REBOCOS ANTIGOS: COMO
INTERVIR?
Maria do Rosário Veiga
ISEL Conservação, Reabilitação e Restauro
de Revestimentos Tradicionais – da
ciência à Obra.
9-11 OUTUBRO 2017
ESTRUTURA
• Conhecer
• Identificar anomalias
• Intervir
LNEC | 2 Rebocos Antigos: Como Intervir?
ISEL OUTUBRO 2017
CONHECER
LNEC | 3 Rebocos Antigos: Como Intervir?
ISEL OUTUBRO 2017
4
Os rebocos fazem parte das paredes antigas.
As paredes de edifícios antigos (da antiguidade a meados do séc. XX): Variam com a época, a região, o tipo de edifício
Mas com características comuns:
função resistente
função de proteção em relação aos agentes climáticos e às ações externas em geral
materiais mais porosos e deformáveis que os usados atualmente
capacidades de resistência mecânica e de proteção asseguradas através da espessura
De: Binda et. al. 2003
PAREDES ANTIGAS
Rebocos Antigos: Como Intervir?
ISEL OUTUBRO 2017
5
Convento da Graça,
Tavira, sécs. XVI-XVIII
Convento dos Inglesinhos,
Lisboa, séc. XVII
PAREDES ANTIGAS
Importância dos revestimentos de paredes
no valor cultural e no comportamento
global dos edifícios do Património
Histórico
Aveiro, início
séc. XX Lisboa, início
séc. XX
Ljubljana
início séc. XX
Inglaterra, aldeia
medieval
GRANDE DIVERSIDADE DE REBOCOS
ANTIGOS
Rebocos Antigos: Como Intervir?
ISEL OUTUBRO 2017
Importância dos revestimentos de paredes
no valor cultural e no comportamento
global dos edifícios do Património
Histórico
Ruínas Romanas de Pisões Sé de Évora, fingidos de pedra,
GRANDE DIVERSIDADE DE REBOCOS
ANTIGOS
Igreja do Sacramento, Lisboa
Casa de habitação, Palmela
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• Valor cultural
8
Argamassa Romana (opus
sugninum) (Mértola, Portugal) Reboco do séc. XVII, Cathedral
de Évora
VALORES A PRESERVAR
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• Valor cultural
9
VALORES A PRESERVAR
Rebocos Antigos: Como Intervir?
ISEL OUTUBRO 2017
Importância dos revestimentos de paredes
no valor cultural e no comportamento
global dos edifícios do Património
Histórico
Revestimentos de paredes – época romana (sécs. I a V d.c.) até às primeiras décadas do
séc. XX – cal aérea e areia.
• Predominante – Cal aérea calcítica
• Em algumas zonas (Alentejo, Coimbra…) – Cal aérea dolomítica.
• Areia variável com o local – siliciosa, incorporando pó e fragmentos de tijolo
(construções romanas), basalto (Lisboa e Açores) xisto (Alentejo), granito (Alentejo)
saibro (Ovar), calcário (Centro e Sul do País), e agregados vulcânicos e pozolanas
(Ilhas).
• Outros componentes: caulino, argila, terra, conchas e carvão
• A partir do início do séc. XX – Ligante hidráulico
COMPOSIÇÃO
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ISEL OUTUBRO 2017
11
• Argamassas de cal aérea: Traços tradicionais variam entre 1:1 e
1:5 (cal aérea : areia)
Outros constituintes:
• Pó de tijolo, pozolanas naturais, cal dolomítica, fibras naturais,
adições diversas
• 1:3 (cal aérea : areia) é um traço eficiente se a areia tiver boa
granulometria
• Muitos fatores influem: tipo de cal, processo de apagamento,
tempo de maturação, tipo de agregados, modo de aplicação,
cura.
COMPOSIÇÃO
Rebocos Antigos: Como Intervir?
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Importância dos revestimentos de paredes
no valor cultural e no comportamento
global dos edifícios do Património
Histórico
• Resistências à compressão: 0,3 a 7,1; predominante 1-4 MPa
• Coeficientes de capilaridade: 0,02 (argamassas com pó de tijolo e/ou pozolanas) a 6,2.;
predominante 0,1-3 kg/m2.min1/2.
• Valores mais altos de resistência à compressão – argamassas de edifícios importantes:
edifícios de carácter militar ou religioso, ricas em cal – importância do cuidado posto na
seleção dos constituintes e na execução.
