Qualidade de águas pluviais em meio urbano
Caso de estudo do parque de estacionamento do Instituto Superior Técnico
André Baptista Mendes Horta do Vale
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia do Ambiente
Júri Presidente: Profª. Maria Joana Assis Teixeira Neiva Correia (DEQB)
Orientador: Prof. José Manuel de Saldanha Gonçalves Matos (DECivil)
Co-Orientador: Eng.ª Ana Estela Barbosa (LNEC)
Vogal: Profª. Filipa Maria Santos Ferreira (DECivil)
Setembro de 2011
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Aos meus pais, Carlos e Lena, irmã, Mónica, e avós Gina e Toy; pelo amor, carinho e apoio de sempre.
Por aquilo que sou.
Adoro-vos.
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Agradecimentos
A realização deste trabalho foi possível graças à colaboração, empenho e dedicação de
diversas pessoas e instituições, às quais dirijo um sincero “obrigado”.
Ao Professor José Saldanha Matos, por me ter permitido e incentivado a fazer este
trabalho apesar das dificuldades sentidas ao longo do caminho e pelo constante apoio e
sentido crítico, sem o qual não teria sido possível realizar este trabalho.
À Engenheira Ana Estela Barbosa, pelo apoio técnico, científico e material, bem como
apreciações críticas e explicações práticas, dando-me por vezes verdadeiras aulas,
importantíssimas no desenvolvimento do meu conhecimento na área e essenciais para o
sucesso do trabalho. E também por me ter integrado sempre nos últimos desenvolvimentos do
projecto G-Terra, incluindo o workshop por ela organizado, que muito útil foi para o meu
trabalho.
Ao Professor Tiago Domingos e ao Professor Delgado Domingos pelo esforço em tentar
ajudar-me aquando da falta de alguns dados.
Queria também endereçar um agradecimento a outros professores que directa ou
indirectamente me ajudaram, ao longo deste ano, e que contribuíram indirectamente no
sucesso do bom trabalho desenvolvido nesta dissertação: Professora Maria do Rosário
Partidário, Professora Maria Manuela Portela e Professora Maria Orquídea Neves.
Ao Instituto Superior Técnico, pelo apoio em termos de acessos, autorizações e permissões
nas seguintes pessoas: Jorge Barreto, Helena Domingues, Eng.º Vitor Leitão, José Magalhães e
Sr. Domingues.
Ao Sr. Louro pelo grande apoio logístico que me deu e pela grande amizade que acabamos
por criar.
Ao Laboratório de Análises do Instituto Superior Técnico, pela facilidade e disponibilidade
na relação e recepção das amostras nas seguintes pessoas: Eng.ª Bárbara Alfaiate e Doutora
Maria Cândida Vaz.
v
Ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil, na pessoa da Eng.º Ana Estela Barbosa, pela
cedência de equipamento essencial para a realização do caso de estudo.
Aos meus pais e irmã pelo constante incentivo e força dada ao longo de todo o curso e
todo este trabalho, e por tudo o resto.
Aos meus avós, pela preocupação que eu sei terem com o meu futuro e por todo o apoio
que sempre me deram e dão.
Ao Sebastião pela companhia em muitas noites longas de trabalho.
Ao Ricardo, pelo apoio e análise crítica ao longo da dissertação e pela ajuda na sua revisão
final. Mas para além disso, pela irmandade que nos liga há muitos e largos anos.
À Maria do Amparo, pela crítica, sempre construtiva do meu trabalho e, pela sua revisão
em tempo record. E pela amizade de sempre.
Ao Henrique que só não é meu irmão porque os pais dele não são os meus pais.
Ao Pedro, pela preocupação demonstrada ao longo do meu trabalho, pelas piadas
constantes sobre tudo e todos, que muitas vezes elevaram o espírito, e pelo sentimento
comum que nutrimos pelo “Glorioso”, que muitas vezes nos apoia sem nós darmos conta.
Ao Nuno, porque está sempre lá.
Ao Pargana, porque foi uma surpresa que surgiu numa altura onde já não esperava
surpresas, grande espírito e grande apoio para algumas vezes em que trabalhar não era o que
mais apetecia.
E como os últimos são sempre os primeiros, à Joana, pelo apoio, incentivo, carinho,
paciência e amor, que mesmo a 1800 km de distância tanto ajudaram.
Chegar até aqui tinha sido muito mais difícil e aborrecido sem vocês.
Obrigado.
vi
Resumo
Numa altura em que por um lado a poluição das águas é reconhecida como um assunto de
importância crucial e por outro, faltam apenas 4 anos para serem atingidos os prazos limite
impostos pela Directiva-Quadro da Água para o alcance de um bom estado ecológico de todas
as águas de superfícies, reveste-se de importância o estudo da potencialidade das águas
pluviais urbanas em causar impactes negativos ao nível dos meios receptores.
Assim, este trabalho incide na qualidade das águas pluviais em meio urbano, uma vez que
estas, aquando da passagem pela atmosfera e pelas superfícies, quer do edificado, quer de
estradas ou jardins, podem arrastar uma carga poluente significativa.
Com este propósito, para além de pesquisa e compilação bibliográfica, foi também
realizado um caso de estudo no parque de estacionamento do Instituto Superior Técnico.
Foram colhidas, nesse âmbito, diversas amostras de águas de escorrências pluviais, para
efeitos de determinação e avaliação de parâmetros físico-químicos.
Foram também recolhidos dados relativamente aos fenómenos de precipitação associados
aos eventos sujeitos a amostragem.
A informação recolhida foi sujeita a análise e tratamento estatístico, permitindo retirar
conclusões interessantes.
Palavras-chave: águas pluviais; escorrências urbanas; metais pesados; monitorização,
poluição.
vii
viii
Abstract
In a time when, in one side water pollution is recognised as an issue of major importance
and, on the other, there are just four years left until we reach the deadline imposed by Water
Framework Directive to have a good ecological status in all superficial water bodies, arises with
importance the study of the capability of urban rainwater to cause damage in the receiving
water bodies.
Thus, this work focuses in the rainwater quality in urban environment, since these waters,
when coming through the atmosphere and through the urban constructions, roads, road signs
and gardens can drag a significant pollutant charge.
With this objective, besides searching and compiling bibliography, it was also accomplished
a case study in Instituto Superior Técnico’s parking lot. Diverse samples of rain runoff were
collected with the purpose of determinate and evaluate physicochemical parameters.
Information regarding rain data associated to the events where sampling occurred were
also collected.
All the obtained information was subject to analysis and statistical treatment, which
allowed to take very interesting conclusions.
Keywords: heavy metals; monitoring; pollution; rainwater; urban runoff.
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x
Nota Prévia
Por vontade do autor, a seguinte dissertação não segue o novo acordo ortográfico.
xi
xii
Índice
1. Introdução ..................................................................................................................... 1
1.1. Motivação .............................................................................................................. 4
1.2. Objectivos .............................................................................................................. 6
1.3. Estrutura da dissertação ....................................................................................... 7
2. Enquadramento legal .................................................................................................... 8
3. Caracterização sumária do clima e regime de precipitação em Portugal Continental 13
3.1. Aspectos introdutórios ........................................................................................ 13
3.2. Clima de Portugal Continental ............................................................................ 13
3.3. Precipitação ......................................................................................................... 14
3.4. Caracterização da precipitação na região do caso de estudo, Lisboa ................. 18
4. Aspectos gerais da drenagem urbana ......................................................................... 23
4.1. Aspectos gerais .................................................................................................... 23
4.2. Tipos de sistemas de drenagem urbana.............................................................. 24
4.3. Interacção entre águas pluviais e sistemas de drenagem .................................. 26
5. Caracterização qualitativa do recurso água ................................................................ 32
5.1. Aspectos gerais .................................................................................................... 32
5.2. Características organolépticas ............................................................................ 32
5.3. Características físico-químicas ............................................................................ 33
5.4. Características biológicas e bacteriológicas ........................................................ 38
6. Caracterização das águas pluviais em meio urbano ................................................... 40
6.1. Aspectos gerais .................................................................................................... 40
6.2. Qualidade da água ............................................................................................... 40
6.3. Quantidade .......................................................................................................... 55
6.4. Dinâmica de poluentes em superfícies impermeáveis........................................ 57
xiii
6.5. Monitorização de escorrências pluviais .............................................................. 58
6.6. Avaliação dos impactes das escorrências rodoviárias......................................... 59
7. Desenvolvimento do caso de estudo .......................................................................... 63
7.1. Introdução ........................................................................................................... 63
7.2. Contextualização geográfica ............................................................................... 64
7.3. Metodologia de trabalho .................................................................................... 66
7.3.1. Metodologia de campo ................................................................................... 66
7.3.2. Metodologia de laboratório ............................................................................ 74
7.4. Limitações............................................................................................................ 75
7.5. Cálculos de controlo ............................................................................................ 76
7.6. Caracterização dos eventos de precipitação ....................................................... 78
7.7. Apresentação e análise de resultados de qualidade ........................................... 83
8. Conclusões e propostas para continuação da investigação ........................................ 95
Referências bibliográficas ..................................................................................................... 98
ANEXOS
ANEXO 1 – Valores das séries hidrológicas da precipitação mensal para o mês de Abril e
para a precipitação anual entre 1938 e2010 .............................................................................. A1
ANEXO 2 – Contextualização geográfica do caso de estudo ................................................ A2
ANEXO 3 – Processo evolutivo da escolha do local específico para as amostragens ........... A4
ANEXO 4 – Dados recolhidos pelo udómetro no período entre 18 e 31 de Abril de 2011 .. A9
ANEXO 5 – Planta do Instituto Superior Técnico ................................................................ A18
xiv
xv
Índice de Quadros do Texto
Quadro 2.1: Síntese de alguns anexos do DL nº 236/98 relevantes na dissertação
(Adaptado de Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de Agosto).............................................................. 10
Quadro 3.1: Valores médios anuais da precipitação (Adaptado de Quintela, 1996). .......... 15
Quadro 3.2: Série de eventos, dividida por intervalos de intensidade de precipitação
(Adaptado de Ferreira, 2006). ..................................................................................................... 19
Quadro 3.3: Valores de precipitação calculados para a análise estatística relativa a Abril,
em Lisboa. ................................................................................................................................... 22
Quadro 4.1: Principais vantagens e desvantagens dos sistemas separativos e unitários
(Adaptado de Matos, s.d.). .......................................................................................................... 26
Quadro 6.1: Valores característicos de metais pesados para a deposição e concentração
atmosférica em zonas rurais e urbanas na Dinamarca (Adaptado de Hvitved-Jacobsen et al.,
2010). .......................................................................................................................................... 41
Quadro 6.2: Origem dos principais poluentes em escorrências rodoviárias (Adaptado de
Sansalone e Buchberger, 1997; em Barbosa, 1999). .................................................................. 42
Quadro 6.3: Parâmetros relevantes para a caracterização da qualidade de escorrências de
estradas (Adaptado de Barbosa et al., 2011). ............................................................................. 43
Quadro 6.4: Especiação dominante de alguns metais pesados a diferentes valores de pH
(Adaptado de Hvitved-Jacobsen et al., 2010). ............................................................................ 44
Quadro 6.5: Percentagens típicas de poluentes associados aos SST, em águas pluviais
urbanas e de estradas (Adaptado de Hvitved-Jacobsen et al., 1994; em Ramísio, 2007). ......... 44
Quadro 6.6: Percentagem média das fracções dissolvida e particulada de metais em
escorrências pluviais de vias rodoviárias (Adaptado de Hvitved-Jacobsen e Youssef, 1991; em
Matos, s.d). .................................................................................................................................. 45
Quadro 6.7: Definição de concentração Media do Evento (CME), Concentração Média do
Lugar (CML) e Carga Poluente. .................................................................................................... 48
Quadro 6.8: Comparação de concentrações de poluentes em meio urbano, estradas e
descargas de descarregadores de cheias no meio receptor (Adaptado de Gray, 2004 em
Ferreira, 2006). ............................................................................................................................ 48
Quadro 6.9: Concentrações de poluentes em estudos de escorrências em meio urbano e
auto-estradas (Adaptado de Hvitved-Jacobsen et al.,. (1994) em Barbosa (1999)). .................. 49
xvi
Quadro.6.10: Concentrações máximas e mínimas para escorrências de telhados, jardins e
ruas em Paris (Adaptado de Gromaire-Mertz et al., 1999). ........................................................ 49
Quadro 6.11:Qualidade das escorrências pluviais em áreas residenciais e industriais das
cidades de Taejon e Chongju na Coreia do Sul (Adaptada de Vivacqua, 2005; em Gondim,
2008). .......................................................................................................................................... 49
Quadro.6.12: Qualidade das escorrências pluviais na cidade de Macau (Jin-liang et al.,
2006; em Gondim, 2008). ........................................................................................................... 50
Quadro 6.13: Qualidade de escorrências pluviais em meio urbano em vários estudos
analisados. ................................................................................................................................... 50
Quadro.6.14: Qualidade de escorrências pluviais em dois parques de estacionamento na
Carolina do Sul (Adaptado de McQueen et al., 2010)................................................................. 51
Quadro.6.15: Qualidade das escorrências pluviais de vias rápidas em Mont Rainier,
Maryland, Estados Unidos da América (Adaptado de Flint, 2004; em Gondim, 2008). ............. 51
Quadro 6.16: Resumo de CME e cargas poluentes para os poluentes rodoviários
significativos em Inglaterra (Adaptado de Crabtree et al., 2008 em Barbosa et al., 2011). ....... 51
Quadro 6.17: Concentrações Médias do Lugar (CML) para poluentes relevantes em
estradas nacionais (Adaptado de Barbosa el al., 2011). ............................................................. 52
Quadro 6.18: Dados da monitorização de diversas estradas desde 1996 até 2010
(Adaptado de Barbosa et al., 2011). ........................................................................................... 53
Quadro 7.1: Coordenadas geográficas do local do caso de estudo. ..................................... 65
Quadro 7.2: Cálculo da área de influência da bacia utilizada. .............................................. 67
Quadro 7.3: Parâmetros analisados e métodos utilizados (Adaptado de LABIST, 2011). .... 75
Quadro 7.4: Estimativa de valores esperados no sumidouro para diversas intensidade e
duração do evento de 1 minuto. ................................................................................................. 77
Quadro 7.5: Parâmetros utilizados na estimação dos tempos de concentração. ................ 77
Quadro 7.6: Estimativa de tempos de concentração da bacia em estudo. .......................... 78
Quadro 7.7:Eventos de precipitação registados no período de trabalho de campo. .......... 80
Quadro 7.8: Descrição dos parâmetros dos eventos onde foram feitas amostragens. ....... 81
Quadro 7.9: Série de eventos registados entre 18/04/2011 e 30/04/2011, dividida por
intervalos de intensidade de precipitação e respectiva percentagem. ...................................... 82
Quadro 7.10: Resultados obtidos durante as campanhas realizadas no caso de estudo entre
18 e 21 de Abril de 2011. ............................................................................................................ 84
xvii
Quadro 7.11: Relação CBO5/CQO. ........................................................................................ 90
Quadro 7.12: Análise estatística. .......................................................................................... 91
Quadro 7.13: Síntese final dos resultados. ........................................................................... 92
Quadro 7.14: Quadro de correlação entre o tempo seco antecedente e outros parâmetros.
..................................................................................................................................................... 94
ÍNDICE DE QUADROS DOS ANEXOS
Quadro A.1: Séries de precipitação hidrológica anuais para o mês de Abril desde 1938 a
2010. ............................................................................................................................................ A1
Quadro A.2: Dados recolhidos no udómetro no período entre 18 e 31 de Abril……………....A9
Quadro A.3: Valores da precipitação horária (mm), no período em estudo………………….A17
xviii
xix
Índice de Figuras do Texto
Figura 1.1: Esquema ilustrativo de factores característicos que influenciam a qualidade das
águas pluviais urbanas. ................................................................................................................. 1
Figura 1.2: Exemplo de estacionamento ao longo das ruas. Rua Carlos Mardel, Lisboa
(Google maps, 2010). .................................................................................................................... 2
Figura 1.3: Exemplo de estacionamento em silo. Via Auguadri, Como (CSU, 2010). ............. 2
Figura 1.4: Distribuição global da água no mundo (Adaptado de UNESCO, 2006). ............... 5
Figura 1.5: Estrutura da dissertação. ...................................................................................... 7
Figura 3.1: Caracterização climática de Portugal, segundo a classificação de Köppen-Geiger.
Escala: 1:8606060 (Adaptado de Instituto de Meteorologia, 2008). .......................................... 14
Figura 3.2: Valores totais anuais de precipitação, evaporação e escoamento no Mundo
(Adaptado de Gleick, 1993). ........................................................................................................ 15
Figura 3.3: Distribuição da precipitação total (valores médios anuais) em Portugal
continental em mm (Adaptado de Agência Portuguesa do Ambiente, 1974). ........................... 16
Figura 3.4: Distribuição do número de dias no ano com precipitações iguais ou superiores a
1mm em Portugal Continental (Adaptado de Agência Portuguesa do Ambiente, 1974b). ........ 16
Figura 3.5: Distribuição anual e ordenação por intervalos de intensidade de precipitação do
número de dias em que precipita em Lisboa (Adaptado de Ferreira, 2006). ............................. 18
Figura 3.6: Distribuição da precipitação por intervalos de intensidade média (mm/h), de
acordo com o número de eventos, para a série de eventos (Adaptado de Ferreira, 2006). ...... 20
Figura 3.7: Diagrama de extremos e quartis para os índices de precipitação relativos ao
mês de Abril desde 1938 até 2010 (Adaptado de SNIRH, 2010). ................................................ 21
Figura 3.8: Gráfico da precipitação mensal (Abril) desde 1938 até 2010 (Adaptado de
SNIRH, 2010). .............................................................................................................................. 21
Figura 4.1: Esquema exemplificativo de sistema unitário e separativo (Adaptado de EPA,
2011). .......................................................................................................................................... 25
Figura 4.2: Secção transversal de pavimento “com estrutura de reservatório” (Adaptado de
Matos, s.d.). ................................................................................................................................. 29
Figura 4.3: Exemplos de trincheiras de infiltração com e sem coberturas (Adaptado de
Matos, s.d.) .................................................................................................................................. 30
Figura 4.4: Vala de infiltração e vala de retenção (Adaptado de Matos, s.d.) ..................... 31
xx
Figura 4.5: Vala relvada integrada em espaço verde (Adaptado de Matos, s.d.) ................. 31
Figura 5.1: Classificação e gamas das dimensões das partículas (Adaptado de Sousa e
Sousa, 2008). ............................................................................................................................... 34
Figura 5.2: Gráfico da relação entre o consumo de oxigénio e a matéria orgânica a oxidar
(Adaptado de DUCP, 2010). ........................................................................................................ 37
Figura 6.1: Percentagens referentes aos locais de aparecimento de zinco e chumbo em
áreas industriais, comerciais e institucionais no Wisconsin, EUA (Adaptado de University of
Wisconsin, 1997). ........................................................................................................................ 47
Figura 6.2: Efeito da impermeabilização nas escorrências em meio urbano (Adaptado de
NRCS, 2001). ................................................................................................................................ 56
Figura 6.3: Curva de massa por volume com bissectriz de 45º para a avaliação do efeito de
first flush (Adaptada de Brites, 2005; em Gondim, 2008). .......................................................... 57
Figura 7.1: Pormenor do Instituto Superior Técnico (Adaptado de Carta de Portugal
Continental, Instituto Geográfico Português, 2009). .................................................................. 64
Figura 7.2: Pormenor do sumidouro utilizado na amostragem. .......................................... 65
Figura 7.3: Pormenor do interior do sumidouro utilizado na amostragem. ........................ 66
Figura 7.4: Localização do udómetro relativamente ao local da amostragem (Adaptado de
Carta de Portugal Continental, Instituto Geográfico Português, 2009). ..................................... 68
Figura 7.5: Pormenor do udómetro e do amostrador automático no topo do edifício do
Pavilhão de Engenharia Civil. ...................................................................................................... 68
Figura 7.6: Pormenor do interior do sumidouro utilizado nas amostragens. ...................... 69
Figura 7.7: Pormenor do recipiente utilizado durante as amostragens. .............................. 69
Figura 7.8: Pormenor do recipiente colector no interior do sumidouro. ............................. 70
Figura 7.9: Pormenor final do sumidouro pronto para as amostragens. ............................. 70
Figura 7.10: Pormenor da placa de plástico sobre o recipiente colector. ............................ 70
Figura 7.11: Algumas fotos do procedimento operacional. ................................................. 71
Figura 7.12: Algumas fotos do procedimento operacional. ................................................. 71
Figura 7.13: Recolha de dados e manutenção do udómetro. .............................................. 73
Figura 7.14: Pormenor da acumulação de lixo junto do sumidouro. ................................... 74
Figura 7.15: Gráfico com as intensidades de precipitação durante o período entre 18 e 30
de Abril. ....................................................................................................................................... 78
xxi
Figura 7.16: Distribuição da precipitação por intervalos média (mm/h), de acordo com o
número de eventos registados. .................................................................................................. 83
Figura 7.17: Valores registados para a temperatura. ........................................................... 85
Figura 7.18: Valores de concentração de SST e valor referência do anexo XVIII do DL
236/98. ........................................................................................................................................ 85
Figura 7.19: Valores registados para a condutividade. ........................................................ 85
Figura 7.20: Valores registados para o pH. ........................................................................... 85
Figura 7.21: Valores de CBO5 e valores referência dos anexos XVIII e XXI do DL 236/98. ... 86
Figura 7.22: Valores de CQO e valor referência do anexo XVIII do DL 236/98. .................... 86
Figura 7.23: Valores da concentração de zinco e valores referência do anexo XXI do DL
236/98. ........................................................................................................................................ 86
Figura 7.24: Valores da concentração de cobre e valores de referência dos anexos XVIII e
XXI do DL 236/98. ........................................................................................................................ 87
Figura 7.25: Valores da concentração de ferro e valores referência dos anexos XVI e XVIII.
..................................................................................................................................................... 87
Figura 7.26: Valores da concentração de chumbo e valores referência dos anexos XVIII e
XXI do DL 236/98. ........................................................................................................................ 87
Figura 7.27: Valores da concentração de hidrocarbonetos totais ao longo das amostragens.
..................................................................................................................................................... 88
Figura 7.28: Valores da concentração de óleos e gorduras e valores referência do anexo
XVIII do DL 236/98. ...................................................................................................................... 88
ÍNDICE DE FIGURAS DOS ANEXOS
Figura A.1: Contextualização geográfica do Instituto Superior Técnico. .............................. A2
Figura A.2: Contextualização geográfica do Instituto Superior Técnico 2. ........................... A3
Figura A.3: Exemplos de sumidouros de grades no espaço do Instituto Superior Técnico. . A5
Figura A.4: Exemplos de sumidouros de grades no espaço do Instituto Superior Técnico. . A6
Figura A.5: Esquema ilustrativo das localizações dos edifícios do Instituto Superior Técnico
e pormenor a vermelho das zonas dos sumidouros em análise (Adaptado de DEM-IST, s.d). .. A7
Figura A.6: Sumidouros elegíveis. ......................................................................................... A8
Figura A.7: Legenda da planta do Instituto Superior Técnico............................................. A18
Figura A.8: Legenda geral do desenho técnico da planta do Instituto Superior Técnico. .. A18
xxii
Figura A.9: Divisão do esboço da planta do Instituto Superior Técnico (sem escala definida)
(Adaptado de Núcleo de Coordenação de Obras e Manutenção do Instituto Superior Técnico).
................................................................................................................................................... A19
Figura A.10: Secção 1 da planta do Instituto Superior Técnico (Escala 1:100) (Adaptado de
Núcleo de Coordenação de Obras e Manutenção do Instituto Superior Técnico). .................. A20
Figura A.11: Secção 2 da planta do Instituto Superior Técnico (Escala 1:100) (Adaptado de
Núcleo de Coordenação de Obras e Manutenção do Instituto Superior Técnico). .................. A21
Figura A.12: Secção 3 da planta do Instituto Superior Técnico (Escala 1:100) (Adaptado de
Núcleo de Coordenação de Obras e Manutenção do Instituto Superior Técnico). .................. A22
Figura A.13: Secção 4 da planta do Instituto Superior Técnico (Escala 1:100) (Adaptado de
Núcleo de Coordenação de Obras e Manutenção do Instituto Superior Técnico). .................. A23
Figura A.14: Secção 5 da planta do Instituto Superior Técnico (Escala 1:100) (Adaptado de
Núcleo de Coordenação de Obras e Manutenção do Instituto Superior Técnico). .................. A24
Figura A.15: Secção 6 da planta do Instituto Superior Técnico (Escala 1:100) (Adaptado de
Núcleo de Coordenação de Obras e Manutenção do Instituto Superior Técnico). .................. A25
xxiii
Lista de Abreviaturas
CBO5 – Carência bioquímica de oxigénio ao fim de 5 dias a 20ºC
CME – Concentração média do evento
CML – Concentração média do lugar
COT – Carbono orgânico total
CQO – Carência química de oxigénio
Csa – Clima temperado com verão seco e quente
Csb – Clima temperado com verão quente e húmido
Cd - Cádmio
Cr - Crómio
Cu - Cobre
DQA – Directiva-Quadro da Água
Fe - Ferro
HAP – Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos
IST – Instituto Superior Técnico
LABIST – Laboratório de Análises do Instituto Superior Técnico
N - Azoto
Ni - Níquel
P - Fósforo
Pb - Chumbo
SNIRH – Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos
xxiv
SST – Sólidos Suspensos Totais
Tc – Tempo de concentração
V - Vanádio
TMDA – Trânsito médio diário
VLE – Valor limite de emissão
VMA – Valor máximo admissível
VMR – Valor máximo recomendável
VP – Valor ao permanganato
Zn – Zinco
xxv
“Anyone who has never made a mistake, has never tried anything new.”
Albert Einstein
xxvi
1
1. Introdução
O tema retratado nesta dissertação diz respeito à caracterização da qualidade das
escorrências pluviais em meio urbano.
Estas são uma fonte de poluição da água bastante negligenciada no passado pelo simples
facto de se considerar inofensivo o transporte de pequenas concentrações de poluentes em
volumes de água consideráveis, em oposição aos esgotos domésticos, onde existem, em regra,
cargas poluentes consideráveis, em particular orgânicas.
No entanto, diversos estudos internacionais efectuados sobre o tema essencialmente nos
Estados Unidos da América e no Norte da Europa provam o contrário, introduzindo este tema
na conjuntura internacional e tornando-o num aspecto que urge investigar.
Tal como a Figura 1.1 sugere, a qualidade das águas pluviais urbanas é influenciada por
diversos factores, quase todos eles de origem antropogénica.
Todos estes factores contribuem para a qualidade das escorrências, mas é importante
destacar as viaturas e o mobiliário (estradas, sinais de trânsito, candeeiros, bancos, guardas de
protecção, tampas de sumidouros, etc.) como principais geradores de poluentes em meio
urbano.
A carga orgânica associada a dejectos animais e zonas ajardinadas, aquando do uso de
fertilizantes, tem também uma importância relevante em determinados casos.
Numa altura em que ninguém questiona a necessidade de movimento do ser humano,
independentemente do campo em análise, lúdico ou profissional, os veículos motorizados são
Figura 1.1: Esquema ilustrativo de factores característicos que influenciam a qualidade das águas pluviais urbanas.
2
essenciais para que esse fenómeno de deslocação se dê no menor intervalo de tempo possível
e com a maior segurança.
O facto acima referido faz com que, quer se goste ou se reprove, existam locais nas cidade
onde naturalmente se acumulam veículos estacionados. Estes locais podem ir de simples
estacionamentos ao longo das ruas, até estacionamentos em espaços próprios, em grandes
superfícies ou em silos apropriados.
As águas resultantes da lavagem do pavimento das vias rodoviárias e em específico das
áreas de parqueamento são passíveis de ser, caso não sejam apropriadamente acomodadas e
tratadas, uma das fontes de contaminação quer das águas superficiais quer das águas
subterrâneas, aquando do cruzamento dos locais de descarga das águas de escorrência com
linhas de água ou zonas de recarga de aquíferos, ou mesmo através de infiltrações que possam
existir ao longo do percurso.
Figura 1.2: Exemplo de estacionamento ao longo das ruas. Rua Carlos Mardel, Lisboa (Google maps, 2010).
Figura 1.3: Exemplo de estacionamento em silo. Via Auguadri, Como (CSU, 2010).
3
Estas podem assim tornar-se uma fonte de poluição, móvel e difusa1, em grande parte de
origem antropogénica, com uma importância relevante, por um lado devido à sua dispersão
espacial, por outro devido à natureza dos poluentes em questão.
Inclusivamente, em alguns países, a poluição difusa tem sido considerada como o principal
factor impeditivo do alcance de níveis ambientalmente adequados de qualidade da água
(Lourenço, 2002).
