavam nos canais e essa
atividade é incompatível com a aquacultura. É preciso esclarecer a
propriedade de esses terrenos (EMAE ou outra entidade).
Avaliação: Desde o ponto de vista da qualidade e quantidade de água o
lugar parece adequado para a prática da piscicultura. Se o lugar fosse
cerrado ao público poderia ser colocado em ele uma pequena “hatchery”
para produção de larvas e alevinos. Trás um estudo mais detalhado das
condições de conservação dos tanques existentes, estes poderiam ser
reparados ou bem demolidos e construídos de novo, sendo que também
há algum espaço adjacente para ampliar o numero de tanques. Existe
também um pequeno edifício que pode ser acondicionado para laboratório
e escritório.
18-sep 4. Monte
Café
(Tanque
abastecimen
to água para
minicentral
1. Condições biofísicas: Na zona visitada existe aporte de água que vem
da cascata de São Nicolas mas no momento da inspeção (final da
época seca de “gravana”) o aporte é muito reduzido. A própria
cascata presenta um caudal muito reduzido nesta época do ano. A
temperatura da água e também moderadamente baixa (cerca de 21ºC)
devido a que essa zona tem uma altura de cerca de 760 m sobre o
“Estado da situação, identificação de zonas e avaliação da potencialidade da
aquacultura em São Tomé e Príncipe »
Projecto Financiado pela União Europeia Implementado: G. de Labra, C.I. em Aquacultura pg. 10
elétrica). nível do mar, e a cascata fica no nível dos 1.000 m.
2. Condições logísticas. O acesso à zona é bom, a través de uma estrada
que permite o passo de carros sem tração.
3. Infraestruturas: Há um tanque de cerca de 450 m2 e entre 3 e 5 m de
profundidade que no momento da vista encontra-se vazio. O tanque
tem saída por meio de um tubo até uma mini central elétrica que não
está em funcionamento. As condições de conservação do tanque são
moderadas.
4. Aspectos sociais: A utilização do tanque não ficou bem esclarecida.
Aparentemente está em desuso por causa de avaria na minicentral
elétrica. Existem pequenas hortas de legumes ao redor do tanque mas
parece ser que não se beneficiam do depósito como reservatório de
água para agricultura.
Avaliação: A zona tem a limitante da água: de uma parte é insuficiente na
época da gravana e de outra, a temperatura moderadamente baixa limita o
crescimento adequado durante esta época. No entanto. é necessário um
estudo mais completo, com dados de temperatura e caudal de varias
épocas do ano para ter uma ideia mais esclarecedora das possibilidades
reais de fazer piscicultura nesta zona. Por exemplo, si durante a época de
chuvas a temperatura de água é maior de 24º, seria possível fazer
piscicultura durante esse período e poderia atingir o tamanho comercial
em menos de 8-9 meses.
18-sep 5. Roça
Santa Clara
Descrição: Na Roça Santa Clara, o atual gestor, Sr Nelson, afirmou que
cultivou Tilapia durante 10 anos numa pequena infraestrutura consistente
num tanque de cimento de 4,85 x 4,85 x 1,20 que comunicava com um
outro tanque mais pequeno (4,85 x 2 x 0,75) que por sua vez comunica
com outro de igual tamanho. Trabalhou com assistência de um japonês
durante os últimos anos e declarou haver obtido bons resultados, mais
afirma não ter registo nenhum de dados certos de produção. As Tilápias
foram importadas de Gabão e alimentadas com folhas de matabala, fruta-
pão e também alimento de ração.
A água utilizada para o cultivo era água canalizada da EMAE, sem
tratamento nenhum para neutralizar o conteúdo em cloro. Segundo o Sr
Nelson, dois anos atrás aconteceu que todas as Tilápias morreram de uma
sobredose de cloro na água e a partir desse dia não continuou com a
atividade.
Manifestou o seu interesse de voltar a fazer piscicultura em tanque de
terra num pequeno espaço que possui no cacauzal da Roça, com água de
nascente disponível durante todo o ano, si tivesse algum tipo de apoio da
parte da Direção das Pescas.
Avaliação: O espaço disponível no cacauzal é em principio adequado
para a construção de tanques para piscicultura semi-intensiva. A
superfície atual (cerca de 400 m2 ) pode aparentemente ser ampliada.
Tem vigilância e dispõe de água de boa qualidade. Os tanques de cimento
presentes na Roça que já foram utilizados para piscicultura no passado
podem ser equipados com um pequeno depósito regulador para
“Estado da situação, identificação de zonas e avaliação da potencialidade da
aquacultura em São Tomé e Príncipe »
Projecto Financiado pela União Europeia Implementado: G. de Labra, C.I. em Aquacultura pg. 11
descoloração e podem ser utilizados novamente para a fase de pre-
engorda, entanto que os de terra podem ser utilizados para engorda. Uma
outra grande avantajem é que o proprietário, além de dispor de adubo
natural de galinhas e outros animais, está equipando uma pequena fábrica
para produzir alimentos para animais, com o equipamento e os
ingredientes apropriados para fazer um alimento para peixes si tiver o
apoio técnico necessário.
18-sep 6. Roça
Bombaim
(Tanque -
aquário no
jardim)
Descrição: É uma Roça que na altura teve um pequeno tanque com
Tilapias.
