UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
ROBSON LUAN DA SILVA JURASKI
PROJETO DE EXPOSIÇÃO:
DE PEDRA E CAL: MEMÓRIA E PATRIMÔNIO ARAUCARIENSE
NO SÉCULO XXI
CURITIBA
2017
ROBSON LUAN DA SILVA JURASKI
PROJETO DE EXPOSIÇÃO:
DE PEDRA E CAL: MEMÓRIA E PATRIMÔNIO ARAUCARIENSE
NO SÉCULO XXI
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao curso de Bacharelado em
História, Memória e Imagem - Setor de
Ciências Humanas, Letras e Artes da
Universidade Federal do Paraná,
Departamento de História, como requisito
parcial à obtenção do título de bacharel em
História, Memória e Imagem.
Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Rodriguez
Tavares
CURITIBA
2017
Poeminho do Contra
Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!
Mário Quintana
Aos amigos que me acompanharam nestes
longos anos nas salas de aula da Reitoria,
nos momentos de descontração e nos
momentos de dificuldade.
A família, que mesmo muitas vezes sem
entender a reclusão para os estudos,
sempre esteve ao meu lado.
Aos amigos e familiares que partiram sem
poder acompanhar este momento,
principalmente Ivan Vicentin e Catarina
Jurask i, que sempre me apoiaram e me
incentivaram na caminhada da vida.
A Deus, que me concedeu os dons para
chegar até aqui.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos os professores que passaram pela minha formação
acadêmica, que dedicam suas vidas à formação de profissionais com senso
crítico, responsabilidade e qualificados para a produção historiográfica em suas
mais variadas vertentes, proposta do curso de Bacharelado em História -
Memória & Imagem.
A amiga historiadora, professora e mestra Cristiane Perretto que plantou
nos idos de 2009 a semente e o gosto pela História com seu trabalho e a
proposta de formação de mediadores culturais no Museu Tingüi-Cuera, da qual
fui aluno e também colega de trabalho.
A amiga historiadora, professora e mestra Tania Gayer Ehlke, colega de
militância cultural no município de Araucária, nos Conselhos de Política Cultural
e de Patrimônio, que sempre me apoiou, motivou e incentivou durante toda a
graduação.
Ao historiador, professor e doutor Rodrigo Rodriguez Tavares, professor
do Departamento de História da Universidade Federal do Paraná e orientador
deste trabalho, que me motivou e incentivou à conclusão do curso.
Ao Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres e seus funcionários,
que sempre muito solícitos e colaboraram com os atendimentos, pesquisa e
fornecimento de fontes para a realização deste trabalho.
RESUMO
Este trabalho apresenta um projeto de exposição sobre o patrimônio
arquitetônico araucariense, bem como a possibilidade de tombamento de
algumas edificações a partir dos recentes dispositivos legais sancionados no
município de Araucária. O projeto conta com textos com breves históricos dos
mesmos e com pesquisa de material iconográfico em diversos acervos. O
presente trabalho visa sensibilizar à população local para a importância do
patrimônio local.
Palavras chave: Patrimônio material - Araucária - Exposição - Tombamento
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 1
1. MEMÓRIA E PATRIMÔNIO – BREVES REFLEXÕES 4
2. SALVAGUARDA DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO 8
2.1 BRASIL 8
2.2 ARAUCÁRIA 10
3. HISTORIOGRAFIA ARAUCARIENSE 15
4. EXPOSIÇÕES - BREVES REFLEXÕES 21
5. “DE PEDRA E CAL: MEMÓRIA E PATRIMÔNIO ARAUCARIENSE NO
SÉCULO XXI” – PROJETO EXPOSITIVO 27
CONSIDERAÇÕES FINAIS 76
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 78
1
INTRODUÇÃO
O município de Araucária, pertencente à região Metropolitana de
Curitiba, é o cenário deste trabalho. Fundado em 11 de fevereiro de 1890, é o
décimo segundo mais populoso do Estado do Paraná segundo o censo de
2016 do IBGE, mas ainda preserva as características de cidade pequena, o
que a torna um lugar tranquilo para residir.
O meio cultural do município é movimentado quase que exclusivamente
pelo poder público, salvo a organização de movimentos que conseguindo
satisfazer todas as exigências impostas para a ocupação de espaços
conseguem realizar eventos culturais alternativos, como o recente Festival de
Arte e Gastronomia de Araucária.