CARACTERÍSTICAS
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13
CAL AÉREA – Ligante aéreo
A cal aérea pode ser de origem cálcica ou dolomítica.
Obtida por calcinação, a temperaturas da ordem de 800 a 1000 ºC, de
rochas carbonatadas, constituídas predominantemente por carbonato
de cálcio (calcário) ou por carbonato de cálcio e magnésio (calcário
dolomítico)
Cal viva: CaCO3 + calor CaO + CO2
Hidratação: CaO + H2O Ca (OH)2 +calor
Endurecimento: Ca (OH)2 + CO2 CaCO3 + H2O (entre
50% HR e 85% HR)
MATERIAIS
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MATERIAIS
LIGANTES HIDRÁULICOS (aluminatos e silicatos)
• Pozolanas naturais (produtos vulcânicos ricos em alumina e em
sílica amorfa reactiva) em combinação com cal
• Pó de tijolo e outras pozolanas artificiais (metacaulino, sílica-fumo,
cinzas volantes) em combinação com cal
• Cal hidráulica (margas ou misturas de calcário e argila – 1100-
1200ºC < 1450ºC C2S)
• Cimento (margas ou misturas de calcário e argila > 1450ºC
C3S)
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15
Sistemas Multicamada: Camadas de regularização e proteção: Emboço; Reboco, Esboço
• argamassas de cal e areia, com adições minerais e
orgânicas, aplicadas em várias subcamadas
• com granulometria decrescente das camadas mais
internas para as mais externas
• com deformabilidade e porosidade crescentes das
camadas mais internas para as mais externas
TÉCNICA MULTICAMADA
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16
Camadas de proteção, acabamento e decoração:
Barramento; Pintura mineral; Ornamentação
• barramentos: massas finas de pasta de cal aplicadas em
várias subcamadas, com grande importância para a
proteção do reboco
• coloração com pigmentos minerais ou com pintura
mineral
• ornamentação com stuccos, fingidos, grafitos, esgrafitos,
pinturas a seco ou a fresco
TÉCNICA MULTICAMADA
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ISEL OUTUBRO 2017
17
• Normalmente as camadas mais internas tinham granulometria mais grossa que as externas; desse modo, a deformabilidade e a porosidade iam aumentando do interior para o exterior, promovendo um bom comportamento às deformações estruturais e à água.
TÉCNICA MULTICAMADA
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Importância dos revestimentos de paredes
no valor cultural e no comportamento
global dos edifícios do Património
Histórico
Fissuração em revestimentos
multicamada Fissuração em revestimentos
camada única
Revestimentos multicamada
• Menor fissuração
• Maior carbonatação
• Maior impermeabilização
TÉCNICA MULTICAMADA
Efeitos
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IDENTIFICAR ANOMALIAS
LNEC | 19 Rebocos Antigos: Como Intervir?
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20
Anomalias nos revestimentos podem ser
manifestações de problemas estruturais
ANOMALIAS
Nesse caso resolver os problemas estruturais antes de tratar dos revestimentos
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21
Anomalias (não-estruturais) mais frequentes em revestimentos antigos:
• Fissuração e roturas pontuais;
• Eflorescências e criptoflorescências;
• Destacamento por perda de aderência entre camadas ou ao suporte;
• Perda de coesão;
• Erosão;
• Colonização biológica;
• Manchas (sujidade, crosta negra, etc.).
• Algumas têm forte impacto visual e afetam a função estética e decorativa mas não afetam
muito as outras funções (Grupo I).
• Outras afetam várias funções mas são de reparação fácil (Grupo II).
• Outras ainda, além de afetarem as principais funções do revestimento e de porem em causa
a sua durabilidade, apresentam dificuldades de reparação: envolvem técnicas específicas de
restauro e produtos de atuação ainda pouco conhecida (Grupo III); têm causas difíceis de
controlar (Grupo IV).
ANOMALIAS NÃO-ESTRUTURAIS
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Crosta negra, colonização biológica, sujidade / Grupo I
Usar Técnicas de Conservação
Forte de N. Srª da Luz, Cascais, séc. XVII Edifício Principal do LNEC, Lisboa, 1956
ANOMALIAS
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23
Fissuras, Lacunas / Grupo II
Usar Técnicas de Conservação
ANOMALIAS
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24
Perda de coesão, perda de aderência/ Grupo III
Eflorescências / Grupo IV
Usar Técnicas de Conservação / Consolidação ou Reparação ou Renovação
com materiais compatíveis
ANOMALIAS
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25
Edifício do
LNEC,
Lisboa,
1952
Degradação do suporte: como conservar o revestimento?