1. Condições biofísicas: A zona da Roça dispõe de água todo o ano e de
um espaço plano e amplo com solo argiloso que permitiria a
construção de vários tanques de terra.
2. Condições logísticas: O lugar tem acesso por estrada de terra em
condições regulares, sendo preciso o uso de tração 4x4 em época de
chuvas.
3. Infraestruturas: Na Roça de Bombaim existe um pequeno tanque
ornamental circular no antigo jardim em que ainda perduram algum
poucos exemplares de Tilápias que foram introduzidas há varias
décadas, em tempos da colónia. Encontram-se em condições muito
deficientes por falta de alimento e de espaço.
4. Aspectos sociais: A Roça mantem a casa principal como hotel
restaurante mas o resto das instalações estão semi abandonadas e muito
deterioradas.
Avaliação: O atual tanque ornamental não é adequado para a piscicultura
porque o tamanho é muito reduzido e tem apenas una função ornamental.
A zona dispõe de um amplo espaço plano que sim é adequado para a
construção de tanques de terra mas para isso é preciso esclarecer os
aspectos concernentes à propriedade da terra e criar as condições
necessárias de exploração, com pessoal qualificado que possa tomar conta
da gestão, cuidado e vigilância da exploração. Uma piscicultura
recreativa (tipo pesca e paga) poderia ser também uma alternativa
complementaria à oferta turística existente que se reduz apenas à
restauração e alojamento.
18-sep 7.Melhorada
(Quintal do
Sr. Adriano
Roça
Monte)
Descrição: O lugar é um pequeno quintal pertencente a um privado, O Sr.
Adriano Rosa Monte, localizado perto da Cidade de Sao Tomé que possui
um tanque de terra de mais de 200 m2 e uma profundidade de apenas 20-
40 cm. A água de um riacho entra e sai de forma continuada. Tem um
numero indeterminado bastante elevado de Tilápias, a partir de uma
importação de cerca de 1000 alevinos procedentes de Gana. Os alevinos
foram importados há mais de 18 meses sem nenhum tipo de fiscalização
oficial. Aparentemente há mistura de varias espécies, possivelmente O.
andersonii e O. niloticus. (Observação in situ). No momento presente faz
uma alimentação baseada em casca de fruta-pão cozinhado e os peixes
mostram claras sinais de infra alimentação. Antigamente teve outras
Tilápias que morreram por causa de contaminação da água de entrada,
“Estado da situação, identificação de zonas e avaliação da potencialidade da
aquacultura em São Tomé e Príncipe »
Projecto Financiado pela União Europeia Implementado: G. de Labra, C.I. em Aquacultura pg. 12
aparentemente causada por obras na estrada próxima. O Sr Adriano
afirmou que nessa altura obteve peixes de bom tamanho comercial e
exportou para vender na Nigeria. Mas no momento presente a maior parte
dos peixes são de pequeno tamanho (menos de 150 - 200 g) e muito
magros.
Avaliação: O tanque é um exemplo de um privado com muita vontade
de fazer aquacultura mas sem a assistência técnica necessária para fazer
uma aquacultura eficiente e sustentável. Com uma maior profundidade no
tanque, uma alimentação suplementar mais completa e uma melhor gestão
do processo de cultivo poderia atingir uma produção de até 400-500 Kg
de Tilapia de tamanho comercial (350-500 g) nesse mesmo espaço.
19-sep 8.Diogo Vaz
(Tanque
depósito
abastecimen
to Roça)
1. Condições biofísicas: A Roça de Diogo Vaz é uma Roça na que
vivem varias famílias dedicadas principalmente à agricultura e que
dispõe de água abundante todo o ano. Porém não tem nenhum terreno
adequado para a prática da piscicultura pois trata se de um cacauzal
em terreno inclinado, com a exceção de um área que tem um tanque
reservatório de cimento de cerca de 800 m2 e até 5 metros de
profundidade, construído na época colonial.
2. Condições logísticas: Tem boa comunicação por estrada pavimentada
3. Infraestruturas: O tanque reservatório está em boas condições de uso
e tem aporte de água mesmo no fim da época seca. A capacidade
deste tanque é de mais de 3.000 m3 e está em boas condiciones de
manutenção..
4. Aspectos sociais: A utilização do tanque no momento atual é para
fornecer água à população da Roça e por tanto é de uso comum. O
tanque está aberto ao público e as crianças tomam habitualmente
banho nele.
Avaliação : A infraestrutura existente tem possibilidades de ser utilizado
para piscicultura sem necessidade de fazer muitas reformas estruturais. Os
principais constrangimentos são os seguintes:
por ser um tanque de cimento o tipo de aquacultura recomendável
para ter um rendimento aceitável é o sistema semi intensivo, é dizer,
com aporte de alimentação suplementar, gestão apropriada do
processo produtivo e supervisão técnica adequada. Nessas condições
poderiam se produzir nele entre 1 e 3 toneladas de Tilapia.
A propriedade da infraestrutura não está bem esclarecida e
aparentemente existem atualmente alguns conflitos sócias pela gestão
e uso do tanque. Uma gestão comunitária do tanque precisaria de uma
sensibilização previa e de uma boa organização da comunidade.
