UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
A INFLUÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO
PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Alessandra de Araújo Gonçalves
Professor Orientador: Vera
Co-orientador: Fabiane Muniz
Rio de Janeiro
2004
2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS–GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
PSICOMOTRICIDADE
PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
A INFLUÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO
PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Trabalho realizado em cumprimento às
exigências curriculares, para obtenção do
certificado de Pós-graduação “Latu Sensu” em
Psicomotricidade, pela aluna Alessandra de
Araujo Gonçalves.
3
AGRADECIMENTOS
A Deus por mais uma conquista em minha vida.
Aos amigos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a
confecção deste trabalho.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todas as pessoas que me incentivaram durante todo o curso. Aos professores que tanto contribuíram e que, com certeza, deixarão saudade. E principalmente, a minha irmã Ana Claudia companheira de todas as horas.
5
RESUMO
O presente trabalho aborda a importância da educação infantil para o
desenvolvimento global da criança; abrangendo aspectos que englobam a
Psicomotricidade, favorecendo o processo ensino-aprendizagem, compreendendo a
educação como algo mais amplo do que a transmissão de conhecimentos e, a
Psicomotricidade como uma prática não apenas preparatória da aprendizagem, mas
como instrumento do fortalecimento da criança enquanto sujeito, atuando no sentido de
facilitar-lhe a construção de sua unidade corporal, a afirmação de sua identidade e a
conquista de sua autonomia intelectual e afetiva. E, apresenta exercícios e jogos
psicomotores que são realizados na educação infantil, confirmando assim a relação entre
os dois.
Dá ênfase a importância do trabalho psicomotor feito com a criança procurando
estabelecer relações entre espaço e o meio como forma lúdica de aprendizado.
Esse trabalho reúne idéias de como a imagem do corpo, através de experiências
individuais, estimula a percepção, sentimentos e um auto-conhecimento da criança
sobre si e seu meio, mantendo uma ligação direta com as descobertas e o prazer que a
mesma proporciona.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
PSICOMOTRICIDADE: UMA NOVA ABORDAGEM DO CORPO
1.1 – Psicomotricidade e Desenvolvimento Infantil
1.1.1 - Desenvolvimento da criança
1.1.2 - Comportamento da criança
1.1.3 - Exame psicomotor
1.1.4 - O corpo e o movimento
1.1.5 - Desenvolvimento psicomotor
1.1.6 - Função motora
1.1.7 - Estrutura do esquema corporal
1.2 - Aspectos do Desenvolvimento
1.2.1 – O esquema corporal
1.2.2 - Etapas do desenvolvimento do esquema corporal
1.2.3 - Imagem corporal
1.2.4 - Coordenação geral e facial
1.2.5 - Equilíbrio
1.2.6 - Lateralidade
1.3 - A Estrutura Espacial
1.4 - Desenvolvimento Psicomotor
1.4.1 - Exercícios psicomotores
1.4.2 - Exercícios de esquema corporal
1.4.3 - Exercícios de coordenação
1.4.4 - Exercícios de orientação temporal e espacial
1.4.5 - Atividades na área de comunicação e expressão
1.4.6 - Exercícios de percepção tátil, gustativa, olfativa, auditiva e
visual
1.4.7 - Exercícios de relaxamento
1.5 - A Psicomotricidade no Processo de Aprendizagem
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7 CAPÍTULO II
EDUCAÇÃO INFANTIL
2.1 - A Função da Educação Infantil
2.2 - A importância do trabalho realizado na educação infantil
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
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23
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27
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36
8
INTRODUÇÃO
O trabalho realizado é uma pesquisa documental crítico-dialética, não
experimental, na qual foram reunidas pesquisas em livros de diversos autores e
observações feitas nos estágios, nos quais o trabalho teve embasamento.
O objetivo deste trabalho foi o de levantar questões sobre a importância da
psicomotricidade na educação infantil, mostrar que a criança é um ser global e que
precisa ser vista por inteiro e não por partes fragmentadas, ou seja, vista cognitivo,
afetivo, social e motor juntos, mostrando que a educação infantil tem finalidade em si
mesma e, conseqüentemente, é a preparação para a vida posterior à escola.
A preocupação com a educação infantil, com os educadores, com as crianças e
com a psicomotricidade, teve um maior destaque durante o curso de psicomotricidade,
onde foram vistas várias questões ligadas ao lado afetivo e social, influenciando o
aspecto motor e, conseqüentemente, o cognitivo.
A partir dos textos lidos e discutidos em sala de aula, com a troca de
experiências e dinâmicas vivenciadas, foram acontecendo mudanças internas que nos
fizeram muitas vezes questionar qual seria o verdadeiro papel do (a) educador (a) diante
de tantas incertezas e insatisfações. Isto tudo contribuiu na busca crescente de pesquisas
e lutas para uma mudança positiva, como no trabalho dos pais, educadores e alunos.
Segundo Kramer (1989) a educação infantil é a fase da escolaridade que mais
tem crescido no Brasil. Isso ocorre pela preocupação com a formação das crianças,
antes mesmo que atinjam a idade para freqüentar o ensino fundamental dentre outros
motivos. O que acontece nessa fase é marcante para o desenvolvimento da criança.
A educação infantil ocupa-se precisamente de atualizar as experiências e
conhecimentos que a criança na faixa de dois a seis anos de idade constrói em seu
cotidiano. Esta vai buscar na produção lúdica o caminho para ingressar no mundo
9 adulto descobrindo-o a sua maneira, para que possa apropriar-se desse conhecimento e
usá-lo de forma criativa não, simplesmente repeti-lo como um “papagaio”.
