Download - Regresso, Alda Lara
Regresso
ES/3 D. Afonso Henriques
2009/2010
Alda Lara
Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Literaturas da
Língua Portuguesa
Curso de Línguas e Humanidades
12º ano
Com a docente: Isabel Cosmee as alunas: Ana João e Cátia Silva
Angola
Localização de Angola
Pôr-do-sol em Namibe
A cidade de Lubango
Centro de Luanda
Angola
Avenida dos combatentes, Luanda
Sala de aula em Bié
Trabalhadora angolana
Presidente da República, José Eduardo dos Santos
Literatura AngolanaViriato Clemente da
Cruz
Luandino Vieira
José Eduardo Agualusa
Pepetela
Literatura Angolana
A literatura de Angola nasceu
antes da Independência do país em
1975, com o movimento Novos
Intelectuais de Angola.
A sua literatura traz muito realismo
ao retratar o preconceito, a dor
causada pelos castigos corporais, o
sofrimento pela morte dos entes
queridos, a exclusão social.
A palavra literária desempenhou em
Angola um importante papel na
superação do estatuto de colónia.
Literatura Angolana
Presente nas campanhas
libertadoras foi responsável por
ecoar o grito de liberdade de
uma nação por muito tempo
silenciado, mas nunca
esquecido.
O angolano vive, por algum
tempo, entre duas realidades,
a sociedade colonial europeia e
a sociedade africana; os seus
escritos são, por isso, os
resultados dessa tensão
existente entre os dois mundos.
Alda LaraNome completo: Alda Ferreira
Pires Barreto de Lara Albuquerque
Nascimento: Benguela, Angola, 9
de Junho de1930
Estado Civil: casada com o
escritor Orlando Albuquerque
Educação: Estudou nas Faculdades
de Medicina de Lisboa e Coimbra
Morte: Cambambe, Angola, 30 de
Janeiro de 1962
O Poema
Regresso …
Quando eu voltar, que se alongue sobre o mar, o meu canto ao Creador! Porque me deu, vida e amor, para voltar...
Voltar... Ver de novo baloiçar a fronde magestosa das palmeiras que as derradeiras horas do dia, circundam de magia... Regressar... Poder de novo respirar, (oh!...minha terra!...) aquele odor escaldante que o húmus vivificante do teu solo encerra! Embriagar uma vez mais o olhar, numa alegria selvagem, com o tom da tua paisagem, que o sol, a dardejar calor, transforma num inferno de cor...
Não mais o pregão das varinas, nem o ar monótono, igual, do casario plano... Hei-de ver outra vez as casuarinas a debruar o oceano... Não mais o agitar fremente de uma cidade em convulsão... não mais esta visão, nem o crepitar mordente destes ruídos... os meus sentidos anseiam pela paz das noites tropicais em que o ar parece mudo, e o silêncio envolve tudo Sede...Tenho sede dos crepúsculos africanos, todos os dias iguais, e sempre belos, de tons quasi irreais...
Regresso …
Saudade...Tenho saudade do horizonte sem barreiras..., das calemas traiçõeiras, das cheias alucinadas... Saudade das batucadas que eu nunca via mas pressentia em cada hora, soando pelos longes, noites fora!...
Sim! Eu hei-de voltar, tenho de voltar, não há nada que mo impeça. Com que prazer hei-de esquecer toda esta luta insana... que em frente está a terra angolana, a prometer o mundo a quem regressa...
Regresso …
Ah! quando eu voltar... Hão-de as acácias rubras, a sangrar numa verbena sem fim, florir só para mim!... E o sol esplendoroso e quente, o sol ardente, há-de gritar na apoteose do poente, o meu prazer sem lei... A minha alegria enorme de poder enfim dizer: Voltei!...
Análise
Tema Centrada no tema Terra-África,
esta composição poética demonstra várias temáticas próprias da poesia de Alda Lara, como o tempo ansioso (a ânsia de regresssar), o amor pátrio e a existência de lugares de afecto para o sujeito poético.
Neste poema, o “eu” enaltece a sua pátria (África), expressando as saudades sentidas em versos como: “os meus sentidos anseiam pela paz das noites tropicais”; “Tenho sede dos crepúsculos africanos”; “A minha alegria enorme de poder enfim dizer: Voltei!...”