O acesso a outros usos (banho, etc.) tem que ser suprimidos e os
prejuízos causados à comunidade por esse motivo, tem que ser
compensados.
19-sep 9.Ponta Figo
(Tanque
O tanque visitado na Roça de Ponta Figo está abandonado e
impossibilitado para o seu uso. Posteriormente o consultor teve
“Estado da situação, identificação de zonas e avaliação da potencialidade da
aquacultura em São Tomé e Príncipe »
Projecto Financiado pela União Europeia Implementado: G. de Labra, C.I. em Aquacultura pg. 13
destruído) conhecimento de que existe nesta zona outro tanque mais distante que não
foi visitado nesta missão. Trata-se de um tanque similar ao de Guegue,
que é também o reservatório para outra central térmica atualmente em
desuso e está abastecido da água de uma cascata por meio de um sistema
de canalização. As mesmas considerações que no caso de Guegue
podem-se aplicar a esta infraestrutura.
19-sep 10.Plancas
Praia
(Possível
localização
para centro
piloto)
Descrição: Consiste numa zona na qual os técnicos responsáveis do
Departamento de Investigação Estatística e Aquacultura da Direcção das
Pescas sugerem a construção de um centro piloto de aquacultura, para
produção de alevinos e também para promoção e formação de técnicos
extensionistas em aquacultura.
1. Condições biofísicas e ambientais. Esta localização dispõe de água de
nascente de boa qualidade durante todo o ano, que vem a través de
um sistema de captação e filtração até uma zona perta da estrada de
São Tomé à Neves. O espaço plano edificável fica perto do leito de
um riacho e esta demarcado por ladeiras escarpadas à ambos lados, o
que implica um risco de inundação que deve ser avaliado previamente
durante a época de chuvas. Presenta a avantajem de que acima do rio
não há culturas agrícolas que podam contaminar as águas com
fertilizantes ou pesticidas.
Condições logísticas. O lugar sugerido fica muito perto da estrada à
Neves, a escassos quilómetros dessa cidade e tem por tanto fácil
acesso para viatura sem tração.
2. Infraestruturas: Dispõe de alguns edifícios, pequenas moradias
algumas habitadas por algumas pessoas e outras abandonadas. Tem
também um lavadeiro e um chafariz com um bom caudal de água,
mesmo em época de final da “gravana” .
3. Aspectos sociais: O terreno adjacente às moradias pertence
supostamente ao Ministério de Agricultura e aparentemente não
haveria dificuldade em obter a autorização para a construção e
utilização de um centro piloto.
Avaliação: O lugar sugerido pelos técnicos do DIEA para a construção de
um centro piloto possui em principio as condições suficientes de
quantidade e qualidade de água mas, como já foi apontado, é preciso
reunir maior quantidade de informação acerca da situação em época de
chuva. É preciso também concretizar e delimitar o terreno disponível e
adaptar consequentemente o protótipo de construção ao tipo de solo e ao
espaço disponível. No momento da observação verificou-se que algumas
partes são terreno pedregoso e outras terreno argilo-arenoso coberto por
bananeiras. O ingresso é facilmente acessível o que facilita os aspectos
logísticos de acesso diário dos técnicos e o controlo da instalação.
20-sep 11.Bom
Retiro
(Pequena
Lagoa)
Descrição: Este lugar foi visitado para verificar a existência de uma
pequena lagoa que aparecia num mapa detalhado do país em uma zona
conhecida como Bom Retiro e para avaliar se a zona reu nia as condições
apropriadas para fazer aquacultura. Mas o resultado foi insatisfatório por
“Estado da situação, identificação de zonas e avaliação da potencialidade da
aquacultura em São Tomé e Príncipe »
Projecto Financiado pela União Europeia Implementado: G. de Labra, C.I. em Aquacultura pg. 14
quanto que se trata de uma lagoa muito pequena e muito superficial, sobre
terreno de rocha vulcânica, no meio de um cacauzal. Não se encontraram
por tanto condições adequadas nesse espaço nem na vizindade para fazer
aquacultura.
20-sep 12.Agostinh
o Neto
(Depósito
para turbina
elétrica)
Descrição: Trata-se de um reservatório que abastece uma minicentral
elétrica que no momento presente está parada. O depósito fica ao lado da
estrada que vai de Roça Agostinho Neto à Caldeiras. A quantidade de
água é muita, mesmo nesta época do ano de final da gravana, mas o
terreno é muito escarpado e não foi possível identificar espaços
apropriados para a prática de piscicultura no entorno de essa área. A
utilização do reservatório da central tem os mesmos constrangimentos
que nos casos anteriores de Guegue e Ponta Figo e o volumem de água é
consideravelmente menor.
23-sep 13.Roça
Água Izé 3
Descrição: Terreno de um privado que tem uma exploração agropecuária
de cacau, banana, legumes, tubérculos, hortaliças e também de cria de
cabras e galinhas. Tem disponibilidade de terreno para construção de
tanques e acesso à água de boa qualidade todo o ano.
1. Condições biofísicas e ambientais: dispõe de espaço bastante com
solo argilo-arenoso adequado para construção de tanques de terra e
tem possibilidade de abastecimento de água de boa qualidade todo o
ano, a partir de um arroio próximo.