É relevante que todos se conscientizem da forte influência do desenvolvimento
infantil e contribuam assim, positivamente, para a formação do cidadão consciente e
cumpridor dos seus direitos e deveres dentro da sociedade.
A falta de credibilidade da educação infantil se deve além dos pais e da
comunidade, aos educadores que nela trabalham. Muitos deles se acomodam a rotina
escolar e, caem no erro de muitos pais em acreditar que as crianças só brincam na
escola. Esse comodismo de muitos educadores reforça essa concepção e impede muitas
vezes de se realizar um trabalho sério com seres valiosos e importantes.
É preciso que os educadores acreditem no seu verdadeiro potencial, estudem e
vençam a incredibilidade na educação infantil, colocando-a no seu verdadeiro lugar de
importância para o desenvolvimento global do ser.
10
CAPÍTULO I
Psicomotricidade: uma nova abordagem do corpo
"Dentre tantos que vieram enriquecer a escola em seu processo de construir o novo sujeito para o mundo novo e com um novo paradigma de educação, a psicomotricidade contribuiu com o seu “saber” para melhorar e transformar o homem, até suas mais profundas raízes. Trata-se, portanto de uma educação pelo movimento..”
(Parolin, 1998)
11
PSICOMOTRICIDADE: UMA NOVA
ABORDAGEM DO CORPO
“Favorecer um desenvolvimento harmonioso da criança é antes de tudo dar-lhe a possibilidade de existir, de tornar-se uma pessoa única, é oferecer-lhe, então, condições as mais favoráveis para comunicar-se, expressar-se, criar-se e pensar”.
(Aucouturier 1988)
Uma das características básicas do ser humano é a capacidade de estabelecer
relações consigo mesmo, com os outros, com o mundo. A partir desta função de relação,
pode-se perceber a unidade do ser enquanto inteligência, vontade, afetividade,
motricidade e fundamentalmente, a psicomotricidade enquanto função integradora
através da qual o indivíduo atinge o controle corporal, base para a sua integração social.
De acordo com este princípio, o homem é antes de tudo o seu corpo, o que vem
modificar radicalmente a concepção do corpo e obriga a pensar em estruturas
“psicossomáticas” em novos termos: a nossa imagem do corpo está de acordo com a
nossa história, as nossas dificuldades, o que acreditamos ou não. Isso forma o conjunto
de símbolos corporais que nos identifica como pessoas.
Tomando o corpo como referencial, o ponto de partida para toda atividade
humana, é possível compreender que o mundo seja percebido através dele como se
através de um filtro, que acabe por regular suas interações. O homem ao dominar-se,
fala de seu corpo e em contrapartida, seu corpo fala por ele em qualquer situação.
Nesse sentido em razão de seu próprio objeto de estudo: o indivíduo, seu corpo
em movimento e suas relações consigo e com o mundo, a Psicomotricidade se distingue
como uma ciência, onde se encontra vários pontos de vista e um sem número de
contribuições de várias ciências constituídas: biologia, psicologia, psicanálise,
sociologia, etc.
12 A nível prático, a psicomotricidade objetiva desenvolver e compreender a
“linguagem do corpo” e o controle corporal.
A capacidade de coordenar e dissociar os diversos segmentos corporais, com
precisão, economia de gestos e eficácia, resultante da integração de condutas motoras,
afetivas e intelectuais em interação com pessoas e objetos do meio ambiente
1.1 - Psicomotricidade e Desenvolvimento Infantil
Segundo Alves (2003) a psicomotricidade envolve toda a ação realizada pelo
indivíduo, que represente suas necessidades e permitem a relação com os demais. É a
integração psiquismo motricidade.
A motricidade é o resultado da ação do sistema nervoso sobre a musculatura,
como resposta a estimulação sensorial. O psiquismo seria considerado como o conjunto
de sensações, percepções, imagem, pensamentos, afeto, etc.
Portanto a função psicomotora é a unidade onde se integram a incitação, a
preparação, a organização temporal, a memória, a motivação, a atenção, etc.
O mundo psicomotor surge também na escola onde o aluno busca um espaço
para seu corpo, vivendo intensamente cada momento.
1.1.1 - Desenvolvimento da Criança
O movimento permite à criança explorar o mundo exterior através de
experiências concretas sobre as quais são construídas as noções básicas para o
desenvolvimento intelectual. É importante que a criança viva o concreto.
É a exploração que desenvolve na criança, a consciência de si mesma e do
mundo exterior. A criança se desenvolve desde os primeiros dias de vida, de maneira
contínua.
13 Cada criança é única, pois apesar do desenvolvimento comum a todas as
crianças, as diferenças de caráter, as possibilidades físicas, e meio e o ambiente escolar
e familiar explicam que com a mesma idade crianças perfeitamente “normais” possam
comportar-se de maneira diferente.
1.1.2 - Comportamento da Criança
Nos primeiros anos de vida, os pais são os principais educadores. Os pais devem
estar conscientes da importância da influência do meio sobre a educação de seus filhos.
O meio ambiente terá de ser favorável para que a criança tenha uma maturação
normal fazendo com que sua inteligência seja desenvolvida.
As necessidades e interesses surgem através da observação objetiva dos estágios
nas diferentes idades.
1.1.3 - O Exame Psicomotor
Nele podemos distinguir as fases que as crianças de 0 a 2 anos apresentam:
• Atividades reflexas em respostas a estimulação sensorial.
• Evolução de posturas: sentada, de pé e de marcha. Com dois anos
começa a ser desenvolvido o estágio global e sincrético, atingindo, então, a
representação do corpo.