O facto das áreas de estacionamento serem locais onde decorrem muitas manobras e
onde se circula a velocidades reduzidas, mas por vezes a rotações elevadas, potencia a geração
de poluentes, tornando este assunto de extremo interesse.
Segundo Ramísio (2007), “a poluição provocada pela circulação dos transportes terrestres
tem origem com os seguintes fenómenos:
Combustão do fuel;
Desgaste dos componentes do veículo;
Derrame de produtos durante a normal utilização do veículo (detergentes, óleos,
etc.);
Desgaste e degradação dos constituintes da estrada (guardas, etc.);
Desgaste e degradação dos materiais do pavimento rodoviário;
Aplicação de substâncias químicas em reparações e/ou operações de manutenção;
Fugas e derrames acidentais;
Arrasto de poluentes presentes na mesma bacia de drenagem (p. e. pesticidas,
resíduos sólidos).”
É também extremamente importante não esquecer a poluição atmosférica e as
escorrências provenientes dos telhados, pois estas, apesar de menos relevantes para este
estudo, são componentes que afectam a qualidade das escorrências rodoviárias.
Todos os produtos resultantes dos processos anteriormente referidos depositam-se no
pavimento e são posteriormente transportados pelas águas pluviais até aos sistemas de
drenagem urbanos.
1 Segundo a definição dada pelo Léxico de Termos Hidrogeológicos do Laboratório Nacional de Energia e
Geologia (s.d.), a poluição difusa representa uma “fonte de poluição não pontual, proveniente de vários locais específicos ou de uma larga extensão de terreno”.
4
É importante referir que o mais relevante para este trabalho é o estudo da qualidade da
água de escorrências pluviais em meio urbano, avaliar a concentração de poluentes, de modo
a compreender possíveis impactes ao nível dos meios receptores.
A variabilidade das condições que afectam a problemática em análise e o facto de não
existir legislação específica nacional relativa às águas de escorrências rodoviárias são também
objectos relevantes que serão analisados.
1.1. Motivação
Qualquer que seja o ângulo escolhido para abordar o tema, uma conclusão é comum: A
água é essencial à vida. De forma muito simplificada, podemos afirmar que é o componente
principal dos tecidos vivos e constitui um factor indispensável para o desenvolvimento das
plantas, que está na origem do ciclo da vida sobre o planeta.
Com o crescente aumento da população mundial e as cada vez mais acentuadas diferenças
entre países desenvolvidos, em desenvolvimento e subdesenvolvidos, a água é, hoje em dia e
cada vez mais, um recurso escasso e que deve ser preservado e utilizado da forma mais
racional e ponderada possível.
Apesar de a água ser abundante no planeta, a sua distribuição não é nada favorável no que
toca ao consumo humano. Através da análise da Figura 1.4, podemos verificar que de toda a
água existente no planeta, é muito reduzida a que está facilmente acessível e disponível para o
consumo humano.
5
De realçar que mais de 1,1 mil milhões de pessoas não têm acesso seguro a qualquer tipo
de fonte de água potável2 (World Health Organization, s.d.).
Para além disso é ainda relevante referir que, também segundo a World Health
Organization (s.d), “cerca de 2,6 mil milhões de pessoas não tem acesso a sequer uma latrina”,
ou seja, saneamento com condições apropriadas. O que para além de trazer óbvias
repercussões directas ao nível da saúde pública, torna-se também num possível foco de
contaminação e degradação dos recursos hídricos existentes.
2 Considerando-se, segundo informação da World Health Organization (s.d.), como acesso a água potável
“qualquer fonte situada a menos de 1 km do local de utilização e que contenha o suficiente para abastecer 20L por cada membro de uma casa por dia.”
Figura 1.4: Distribuição global da água no mundo (Adaptado de UNESCO, 2006).
6
Outra observação que não pode ser esquecida é que nos últimos 50 anos, o consumo de
água potável triplicou, mas a quantidade disponível por habitante é inferior em menos de
metade da que estava acessível há meio século.
Por fim, é também de referir que devido ao crescente aumento da população mundial, é
provável que até 2025, dois terços da população mundial viva em países com uma escassez
moderada ou grave de água, sendo que o acesso universal à água, com o actual nível de
investimento não deverá ser atingido antes de 2050 em África, 2025 na Ásia e 2040 na América
Latina e Caraíbas (Nações Unidas, 2002).
Já relativamente ao tema específico da dissertação, o facto de este ter uma grande
interdisciplinaridade, confere-lhe por um lado a dificuldade de juntar e relacionar áreas
bastante distintas e por vezes de difícil previsão, mas por outro torna este tema ainda mais
interessante pela possibilidade de aprendizagem.
Para além do já referido, é também importante esclarecer que a relação deste tema com a
importância da água deriva da minha própria convicção de que a resolução de problemas que
à partida possam ser considerados menos importantes na conjuntura actual, são na realidade
pequenos passos fulcrais na garantia que o recurso um dia chegará a todos em quantidade e
qualidade, permitindo evitar a repetição de problemas já sentidos nos países desenvolvidos. O
facto dos principais assuntos relacionados com a água serem actualmente alvo de inúmeros
estudos foi também uma motivação extra para escolha deste tema.
1.2. Objectivos
Nesta dissertação pretende-se contribuir para o estudo e investigação da qualidade das
escorrências pluviais em e meio urbano, mais especificamente relativas ao caso de estudo de
um parque de estacionamento na cidade de Lisboa. Comparar com a informação disponível e
retirar algumas conclusões.
Nesse sentido, foram propostos os seguintes objectivos:
Recolha e compilação de informação bibliográfica sobre o tema;
Sistematização de conhecimentos sobre o tema;
Selecção de um caso de estudo;
Verificação prática da qualidade e quantidade dos poluentes presentes nas
escorrências pluviais no parque de estacionamento e estudo das suas possíveis
consequências;
7
Proposta de algumas soluções e desenvolvimentos futuros.
1.3. Estrutura da dissertação
A dissertação encontra-se organizada de acordo com a estrutura ilustrada na Figura 1.5.
Enquadramento Legal
Introdução
Caracterização sumária do clima e regime de
precipitação em Portugal Continental
Aspectos gerais da drenagem urbana
Caracterização qualitativa do recurso água
Caracterização das águas pluviais em meio urbano
Desenvolvimento do caso de estudo
Conclusões e propostas para continuação da investigação
Figura 1.5: Estrutura da dissertação.
8
2. Enquadramento legal
A preocupação com o ambiente em Portugal reflecte-se nomeadamente na Constituição
de 1976, mais especificamente no seu artigo 66º, que estabelece o direito a um ambiente
sadio, como um dos direitos que o Estado deve assegurar.
Tal como já foi referido anteriormente, a água é um elemento de extrema importância aos
mais diversos níveis, e isto reflecte-se na legislação associada, quer ao nível internacional, quer
ao nível nacional.
Relativamente a legislação Comunitária, existe a Directiva-Quadro da Água3. Esta tem
como objectivo, segundo o seu artigo 1.º, “estabelecer um enquadramento para a protecção
das águas de superfície, interiores, das águas de transição, das águas costeiras e das águas
subterrâneas que:
a) Evite a continuação da degradação e proteja e melhore o estado dos ecossistemas
aquáticos, e também dos ecossistemas terrestres e zonas húmidas directamente
dependentes dos ecossistemas aquáticos, no que respeita às suas necessidades
em água;
b) Promova um consumo de água sustentável, baseado numa protecção a longo
prazo dos recursos hídricos disponíveis;
c) Vise uma protecção reforçada e um melhoramento do ambiente aquático,
nomeadamente através de medidas específicas para a redução gradual das
descargas, das emissões e perdas de substâncias prioritárias e da cessação ou
eliminação por fases de descargas, emissões e perdas dessas substâncias
prioritárias;
d) Assegure a redução gradual da poluição das águas subterrâneas e evite a
agravação da sua poluição;
(…)”
Por sua vez, no seu artigo 4.º, referente aos objectivos ambientais é também de salientar a
exigência, tal como vem indicado na alínea a) do mesmo artigo, para proteger, melhorar e
recuperar todas as massas de águas de superfície e massas de água artificiais e fortemente
modificadas, com o objectivo de alcançar um bom estado das águas de superfície (bom
3 Directiva 2000/60/CE, de 23 de Outubro de 2000 (transposta para a Lei Portuguesa através da Lei
n.º58/2005, de 29 de Dezembro).
9
potencial ecológico e bom estado químico) até 2015. O mesmo se aplica às águas
subterrâneas.
Naturalmente que existe a possibilidade de solicitação de derrogações – prorrogação do
cumprimento dos objectivos, relativos às águas superficiais para 2021 ou 2027.
A definição de “bom estado das águas” diz respeito a uma série de parâmetros, cujas
definições e limites podem ser consultados no anexo V do documento em questão.
É apresentado no seu anexo X a lista das substâncias prioritárias no domínio da política da
água. Algumas são tóxicas, enquanto outras são nutrientes, sais ou substâncias que causam a
redução de oxigénio nos meios hídricos.
Desta lista interessa referir que alguns dos elementos presentes são comuns com os
poluentes tipicamente associados às escorrências pluviais urbanas e rodoviárias; são os casos
dos hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e do níquel.
Ainda no âmbito da Directiva-Quadro da Água, esta remete, no seu anexo VI, para uma
série de directivas publicadas anteriormente, das quais são de salientar as seguintes no
enquadramento deste trabalho:
Directiva relativa à gestão da qualidade das águas balneares (76/160/CEE),
revogada e substituída pela Directiva 2006/7/CE;
Directiva relativa às águas destinadas ao consumo humano (80/778/CEE), alterada
pela Directiva 98/83/CE;
Directiva relativa ao tratamento de águas residuais urbanas (91/271/CEE).
Estas foram integradas na legislação nacional como partes integrantes do Decreto-Lei nº
236/98, de 1 de Agosto, alvo de análise seguidamente.
O Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de Agosto, é o mais relevante no que toca ao estudo
desenvolvido na presente dissertação. Este estabelece padrões de qualidade, critérios de
avaliação e objectivos com o propósito de protecção do ambiente aquático e de melhoria da
qualidade do recurso na sua utilização para os fins comummente associados.
Uma vez que não existe legislação específica para descargas de águas pluviais, este é o
Decreto muitas vezes utilizado como referência no que toca a valores máximos admissíveis
(VMA) e valores limite de emissão (VLE) associados a diversos parâmetros.
10
São de salientar os anexos I (Qualidade das águas doces superficiais destinadas à produção
de água para consumo humano), XV (Qualidade das águas balneares), XVI (Qualidade das
águas destinadas à rega), XVIII (Valores limite de emissão na descarga de águas residuais) e o
XXI (Objectivos ambientais de qualidade mínima para as águas superficiais), que constam no
Quadro 2.1.
Quadro 2.1: Síntese de alguns anexos do DL nº 236/98 relevantes na dissertação (Adaptado de Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de Agosto).
Parâmetros
Anexo I - Qualidade das águas doces
superficiais destinadas à produção de água
para consumo humano
Anexo XVI – Qualidade das águas destinadas à
rega
Anexo XVIII – Valores limite
de emissão (VLE) na
descarga de águas
residuais
Anexo XXI – Objectivos
ambientais de qualidade
mínima para as águas
superficiais
VMR4 VMA5 VMR VMA VLE6 VMA pH, 25ºC 5,50-9,00 - 6,50-8,40 4,50-9,00 6,00-9,00 5,00-9,00
Sólidos suspensos totais (mg/l)
25 - 60 - 60
Temperatura (ºC) 22 25 n.a. n.a. Aumento de
3ºC 30
Condutividade (µs/cm, 20ºc)
1000 - n.a. n.a. n.a. n.a.
Ferro (mg/l) n.a. n.a 5,00 - 2,0 n.a. Cobre (mg/l) 1,00 0,05 0,20 5,00 1,00 0,10 Zinco (mg/l) 1,00 5,00 2,00 10,00 n.a. 0,50
Níquel (mg/l) - - n.a. n.a. 2,00 0,05 Cádmio (mg/l) 0,001 0,005 0,010 0,050 0,200 0,010
Crómio total (mg/l) - 0,05 0,10 20,00 2,00 0,05 Chumbo (mg/l) - 0,05 5,00 20,00 1,00 0,05
Hidrocarbonetos dissolvidos ou
emulsionados (mg/l) 0,5 1,0 n.a. n.a. n.a. n.a.
Hidrocarbonetos aromáticos polinucleares
(µg/l) - 1,0 n.a. n.a. n.a. 100,0
CQO (mg/l) 30 - n.a. n.a. 150 n.a. CBO5 (mg/l) 7 - n.a. n.a. 40 5 COT (mg/l) - - n.a. n.a. n.a. n.a.
Óleos e gorduras (mg/l) n.a. n.a. n.a. n.a. 15 n.a.
4 VMR – Valor máximo recomendável.
5 VMA – Valor máximo admissível.
6 VLE – Valor limite de emissão, entendido como média mensal, definida como média aritmética das
médias diárias referentes aos dias de laboração de um mês, que não deve ser excedido. O valor diário, determinado com base numa amostra representativa da água residual descarregada durante um período de vinte e quatro horas, não poderá exceder o dobro do valor médio mensal (a amostra num período de vinte e quatro horas deverá ser composta tendo em atenção o regime de descarga das águas residuais produzidas).
11
Os anexos do Decreto-Lei nº. 236/98 foram agrupados de modo a permitem fazer uma
cobertura mais completa dos valores a seguir no caso de estudo desta dissertação, uma vez
que nem todos abrangem os parâmetros considerados relevantes no estudo de escorrências.
Está destacado o anexo XVIII, pois este é usado muitas vezes, na ausência de legislação
mais apropriada, como referência em estudos do género.
É também apresentado o anexo XXI (Objectivos ambientais de qualidade mínima para as
águas superficiais) de modo a que fique compreensível o quão afastados podemos estar de
garantir os valores exigidos como mínimos para o cumprimento da DQA.
Outros documentos com relevância são:
Lei de Bases do Ambiente7, que especifica, no seu artigo 3.º, um pouco mais os
princípios no que toca à protecção do ambiente, como a prevenção, recuperação e
responsabilização;
A Lei da Água (Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro), que transpõe a Directiva-
Quadro da Água (Directiva 2000/60/CE, de 23 de Outubro) para a legislação
nacional, e estabelece as bases e quadros institucionais para a gestão sustentável
das águas ao nível nacional, cujos princípios são em tudo idênticos aos
apresentados na Directiva-Quadro da Água, mas que trazem alguma informação
específica ao nível nacional, como o estabelecimento de alguns critérios relevantes
na definição de perímetros de protecção para captações de água superficiais e
subterrâneas destinadas ao abastecimento público para consumo humano. A
delimitação dos perímetros de protecção deve incluir a identificação e
caracterização das fontes de poluição pontuais e difusas; e a tipificação de riscos
de acidentes, com identificação de poluentes e riscos associados.
O Decreto-Lei n.º 197/20058, que diz respeito ao regime jurídico da avaliação de
impacte ambiental dos projectos públicos e privados susceptíveis de produzirem
efeitos significativos no ambiente, na qual está englobado, entre outros, a
avaliação de impactes dos projectos ao nível dos recursos hídricos.
7 Lei n.º 11/87 de 7 de Abril, alterada pela Lei n.º13/2002, de 19 de Fevereiro.
8 Reforço do regime jurídico relativo ao DL n.º 69/2000, de 3 de Maio; assegura a conformidade
com a Directiva n.87/337/CEE, do Conselho, de 27 de Junho, que completa a Directiva n.º 97/11/CE, do Conselho, de 3 de Março. Procede-se também à transposição parcial da Directiva n.º 2003/35/CE.
12
No entanto, apesar da existência de muita legislação no que toca ao assunto água, fica
neste capítulo patente o que já foi referido anteriormente, que não existe legislação específica
relativamente à qualidade e critérios de descarga das águas de escorrências pluviais.
Fica assim claro um problema, pois, como já foi referido, a poluição difusa é, em regra, de
difícil controlo, ao contrário da poluição pontual normalmente associada a águas residuais
domésticas e industriais. Como tal, os diversos investimentos levados a cabo em termos de
águas residuais podem ser insuficientes, uma vez que a poluição difusa, e neste caso
específico, fenómenos de poluição difusa associados às águas pluviais urbanas e escorrências
de vias rodoviárias, podem originar impactes ao nível dos meios receptores, que poderão
dificultar a satisfação de objectivos, entre outros, da Directiva-Quadro da Água.
13
3. Caracterização sumária do clima e regime de
precipitação em Portugal Continental
3.1. Aspectos introdutórios
Para um perfeito entendimento do tema é importante fazer uma caracterização geral,
mesmo que breve, de parâmetros climáticos relacionados com o clima Português, e apresentar
também informações sobre o regime de precipitações em Portugal, e em Lisboa
especificamente, dado o facto de ser esse o local do caso de estudo.
Estas informações são importantes no âmbito da análise de poluição hídrica relacionada
com as águas pluviais uma vez que um dos factores que influencia a qualidade e quantidade da
massa líquida é o regime de precipitação, nomeadamente em termos da intensidade e duração
dos eventos e do tempo seco antecedente.
3.2. Clima de Portugal Continental
Para a descrição do clima de Portugal Continental foi seguida a classificação climática de
Köppen-Geiger9. Esta classificação é o resultado do trabalho do botânico e climatologista
Wladimir Köppen, com a colaboração do meteorologista e também climatologista Rudolf
Geiger.
Segundo esta classificação, Portugal tem dois tipos de clima: um clima temperado com
verão seco e quente (Csa) e um clima temperado com verão seco e temperado (Csb). Os
invernos são considerados pelo Instituto de Meteorologia, que segue esta mesma
classificação, como chuvosos em ambos os casos.
Na Figura 3.1 pode-se ver a divisão do território nacional segundo a classificação de
Köppen-Geiger.
9 A primeira versão desta classificação foi proposta em 1900, tendo como base o pressuposto de que a
vegetação natural de cada região do Planeta é essencialmente uma expressão do clima que nela prevalece. (McKnight & Hess, 2000)
14
Portugal é assim considerado um dos países com clima mais ameno da Europa.
A temperatura média anual em Portugal continental varia, segundo as normais entre 1961
e 1990, entre os 13ºC no interior norte montanhoso até 18ºC no sul, na bacia do Guadiana
(Instituto de Meteorologia, 2008).
A precipitação total anual média varia entre pouco mais de 3000 mm nas montanhas do
norte e menos de 400 mm em zonas do sul do Alentejo (Instituto de Meteorologia, 2008).
A neve ocorre regularmente em quatro distritos no norte do país (Guarda, Bragança, Vila
Real e Viseu) ao longo do período de Inverno, e diminui a sua ocorrência em direcção ao sul,
até se tornar inexistente na maior parte do Algarve.
3.3. Precipitação
Portugal não pode ser considerado, em termos de precipitação10, um país desfavorecido
em recursos hídricos.
Prova disso resulta da comparação dos valores médios anuais da precipitação em Portugal,
por exemplo, com os valores relativos a Espanha, Europa e América do Norte, verificável no
Quadro 3.1.
10
Segundo a definição dada pelo Glossário do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH, s.d.), a precipitação é definida como “libertação de água proveniente da atmosfera sobre a superfície da Terra, sob a forma de chuvisco, chuva, granizo, saraiva ou neve”.
Figura 3.1: Caracterização climática de Portugal, segundo a classificação de Köppen-Geiger. Escala: 1:8606060 (Adaptado de Instituto de Meteorologia, 2008).
15
Quadro 3.1: Valores médios anuais da precipitação (Adaptado de Quintela, 1996).
Território Precipitação média anual (mm)
Portugal 1010
Espanha 630
Europa 734
América do Norte 670
É também interessante verificar que Portugal apresenta, conforme a Figura 3.2 uma
precipitação média anual bastante superior à média da Europa, 799 mm.
Apresenta-se seguidamente o mapa de distribuição da precipitação total (valores médios
anuais) entre 1931 e 1960 (Figura 3.3) e o mapa da distribuição do número de dias com
precipitação maior ou igual a 1 mm de chuva (Figura 3.4), ambos relativos a Portugal
Continental.
Figura 3.2: Valores totais anuais de precipitação, evaporação e escoamento no Mundo (Adaptado de Gleick, 1993).
A água superficial no Mundo
Precipitação, Evaporação e escoamento por região
Precipitação (km3)
Evaporação (%)
Escoamento (%)
16
Figura 3.3: Distribuição da precipitação total (valores médios anuais) em Portugal continental em mm (Adaptado de Agência Portuguesa do Ambiente, 1974).
Figura 3.4: Distribuição do número de dias no ano com precipitações iguais ou superiores a 1mm em Portugal Continental (Adaptado de Agência Portuguesa do Ambiente, 1974b).
17
A precipitação anual num local varia acentuadamente de ano para ano. No entanto, o
respectivo valor médio num período superior a cerca de 30 anos é, em regra,
aproximadamente constante.
Naturalmente que aspectos como as alterações climáticas podem resultar em variações
mais ou menos significativas nos valores médios e na irregularidade da precipitação ao longo
do ano.
Da análise dos mapas apresentados podemos concluir que a região onde mais chove em
Portugal Continental é na zona mais a Norte e Oeste (Alto Minho), com valores da precipitação
média superiores a 2800 mm.
O conjunto das Serras do Marão e do Alvão (Trás-os-Montes e Alto Douro), perto de Vila
Real; o agrupamento das Serras de Montemuro, Leomil, Arada e Caramulo (Douro Litoral,
Beira Litoral e Beira Alta) e por fim a área da Serra da Estrela, são áreas de relevo acentuado, e
merecem também destaque, uma vez que registam valores de precipitação em ano médio
superiores a 1600 mm, constituindo a Serra da Estrela um local de precipitação elevada, uma
vez que tem valores superiores a 2400 mm em ano médio.
É igualmente de destacar o Sistema Montejunto-Estrela (Sintra-Montejunto-Candeeiros-
Aire-Lousã-Estrela), uma vez que é extremamente importante na definição da precipitação ao
nível nacional, sendo que se nota bem a diferenciação dos níveis e dias de precipitação a norte
e a sul deste sistema.
A sul do Tejo, tem-se a Serra do Marvão e a Serra de São Mamede, onde a precipitação em
ano médio varia entre 800 e 1200 mm. Mais a sul, podemos verificar a existência de
precipitações entre 500 e 800 mm na peneplanície 11alentejana, descendo a 400 mm no litoral
algarvio, onde as precipitações são mais elevadas apenas junto às Serras de Espinhaço de Cão,
Monchique e Caldeirão.
A precipitação num dado local varia de forma acentuada ao longo do ano, concentrando-
se no semestre de Outubro a Março. Os maiores valores da precipitação correspondem, de
modo geral, aos meses de Dezembro e Janeiro e os menores valores registaram-se nos meses
de Julho e Agosto. Estes factos demonstram que a precipitação em Portugal, além de se
distribuir irregularmente no território, apresenta também grande variabilidade ao longo do
ano e de ano para ano (Instituto da Água, s.d.).
11
Região quase plana, devido à erosão normal das águas correntes, que desgastaram as elevações e as foram aplanando
18
3.4. Caracterização da precipitação na região do caso de
estudo, Lisboa
Interessa também pormenorizar um pouco mais o regime de precipitação na cidade de
Lisboa, local que integra o caso de estudo desta dissertação.
É de seguida apresentada uma análise do regime de precipitações em Lisboa de forma a
caracterizar a intensidade e frequência de diversos eventos com duração superior a 15
minutos.
Com base nesses mesmos dados é também apresentada uma caracterização das
precipitações mais frequentes, baseadas numa série udográfica representativa de 18 anos
hidrológicos.
De acordo com David (2005) citado por Ferreira (2006), a série udográfica é representativa
da média da precipitação anual na região de Lisboa, uma vez que durante os 18 anos
hidrológicos utilizados para a elaboração dos dados não ocorreram eventos classificados como
extremamente secos ou húmidos, ou seja, com uma precipitação anual respectivamente
inferior e superior a 50% da precipitação média da série (Ferreira, 2006).
Na Figura 3.5 apresenta-se a distribuição anual da precipitação, bem como a ordenação
por intervalos de intensidade de precipitação do número de dias em que chove.
Figura 3.5: Distribuição anual e ordenação por intervalos de intensidade de precipitação do número de dias em que precipita em Lisboa (Adaptado de Ferreira, 2006).
19
A análise da Figura 3.5 permite verificar que ocorrem precipitações, em média, 107 dias
por ano, o que representa cerca de 30% dos dias do ano. É também verificável que as
intensidades diárias de precipitação são relativamente baixas, sendo que, em média, apenas 8
dias por ano registam intensidades superiores a 20 mm/dia e 22 dias por ano com intensidades
superiores a 10 mm/dia (Ferreira, 2006).
A transformação dos dados em eventos distintos de precipitação foi feita segundo os
seguintes critérios (Ferreira, 2006):
Intensidades de precipitação inferiores a 0,25 mm/h, são consideradas como
correspondente a um registo de precipitação residual, equivalendo a tempo seco;
Ocorrência de um período de tempo seco mínimo de 30 minutos, de acordo com a
definição de tempo seco estabelecida no critério anterior.
Isto permitiu gerar uma série de 5454 eventos de precipitação para os 18 anos
hidrográficos em estudo e fazer a sua divisão por intervalos de intensidade de precipitação, tal
como mostra o Quadro 3.2.
Quadro 3.2: Série de eventos, dividida por intervalos de intensidade de precipitação (Adaptado de Ferreira, 2006).
Classe Int.
[mm/h]
Nº de eventos Dméd [h/ano]
Total Por ano
<= 1 1902 100,1 282,2
> 1 e <= 2 1484 78,1 209,8
> 2 e <= 3 769 40,5 126,5
> 3 e <= 5 667 35,1 69,4
> 5 e <= 10 467 24,6 41,4
> 10 e <= 15 106 5,6 21,8
> 15 e <= 20 25 1,3 3,4
> 20 e <= 25 12 0,6 0,9
> 25 e <= 30 7 0,4 0,3
> 30 e <= 40 6 0,3 0,1
> 40 9 0,5 0,1
20
A distribuição da precipitação por intervalos de intensidade apresenta-se na Figura 3.6, o
que ilustra a distribuição dos intervalos de intensidade média de acordo com o número de
eventos.
A apresentação destes dados é extremamente importante de modo a permitir o
enquadramento dos dados associados aos eventos de precipitação do caso de estudo
(apresentados no capítulo 7.6 desta dissertação).
Apresentam-se também alguns pormenores para o mês em que decorreu a amostragem,
Abril.
A estação meteorológica utilizada para a recolha de dados foi a de São Julião do Tojal12
(20C/01C). A escolha deveu-se ao facto de ser a única estação disponível na zona de Lisboa
com bastantes dados e com robustez suficiente para serem trabalhados estatisticamente.
Uma vez que não se pretende uma caracterização exaustiva do regime de precipitação na
cidade, são apresentados de seguida os gráficos da precipitação mensal em Lisboa desde 1938
(Figura 3.7) e o diagrama de extremos e quartis para o mês de Abril (Figura 3.8).
12
38º50’27,57’’ N; 09º07’16,93’’ O, Altitude 6m.
Figura 3.6: Distribuição da precipitação por intervalos de intensidade média (mm/h), de acordo com o número de eventos, para a série de eventos (Adaptado de Ferreira, 2006).
21
Através da comparação dos valores de precipitação mensal (em Abril) de cada ano com o
valor total desse mesmo ano, foi possível aferir que a precipitação do mês de Abril representa,
em média, 8,8% da precipitação anual.
Os dados que permitiram a construção dos gráficos (Figura 3.7 e Figura 3.8) apresentam-se
em anexo (Anexo 1).
O Quadro 3.3 apresenta os valores de precipitação calculados para a análise estatística
relativa a Abril.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
Abril
Pre
cip
ita
çã
o (
mm
)
Mês
Q3-Q2
Q2-Q1
Figura 3.7: Diagrama de extremos e quartis para os índices de precipitação relativos ao mês de Abril desde 1938 até 2010 (Adaptado de SNIRH, 2010).
189,5
5,6 0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
1938 1948 1958 1968 1978 1988 1998 2008
Pre
cip
itaç
ão (
mm
)
Anos
Precipitação mensal (Abril) 1938-2010
Precipitação média mensal Máximo Mínimo Média
Figura 3.8: Gráfico da precipitação mensal (Abril) desde 1938 até 2010 (Adaptado de SNIRH, 2010).
22
Quadro 3.3: Valores de precipitação calculados para a análise estatística relativa a Abril, em Lisboa.
A análise dos dados anteriormente apresentados permite-nos fazer algumas análises
simples:
O valor do desvio padrão relativamente aos valores máximos permite verificar a
grande variabilidade de valores para a precipitação dentro do mesmo mês, em
anos diferentes;
Relativamente à análise do gráfico da Figura 3.8, é possível verificar que a
diferença entre quartis é pequena nos três primeiros, o que mostra uma
distribuição relativamente uniforme dos valores pelos quartis até 75% da
distribuição. No entanto, é possível verificar que o bigode acima do terceiro quartil
é bastante mais longo que o outro, o que mostra um aumento muito pouco
uniforme nos valores acima de 74,8 mm até ao máximo de 189,5 mm, mostrando
uma grande assimetria na distribuição.