2. Condições logísticas: Está próximo à Água Izé e tem fácil acesso
desde a estrada principal que vai de São Tomé a Porto Alegre.
3. Infraestruturas: Não possui infraestruturas aquícolas mas tem
algumas moradias para as pessoas empregadas que trabalham na roça.
4. Aspectos sócias: terreno de propriedade privada, em boas condições
de exploração agro pecuária, com pessoal que trabalha
permanentemente na roça que pode exercer tarefas de vigilância e
controlo da produção.
Avaliação: O terreno tem condições para fazer aquacultura: Além das
condições biofísicas adequadas tem adubo de animais para fertilização de
tanques e produtos vegetais que podem ser utilizados na elaboração de
alimento para peixes. O proprietário tem interesse e boa disposição para
empreender a atividade da aquacultura mas carece de conhecimentos
bastantes. Nesta zona existem outros privados que também mostraram
interesse na aquacultura de água doce. É preciso estudar cada caso para
adequar o tipo de exploração às condições do terreno e da água
disponível, mas em principio o “efeito vizinho” pode motivar à aqueles
que possuem as condições necessárias (terreno disponível em propriedade
e água de boa qualidade e quantidade)
23-sep 14.Roça de
Olinto B.
Descrição: terreno de um privado que tem água permanente mas
aparentemente a capa freática é também muito elevada e a qualidade do
solo é muito permeável. Nessa condições o terreno permanece encharcado
e não é possível fazer o secagem total do solo. Tem possibilidade de
explorar outros terrenos mais distantes da fonte de água que poderiam
reunir as condições necessárias. Um estudo detalhado é necessário para
avaliar com maior certeza as possibilidades de fazer aquacultura na zona
“Estado da situação, identificação de zonas e avaliação da potencialidade da
aquacultura em São Tomé e Príncipe »
Projecto Financiado pela União Europeia Implementado: G. de Labra, C.I. em Aquacultura pg. 15
disponível.
23-sep 15.Malanza
(Lagoa) Descrição: Lagoa de água salobre situada no extremo sul do país, no
distrito de Caué, entre as localidades de Malanza e Porto Alegre.
Avaliação: A lagoa de Malanza comunicada com o mar no seu extremo
sudeste, representa o maior ecossistema de mangues do país e pertence ao
território do Parque Nacional Obô de São Tomé. É por tanto um espaço
protegido de alto valor ecológico.. Não existe um estudo detalhado da
biodiversidade da lagoa de Malanza mas pelas suas características sabe-se
que cumpre uma importante função como lugar de desove e cria de
algumas espécies marinhas. O consultor foi informado de que existe
interesse por parte de alguns privados em solicitar permissão para
explorar a Lagoa de Malanza para aquacultura de camarão. Numa
primeira avaliação geral há varias razões que desaconselham o uso de
esta lagoa para aquacultura, entre outras as seguintes:
1.) A função que a lagoa desempenha como zona de cria e desove de
espécies marinhas é de um valor ecológico importantíssimo e não
deve ser alterado em função de interesses meramente económicos ou
especulativos.
2.) O tipo de cultivo intencionado (camarão marinho) exigiria uma série
de ações que são incompatíveis com a proteção de uma zona de alto
valor ecológico. Entre outras ações seria preciso importar ou produzir
as postlarvas de camarão necessárias para o cultivo dado que não
estão presentes no meio natural da lagoa nem em zonas
circunjacentes. No primeiro caso supõe um risco de introdução de
patologias e no segundo um investimento dificilmente amortizável.
3.) Para obter uma rentabilidade e eficiência do cultivo seria preciso
secar a lagoa e eliminar todos os depredadores antes de introduzir as
postlarvas, se não, elas vão ser devoradas pelas espécies de peixes
presentes. Além de isso a entrada natural do mar na lagoa deveria ser
através de malhas metálicas para impedir a entrada de depredadores.
E sempre será inevitável a presença de aves como as garças que
depredam nas beiras onde a superfície da água e menor de 40 cm.
4.) De outra parte a superfície efetiva de espelho de água da lagoa,
aquela que tem profundidade de mais de 40 cm de forma permanente,
é bastante reduzida. Ainda que em alguns mapas figura uma extensão
de até 100 Ha provavelmente a superfície útil é menor de 8 Ha.,
calculado sobre fotografia satélite atual e, no melhor dos casos, um
hipotético cultivo semi-extensivo daria uma produção máxima de 4-6
toneladas por ciclo. (O numero de ciclos vai depender da temperatura
e da salinidade, mas é improvável conseguir mais de um ou dois por
ano)
5.) Existe igualmente outro fator limitante que tem que ser considerado
como é a salinidade da água da lagoa. Considerando que o regímen de
pluviosidade nessa zona é de até 5000 mm/ano e muito provável que
em algumas épocas do ano a salinidade este por debaixo dos limites
toleráveis para o camarão marinho e sobre tudo, que as oscilações de
“Estado da situação, identificação de zonas e avaliação da potencialidade da
aquacultura em São Tomé e Príncipe »
Projecto Financiado pela União Europeia Implementado: G. de Labra, C.I. em Aquacultura pg. 16
A continuação se apresenta um quadro sinóptico com a classificação das zonas visitadas em
função das características e condições de idoneidade para a prática da aquacultura em cada
um dos aspectos avaliados. Os diferentes aspectos foram pontuados com base no seguinte
quadro: 0, no adequado; 1, pouco adequado; 2, mais o menos adequado; 3, adequado.
salinidade podem ser muito bruscas, o que resulta muito negativo
para o cultivo. No mar os camarões podem nadar na procura de
augas profundas mais salobres mas na lagoa eles vão morrer se a
salinidade desce bruscamente em pouco tempo.