Nesta fase observamos tais comportamentos:
• Coordenação Óculo Manual
• Coordenação Dinâmica Geral
• Equilíbrio
• Controle do Próprio Corpo
• Organização Perceptiva
• Linguagem
Fazem parte da estruturação desse estágio os desenvolvimentos da:
• Coordenação Motora Fina e Motora
14 • Equilíbrio
• Esquema Corporal
• Imagem Corporal
• Noção Espaço Corporal
1.1.4 - O Corpo e o Movimento
“Todas as experiências da criança (o prazer, a dor, o sucesso ou fracasso) são sempre vividos corporalmente. Se acrescentarmos valores sociais que o meio dá ao corpo e as cerção de suas partes, este corpo termina por ser investido de significações, de sentimentos e de valores muito particulares e absolutamente pessoais.”
(Vayer 1984 )
O primeiro objeto que a criança percebe é seu próprio corpo. Este conhecimento
se estrutura através de sensações, mobilizações e deslocamento.
A construção do esquema corporal se dá a partir da maturação neurológica da
evolução sensório-motora e da relação com o corpo do outro. Sendo o movimento uma
resposta muscular a estimulação sensorial, levando em consideração a informação
motora.
1.1.5 - Desenvolvimento Psicomotor
As fases do desenvolvimento psicomotor devem levar em conta não só o quadro
de maturação neurológica, mas o resultado de um processo reacional e relacional
complexo.
A organização da motricidade tem as seguintes fases:
- 1ª fase
Caracteriza-se pelas conquistas da organização da estrutura motora, do tônus de
fundo, da propiocepção e do desaparecimento das reações primitivas.
- 2ª fase - Organização do Plano Motor
15 Nela há o aperfeiçoamento espaço temporal das reações que evoluem com as
relações sociais.
- 3ª fase - Automatização do Adquirido
As aquisições motoras vão sendo automatizadas através da ação do sujeito.
1.1.6 - Função Motora
A função motora compreende o tônus muscular e o momento propriamente dito
como também o estado de tensão / distensão das vísceras.
1.1.7 - A Estrutura do Esquema Corporal
Tem papel fundamental no desenvolvimento da criança, pois é o ponto de
partida para ela agir. A educação psicomotora irá conduzir a criança a estruturar o seu
esquema corporal através de atividade de:
• Controle de tônus muscular
• Deslocamentos globais do corpo
• Equilíbrio do corpo
1.2 - Aspectos do Desenvolvimento
1.2.1 - O Esquema Corporal
A partir do momento que o indivíduo descobre, utiliza e controla o seu corpo, o
esquema corporal é estruturado e passa a ter consciência dele e suas possibilidades, na
relação com o meio ambiente em que vive. Para controlá-las ele precisa desenvolver:
• A percepção do corpo;
• Equilíbrio;
• A lateralidade;
• A independência dos membros em relação ao tronco e entre si;
• Controle muscular;
• Controle da respiração.
16 1.2.2 - Etapas do Desenvolvimento do Esquema Corporal.
- 1ª etapa
Corpo vivido (até 3 anos).
Corresponde à fase da inteligência sensório-motora de Piaget.
- 2ª etapa
Corpo percebido ou descoberto (3 a 7 anos)
Corresponde à organização do esquema corporal devido à “função de
interiorização”.
- 3ª etapa
Corpo representado (7 a 12 anos).
O corpo já apresenta a noção do todo e das partes do corpo, observa-se a
estruturação do esquema corporal.
1.2.3 - Imagem Corporal
A evolução do eu corporal na criança é a evolução do conhecimento corporal, é
o sinônimo do caminho para a autoconsciência, caminho expresso por uma maturação
integral do indivíduo.
1.2.4 - Coordenação Geral e Facial
A capacidade de coordenação incorpora as atividades que incluem duas ou mais
capacidades e padrões motores. O desenvolvimento de todas as capacidades perceptivas
e essenciais para a evolução das potencialidades do indivíduo na aprendizagem
cognitiva, psicomotora e afetiva.
A coordenação geral necessita de uma perfeita harmonia de jogos musculares em
repouso (coordenação estática) e em movimento (coordenação fina).
Podemos considerar cinco tipos de coordenação motora:
1. Coordenação Motora Fina
2. Coordenação Motora Ampla
17 3. Coordenação Visomotora
4. Coordenação Audiomotora
5. Coordenação Facial
A linguagem falada necessita de exercícios com os movimentos primários pré-
lingüísticos de sucção, mastigação e deglutição.
1.2.5 - Equilíbrio
A medida que ele cresce e evolui, o equilíbrio torna-se cada vez mais
fundamental e a sua fase de sustentação imprescindível para sua manutenção. Ele pode
ser estático em movimentos não locomotores e dinâmico em movimentos locomotores.
1.2.6 - Lateralidade
A lateralidade é importante na evolução da criança, pois influi na idéia que a
criança tem de si mesma, na formação de seu esquema corporal, na percepção de
simetria de seu corpo, contribuindo para determinar a estruturação espacial.
Para ter um bom desenvolvimento das capacidades motoras, faz-se necessário
estar atento a alguns indícios que podem revelar deficiências perceptivo - motoras:
1. Falta de habilidade para as atividades cotidianas;
2. Falta de vontade de participar dos jogos;
3. Falta de predominância lateral;
4. Dificuldade em associar símbolos e formas;
5. Constante desconcentração;
6. Dificuldades em interpretar direções laterais;
7. Incapacidade de citar nominalmente partes do corpo;
8. Dificuldade em colorir símbolos grandes.
18 1.3 – A estrutura espacial
A criança tem necessidade de um espaço para se mover e é a partir da percepção
do próprio corpo que o espaço exterior pode ser percebido. Ele é explorado, no início,
por uma dupla em simultânea percepção, a extereoceptiva e a propioceptiva.