Em Abril de 2011, mês da realização do caso de estudo, o valor total de precipitação foi de
122,9 mm, um valor bastante superior ao valor médio de 58,3 mm referido no Quadro 3.3.
Interessa referir que os dados disponibilizados pelo SNIRH não possibilitaram a divulgação
ou cálculo de alguns valores relevantes para este tipo de estudos, como o período de tempo
seco antecedente e a distinção entre eventos de precipitação, sendo que teria sido
interessante a visualização e análise de eventos mais pequenos; que são mais significativos
para a avaliação de poluição associada a águas pluviais, e que pudessem ser comparados com
os registados no caso de estudo.
Parâmetro Valor (mm)
Máximo 189,5
Mínimo 5,6
Média 58,3
Desvio-padrão 39,6
Mediana (Q2) 53,2
Quartil 25% (Q1) 29,4
Quartil 75% (Q3) 74,8
23
4. Aspectos gerais da drenagem urbana
4.1. Aspectos gerais
As redes de drenagem, essenciais nos dias que correm em qualquer aglomerado
populacional para a manutenção de condições de salubridade e higiene, podem drenar três
tipos de águas: residuais domésticas, industriais e pluviais.
As primeiras são características de possuírem altos teores de matéria orgânica, serem
facilmente biodegradáveis e manterem características em regra pouco variáveis ao longo do
tempo. São provenientes, por exemplo, de instalações sanitárias, cozinhas e máquinas de
lavagem.
As residuais industriais provêm essencialmente de todo o tipo de indústrias, sendo que,
como seria de esperar variam de acordo com o tipo de indústria. No entanto, generalizando,
são águas muito diversas no que toca à presença de compostos físicos e químicos, o que faz
com que tenham grande variabilidade ao longo do tempo.
A drenagem das águas residuais tem uma elevada importância, por diversos motivos:
Os nutrientes presentes nas águas residuais são potenciadores do crescimento de
plantas aquáticas, que podem conter compostos tóxicos e pode também favorecer
a eutrofização de massas de água;
A necessidade de oxigénio dissolvido para degradação da matéria orgânica
presente em águas residuais é por vezes muito grande, não sendo passível que
este seja fornecido apenas naturalmente, levando à redução do oxigénio
dissolvido dos meios hídricos;
A presença de microrganismos patogénicos nas águas residuais, que, se não forem
correctamente tratadas e desinfectadas, podem provocar problemas de saúde
pública;
O cheiro, por vezes extremamente desagradável, provocado pela decomposição da
matéria orgânica das águas residuais.
Por fim, as águas pluviais, resultantes da precipitação atmosférica, apresentam geralmente
menores quantidades de matéria orgânica. No entanto, podem apresentar concentrações
significativas de metais pesados e de alguns nutrientes, derivados da sua passagem por
superfícies impermeáveis ou semipermeáveis como arruamentos, auto-estradas, telhados e
24
parques de estacionamento, originando escorrências pluviais, recolhidas por sarjetas,
sumidouros e ralos.
4.2. Tipos de sistemas de drenagem urbana
Os sistemas de drenagem de águas residuais podem ser classificados, segundo o Decreto
Regulamentar n.º 23/95 de 23 de Agosto, no seu artigo 16º em quatro tipos, sendo que as
duas primeiras são as principais:
Separativos, quando são constituídos por duas redes de colectores distintas, uma
destinada às águas residuais domésticas e industriais e outra à drenagem das
águas pluviais ou similares;
Unitários, quando existe uma única rede de colectores, para onde são drenadas
conjuntamente as águas residuais domésticas, industriais e pluviais;
Mistos, quando existe uma conjugação das anteriores, funcionando parte da rede
como unitária e o restante como separativo;
Pseudo-separativos, em que, em condições excepcionais é admitida a ligação de
águas pluviais de pátios interiores ao colector de águas residuais domésticas.
Uma nota deve ser dada ao ponto 2 do mesmo artigo, onde refere que “águas de lavagem
de garagens de recolha de veículos, de descargas de piscinas e de instalações de aquecimento
e armazenamento de água podem ser lançadas na rede doméstica ou pluvial, conforme a
afinidade e condições locais”.
Esta referência permite notar, de algum modo, uma certa desaprovação relativa ao
potencial da poluição de águas com origem no sector dos transportes.
No que toca aos sistemas unitários, estes funcionam, em tempo seco, para a recolha de
águas residuais domésticas e industriais, mas, como o dimensionamento é feito para recolher
também as águas pluviais aquando de precipitações até certo período de retorno, o seu
dimensionamento acaba por resultar em diâmetros relativamente elevados. Característico dos
sistemas unitários é a presença de descarregadores de cheia e por vezes de bacias de retenção
(Hvitved-Jacobsen et al., 2010).
Os descarregadores de cheia têm o objectivo de prevenir a sobrecarga da rede, um troço a
jusante de inundar ou mesmo de prevenir a entrada de caudais superiores ao admissível nas
estações de tratamento, aquando da ocorrência de eventos mais extremos. Nestes casos, o
excedente poderá ser encaminhado temporariamente para uma bacia de retenção, até ser
25
possível reencaminha-lo para a estação de tratamento (“bypass”) ou descarregado
directamente num curso de água próximo, sem qualquer tratamento (Hvitved-Jacobsen et al.,
2010).
Relativamente aos sistemas separativos, a rede de drenagem das águas pluviais é feita
exclusivamente para o transporte das escorrências associadas a superfícies impermeáveis ou
semipermeáveis como ruas, auto-estradas, parques de estacionamento e telhados. Estas são
previamente descarregados na grande maioria dos casos sem qualquer tratamento numa linha
de água. Já as águas residuais domésticas e industriais são encaminhadas para as estações de
tratamento.
Os sistemas separativos podem ter também bacias de detenção e algum tipo de
tratamento para as águas pluviais (Hvitved-Jacobsen et al., 2010).
Assim, fica patente a importância do tipo de sistema escolhido relativamente aos fluxos de
poluentes e volumes de águas e a correspondente qualidade das águas resultantes.
Na Figura 4.1 pode ser vista a representação de um esquema de sistema unitário e
separativo.
O Quadro 4.1 apresenta as principais vantagens e desvantagens dos sistemas separativos e
unitários.
Figura 4.1: Esquema exemplificativo de sistema unitário e separativo (Adaptado de EPA, 2011).
26
Quadro 4.1: Principais vantagens e desvantagens dos sistemas separativos e unitários (Adaptado de Matos, s.d.).
Tipo de sistema Vantagens Desvantagens
Sistemas convencionais,
separativos domésticos e
pluviais
O facto de transportarem
efluentes de natureza distinta
por diferentes colectores
permite que sejam sujeitos a
diferentes condições de
tratamento final.
Custos elevados de primeiro
investimento, associados à
necessidade de dispor de dois
tipos de tubagens ou
colectores.
Sistemas convencionais
unitários
Economia do primeiro
investimento, decorrente da
construção de um único tipo
de colector que transporta a
totalidade da água do meio
urbano.
Simplicidade de projecto, no
que respeita a ligação de
ramais e colectores.
Descarga de excedentes
poluídos em tempo de chuva,
com eventuais impactes
negativos no ambiente.
Acréscimo de encargos de
energia e de exploração em
instalações elevatórias e de
tratamento devido ao
excedente de contribuição
pluvial em tempo de chuva.
4.3. Interacção entre águas pluviais e sistemas de
drenagem
A associação de águas pluviais aos sistemas de drenagem resulta num de três casos:
Não existência de sistema de drenagem de qualquer tipo. Isto implica que as
escorrências infiltrarão uma determinada zona, sendo a carga poluente presente
nas mesmas, passível de, se presente em quantidades significativas, causar
impactes ao nível dos solos, águas subterrâneas ou cursos de água;
Existência de um sistema de drenagem unitário. Nesta situação, as escorrências
em questão irão chegar a estações de tratamento de águas residuais, misturadas
com as residuais domésticas, que apresentam características quantitativas e
qualitativas muito distintas. No entanto, no caso de eventos extremos poderá
27
também acontecer a descarga directa nos meios receptores das águas residuais
pluviais misturadas com as residuais urbanas através de descarregadores de cheia;
Por último, no caso da existência de uma rede de drenagem separativa pluvial, as
escorrências são colectadas e seguem em rede de drenagem exclusiva, sendo que
são encaminhadas sem qualquer tratamento, para bacias de retenção ou
directamente para os meios receptores.
No primeiro caso podem-se implementar, por exemplo, soluções de controlo na origem
(“source control” na terminologia anglo-saxónica).
As soluções de controlo na origem representam um conjunto de técnicas de controlo local,
a montante da rede, que possibilitam a redução dos caudais de ponta e os volumes de águas
pluviais afluentes aos colectores (Matos, s.d.).
Os objectivos principais do controlo na origem são os seguintes (Matos, s.d.):
Promover a retenção ou o armazenamento temporário da água precipitada, tendo
em vista a redução de caudais de ponta do escoamento pluvial para jusante;
Promover a infiltração no solo, quando esta é tecnicamente viável e não põe em
causa aspectos de saúde pública, ambientais ou sociais, tendo em vista a redução
de volume de escoamento para jusante;
Combinar os dois processos anteriores, contribuindo para a redução de caudais de
ponta e de volumes de escoamento pluvial para jusante.
Quando correctamente concebidas, projectadas e aplicadas, estas técnicas contribuem
para a redução do risco de inundação e para a redução das descargas de poluentes para o
meio receptor.
Das diversas técnicas aplicáveis merecem destaque as bacias de retenção, os pavimentos
“com estrutura de reservatório”, os poços absorventes, as trincheiras de infiltração e as valas
revestidas com coberto vegetal (Matos, s.d.).
Apresenta-se de seguida uma breve descrição de cada uma deles, uma vez que não é
objectivo deste trabalho o estudo e avaliação de soluções de controlo na origem.
28
Bacias de retenção
O escoamento de águas pluviais urbanas percorre por vezes longas distâncias até ao
destino final através de colectores enterrados ou canais revestidos, o que implica, em regra,
investimentos significativos.
Uma alternativa funcional e mais económica consiste na recolha dos caudais que
ultrapassam um determinado valor pré-estabelecido e armazenamento em bacias ou lagoas.
Quando a sua aplicação é bem estruturada, estas permitem o alcance de alguns objectivos
que beneficiam o tecido urbano:
Redução de riscos de inundação;
Criação de zonas de lazer apropriadas, por exemplo, para a prática de pesca e
canoagem;
Criação de reservas de água para fazer face às necessidades agrícolas, ocorrência
de incêndios e actividades industriais e municipais, como limpeza de arruamentos
e parques;
Protecção do meio ambiente, aumentando a qualidade da água pluvial,
nomeadamente do ponto de vista de redução da concentração de sólidos em
suspensão e de matéria orgânica (Matos, s.d.).
Pavimentos “com estrutura de reservatório”
Um pavimento “com estrutura de reservatório” é parte de uma infra-estrutura destinada a
permitir a circulação de pessoas e veículos, que se distingue de um pavimento tradicional por
dispor de uma camada de base com um elevado número de vazios, aos quais a água pluvial
pode aceder, permitindo reduzir os caudais de ponta e/ou os volumes de escoamento pluvial
(Matos, s.d.).
A distinção deste tipo de pavimento de um pavimento poroso reside no facto deste dispor
de apenas uma camada de desgaste permeável, em geral de 3 a 4 cm de espessura e onde a
camada de base se pode considerar impermeável. Num pavimento poroso apenas a camada
de desgaste tem vazios para permitir o escoamento da água pluvial, o que pode representar
algumas limitações em termos de segurança e conforto na condução em período de chuva.
Ao contrário, o pavimento “com estrutura reservatório” a camada de base dispõe de uma
estrutura de vazios com capacidade de armazenamento de águas pluviais, podendo a camada
de desgaste ser ou não porosa. Este tipo de pavimento permite o armazenamento temporário
29
das águas pluviais da ordem dos 40 a 50 cm, o que possibilita a restituição, a jusante, de
caudais mais reduzidos, tendo como destino final um meio receptor superficial ou o solo de
fundação do pavimento (Matos, s.d.).
A Figura 4.2 mostra o esquema de um corte transversal de um pavimento “com estrutura
de reservatório”.
Poços absorventes
Os poços absorventes são, segundo Matos (s.d.) “infra-estruturas que permitem a
infiltração directa das águas pluviais no solo. Apresentam a vantagem de poderem ser
aplicados em locais onde a camada superficial do solo é pouco permeável (zonas urbanizadas,
terrenos superficialmente impermeáveis) mas que dispõem de boa capacidade de infiltração
na camada mais profunda do solo.”
Este tipo de estrutura de controlo na origem pode dispor ou não, no seu interior, de
material de enchimento. Este material permite assegurar o armazenamento temporário da
água pluvial, de forma mais ou menos significativa, consoante a natureza do solo, as condições
de alimentação e o tipo de enchimento.
Trincheiras de infiltração
As trincheiras de infiltração de águas pluviais são dispositivos pouco profundos (em geral
inferior a 1 metro), de desenvolvimento longitudinal, e que se destinam a drenar as águas
pluviais recolhidas perpendicularmente ao seu desenvolvimento, através de infiltração ou de
Figura 4.2: Secção transversal de pavimento “com estrutura de reservatório” (Adaptado de Matos, s.d.).
30
retenção e transporte até um ponto de destino final (nomeadamente meio receptor, poço de
infiltração e colector) (Matos, s.d.)
A camada drenante superficial pode ser constituída por uma variedade de materiais tais
como lajes, blocos de material poroso ou alveolar, seixos e coberto vegetal, designadamente
relva. A secção rectangular drenante que constitui o núcleo do corpo da trincheira pode ser
envolvido por uma camada de areia ou geotêxtil para assegurar a filtração de materiais
poluentes finos. Se as águas recolhidas são pouco poluídas a trincheira pode inclusivamente
não dispor de cobertura (Matos, s.d.).
A figura seguinte, Figura 4.3, mostra exemplos de trincheiras de infiltração com e sem
cobertura.
Valas revestidas com coberto vegetal
Este tipo de solução de controlo na origem representa dispositivos de desenvolvimento
longitudinal, a céu aberto, geralmente de pequena profundidade, de secção variável, podendo
ser triangular, trapezoidal ou curva de pequena curvatura, e revestidas com coberto vegetal.
Estas têm como objectivo, segundo Matos (s.d.), “recolher as águas de escorrência
superficial, transportando-as lentamente (tempos de escoamento elevados), proporcionando
efeito de armazenamento e, se possível, a sua infiltração ao longo do percurso”.
Na Figura 4.4 apresentam-se duas situações de funcionamento hidráulico típico destas
valas, privilegiando essencialmente a infiltração (vala de infiltração) ou a retenção (vala de
retenção).
Figura 4.3: Exemplos de trincheiras de infiltração com e sem coberturas (Adaptado de Matos, s.d.)
31
Estes são dispositivos que são aplicados nas imediações de arruamentos ou estradas,
podendo igualmente constituir soluções bem integradas no meio urbano, especificamente em
espaços verdes (Matos, s.d.).
Na Figura 4.5 mostra-se o exemplo de uma vala relvada integrada em espaço verde.
Figura 4.4: Vala de infiltração e vala de retenção (Adaptado de Matos, s.d.)
Figura 4.5: Vala relvada integrada em espaço verde (Adaptado de Matos, s.d.)
32
5. Caracterização qualitativa do recurso água
5.1. Aspectos gerais
A presença de substâncias ou impurezas, de origem orgânica ou inorgânica, na massa
líquida, conferem-lhe algumas características que é fulcral conhecer, de modo a compreender
a dinâmica dessas substâncias no meio em que se inserem.
5.2. Características organolépticas
As características organolépticas são aquelas que são perceptíveis através dos sentidos
visão, olfacto e gosto, ou seja, a cor, o cheiro e o sabor da água.
A origem da cor apresentada pelas águas naturais deve-se, segundo Sousa e Sousa (2008),
“isoladamente ou em conjunto, às seguintes causas:
Origem natural inorgânica, devida à presença de compostos metálicos,
principalmente de ferro e de manganês;
Origem orgânica, animal ou vegetal;
Origem industrial, devida à descarga de efluentes industriais (têxteis, pasta de
papel, refinarias, indústria química).”
Para além disso, é também importante diferenciar os dois tipos de cor existentes, a cor
aparente e a verdadeira. A primeira diz respeito à cor da água exactamente como é vista num
determinado momento, com matéria em suspensão. Já a cor verdadeira, é respeitante à cor
que a água apresenta após remoção da matéria em suspensão.
Relativamente ao cheiro e ao sabor, estes podem ser definidos como o conjunto de
percepções apreendidas pelo olfacto e pelo gosto respectivamente.
As características organolépticas são bastante subjectivas, principalmente o cheiro e o
sabor, e como tal devem ser entendidas como eventuais sinais de poluição, mas requerem
investigação mais aprofundada, para identificar a real presença de substâncias indesejáveis na
água.
33
5.3. Características físico-químicas
Relativamente a características físico-químicas, serão abordadas as consideradas mais
relevantes no que toca ao estudo em questão:
Temperatura;
Turvação;
pH;
Condutividade eléctrica;
Dureza;
Sólidos totais;
Oxigénio dissolvido;
Carência de oxigénio.
Temperatura
A temperatura desempenha um papel extremamente importante na dinâmica aquática,
uma vez que influencia as velocidades das reacções químicas, solubilidade dos gases, taxa de
crescimento dos microrganismos, entre outras.
Turvação
A turvação diz respeito a águas que contenham matéria em suspensão, uma vez que esta
interfere na passagem da luz e como tal atenuam o feixe de luz ao atravessá-la. Este fenómeno
pode ser provocado por uma vasta panóplia de partículas de origem orgânica ou inorgânica,
desde partículas coloidais até sólidos de dimensões consideráveis. Permite uma avaliação
rápida no campo da eventual presença de grandes quantidades de sólidos em suspensão, o
que poderá dar também uma indicação da presença de partículas dissolvidas e coloidais.
Na Figura 5.1 apresenta-se a classificação e gamas das dimensões das partículas.
34
pH
O pH diz respeito à concentração do ião hidrogénio [H+] e é claro, um parâmetro de
extrema importância, pois é um regulador natural dos sistemas naturais uma vez que
influência a maior parte das reacções químicas e a estrutura e função de inúmeras enzimas,
tendo claras repercussões na fisiologia das diversas espécies presentes no ecossistema
aquático.
Consoante os valores do pH, as águas classificam-se em:
Águas ácidas, cujos valores do pH são inferiores a 7;
Águas neutras, cujo valor do pH é igual a 7;
Águas alcalinas, cujos valores do pH são maiores do que 7.
O pH também interfere na precipitação de elementos químicos tóxicos como metais
pesados ou na solubilidade de nutrientes, factores extremamente relevantes no caso de águas
pluviais urbanas.
A gama aceitável de pH para a actividade biológica está usualmente compreendida entre 6
e 8.
Condutividade eléctrica
A condutividade eléctrica representa a capacidade da solução para transmitir corrente
eléctrica através da sua actividade iónica, ou de forma mais simples, a capacidade para
conduzir electricidade.
Esta resulta da maior ou menor presença de iões em solução, sendo que uns têm uma
maior capacidade de transporte de electrões que outros. Quanto maior a capacidade de
transporte de electrões, maiores os valores de condutividade.
Figura 5.1: Classificação e gamas das dimensões das partículas (Adaptado de Sousa e Sousa, 2008).
35
Os iões que melhor conduzem a electricidade são o cobre, alumínio, berílio, cálcio,
magnésio, e o sódio.
Dureza
A propriedade dureza (expressa em mg/L de carbonato de cálcio (CaCO3)) deve-se à
presença de catiões metálicos bivalentes principalmente cálcio (Ca2º) e magnésio (Mg2+).
Assim, considera-se uma água como dura quando esta contém grande quantidade de
cálcio e magnésio. Esses iões surgem normalmente associados com aniões específicos como o
bicarbonato (HCO3-), sulfato (SO4
2-), cloreto (Cl-) e nitrato (NO3-) (Sousa e Sousa, 2008).
A dureza das águas varia consideravelmente com a localização geográfica, uma vez que
esta está intimamente relacionada com as formações geológicas com as quais esteve em
contacto.
Deve ser feita a distinção entre dureza temporária, associada ao cálcio e magnésio que se
encontram ligados aos bicarbonatos, e que são eliminados quando a água é fervida; e a dureza
permanente, associada ao cálcio e magnésio que se encontram associados aos sulfatos,
cloretos, nitratos, etc., e que não são eliminados quando a água é fervida.
Por fim é também extremamente importante referir que a dureza das águas pode ser
responsável pela precipitação de metais pesados, reduzindo a sua toxicidade. Existem
inclusivamente referências no Decreto-Lei n.º 236/98, a valores limite, cujos valores variam de
acordo com a dureza da água do meio (exemplo das águas para fins conquícolas), sendo que as
águas mais “duras” permitem uma maior concentração de metais pesados.
Sólidos Totais
Os sólidos totais representam, analiticamente, a concentração total de sólidos que
permanece como resíduos após evaporação de 103 a 105 ºC. Estes podem ser divididos em
sólidos em suspensão e sólidos filtráveis (normalmente filtros de 1 micron (µ)). A fracção dos
sólidos em suspensão inclui os sólidos sedimentáveis que decantam após um período de 60
minutos e os sólidos não sedimentáveis.
Por sua vez, os sólidos filtráveis dividem-se em sólidos coloidais (que incluem as partículas
com um diâmetro compreendido entre 1 mµ e 1 µ) e em sólidos dissolvidos (incluem
moléculas orgânicas e inorgânicas que estão em solução na água).
36
Para além da divisão feita anteriormente, cada uma das categorias pode ser dividida tendo
em conta a volatilidade a 600ºC13. Assim, existem sólidos suspensos voláteis que dizem
respeito à parte orgânica dos sólidos que volatilizam e os sólidos suspensos fixos, que são
referentes à parte inorgânica que permanece sob a forma de cinzas.
Estes últimos têm uma enorme importância nos estudos associados a escorrências pois
muitos poluentes têm a capacidade de ficar adsorvidos na sua estrutura, como é o caso de
metais pesados e hidrocarbonetos.
Oxigénio Dissolvido
Os organismos necessitam de energia para o crescimento e para a reprodução. Grande
parte dos organismos aquáticos depende, directa ou indirectamente, da presença de oxigénio.
A solubilidade do oxigénio depende, para massas de água, de diversos factores, dos quais
os mais relevantes são a pressão atmosférica, a temperatura e a salinidade. À medida que a
temperatura e a salinidade aumentam, a solubilidade do oxigénio diminui (Sousa e Sousa,
2008).
A consequência da diminuição na solubilidade do oxigénio é a limitação na capacidade de
arejamento e auto-depuração das águas naturais. Por outro lado, com o aumento da
temperatura também cresce a actividade biológica e o consumo de oxigénio.
Carência de Oxigénio
A necessidade de uma determinação mais fiável da quantidade de matéria orgânica levou
à necessidade de desenvolver métodos para além da medição da percentagem de sólidos
voláteis dos sólidos totais:
Carência bioquímica de oxigénio (CBO);
Carência química de oxigénio (CQO);
Valor ao permanganato (VP);
Carbono orgânico total (COT).
A CBO representa o oxigénio que é consumido pelos microrganismos na oxidação biológica
da matéria orgânica de uma massa de água, obviamente em condições aeróbias, num intervalo
de tempo. Contudo, ao medir a CBO é também medido o oxigénio usado na oxidação de
matéria inorgânica, como iões sulfureto e ferrosos. Por outro lado, durante a hidrólise das
13
Destina-se a averiguar as parcelas orgânicas e inorgânicas dos sólidos totais.
37
proteínas (fase de degradação da matéria orgânica) é produzida amónia, que é depois oxidada
a e
,consumindo oxigénio nesses processos (Ferreira, 2006).
A medida talvez mais utilizada como indicativa da matéria orgânica é a CBO5 a 20ºC, o que
representa a carência bioquímica de oxigénio ao fim de 5 dias de incubação e a 20ºC.
Na Figura 5.2 apresenta-se a relação entre o consumo de oxigénio e a matéria orgânica a
oxidar.
O teste da CBO tem como característica principal medir a matéria orgânica biodegradável.
O teste da CQO tem como objectivo medir a quantidade de oxigénio necessária para
oxidar quimicamente, dentro de certas condições, toda a matéria orgânica presente numa
massa de água. Com esse propósito, o oxigénio equivalente à matéria orgânica é medido
através da utilização de um agente oxidante químico (normalmente o dicromato de potássio
(K2Cr2O7)).
Segundo Ferreira (2006), “embora alguns compostos orgânicos ainda resistam à oxidação e
algumas substâncias inorgânicas, presentes em muito reduzidas concentrações nas águas
residuais, sejam também oxidadas (NO2-, S2
-, S2O32-, Fe2+), considera-se que a CQO representa
uma boa estimativa da quantidade total de matéria orgânica presente”.
A CQO é normalmente superior à CBO porque em primeiro lugar, parte da matéria
orgânica, que é de difícil oxidação biológica, pode ser oxidada quimicamente pelo dicromato
de potássio e em segundo porque algumas substâncias orgânicas podem ser tóxicas para
microrganismos no teste da CBO.
Figura 5.2: Gráfico da relação entre o consumo de oxigénio e a matéria orgânica a oxidar (Adaptado de DUCP, 2010).
38
O quociente entre a CBO5 e a CQO permite aferir quanto à biodegradabilidade das águas:
valores superiores a 0,6 indicam águas residuais facilmente biodegradáveis; valores entre 0,2 e
0,6 são característicos de águas residuais biodegradáveis por microrganismos seleccionados e
adaptados; valores inferiores a 0,2 revelam águas residuais dificilmente biodegradáveis.
O teste ao valor de permanganato tem objectivos idênticos ao do CQO mas o agente
oxidante utilizado é o permanganato de potássio (K2MnO4), sendo que este é um oxidante
menos forte que o anterior, tornando o teste ao valor de permanganato menos sensível.
Por fim, o teste do carbono orgânico total consiste na combustão rápida a altas
temperaturas, sendo o carbono orgânico totalmente oxidado ou convertido em anidrido
carbónico (CO2), cuja medição é feita através de um analisador de infravermelhos. Este teste é
aplicado em águas com baixos teores de matéria orgânica.
5.4. Características biológicas e bacteriológicas
As características biológicas e bacteriológicas são de extrema importância quando se fala
de águas naturais ou residuais. No caso desta dissertação, uma vez que o assunto tratado é
relativo às águas pluviais em meio urbano, é importante referir que em casos onde se tratem
apenas as águas de escorrência rodoviária, como por exemplo parques de estacionamento a
importância das características biológicas e bacteriológicas diminui bastante, uma vez que não
são expectáveis grandes fontes de poluição orgânica. Já noutros casos, onde existam jardins e
ajardinados ou onde sejam passeados muitos animais por exemplo, a poluição orgânica pode
já ser significativa.
No entanto será feita uma breve referência aos coliformes totais, coliformes fecais,
escherichia coli e estreptococos fecais, uma vez que são os elementos normalmente
considerados na avaliação microbiológica de uma água no que toca à tentativa de
compreender se esta poderá estar contaminada com microrganismos patogénicos passiveis de
causar doenças e infecções graves ou mesmo detectar águas residuais de origem fecal.
As bactérias coliformes são organismos que se encontram genericamente no ambiente e
mais especificamente nas fezes de todos os animais de sangue quente. As bactérias coliformes
não são normalmente passíveis de causarem doenças. No entanto, a sua presença nas águas
indica que organismos patogénicos podem estar presentes; organismos esses que são
normalmente provenientes de fezes de animais.
39
Os coliformes totais são comuns no ambiente. Se apenas forem encontrados coliformes
totais numa água, a fonte é provavelmente ambiental e não fecal.
Os coliformes fecais são um subgrupo dos coliformes totais. Estes aparecem em grandes
quantidades nos intestinos e fezes de pessoas e animais. A presença destes numa massa de
água indica muitas vezes contaminação fecal, o que representa um risco elevado que estejam
presentes organismos patogénicos.
A escherichia coli é um representante dos coliformes fecais. Maioria das estripes da E.coli,
são consideradas inofensivas, no entanto, algumas têm a capacidade de causar doenças. Esta
bactéria existe em grandes quantidades nos intestinos de pessoas e animais de sangue quente.
A presença da E.coli numa massa de água indica, quase sempre, uma contaminação fecal
recente, elevando o risco de presença de elementos patogénicos (Washington State
Department of Health, 2010).
Os estreptococos fecais incluem várias espécies de estreptococos, sendo que o seu habitat
preferencial é, o intestino de seres humanos e animais de sangue quente. A presença destas
bactérias é um indicador forte, tal como a Escherichia coli, de contaminação patogénica
(Instituto Mineiro de Gestão das Águas, 2006).