ANOMALIAS
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Importância dos revestimentos de paredes
no valor cultural e no comportamento
global dos edifícios do Património
Histórico
ANOMALIAS DEVIDAS A SOLUÇÕES INCOMPATÍVEIS
• Soluções de revestimento incompatíveis originam novas anomalias, formas de
degradação mais rápida e profunda que as pré-existentes.
ANOMALIAS
Rebocos Antigos: Como Intervir?
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Importância dos revestimentos de paredes
no valor cultural e no comportamento
global dos edifícios do Património
Histórico
ANOMALIAS
ANOMALIAS DEVIDAS A SOLUÇÕES INCOMPATÍVEIS
• Revestimentos mais impermeáveis, por exemplo com rebocos de cimento aumentam a
ascensão de água por capilaridade na alvenaria, degradando áreas cada vez mais extensas
de parede, com perda de coesão das argamassas de cal do reboco ou das juntas da
alvenaria e destacamento da tinta e do próprio reboco.
Rebocos Antigos: Como Intervir?
ISEL OUTUBRO 2017
Importância dos revestimentos de paredes
no valor cultural e no comportamento
global dos edifícios do Património
Histórico
ANOMALIAS
ANOMALIAS DEVIDAS A SOLUÇÕES INCOMPATÍVEIS
• Rebocos mais rígidos não têm boa aderência ao suporte de alvenaria de cal, originando
empolamentos, fissuração e destacamento.
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Importância dos revestimentos de paredes
no valor cultural e no comportamento
global dos edifícios do Património
Histórico
ANOMALIAS DEVIDAS A SOLUÇÕES INCOMPATÍVEIS
• As tintas poliméricas, mais impermeáveis à água, mas também ao vapor de água, que as
tintas antigas que eram de ligantes e pigmentos minerais (em geral cal e óxidos), tendem a
empolar e destacar, ao mesmo tempo que contribuem para reter a água no interior da
alvenaria, ou na interface reboco-alvenaria e reboco-tinta, degradando esses materiais.
ANOMALIAS
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INTERVIR
LNEC | 30 Rebocos Antigos: Como Intervir?
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CONSERVAÇÃO
• Máxima salvaguarda dos valores
culturais.
• Não remoção.
• Uso de técnicas especializadas de
restauro e materiais que podem ser de
nova geração.
• Optar sempre por materiais e técnicas
compatíveis.
31
ESTRATÉGIAS
REPARAÇÃO / RENOVAÇÃO
• Quando os valores culturais não são
elevados e é difícil, arriscado ou muito
caro usar técnicas de conservação.
• Uso de técnicas e materiais correntes
embora exigindo conhecimento
especializado.
• Optar sempre por soluções
compatíveis.
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Ações de conservação
Proteção: em relação à poluição, à água, aos sais, às variações térmicas e higrométricas,
aos atos de vandalismo e a outras solicitações. Condicionamento do acesso;
condicionamento do tráfego; utilização de toldos de proteção, etc.
Limpeza: ar sob baixa pressão; abrasivos suaves; água com baixa pressão; laser
Controlo da colonização biológica: aplicação de biocidas; limpeza; protecção contra
escorrimentos e infiltrações de água
Reparação localizada: colmatação de fissuras e de lacunas; correção de infiltrações de
água
Consolidação: restituição da coesão; restituição da aderência
Reintegração estética: tratamento estético para homogeneização textural e cromática
32
CONSERVAÇÃO
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ISEL OUTUBRO 2017
33
Grande variedade de soluções possíveis:
• Argamassas de cal aérea pura ou com adjuvantes
• Argamassas de cal aérea com adições
pozolânicas: pozolanas naturais, metacaulino,
cinzas volantes, sílica-fumo, diversos resíduos
industriais com propriedades pozolânicas (vidro
moído, resíduos da indústria cerâmica, resíduos de
argila expandida, etc.)