No que tange à área de produção cultural, o presente trabalho visa
propor a realização de uma exposição temporária que aborde o patrimônio
arquitetônico presente no município tendo em vista a recente publicação da lei
Lei Nº 2.970/20161 que dispõe sobre a Política Municipal de Patrimônio Cultural
do Município de Araucária, criando também o Conselho Municipal do
Patrimônio Cultural (COMPAC) e o Fundo Municipal do Patrimônio Cultural de
Araucária (FUMPAC).
Este projeto também vem de encontro e se enquadra no Art. 7º, item 2
do Regulamento para Realização do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)2
do Curso de Bacharelado em História - Memória & Imagem da Universidade
Federal do Paraná, que trata das modalidades de apresentação do mesmo:
Art. 7º - A realização do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC),
propriamente dito, será efetivada na disciplina TCC2, e deverá seguir
uma entre as duas modalidades contempladas: 1) pesquisa
monográfica com interpretação de fontes primárias atinentes ao eixo
de formação escolhido; 2) desenvolvimento de um projeto prático a
1ARAUCÁRIA. Lei Municipal 2.970/2016, de 30 de março de 2016. Dispõe sobre a Política
Municipal do Patrimônio Cultural do Município de Araucária, cria o Conselho Municipal do
Patrimônio Cultural – COMPAC e o Fundo Municipal do Patrimônio Cultural de Araucária –
FUMPAC. Disponível em: http://www.araucaria.pr.gov.br/grp/uploads/publicacao/30164.pdf
2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. BACHARELADO EM HISTÓRIA – MEMÓRIA E
IMAGEM. Regulamento Para Realização Do Trabalho De Conclusão De Curso(TCC).
Disponível em: http://www.humanas.ufpr.br/portal/historia/files/2011/05/TCC_Regulamento.pdf
ser apresentado utilizando-se uma forma de expressão atinente aos
eixos de formação do curso, embora o aluno fique obrigado à
apresentação de Relatório Final, dando plena e cabal informação
sobre a pesquisa realizada, metodologia empregada, conclusões e
informações técnicas sobre a linguagem de apresentação do TCC.
O projeto apresentado também se adequa a proposta do Curso no que
tange a produção historiográfica em suportes diferenciados e atendendo a nova
demanda social para os profissionais de História.
O presente relatório apresenta inicialmente reflexões sobre as questões
relativas à memória e patrimônio, as primeiras ações de salvaguarda do
patrimônio histórico e, especialmente, os desdobramentos no Brasil e, por fim,
em Araucária. Em seguida a estes apontamentos, apresenta-se um breve
panorama sobre a produção historiográfica acerca do Município, produção esta
ainda incipiente, mas que é o ponto de partida fundamental para à narrativa
que se pretende construir com a exposição.
As questões acerca do processo de produção de exposições que
resultam então em uma definição no que tange às características expositivas
deste projeto (“DE PEDRA E CAL: memória e patrimônio araucariense no
século XXI”) são norteadas pelas reflexões de Bebel Abreu3 e Ulpiano Bezerra
de Meneses4.
A criação de legislação específica sobre o tema torna possível a
realização de processos de tombamento do patrimônio arquitetônico a fim de
salvaguardar os mesmos, tornando-os referência de seu tempo, fragmentos de
memória e passado que sobrevivem aos avanços do desenvolvimento urbano
local.
O projeto de exposição desenvolvido aqui parte da necessidade de
apresentar aos munícipes as consequências do tombamento. O termo
“tombamento” pode causar, inicialmente, espanto nos proprietários e a
3 ABREU, Bebel. Expografia brasileira contemporânea: Rio São Francisco navegado por
Ronaldo Fraga / Isabel Frota de Abreu. – São Paulo, 2014. Disponível em:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16136/tde-27062014-151154/pt -br.php
4 MENESES, Ulpiano T. Bezerra de. Do teatro da memória ao laboratório da História: a
exposição museológica e o conhecimento histórico. In.: Anais do Museu Paulista. São Paulo.
N. Ser. v.2 p.9-42 jan./dez. 1994.
3
sensação de invasão do direito de propriedade daí a importância dos
proprietários e os munícipes poderem se identificar como patrimônio local, com
os bens que serão tombados. O processo de tombamento deve vir como
finalidade decorrente da identificação do munícipe com o mesmo, aumentando
à possibilidade de preservação da memória local.