40
6. Caracterização das águas pluviais em meio urbano
6.1. Aspectos gerais
A poluição associada às águas pluviais urbanas constitui frequentemente um fenómeno de
poluição difusa, resultante da extensão e condição da distribuição espacial do lançamento da
carga poluidora, cuja qualidade e quantidade, apresentam uma grande variabilidade, associada
a factores como a intensidade e duração da precipitação, as diferenças inerentes à localização
geográfica, o uso do solo, os volumes de tráfego, a impermeabilização do solo e o período seco
antecedente ao evento de precipitação.
Os poluentes presentes nas escorrências pluviais urbanas podem ter origem em fontes
estacionárias ou móveis, e podem ser gerados no local ou ser até ai transportados por via
atmosférica. Entre as fontes que contribuem para os poluentes presentes incluem-se,
maioritariamente, os veículos, a degradação de materiais, quer do pavimento, quer dos
elementos presentes no meio urbano (candeeiros, sinais de transito, edifícios, jardins) e a
erosão do solo.
Todas estas fontes contribuem para a qualidade das escorrências pluviais à entrada dos
sumidouros, e ao longo dos órgãos de drenagem, até à chegada aos meios receptores.
6.2. Qualidade da água
Os compostos presentes na atmosfera em determinado local, podem ser transportados
através de longas distâncias e depositar-se em edifícios, pavimentos e outras superfícies
existentes em meio urbano.
A sua origem é maioritariamente em terra, mas nas imediações de zonas costeiras
encontram-se também cloretos de origem marítima.
Fica assim patente que o transporte de poluentes se pode dar por deposição atmosférica,
e por transporte nas escorrências resultantes dos fenómenos de precipitação.
Os poluentes associados à atmosfera são normalmente gases (substâncias voláteis),
aerossóis (partículas associadas a gotas de chuva ou a nevoeiro) e partículas sólidas suspensas
(poeiras). Para estes, contribuem em grande parte os combustíveis fósseis e as emissões
industriais.
41
A deposição dos poluentes pode dar-se em tempo seco, onde os processos de
sedimentação e adsorção são responsáveis pela acumulação das substâncias nas superfícies
urbanas; em tempo húmido, onde se dá através da absorção nas gotas de chuva ou nos flocos
de neve e por fim pode-se dar a chamada deposição oculta, que acontece através da absorção
em pequenas gotas nas nuvens e no nevoeiro (Hvitved-Jacobsen et al., 2010).
Podemos observar pela análise do Quadro 6.1 que, tal como seria de esperar, a deposição
de poluentes nas cidades, onde há maior densidade e diversidade de fontes poluentes, é maior
que a observada em áreas rurais.
Quadro 6.1: Valores característicos de metais pesados para a deposição e concentração atmosférica em zonas rurais e urbanas na Dinamarca (Adaptado de Hvitved-Jacobsen et al., 2010).
Substância Áreas
rurais
Áreas
suburbanas Cidades
Centro de
grandes cidades
Cobre (Cu)
Deposição (mg.m-2.a-1) 1,4 3,3 6,2 12,7
Concentração
atmosférica (ng.m-3) 3,5 10,0 15,0 73,0
Chumbo (Pb)
Deposição (mg.m-2.a-1) 8 22 48 80
Concentração
atmosférica (ng.m-3) 45 93 221 625
Zinco (Zn)
Deposição (mg.m-2.a-1) 15 41 88 118
Concentração
atmosférica (ng.m-3) 35 64 70 176
Tal como já foi referido, um dos principais contribuidores da poluição associada às
escorrências é, segundo Hvitved-Jacobsen et al., (2010), o tráfego rodoviário, recaindo
essencialmente nas seguintes origens:
Produtos da degradação dos pneus;
Produtos de corrosão do corpo do automóvel;
Perdas de massa transportada;
Produtos de combustão;
Materiais usados na construção da estrada;
Uso de agentes anticongelantes.
42
Para além do referido, é ainda de salientar os materiais usados nas operações de
manutenção e reabilitação das estradas e os derrames acidentais de produtos tóxicos. Estes
podem ter uma contribuição elevada nas escorrências em locais e momentos específicos, uma
vez que significam normalmente grandes concentrações de substâncias que, em certos casos,
podem ter um efeito muito gravoso para o ambiente.
Desta forma, e resultante da utilização e degradação de estradas e carros, as águas de
escorrência caracterizam-se por poderem apresentar grandes quantidades de sólidos
suspensos, metais pesados, hidrocarbonetos e óleos e gorduras. Podem também apresentar
matéria orgânica (Barbosa et al., 2011).
No Quadro 6.2 é possível verificar a origem dos principais poluentes em escorrências
rodoviárias, associados à degradação das diversas componentes de veículos motorizados e da
degradação das vias rodoviárias.
Quadro 6.2: Origem dos principais poluentes em escorrências rodoviárias (Adaptado de Sansalone e Buchberger, 1997; citado por Barbosa, 1999).
Poluente
Origem dos poluentes
Travões Pneus Corpo Combustível
e óleo
Pavimento
em betão
Pavimento
betuminoso
Sais de
degelo Lixo
Cádmio (Cd)
Crómio (Cr)
Cobre (Cu)
Ferro (Fe)
Chumbo (Pb)
Níquel (Ni)
Vanádio (V)
Zinco (Zn)
Cloretos
Sólidos Org.
Sólidos Inorg.
HAP
Fenóis
14
Por “Fonte secundária” entende-se poluentes que se formam através de reacções químicas.
Legenda: Fonte primária Fonte secundária14
43
Relativamente ao mobiliário urbano, interessa referir que grande parte dos elementos
presentes são metálicos ou contém estruturas metálicas (sinais, bermas, candeeiros, bancos,
tampas de sumidouros, etc.), sendo que estas ligas contém quase todas ferro ou zinco na sua
estrutura.
Para além dos acima referidos também é possível o aparecimento de nutrientes (nitratos e
fosfatos) provenientes de zonas fertilizadas (campos agrícolas fora do meio urbano; jardins e
ajardinados em meio urbano), coliformes associados a dejectos animais e ainda metais
pesados e matéria orgânica associada à degradação do equipamento urbano.
Em meio urbano, um outro factor expectável é o aparecimento de matéria orgânica, muito
associada aos espaços ajardinados e ao “lixo verde” remanescente de árvores, jardins e
canteiros, e também aos dejectos de animais, essencialmente cães e, em zona costeira,
gaivotas.
Os métodos, produtos utilizados e a frequência da limpeza das vias e passeios também
poderá ser um factor influente, quer na qualidade, quer na disponibilidade dos poluentes.
Recentemente, os poluentes chamados prioritários, sendo na sua maioria hidrocarbonetos
aromáticos policíclicos (HAP), têm merecido uma atenção redobrada por parte de estudos
internacionais, devido aos potenciais impactes que podem causar.
No Quadro 6.3 apresentam-se os parâmetros relevantes para a caracterização da
qualidade de escorrências de estradas.
Quadro 6.3: Parâmetros relevantes para a caracterização da qualidade de escorrências de estradas (Adaptado de Barbosa et al., 2011).
Este tipo de quadros de parâmetros-chave é importantíssimo pois permite direccionar as
análises ao que mais se justifica, permitindo grandes poupanças ao nível económico e
Grupo Parâmetros
Parâmetros físico-químicos pH; condutividade; turvação
Indicador da especiação dos metais pesados Dureza total
Sólidos SST
Metais pesados Zn; Cu; Pb; Cd; Cr; Ni
Matéria orgânica agregada CQO; CBO5; COT; Hidrocarbonetos totais
Nutrientes N total; Nitratos; P total
44
temporal. A relevância da análise destes parâmetros justifica-se pelo seguinte (Barbosa et al.,
2011):
O pH permite ter uma ideia da forma química que um dado metal adquire, sendo
que as formas livres são as mais tóxicas uma vez que podem ser directamente
assimiladas pelos organismos vivos;
No Quadro 6.4 apresenta-se a especiação dominante de alguns metais pesados de
acordo com diferentes valores de pH.
Quadro 6.4: Especiação dominante de alguns metais pesados a diferentes valores de pH (Adaptado de Hvitved-Jacobsen et al., 2010).
Metal pesado pH < 6,5 6,5 < pH < 7,5 pH > 7,5
Cobre (Cu) Cu2+ Cu2+; CuCO0
3;
Cu(OH)02
Cu(OH)02
Chumbo (Pb) Pb2+ Pb2+; PbCO03
PbCO03; Pb(CO3)
2-2
Pb(OH)-3; Pb(OH)2-
4
Zinco (Zn) Zn2+ Zn2+; ZnCO03 ZnCO0
3; Zn(OH) 02; Zn(OH) 2-
4
Cadmio (Cd) Cd2+ Cd2+ Cd2+; CdCO0
3
Cd(OH) 02
A condutividade proporciona uma aferição inicial da concentração iónica, o que
permite dar uma ordem de grandeza da concentração de metais pesados na forma
livre;
A turvação permite uma avaliação inicial dos sólidos suspensos totais. Estes são
extremamente importantes pois podem estar associados a outros poluentes, e
aquando de uma eventual acumulação de sedimentos podem ser responsáveis por
impactes significativos;
No Quadro 6.5 apresentam-se as percentagens típicas de poluentes associados aos
SST, em águas pluviais urbanas e de estradas.
Quadro 6.5: Percentagens típicas de poluentes associados aos SST, em águas pluviais urbanas e de estradas (Adaptado de Hvitved-Jacobsen et al., 1994; citado por Ramísio, 2007).
Poluente Fracção associada a SST (%)
Fósforo (P) 60-80
Zinco (Zn) 30-40
Cobre (Cu) 30-40
Chumbo (Pb) 70-80
45
Os metais pesados são importantes de analisar uma vez que não se degradam no
ambiente, sendo poluentes com toxicidade elevada, como é o caso do zinco e do
cobre;
O chumbo é um poluente cuja análise é ainda importante para acompanhar o seu
decréscimo, devido à proibição do uso desde elemento nas gasolinas desde 1 de
Janeiro de 2000 em todos os países da União Europeia;
Crómio, cádmio e níquel são metais pesados cuja análise é importante mas que não é
consensual pois na maioria dos casos aparecem com concentrações muito reduzidas e
até por vezes inferiores ao limite de quantificação analítica;
Uma nota deve ser dada à importância da diferenciação entre a forma particulada e
dissolvida dos metais pesados, pois o processo de especiação condiciona bastante o
impacte causado no ambiente (as formas livres são as mais tóxicas, acontecem
principalmente a pH inferior a 6,5 tal como é verificável no Quadro 6.4). Estas fracções
são influenciadas por factores como o pH, o oxigénio dissolvido, o potencial redox e a
dureza;
No Quadro 6.6 apresentam-se as percentagens médias das fracções dissolvida e
particulada de metais em escorrências pluviais de vias rodoviárias.
Quadro 6.6: Percentagem média das fracções dissolvida e particulada de metais em escorrências pluviais de vias rodoviárias (Adaptado de Hvitved-Jacobsen e Youssef, 1991; citado por Matos, s.d).
Poluente Percentagem média
Fracção dissolvida Fracção particulada
Chumbo (Pb) 21 79
Zinco (Zn) 57 43
Cobre (Cu) 70 30
Níquel (Ni) 76 24
Crómio (Cr) 65 35
Cádmio (Cd) 72 28
Ferro (Fe) 27 73
Os indicadores de presença de matéria orgânica são também bastante importantes,
por um lado para compreender se há possibilidades de eventual contaminação
patogénica e por outro para aferir o oxigénio disponível no meio;
Os HAP são importantes e têm bastante relevância no que toca a possíveis impactes
no meio. No entanto, não são muito explorados em termos de monitorização em
46
Portugal, uma vez que os elevados índices de radiação solar e consequentes
temperaturas elevadas normalmente sentidas permitem a evaporação e
decomposição deste tipo de poluentes e portanto as suas concentrações são quase
sempre muito reduzidas e muitas vezes abaixo do limite de detecção analítico;
A questão da avaliação dos nutrientes justifica-se quando existem terrenos agrícolas
nas proximidades. A sua avaliação é importante para prever e prevenir eventuais
fenómenos de eutrofização de águas receptoras;
Por fim, o local de descarga do efluente é também relevante, pois em meio lêntico é
promovida a acumulação de poluentes, sedimentos e matéria orgânica o que poderá causar
impactes bastante significativos. Já se a descarga for feita em meio lótico, não será tão
gravoso, dependendo essencialmente das condições de renovação e dispersão dos poluentes.
A consulta de um estudo (University of Wisconsin, 1997) permitiu obter percentagens
associadas aos metais pesados zinco e chumbo no que toca à sua origem em meio urbano.
Na Figura 6.1 apresentam-se dados sobre o chumbo e o zinco, pois estes são elementos
referidos no estudo como bons indicadores (essencialmente o chumbo) da presença de outros
elementos tóxicos nas massas de água, geradas pela precipitação.
Uma vez que, tal como já foi referido estes valores podem ser extremamente influenciados
por diversos parâmetros, inclusivamente geográficos, estes valores devem ser tidos em conta
apenas com carácter indicativo.
47
É possível verificar que as ruas e parques de estacionamento, seguidos pelos telhados, são
os locais com maior preponderância em termos de contribuição de poluentes para as
escorrências pluviais.
No que toca às concentrações apresentadas pelos poluentes apresentados, é importante
apresentar alguns conceitos essenciais neste tipo de trabalhos: Concentração Média do Lugar
(CML), que representa a média ou a mediana das Concentrações Médias dos Eventos (CME), e
a carga poluente (CP). No Quadro 6.7 são apresentados os métodos de cálculo para cada uma
delas.
Para monitorizações relativamente curtas, com poucos eventos, é aconselhável o uso da
CML através da média das CME (Barbosa et al., 2011).
Figura 6.1: Percentagens referentes aos locais de aparecimento de zinco e chumbo em áreas industriais, comerciais e institucionais no Wisconsin, EUA (Adaptado de University of Wisconsin, 1997).
48
Quadro 6.7: Definição de concentração Media do Evento (CME), Concentração Média do Lugar (CML) e Carga Poluente.
Concentração Média do Evento (CME) CME (mg/l) = ∑
∑
Concentração Média do Lugar (CML) CML (mg/l) = Média ou Mediana das CMEs
Carga poluente (kg/ha/ano)
É ainda de referir que a CML faculta dados para a análise dos eventuais impactes agudos,
enquanto a carga poluente permite aferir possíveis impactes cumulativos. (Barbosa et
al.,2011).
A diferenciação entre o tipo de impacte será abordada no capítulo 6.5.
A consulta e análise de vários documentos e estudos permitiram gerar um conjunto de
quadros com gamas de concentração de diversos poluentes característicos das escorrências
pluviais urbanas e rodoviárias, que são apresentados seguidamente nos Quadros 6.8 a 6.18.
Os quadros apresentados pretendem por um lado dar uma ideia da ordem de grandeza
dos valores esperados da concentração de poluentes, e por outro mostrar a enorme
variabilidade dos mesmos, uma vez que, muitas vezes, o mesmo poluente ou parâmetro
apresenta valores completamente dispares de um estudo para outro.
Quadro 6.8: Comparação de concentrações de poluentes em meio urbano, estradas e descargas de descarregadores de cheias no meio receptor (Adaptado de Gray, 2004 citado por Ferreira, 2006).
Parâmetro Escorrências Descargas de
descarregadores de cheias15 de estradas urbanas
CQO (mg/l) 300 5-3100 93-2636
CBO (mg/l) 25-165 1-700 15-685
SST (mg/l) 11-5500 2-11300 20-1700
Óleos/hidrocarbonetos (mg/l) 28-400 0-110 -
15
CSO (Combined sewer overflow, na terminologia anglo-saxónica), caudais excedentes descarregados no meio receptor.
49
Quadro 6.9: Concentrações de poluentes em estudos de escorrências em meio urbano e auto-estradas (Adaptado de Hvitved-Jacobsen et al.,. (1994) citado por Barbosa (1999)).
Poluente Escorrências em meio urbano Escorrências em auto-estradas
SST (mg/l) 30-100 30-60
CQO (mg/l) 40-60 25-60
CBO5 (mg/l) 5 -
N Total (mg/l) 2 1-2
P Total (mg/l) 0,5 0,2-0,5
Chumbo (Pb) (µg/l) 50-150 50-125
Zinco (Zn) (µg/l) 300-500 125-400
Cobre (Cu) (µg/l) 5-40 -
Cádmio (Cd) (µg/l) 0,5-3,0 5,0-25,0
E.Coli (100 ml-1) 103-104 -
Quadro.6.10: Concentrações máximas e mínimas para escorrências de telhados, jardins e ruas em Paris (Adaptado de Gromaire-Mertz et al., 1999).
Parâmetros
Escorrências de telhados
Escorrências de jardins
Escorrências de ruas
Min Max Min Max Min Max SST (mg/l) 3 304 22 490 49 498 CQO (mg/l) 5 318 34 580 48 964 CBO5 (mg/l) 1 27 9 143 15 141
Cádmio (Cd) (µg/l) 0,1 32 0,2 1,3 0,3 1,8 Cobre (Cu) (µg/l) 3 247 13 50 27 191
Chumbo (Pb) (µg/l)
16 2764 49 225 71 523
Zinco (Zn) (µg/l) 802 38061 57 1359 246 3839
Quadro 6.11:Qualidade das escorrências pluviais em áreas residenciais e industriais das cidades de Taejon e Chongju na Coreia do Sul (Adaptada de Vivacqua, 2005; citado por Gondim, 2008).
Parâmetro Área residencial Área industrial
Mínimo Máximo Mínimo Máximo CBO5 (mg/l) 12 254 6 324 CQO (mg/l) 21 1455 10 810,3 SST (mg/l) 13 2796 3 530
Chumbo (Pb) (mg/l) 0,002 0,890 0,004 0,891 Ferro (Fe) (mg/l) 0,1 22,9 - -
50
Quadro.6.12: Qualidade das escorrências pluviais na cidade de Macau (Jin-liang et al., 2006; citado por Gondim, 2008).
Parâmetros Concentrações (mg/l) Média Desvio-padrão
pH 6,7-7,6 7,2 0,2 Zinco (Zn) (mg/l) 0,008-0,185 0,055 0,039
Chumbo (Pb) (mg/l) 0,0011-0,0153 0,0032 0,0030 Cobre (Cu) (mg/l) 0,0014-0,0248 0,0049 0,0040
SST (mg/l) 10-2600 319 525 CQO (mg/l) 7,3-1274 201,4 292,2
Quadro 6.13: Qualidade de escorrências pluviais em meio urbano em vários estudos analisados.
Estudo SST (mg/l) CQO (mg/l) CBO5 (mg/l) Pb (mg/l) Zn (mg/l) Cu
(mg/l)
Valores típicos – EUA (Field et al., 1993; citado por Ferreira
,2006) 415 115 20 - - -
Concentrações obtidas na Suíça (Rossi et al., 1996; citado
por Gromaire-Mertz, 1998)
64-182 (5-960)
58-138 (20-543)
6-28 (2-191)
- - -
Base de dados QASTOR, França (Saeget et al., 1998; citado por
Ferreira, 2006)
160-460 [643-3800]
80-320 [500-1500]
13-130 [50-750]
- - -
CME obtidas na Europa (Ellis, 1998; citado por Ferreira,
2006)
190 (21-2582)
85 (20-365)
11 (7-22)
- - -
Concentrações típicas nos EUA (U.S.Environmental Protection Agency, 2004; citado por Field
et al., 2004)
67-101 - 25-100 0,37 0,17 0,03
CME obtidas no Irão (Taebi e Droste, 2003)
149 (43-467)
649 (139-2542)
- 0,314
(0,018-0,558) 0,453
(0,015-2,386) -
CME obtidas na Coreia (Choe et al., 2002; citado por
Ferreira, 2006)
193 (43-123)
197 (80-313)
83 (106-279)
- - -
Concentrações em Lisboa, Ajuda (Adaptado de Ferreira,
2006)
390,3 (8,0-
2300,0)
202,8 (2,0-1100,0)
31,9 (2,0-241,0)
- - -
Concentrações em Lisboa, Ajuda (Adaptado de Gondim,
2008)
280 (50-520)
246 (25-660)
85 (10-250)
- - -
Legenda: x – concentrações medias; (x-x) intervalo de valores observados; [x-x] – concentrações médias dos eventos mais poluídos
51
Quadro.6.14: Qualidade de escorrências pluviais em dois parques de estacionamento na Carolina do Sul (Adaptado de McQueen et al., 2010).
Parâmetro Local A Local B
Min Max Min Max pH 3,6 6,7 3,8 6,4
SST (mg/l) - 585 - 331 CBO5 (mg/l) - 71 - 24 CQO (mg/l) - 803 - 520
Cd (µg/l) - 5 - 4 Cr (µg/l) - 42 - 37 Cu (µg/l) - 53 - 38 Fe (µg/l) 68 4012 55 3755 Pb (µg/l) - 130 - 107 Ni (µg/l) - 1206 - 177 Zn (µg/l) - 908 - 287
Quadro.6.15: Qualidade das escorrências pluviais de vias rápidas em Mont Rainier, Maryland, Estados Unidos da América (Adaptado de Flint, 2004; citado por Gondim, 2008).
Parâmetro Nº de eventos Concentrações (mg/l) Média
SST 30 32-10000 405 Cd 10 6,6-130 34 Cu 32 14-740 100 Pb 32 6,4-2300,0 190 Zn 30 0,08-30,00 1,30
Quadro 6.16: Resumo de CME e cargas poluentes para os poluentes rodoviários significativos em Inglaterra (Adaptado de Crabtree et al., 2008 citado por Barbosa et al., 2011).
Parâmetro
Dados relativos à Concentração Média do Evento
(µg/l) Carga poluente média
(g/1000m2) LD Mínimo Média Mediana Máximo
Cu Total 0,30 4,00 91,22 42,99 876,80 0,66
Cu Diss. 0,30 2,15 31,31 23,30 304,00 0,16
Zn Total 0,60 9,73 352,63 140,00 3510,00 2,44
Zn Diss. 0,60 4,99 111,09 58,27 1360,00 0,50
Cd Total 0,01 <0,01 0,63 0,29 5,40 0,00
Fluoranteno
Total 0,01 <0,01 1,02 0,30 12,50 0,01
Pireno Total 0,01 <0,01 1,03 0,31 12,50 0,01
HAP Total 0,01 <0,01 7,52 3,33 62,18 0,04
52
Quadro 6.17: Concentrações Médias do Lugar (CML) para poluentes relevantes em estradas nacionais (Adaptado de Barbosa el al., 2011).
Designação da estrada e data da monitorização
CML
(mg/l)
A1
(2002)
A1
(2009)
A2
(2003)
A6
(2004)
A25
(2003-
2004)
A25
(2008)
A3
St.Tirso
(2009)
A3
Pte.Lima
(2010)
A22
(2009)
IP4
(1996-
1998)
IP6
(2005)
SST 84,50 22,2 7,4 19,6 44,7 67,7 6,8 16,9 52,4 8,1 224,7
Cloretos - 6,7 - - - 108,2 7,7 6,7 23,3 - 36,5
Fe 0,724 0,350 0,333 0,353 1,482 2,746 0,105 0,224 1,9 - -
Zn 0,159 0,127 0,208 0,346 0,205 0,134 0,214 0,177 0,16 0,308 0,076
Cu 0,034 0,020 0,033 0,008 0,014 0,072 0,027 0,009 0,03 0,024 0,032
Pb 0,012 0,003 0,004 0,002 0,005 0,0044 0,006 - 0,02 0,012 0,009
TMDA16 30299 2774617 16344 2918 27000 14675 42823 7849 192013 6000 6539
16
Tráfego médio diário anual 17
Média para os meses monitorizados.
53
Quadro 6.18: Dados da monitorização de diversas estradas desde 1996 até 2010 (Adaptado de Barbosa et al., 2011).
Parâmetros
Estradas, Tráfego Diário Anual (TMDA), data da monitorização e gamas de valores
IP4 A1 A2 IP2 (Túnel) A6 IP5 (actual
A25) IP6 A22 A1 A25
A3 Sto.Tirso
A3 Pte.Lima
TMDA = 6000
TMDA = 30299
TMDA = 15309
TMDA = 8611
TMDA = 2918
TMDA =
1372418
TMDA = 6539
TMDA = 19201
TMDA = 27746
TMDA = 14675
TMDA = 42823
TMDA = 7849
Monit. 1996-98
Monit. 2002
Monit. 2002-03
Monit. 2003 Monit. 2004
Monit. 2003-04
Monit. 2005-06
Monit. 2009
Monit. 2009
Monit. 2008
Monit. 2009
Monit. 2010
N.º total de amostras19
73-127 5-93 36-86 8 23-80 25-40 6-47 57-76 37-73 108-143 72-80 73-80
N.º eventos de precipitação
10 6 5/6 Lavagem/ 2
fases 6 5 8 9 11 20 10 10
pH 5,9-7,2 6,3-7,4 6,5-7,5 7,1-8,4 6,6-7,7 7,0-7,8 4,4-7,5 7,2-8,3 5,8-7,2 - 5,9-7,1 6,5-7,4 Condutividade (µS/cm) 8,8-183,8 124-357 47-352 381-683 58-154 67-1790 132-722 85-355 58-288 59-970 44-148 33-209
Dureza Tot. (mg CaCO3/l) 1,5-67,2 - - 100-211 - 28,3-181,8 71-569 50-158 19-255 3-208 9-58 10-87
SST (mg/l) <8-147 10-872 1,1-13,3 89-2182 0,3-86,0 <5,0-295,0 11,0-
1800,0 2,5-220 0,3-350,0 1,5-642,0 0-76 0-159
CQO (mg/l) - - - - - <0,3-170,0 4,0-690,0 6,3-226,0 14,4-330 3,3-375,0 0-70,5 4,0-256,0
CBO5 (mg/l) - - - - - <2-66 1,0-20,0 - 1,4-27,5 nd20
-90 0-7,51 0,3-25,0
COT (mg/l) - - - - - - - 6,0-38,0 6,4-72,0 - 0,862-16,647
0-59,0
Zn (µg/l) <50-1462 62-736 31-343 370-2210 21-6410 <83-409 6,7-510,0 44-464 0-834 - 0-660,0 0-1000 Cu (µg/l) <1-54,3 27-76 <5-45 82-340 <5-21 <5,0-72,2 3,0-137,0 9-46 0-51 - 0-82,3 0-45,0 Pb (µg/l) <1-199,5 2-58 <5-9 20-92 <5-9 <2,0-18,0 1,0-58,0 9-49 2-58 - 0-122 - Cd (µg/l) <0,1 <0,5 <0,5-2,4 3-6 <0,5 <0,192 <3-7 nd 0,09-0,32 - - - Cr (µg/l) <0,1 - - - - <2,0-12,0 <10-60 9-57 0-49 - 0-9,2 0-9,0 Fe (µg/l) - 86-3030 <50-388 1710-11980 50-990 - - 280-6627 0-7192 - 17-901 9-3274
HAP (µg/l) - <0,05-0,08 <0,03 0,1-0,6 <0,05 - - - - - - - Óleos e gorduras (mg/l) - 3,2-40 <0,1-6,6 7,0-125,2 <3-36,5 - 0-1,0 0,3-3,9 0-16,0 - 0,03-6,8 0-52,0
18
Assumiu-se metade do valor do TMDA = 27448, uma vez que a área pavimentada estudada abarca unicamente um dos sentidos. 19
O número superior é o total de amostras recolhidas, com medição de condutividade e pH; o número inferior descreve o parâmetro que foi medido em número mais reduzido de amostras, geralmente HAP, CBO5 e/ou óleos e gorduras, os quais se mostravam geralmente abaixo do limite de detecção.
20 Não detectado
54
Uma análise generalizada dos quadros acima apresentados permite verificar a grande
variabilidade de resultados relativos à qualidade das escorrências pluviais, tanto em meio
urbano como em vias rápidas, tornando-se portanto complicado o desenvolvimento de
conclusões.
Isto deve-se, em parte, como já foi referido, ao facto de este tipo de estudos compreender
uma diversidade de variáveis bastante considerável.