• Argamassas de cal hidráulica natural e cal aérea
• Argamassas de cal hidráulica natural
• Argamassas de cimento e cal aérea
• Argamassas pré-doseadas
• Argamassas de ligantes especiais
RENOVAÇÃO
Rebocos Antigos: Como Intervir?
ISEL OUTUBRO 2017
34
Quer a conservação quer a reparação ou a renovação devem ser realizadas com
materiais compatíveis:
• Não degradar o existente
• Não descaracterizar o existente
COMPATIBILIDADE
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ISEL OUTUBRO 2017
35
Requisitos Rc e
Rf E C PVA R cdt
Materiais
(influência direta)
Co
mp
atib
ilda
de
Não introduzir
tensoes Baixo Baixo - - Baixo
Similar às
argamassa
s antigas e
ao suporte
Sem proporções
elevadas de
cimento
Não reter água
ni interior das
paredes
- - Médio Alto - - Sem hidrófugos
nem resinas
Não conduzir a
água através
dos materiais
antigos
- -
Similar ou
superior às
argamassa
s antigas
Alto - - Sem hidrófugos
nem resinas
Não introduzir
novos sais Alto Baixo - Sem cimento
Não afetar o
aspecto
estético
Sem cimento nem
resinas; agragados
semelhantes;
ligante semelhante
Requisitos de Compatibilidade
Rc – resistência à compressão; Rf – resistência à flexão; E – módulo de elasticidade;
PVA – permeabilidade ao vapor de água; R – retração; cdt – coeficiente de dilatação térmica
COMPATIBILIDADE
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ISEL OUTUBRO 2017
36
Requisitos Rc e Rf E C PVA R cdt
Materiais
(influência
direta)
Análise global Baixo-Médio
Médio /
Similar ao
das
argamassas
antigas e/ou
dos
suportes
Alto Bai
xo
Similar ao
das
argamassas
antigas e ao
dos
suportes
Evitar cimento,
resinas e
hidrófugos;
Usar agregados
semelhantes,
ligantes
semelhantes e
pigmentos
semelhantes.
Análise global
Rc – resistência à compressão; Rf – resistência à flexão; E – módulo de elasticidade;
PVA – permeabilidade ao vapor de água; R – retracçãp; cct – coeficiente de dilatação térmica
SOLUÇÕES
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ISEL OUTUBRO 2017
Características das composições possíveis
37
Composição:
proporções
volumétricas
ligante : agregado
Gama de valores (indicativo)
Campo de aplicação básico
(indicativo)
Resistência à
compressão
(MPa)
Módulo de
elasticidade
dinâmico por
frequência de
ressonância (MPa)
Coeficiente de
capilaridade
(kg/m2.min1/2)
Cal : areia
(1:3) 0.2 – 0.8 2300 – 4100 1.1-1.6
Clima ameno (não muito húmido
nem muito seco); condições pouco
agressivas; superfícies interiores
Cal + pozolana : areia
(1:2 to 1:3) 0.5 – 2.3 2500-4500 1.3-2.3
Presença frequente de humidade
devida a clima chuvoso ou a
capilaridade ascendente (porque a
reacção pozolânica exige
humidade durante um período
longo)
Cal + cal hidráulica :
areia (1:2 to 1:3) 0.4-1.0 1600-5600 1.2-1.9
Variações entre tempo seco e
húmido
Cal hidráulica : areia
(1:2 to 1:3) 0.6-3.1 1100-7500 1.0-2.4
Variações entre tempo seco e
húmido e condições de alguma
agressividade
Cal + algum cimento :
areia
(1:3)
0.9-5.1 3000-6500 1.0-2.0
Condições agressivas: por
exemplo exposição a borrifos de
água do mar; poluição elevada
SOLUÇÕES
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ISEL OUTUBRO 2017
38
• Variação do tipo de cal;
• Variação da natureza do agregado e da respectiva granulometria;
• Variação das proporções relativas dos ligantes (quando há mais que um ligante);
• Modo de aplicação e condições de cura;
• Possivelmente alguns aditivos e adjuvantes..
As características destes tipos de argamassas podem ser ajustadas e
melhoradas:
SOLUÇÕES
Rebocos Antigos: Como Intervir?