Tendo em vista estes apontamentos e condicionantes, o presente
projeto de exposição visa apresentar, ou reapresentar, aos munícipes de
Araucária cinco construções que fazem parte da lista de unidades de interesse
de preservação da Divisão de Patrimônio de Araucária e que passarão por
processos de tombamento assim que a Lei 2.970/2016 for regulamentada em
sua totalidade, a fim de contextualizá-los em sua importância como patrimônio
do município.
Destas cinco construções, quatro são propriedades do poder público e
uma quinta, que é de propriedade privada, já é tombada pelo Estado do Paraná
a pedido dos proprietários, o que evita atritos e dificuldades quanto ao
processo de tombamento.
Este projeto de exposição viria então a colaborar com o município no
sentido de apresentar aos munícipes o papel do tombamento e suas
consequências para a salvaguarda do patrimônio arquitetônico existente,
podendo ser também uma apresentação e pontapé inicial para os trabalhos a
serem desenvolvidos pelo COMPAC.
4
1. MEMÓRIA E PATRIMÔNIO – BREVES REFLEXÕES
Memória, uma palavra com amplos significados, mas que se refere, na
maioria deles, a faculdade de conservar ou readquirir ideias ou imagens,
lembranças e reminiscências de um passado. O Dicionário de Conceitos
Históricos traz uma definição de memória de Jacques Le Goff:
a memória é a propriedade de conservar certas informações,
propriedade que se refere a um conjunto de funções psíquicas que
permite ao indivíduo atualizar impressões ou informações passadas,
ou reinterpretadas como passadas5
Analisando o conceito de memória a partir do livro História e Memória,
também de Jacques Le Goff6, tona-se visível o quão intrínseca é a relação
entre história e memória, sendo a segunda um dos alicerces da primeira.
Porém a memória como objeto de estudo no campo historiográfico de forma
mais aprofundada aparece a partir do final da década de 1970 com a
abordagem dos historiadores da Nova História7.
A memória, presente em toda a existência da humanidade ainda que
com usos diferentes, passou por transformações e adaptações no decorrer do
tempo. Le Goff traça o transcurso da memória ao longo dos tempos: desde as
sociedades primitivas e sem escrita até a memória na sua contemporaneidade.
Para as sociedades primitivas, os povos sem escrita, Le Goff define uma
“memória étnica”. Neste tipo de memória a oralidade toma lugar principal na
perpetuação de um passado comum que é transmitido de geração em geração
entre os membros da sociedade. Existem também depositários de memórias
nestas sociedades, os chamados homens-memória, genealogistas, mas este
papel também pode ser desempenhado por chefes de famílias mais idosos,
bardos e sacerdotes, que têm a função de manter a coesão do grupo. Para
estes narradores da história não existe a necessidade de se transmitir a
5 Memória. In: SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos
históricos. 2.ed. São Paulo: Contexto, 2009. p. 275-279. 6 LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas: Editora da UNICAMP, 1990. p. 366-419.
7 Corrente historiográfica com início nos anos de 1970 e correspondente à terceira geração da
Escola dos Analles.
5
memória literalmente, palavra por palavra: é concedida à memória mais
liberdade e possibilidades criativas.
Com a invenção da escrita, a memória passa por uma transformação, o
registro escrito permite a celebração de um acontecimento memorável, digno
de ser lembrado. As realezas passam a guardar as histórias de seus reinados,
seus grandes feitos. Os reis passam a criar instituições de memória, ou lugares
de memória segundo Pierre Nora: nascem os arquivos, bibliotecas e museus.
O poder já começa a se tornar um ponto relevante para estabelecer o que deve
ou não ser lembrado.
A partir do século XIII começam a surgir, com a expansão das cidades e
centros urbanos, os arquivos dos governos municipais e a memória urbana
torna-se identidade coletiva. Grandes revoluções neste campo são
acompanhadas pela invenção da imprensa, a reprodução de um montante
considerável de “memórias” extrapolando o âmbito das memórias coletivas e
individuais. Com a tradição da oralidade em declínio pela expansão das
memórias monumentalizadas em palavras e impressas no papel, o leitor é
colocado frente a frente com uma memória coletiva muito maior do que a da
sociedade ou grupo em que vive: a memória é exteriorizada progressivamente
do indivíduo.