Não obstante, algumas conclusões podem ser esboçadas:
Parâmetros como o tempo seco antecedente, a intensidade e duração da precipitação,
os caudais de escoamento, o uso do solo, o nível de urbanização, a intensidade do
tráfego, presença de vegetação, impermeabilização do solo, frequência da limpeza e
localização geográfica, influenciam a qualidade das escorrências pluviais;
Em diversos estudos, alguns dos parâmetros excedem os valores legislados no que
toca a VLE e VMA apresentados no capítulo 2 desta dissertação. Este fenómeno é
verificável essencialmente para os parâmetros SST, CBO5, CQO, ferro, cobre e zinco;
Em meio urbano, é comum as escorrências conterem matéria orgânica proveniente de
resíduos vegetais, como folhas de árvores, e bactérias fecais provenientes de dejectos
animais;
Em casos nacionais associados a vias rápidas, normalmente as concentrações relativas
dos metais pesados cobre, zinco e chumbo apresentam a seguinte ordem de grandeza:
Zn >> Cu > Pb (Barbosa et al., 2011). Isto pode ser justificado pelo facto do elemento
zinco estar presente nos travões, pneus e corpo das viaturas como fonte primária. Por
sua vez, o cobre encontram-se nos travões e pneus também como fonte primária e por
fim o chumbo que se encontra nos travões, pneus, combustíveis e óleos mas como
fonte secundária;
Já metais como o crómio e o cádmio, apresentam-se muitas vezes abaixo do limite de
detecção;
Ainda nos estudos associados a auto-estradas nacionais, é verificável uma tendência
de redução nas concentrações de chumbo ao longo dos anos, sendo já por muitas
vezes inferior ao limite de detecção analítica (Barbosa et al., 2011);
Parece existir uma relação entre os valores de SST e CQO, sendo que quando um é
elevado o outro também, o mesmo acontecendo ao fenómeno inverso. Esta relação é
verificável na grande maioria dos estudos;
55
Por fim, uma breve nota deve ser feita no que toca a países com climas muito frios. Nestes,
segundo Kobriger e Geinopolos (1984), citado por Westerlund (2007), “algumas concentrações
de poluentes são bastante superiores do que em regiões de clima subtropical ou tropical,
devido à necessidade do aumento de energia e combustível para o aquecimento de edifícios e
devido à ignição de motores neste tipo de clima, que produz de duas a oito vezes mais
partículas, comparadas com a ignição em climas quentes.”
Para além disso a utilização de sal para o degelo é também muito grande neste tipo de
países, o que para além do aumento dos níveis de cloro ainda promove a corrosão dos veículos
e de prédios adjacentes (Westerlund, 2007).
6.3. Quantidade
Para uma boa caracterização do impacte das águas de escorrências não basta conhecer a
sua qualidade (incluindo a concentração de poluentes), pois os valores associados aos caudais
são relevantes para a determinação das cargas poluentes.
Os caudais são muito variáveis de chuvada para chuvada, e mesmo dentro do próprio
evento.
A quantidade de escorrência é dependente essencialmente dos seguintes factores:
Impermeabilização do solo;
Intensidade e duração da precipitação;
Área da bacia de drenagem.
Os caudais de ponta podem ser calculados, em muitos casos da hidrologia urbana, e para
efeitos de dimensionamento pela equação (1):
(1)
Onde:
Q = caudal de ponta (m3/s);
C = coeficiente (-);
I = intensidade de precipitação (m3/ha.s);
A = área da bacia de drenagem (ha).
56
Na Figura 6.2 podemos ver uma representação do efeito da impermeabilização, em termos
de geração de água infiltrada, evapotranspiração e escoamento.
É de notar que, como seria de esperar, quanto maior a impermeabilização do solo, maior o
escoamento gerado. No caso de estudo desta dissertação, cujos pormenores serão adiantados
mais à frente, a situação experienciada encontram-se claramente entre os 75%-100% de
superfície impermeabilizada.
Interessa aqui indicar que o coeficiente “C” apresenta, para os pavimentos asfálticos e em
betão (que foram os presentes no caso de estudo) valores de 0,80-0,95 e 0,70-0,9021
respectivamente.
Apesar da importância da associação dos caudais à qualidade da água, para estimar cargas
poluentes, esse objectivo não constituiu o fundamento do caso de estudo. Assim sendo,
durante o desenvolvimento do caso de estudo, não foi instalado nenhum medidor de caudal e
os caudais de escoamento superficial foram apenas medidos pontualmente, recorrendo a um
cronómetro e um recipiente de volume conhecido.
21
Dados retirados de Matos, s.d.
Figura 6.2: Efeito da impermeabilização nas escorrências em meio urbano (Adaptado de NRCS, 2001).
57
6.4. Dinâmica de poluentes em superfícies impermeáveis
As escorrências pluviais são características de uma dinâmica particular. São extremamente
variáveis, uma vez que essa variabilidade se revela de local para local, de evento para evento e
ao longo dos próprios eventos.
A evolução da concentração de poluentes ao longo de um evento é confirmada por alguns
autores, e é um fenómeno expectável, uma concentração inicial elevada e a sua diminuição ao
longo do processo de “lavagem” dos pavimentos até ser atingida uma poluição “de fundo”,
estável e residual.
Este fenómeno inicial é conhecido como efeito “first flush”, onde a percentagem da carga
poluente transportada nas escorrências é sempre mais elevada que a percentagem média
descarregada durante todo o evento.
Regra geral, o efeito first flush é influenciado por diversos parâmetros como a área da
bacia, a intensidade de precipitação, a percentagem de área impermeável, e o período seco
antecedente (Wanielista and Yousef, 1993; Gupta and Saul, 1996; citado por Lee et al., 2001).
O método mais utilizado na sua quantificação é através da curva relativa à fracção
acumulada da massa de poluente pela fracção acumulada do volume escoado durante o
evento, como ilustrado na Figura 6.3.
Figura 6.3: Curva de massa por volume com bissectriz de 45º para a avaliação do efeito de first flush (Adaptada de Brites, 2005; em Gondim, 2008).
58
O gráfico apresentado é apenas um dos exemplos de first flush, uma vez que desde que a
curva esteja acima da bissectriz, verifica-se o efeito, podendo ser mais ou menos marcado.
Verifica-se que a duração dos fluxos iniciais de cargas poluentes corresponde
frequentemente ao tempo de concentração das bacias de drenagem e para além disso,
também se concluiu que este fenómeno tende a ser maior para bacias que apresentam áreas
pequenas, com maior declive e com tempos de concentração inferiores a 15 minutos (David,
2005; citado por Gondim, 2008 e Lee et al., 2001). Estas características correspondem às
verificadas na bacia experimental em estudo nesta dissertação.
Segundo Hvitved-Jacobsen e Youssef (1991) citado por Barbosa (1999), cerca de 50% da
massa total de Pb, Zn e Fe é transportado frequentemente durante os primeiros 25% de
volume do evento, 25% da massa dos mesmos metais durante os segundos 25% do volume do
evento e os restantes 25% durante o restante volume.
Parâmetros como os SST parecem bastante associados ao fenómeno de “first flush”. Já os
metais pesados chumbo e ferro, parecem estar pouco associados ao first flush (Lee et al.,
2001).
Mais uma vez, os diversos estudos não são de todo conclusivos, sendo que alguns autores
(Lee et al., 2001) afirmam que o período seco antecedente tem uma influência inconclusiva no
fenómeno de “first flush”. Este facto deve-se, em parte, ao facto de por um lado permitir
maior acumulação de poluentes, por outro permitir também que estes estejam durante mais
tempo expostos a factores exógenos como as temperaturas e ventos que aumentam a sua
dispersão.
6.5. Monitorização de escorrências pluviais
O processo de monitorização de escorrências pluviais é complexo, em grande parte devido
à variabilidade e aleatoriedade dos eventos.
De acordo com o pretendido e com os meios disponíveis, a monitorização deve permitir a
maior aproximação possível às características efectivas das escorrências (Antunes, 2011).
Para uma boa monitorização, é fundamental recolher dados relativos à precipitação local
(intensidade, duração e tempo seco antecedente); conhecer bem a área do estudo e as suas
condicionantes (área drenada, tempo de concentração e caudais esperados) e saber de ante
mão os parâmetros a monitorizar e quais os procedimentos a utilizar.
59
Os equipamentos típicos associados ao processo de amostragem são o amostrador
automático, que funciona como o “cérebro” da monitorização, sendo o aparelho que efectua a
recolha das amostras e ainda, devido à sua capacidade modular de instalação de
componentes, é também a este que se liga o udómetro para medição dos eventos de
precipitação.
O medidor de caudal é mais um componente que pode ser ligado ao amostrador
automático.
A monitorização pode ser manual ou automática. A primeira consiste na recolha manual
de amostras no campo, junto dos órgãos de drenagem.
Este tipo de monitorização tem a necessidade de um grande empenho e disponibilidade
por parte dos elementos que a realizam, e pode originar resultados pouco fiáveis associados a
todo o processo de recolha e acondicionamento das amostras. Requer também a presença
durante os eventos de precipitação, cuja imprevisibilidade dificulta o processo.
A amostragem deve incluir o início do evento, e ter uma periodicidade de recolha que se
prolongue até uma fase do evento onde os valores de concentração de poluentes não se
afastem das concentrações de fundo.
A monitorização automática permite a minimização da mão-de-obra, através da instalação
de um sistema de monitorização autónomo, que não tem associados, em princípio, os erros
associados aos operadores.
Este tipo de monitorização afigura-se como o mais adequado na monitorização deste tipo
de eventos.
6.6. Avaliação dos impactes das escorrências rodoviárias
Dependendo de factores como a concentração do poluente, o tipo e forma, a taxa de
assimilação pelos organismos, os impactes causados no meio hídrico e no ambiente periférico,
podem ser considerados agudos ou crónicos (Barbosa et al., 2011).
Os efeitos agudos são característicos de serem de pequena duração22, e o seu impacte
desaparece pouco tempo depois da descarga. Estes efeitos são em geral associados a
derrames acidentais (maioritariamente transporte de combustíveis), poluentes orgânicos e
22
Inferior a uma hora até alguns dias.
60
metais pesados presentes nas escorrências. O cobre na sua forma solúvel é particularmente
tóxico. Os poluentes orgânicos mais solúveis ou de cadeia mais curta podem também causar
efeitos agudos. Uma afluência superior de sólidos suspensos poderá também causar impactes
agudos uma vez que quase sempre arrastam quantidades consideráveis de metais pesados
associados na sua estrutura (Barbosa et al., 2011).
Os efeitos crónicos por sua vez representam impactes a longo prazo, que podem estar
associados a metais moderadamente solúveis segundo as condições do meio, sendo que a
toxicidade apenas ocorre após um processo de acumulação nos tecidos dos organismos.
Tipicamente, os efeitos crónicos na fauna e flora surgem através da cadeia alimentar. No grupo
dos poluentes que levam a efeitos crónicos encontram-se os hidrocarbonetos, essencialmente
os aromáticos policíclicos (HAP). A acumulação de sedimentos pode ser de tal forma que cubra
parcialmente habitats, asfixiando tanto a fauna como a flora. Mais uma vez, o facto de estes
sedimentos estarem, nas escorrências, quase sempre associados a metais pesados ou
hidrocarbonetos, provocará efeitos crónicos ao nível dos organismos locais.
Para além disso, os poluentes podem ainda provocar efeitos directos ou indirectos na
qualidade das massas de água receptoras e ecossistemas envolventes. Ao nível da poluição
indirecta destacam-se os sedimentos, pois podem afectar as funções biológicas ao nível da
alimentação e da reprodução, aquando da sua deposição nos leitos. Os restantes poluentes
têm na sua maioria efeitos directos na qualidade ecológica da massa de água.
A matéria orgânica biodegradável consome oxigénio dissolvido e funciona como substrato
para organismos heterotróficos, e quando em excesso pode promover o crescimento anormal
de alguns organismos, o que pode levar à eutrofização. Em meio urbano é um factor a
considerar, muito devido aos dejectos animais e ao “lixo verde”23.
Os nutrientes, essencialmente azoto e fósforo, são associados a fertilizantes e
consequentemente a áreas ajardinadas e agrícolas. Estes podem ser responsáveis por um
crescimento anormal de fitoplâncton no meio hídrico receptor podendo potenciar a
eutrofização.
Alguns metais pesados são micronutrientes essenciais para os organismos vivos, mas a
partir de certas concentrações tornam-se tóxicos. Estes podem acumular-se na biomassa,
plantas, bactérias, invertebrados e seres superiores, onde através do fenómeno de
bioacumulação que se pode dar através das cadeias tróficas, podem trazer problemas graves
23
Resíduos gerados nos jardins, ajardinados e canteiros como folhas, terra, etc.
61
como inibição enzimática, deformações estruturais e perda da membrana das células, o que
leva à sua destruição. No entanto, este processo de bioacumulação é extremamente lento.
Especificamente indicam-se os principais efeitos do chumbo e do zinco, como ilustração
dos potenciais efeitos causados por metais pesados:
O chumbo (Pb) pode ser um problema quer para a saúde humana como para os
sistemas aquáticos. Ao nível dos seres humanos pode causar danos ao sistema nervoso
central e rins, aumento da pressão arterial e problemas ao nível do sistema digestivo.
Ao nível dos ecossistemas aquáticos é extremamente reactivo tendo a capacidade para
eliminar a vida aquática. Apesar das concentrações serem bastante mais reduzidas
desde a alteração para combustíveis sem chumbo, continua a aparecer bastante
(University of Wisconsin-Extension, 1997);
O zinco (Zn) não apresenta grandes problemas ao nível da saúde humana, mas para a
vida aquática representa perigo de extinção com níveis inferiores aos do chumbo
(University of Wisconsin-Extension, 1997).
Os impactes podem chegar mesmo à quebra de alguns sistemas fisiológicos da fauna e
flora locais.
Factores como a temperatura, a salinidade, o oxigénio dissolvido bem como a especiação
dos metais pesados afectam bastante os níveis de toxicidade dos poluentes.
No estudo dos metais pesados não basta o conhecimento da sua concentração ou
quantidade total, uma vez que a sua disponibilidade e toxicidade estão, em grande parte,
relacionadas com a sua associação a partículas e com a formação de complexos com
substâncias orgânicas e inorgânicas (Ramísio, 2007).
Os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, resultantes das combustões incompletas ao
nível dos sistemas de combustão comummente utilizados (motores, lareiras, etc.), aparecem,
como já foi dito, quase sempre abaixo do limite de detecção em Portugal, mas em caso de
aparecer em grandes concentrações (maioritariamente em países mais frios), pode ser
responsável por efeitos nefastos nos ecossistemas e ao nível genético nos humanos, podendo
mesmo levar ao aparecimento de cancros. Ao nível dos ecossistemas aquáticos é sugerido por
alguns estudos que podem causar tumores e lesões a peixes, sobretudo, aos que se alimentam
no fundo dos rios, devido à sua acumulação em sedimentos.
62
Os poluentes associados às escorrências pluviais podem ser responsáveis por fenómenos
de bioacumulação e eco-toxicidade prolongada.
Uma nota deve ser dada à poluição das águas subterrâneas que pode originar impactes de
longa duração e difícil remediação, consoante o tipo de utilização do aquífero.
63
7. Desenvolvimento do caso de estudo
O seguinte caso de estudo insere-se como parte integrante da dissertação em
desenvolvimento.
7.1. Introdução
Este trabalho experimental teve como objectivo a recolha e análise da qualidade das
escorrências pluviais no parque de estacionamento exterior do Instituto Superior Técnico, em
Lisboa.
A escolha do local mostra a abertura que o Instituto Superior Técnico (IST) demonstrou ao
ser abordado para apoiar este caso de estudo. Isto reflectiu-se na facilidade de comunicação
entre diversos Departamentos na obtenção de autorizações e elementos essenciais ao
trabalho.
Com o propósito da avaliação da qualidade das escorrências pluviais, foram feitas
amostragens num local específico do parque de estacionamento. Para a escolha deste local
foram elaborados estudos preliminares, que juntamente com questões de autorizações e
disponibilidades culminaram na utilização do local em questão.
A área abrangida pelo estudo tem uma utilização que envolve directamente vários lugares
exteriores24 e ainda o acesso a um estacionamento subterrâneo com 101 lugares. Todos estes
lugares costumam estar preenchidos durante a semana, por diferentes viaturas ao longo do
dia.
O sistema de drenagem nesta área de Lisboa é unitário, e como tal, a rede do Instituto
Superior Técnico também o é, na sua grande parte. É também de referir que se considerou
toda a área do estudo como asfaltada.
O caso de estudo é bastante interessante pelo facto dos parques de estacionamento
serem locais de muitas manobras e, consequentemente, de muito desgaste de pneus e outras
componentes das viaturas, bem como de um consumo superior de combustível derivado das
altas rotações, face às reduzidas velocidades.
24
De acordo com a planta desdobrável apresentada em anexo (Anexo 5) a zona em questão apresenta 53 lugares.
64
Por outro lado, a actual bibliografia nacional e internacional é muito incipiente e limitada,
no que respeita à qualidade de escorrências pluviais de parques de estacionamento.
Os resultados obtidos, quer relativos ao udómetro, quer os relativos às análises, foram
alvo de tratamento, permitindo obter algumas conclusões.
7.2. Contextualização geográfica
Tal como já foi referido, este caso de estudo foi desenvolvido no parque de
estacionamento exterior do Instituto Superior Técnico.
Este localiza-se em Portugal Continental, Distrito de Lisboa, Concelho de Lisboa, Freguesia
de São João de Deus, na Avenida Rovisco Pais, 1, 1049-001 Lisboa.
Na Figura 7.1 apresenta-se um pormenor do Instituto Superior Técnico e no Quadro 7.1 as
suas coordenadas geográficas.
Figura 7.1: Pormenor do Instituto Superior Técnico (Adaptado de Carta de Portugal Continental, Instituto Geográfico Português, 2009).
65
Quadro 7.1: Coordenadas geográficas do local do caso de estudo.
Local Coordenadas Geográficas25
Instituto Superior Técnico 38º44’12.42’’ N; 9º 08’21.36’’O
Em anexo (Anexo 2), apresenta-se com detalhe a localização geográfica do Instituto
Superior Técnico.
Relativamente ao local específico da realização das amostragens, este teve em conta
diversos factores que são referidos e discutidos em anexo (Anexo 3) e resultaram na escolha
do sumidouro apresentado nas Figuras 7.2 e 7.3.
25
graus, minutos e segundos (GGºMM’SS’’)
67,3 cm
31,5 cm
Figura 7.2: Pormenor do sumidouro utilizado na amostragem.
66
O sumidouro em questão encontra-se próximo do Pavilhão de Engenharia Civil, tal como é
perceptível nas Figuras A.5 e A.6 do Anexo 3.
A bacia drenada representa, por um lado, um espaço onde existem 53 lugares de
estacionamento, cuja relevância é importante devido à deposição atmosférica local de
poluentes, sendo que 8 destes se encontram no interior da área de influência do sumidouro
utilizado; e por outro lado, constitui uma zona de passagem para o estacionamento
subterrâneo do Pavilhão de Engenharia Civil, que tem cerca de 101 lugares. Em ambos os
casos, os lugares de estacionamento são frequentados por diversos carros ao longo do dia e da
noite, sendo que não constitui naturalmente uma relação correcta assumir que teríamos por
dia 154 carros (53 + 101) nesta zona do parque de estacionamento do Instituto. Estes números
dizem respeito ao movimento em dias de semana.
Relativamente ao declive, a bacia de drenagem em estudo apresenta inicialmente um
declive mais acentuado, de cerca de 8,2% nos primeiros 25 metros, sendo que depois decresce
rapidamente nos restantes 12 metros, até 5,6%, junto do sumidouro.
7.3. Metodologia de trabalho
7.3.1. Metodologia de campo
Para o desenvolvimento do caso de estudo, vários aspectos tiveram que ser desenvolvidos
antes do início do trabalho de campo propriamente dito.
67 cm
30 cm
Figura 7.3: Pormenor do interior do sumidouro utilizado na amostragem.
67
Inicialmente teve que se definir a área de influência do sumidouro. Para isto foi utilizada a
planta apresentada em anexo (Anexo 5) e foi também realizada uma avaliação do local
durante um evento para perceber o comportamento do escoamento. O resultado pode ser
verificado na planta apresentada em anexo (Anexo 5), sendo a área de influência o polígono
pintado a verde-escuro, junto ao sumidouro em questão.
Deve ser referido que foi desprezado o contributo da água caída em zona de calçada, uma
vez que se verificou que a contribuição desta para o escoamento era reduzida ou nula.
Assim, a área de influência foi medida por três métodos diferentes, tendo sido a área final
uma média ponderada entre os três valores obtidos. Fez-se uma medição no próprio campo,
uma através da planta e outra através do software Google Earth.
As medições efectuadas apresentam-se no Quadro 7.2.
Quadro 7.2: Cálculo da área de influência da bacia utilizada.
Meio utilizado Área (m2)
Planta 232,7
Google Earth 228
In situ 230
Média 230,2
A necessidade da medição de parâmetros como a intensidade da precipitação e a hora das
ocorrências levou à instalação de um udómetro num local próximo da realização do caso de
estudo.
Assim, instalou-se um udómetro Casella London e um amostrador automático ISCO
(modelo 6700) no topo de um edifício (Pavilhão de Engenharia Civil), o mais próximo do local
da amostragem. Este aparelho foi gentilmente cedido pelo Laboratório Nacional de Engenharia
Civil (LNEC), para o desenvolvimento da dissertação. As Figuras 7.4 e 7.5 mostram o udómetro
e o amostrador automático e um esquema do seu local de instalação.
Este equipamento é completamente autónomo, uma vez que está ligado a uma bateria
que permite o seu funcionamento e armazenamento de dados durante vários dias.
68
O amostrador foi programado para fazer registos em intervalos de cinco minutos. Os
registos feitos entre dia 18 e 30 de Abril foram depois trabalhados estatisticamente.
Relativamente ao sumidouro, este encontrava-se em condições deficiente no que respeita
à manutenção e conservação, sendo que foi necessário proceder à sua limpeza de modo a
conseguir remover a grelha.
Figura 7.5: Pormenor do udómetro e do amostrador automático no topo do edifício do Pavilhão de Engenharia Civil.
Udómetro Amostragem
Figura 7.4: Localização do udómetro relativamente ao local da amostragem (Adaptado de Carta de Portugal Continental, Instituto Geográfico Português, 2009).
69
No interior do sumidouro, encontram-se duas zonas com profundidades distintas, tal como
ilustrado na Figura 7.6.
No interior do sumidouro, foi então colocado um recipiente com capacidade para 12 L
sendo que sob a grelha foi colocada uma placa de plástico maleável que foi moldada de modo
a que recolhesse e encaminhasse toda a água para o recipiente.
As Figuras 7.7 a 7.10 dizem respeito ao recipiente de recolha e ao seu processo de
instalação e as Figuras 7.11 e 7.12 mostram alguns pormenores do procedimento
experimental.
Figura 7.7: Pormenor do recipiente utilizado durante as amostragens.
30 cm 67 cm
Profundidade 1:
32 cm
Profundidade 2:
44 cm
Figura 7.6: Pormenor do interior do sumidouro utilizado nas amostragens.
70
Figura 7.8: Pormenor do recipiente colector no interior do sumidouro.
Figura 7.9: Pormenor final do sumidouro pronto para as amostragens.
Figura 7.10: Pormenor da placa de plástico sobre o recipiente colector.
71
Em termos operacionais, as amostragens consistiram no processo de recolha das águas de
escorrência até que se obtivesse o volume de 4 L (volume recomendado pelo laboratório para
a realização com sucesso de todas as análises pretendidas), e na posterior medição, in situ, dos
parâmetros temperatura, condutividade e pH, através de sondas previamente calibradas26.
Para medir estes parâmetros foram sempre aguardados entre 3 a 5 minutos com as sondas
mergulhadas na massa líquida de modo a permitir a estabilização dos valores.
Após o registo dos valores dos parâmetros, foi feita a homogeneização da amostra e, com
a ajuda de um funil e uma vareta, de modo a minimizar as perdas associadas à transferência,
principalmente no que toca a sólidos suspensos, procedeu-se à transferência da amostra para
um garrafão de plástico (Politereftalato de etileno – PET) de 5L e para um frasco de vidro
escuro de 1L.
26
Cond 340i / SET, WTW Wissenschaftlich, noº 2C30-0011 e pH & Redox, CRISON
Figura 7.11: Algumas fotos do procedimento operacional.
Figura 7.12: Algumas fotos do procedimento operacional.
72
A distribuição do volume pelos recipientes consistiu em completar primeiro o volume do
frasco de vidro (1L) sendo o restante introduzido no garrafão de plástico. Todos os recipientes
foram fornecidos pelo LABIST.
Para medir a precipitação, foi instalado no terraço do Pavilhão de Engenharia Civil,
mediante autorização do Gestor de Espaços e do Conselho de Gestão, um udómetro, ligado a
um amostrador automático. O equipamento ficou instalado e a proceder à recolha de dados
durante o período entre 09-03-11 e 30-04-2011, sendo que a definição do espaço temporal
para a obtenção dos dados de precipitação se deveu mais uma vez a restrições e autorizações.
Relativamente aos registos de precipitação apresentados, estes apenas se referem ao mês
de Abril (Período de 18 a 30 de Abril), pois apesar do equipamento ter sido instalado em
Março, durante o primeiro mês tiveram lugar vários contratempos e dificuldades,
essencialmente em termos de duração das baterias utilizadas; tal acabou por resultar em
medições muito inconstantes e falhas de dados, tendo-se optado assim por não se utilizar os
valores registados nesse primeiro período após a instalação do equipamento.
As amostras recolhidas seguiram para o Laboratório de Análises do Instituto Superior
Técnico (LABIST), onde foram analisados os seguintes parâmetros:
Sólidos suspensos totais (SST);
Carência química de oxigénio (CQO);
Carência bioquímica de oxigénio ao fim de 5 dias de incubação a 20ºC (CBO5);
Cádmio (Cd);
Cobre (Cu);
Chumbo (Pb);
Ferro (Fe);
Níquel (Ni);
Zinco (Zn);
Hidrocarbonetos totais;
Óleos e gorduras.
No local de recolha, foram medidos os parâmetros temperatura, pH e condutividade.
A escolha destes parâmetros resultou da análise da bibliografia consultada.
73
Relativamente a o laboratório, é importante referir que quando as recolhas eram feitas em
dias úteis, durante o período entre as 9h e as 18h, seguiam directamente para o mesmo, onde
eram conservadas nas condições adequadas.
Quando as amostragens eram feitas durante o fim-de-semana ou durante a semana, fora
do período de funcionamento do laboratório, eram mantidas em local fresco e seco (frigorífico
a ~ 5ºC) até poderem seguir para o laboratório.
É importante referir que os períodos de transporte das amostras foram sempre muito
curtos, pois quer o laboratório, quer o local da amostragem, quer o local de conservação das
amostras, se encontram todos no Instituto Superior Técnico.
No final, o recipiente de recolha das escorrências foi sempre lavado com água destilada e
colocado no mesmo local, a fim de se iniciar a amostragem seguinte.
Após a realização de cada evento, houve sempre o cuidado de recolher os dados junto do
udómetro e verificar as condições de bateria.
A Figura 7.13 mostra uma sessão de recolha dos registos do equipamento.
Foi também necessário proceder, aquando da previsão de eventos de chuva, à limpeza do
recipiente e do local da amostragem, uma vez que com grande facilidade, quer o recipiente
quer a área de estudo acumulavam sólidos (essencialmente lixo e poeiras).
Figura 7.13: Recolha de dados e manutenção do udómetro.
74
Claro que para além do referido, fez parte integrante da metodologia desta campanha o
acompanhamento das previsões de chuva em Lisboa, através do Instituto de Meteorologia, IP,
Portugal e do site Meteo-IST, coordenado pelo Prof. José Delgado Domingos.
7.3.2. Metodologia de laboratório
Apesar das análises serem da inteira responsabilidade do Laboratório de Análises do
Instituto Superior Técnico (LABIST), apresenta-se, no Quadro 7.3 uma curta descrição dos
métodos analíticos seguidos pelo laboratório no que toca às análises.
Figura 7.14: Pormenor da acumulação de lixo junto do sumidouro.
75
Quadro 7.3: Parâmetros analisados e métodos utilizados (Adaptado de LABIST, 2011).
Parâmetro Método (Técnica analítica)
Sólidos suspensos totais (SST) SMEWW 2540 – D (GRAV)
Carência química de oxigénio (CQO) SMEWW 5220 – B (Digestão-Volumetria)
Carência bioquímica de oxigénio ao
fim de 5 dias a 20ºC (CBO5) SMEWW 5210 – B (Sonda)
Cádmio (Cd) SMEWW 3111 B (EAA) / SMEWW 3120 (ICP)
Cobre (Cu) SMEWW 3111 B (EAA) / SMEWW 3120 (ICP)
Chumbo (Pb) SMEWW 3111 B (EAA) / SMEWW 3120 (ICP)
Ferro (Fe) SMEWW 3120 (ICP)
Níquel (Ni) SMEWW 3111 B (EAA) / SMEWW 3120 (ICP)
Zinco (Zn) SMEWW 3111 B (EAA) / SMEWW 3120 (ICP)
Óleos e gorduras SMEWW 5520 C,F (I.V.)
Hidrocarbonetos SMEWW 5520 C,F (I.V.)
A utilização de diferentes recipientes deveu-se a questões de ordem química e biológica,
uma vez que para a análise de hidrocarbonetos, óleos e gorduras, estes devem ser
acondicionados em recipientes de vidro escuro. Justifica-se o vidro para que não reajam com
as paredes do recipiente, uma vez que com material plástico isso poderia acontecer. A
necessidade de vidro escuro teve a ver com a necessidade de não contacto da massa de água
com a luz.