Muitas desordens do comportamento escolar reconhecem, como causa inicial,
uma perturbação da função orientação espaço-temporal. Essas perturbações podem ter
causas motoras, psicomotoras (falta de orientação e de organização espaciais e
psicológicas).
Conclui-se que uma criança adquire estruturação espacial quando:
• Toma conhecimento da realidade que ela representa.
• Aprende a se orientar e combinar várias orientações ocupando e espaço.
A criança no fim do período do “corpo vivido” deve dispor de uma motricidade
global bem organizada temporalmente.
O ritmo é considerado um dos conceitos mais importantes da orientação
temporal.
Tipos de tempo:
• Subjetivo
• Objetivo
Tipos de ritmo:
• Motor
• Auditivo
• Visual
19 1.4 – Desenvolvimento psicomotor
Os primeiros anos de vida têm uma importância fundamental. As capacidades
futuras de uma criança serão afetadas caso alguma perturbação não seja detectada e
tratada a tempo, podendo afetar a aprendizagem da leitura e da escrita.
O desenvolvimento da criança é muito mais rápido no período do nascimento até
aos 6 anos, tanto psicologicamente como fisicamente.
Segundo Jean Piaget, os estágios de desenvolvimento psíquico da criança são:
• Inteligência sensório-motora (até 2 anos)
• Pré-operatório do pensamento (até 6 anos)
• Das operações concretas (até 12 anos)
• Das operações formais (até adolescência)
1.4.1 - Exercícios Psicomotores
Jogar é uma atividade natural do ser humano, ele integra os aspectos motores,
cognitivos, afetivos e sociais. A psicomotricidade pode ajudar muito, através de
exercícios preparatórios.
1.4.2 - Exercício de Esquema Corporal
• Mímica
• Escultura
• Adivinhações
• Nomear partes do corpo
• Montar partes do corpo
• Desenhar figura humana.
20 1.4.3 - Exercícios de Coordenação
Coordenação dinâmica global
• andar, rolar, engatinhar, relaxar, correr, chutar bolas.
Coordenação visomanual ou fina
• modelar, rasgar, amassar, tocar teclados, atarraxar e desatarraxar,
recortar, colar, pintar.
Coordenação visual
• seguir objetos, andar ao redor de um objeto.
1.4.4 - Exercícios de Orientação Temporal e espacial
• Reproduzir ritmos, ouvir histórias, recontar histórias.
• Andar de olhos fechados, em linha, arremessar bolas.
1.4.5 - Atividades na Área de comunicação e Expressão
• Exercícios de fonoarticulatórios, respiratórios, de expressão verbal e
gestual:
• Fazer caretas, assoprar apitos, mastigação, imitar sons, fazer bolhas de ar,
jogar beijos
• Inspirar, expirar, assoprar
• Realizar passeio e conversar sobre eles, contar o que vê em gravuras e
fotos.
1.4.6 - Exercícios de percepção tátil, gustativa, olfativa, auditiva e
visual
• Saco surpresa, experimentar alimentos, odores, brincar de cabra cega,
identificar e imitar sons, cores, objetos iguais e ocultos.
21 1.4.7 - Exercícios de relaxamento
Utilizar músicas instrumentais e levar a criança a usar a imaginação relaxando-a.
1.5 – A psicomotricidade no processo de aprendizagem
“A educação psicomotora deve ser considerada uma educação de base na escola primária. Ela acondiciona todos os aprendizados pré-escolares levando a criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar o seu tempo, adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos. A educação psicomotoras deve ser praticada desde tenra idade; conduzida com perseverança permite prevenir inadaptações difíceis de corrigir quando já estruturadas”.
(Le Bouch 1987)
A criança precisa se sentir segura para que possa ter a possibilidade de se
arriscar, trazendo-lhe conhecimento a cerca de si mesma, dos outros e do meio em que
vive.
Na educação infantil, a prioridade deve ser a de ajudar a criança a ter uma
percepção adequada a si mesma, compreendendo suas possibilidades e limitações reais,
auxiliando-a a se expressar corporalmente conquistando novas competências motoras.
Quando o professor conscientizar-se de uma educação pelo movimento é uma
peça mestra da área pedagógica, que permite à criança resolver mais facilmente os
problemas atuais da sua escolaridade e prepara, por outro lado, para a sua existência
futura de adulto, essa atividade não ficará mais para segundo plano, sobretudo porque o
professor constatará que esse material educativo não verbal, constituído pelo
movimento é, por vezes, um meio insubstituível para afirmar certas percepções,
desenvolver formas de atenção, pondo em jogos certos aspectos da inteligência.
22
CAPÍTULO II
Educação Infantil
Educar é um processo de vida. Toda a constância será justificada por conseqüências enriquecedoras de vida!
(Dr. Içami Tiba, 2003)
23
EDUCAÇÃO INFANTIL
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases nº 9394/96, artigo 9, define como
finalidade da Educação Infantil “o desenvolvimento integral da criança até 6 anos de
idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social...”. Para tanto, é
necessário tomar a criança, sujeito da educação, como ser global e compreender que seu
desenvolvimento se dá pela interação destas dimensões, e que, portanto, todas elas (e
não somente a intelectual), são do interesse da educação. Cabe assim à Educação
Infantil, além de cuidar da aprendizagem, compromissar-se em favorecer a dinâmica
evolutiva da criança, através de uma prática que possibilite o desenvolvimento integral
(e integrado) do seu ser.