Porém, as memórias não foram monumentalizadas apenas no papel,
mas também em pedra e cal já que inúmeros monumentos foram erigidos no
mundo com função de registrar para a posteridade os grandes feitos: obeliscos,
arcos do triunfo, estátuas etc. Com o passar do tempo, tais monumentos
passam a ser preservados pela intervenção direta do Estado. “A pedra e o
mármore serviam na maioria das vezes de suporte a uma sobrecarga de
memória” (LE GOFF. 1990. p. 432), como aponta Le Goff.
A preocupação com estes fragmentos de memória que identificam um
grupo, uma sociedade, um líder, ganha forma a partir da Revolução Francesa.
A massiva destruição do patrimônio nacional francês (saques, incêndios,
destruição de estátuas etc), fez com que uma atitude imediata fosse tomada
pela Assembleia Constituinte Revolucionária visando proteger os bens
espoliados do clero, que foram transformados em antiguidades nacionais. Uma
certa noção de tombamento e de patrimônio como uma herança, que
6
transcende o tempo e que deve ser conservado, começa a nascer a partir de
então.
No Brasil, a preocupação institucional com a preservação de fragmentos
de um passado comum começa a surgir em meados da década de 1930. É
criado em 1937 o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(SPHAN), atual Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN),
com uma clara intenção do Estado em preservar o passado arquitetônico
dentro de um objetivo maior que era criar/recriar/reafirmar uma identidade
nacional. Este período é marcado por transformações políticas no país com o
governo de Getúlio Vargas e o Estado Novo, que adotou um discurso
modernizante que, no campo cultural, contava com a atuação de intelectuais
como Mário de Andrade, Lúcio Costa e também de Rodrigo Melo Franco de
Andrade.8
A ampliação do conceito de patrimônio tornou possível à preservação de
bens de caráter imaterial, como previsto na Constituição Federal de 1988, mais
especificamente no artigo 216, onde se define o que deve ser considerado
como Patrimônio Cultural Brasileiro. Os incisos I e II se referem particularmente
a “bens de caráter imaterial, as formas de expressão, os modos de criar, fazer
e viver”. O artigo institui também bens de caráter material, como obras de arte,
documentos, objetos, conjuntos arquitetônicos e arqueológicos, entre outros.9
Com essa ampliação da noção de patrimônio adotada pela Constituição
e a consequente inserção de bens intangíveis na lista de bens que
caracterizam a cultura brasileira, o processo de preservação que se dava
somente pelo tombamento precisou se adequar. Ainda que o bem imaterial
possa produzir materialidade, a sua importância está no conhecimento
transmitido de geração em geração, e não cabe o tombamento como forma de
preservação. Buscando atender as necessidades desta nova tipologia de
patrimônio, o IPHAN coordenou estudos que resultaram na publicação do
Decreto nº. 3.551, de 04 de agosto de 2000, que institui o Registro de Bens de
Natureza Imaterial e cria o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial (PNPI)
8 Patrimônio Histórico. Memória. In: SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique.
Dicionário de conceitos históricos. 2.ed. São Paulo: Contexto, 2009. p. 324-328. 9 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do
Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988.Art. 215 e 216. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
7
que estabelece instrumentos adequados para reconhecimento e salvaguarda
de bens culturais imateriais10.
10
IPHAN. Decreto nº 3.551, de 4 de agosto de 2000. Institui o Registro de Bens Culturais de natureza imaterial que constituem patrimônio cultural brasileiro, cria o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial e dá outras providências. Disponível em:
http://portal.iphan.gov.br/portal/baixaFcdAnexo.do?id=295
8
2. SALVAGUARDA DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO
2.1 BRASIL
A mais antiga ferramenta de proteção do Patrimônio vigente no país é o
Decreto Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937 que proíbe a destruição de bens
culturais tombados, colocando-os sob a vigilância do IPHAN. Para um bem ser
tombado e inscrito em um dos quatro livros tombos instituídos pelo Decreto
(Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico; Livro do Tombo
Histórico; Livro do Tombo das Belas Artes; e Livro do Tombo das Artes
Aplicadas), o mesmo deverá passar por um processo administrativo no
Instituto.
Já no estado do Paraná, a legislação de proteção do patrimônio é a Lei
Estadual 1.211/195311, gerido pela Coordenação de Patrimônio Cultural da
Secretaria de Estado da Cultura. Assim como a legislação federal, estabelece
que um bem tombado deve ser inscrito em um dos quatro livros tombos
instituídos pela Lei (Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico;
Livro do Tombo Histórico; Livro do Tombo das Belas Artes; e Livro do Tombo
das Artes Aplicadas).