23-sep 16.Roça
Vila
Conceição
Descrição: É uma pequena Roça abandonada de um privado que só tem
uma pessoa que faz as labores de guarda. Tem um fontanário com água
todo o ano e, segundo informações do guarda, antigamente (faz duas
décadas) faziam cultivo de Tilapia nuns tanques que agora estão
abandonados e muito deteriorados.
1. Condições biofísicas: Dispõe de água de boa qualidade (nascente)
todo o ano ainda que o volume observado não é muito elevado.
Dispõe de terreno apropriado para a construção de tanques de terra,
com uma esplanada de uns 4.000 m2.
2. Condições logísticas: O lugar tem bom acesso desde a estrada
principal que vai de Porto Alegre à São Tomé. Tem o inconveniente
de que fica afastado das zonas
3. Infraestruturas: As infraestruturas existentes que na altura foram
utilizadas para cultivo de peixes não estão operativas e o grau de
ruína atual é elevado, pelo que não podem ser utilizadas nem vale a
pena reparar, mas poderiam ser substituídas por outras.
4. Condições sociais: A Roça pertence a um privado mas no momento
atual não está em exploração e só uma pessoa vive nela para as
labores de vigilância.
Avaliação: É uma zona que reúne condições apropriadas para fazer
piscicultura. Se o proprietário tivesse interesse precisaria fazer algum
investimento e contratar alguma pessoa com formação em aquacultura
para tomar conta do processo de cultivo.
25-sep 17.Neves
(Sistema
captação e
tratamento
de água da
EMAE)
Após a conversa mantida com o chefe do Departamento de Exploração da
EMAE, sugeriu visitar uns depósitos de captação e tratamento de águas
em Neves que vão ser abandonados pela EMAE. O lugar foi
inspeccionado mas não reúne condições apropriadas e os depósitos são
subterrâneos e também não podem ser aproveitados para piscicultura.
25-sep 18.Estrada
A. Neto à
Chamisso
(Tanque
água em
fabrica
aguardente)
Descrição: Tanque de cimento de 15 x 12 x 1,5 localizado na beira da
estrada de terra entre Agostinho Neto e Chamisso. O tanque é abastecido
por água de forma continua e abundante a través de um tubo. Encontra-se
numa zona elevada mas o resto do terreno adjacente é escarpado e pouco
apto para a construção de tanques (solo arenoso). No tanque existente
poderiam se cultivar peixes mas no momento da inspeção não foi possível
obter informação sobre as condições da propriedade ou do atual uso.
“Estado da situação, identificação de zonas e avaliação da potencialidade da
aquacultura em São Tomé e Príncipe »
Projecto Financiado pela União Europeia Implementado: G. de Labra, C.I. em Aquacultura pg. 17
Localidade (Lugar) Ponto
no mapa
Condições biofísicas
Condições logísticas
Infraes-truturas
Aspectos sociais
Total Adequa-
ção
Roça Santa Clara 5 3 2 2 3 10
Roça Água Izé 3 13 3 3 1 3 10
Plancas-Praia 10 3 3 2 2 10
Melhorada (Quintal do Sr. A. Roça Monte) 7 2 3 2 3 10
Roça Vila Conceição 16 3 2 2 2 9
Água Amoreira 3 3 3 2 1 9
Diogo Vaz (Depósito abastecimento Roça) 8 3 3 2 1 9
Estrada A.Neto-Chamisso (Tanque) 18 2 2 2 2 8
Agostinho Neto (Depósito turbina elétrica) 12 2 3 2 1 8
Roça Bombaim (Tanque -aquário no jardim) 6 3 2 1 1 7
Guegue (Depósito central hidro eléctrica) 1 2 2 2 1 7
Roça de O. B. em Água Izé 14 1 2 1 3 7
Monte Café (Tanque minicentral elétrica). 4 1 2 1 1 5
Neves ( EMAE) 17 1 2 0 1 4
Bom Retiro 11 0 2 0 1 3
Malanza (Lagoa) 15 0 3 0 0 3
Uba Budo (Uba Budo Roça) 2 0 2 0 0 2
Ponta Figo (Tanque destruído) 9 0 2 0 0 2
No mapa seguinte mostrasse a situação geográfica de cada um dos lugares visitados e o
resultado global de adequação, classificado em três categorias: adequado (cor verde), pouco
adequado (cor amarelo) e não adequado (cor vermelho). Esta classificação deve ser
considerada apenas como uma referência tendo em conta que em muitos casos a pontuação
pode se alterar drasticamente em função das circunstâncias e/ou as atuações que se efetuem
em cada caso, particularmente no referente aos aspectos sociais.