Os atendimentos às crianças de diferentes formas, em diversas instituições
também são considerados Educação Infantil. É o caso das creches, dos programas
governamentais de atendimento a criança, entre outros.
Fazemos, no entanto, uma distinção entre atendimento e educação. A primeira
está voltada à assistência da criança (guarda, saúde, alimentação e lazer), e educação
está mais voltada aos trabalhos pedagógicos.
Esta distinção se faz necessária, pois é possível que se desenvolvam propostas de
atendimento à criança sem desenvolver educação, mas não é possível desenvolver
propostas educativas sem um mínimo de atendimento.
A idéia do atendimento precisa ser questionada, uma vez que essas propostas
visam quase sempre dar conta da demanda que é concebida a partir de uma visão de que
o problema é identificado na criança ou na família e nunca na sociedade.
A criança não passa de um “bode expiatório” dos problemas sociais e em geral,
o atendimento proposto tem um caráter compensatório.
24 2.1 - A função da Educação Infantil
Duas considerações iniciais devem ser feitas ao apresentar algumas idéias sobre
as funções da educação infantil.
Se tomar respostas concretas da Educação Infantil desenvolvida hoje,
dificilmente conseguirei classificá-la como tendo exclusivamente uma única função
dentre as que vou apresentar.
As práticas pedagógicas são muito ricas e complexas do que as classificações
que teoricamente fazemos. Os educadores no seu dia-a-dia desenvolvem ações que são
extremamente dinâmicas, não se enquadrando facilmente em tipificações acadêmicas.
O que podemos dizer, é que a partir da classificação, a respeito das funções da
Educação Infantil, é que essa ou aquela prática é predominantemente deste ou daquele
tipo, segundo Kramer (1989). Conforme relação abaixo:
a) Função de guardar as crianças (guardiã)
Historicamente, a educação infantil teve seu surgimento, (século XVIII - França
e Inglaterra) como função precípua das crianças filhas de mães operárias.
Com a necessidade cada vez maior da mulher se inserir no mercado de trabalho,
a guarda das crianças torna-se uma necessidade.
Dentro da visão de educação infantil bastaria um lugar seguro, alimentação,
serviço médico e área para brincar.
b) Função de preparar a criança para ingressar no 1º grau (preparatória)
Esta concepção entende que a educação infantil serve para dar às crianças a
“prontidão” para ingressar na 1ª série, evitando a repetência e, conseqüentemente, a
evasão escolar.
Com o objetivo de dar à criança condições de acompanhar o que lhe é exigido ao
entrar no 1º grau, esta educação infantil preocupa-se com as crianças que fracassam na
escola.
Ao se propor a preparar a criança, busca moldá-la aos padrões escolares, sem
mudar em nada a escola.
25 c) Função de promover o desenvolvimento global e harmônico da criança
(com objetivos em si mesma).
O importante é a vivência na vida infantil. Tudo o mais virá como acréscimo.
Esta função considera importante dar à criança o que ela precisa, isto é, alimentação,
cuidados com a saúde, oportunidade de brincar com outras crianças.
d) Função de formar hábitos e atitudes necessárias à vida em sociedade
(socialização).
Nesta concepção, o mais importante é a preocupação com os aspectos morais,
com a formação de hábitos e atitudes consideradas “boas e necessárias”. Além de
conviver com as crianças da mesma idade, esta educação infantil valoriza a aquisição de
hábitos higiênicos, alimentares e boas maneiras.
e) Função pedagógica
A partir da valorização dos conhecimentos que a criança já possui, esta
concepção busca fornecer a aquisição de conhecimentos escolares. A educação infantil
com função pedagógica toma como ponto de partida o universo cultural da criança e
tem como ponto de chegada o acesso aos conhecimentos escolares. Nesta concepção, é
fundamental proporcionar atividades que tenham sentido verdadeiro na vida cultural das
crianças, ao invés de desenvolver uma seqüência de ações mecânicas e repetitivas das
quais desconhecem o porquê e para quê.
As atividades são organizadas com base não só nos conhecimentos já adquiridos
e nas próprias atividades que realizam, mas, também nas diferentes formas de
socialização e comunicação já existentes em seu próprio meio, isto é, nas suas
condições objetivas de vida.
A discussão a respeito de uma Educação Infantil numa perspectiva crítica é
muito nova na nossa sociedade. A educação infantil com uma dimensão pedagógica
deve ser entendida como uma proposta educativa que visa a desenvolver as crianças não
apenas cognitivamente, mas também, afetiva e socialmente.
Suas estratégias passam pela concepção de infância e da criança que tenho, sobre
as formas que entendo e explica os processos de aprendizagem e, sobretudo sobre a
26 visão de homem e mundo que admitimos ser coerente com os princípios filosóficos e
políticos.
A aprendizagem depende em grande parte , da motivação. A motivação é forte,
as crianças fazem de boa vontade enorme esforços para dominar obstáculos difíceis. Por
esta razão, as necessidades e interesses intrínsecos da criança, têm mais importância do
que outra qualquer razão para que a criança se ligue a uma atividade: mais
especificamente, os objetivos sócio-afetivos respeitantes à criança.
Ao longo do tempo, esses conhecimentos são internalizados e transformados ao
nível interpessoal. Deste modo, portanto, o desenvolvimento caminha do sócio cultural
para o individual, do inter para o intrapessoal.
Segundo Wallon (1983), ao longo de suas vivências, dispõe de relações de
colaboração e ajuda mútua dos adultos e outras crianças. E neste espaço de interação e
interlocução que os outros adultos ou crianças, colaboram no desenvolvimento infantil.