ISEL OUTUBRO 2017
Quando não há informação suficiente sobre os materiais antigos:
Usar características gerais pré-definidas com base em estudos anteriores
39
Tipo de
reboco
Características mecânicas aos 90 dias
(N/mm2)
Comportamento à água
aos 90 dias
Rf Rc E A Pva
Sd (m)
C
(kg/m2.min1/2)
Reboco
Exterior
0.2 –
0.7 0.4 – 2.5
2000 -
5000
0.1 - 0.3 ou
rotura
coesiva
< 0.08 < 1.5; > 1.0
Reboco
Interior
0.2 –
0.7 0.4 – 2.5
2000 -
5000
0.1 - 0.3 ou
rotura
coesiva
< 0.10 --
SOLUÇÕES
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ISEL OUTUBRO 2017
Produção de cal hidratada:
A partir de cal viva, sob a forma de pedra ou em
pó (micronizada)
• Cal hidratada em pó (apagada com a
quantidade de água necessária)
• Cal em pasta (apagada com água em
quantidade superior à necessária)
• Cal viva extinta com areia (hot lime mix)
(misturada com areia húmida em obra e
deixada durante algum tempo)
CaO + H2O → Ca(OH)2
MATERIAIS
Rebocos Antigos: Como Intervir?
ISEL OUTUBRO 2017
MATERIAIS
Cal hidratada em pó
Fabrico industrial, com controlo de qualidade, fácil de utilizar e de dosear
Rebocos Antigos: Como Intervir?
ISEL OUTUBRO 2017
MATERIAIS
Cal em pasta
5 anos 1 mês
Tempo de maturação
48 h 1 mês 1 ano 3 anos 5 anos
Água livre
(% massa) 64 64 58 48 51
De Margalha et al,
12 DBMC, Abril 2011
Rebocos Antigos: Como Intervir?
ISEL OUTUBRO 2017
MATERIAIS
Cal extinta com areia húmida (hot lime mix)
Temperaturas elevadas favorecem a reação com os agregados e um
aumento da resistência. Mas é um processo com muitos riscos.
Rebocos Antigos: Como Intervir?
ISEL OUTUBRO 2017
44
Agregado silicioso (areia siliciosa, pó de sílica)
Agregado calcário (calcário britado, pó de calcário)
Agregado cerâmico (fragmentos cerâmicos, pó cerâmico)
Agregado basáltico, granítico, etc.
Argila, terra (agregado ou ligante?)
Os agregados constituem "o esqueleto" da argamassa, condicionando a sua
compacidade, resistência e textura.
Atualmente, nas argamassas feitas em obra, usa-se essencialmente areia
siliciosa, embora com uma certa percentagem de argila.
MATERIAIS
Rebocos Antigos: Como Intervir?
ISEL OUTUBRO 2017
45
• Areias monogranulares – maior índice de vazios – necessidade de
mais ligante
• Quanto mais completa for a curva granulométrica maior a
compacidade
• Agregado mais fino – maior índice de vazios – necessidade de mais
ligante
• Volume de vazios mínimo para agregado esférico: 1/3
MATERIAIS
Rebocos Antigos: Como Intervir?
ISEL OUTUBRO 2017
46
Frações 0,15 a 0,630; 0,630 a 1,25; 1,25 a 2,5; 2,5 a 5 mm
MATERIAIS
Rebocos Antigos: Como Intervir?
ISEL OUTUBRO 2017
Importância dos revestimentos de paredes
no valor cultural e no comportamento
global dos edifícios do Património
Histórico
• Água de amassadura: mínima necessária para trabalhabilidade
• Tempo de amassadura: boa mistura dos materiais
• Consistência adequada
APLICAÇÃO
Preparação da argamassa
Garantir condições de aplicação adequadas
Rebocos Antigos: Como Intervir?
ISEL OUTUBRO 2017
Importância dos revestimentos de paredes
no valor cultural e no comportamento
global dos edifícios do Património
Histórico
APLICAÇÃO
Preparação do suporte
• Molhagem do suporte para evitar a dessecação da argamassa (molhagem abundante mas
sem saturação)
• Reparação / regularização do suporte com encasques.
• Secagem durante pelo menos 1 semana
Rebocos Antigos: Como Intervir?
ISEL OUTUBRO 2017
Importância dos revestimentos de paredes
no valor cultural e no comportamento
global dos edifícios do Património
Histórico
APLICAÇÃO
Aplicação em camadas
• Aplicação de uma camada de regularização: espessura máxima de 2 cm.