“Estado da situação, identificação de zonas e avaliação da potencialidade da
aquacultura em São Tomé e Príncipe »
Projecto Financiado pela União Europeia Implementado: G. de Labra, C.I. em Aquacultura pg. 18
4. AVALIAÇÃO DA POTENCIALIDADE DA AQUACULTURA EM SÃO TOMÉ.
Análise das propostas de desenvolvimento e os prováveis constrangimentos da
aquacultura em STP.
Entre as varias razões aludidas para justificar a necessidade ou conveniência da prática da
aquacultura em São Tomé os quatro argumentos principais esgrimidos pela Direcção das
Pescas são:
1. Para garantir o abastecimento de pescado à população, tendo em conta o
crescimento continuado da mesma de uma parte2 e a estagnação ou incluso
diminuição das capturas pesqueiras no país de outra.
2. Para abastecer com peixe de boa qualidade a uma parte da população que vive em
lugares afastados da costa onde apenas chega o peixe fresco e para os que o búzio
de mato constitui a principal fonte de proteína, com variados riscos para a saúde
(parasitas).
3. Para dinamizar a economia e criar alternativas complementares à produção
agrícola.
2 Segundo o último censo de 2012 a população cresceu um 30% nos últimos 11 anos (2001 a 2012)
“Estado da situação, identificação de zonas e avaliação da potencialidade da
aquacultura em São Tomé e Príncipe »
Projecto Financiado pela União Europeia Implementado: G. de Labra, C.I. em Aquacultura pg. 19
4. Para diminuir a pressão excessiva sobre os recursos naturais, como acontece com a
pesca extrativa, na que o aumento gradual do esforço pesqueiro provoca um
impacto nas populações de peixes e moluscos cada vez maior.
Os quatro argumentos são razoáveis mas podem também ser atingidos por outros meios ou
vias diferentes à da prática da aquacultura como podem ser o melhoramento dos meios de
conservação e transformação de pescado, a melhora das infraestruturas ou sistemas de
transporto, a maior eficácia na ordenação, regulação e fiscalização das pesqueiras, etc.
Por tanto a “eleição” da aquacultura como uma via factível para lograr esses objetivos tem
que ser considerada e analisada comparativamente com estas e outras possíveis
alternativas, tomando em consideração todos os aspectos políticos, económicos e sociais
correspondentes.
Porém, o objectivo de este estudo não é fazer essa análise comparativa, que corresponde
aos responsáveis das instituições competentes, senão determinar a viabilidade da
aquicultura no território e orientar sobre o tipo de aquacultura mais apropriado em função
das condições existentes.
Analise do tipo de aquacultura mais apropriado para as particularidades de São
Tomé e Príncipe.
A primeira consideração sobre o tipo de aquacultura que pode-se fazer em São Tomé, dado
que é uma ilha, é si é melhor fazer aquacultura marinha ou de água doce.
Aquacultura Marinha
Em linhas gerais se pode afirmar que São Tomé não reúne as condições necessárias
para fazer aquacultura marinha, entre outros, pelos seguintes motivos:
a) No caso da aquacultura de peixes em gaiolas a costa são-tomense é muito aberta,
submetida a forte mar agitado que em ocasiões pode chegar a ter uma grande
intensidade, o que obrigaria a utilizar umas estruturas de cultivo especialmente
resistentes e portanto muito caras. As únicas zonas mais abrigadas são as baías da
cidade de São Tomé (Ana Chaves e Praia Lagarto) do que, além de ser pouco
profundas, estão contaminadas pelos refugos urbanos da cidade e por tanto não são
apropriadas.
b) O mar de São Tomé é um mar cálido e com uma baixa produtividade natural em
termos de fitoplâncton pelo que também não é adequado para o cultivo de moluscos
bivalves filtradores. De facto na natureza abundam os moluscos gastrópodes
(Buccinum sp. búzio de mar) mas são escassos ou inexistentes outros tipos de
moluscos como amêijoas, ostras ou mexilhões.
c) O litoral tampouco oferece em geral boas condições para fazer uma aquacultura
marinha em tanques construídos na costa com captação de água por bombeio. Este
tipo de aquacultura é basicamente para o cultivo de espécies de alto valor de mercado:
uma aquacultura para exportação com insumos em sua maioria importados em São
Tomé não faz muito sentido considerando os constrangimentos ligados ao
“Estado da situação, identificação de zonas e avaliação da potencialidade da
aquacultura em São Tomé e Príncipe »
Projecto Financiado pela União Europeia Implementado: G. de Labra, C.I. em Aquacultura pg. 20
abastecimento de energia ou ao transporto e exportação de peixe fresco. Em termos
gerais o pais não oferece nenhuma avantajem comparativa com relação a outros países
mais próximos ou melhor comunicados com os mercados alvo.
Aquacultura de água doce.
A aquacultura de água doce é a mais estendida na maioria dos países em via de
desenvolvimento como um meio para gerar alimento de alto valor nutritivo para abastecer
às populações locais. Existem muito diverso tipos de aquacultura de água doce, em função
da espécie cultivada, do sistema de cultivo, do lugar onde se cultiva, da fase de cultivo, do
objetivo da produção, etc. etc.
No caso de São Tomé é preciso tomar em conta uma série de características especificas
que vão condicionar o tipo e a espécie de cultivo mais adequados.
Seleção da espécie.