Por sua vez, para as restantes análises foram utilizados garrafões de plástico
(politereftalato de etileno – PET), uma vez que o contacto com as paredes de plástico em
presença de luz não apresentava qualquer ameaça à fiabilidade dos resultados obtidos.
7.4. Limitações
Associado aos trabalhos de campo surgem limitações, que podem ter diversas origens.
Este trabalho não foi excepção, incluindo-se as seguintes:
Limitações económicas: Por motivos económicos, o número de amostras, financiado
por conta de um projecto do Centro de Estudos de Hidrossistemas, sob
responsabilidade do Professor José Saldanha Matos, esteve limitado a 10. Isso fez com
que se pusesse de parte a hipótese de estender o estudo a mais do que um local.
Assim, com 10 amostras, optou-se por incidir a amostragem num único local;
76
Limitações de campo: Relativamente a este aspecto foram identificadas duas
limitações. Primeiro, não se cobriu o sumidouro utilizado de modo a evitar a
contribuição da precipitação directa sobre o recipiente de recolha. Essa contribuição
foi no entanto mínima, pois apesar de tudo o local é minimamente resguardado por
um muro. Em segundo lugar, só se reuniram as condições para a execução do trabalho
no início do mês de Abril, o que condicionou a extensão do período de amostragem,
dada a falta de eventos de precipitação, no período de Primavera/Verão;
Limitações meteorológicas: A imprevisibilidade da duração e ocorrência dos
fenómenos de precipitação criou também algumas limitações, nomeadamente
presenciais, pois uma vez que não era de todo possível passar 24 horas junto do local
do estudo durante diversos dias seguidos, tiveram lugar alguns eventos onde apenas
foi possível recolher uma amostra, ou mesmo nenhuma amostra;
Limitações nas medições: Não foram criadas condições para a medição constante dos
caudais o que não permitiu o cálculo da CME e CML nem a verificação da existência do
fenómeno de first flush;
Limitações nas amostragens: O tipo de amostragem realizada (manual) resulta em
alguns riscos. Por um lado, o transbordar do recipiente, o que pode implicar alguma
perda de massa poluente aquando, de chuvadas fortes; por outro, o inverso, ou seja, a
acumulação de matéria particulada no recipiente, por sedimentação, levando a
concentrações superiores, aquando de chuvadas longas e de baixa intensidade.
7.5. Cálculos de controlo
Para a escolha e selecção do local de recolha de amostras foi também tido em conta o
cálculo teórico dos caudais afluentes ao sumidouro. Apesar de não ter sido feita a medição dos
caudais, estes foram estimados através do método racional, de modo a ter uma ordem de
grandeza dos valores esperados que permitissem compreender a validade teórica do local em
termos de volume das escorrências pluviais.
No Quadro 7.4 podem ser verificados os caudais esperados no sumidouro em análise de
acordo com diferentes intensidades de precipitação.
77
Quadro 7.4: Estimativa de valores esperados no sumidouro para diversas intensidade e duração do evento de 1 minuto.
Área (ha)
Área (m2) Coeficiente de infiltração (-)
Intensidade de precipitação (mm/h)
Intensidade de precipitação
(m3/ha.s)
Valores resultantes
(l)
0,023 230,2 0,9
0 0,000 0,000
1 0,003 3,5
2 0,006 7,5
3 0,008 9,9
4 0,011 13,7
5 0,014 17,4
Os cálculos efectuados permitiram, juntamente com as observações no local, compreender
que o sumidouro selecionado receberia, mesmo para eventos de curta duração, caudais
suficientes para a realização das amostragens.
De modo a verificar o tempo de concentração da bacia, ou seja, o tempo desde o início de
uma chuvada até que toda a bacia estivesse a contribuir para o escoamento, aplicaram-se
diversas fórmulas (fórmula de Kirpich, Ventura e Passini). Os resultados obtidos, entre 25 e 52
segundos, mostraram-se de certo modo satisfatórios, relativamente ao tempo de percurso
verificado “in loco” com traçadores, da ordem dos 35 segundos.
Em qualquer dos casos, face ao reduzido tempo de concentração da bacia estudada
(infeiror a 1 minuto), a duração dos eventos considerados ultrapassou sempre o tempo de
concentração.
No Quadro 7.5 apresentam-se os parâmetros utilizados na estimação dos tempos de
concentração.
Quadro 7.5: Parâmetros utilizados na estimação dos tempos de concentração.
Parâmetros Valores
A = área da bacia;
L = maior comprimento da bacia;
i = declive médio da bacia
230,2 m2 (0,00023 km2)
37 m (0,037 km)
0,073 m/m (7,3%)
No Quadro 7.6 apresenta-se uma estimativa dos tempos de concentração da bacia em
estudo.
78
Quadro 7.6: Estimativa de tempos de concentração da bacia em estudo.
Fórmula Valor
Passini: √
√
) 0,0082 h = 29,3 s
Ventura: √ ( )
√
) 0,007 h = 25,2 s
Kirpich:
0,86 min = 51,6 s
7.6. Caracterização dos eventos de precipitação
As medições foram levadas a cabo, como já foi referido, por um udómetro que fez o
registo dos índices de precipitação de 2 em 2 minutos durante o período entre 18 e 30 de Abril
de 2011.
Os dados recolhidos foram agrupados de modo a permitir apresentar um gráfico com as
precipitações horárias, de mais fácil leitura, compreensão e comparação com outros trabalhos.
Na Figura 7.15 apresenta-se o gráfico das intensidades de precipitação entre 18 e 30 de
Abril.
Através da análise do gráfico da Figura 7.15 é possível verificar um evento bastante longo
entre o dia 18-04-2011 às 17:52, e as 04:02 do dia 19-04-2011, com precipitações entre 0,8
mm/h e 5,8 mm/h.
0
5
10
15
20
25
Inte
nsi
dad
e (
mm
/h)
Período
Figura 7.15: Gráfico com as intensidades de precipitação durante o período entre 18 e 30 de Abril.
79
Após esse período é ainda de salientar no dia 21-04-2011, entre as 06:00 e as 08:00, um o
registo de precipitações muito intensas, com 17,8 mm/h e 23,4 mm/h respectivamente, e no
dia 30, entre as 14:00 e as 14:40, com registos da ordem dos 19,2 mm/h.
O período de tempo seco que se seguiu ao evento de dia 23 de Abril, após as 13:12, não
tem grande significado ao nível do trabalho desenvolvido, uma vez que não foram feitas
recolhas após este dia.
A série de dados foi posteriormente separada em eventos de precipitação.
Os períodos sem precipitação ou com precipitação insignificante, que separam dois
eventos de precipitação consecutivos, estabelecem um período de tempo seco.
Para este caso de estudo considerou-se a aplicação dos seguintes critérios:
Considera-se tempo seco, o intervalo mínimo consecutivo de 1 hora, com
precipitações horárias inferiores a 0,2 mm/h;
Considera-se evento, o período de chuva cuja intensidade média de cada hora
consecutiva, é maior ou igual a 0,2 mm/h.
Segundo Ferreira (2006), precipitações inferiores a 0,25 mm/h geram escoamentos
superficiais (precipitação útil) de pouca relevância. No entanto, uma vez que a bacia utilizada
no estudo é bastante mais pequena que as bacias normalmente utilizadas neste tipo de
estudos, optou-se por reduzir o limite da intensidade de precipitação para 0,2 mm/h uma vez
que corresponde ao valor mínimo possível de registo efectuado pelo udómetro.
Relativamente ao intervalo mínimo consecutivo de uma hora para a definição de tempo
seco, isto deve-se ao tempo de concentração da bacia ser muito inferior a esse valor,
permitindo assim uma resposta mais que completa do sistema de drenagem perante qualquer
evento.
No período em estudo teve lugar o registo de 19 eventos apresentado no Quadro 7.7. As
cores apresentadas servem apenas para auxílio visual da distinção dos eventos, em relação aos
quais foram realizadas as amostragens. Estas cores mantêm-se nos restantes elementos
apresentados.
80
Quadro 7.7:Eventos de precipitação registados no período de trabalho de campo.
Evento Início Fim Duração Precipitação TS Antecedente
Ptotal (mm) Imáx (mm/h) Iméd (mm/h) Amostragem Dia Hora Dia Hora hh:mm valor (horas) Dias hh:mm
1 18-04-2011 17:52 19-04-2011 04:02 10:10 10,16731 1927 21:52 36,0 6,2 3,54 Evento 1 - Amostra 1, 2, 3 e 4
2 19-04-2011 05:10 19-04-2011 08:08 02:58 2,967 0 01:10 5,0 2,4 1,69
3 19-04-2011 13:38 19-04-2011 14:08 01:58 0,500 0 05:30 1,4 1,2 2,80
4 20-04-2011 02:04 20-04-2011 04:32 02:28 2,467 0 11:56 9,8 5,8 3,97 Evento 4 - Amostra 1
5 20-04-2011 23:24 21-04-2011 00:04 00:30 0,500 0 19:00 1,2 1,0 2,40 Evento 5 - Amostra 1
6 21-04-2011 06:04 21-04-2011 07:20 01:16 1,267 0 03:38 20,6 17,8 16,26 Evento 6 - Amostra 1
7 21-04-2011 12:16 21-04-2011 12:32 00:16 0,267 0 04:56 3,4 3,4 12,75
8 21-04-2011 20:20 21-04-2011 23:16 02:56 2,933 0 04:56 12,0 5,8 4,09 Evento 8 - Amostra 1, 2 e 3
9 22-04-2011 01:16 22-04-2011 01:38 00:22 0,367 0 01:58 0,4 0,4 1,09
10 22-04-2011 05:34 22-04-2011 05:52 00:18 0,300 0 03:56 0,4 0,4 1,33
11 22-04-2011 10:26 22-04-2011 10:32 00:06 0,100 0 03:14 0,4 0,4 4,00
12 22-04-2011 16:02 22-04-2011 17:00 00:58 0,967 0 05:30 0,6 0,4 0,62
13 22-04-2011 18:28 22-04-2011 18:44 00:16 0,267 0 01:28 1,0 1,0 3,75
14 23-04-2011 04:50 23-04-2011 07:38 02:48 2,800 0 10:06 1,2 0,4 0,43
15 23-04-2011 11:50 23-04-2011 13:12 01:22 1,367 0 04:12 3,4 1,8 2,49
16 29-04-2011 15:54 29-04-2011 17:14 01:20 1,333 6 02:42 5,6 1,4 4,20
17 30-04-2011 00:14 30-04-2011 01:10 00:56 0,933 0 07:00 2,6 2,4 2,79
18 30-04-2011 14:00 30-04-2011 14:40 00:40 0,667 0 12:50 9,6 9,6 14,40
19 30-04-2011 17:30 30-04-2011 18:36 01:06 1,100 0 02:50 5,2 3,0 4,73
27
Dados obtidos através do boletim de precipitação associado à estação de São Julião do Tojal (20C/01C).
81
Quadro 7.8: Descrição dos parâmetros dos eventos onde foram feitas amostragens.
Evento Amostra Início Fim Duração Precipitação
(min)
TS Antecedente Ptotal (mm) Imáx (mm/h) Iméd (mm/h)
Dia Hora Dia Hora (min) (horas)
1
1 18-04-2011 17:54 18-04-2011 18:00 6 2867228 477,8 2,4 42 24
2 18-04-2011 18:58 18-04-2011 19:00 2 0 0 1 18 30
3 18-04-2011 19:12 18-04-2011 19:14 2 0 0 0,6 12 18
4 18-04-2011 21:04 18-04-2011 21:06 2 0 0 0,6 12 18
4 1 20-04-2011 02:06 20-04-2011 02:24 18 716 11,9 1,8 18 6
5 1 20-04-2011 23:26 20-04-2011 23:44 18 1140 19 1 12 3
6 1 21-04-2011 06:04 20-04-2011 06:06 2 218 3,6 0,8 18 24
8
1 21-04-2011 20:22 21-04-2011 20:38 16 276 4,6 1,2 6 4,5
2 21-04-2011 20:50 21-04-2011 20:52 2 0 0 0,4 6 12
3 21-04-2011 21:18 21-04-2011 21:20 2 0 0 0,4 6 12
28
Dados obtidos através do boletim de precipitação associado à estação de São Julião do Tojal (20C/01C).
82
É possível verificar pela análise do Quadro 7.7 e 7.8 que as 10 amostragens se dividiram
por 5 eventos distintos (1º, 4º, 5º, 6º e 8º), com 4 amostragens feitas no primeiro evento, uma
nos eventos 4, 5 e 6, e por fim 3, no evento 8. As durações de precipitação por evento variam
entre dois minutos e dezoito minutos.
É importante focar que, por exemplo, intensidades de 0,1 mm/min no início de um evento,
após um tempo seco, levam bastante mais tempo a originar escoamento directo (precipitação
útil), devido às perdas iniciais (evaporação e empoçamento) do que se ocorrerem após
períodos chuvosos prolongados.
Os resultados que permitiram a construção dos gráficos e quadros acima apresentados
podem ser vistos com detalhe em anexo (Anexo 4).
A divisão da série de eventos por intervalos de intensidade de precipitação média consta
no Quadro 7.9
Quadro 7.9: Série de eventos registados entre 18/04/2011 e 30/04/2011, dividida por intervalos de intensidade de precipitação e respectiva percentagem.
Classe Int.
[mm/h] Nº eventos
<= 1 2
> 1 e <= 2 3
> 2 e <= 3 4
> 3 e <= 10 7
> 10 e <= 15 2
> 15 e <= 20 1
Total 19
83
Na Figura 7.16 apresenta-se a percentagem de eventos em cada classe.
7.7. Apresentação e análise de resultados de qualidade
Das amostragens realizadas, obtiveram-se os resultados que são apresentados no Quadro
7.10, e que se referem aos seguintes parâmetros: pH, condutividade, temperatura, CBO5, CQO,
SST, cádmio, chumbo, cobre, ferro, níquel, zinco, óleos e gorduras e hidrocarbonetos totais.
Figura 7.16: Distribuição da precipitação por intervalos média (mm/h), de acordo com o número de eventos registados.
10,5
15,8
21,1 36,8
10,5 5,3
Representatividade dos eventos (%)
<= 1
> 1 e <= 2
> 2 e <= 3
> 3 e <= 10
> 10 e <= 15
> 15 e <= 20
84
Quadro 7.10: Resultados obtidos durante as campanhas realizadas no caso de estudo entre 18 e 21 de Abril de 2011.
Amos- tragem
Evento Amostra pH Cond
(uS/cm) T(ºC)
CBO5 (mg(O2)/l)
CQO (mg(O2)/l)
SST (mg/l)
Cádmio (mg/l)
Chumbo (mg/l)
Cobre (mg/l)
Ferro (mg/l)
Níquel (mg/l)
Zinco (mg/l)
Óleos e Gorduras
(mg/l)
Hidrocarbonetos Totais (mg/l)
1
1
1 (17h54-18h00)
7,26 362 22,4 186 950 750 <0,02 0,1 0,15 5 <0,10 1,3 11 2
2 2
(18h58-19h00)
7,36 325 19,9 82 499 310 <0,02 <0,10 0,13 3,2 <0,10 0,3 4,8 1
3 3
(19h12-19h14)
7,45 303 19,8 110 451 260 <0,02 <0,10 0,12 2,9 <0,10 0,31 2,1 0,4
4 4
(21h04-21h06)
7,72 132,1 18,8 15 99 3400 <0,02 <0,10 <0,10 1 <0,10 0,13 0,8 <0,3
5 4 1
(02h04-02h24)
7,53 113,2 16,4 110 796 900 <0,02 0,23 0,34 12 <0,10 1,3 1,1 0,8
6 5 1
(23h24-23h44)
7,88 86,4 16,2 15 115 61 <0,02 <0,10 <0,10 0,9 <0,10 0,1 2,2 1
7 6 1
(03h44-06h08)
7,98 71,1 18,2 8 36 52 <0,02 <0,10 <0,10 0,35 <0,10 <0,10 1,6 1,3
8
8
1 (20h22-20h38)
7,84 105,3 16,1 8 38 45 <0,02 <0,10 <0,10 1,1 <0,10 <0,10 1,2 0,8
9 2
(20h50-20h52)
7,56 50,2 16,4 5 7 22 <0,02 <0,10 <0,10 0,51 <0,10 <0,10 0,4 <0,3
10 3
(21h18-21h20)
7,47 53,7 15,7 3 6 17 <0,02 <0,10 <0,10 0,4 <0,10 <0,10 0,4 <0,3
85
Tal como já foi referido anteriormente, os parâmetros pH, temperatura e condutividade
foram medidos no campo, sendo que os restantes parâmetros foram analisados em
laboratório.
Os resultados obtidos são apresentados graficamente nas Figuras 7.17 a 7.28.
0
5
10
15
20
25
1 3 5 7 9
Tem
pe
ratu
ra (
(ºC
)
Amostragens
Temperatura (ºC)
0
100
200
300
400
1 3 5 7 9
Co
nd
uti
vid
ade
(u
S/cm
)
Amostragens
Condutividade (uS/cm)
Figura 7.19: Valores registados para a condutividade.
7,2
7,4
7,6
7,8
8
8,2
1 3 5 7 9
pH
Amostragens
pH
Figura 7.20: Valores registados para o pH.
Figura 7.18: Valores de concentração de SST e valor referência do anexo XVIII do DL 236/98.
Figura 7.17: Valores registados para a temperatura.
0
1000
2000
3000
4000
1 3 5 7 9Co
nce
ntr
ação
(m
g/l)
Amostragens
SST (mg/l) SST(mg/L)
VLE -AnexoXVIII - DL236/98
86
0
200
400
600
800
1000
1 3 5 7 9
CQ
O (
mg/
l)
Amostragens
CQO (mg(O2)/l) CQO(mg(O2)/l)
VLE AnexoXVIII DL236/98
Figura 7.23: Valores da concentração de zinco e valores referência do anexo XXI do DL 236/98.
0
50
100
150
200
1 3 5 7 9
CB
O5
(m
g/l)
Amostragens
CBO5(mg(O2)/l)
CBO5(mg(O2)/l)
VLE AnexoXVIII DL 236/98
Anexo XXI DL236/98
Figura 7.21: Valores de CBO5 e valores referência dos anexos XVIII e XXI do DL 236/98.
0
0,5
1
1,5
1 3 5 7 9Co
nce
ntr
ação
(m
g/l)
Amostragens
Zinco (mg/l)
Zinco (mg/L)
Anexo XXI DL236/98
Figura 7.22: Valores de CQO e valor referência do anexo XVIII do DL 236/98.
87
Figura 7.25: Valores da concentração de ferro e valores referência dos anexos XVI e XVIII.
00,20,40,60,8
11,2
1 3 5 7 9
Co
bre
(m
g/l)
Amostragens
Cobre (mg/l) Cobre(mg/L)
VLE AnexoXVIII DL236/98
Anexo XXIDL 236/98
Figura 7.26: Valores da concentração de chumbo e valores referência dos anexos XVIII e XXI do DL 236/98.
00,20,40,60,8
11,2
1 3 5 7 9
Ch
um
bo
(m
g/l)
Amostragens
Chumbo (mg/l) Chumbo(mg/L)
VLE AnexoXVIII DL236/98
Anexo XXIDL 236/98
Figura 7.24: Valores da concentração de cobre e valores de referência dos anexos XVIII e XXI do DL 236/98.
0
5
10
15
1 3 5 7 9
Ferr
o (
mg/
l)
Amostragens
Ferro (mg/l) Ferro (mg/L)
VMR AnexoXVI DL236/98
VLE AnexoXVIIIDL236/98
88
0
5
10
15
20
1 3 5 7 9Co
nce
ntr
ação
(m
g/l)
Amostragens
Óleos e gorduras (mg/l) Óleos eGorduras(mg/L)
VLE AnexoXVIII DL236/98
0
0,5
1
1,5
2
2,5
1 3 5 7 9
Hidrocarbonetos Totais (mg/L)
HidrocarbonetosTotais (mg/L)
A análise dos gráficos anteriores permite verificar que os parâmetros físicos se
mantiveram relativamente constantes, principalmente a temperatura.
O pH sofreu alterações ligeiras ao longo do período, entre 7,26 e 7,98. No entanto, esta
pequena variação pode ser relevante, uma vez que, tal como apresentado no Quadro 6.4,
acima de 7,5 os elementos cobre, chumbo, zinco e cádmio se encontram em formas menos
nocivas para o ambiente, e para a pH inferior a 6,5, os efeitos podem ser muito desfavoráveis,
mas tal nunca se verificou.
Os valores de condutividade seguem um decréscimo interessante pois permitem verificar
uma “limpeza” mais ou menos constante do asfalto, em cada evento e entre eventos,
atingindo-se um nível de poluição residual com valores à volta dos 100 µs/cm, após a
amostragem 5. A redução dos valores de condutividade indicam, de forma espedita, uma
possível redução dos valores de concentrações associadas a metais pesados, ao longo dos
eventos.
Figura 7.27: Valores da concentração de hidrocarbonetos totais ao longo das amostragens.
Figura 7.28: Valores da concentração de óleos e gorduras e valores referência do anexo XVIII do DL 236/98.
89
É também importante referir que esta “limpeza” era até certo ponto visivel na turbidez das
amostras recolhidas.
Relativamente aos sólidos suspensos totais, os resultados no primeiro evento são díficeis
de entender, pois após um período de tempo seco antecedente bastante grande, resulta um
valor de SST da ordem dos 750 mg/l, sendo que decresce nas duas amostragens seguintes para
depois subir a um máximo de 3400 mg/l na quarta amostra. Os resultados de SST são
inferiores nos restantes eventos. É possível que o máximo de 3400 mg/l se tenha obtido
devido a algum erro na recolha e acondicionamento da amostra, ou a uma acumulação e
arrasto tardio de sólidos, dado a disparidade do valor e instante do evento em que surge.
Apesar dos elevados resultados obtidos na quarta e quinta amostras, a partir da sexta,
passamos a ter mais uma vez apenas a poluição residual, que vai reduzindo evento após
evento, apresentando níveis inferiores aos VLE do anexo XVIII do DL nº 236/98.
Os gráficos associados aos parâmetros CQO e CBO5 permitem observar uma tendência de
decréscimo ao longo dos eventos 1 e 8. Em mais de 50% das amostras, os valores da CBO5 são
inferiores ao VLE do Anexo XVIII. Naturalmente que os valores da CQO são bastante
superiores aos da CBO5, para as mesmas amostras.
Este facto pode ser justificado por dois aspectos:
Parte da matéria orgânica, de difícil oxidação biológica, pode ser degradada
quimicamente pelo dicromato de potássio;
Algumas substâncias orgânicas podem ser tóxicas para os microrganismos
utilizados nos testes da CBO5.
Qualquer dos dois parâmetros apresenta algumas amostras com valores da CBO5 e CQO
acima do VLE do anexo XVIII do DL nº 236/98, o que se justificam pela envolvente do local de
estudo, através da presença de um jardim.
O quociente entre a CBO5 e a CQO (Quadro 7.11) permite, tal como já foi anteriormente
referido, inferir quanto à biodegradabilidade das águas pluviais, no que respeita aos eventos 1,
4, 5, 6, 8.
90
Quadro 7.11: Relação CBO5/CQO.
Evento CBO5 / CQO
Evento 1 – Amostra 1 0,20
Evento 1 – Amostra 2 0,16
Evento 1 – Amostra 3 0,24
Evento 1 – Amostra 4 0,15
Evento 4 – Amostra 1 0,14
Evento 5 – Amostra 1 0,13
Evento 6 – Amostra 1 0,22
Evento 8 – Amostra 1 0,21
Evento 8 – Amostra 2 0,71
Evento 8 – Amostra 3 0,50
Média 0,26
Assim, a análise dos resultados para o valor do quociente entre CBO5 e CQO permite
verificar que apenas por uma vez se registaram valores superiores a 0,6, representando um
evento com águas facilmente biodegradáveis. Verificam-se 5 valores entre 0,2 e 0,6
(encontrando-se 4 deles entre 0,2 e 0,24), indicação de águas pouco biodegradáveis, e 4
valores abaixo de 0,2, indicativo de águas dificilmente biodegradáveis.
Uma análise relativa às primeiras amostras de cada evento resulta num valor médio de
0,18 para a relação CBO5/CQO; valor indicativo que inicialmente as águas apresentam sempre
um carácter dificilmente biodegradável.
É possível sugerir, a partir dos valores apresentados, que inicialmente as águas apresentam
maiores concentrações de metais pesados, e que ao longo dos eventos, a lavagem dos
pavimentos vai sendo feita, levando, em geral, à diminuição da carga inorgânica da massa
líquida, e ao aumento da biodegradabilidade da escorrência.
O elemento zinco apresenta concentrações baixas ao longo de todo o estudo, com a
excepção do evento 4 (amostragem 5), onde apresenta um valor ligeiramente mais elevado.
O ferro foi o metal pesado que surgiu em maiores concentrações em todo o trabalho.
Apresentou valores acima do anexo XVIII nas três primeiras amostras do primeiro evento, e um
máximo no evento 4 (amostragem 5).
Relativamente ao zinco e ferro, estes valores poderão estar associados não só aos veículos
que circulam no parque de estacionamento, mas também aos elementos circundantes
associados ao mobiliário urbano.
91
O cobre e o chumbo apresentaram alguns resultados abaixo do limite de detecção, o que é
bastante positivo, pois no caso do chumbo, mantém o padrão geral de descrescimo e por
vezes ausência que se tem vindo a verificar desde que o elemento foi proibido como aditivo
nos combustíveis.
Uma nota deve também ser dada ao níquel e ao cádmio, sendo que os resultados obtidos
foram sempre abaixo do limite de detecção.
Relativamente aos óleos e gorduras, as amostras apresentaram concentrações bastante
reduzidas, todas elas abaixo do VLE constante no Anexo XVIII do Decreto-Lei nº. 236/98.
Por fim, no que toca aos hidrocarbonetos totais, não existe um valor limite legal de
descarga que permita inserir os resultados obtidos num intervalo de concentrações
“aceitáveis”. No entanto, em alguns eventos verificou-se que os hidrocarbonetos totais se
encontravam abaixo do limite de detecção.
Apresentam-se no Quadro 7.12 os valores da média, mediana e desvio-padrão, bem como
os valores máximos e mínimos obtidos.
Quadro 7.12: Análise estatística.
Parâmetros Média Mediana Desvio padrão
Mínimo Máximo
pH 7,6 7,5 0,23 7,3 7,9
Cond (uS/cm) 160,2 109,2 114,5 50,2 362
T(ºC) 17,9 17,3 2,1 15,7 22,4
CBO5 (mg(O2)/l) 54,2 15,0 60,6 3 186
CQO (mg(O2)/l) 299,7 107 334,1 6 950
SST (mg/l) 581,7 160,5 985,9 17 3400
SST (mg/l)29 268,5 61,0 315,6 17 900
Chumbo (mg/l) 0,17 0,17 0,07 0,1 0,23
Cobre (mg/l) 0,19 0,14 0,09 0,12 0,34
Ferro (mg/l) 2,7 1,05 3,4 0,35 12
Zinco (mg/l) 0,57 0,31 0,52 0,1 1,3
Óleos e Gorduras (mg/l) 2,6 1,4 3,06 0,4 11
Hidrocarbonetos Totais (mg/l) 1,04 1,0 0,47 0,4 2
Os resultados obtidos permitem verificar valores das médias superiores aos valores das
medianas. Isto mostra mais uma vez a variabilidade dos resultados obtidos. Este factor é
especialmente evidente nos resultados obtidos para a condutividade, CBO5, CQO, SST e ferro.
29
Valores para SST (mg/l) retirando o valor do máximo de 3400 (mg/l)
92
Sendo que para o parâmetro ferro e SST esta variabilidade é bastante mais elevada, devido aos
picos observados em duas amostragens.
Relativamente à análise dos resultados de SST após a remoção do valor de 3400 mg/l os
resultados obtidos apresentam uma variabilidade bastante mais considerável.
Para além disso, o devsio padrão também permite ter uma ideia da variabilidade associada
aos valores dos parâmetros.
Por fim, apresenta-se, no Quadro 7.13, uma sintese dos resultados obtidos e o seu
enquadramento relativamente aos valores de dois estudos consultados no âmbito desta
dissertação, um associado a vias rápidas e outro a áreas urbanas.
Quadro 7.13: Síntese final dos resultados.
