Redução de Riscos em Desastres Naturais Aplicado ao Planejamento Urbano: Desafios à integração do
mapeamento geológico-geotécnico em instrumentos de planejamento urbano
INGRID LIMA
Geóloga, MSc – ex-Projeto GIDES-JICA, DSc. Estudante IGEO/UFRJ
Maio/2018
Petrópolis, com 298.235 habitantes majoritariamente distribuídos pelos vales e encostas laterais do rio Piabanha e afluentes, é palco da ocorrência frequente de acidentes significativos e da
ameaça constante nas suas encostas, mesmo quando os
escorregamentos têm volume e alcance limitados. Todos os anos e, por vezes, mais de uma vez por ano, o
município é afetado por escorregamentos que geram danos à população e à infraestrutura. .
DATA MORTES OBSERVAÇÕES
1988 18/02: 171 mortes
2001 50 Chuva de 12 horas (200 mm) Defesa civil: mais de 1000 ocorrências
2008 9
2010 2/3: 11 ocorrências 6/4: 24 ocorrências e
1 vitima fatal
2011 12/1: 71 vitimas (Vale do Cuiabá)
Chuva de 12 horas (aprox. 180 mm)
2013 17/3: 33 vitimas (20 vítimas bairro Quitandinha)
Chuva de 400 mm em 24 horas
2016 3
Desastres associados a Escorregamentos em Petrópolis
Fonte: Jornal do Brasil
Fonte: DRM
Fonte: DRM
Fonte: Prefeitura de Petrópolis
ALCOBACINHA
MORRO DO BUJÃO
CAXAMBU
INDEPENDÊNCIA
ARCABOUÇO JURÍDICO DE
GESTÃO DE RISCO GEOLÓGICO QUE DÁ SUPORTE ÀS
AÇÕES DE GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES
1. LEI FEDERAL 12.608/12 (PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL)
Art. 4º/I/12608 – Atuar, com a União e Municípios, na redução de desastres
Art. 5º/VII/12608 – Identificar e avaliar o risco atual e potencial de desastres
Art. 5º/VIII/12608 – monitorar os escorregamentos, e suas causas
Art. 5º/IX/12608 – produção de alertas sobre desastres a escorregamentos;
Art. 7º/V/12608 – monitorar as áreas de risco, junto com União e municípios;
Art. 7º/VIII/12608 – apoiar, sempre que possível e viável, os municípios na
elaboração dos Planos de Contingência e Protocolos de Alerta.
O arcabouço legal foi aprimorado com a Lei Federal 12.608/12 e com
ele foram feitas alterações ao Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001),
principal marco para política urbana no Brasil, que buscaram induzir a
implementação de medidas no campo do planejamento urbano que configurem uma ocupação adequada do território municipal.
ARCABOUÇO JURÍDICO DE
GESTÃO DE RISCO GEOLÓGICO QUE DÁ SUPORTE ÀS AÇÕES DE GESTÃO
DE RISCO DE DESASTRES
- Decreto 42.406/10 - Programa Morar Seguro: reassentamento e LEI 6.442
DE 02 DE MAIO DE 2013
Art. 1º/6.442 – permitir que os municípios incorporem nos seus Planos
Diretores os mapeamentos realizados ou por ele validados;
Art. 3º - Estimular as Prefeituras a identificarem as áreas de risco;
Parágrafo Único - a pedido do Município, prestar suporte técnico diretamente
ou mediante a contratação de instituições ou empresas especializadas.
Art. 4º - homologar os estudos de áreas de risco submetidos pelas
Prefeituras.
Art. 5º - dar subsídios à realização de interdição e a desocupação
compulsória
Segundo a proposta de detalhamento progressivo de Cerri et al. (1996), o conteúdo, os objetivos e aaplicabilidade dos diversos produtos tratando do risco a escorregamentos devem ser tratados a priori numaescala pequena, de pouco detalhe, regional, como a de 1: 150.000, e avançar até alcançar uma escala muitogrande, de extremo detalhe, como a de 1: 1.000, tal como feito a partir deste item.
• A escala 1: 150.000, segundo Cerri et al. (1996), é apropriada para cadastrar atributos e informaçõesrelacionados aos escorregamentos pretéritos, e ideal para promover a organização e a análise dosdocumentos existentes sobre risco a escorregamentos num município.
• A escala 1: 50.000, segundo Cerri et al. (1996), é apropriada para correlacionar as informações relacionadosaos escorregamentos com as características gerais do meio físico de uma região.
• A escala 1: 25.000, segundo Cerri et al. (1996), é ideal para representar a susceptibilidade aescorregamentos de diferentes tipos, e, por isto, pode ser útil em Petrópolis, para mostrar à populaçãoporque determinadas regiões não podem receber obras de infraestrutura que facilitem a expansão damancha urbana.
• A escala 1: 10.000, segundo Cerri et al. (1996), é ideal para contemplar o detalhamento das áreasprioritárias indicadas na escala 1: 25000, seja para identificar causas e possíveis danos dos escorregamentos,seja para delimitar os domínios das unidades de comportamento frente a este potencial (as denominadasunidades geotécnicas).
• As escalas 1: 5.000, 1: 2.000 e 1: 1.000, segundo Cerri et al. (1996), são ideais para indicar as casas expostasao risco iminente associado a escorregamentos, e a distribuição das intervenções necessárias à reduçãodeste risco.