Para a seleção da espécie é preciso considerar não só os factores técnicos, senão também
os de mercado ou consumo. Nos primeiros é preciso adotar aquelas espécies que sejam
mas singelas de reproduzir e de cultivar e menos exigentes quanto aos aspectos de
alimentação. Nos segundos é importante ter em conta que se trata de um país insular no
que o pescado de mar é parte fundamental da dieta, com uma ampla variedade de espécies
de consumo, entre as que destacam espécies pelágicas de alto conteúdo em gordura, carne
firme com poucas espinhas e marcado sabor. Para que uma espécie de água doce seja
aceitada e apreciada tem que ter ao menos um sabor neutro e poucas espinhas.
É também importante considerar os aspectos ambientais. Os estudos consultados sobre
biodiversidade em São Tomé e Príncipe3 não mencionam a existência de Tilápias no
ecossistema natural é descrevem que nas águas doces e salobras predominam pequenos
peixes, dentre outros, Eleotris vittata (charoco) e Pomadasys jubelini.. A falta de um
estudo mais exaustivo pode se afirmar que as Tilápias existentes atualmente foram
introduzidas intencionadamente em diversas épocas e de diversas procedências.
Entre as espécies “tecnicamente” mais factíveis encontram-se as Tilápias (géneros
Oreochromis ou Tilapia) , os siluros ou peixe gato (género Clarias ou Heterobranchus) e
distintas espécies de carpas.
Considerando os mencionados aspectos relativos ao consumo a Tilapia é a espécie mais
facilmente aceitável pelo sabor suave, poucas espinhas e a sua aparência física, similar à
algumas espécies marinhas demersais. Num pais no que não existe nenhuma espécie de
siluros, o peixe gato apresenta, em principio, uma aparência pouco atraente para o
consumidor. A carpa, por sua vez, é um peixe com muita espinha e um sabor
característico de peixe herbívoro de água doce pelo qual, a sua aceitação pelo consumidor
são-tomense, é mais improvável.
3 Estratégia Nacional e Plano de Acção da Biodiversidade (Oliveira 2002 e 2007)
“Estado da situação, identificação de zonas e avaliação da potencialidade da
aquacultura em São Tomé e Príncipe »
Projecto Financiado pela União Europeia Implementado: G. de Labra, C.I. em Aquacultura pg. 21
Estas considerações foram discutidas e concordadas com os técnicos do DIEA mas em
qualquer caso são apreciações que podem ser refutadas ou reafirmadas fazendo um
pequeno estudo de mercado prévio.
Desde a perspectiva meio ambiental, a Tilapia resulta mais adequada do que o peixe gato
por ser esta última uma espécie mais carnívora e voraz que, no caso de fugir ao meio
natural, poderia ter um maior impacto negativo num ecossistema aquático no que
predominam espécies de pequeno tamanho. Por outra parte, a Tilapia já está introduzida
no país desde faz várias décadas sem que se tenha reportado uma invasão ou colonização
da mesma em espaços naturais.
Contudo, a possibilidade do cultivo do Clarias não deve ser totalmente descartada por
quanto que apresenta também algumas vantagens que devem ser cuidadosamente
consideradas:
Pode ser cultivado de forma muito intensiva e portanto com um eficiente
aproveitamento do espaço, que é um recurso escasso em São Tomé.
É uma espécie resistente e de crescimento rápido (em condições adequadas de
alimentação e temperatura)
Nos países vizinhos como Gabão, Nigéria, Gana, etc. existem tecnologia
apropriada (recirculação, reprodução, etc.), insumos de boa qualidade
(progenitores, alevinos, ração completa) e assistência técnica competente que pode
ser convenientemente utilizável em São Tomé em função de acordos de
cooperação técnica intergovernamentais ou interinstitucionais.
O peixe gato fumado ou seco é um produto que costuma ter muita boa aceitação de
consumo em muito países africanos por ter uma carne firme e sem espinhas e que
poderia portanto ser aceitado no mercado são-tomense com uma preparação e
apresentação adequadas.
Seleção do sistema de cultivo
Entre os múltiplos procedimentos e sistemas de cultivo possíveis para a prática da
aquacultura de água doce, há dois aspectos essenciais à ter em conta:
1) o grau de intensificação e controlo do processo produtivo, que pode ir desde um
sistema “extensivo” ou pouco controlado até outro “intensivo” , mais controlado e
com maior rendimento em termos de biomassa produzida por superfície (ou volumem)
de cultivo.
2) o tipo de estrutura de cultivo utilizada, que pode ir desde tanques de terra simples,
passando por tanques de terra com sistema de “hapas”, até tanques de cimento ou de
outro material (PVC, PE, galvanizado, etc.).
A eleição de um ou outro sistema e de um tipo ou outro de estrutura vai depender de
diversos fatores, entre outros:
1) Quantidade e tipo de terreno disponível
2) Grau de conhecimento técnico ou de apoio técnico exequível
“Estado da situação, identificação de zonas e avaliação da potencialidade da
aquacultura em São Tomé e Príncipe »
Projecto Financiado pela União Europeia Implementado: G. de Labra, C.I. em Aquacultura pg. 22
3) Disponibilidade de insumos (alevinos, alimento completo granulado, equipamento,
etc.)