• Apertar bem na altura certa (após início da secagem)
• Secagem durante pelo menos 1 semana
• Aplicação de camadas consecutivas com cerca de 1 cm
• Bem apertadas
• Com secagem de cerca de 1 semana entre si
• Humedecendo quando necessário
• Apertando de novo para fechar fissuras
• Até boa planeza geral da parede
Rebocos Antigos: Como Intervir?
ISEL OUTUBRO 2017
Importância dos revestimentos de paredes
no valor cultural e no comportamento
global dos edifícios do Património
Histórico
APLICAÇÃO
Argamassas de cal hidráulica ou de cal aérea e pozolanas
• Exigem mais humedecimento nos primeiros dias
Rebocos Antigos: Como Intervir?
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Importância dos revestimentos de paredes
no valor cultural e no comportamento
global dos edifícios do Património
Histórico
APLICAÇÃO
Condições de cura
• Temperatura: moderada (10 a 25 º C)
• Humidade relativa: entre 50 e 85% HR
• Pouco vento
• Sem chuva
• Evitar sol forte incidente
Argamassas de cal hidráulica ou de cal aérea e pozolanas
• Aceitável e favorável maior humidade relativa
• Maior cuidado em evitar vento e sol incidente
• Em alternativa, proteção ou humedecimento abundante
Rebocos Antigos: Como Intervir?
ISEL OUTUBRO 2017
Importância dos revestimentos de paredes
no valor cultural e no comportamento
global dos edifícios do Património
Histórico
APLICAÇÃO
Mão-de-obra
• Mão-de-obra cuidadosa e rigorosa
• Supervisão constante
• Os trabalhos de conservação e restauro requerem conservadores-restauradores
Rebocos Antigos: Como Intervir?
ISEL OUTUBRO 2017
Importância dos revestimentos de paredes
no valor cultural e no comportamento
global dos edifícios do Património
Histórico
APLICAÇÃO
Aplicação da pintura
• Secagem de 1 mês antes de eventual pintura.
• Pintura com tinta muito permeável ao vapor de água, de
preferência mineral.
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ISEL OUTUBRO 2017
54
CONCLUSÕES
• Conhecer o revestimento antigo e a parede antiga no seu todo
• Identificar as anomalias
• Escolher uma estratégia de intervenção
• Selecionar materiais, técnicas e soluções compatíveis
• Aplicar seguindo as boas regras:
• Composição e quantidade de água
• Aplicação multicamada com secagem entre camadas
• Condições climáticas e de cura
• Pintura adequada
Rebocos Antigos: Como Intervir?
ISEL OUTUBRO 2017
55
BIBLIOGRAFIA
VEIGA, Maria do Rosário – Air lime mortars: what else do we need to know to apply them
in conservation and rehabilitation interventions? (A review). Construction and Building
Materials 157 (2017) 132–140.
https://authors.elsevier.com/a/1Vm5S3O1E18irl
VEIGA, M. R.; FRAGATA, A.; VELOSA, A. L.; MAGALHÃES, A. C.; MARGALHA, M. G. – Lime-
based mortars: viability for use as substitution renders in historical buildings.
International Journal of Architectural Heritage vol. 4 (2), pp.177-195, April-June 2010. ISSN
1558-3058. DOI: 10.1080/15583050902914678.
https://www.dropbox.com/s/czj1z6le1ezqy33/veiga_IJAH_Lime%20sub%20mortars.pdf?dl=0
VEIGA, Maria do Rosário – Conservation of historic renders and plasters: from laboratory to
site. Historic Mortars: Characterization, Assessment, Conservation and Repair. RILEM
BOOKSERIES Vol 7, 207-225, 2012, ISSN 2211-0844; ISBN 978-94-007-4635-0; ISSN-E
2211-0852; ISBN-E 978-94-007-4635-0.
https://www.dropbox.com/s/cchsxu1trj5y7oo/Veiga_lab_site_2012.pdf?dl=0
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ISEL OUTUBRO 2017
56
PROJETOS EM CURSO NESTA ÁREA
Rebocos Antigos: Como Intervir?
ISEL OUTUBRO 2017
Projeto FCT
PTDC/EPH-PAT/4684/2014
DB-HERITAGE – Base de dados de materiais de construção com
interesse histórico e patrimonial
Projeto LNEC
PRESERVe – Preservação de revestimentos do Património construído
com valor cultural