É a partir de uma relação dialógica, que a criança desenvolve sua concepção de mundo e
de homem. Atuando ativamente sobre o mundo, formula hipóteses e a partir de suas
vivências, na tentativa de desvendar contradições, encontra explicações e avançar
criticamente no seu processo de desenvolvimento.
Participar das brincadeiras da turma e do jogo exige muito da criança. É
necessário que ela saiba respeitar a si mesma e aos outros. Deverá compreender que
uma coisa leva a outra (relação de causa e efeito) e como as partes podem adaptar-se
para formar uma totalidade, entender a lógica das normas e reconhecer o certo e o
errado. O educador dá educação intelectual para que a criança atinja esse estágio de
desenvolvimento.
O aspecto social compreende o elemento mais marcante na atividade lúdica da
criança; nos anos seguintes será, sem dúvida, um dos componentes mais importantes do
seu desenvolvimento. Deixando de lado o egocentrismo, a criança para a usar a
linguagem para coordenar atividades infantis, precisa ter claro que são necessárias
27 qualidades emocionais, sociais e de grupo visando algum objetivo comum. Os
horizontes sociais da criança lentamente se ampliam: aos poucos, a curiosidade
recíproca aparece e ela procura realizar trocas afetivas. O jogo paralelo vai cedendo
lugar ao intercâmbio aberto.
Quanto mais a criança for tratada como indivíduo, com algo a oferecer à
comunidade na qual se encontra, na qualidade de criança mais útil poderá torna-se como
criança; quanto mais lhe permitir o uso da experiência direta, tanto melhor aprenderá a
aprender; quanto mais puder participar da organização e da coletividade escolar, melhor
enfrentará a solução de problemas, a tomada de decisões e a colaboração com os outros.
Assim sendo, tanto mais adaptável se tornará às transformações da vida.
2.2. A Importância do Trabalho Realizado na Educação Infantil
O trabalho na educação infantil se baseia numa posição filosófica de crença no
ser humano, em sua capacidade de atualizar suas potencialidades de vir e ser, numa
visão otimista do homem.
A criança há de ser vista dinamicamente: não unicamente o que ela é, mas,
sobretudo o que se tornará.
Partindo dessa posição, caberia à escola criar condições favoráveis e
facilitadoras para esse desabrochar. Para isso é preciso um clima de liberdade e de
respeito às características e às diferenças individuais, a partir de propostas que
enfatizem a necessidade de atividade do sujeito, de maneira que seja livre para criar,
num ambiente em que o que ele produza seja valorizado.
A escola deveria compreender, respeitar e se enriquecer com o que cada criança
traz enquanto representante de um grupo cultural. O trabalho deve se basear na cultura
específica da comunidade da qual ela faz parte.
28 O que caracteriza o trabalho é a liberdade e o respeito; liberdade com o que a
criança experimenta, opta e assume, respeito à sua cultura, às suas características e
diferenças individuais, à sua evolução bio-psicossocial.
Para que isto aconteça, é preciso que aqueles que lidam com o educando estejam
conscientes de sua responsabilidade e capacitados tecnicamente para um bom
desempenho.
As crianças devem ser colocadas em situações que estimulem perguntas e as
atividades que executem, lhes possibilitem encontrar respostas. Elas devem ser
acompanhadas pela professora, mas não conduzidas, a fim de que possam desenvolver
sua própria linguagem, seu modo de pensar e a capacidade de chegar às suas próprias
conclusões.
O trabalho deve ser consciente e intencional. É importante que o professor saiba
porque deve haver “a hora das novidades” e não o faça simplesmente porque aprendeu
que o dia de uma turma de Educação Infantil deve ser iniciado com tal atividade. Deve
ele ter claro que, ao estimular as crianças a falarem sobre as suas vidas, as pessoas que
gostam e desgostam, os passeios que fazem, seus animais ou objetos prediletos e suas
famílias, está possibilitando o desenvolvimento oral. Além disso, ao ouvir as
experiências e os sentimentos de seus colegas, eles estarão se percebendo no outro,
abrindo-se para o mundo, percebendo-se no mundo, conhecendo-se. Ao falar de suas
vidas, ou ao dar vazão à imaginação, vão pouco a pouco, elaborando suas dificuldades.
Essa hora das novidades, como outras em que ficam em grupo é fundamental porque as
crianças necessitam estar em grupo, a ter uma relação com os colegas e com a
professora, para que se possa estabelecer um vínculo grupal e individual e favorecer
assim, o processo ensino-aprendizagem.
Para que se desenvolva na criança o espírito de grupo e de cidadão, é muito
importante que ela se posicione, critique e ouça.
29 É preciso estar sempre presente no professor, o porquê das atividades
diversificadas e não, quase mecanicamente, arrumar as tintas, os lápis, o barro, os
blocos de construção, a caixa de recortes e outros materiais.
A hora das atividades diversificadas é o momento em que a criança pode se
posicionar, tomar uma decisão, escolher o que prefere e isso é extremamente
importante. Para o professor, é um momento também sério e oportuno para que ele
possa conhecer melhor o educando; suas características e suas preferências. Nesta hora,
o professor deve ter um olhar e uma atitude psicopedagógica, ou seja, olhar o seu
educando globalmente, observar o que faz, sem interferir nas suas escolhas e
dificuldades. Deve estar atenta aos seus interesses, a atividade, as experimentações e na
vida cotidiana dos educandos.
A liberdade com que a criança pode escolher as atividades ou mudar de
atividade atende não só às diferenças individuais, como à sua necessidade de exploração
dos materiais e de descoberta de possibilidades suas e dos materiais. Ela experimenta
com todos os seus sentidos: vê, toca, observa, cheira, sente e ouve. Às vezes, sente
necessidade de levar à boca o material para sentir o seu gosto; a sua experiência é total.