4) Capacidade financeira
Em termos gerais o sistema de cultivo extensivo em tanques de terra é mais adequado
para pequenos produtores que tem uma parcela de terreno em propriedade ou em
concessão mas que não possuem conhecimentos técnicos bastantes. Nestes casos o terreno
deve reunir as condições mínimas de: a) ter acesso à água bastante e de boa qualidade e b)
ter um solo suficientemente impermeável com possibilidade de esvaziado e de secagem.
Para adotar um sistema de cultivo intensivo é preciso ter, além do terreno adequado em
propriedade ou concessão: a) um bom conhecimento técnico e/ou pessoal técnico
qualificado, b) a possibilidade de adquirir os insumos e os equipamentos necessários a
preços razoáveis, e c) suficiente capacidade financeira para fazer face aos custos de
investimento e de capital circulante.
Os resultados do trabalho de campo descritos no apartado 4 indicam que a disponibilidade
de terreno adequado para a construção de tanques de terra é limitada, dada a orografia da
Ilha, a qual apresenta um relevo com predomínio de muitas pendentes e poucas planícies.
Além de isso, a situação geral da propriedade da terra é, no momento presente, uma
situação incerta, porquanto está em marcha um novo processo de redistribuição de terras
para resolver os atuais problemas de terrenos improdutivos e as demandas de terra para
produzir. Nestas circunstâncias, o desenvolvimento de uma aquacultura extensiva ou
semi-intensiva, baseada em pequenos produtores com tanques de terra, parece, no
momento atual, difícil de augurar.
Por outra parte, foi possível constatar casos de alguns privados que mostraram seu
interesse em tentar a aquacultura, mas sem ter ainda uma ideia precisa de como querem
executar. É preciso por tanto fazer um estudo concreto para cada caso, conforme as
circunstâncias particulares de cada um. Por exemplo, há localizações nas que a captação
de água limpa em quantidade bastante encontra se cercana, em cujo caso se pode
recomendar instalar um sistema de circuito aberto, com entrada de auga de uma parte e
saída pola outra. Enquanto há outros casos nos que a qualidade ou disponibilidade do água
é menos apropriada ou mais distante, em cujo caso pode ser recomendável implementar
um sistema de circuito fechado ou semifechado, com recirculação parcial ou total do água.
Em qualquer caso, dado que a disponibilidade de espaço é geralmente reduzida, é
aconselhável adotar sistemas de cultivo mais intensivos, procurando um compromisso
entre a capacidade técnica e financeira e a disponibilidade de terreno adequado.
Quê condições mínimas devem dar se para atingir uma atividade aquícola
económica, ecológica e socialmente sustentável?
A Aquacultura é uma atividade que, como qualquer outra que utiliza recursos naturais,
tem um impacto no médio ambiente. O impacto será maior ou menor dependendo das
práticas utilizadas e corresponde às instituições competentes do Estado velar pela adoção
e cumprimento das melhores práticas, respeitosas com o ambiente. Por outra parte, para
“Estado da situação, identificação de zonas e avaliação da potencialidade da
aquacultura em São Tomé e Príncipe »
Projecto Financiado pela União Europeia Implementado: G. de Labra, C.I. em Aquacultura pg. 23
que a aquacultura tenha uma viabilidade económica e social tem que ser entendida como
um negocio, no sentido de que tem uns custos e uns rendimentos e é necessário levar um
controle preciso de ambos para procurar a rentabilidade e melhorar a eficiência. Uma
aquacultura entendida como meramente assistencialista, na que o Estado ou outro doador
fornece os insumos e a assistência técnica sem exigir um rendimento proporcionado, não é
sustentável no tempo.
Para lograr o desenvolvimento sustentável da Aquacultura são precisas entre outras as
condições seguintes:
Que o Governo assuma um papel promotor, facilitador, assessor e fiscalizador das
iniciativas relacionadas com a prática da aquacultura.
Que o Governo assuma o desenvolvimento da aquacultura como uma política própria
de desenvolvimento económico e contribuição à segurança alimentar da população e
consequentemente destine o orçamento necessário para criar e manter as
infraestruturas e os recursos necessários (materiais e humanos) para a criação e
implementação da sua função.
Que essa política esteja refletida numa estratégia de ordenação e desenvolvimento e
num regulamento regulador de obrigado cumprimento para todas as pessoas que
exerçam a aquacultura.
Que a instituição responsável competente tenha capacidade de avaliar, assessorar e
fiscalizar as diferentes explorações aquícolas existentes no país e de fazer cumprir o
regulamento.
Que as pessoas que queiram e tenham capacidade financeira e técnica para praticar a
aquacultura disponham das facilidades e estímulos necessários, por parte da
Administração, para realizar uma aquacultura responsável.
Que a instituição responsável competente vele e tenha capacidade para salvaguardar e
fazer cumprir as condições e as exigências atribuídas para a prática de uma
aquacultura ambientalmente sustentável e impeça a prática da aquacultura
ambientalmente irresponsável.
3.1. Mapa de localizações visitadas.
Os lugares visitados se apresentam num mapa no que figuram as zonas protegidas do
parque nacional Obô. Ao redor do parque (umas 2000 Ha.) é zona de agricultura de palma
de azeite. Ver anexo 4 do relatório final.
3.2. Fotografias dos lugares visitados.
Ver anexo 4 do relatório final.