DivisãoO poema apresenta uma estrutura tripartida.
A primeira parte integra as duas primeiras estrofes. Nela, o “eu” demonstra a vontade de voltar à sua terra, de ver e sentir tudo o que faz parte dela. “Poder de novo respirar, /(oh!...minha terra!...) /aquele odor escaldante /que o húmus vivificante /do teu solo encerra!” A segunda parte é constituída pela terceira estrofe, onde o sujeito poético refere as fortes saudades que tem da sua terra e de tudo o que a envolve.“Saudade...Tenho saudade /do horizonte sem barreiras...”
Por fim, a terceira parte é constituída pela quarta e quinta estrofes. Nela, o “eu” volta à ideia que realçou no início do poema, ou seja, à vontade de regressar às suas origens, mas desta vez já convicto de que regressará em breve . “Sim! Eu hei-de voltar, /tenho de voltar, /não há nada que mo impeça.”
• Anáfora
“Saudade” / “Saudade”
A anáfora é utilizada no poema para sublinhar a saudade que o sujeito
poético sente pela sua terra natal.
• Personificação
“E o sol (…) há-de gritar (…)”
A personificação dá-nos a imagem do Sol como observador e anunciador
da felicidade do sujeito poético aquando do seu regresso a Angola .
Recursos Estilísticos
• Adjectivação
“fronde magestosa”
“odor escaldante”
“húmus vivificante”
“alegria selvagem”
“ar monótono”
“sol esplendoroso e quente/ sol ardente”
“o ar parece mudo”
No poema, são apresentados vários adjectivos que facilmente nos
remetem à realidade africana, caracterizada como ardente de dia e
silenciosa à noite.
Recursos Estilísticos
• Exclamação:
“(oh! … minha terra!...)”
“Sim! Eu hei-de voltar”
“Voltei!...”
A exclamação é utilizada pelo “eu” com o intuito de expressar a
sua vontade em voltar às raízes. Podemos focar também a
gradação crescente, uma vez que, inicialmente, o “eu” suspira
pelo regresso, seguindo-se a decisão de voltar e terminando com a
certeza de que dirá “Voltei!”.
Recursos Estilísticos
Análise FormalEsta composição poética é
constituída por cinco estrofes
livres: a primeira com cinco
versos, a segunda com dezoito
versos, a terceira com vinte e seis
versos, a quarta com oito versos e
a última com doze. O esquema
rimático não segue nenhuma
ordem lógica, bem como a métrica
dos versos. A rima é pobre e
consoante e o ritmo alterna entre
lento e rápido.
ReflexãoFoi, realmente, importante
para nós a realização deste trabalho, uma vez que nos colocou em contacto, não só com a poetisa Alda Lara, mas também com a cultura e literatura do seu país.
Pudemos, assim, conhecer melhor Angola e a sua história, para seguidamente a relacionarmos com as temáticas abordadas pelos seus escritores e escritoras, não se tornando a análise do poema “Regresso” uma actividade isolada, mas em harmonia com aquilo que integra a vivência angolana passada e presente.
Bibliografia & Sites Consultados
• http://www.infopedia.pt/$alda-lara
• http://pt.shvoong.com/social-sciences/political-science/1874922-passado-presente-na-literatura-angolana/
Questionário
O país…Identifica as seguintes
personalidades angolanas
José Eduardo dos Santos
José Eduardo Agualusa
Pepetela
A literatura
…As principais temáticas abordadas na obra
angolana são…
A beleza das paisagens africanas e a época da colonização.
O preconceito, a dor causada pelos castigos corporais, o trabalho nas roças, a exclusão social e a tensão existente entre duas realidades distintas: a sociedade colonial europeia e a sociedade africana.
Os direitos de reclamação dos cidadãos angolanos quando maltratados pelos brancos na época da escravatura.
O poema…O poema “Regresso”, de Alda Lara,
debruça-se, especialmente, sobre …
Uma realidade intrínseca ao sujeito poético, que é exposto ao trabalho nas roças, não podendo regressar a casa.
Uma realidade exterior ao sujeito, que apenas conta a história de uma jovem angolana que há muito se encontrava afastada da pátria.
Uma realidade que retrata o sentimento saudosista do sujeito poético, uma vez que o seu maior desejo é regressar à sua terra.
Fim