É importante que no trabalho de educação infantil esteja claro que cada criança
tem seu ritmo, seu tempo. Esse tempo e esse ritmo devem ser respeitados, do mesmo
modo que sua cultura deve ser respeitada.
Embora muitos professores hesitem em permitir aos alunos selecionar suas
próprias atividades para o dia, há razão para acreditar que se as crianças são providas de
materiais e opções adequadas, elas selecionarão atividades consistentes com o nível
funcional (estágio) de seu desenvolvimento intelectual. Os professores podem variar as
opções de atividades disponíveis cada dia para os alunos individualmente, a fim de se
assegurarem de estar providenciando uma adequada variedade de experiências.
O que é muito comum acontecer, é a correção do desenho da criança. Este
desenho é um todo que se acha integrado em determinada fase de sua evolução. Ao ser
30 criticado um detalhe do desenho infantil, este perde a sua unidade, tornando-se
incoerente em sua totalidade.
Ao desenhar, a criança registra a sua experiência subjetiva; aquilo que é
significativo para ela naquele momento. Assim, não é o tema que importa, mas sim,
como ele foi trabalhado por ela. Seu trabalho nos oferece dados sobre a sua relação
consigo mesmo e com o mundo, e sobre o seu desenvolvimento. O professor precisa
estar consciente de que o importante não é o produto final e sim, o processo vivenciado.
A criança considera terminado o seu trabalho quando teve a experiência
completa e se sente pronta para começar outra coisa. Para ela, o que importa é o
processo de fazer, de explorar, de inventar e não, o produto final. O produto final revela
muito pouco da variedade e riqueza da experiência que ela ganhou no processo.
As crianças têm que agir. Raras vezes estão inativas por mais do que alguns
poucos minutos, quando acordadas. Forçá-las a ficarem paradas e quietas na escola é ir
frontalmente de encontro às suas naturezas e forçosamente resultará numa luta entre as
vontades dos professores as necessidades dos alunos.
Os professores fazem melhor, tirando proveito das características naturais das
crianças. Elas podem fazer isto provendo riqueza de materiais para as crianças olharem,
tocarem, manipularem e levarem de um lado para o outro. Tais materiais deveriam ser
usados em grau muito maior do que é comum agora nas escolas. A interação verbal
entre os alunos deve ser permitida e estimulada. As atividades de grupo que envolve
cooperação e discussão deveriam abranger uma parte significativa do dia escolar.
O fato de a criança muitas vezes abandonar um trabalho que ao adulto pareça
bom e acabado e começar outro que possa parecer desinteressante e inacabado, não
dever ser olhado como fracasso. Pode, na verdade, representar um novo esforço ou uma
nova situação desafiadora de exploração. É importante deixá-la explorar e esgotar a
experiência, sem forçar o seu ritmo e, sobretudo, sem comparar o seu desenvolvimento
com o de seus colegas. Ela só pode dar um novo passo quando estiver pronta para fazê-
31 lo. É fundamental para o seu auto-conceito que haja aceitação por parte do educador,
bem como respeito pelo o que ele cria.
O crescimento se manifesta por uma grande variedade de caminhos. Quando
encorajada, crescerá independente e confiante; se não se sentir aprovada, ela nunca se
sentirá livre e confiante em sua própria expressão. Quanto mais oportunidades de
experimentar, de optar livremente entre muitas possibilidades, mais se amplia a sua
capacidade de se comunicar originalmente.
Ao utilizar o barro, está atendendo a sua necessidade de conhecimento através
do tato, de exploração com suas mãos, criando mundos imaginários, atividade que
contribuirá para o seu desenvolvimento psíquico e intelectual. Através da manipulação
do barro, a criança estabelece relações de forma, volume, espaço, dimensão, proporção
e movimento e vai enriquecendo o seu “vocabulário plástico”. Assim também, ela
amplia o seu “vocabulário musical” ao explorar os sons do seu corpo, as diferenças de
sons produzidos pelo metal, pela madeira ou pelo vidro, ao comparar a voz grave do
homem e a aguda da mulher, ao reconhecer a voz dos animais, ao ouvir a música do
vento e das folhas, do mar, da chuva e do rio, o ritmo da maré, do coração ou do galopar
do cavalo, ao sentir a vibração que produz no chão o pesado caminhão que passa na rua,
ao cantar com seus colegas.
Do mesmo modo que na educação infantil é estimulada a utilização da música
como linguagem, nas danças e dramatizações, as crianças aprendem a utilizar e
compreender a linguagem do corpo. Ao movimentar o seu corpo no espaço, ela se
apossa do espaço, explorando os seus limites. Ao sentir o seu espaço, se capacita para
mais espaço tarde entrar no do outro e deixá-lo penetrar no seu.
Através dos jogos dramáticos, a criança libera sua agressividade, descarrega
sentimentos de culpa e ressentimentos de uma forma lúdica e criativa. Há também os
jogos em que expressa sentimentos de amor, cooperação e plenitude.
32 O professor tem um papel importante na dramatização espontânea, nem se
omitindo, nem interferindo demais, o que poderia distorcer a idéia original da criança.
Na educação infantil, a criança muitas vezes estabelece o seu primeiro contato
com o livro de histórias que tanto estimula a sua fantasia: ouve histórias faladas,
cantadas ou lidas, conta as suas próprias histórias, cria histórias individualmente ou em
grupo e “lê” histórias.