Parâmetros Concentrações (mg/l)
Concentrações (mg/l) – A3 Pte.Lima30 -
TMDA =7849
Concentrações (mg/l) –
Escorrência de ruas31
pH 7,61
(7,26-7,98) 6,5-7,4 -
Cond (uS/cm) 160,2
(50,2-362) 33-209 -
T(ºC) 17,9
(15,7-22,4) - -
CBO5 (mg(O2)/l) 54,2
(3-186) 0,3–25 15-141
CQO (mg(O2)/l) 299,7
(6-950) 4,0–256,0 48-964
SST (mg/l) 32 268,5
(17-900) 0–159 49-498
Chumbo (mg/l) 0,17
(0,1-0,23) - -
Cobre (mg/l) 0,19
(0,12-0,34) 0–0,045 0,027-0,191
Ferro (mg/l) 2,74
(0,35-12) 9–3,27 0,071-0,523
Zinco (mg/l) 0,57
(0,1-1,3) 0–1 0,246-3,839
Óleos e Gorduras (mg/l) 2,56
(0,4-11) 0–52,0 -
Hidrocarbonetos Totais (mg/l) 1,04
(0,4-2) - -
Legenda: x – concentrações médias; (x-x) intervalo de valores observados
30
Fonte: Adaptado de Barbosa et al., 2011. 31
Fonte: Adaptado de Gromaire-Mertz et al., 1999. 32
Valores para SST (mg/l) retirando o valor do máximo de 3400 (mg/l)
93
Os resultados obtidos neste estudo encontram-se na gama dos resultados obtidos nos
estudos anteriormente apresentados.
Relativamente às vias rodoviárias, que têm naturalmente um tráfego mais intenso, e
velocidades bastante superiores às atingidas em parques de estacionamento, é extremamente
interessante verificar que quando comparados com os valores obtidos no parque de
estacionamento, as gamas são idênticas, com a excepção do ferro, indicativo que o número de
veículos é, neste caso, uma variável maioritariamente independente.
Relativamente aos valores apresentados para meio urbano, não há nada a assinalar pois
são bastante semelhantes relativamente aos parâmetros cuja comparação é possível, com a
excepção do ferro, que para o parque de estacionamento apresenta valores bastante
superiores aos registados no estudo em questão.
Estas excepções associadas ao ferro, poderão recair, como já foi referido, na sua
associação ao facto do mobiliário urbano conter, na sua maioria, este metal associado às ligas
das estruturas.
Por fim, foi construído um quadro de correlação (Quadro 7.14) através do coeficiente de
Pearson. Este representa uma medida do grau de relação linear entre duas variáveis
quantitativas. O coeficiente varia entre os valores -1 e 1, sendo que o valor 0 representa uma
ausência de correlação entre as duas variáveis, -1 significa que existe uma forte relação linear
inversa, ou seja, quando uma variável aumenta a outra diminui e vice-versa; e o valor 1 é
indicador de uma forte relação linear positiva, ou seja, quando uma variável aumenta a outra
também.
Limitou-se os parâmetros sujeitos a correlação ao tempo seco antecedente e aos
parâmetros analisados em laboratório, uma vez que devido aos poucos dados disponíveis, a
correlação entre os restantes parâmetros não fazia sentido.
Uma vez que o parâmetro escolhido foi o tempo seco antecedente, apenas foram
correlacionadas as primeiras amostras de cada evento.
O cádmio e o níquel por não apresentarem qualquer valor e o chumbo e o cobre uma vez
que só apresentavam valores para o primeiro evento, não entram no quadro de correlação
pois apenas um valor não é suficiente para correlacionar os dados.
94
Quadro 7.14: Quadro de correlação entre o tempo seco antecedente e outros parâmetros.
Parâmetros TS Antecedente (min)
TS Antecedente (min) 1,00
CBO5 (mg(O2)/l) 0,85
CQO (mg(O2)/l) 0,71
SST (mg/L) 0,51
Ferro (mg/l) 0,14
Zinco (mg/L) 0,62
Óleos e Gorduras (mg/L) 0,99
Hidrocarbonetos Totais (mg/L) 0,77
A análise dos valores do coeficiente de correlação permitiu verificar uma forte correlação
entre o tempo seco antecedente e a concentração de óleos e gorduras, CBO5, hidrocarbonetos
totais e CQO, obtendo-se correlações inferiores para o ferro, SST e o zinco.
Para finalizar a análise dos resultados deve ser referido que não foram feitas mais análises
porque foi considerado que os resultados obtidos, devido ao baixo número de análises, não
tinham robustez para análises estatísticas mais profundas, fazendo-se assim uma análise mais
superficial e mais segura dos resultados obtidos.
95
8. Conclusões e propostas para continuação da
investigação
No âmbito desta dissertação, foram propostos alguns objectivos, incluindo a recolha e
compilação de informação bibliográfica sobre o tema, de modo a permitir uma fácil
compreensão da problemática em questão, e estudar de forma mais detalhada, com recurso a
um caso de estudo, a qualidade de águas pluviais de um parque de estacionamento.
O caso de estudo foi realizado no parque de estacionamento do Instituto Superior Técnico
e permitiu gerar um conjunto de resultados interessantes, para a temática em questão.
Os resultados obtidos no caso de estudo não diferem significativamente dos obtidos em
outras situações muito diversas, correspondendo a vias rodoviárias com viaturas em trânsito
rápido. Fica também patente que para a CBO5, CQO, SST e Fe são excedidos os VLE constantes
na legislação tida como referência, para a avaliação deste tipo de águas, o Decreto-Lei nº.
236/98 (e em particular Anexo XVIII).
Estes dados reforçam também a ideia de que este tipo de águas tem potencial para causar
dano nos meios receptores onde é descarregada sem qualquer tratamento, principalmente
quando ocorrem os primeiros eventos de precipitação após longos períodos de tempo seco; e
por outro lado, a necessidade de criar legislação específica para este tipo de águas.
O tempo seco antecedente parece ser um parâmetro extremamente influente no que
respeita à qualidade das escorrências pluviais, sendo que este se correlacionou de forma clara
com óleos e gorduras, CBO5, hidrocarbonetos totais e CQO.
Relativamente aos metais pesados, não foram detectados vestígios de níquel e cádmio.
Para o chumbo e o cobre, apenas se verificaram um e três valores acima dos limites de
detecção, respectivamente.
É também possível afirmar que os valores obtidos se enquadram, na gama de valores da
maioria dos estudos associados a águas pluviais urbanas, apresentado uma carga orgânica
normalmente superior à registada em estudos associados a vias rápidas.
No entanto, a constatação de que os resultados obtidos se encontram dentro da mesma
gama de valores observados em estudos relacionados com vias rápidas revelou-se como um
facto interessante, pois nestas, o número de viaturas a circular é muito superior.
96
Assim, partindo do princípio que as viaturas são o principal elementos influente na
qualidade das águas pluviais urbanas, as baixas velocidades a que se circula no interior do
parque de estacionamento parecem ser um dos principais factores responsáveis pela
degradação das componentes do carro e consequentemente pela qualidade das águas de
escorrências pluviais urbanas.
Relativamente a este ponto, parece credível que os veículos eléctricos venham a trazer
grande alteração, uma vez que as manobras a baixas velocidades e altas rotações são
auxiliadas pelo motor eléctrico, evitando muitas das emissões associadas.
As maiores limitações sentidas na realização desta dissertação foram, sem dúvida o
limitado número de amostras realizadas, permitindo uma avaliação preliminar da qualidade
das águas de escorrências pluviais num ponto específico do parque de estacionamento do
Instituto Superior Técnico, mas não sendo suficientes para uma análise estatística mais
aprofundada.
Teria também sido interessante conseguir contabilizar o número de viaturas que passaram
na área de estudo, no período antecedente a cada evento, e tentar obter a ligação desse
parâmetro com a qualidade da água.
Como propostas para continuação da investigação, sugerem-se as seguintes:
1. Associar os estudos de qualidade a quantidade, o que implica uma medição
contínua dos parâmetros associados à precipitação mas também de caudais;
2. Tentar garantir um número mínimo de amostras que permita o estudo estatístico
consistente dos resultados obtidos, de modo a que seja possível tentar elaborar
padrões associados aos poluentes típicos nas escorrências pluviais;
3. Garantir um maior controlo de variáveis, como o número e tipo de veículos que
circulam no local (diesel, gasolina, ano do veículo, etc.).
Seria também interessante o prolongamento destes estudos a parques de estacionamento
subterrâneos e de maiores dimensões, e avaliar as cargas poluentes associadas à lavagem dos
mesmos (lavagens manuais).
Por fim, segue um conjunto de ideias mais alargado, que se vê terem valor suficiente para
a elaboração de novos trabalhos nesta área:
Estudo da influência da aplicação dos “green roofs” na qualidade das águas de
escorrência pluvial;
97
Estudo da diferença do impacte para a qualidade da água de viaturas com motor
de combustão “comum” e dos carros híbridos relativamente aos poluentes
emitidos;
Estudo da qualidade das escorrências pluviais em aeroportos.
98
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A1
ANEXO 1 – Valores das séries hidrológicas da precipitação mensal para o mês de Abril e
para a precipitação anual entre 1938 e 2010.
Quadro A.1: Séries de precipitação hidrológica anuais para o mês de Abril desde 1938 a 2010.
Data Precipitação mensal (mm) Precipitação anual no mesmo ano (mm)
01-04-1938 09:00 81,8 774,4 01-04-1939 09:00 69,2 858,6 01-04-1940 09:00 53,9 652,3 01-04-1941 09:00 73,6 653,6 01-04-1942 09:00 114,2 819,6 01-04-1943 09:00 43,4 314,4 01-04-1944 09:00 61,8 262,7 01-04-1945 09:00 22,2 795,5 01-04-1946 09:00 69,5 873 01-04-1947 09:00 15,1 624,1 01-04-1948 09:00 52,2 480,5 01-04-1949 09:00 61,8 563,2 01-04-1950 09:00 14,7 717,3 01-04-1951 09:00 23,2 780,7 01-04-1952 09:00 73,5 496 01-04-1953 09:00 69,7 727,6 01-04-1954 09:00 65,1 595,6 01-04-1955 09:00 9,1 979,7 01-04-1956 09:00 69,7 590,3 01-04-1957 09:00 40,6 583,3 01-04-1958 09:00 35,6 961,6 01-04-1959 09:00 61 960 01-04-1960 09:00 83 709,7 01-04-1961 09:00 54,2 737,9 01-04-1962 09:00 14,5 934,6 01-04-1963 09:00 79,8 1035,3 01-04-1964 09:00 48,5 449,6 01-04-1965 09:00 11,2 1125,5 01-04-1966 09:00 174 621,3 01-04-1967 09:00 85,5 803,1 01-04-1968 09:00 74,4 1127,3 01-04-1969 09:00 29,4 808,6 01-04-1970 09:00 13,2 689,1 01-04-1971 09:00 108,4 616 01-04-1972 09:00 5,6 654,4 01-04-1973 09:00 29,4 595 01-04-1974 09:00 50,8 540,2 01-04-1975 09:00 22 557 01-04-1976 09:00 112,1 727,1 01-04-1977 09:00 15,4 975,2 01-04-1978 09:00 78,8 1159,6 01-04-1979 09:00 65,4 567,4 01-04-1980 09:00 17 398,3 01-04-1981 09:00 88,8 701,2 01-04-1982 09:00 74,8 386,6 01-04-1983 09:00 102,4 834,3 01-04-1984 09:00 48,2 891,2 01-04-1985 09:00 154 612,6 01-04-1986 09:00 32,9 639,5 01-04-1987 09:00 51,7 737,3 01-04-1988 09:00 53,2 591,5 01-04-1989 09:00 94,3 994,8 01-04-1990 09:00 89,5 783,5 01-04-1991 09:00 40,3 399 01-04-1992 09:00 56,6 560,9 01-04-1993 09:00 79,2 714,1 01-04-1994 09:00 20,7 358,1 01-04-1995 09:00 24,2 1199,9 01-04-1996 09:00 19,7 693,7 01-04-1997 09:00 35,4 1002,7 01-04-1998 09:00 49,7 459,3 01-04-1999 09:00 40,1 541,1 01-04-2000 09:00 189,5 965,1 01-04-2001 09:00 8,2 429,2 01-04-2002 09:00 29,7 706,6 01-04-2003 09:00 76 649,8 01-04-2004 09:00 40,7 301,6 01-04-2005 09:00 24,1 (b) 455,7 01-04-2006 09:00 51,7 (b) 1165,7 01-04-2007 09:00 (a)33 58,3 (b) 429,27 01-04-2008 09:00 (a) 58,3 (b) 696,2 01-04-2009 09:00 48,9 (b) 848,6 01-04-2010 09:00 161,4 1400,1
33
(a) Por ausência do valor na base de dados do SNIRH, foi adoptado o valor da média ponderada para o ano;
(b) Por ausência do valor na base de dados do SNIRH foi utilizado o valor calculado pelo mesmo para os vários meses desse ano e feita a sua soma; quando este valor não existia na base de dados, foi feita uma média dos restantes meses e feita a sua soma.
A2
ANEXO 2 – Contextualização geográfica do caso de estudo
Figura A.1: Contextualização geográfica do Instituto Superior Técnico.
A3
Figura A.2: Contextualização geográfica do Instituto Superior Técnico 2.
A4
ANEXO 3 – Processo evolutivo da escolha do local específico para a amostragens
O processo de escolha do local para a recolha das amostras foi bastante pormenorizado.
Este anexo pretende esclarecer os passos e decisões que foram tomadas de modo a garantir
uma boa gestão de conflitos para que fosse possível realizar o trabalho sem causar qualquer
transtorno ao Instituto e às pessoas que diariamente o frequentam.
Aquando do surgimento da ideia da utilização do parque de Estacionamento do Instituto
Superior Técnico, foi pedido ao núcleo de obras uma planta do Instituto. Esta foi cedida para
digitalizar e foi sobre a planta digitalizada que foi desenvolvido o trabalho. Juntamente com a
planta foi cedido um shapefile que continha informação relativamente aos lugares de
estacionamento do parque de estacionamento do Instituto Superior Técnico.
Procedeu-se então ao trabalho de adaptar o shapefile fornecido à planta. Planta esta que é
importante referir, data de Maio de 1992, e assim sendo, se encontra desactualizada (ainda
não inclui o infantário e o economato em frente da Torre Sul, e tem projectado um edifício que
na realidade não existe em frente da Torre Norte), facto esse que acabou por não interferir
com o trabalho pois o espaço físico do estacionamento mantém-se o mesmo.
Relativamente ao shapefile este foi também actualizado, pois alguns lugares de
estacionamento não correspondiam à actual realidade.
Para além do referido, foi levado a cabo o levantamento dos sumidouros, sarjetas e
grelhas (unitárias e modulares) do IST, que foram posteriormente inseridas na nova planta.
Este levantamento foi levado a cabo em alturas de menor movimento no parque de
estacionamento (noites, fins-de-semana e feriados). Foram também caracterizadas
(dimensões) todas as grelhas, de modo a que a metodologia proposta após escolha do local de
amostragem fosse a mais adequada possível à situação em mãos.
A5
Seguidamente mostra-se um exemplar dos vários elementos levantados, sendo que a
planta final é apresentada em anexo (Anexo 5).
Figura A. 3: Exemplos de sumidouros de grades no espaço do Instituto Superior Técnico.
A6
Figura A.4: Exemplos de sumidouros de grades no espaço do Instituto Superior Técnico.
A7
A partir deste levantamento inicial, foram tidos em conta diversos factores que levaram à
redução do número de locais elegíveis, excluindo todos os que não cumprissem os seguintes
requisitos:
Locais mais movimentados do parque de estacionamento, no que toca à circulação de
veículos;
Locais com mais lugares de estacionamento;
Locais com possibilidade de recolha de amostras;
Locais onde se garanta um declive suficiente de modo a garantir um escoamento
plausível;
Locais sem condicionantes ao fluxo das escorrências (jardins e ajardinados);
Locais onde os sumidouros e sarjetas não se situassem directamente em lugares de
estacionamento;
Locais que não prejudicassem o normal acesso e funcionamento do parque de
estacionamento;
Garantia de representatividade nos locais escolhidos (o que excluiu as grelhas por
módulos, pois teríamos que seleccionar um dos módulos, que poderia ser menos
representativo que outro).
Estes critérios permitiram reduzir as opções a alguns sumidouros localizados na zona de
estacionamento de superfície entre o pavilhão de Engenharia Civil e o estacionamento
subterrâneo do mesmo pavilhão, e a um local junto do pavilhão de Matemática.
Figura A.5: Esquema ilustrativo das localizações dos edifícios do Instituto Superior Técnico e pormenor a vermelho das zonas dos sumidouros em análise (Adaptado de DEM-IST, s.d).
¯
A8
A localização dos sumidouros passíveis de serem seleccionados apresenta-se na Figura A.6
de forma genérica, e podem ser vistos em pormenor na planta em anexo (Anexo 5).
O sumidouro presente no ponto “1” foi excluído pelo facto de fazer parte de ter uma área
de influência muito pequena.
O grupo de sumidouros presentes nos pontos “4” e “5” e o sumidouro do ponto “2” foram
excluídos, pois após observação aquando de um fenómeno de precipitação, foi notório que o
caudal recebido era bastante reduzido, em comparação com o que se verificava no sumidouro
“3”.
Assim, elegeu-se o sumidouro que realmente reunia as melhores condições para a
realização das amostragens, no ponto 3. Este sumidouro é apresentado nas Figuras 7.2 e 7.3
do corpo principal desta dissertação.
1
2 4 5
3
Figura A. 6: Sumidouros elegíveis.
A9
Data Precipitação (mm) Evento Data Precipitação (mm) Evento Data Precipitação (mm) Evento
18-04-2011 17:52 0 E1 18-04-2011 20:12 0 E1 18-04-2011 21:40 0,2 E1
18-04-2011 17:54 0,2 E1 18-04-2011 20:14 0 E1 18-04-2011 21:42 0 E1
18-04-2011 17:56 0,6 E1 18-04-2011 20:16 0 E1 18-04-2011 21:44 0 E1
18-04-2011 17:58 1,4 E1 18-04-2011 20:18 0 E1 18-04-2011 21:46 0 E1
18-04-2011 18:00 0,2 E1 18-04-2011 20:20 0 E1 18-04-2011 21:48 0 E1
18-04-2011 18:02 0 E1 18-04-2011 20:22 0 E1 18-04-2011 21:50 0 E1
18-04-2011 18:56 0 E1 18-04-2011 20:24 0 E1 18-04-2011 21:52 0 E1
18-04-2011 18:58 0,6 E1 18-04-2011 20:26 0,2 E1 18-04-2011 21:54 0 E1
18-04-2011 19:00 0,4 E1 18-04-2011 20:28 0 E1 18-04-2011 21:56 0 E1
18-04-2011 19:02 0,6 E1 18-04-2011 20:30 0,2 E1 18-04-2011 21:58 0 E1
18-04-2011 19:04 0,2 E1 18-04-2011 20:32 0 E1 18-04-2011 22:00 0 E1
18-04-2011 19:06 0 E1 18-04-2011 20:34 0,2 E1 18-04-2011 22:02 0 E1
18-04-2011 19:08 0,2 E1 18-04-2011 20:36 0,2 E1 18-04-2011 22:04 0 E1
18-04-2011 19:10 0 E1 18-04-2011 20:38 0,4 E1 18-04-2011 22:06 0 E1
18-04-2011 19:12 0,4 E1 18-04-2011 20:40 0,2 E1 18-04-2011 22:08 0 E1
18-04-2011 19:14 0,2 E1 18-04-2011 20:42 0,4 E1 18-04-2011 22:10 0 E1
18-04-2011 19:16 0,4 E1 18-04-2011 20:44 0,2 E1 18-04-2011 22:12 0 E1
18-04-2011 19:18 0,4 E1 18-04-2011 20:46 0,4 E1 18-04-2011 22:14 0 E1
18-04-2011 19:20 0 E1 18-04-2011 20:48 0,2 E1 18-04-2011 22:16 0 E1
18-04-2011 19:22 0,2 E1 18-04-2011 20:50 0,4 E1 18-04-2011 22:18 0 E1
18-04-2011 19:24 0 E1 18-04-2011 20:52 0,4 E1 18-04-2011 22:20 0 E1
18-04-2011 19:26 0 E1 18-04-2011 20:54 0,4 E1 18-04-2011 22:22 0 E1
18-04-2011 19:28 0 E1 18-04-2011 20:56 0,2 E1 18-04-2011 22:24 0 E1
18-04-2011 19:30 0,2 E1 18-04-2011 20:58 0,4 E1 18-04-2011 22:26 0,2 E1
18-04-2011 19:32 0 E1 18-04-2011 21:00 0,2 E1 18-04-2011 22:28 0 E1
18-04-2011 19:34 0 E1 18-04-2011 21:02 0,2 E1 18-04-2011 22:30 0 E1
18-04-2011 19:36 0 E1 18-04-2011 21:04 0,4 E1 18-04-2011 22:32 0 E1
18-04-2011 19:38 0 E1 18-04-2011 21:06 0,2 E1 18-04-2011 22:34 0 E1
18-04-2011 19:40 0 E1 18-04-2011 21:08 0,2 E1 18-04-2011 22:36 0,2 E1
18-04-2011 19:42 0 E1 18-04-2011 21:10 0,2 E1 18-04-2011 22:38 0 E1
18-04-2011 19:44 0 E1 18-04-2011 21:12 0,4 E1 18-04-2011 22:40 0,2 E1
18-04-2011 19:46 0 E1 18-04-2011 21:14 0,2 E1 18-04-2011 22:42 0,2 E1
18-04-2011 19:48 0 E1 18-04-2011 21:16 0,4 E1 18-04-2011 22:44 0,2 E1
18-04-2011 19:50 0 E1 18-04-2011 21:18 0,4 E1 18-04-2011 22:46 0,2 E1
18-04-2011 19:52 0 E1 18-04-2011 21:20 0,4 E1 18-04-2011 22:48 0,4 E1
18-04-2011 19:54 0 E1 18-04-2011 21:22 0,2 E1 18-04-2011 22:50 0,2 E1
18-04-2011 19:56 0,2 E1 18-04-2011 21:24 0,4 E1 18-04-2011 22:52 0,2 E1
18-04-2011 19:58 0,2 E1 18-04-2011 21:26 0,4 E1 18-04-2011 22:54 0 E1
18-04-2011 20:00 0 E1 18-04-2011 21:28 0,2 E1 18-04-2011 22:56 0,2 E1
18-04-2011 20:02 0 E1 18-04-2011 21:30 0,2 E1 18-04-2011 22:58 0 E1
18-04-2011 20:04 0 E1 18-04-2011 21:32 0,2 E1 18-04-2011 23:00 0,2 E1
18-04-2011 20:06 0 E1 18-04-2011 21:34 0 E1 18-04-2011 23:02 0,2 E1
18-04-2011 20:08 0 E1 18-04-2011 21:36 0,2 E1 18-04-2011 23:04 0,2 E1
18-04-2011 20:10 0 E1 18-04-2011 21:38 0 E1 18-04-2011 23:06 0,2 E1
ANEXO 4 – Dados recolhidos pelo udómetro no período entre 18 e 31 de Abril de 2011
Quadro A.2: Dados recolhidos no udómetro no período entre 18 e 31 de Abril.
A10
Data Precipitação (mm) Evento Data Precipitação (mm) Evento Data Precipitação (mm) Evento
18-04-2011 23:08 0,2 E1 19-04-2011 00:36 0 E1 19-04-2011 02:04 0 E1
18-04-2011 23:10 0,2 E1 19-04-2011 00:38 0,2 E1 19-04-2011 02:06 0,2 E1
18-04-2011 23:12 0,2 E1 19-04-2011 00:40 0 E1 19-04-2011 02:08 0 E1
18-04-2011 23:14 0,2 E1 19-04-2011 00:42 0 E1 19-04-2011 02:10 0 E1
18-04-2011 23:16 0,2 E1 19-04-2011 00:44 0,2 E1 19-04-2011 02:12 0 E1
18-04-2011 23:18 0,2 E1 19-04-2011 00:46 0 E1 19-04-2011 02:14 0 E1
18-04-2011 23:20 0,2 E1 19-04-2011 00:48 0 E1 19-04-2011 02:16 0,2 E1
18-04-2011 23:22 0,2 E1 19-04-2011 00:50 0 E1 19-04-2011 02:18 0 E1
18-04-2011 23:24 0,2 E1 19-04-2011 00:52 0,2 E1 19-04-2011 02:20 0 E1
18-04-2011 23:26 0,2 E1 19-04-2011 00:54 0 E1 19-04-2011 02:22 0 E1
18-04-2011 23:28 0,2 E1 19-04-2011 00:56 0 E1 19-04-2011 02:24 0 E1
18-04-2011 23:30 0,2 E1 19-04-2011 00:58 0 E1 19-04-2011 02:26 0 E1
18-04-2011 23:32 0,2 E1 19-04-2011 01:00 0,2 E1 19-04-2011 02:28 0 E1
18-04-2011 23:34 0,2 E1 19-04-2011 01:02 0,2 E1 19-04-2011 02:30 0 E1
18-04-2011 23:36 0,2 E1 19-04-2011 01:04 0 E1 19-04-2011 02:32 0,2 E1
18-04-2011 23:38 0 E1 19-04-2011 01:06 0,2 E1 19-04-2011 02:34 0 E1
18-04-2011 23:40 0,2 E1 19-04-2011 01:08 0 E1 19-04-2011 02:36 0 E1
18-04-2011 23:42 0,2 E1 19-04-2011 01:10 0,2 E1 19-04-2011 02:38 0 E1
18-04-2011 23:44 0,2 E1 19-04-2011 01:12 0 E1 19-04-2011 02:40 0 E1
18-04-2011 23:46 0,2 E1 19-04-2011 01:14 0,2 E1 19-04-2011 02:42 0 E1
18-04-2011 23:48 0,2 E1 19-04-2011 01:16 0 E1 19-04-2011 02:44 0 E1
18-04-2011 23:50 0 E1 19-04-2011 01:18 0,2 E1 19-04-2011 02:46 0 E1
18-04-2011 23:52 0,4 E1 19-04-2011 01:20 0 E1 19-04-2011 02:48 0 E1
18-04-2011 23:54 0,2 E1 19-04-2011 01:22 0 E1 19-04-2011 02:50 0 E1
18-04-2011 23:56 0,2 E1 19-04-2011 01:24 0,2 E1 19-04-2011 02:52 0 E1
18-04-2011 23:58 0,2 E1 19-04-2011 01:26 0 E1 19-04-2011 02:54 0 E1
19-04-2011 00:00 0 E1 19-04-2011 01:28 0 E1 19-04-2011 02:56 0 E1
19-04-2011 00:02 0,2 E1 19-04-2011 01:30 0,2 E1 19-04-2011 02:58 0 E1
19-04-2011 00:04 0 E1 19-04-2011 01:32 0 E1 19-04-2011 03:00 0,2 E1
19-04-2011 00:06 0,2 E1 19-04-2011 01:34 0,2 E1 19-04-2011 03:02 0 E1
19-04-2011 00:08 0 E1 19-04-2011 01:36 0 E1 19-04-2011 03:04 0,6 E1
19-04-2011 00:10 0,2 E1 19-04-2011 01:38 0,2 E1 19-04-2011 03:06 0,8 E1
19-04-2011 00:12 0,2 E1 19-04-2011 01:40 0 E1 19-04-2011 03:08 0,4 E1
19-04-2011 00:14 0 E1 19-04-2011 01:42 0 E1 19-04-2011 03:10 0,2 E1
19-04-2011 00:16 0,2 E1 19-04-2011 01:44 0 E1 19-04-2011 03:12 0,2 E1
19-04-2011 00:18 0,2 E1 19-04-2011 01:46 0 E1 19-04-2011 03:14 0,4 E1
19-04-2011 00:20 0 E1 19-04-2011 01:48 0 E1 19-04-2011 03:16 0,4 E1
19-04-2011 00:22 0,2 E1 19-04-2011 01:50 0 E1 19-04-2011 03:18 0,2 E1
19-04-2011 00:24 0 E1 19-04-2011 01:52 0 E1 19-04-2011 03:20 0,2 E1
19-04-2011 00:26 0 E1 19-04-2011 01:54 0 E1 19-04-2011 03:22 0,4 E1
19-04-2011 00:28 0,2 E1 19-04-2011 01:56 0 E1 19-04-2011 03:24 0 E1
19-04-2011 00:30 0,2 E1 19-04-2011 01:58 0 E1 19-04-2011 03:26 0 E1
19-04-2011 00:32 0 E1 19-04-2011 02:00 0,2 E1 19-04-2011 03:28 0,2 E1
19-04-2011 00:34 0,2 E1 19-04-2011 02:02 0 E1 19-04-2011 03:30 0,2 E1
Quadro A.2: Dados recolhidos no udómetro no período entre 18 e 31 de Abril (Continuação).