• As escalas 1: 500; 1: 200 e 1: 100 são ideais para preparar os croquis esquemáticos e as plantas que vãoilustrar os laudos de avaliação do risco a escorregamentos. Fonte: Amaral (2016)
HISTÓRICO DE INSTRUMENTOS TÉCNICOS VOLTADOS À GESTÃO DE
RISCOS ASSOCIADOS A ESCORREGAMENTOS
SITEMA DE GESTÃO DA DEFESA CIVIL DE PETRÓPOLIS
HISTÓRICO DE INSTRUMENTOS TÉCNICOS VOLTADOS À GESTÃO DE
RISCOS ASSOCIADOS A ESCORREGAMENTOS
CARTA GEOTÉCNICA PARA O MUNICIPIO DE PETRÓPOLIS – IPT (1988),
ESCALA 1:50.000
HISTÓRICO DE INSTRUMENTOS TÉCNICOS VOLTADOS À GESTÃO DE
RISCOS ASSOCIADOS A ESCORREGAMENTOS
PLANO: CARTAS DE SUSCETIBILIDADE A MOVIMENTOS DE MASSA E
INUNDAÇÕES – CPRM (2013)
ESCALA 1:25.000
HISTÓRICO DE INSTRUMENTOS TÉCNICOS VOLTADOS À GESTÃO DE
RISCOS ASSOCIADOS A ESCORREGAMENTOS
PROJETO CARTOGRAFIA GEOTÉCNICA DE UPTIDÃO URBANA –
DRM (2015), ESCALA 1:10.000
HISTÓRICO DE INSTRUMENTOS TÉCNICOS VOLTADOS À GESTÃO DE
RISCOS ASSOCIADOS A ESCORREGAMENTOS
PLANO MUNICIPAL DE REDUÇÃO DE RISCO PARA O PRIMEIRO
DISTRITO DE PETRÓPOLIS (2007)
HISTÓRICO DE INSTRUMENTOS TÉCNICOS VOLTADOS À GESTÃO DE
RISCOS ASSOCIADOS A ESCORREGAMENTOS
PLANO: CARTOGRAFIA DE RISCO IMINENTE A ESCORREGAMENTOS
NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (2010-2014)
HISTÓRICO DE INSTRUMENTOS TÉCNICOS VOLTADOS À GESTÃO DE
RISCOS ASSOCIADOS A ESCORREGAMENTOS
PLANO: CARTOGRAFIA DE RISCO IMINENTE A ESCORREGAMENTOS
NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (2010-2014)
HISTÓRICO DE INSTRUMENTOS TÉCNICOS VOLTADOS À GESTÃO DE
RISCOS ASSOCIADOS A ESCORREGAMENTOS
ANÁLISE DO RISCO REMANESCENTE A ESCORREGAMENTO
DRM (2013)
HISTÓRICO DE INSTRUMENTOS TÉCNICOS VOLTADOS À GESTÃO DE
RISCOS ASSOCIADOS A ESCORREGAMENTOS
PROJETO GIDES: executado no marco da cooperação bilateral Brasil-
Japão, trata-se de programa exitoso em prol do fortalecimento da
estratégia nacional de gestão de riscos e prevenção de desastres
socioambientais (2013-2017)
HISTÓRICO DE INSTRUMENTOS TÉCNICOS VOLTADOS À GESTÃO DE
RISCOS ASSOCIADOS A ESCORREGAMENTOS
PROJETO GIDES: executado no marco da cooperação bilateral Brasil-
Japão, trata-se de programa exitoso em prol do fortalecimento da
estratégia nacional de gestão de riscos e prevenção de desastres
socioambientais (2013-2017)
Trabalho de Escritório
Trabalho de Campo
No que se refere ao planejamento urbano e à expansão das cidades, a metodologia desenvolvida fez um esforço de tentar entender e traduzir
as orientações do mapeamento geológico-geotécnico e bem como buscou estabelecer diretrizes mínimas para utilização destes mapeamentos nas distintas escalas de planejamento territorial urbano, como foco especial para as escalas do Município e a interurbana, em sua regulação direta da dada pelo Plano Diretor, pelas Leis de Parcelamento e Uso do Solo e pelas diretrizes de projeto urbanístico.
Projeto GIDES:www.cidades.gov.br/gides
As Políticas de Redução de Riscos de Desastres aplicados ao Planejamento e Ordenamento Territorial no Brasil estão ameaçadas por:
(1) falta de expertise na associação de peças de planejamento urbano a instrumentos de mapeamentos geológicos-geotécnicos;
(2) os mapeamento de perigo e risco no Brasil ainda estão subdesenvolvidos pelos municípios e, em geral, não incluem toda a área municipal, particularmente as áreas não urbanas destinadas à expansão urbana;
(3) ausência de padronização das propostas metodológicas da Cartografia Geotécnica;
(4) ausência de estreitamento da participação afirmativa do Ministério Público;
(5) não há a oficialização do cadastro nacional de municípios com áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos;
(6) cortes de orçamentos;
(7) redução de equipes técnicas na administração pública;
(8) ausência de regulamentação das leis federais.
Apesar dos recentes avanços, o Brasil tem o enorme desafio decapacitar e treinar os seus mais de 5570 municípios para a criação deinstrumentos técnicos voltados para a avaliação das restrições àexpansão urbana em áreas inadequadas. Os instrumentos técnicosdevem servir como subsídio às prefeituras para elaboração e/ouatualização de Planos Diretores (Ordenamento do território municipal),do Planejamento das Áreas Urbanas e do Projeto Urbanístico. Alémdisso, fortalecer a estratégia nacional do planejamento urbano e oreconhecimento do território como base para a prevenção de desastresnaturais.
Contatos
Ingrid Lima
Geóloga, MSc – ex-Projeto GIDES-JICA
DSc. Estudante IGEO/UFRJ