É através do processo de criação que a criança organiza seus pensamentos e
sentimentos, se confrontando constantemente com suas próprias experiências,
aliviando-se de suas tensões e, sobretudo capacitando-se para uma vida plena.
Ao conviver com a professora, diretora, orientadora educacional, supervisora,
merendeira e servente, vai adquirindo certo grau de consciência social, tomando
conhecimento das profissões, dos profissionais e do mundo do trabalho.
O período na educação infantil é de suma importância para o futuro
desconhecido e por isso deveria ser cuidadosamente planejado e visto seriamente, como
talvez, o mais importante estágio da educação, do qual todos os demais dependem.
É na educação infantil que se deve iniciar um processo de aprender a aprender,
aprender a pensar de modo livre e crítico, aprender a amar o mundo e os homens,
aprender a desenvolver-se no e pelo trabalho criador, aprender a viver, aprender a ser.
Para um trabalho na educação infantil fluir, é importante e fundamental que haja
um planejamento. Este pode ser formulado com as crianças, o que o torna mais rico.
Deve ser flexível a fim de valorizar o que a criança traz ou situações inesperadas que
são muito atrativas e interessantes para ela. Cabe ao professor saber aproveitá-las e
convivendo com crianças, o que não falta é assunto.
Na educação infantil, as atividades devem ser interligadas, ou seja, deve haver
uma interdisciplinaridade, pois como estamos trabalhando com seres e partindo do
33 princípio que eles são totais e não partes isoladas, as atividades também devem ser
assim, englobar o SER TOTAL. Em uma única atividade, se bem explorada, é possível
ser trabalhado vários aspectos simultaneamente, pois uma coisa está interligada com a
outra. Mas para que isso aconteça e dê “certo”, é preciso que o professor confie em si
mesmo e na capacidade do seu educando.
As atividades na educação infantil podem ser definidas como: brincar de
descobrir relações.
“Relações que estruturam nosso modo de pensar e agir: pela linguagem e pela lógica; mas também, no tempo e no espaço, descobrindo as possibilidades de nosso corpo. Tais relações supõem um campo social: é com o outro, que o generalizado, conhecimento se constrói.”
(Amorim, 1990.p.16).
A Educação Infantil tem nas mãos a grande responsabilidade de “pequenos
grandes seres”, por isso, cabe a ela facilitar o crescimento intelectual, afetivo e social,
de maneira que se tornem cidadãos críticos, conscientes de seus direitos e deveres na
sociedade.
34
CONCLUSÃO
Trabalhar com crianças na fase da educação infantil não é tarefa fácil como
muitos pensam. Ao contrário é trabalhoso, requer muita atenção e sensibilidade do
professor, pois todo o trabalho desenvolvido exigirá muita atenção, carinho e acima de
tudo de sensibilidade na execução das atividades.
A determinação do estágio de desenvolvimento da criança são indispensáveis
para que se estabeleçam as condutas educativas que poderão favorecer os diversos
aspectos de desenvolvimento e do conhecimento e, portanto, simplificar a adaptação da
criança ao meio em que vive.
O meio ambiente terá de ser favorável para que a criança tenha uma maturação
normal fazendo com que sua inteligência seja desenvolvida.
As atividades físicas realizadas nessa faixa etária resultam em maior domínio do
corpo, desenvolvendo a força, a resistência, a flexibilidade, a destreza, e a autonomia.
Os jogos ao ar livre proporcionam o aprimoramento da coordenação motora,
autodomínio e desenvolvimento de habilidades físicas. Ao tempo, levam a disciplinar as
emoções, despertam o senso de responsabilidade e honestidade e contribuem para a
aquisição de sentimentos como coragem, lealdade, cooperação e otimismo. O excesso
de energia, tão comum na faixa etária de 4 a 6 anos, pode ser canalizado por meio de
jogos e brincadeiras que , bem orientados, despertam aptidões e contribuem para a
formação moral ao mesmo tempo que são prazer e alegria para as crianças.
As atividades na educação infantil não devem visar exclusivamente ao espaço
físico ou à cultura. Nenhuma atividade deve levar a padronização de hábitos destituídos
de seu valor emocional, moral ou intelectual. Na educação infantil o ambiente deve ser
especialmente criado para fazer desabrochar todas as potencialidades da criança e, por
esse motivo, nenhuma atividade rigidamente diretiva deve ser admitida.
35 Respeitando a individualidade e a capacidade de cada criança, que o professor
poderá desenvolver seu trabalho utilizando a Psicomotricidade, que serve como
ferramenta para todas as áreas de estudo voltadas para a organização afetiva, motora,
social e intelectual do indivíduo acreditando que o homem é um ser ativo capaz de se
conhecer cada vez mais e de se adaptar às diferentes situações e ambientes.
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BIBLIOGRAFIA
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LE BOUCH, J. O desenvolvimento Psicomotor do nascimento até 6 anos – A psicocinética na idade escolar. Porto Alegre; Artes Médicas, 1986.
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WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. 4. ed. Rio de Janeiro: Imago Editora
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KRAMER, Sônia et alli. Com a pré-escola nas mãos. Uma alternativa curricular para
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37
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Alegre; Artes Médicas, 1987.
FONSECA , V da. Psicomotricidade - Filogênese, Ontogênese e Retrogênese. Porto
Alegre: Artes Médicas,1998.
38
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-Graduação “Lato Sensu”
Curso Psicomotricidade
Título: Psicomotricidade na educação infantil
A influência do desenvolvimento psicomotor na educação
infantil
Autor: Alessandra de Araujo Gonçalves
Orientador: Vera
Co-orientador: Fabiane Muniz
Avaliado por: ________________________________ Grau: ___________
________________________, _______ de _______________de 2004.
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