A11
Data Precipitação (mm) Evento Data Precipitação (mm) Evento Data Precipitação (mm) Evento
19-04-2011 03:32 0,2 E1 19-04-2011 06:04 0,2 E2 19-04-2011 07:32 0 E2
19-04-2011 03:34 0,2 E1 19-04-2011 06:06 0 E2 19-04-2011 07:34 0 E2
19-04-2011 03:36 0,2 E1 19-04-2011 06:08 0 E2 19-04-2011 07:36 0 E2
19-04-2011 03:38 0,4 E1 19-04-2011 06:10 0,2 E2 19-04-2011 07:38 0 E2
19-04-2011 03:40 0 E1 19-04-2011 06:12 0 E2 19-04-2011 07:40 0 E2
19-04-2011 03:42 0,2 E1 19-04-2011 06:14 0,2 E2 19-04-2011 07:42 0 E2
19-04-2011 03:44 0,2 E1 19-04-2011 06:16 0 E2 19-04-2011 07:44 0,2 E2
19-04-2011 03:46 0,2 E1 19-04-2011 06:18 0,2 E2 19-04-2011 07:46 0 E2
19-04-2011 03:48 0,2 E1 19-04-2011 06:20 0 E2 19-04-2011 07:48 0 E2
19-04-2011 03:50 0 E1 19-04-2011 06:22 0 E2 19-04-2011 07:50 0 E2
19-04-2011 03:52 0 E1 19-04-2011 06:24 0,2 E2 19-04-2011 07:52 0 E2
19-04-2011 03:54 0 E1 19-04-2011 06:26 0 E2 19-04-2011 07:54 0,2 E2
19-04-2011 03:56 0 E1 19-04-2011 06:28 0,2 E2 19-04-2011 07:56 0 E2
19-04-2011 03:58 0 E1 19-04-2011 06:30 0 E2 19-04-2011 07:58 0 E2
19-04-2011 04:00 0 E1 19-04-2011 06:32 0,2 E2 19-04-2011 08:00 0 E2
19-04-2011 04:02 0,2 E1 19-04-2011 06:34 0,2 E2 19-04-2011 08:02 0 E2
Data Precipitação (mm) Evento 19-04-2011 06:36 0 E2 19-04-2011 08:04 0 E2
19-04-2011 05:10 0 E2 19-04-2011 06:38 0,2 E2 19-04-2011 08:06 0 E2
19-04-2011 05:12 0,2 E2 19-04-2011 06:40 0 E2 19-04-2011 08:08 0,2 E2
19-04-2011 05:14 0 E2 19-04-2011 06:42 0,2 E2 Data Precipitação (mm) Evento
19-04-2011 05:16 0 E2 19-04-2011 06:44 0 E2 19-04-2011 13:38 0 E3
19-04-2011 05:18 0,2 E2 19-04-2011 06:46 0 E2 19-04-2011 13:40 0,2 E3
19-04-2011 05:20 0 E2 19-04-2011 06:48 0,2 E2 19-04-2011 13:42 0,2 E3
19-04-2011 05:22 0 E2 19-04-2011 06:50 0 E2 19-04-2011 13:44 0,2 E3
19-04-2011 05:24 0 E2 19-04-2011 06:52 0 E2 19-04-2011 13:46 0,2 E3
19-04-2011 05:26 0,2 E2 19-04-2011 06:54 0,2 E2 19-04-2011 13:48 0,2 E3
19-04-2011 05:28 0 E2 19-04-2011 06:56 0 E2 19-04-2011 13:50 0,2 E3
19-04-2011 05:30 0 E2 19-04-2011 06:58 0 E2 19-04-2011 13:52 0 E3
19-04-2011 05:32 0 E2 19-04-2011 07:00 0,2 E2 19-04-2011 13:54 0 E3
19-04-2011 05:34 0 E2 19-04-2011 07:02 0 E2 19-04-2011 13:56 0 E3
19-04-2011 05:36 0 E2 19-04-2011 07:04 0,2 E2 19-04-2011 13:58 0 E3
19-04-2011 05:38 0 E2 19-04-2011 07:06 0 E2 19-04-2011 14:00 0 E3
19-04-2011 05:40 0 E2 19-04-2011 07:08 0,2 E2 19-04-2011 14:02 0 E3
19-04-2011 05:42 0 E2 19-04-2011 07:10 0 E2 19-04-2011 14:04 0 E3
19-04-2011 05:44 0 E2 19-04-2011 07:12 0,2 E2 19-04-2011 14:06 0 E3
19-04-2011 05:46 0 E2 19-04-2011 07:14 0 E2 19-04-2011 14:08 0,2 E3
19-04-2011 05:48 0 E2 19-04-2011 07:16 0 E2
19-04-2011 05:50 0 E2 19-04-2011 07:18 0,2 E2
19-04-2011 05:52 0,2 E2 19-04-2011 07:20 0 E2
19-04-2011 05:54 0 E2 19-04-2011 07:22 0 E2
19-04-2011 05:56 0 E2 19-04-2011 07:24 0 E2
19-04-2011 05:58 0 E2 19-04-2011 07:26 0 E2
19-04-2011 06:00 0 E2 19-04-2011 07:28 0 E2
19-04-2011 06:02 0 E2 19-04-2011 07:30 0,2 E2
Quadro A.2: Dados recolhidos no udómetro no período entre 18 e 31 de Abril (Continuação).
A12
Data Precipitação (mm) Evento Data Precipitação (mm) Evento Data Precipitação
(mm) Evento
20-04-2011 02:04 0 E4 20-04-2011 03:32 0,2 E4 20-04-2011 23:24 0 E5
20-04-2011 02:06 0,2 E4 20-04-2011 03:34 0,2 E4 20-04-2011 23:26 0,2 E5
20-04-2011 02:08 0 E4 20-04-2011 03:36 0 E4 20-04-2011 23:28 0 E5
20-04-2011 02:10 0 E4 20-04-2011 03:38 0,2 E4 20-04-2011 23:30 0 E5
20-04-2011 02:12 0 E4 20-04-2011 03:40 0,2 E4 20-04-2011 23:32 0 E5
20-04-2011 02:14 0 E4 20-04-2011 03:42 0 E4 20-04-2011 23:34 0 E5
20-04-2011 02:16 0,2 E4 20-04-2011 03:44 0,4 E4 20-04-2011 23:36 0 E5
20-04-2011 02:18 0,2 E4 20-04-2011 03:46 0 E4 20-04-2011 23:38 0 E5
20-04-2011 02:20 0,2 E4 20-04-2011 03:48 0,2 E4 20-04-2011 23:40 0,4 E5
20-04-2011 02:22 0,4 E4 20-04-2011 03:50 0 E4 20-04-2011 23:42 0,2 E5
20-04-2011 02:24 0,6 E4 20-04-2011 03:52 0 E4 20-04-2011 23:44 0,2 E5
20-04-2011 02:26 0,8 E4 20-04-2011 03:54 0 E4 20-04-2011 23:46 0 E5
20-04-2011 02:28 0,8 E4 20-04-2011 03:56 0 E4 20-04-2011 23:48 0 E5
20-04-2011 02:30 0,4 E4 20-04-2011 03:58 0 E4 20-04-2011 23:50 0 E5
20-04-2011 02:32 0,2 E4 20-04-2011 04:00 0 E4 20-04-2011 23:52 0 E5
20-04-2011 02:34 0,2 E4 20-04-2011 04:02 0 E4 20-04-2011 23:54 0 E5
20-04-2011 02:36 0,2 E4 20-04-2011 04:04 0 E4 20-04-2011 23:56 0 E5
20-04-2011 02:38 0,2 E4 20-04-2011 04:06 0 E4 20-04-2011 23:58 0 E5
20-04-2011 02:40 0,2 E4 20-04-2011 04:08 0 E4 21-04-2011 00:00 0 E5
20-04-2011 02:42 0,2 E4 20-04-2011 04:10 0 E4 21-04-2011 00:02 0 E5
20-04-2011 02:44 0,2 E4 20-04-2011 04:12 0 E4 21-04-2011 00:04 0,2 E5
20-04-2011 02:46 0 E4 20-04-2011 04:14 0 E4
20-04-2011 02:48 0,2 E4 20-04-2011 04:16 0 E4
20-04-2011 02:50 0,2 E4 20-04-2011 04:18 0 E4
20-04-2011 02:52 0 E4 20-04-2011 04:20 0 E4
20-04-2011 02:54 0,2 E4 20-04-2011 04:22 0,2 E4
20-04-2011 02:56 0 E4 20-04-2011 04:24 0,4 E4
20-04-2011 02:58 0 E4 20-04-2011 04:26 0,2 E4
20-04-2011 03:00 0 E4 20-04-2011 04:28 0 E4
20-04-2011 03:02 0 E4 20-04-2011 04:30 0 E4
20-04-2011 03:04 0,2 E4 20-04-2011 04:32 0,2 E4
20-04-2011 03:06 0 E4
20-04-2011 03:08 0,2 E4
20-04-2011 03:10 0,2 E4
20-04-2011 03:12 0 E4
20-04-2011 03:14 0,2 E4
20-04-2011 03:16 0 E4
20-04-2011 03:18 0 E4
20-04-2011 03:20 0 E4
20-04-2011 03:22 0 E4
20-04-2011 03:24 0,2 E4
20-04-2011 03:26 0,2 E4
20-04-2011 03:28 0,2 E4
20-04-2011 03:30 0,2 E4
Quadro A.2: Dados recolhidos no udómetro no período entre 18 e 31 de Abril (Continuação).
A13
Data Precipitação (mm) Evento Data Precipitação (mm) Evento
21-04-2011 06:02 0 E6 21-04-2011 12:16 0 E7
21-04-2011 06:04 0,2 E6 21-04-2011 12:18 0,4 E7
21-04-2011 06:06 0,6 E6 21-04-2011 12:20 0 E7
21-04-2011 06:08 1 E6 21-04-2011 12:22 0,2 E7
21-04-2011 06:10 0,2 E6 21-04-2011 12:24 0,4 E7
21-04-2011 06:12 0,2 E6 21-04-2011 12:26 0,2 E7
21-04-2011 06:14 0 E6 21-04-2011 12:28 0,8 E7
21-04-2011 06:16 0 E6 21-04-2011 12:30 1,2 E7
21-04-2011 06:18 0 E6 21-04-2011 12:32 0,2 E7
-04-2011 06:20 0 E6
21-04-2011 06:22 0 E6
21-04-2011 06:24 0,2 E6
21-04-2011 06:26 0 E6
21-04-2011 06:28 0,8 E6
21-04-2011 06:30 2,8 E6
21-04-2011 06:32 1,8 E6
21-04-2011 06:34 0,8 E6
21-04-2011 06:36 1,4 E6
21-04-2011 06:38 1 E6
21-04-2011 06:40 1,4 E6
21-04-2011 06:42 1,2 E6
21-04-2011 06:44 0,8 E6
21-04-2011 06:46 0,4 E6
21-04-2011 06:48 0,4 E6
21-04-2011 06:50 0,4 E6
21-04-2011 06:52 0,4 E6
21-04-2011 06:54 0,4 E6
21-04-2011 06:56 1 E6
21-04-2011 06:58 0,4 E6
21-04-2011 07:00 0,2 E6
21-04-2011 07:02 0,2 E6
21-04-2011 07:04 0,2 E6
21-04-2011 07:06 0,4 E6
21-04-2011 07:08 0,2 E6
21-04-2011 07:10 0 E6
21-04-2011 07:12 0,6 E6
21-04-2011 07:14 0,6 E6
21-04-2011 07:16 0,2 E6
21-04-2011 07:18 0 E6
21-04-2011 07:20 0,2 E6
Quadro A.2: Dados recolhidos no udómetro no período entre 18 e 31 de Abril (Continuação).
A14
Data Precipitação (mm) Evento Data Precipitação
(mm) Evento Data Precipitação (mm) Evento
21-04-2011 20:20 0 E8 21-04-2011 21:48 0,2 E8 21-04-2011 23:16 0,2 E8
21-04-2011 20:22 0,2 E8 21-04-2011 21:50 0,2 E8 Data Precipitação (mm) Evento
21-04-2011 20:24 0 E8 21-04-2011 21:52 0,2 E8 22-04-2011 01:16 0 E9
21-04-2011 20:26 0,2 E8 21-04-2011 21:54 0 E8 22-04-2011 01:18 0,2 E9
21-04-2011 20:28 0 E8 21-04-2011 21:56 0,2 E8 22-04-2011 01:20 0 E9
21-04-2011 20:30 0 E8 21-04-2011 21:58 0 E8 22-04-2011 01:22 0 E9
21-04-2011 20:32 0,2 E8 21-04-2011 22:00 0,2 E8 22-04-2011 01:24 0 E9
21-04-2011 20:34 0,2 E8 21-04-2011 22:02 0 E8 22-04-2011 01:26 0 E9
21-04-2011 20:36 0,2 E8 21-04-2011 22:04 0,2 E8 22-04-2011 01:28 0 E9
21-04-2011 20:38 0,2 E8 21-04-2011 22:06 0 E8 22-04-2011 01:30 0 E9
21-04-2011 20:40 0 E8 21-04-2011 22:08 0,2 E8 22-04-2011 01:32 0 E9
21-04-2011 20:42 0,4 E8 21-04-2011 22:10 0,2 E8 22-04-2011 01:34 0 E9
21-04-2011 20:44 0,6 E8 21-04-2011 22:12 0,2 E8 22-04-2011 01:36 0 E9
21-04-2011 20:46 0,4 E8 21-04-2011 22:14 0,2 E8 22-04-2011 01:38 0,2 E9
21-04-2011 20:48 0,2 E8 21-04-2011 22:16 0 E8 Data Precipitação (mm) Evento
21-04-2011 20:50 0,2 E8 21-04-2011 22:18 0,2 E8 22-04-2011 05:34 0 E10
21-04-2011 20:52 0,2 E8 21-04-2011 22:20 0,2 E8 22-04-2011 05:36 0,2 E10
21-04-2011 20:54 0,2 E8 21-04-2011 22:22 0 E8 22-04-2011 05:38 0 E10
21-04-2011 20:56 0 E8 21-04-2011 22:24 0 E8 22-04-2011 05:40 0 E10
21-04-2011 20:58 0,2 E8 21-04-2011 22:26 0,2 E8 22-04-2011 05:42 0 E10
21-04-2011 21:00 0,2 E8 21-04-2011 22:28 0 E8 22-04-2011 05:44 0 E10
21-04-2011 21:02 0,2 E8 21-04-2011 22:30 0,2 E8 22-04-2011 05:46 0 E10
21-04-2011 21:04 0,2 E8 21-04-2011 22:32 0 E8 22-04-2011 05:48 0 E10
21-04-2011 21:06 0,4 E8 21-04-2011 22:34 0 E8 22-04-2011 05:50 0 E10
21-04-2011 21:08 0,2 E8 21-04-2011 22:36 0,2 E8 22-04-2011 05:52 0,2 E10
21-04-2011 21:10 0 E8 21-04-2011 22:38 0 E8 Data Precipitação (mm) Evento
21-04-2011 21:12 0,2 E8 21-04-2011 22:40 0 E8 22-04-2011 10:26 0 E11
21-04-2011 21:14 0,2 E8 21-04-2011 22:42 0,2 E8 22-04-2011 10:28 0,2 E11
21-04-2011 21:16 0 E8 21-04-2011 22:44 0 E8 22-04-2011 10:30 0 E11
21-04-2011 21:18 0,2 E8 21-04-2011 22:46 0 E8 22-04-2011 10:32 0,2 E11
21-04-2011 21:20 0,2 E8 21-04-2011 22:48 0 E8 Data Precipitação (mm) Evento
21-04-2011 21:22 0,4 E8 21-04-2011 22:50 0 E8 22-04-2011 16:02 0 E12
21-04-2011 21:24 0,2 E8 21-04-2011 22:52 0 E8 22-04-2011 16:04 0,2 E12
21-04-2011 21:26 0 E8 21-04-2011 22:54 0 E8 22-04-2011 16:06 0 E12
21-04-2011 21:28 0,2 E8 21-04-2011 22:56 0 E8 22-04-2011 16:08 0 E12
21-04-2011 21:30 0,4 E8 21-04-2011 22:58 0 E8 22-04-2011 16:10 0 E12
21-04-2011 21:32 0,2 E8 21-04-2011 23:00 0 E8 22-04-2011 16:12 0,2 E12
21-04-2011 21:34 0,2 E8 21-04-2011 23:02 0 E8 22-04-2011 16:58 0 E12
21-04-2011 21:36 0,4 E8 21-04-2011 23:04 0 E8 22-04-2011 17:00 0,2 E12
21-04-2011 21:38 0,2 E8 21-04-2011 23:06 0 E8 Data Precipitação (mm) Evento
21-04-2011 21:40 0,2 E8 21-04-2011 23:08 0 E8 22-04-2011 18:28 0 E13
21-04-2011 21:42 0,2 E8 21-04-2011 23:10 0 E8 22-04-2011 18:30 0,2 E13
21-04-2011 21:44 0,4 E8 21-04-2011 23:12 0 E8 22-04-2011 18:32 0 E13
21-04-2011 21:46 0 E8 21-04-2011 23:14 0 E8 22-04-2011 18:34 0,2 E13
Quadro A.2: Dados recolhidos no udómetro no período entre 18 e 31 de Abril (Continuação).
A15
Data Precipitação (mm) Evento Data Precipitação
(mm) Evento Data Precipitação (mm) Evento
22-04-2011 18:36 0,2 E13 23-04-2011 11:58 0 E15 29-04-2011 16:40 0,2 E16
22-04-2011 18:38 0,2 E13 23-04-2011 12:00 0 E15 29-04-2011 16:42 0 E16
22-04-2011 18:40 0 E13 23-04-2011 12:02 0,2 E15 29-04-2011 16:44 0,2 E16
22-04-2011 18:42 0 E13 23-04-2011 12:04 0 E15 29-04-2011 16:46 0 E16
22-04-2011 18:44 0,2 E13 23-04-2011 12:06 0 E15 29-04-2011 16:48 0,2 E16
Data Precipitação (mm) Evento 23-04-2011 12:08 0,2 E15 29-04-2011 16:50 0 E16
23-04-2011 04:50 0 E14 23-04-2011 12:10 0 E15 29-04-2011 16:52 0,2 E16
23-04-2011 04:52 0,2 E14 23-04-2011 12:48 0 E15 29-04-2011 16:54 0 E16
23-04-2011 04:54 0 E14 23-04-2011 12:50 0,2 E15 29-04-2011 16:56 0 E16
23-04-2011 05:26 0 E14 23-04-2011 12:52 0 E15 29-04-2011 16:58 0 E16
23-04-2011 05:28 0,2 E14 23-04-2011 12:54 0 E15 29-04-2011 17:00 0,2 E16
23-04-2011 05:30 0 E14 23-04-2011 12:56 0,2 E15 29-04-2011 17:02 0,2 E16
23-04-2011 06:20 0 E14 23-04-2011 12:58 0,6 E15 29-04-2011 17:04 0,2 E16
23-04-2011 06:22 0,2 E14 23-04-2011 13:00 0,6 E15 29-04-2011 17:06 0,2 E16
23-04-2011 06:24 0 E14 23-04-2011 13:02 0,2 E15 29-04-2011 17:08 0,2 E16
23-04-2011 06:52 0 E14 23-04-2011 13:04 0,4 E15 29-04-2011 17:10 0,2 E16
23-04-2011 06:54 0,2 E14 23-04-2011 13:06 0 E15 29-04-2011 17:12 0 E16
23-04-2011 06:56 0 E14 23-04-2011 13:08 0,2 E15 29-04-2011 17:14 0,2 E16
23-04-2011 06:58 0 E14 23-04-2011 13:10 0,2 E15 Data Precipitação (mm) Evento
23-04-2011 07:00 0 E14 23-04-2011 13:12 0,2 E15 30-04-2011 00:14 0 E17
23-04-2011 07:02 0 E14 Data Precipitação
(mm) Evento 30-04-2011 00:16 0,2 E17
23-04-2011 07:04 0 E14 29-04-2011 15:54 0 E16 30-04-2011 00:18 0 E17
23-04-2011 07:06 0 E14 29-04-2011 15:56 0,2 E16 30-04-2011 00:20 0 E17
23-04-2011 07:08 0 E14 29-04-2011 15:58 0 E16 30-04-2011 00:22 0 E17
23-04-2011 07:10 0 E14 29-04-2011 16:00 0,4 E16 30-04-2011 00:24 0 E17
23-04-2011 07:12 0 E14 29-04-2011 16:02 0,4 E16 30-04-2011 00:26 0 E17
23-04-2011 07:14 0 E14 29-04-2011 16:04 0,2 E16 30-04-2011 00:28 0 E17
23-04-2011 07:16 0 E14 29-04-2011 16:06 0,2 E16 30-04-2011 00:30 0 E17
23-04-2011 07:18 0 E14 29-04-2011 16:08 0,2 E16 30-04-2011 00:32 0 E17
23-04-2011 07:20 0 E14 29-04-2011 16:10 0,2 E16 30-04-2011 00:34 0 E17
23-04-2011 07:22 0 E14 29-04-2011 16:12 0,4 E16 30-04-2011 00:36 0 E17
23-04-2011 07:24 0 E14 29-04-2011 16:14 0,2 E16 30-04-2011 00:38 0 E17
23-04-2011 07:26 0 E14 29-04-2011 16:16 0,2 E16 30-04-2011 00:40 0 E17
23-04-2011 07:28 0 E14 29-04-2011 16:18 0 E16 30-04-2011 00:42 0 E17
23-04-2011 07:30 0,2 E14 29-04-2011 16:20 0 E16 30-04-2011 00:44 0 E17
23-04-2011 07:32 0 E14 29-04-2011 16:22 0,2 E16 30-04-2011 00:46 0,4 E17
23-04-2011 07:34 0 E14 29-04-2011 16:24 0 E16 30-04-2011 00:48 0,4 E17
23-04-2011 07:36 0 E14 29-04-2011 16:26 0 E16 30-04-2011 00:50 0,2 E17
23-04-2011 07:38 0,2 E14 29-04-2011 16:28 0,2 E16 30-04-2011 00:52 0,6 E17
Data Precipitação (mm) Evento 29-04-2011 16:30 0,2 E16 30-04-2011 00:54 0,4 E17
23-04-2011 11:50 0 E15 29-04-2011 16:32 0 E16 30-04-2011 00:56 0,2 E17
23-04-2011 11:52 0,2 E15 29-04-2011 16:34 0 E16 30-04-2011 00:58 0 E17
23-04-2011 11:54 0 E15 29-04-2011 16:36 0 E16 30-04-2011 01:00 0 E17
23-04-2011 11:56 0 E15 29-04-2011 16:38 0,2 E16 30-04-2011 01:02 0 E17
Quadro A.2: Dados recolhidos no udómetro no período entre 18 e 31 de Abril (Continuação).
A16
Data Precipitação (mm) Evento Data Precipitação (mm) Evento
30-04-2011 01:04 0 E17 30-04-2011 18:04 0,2 E19
30-04-2011 01:06 0 E17 30-04-2011 18:06 0,2 E19
30-04-2011 01:08 0 E17 30-04-2011 18:08 0,2 E19
30-04-2011 01:10 0,2 E17 30-04-2011 18:10 0,4 E19
Data Precipitação (mm) Evento 30-04-2011 18:12 0,4 E19
30-04-2011 14:00 0 E18 30-04-2011 18:14 0,2 E19
30-04-2011 14:02 0,2 E18 30-04-2011 18:16 0,6 E19
30-04-2011 14:04 0 E18 30-04-2011 18:18 0,6 E19
30-04-2011 14:06 0,4 E18 30-04-2011 18:20 0 E19
30-04-2011 14:08 1 E18 30-04-2011 18:22 0 E19
30-04-2011 14:10 1,6 E18 30-04-2011 18:24 0 E19
30-04-2011 14:12 2,4 E18 30-04-2011 18:26 0 E19
30-04-2011 14:14 1,6 E18 30-04-2011 18:28 0 E19
30-04-2011 14:16 0,2 E18 30-04-2011 18:30 0 E19
30-04-2011 14:18 0 E18 30-04-2011 18:32 0 E19
30-04-2011 14:20 0 E18 30-04-2011 18:34 0 E19
30-04-2011 14:22 0 E18 30-04-2011 18:36 0,2 E19
30-04-2011 14:24 0 E18
30-04-2011 14:26 0 E18
30-04-2011 14:28 0,4 E18
30-04-2011 14:30 0,8 E18
30-04-2011 14:32 0,2 E18
30-04-2011 14:34 0,2 E18
30-04-2011 14:36 0,2 E18
30-04-2011 14:38 0,2 E18
30-04-2011 14:40 0,2 E18
Data Preicpitação (mm) Evento
30-04-2011 17:30 0 E19
30-04-2011 17:32 0,2 E19
30-04-2011 17:34 0,2 E19
30-04-2011 17:36 0,2 E19
30-04-2011 17:38 0,2 E19
30-04-2011 17:40 0,2 E19
30-04-2011 17:42 0,2 E19
30-04-2011 17:44 0,2 E19
30-04-2011 17:46 0,2 E19
30-04-2011 17:48 0,2 E19
30-04-2011 17:50 0 E19
30-04-2011 17:52 0 E19
30-04-2011 17:54 0 E19
30-04-2011 17:56 0,2 E19
30-04-2011 17:58 0,2 E19
30-04-2011 18:00 0 E19
30-04-2011 18:02 0 E19
Quadro A.2: Dados recolhidos no udómetro no período entre 18 e 31 de Abril (Continuação).
A17
Quadro A.3: Valores da precipitação horária (mm), no período de estudo.
Dias/Horas 00-01
01-02
02-03
03-04
04-05
05-06
06-07
07-08
08-09
09-10
10-11
11-12
12-13
13-14
14-15
15-16
16-17
17-18
18-19
19-20
20-21
21-22
22-23
23-24
18-04-2011 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2,2 0,8 3,6 4,4 5,2 2,2 5,8
19-04-2011 2,6 2 0,8 6,2 0,2 0,8 2,4 1,6 0,2 0 0 0 0 1,2 0,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0
20-04-2011 0 0 5,8 3 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
21-04-2011 0,2 0 0 0 0 0 17,8 23,4 0 0 0 0 3,4 0 0 0 0 0 0 0 3,6 5,8 2,4 0,2
22-04-2011 0 0,4 0 0 0 0,4 0 0 0 0 0,4 0 0 0 0 0 0,4 0,2 1 0 0 0 0 0
23-04-2011 0 0 0 0 0,2 0,2 0,4 0,4 0 0 0 0,2 1,4 1,8 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
24-04-2011 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
25-04-2011 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
26-04-2011 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
27-04-2011 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
28-04-2011 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
29-04-2011 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,2 4 1,4 0 0 0 0 0 0
30-04-2011 2,4 0,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 19,2 0 0 2,2 3 0 0 0 0 0
Legenda:
Verde - Evento 1, Amostras 1, 2 e 3
Laranja escuro - Evento 4, Amostra 1
Laranja claro - Evento 5, Amostra 1
Amarelo - Evento 6, Amostra 1
Azul - Evento 8, Amostra 1, 2 e 3 Cinzento – Eventos onde não foram
recolhidas amostras
A18
ANEXO 5 – Planta do Instituto Superior Técnico
Apresenta-se de seguida a planta base que serviu de auxílio à definição do sumidouro a
utilizar. É seguida a esquemática de indicação por números associados aos sumidouros, tal
como no Anexo 3.
Esta encontra-se dividida em 6 partes distintas cuja orientação pode ser vista na Figura
A.7.
Apresenta-se no Quadro A.4 a legenda da figura e no Quadro A.5 as informações típicas
associadas a qualquer planta.
Figura A.7: Legenda da planta do Instituto Superior Técnico.
Figura A. 8: Legenda geral do desenho técnico da planta do Instituto Superior Técnico.
A19
Figura A.9: Divisão do esboço da planta do Instituto Superior Técnico (sem escala definida) (Adaptado de Núcleo de Coordenação de Obras e Manutenção do Instituto Superior Técnico).
A20
Figura A.10: Secção 1 da planta do Instituto Superior Técnico (Escala 1:100) (Adaptado de Núcleo de Coordenação de Obras e Manutenção do Instituto Superior Técnico).
1
A21
Figura A. 11: Secção 2 da planta do Instituto Superior Técnico (Escala 1:100) (Adaptado de Núcleo de Coordenação de Obras e Manutenção do Instituto Superior Técnico).
A22
Figura A.12: Secção 3 da planta do Instituto Superior Técnico (Escala 1:100) (Adaptado de Núcleo de Coordenação de Obras e Manutenção do Instituto Superior Técnico).
5
4
2
3
A23
Figura A. 13: Secção 4 da planta do Instituto Superior Técnico (Escala 1:100) (Adaptado de Núcleo de Coordenação de Obras e Manutenção do Instituto Superior Técnico).
A24
Figura A.14: Secção 5 da planta do Instituto Superior Técnico (Escala 1:100) (Adaptado de Núcleo de Coordenação de Obras e Manutenção do Instituto Superior Técnico).
A25
Figura A.15: Secção 6 da planta do Instituto Superior Técnico (Escala 1:100) (Adaptado de Núcleo de Coordenação de Obras e Manutenção do Instituto Superior Técnico).