O processo de tombamento pode ser feito para o bem:
cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a
fatos memoráveis da história do Paraná, quer por seu excepc ional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico, assim como os monumento naturais, os sítios e paisagens que importa
conservar e proteger pela feição notável com que tenham sido dotados pela natureza ou agenciados pela indústria humana.
12
A decisão final para o tombamento se dá pela análise e parecer
Conselho Consultivo da Divisão do Patrimônio Histórico e Artístico e Cultural do
11
PARANÁ. Lei Estadual 1.211/53, de 16 de setembro de 1953. Dispõe sobre o patrimônio
histórico, artístico e natural do Estado do Paraná. Disponível em:
http://www.patrimoniocultural.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=5
12 PARANÁ. Lei Estadual 1.211/53, de 16 de setembro de 1953. Dispõe sobre o patrimônio
histórico, artístico e natural do Estado do Paraná. Disponível em:
http://www.patrimoniocultural.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=5
9
Paraná, presidido pelo Secretário Estadual de Cultura, podendo ser realizado
de forma voluntária ou compulsória.
De forma voluntária, o tombamento acontece a partir da solicitação do
proprietário, sendo o bem revestido das características necessárias para seu
registro, analisada então pelo Conselho Consultivo que delibera sobre sua
inscrição ou não em um dos livros Tombo instituídos. Pode acontecer também
quando o proprietário receber notificação para ser realizada a inscrição de seu
bem e o mesmo anuir por escrito a essa notificação.
De forma compulsória, o tombamento segue os procedimentos descritos no
Art.8º da Lei 1.211/1953, abaixo citados:
Artigo 8º - O tombamento compulsório se fará de acordo com o seguinte processo: 1) - A Divisão do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural notificará o
proprietário para anuir ao tombamento, dentro do prazo de quinze (15) dias a contar do recebimento da notificação, ou para, se o quiser impugnar, oferecer dentro do mesmo prazo as razões de sua
impugnação. 2) - no caso de não haver impugnação dentro do prazo assinado, que é fatal, o diretor da Divisão do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do Paraná proferirá decisão a respeito, dentro do prazo de
sessenta (60) dias, a contar de seu recebimento. Dessa decisão não caberá recurso. 3) - Se a impugnação for oferecida dentro do prazo assinado, será o
processo remetido ao Conselho Consultivo da Divisão do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do Paraná que proferirá decisão a respeito, dentro do prazo de sessenta (60) dias, a contar do seu
recebimento. Dessa decisão não caberá recurso.
A referida Lei prevê ainda restrições adotadas para os bens tombados a
fim de salvaguardá-los. Dentre os quais destaca-se o direito de preferência na
compra do bem tombado pelo Estado quando o mesmo for posto à venda. O
proprietário deverá comunicar o Estado e oferecê-lo pelo mesmo preço, tendo
então o Estado o prazo de trinta dias para comunicar a compra ou não.
Qualquer transação que seja realizada não seguindo estes critérios será
considerada nula, sendo então o bem sequestrado pelo Estado e aplicada
multa de 20% do valor do bem ao comprador e vendedor.
Outro aspecto interessante de se destacar trata da indisponibilidade
financeira do proprietário para realizar obras de conservação e restauro do
bem, devendo o mesmo comunicar à Divisão do Patrimônio Histórico, Artístico
e Cultural do Paraná a situação. Neste caso fica então o Estado como
responsável pela execução das obras. Destaca-se abaixo o Art 16º e seus
respectivos parágrafos:
10
Artigo 16 - O proprietário da coisa tombada, que não dispuser de recursos para proceder às obras de conservação e reparação que a mesma requer, levará ao conhecimento da Divisão do Patrimônio
Histórico, Artístico e Cultural do Paraná a necessidade das mencionadas obras, sob pena de multa correspondente ao dobro da importância em que for avaliado o dano sofrido pela mesma coisa.
§ 1º - Recebida a comunicação, e consideradas necessárias as obras, o Diretor da Divisão do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do Paraná mandará executá-las, às expensas ao Estado,
devendo as mesmas serem iniciadas dentro do prazo de seis meses, ou providenciará para que seja feita a desapropriação da coisa. § 2º - A falta de qualquer das providências previstas no
parágrafo anterior, poderá o proprietário requerer que seja cancelado o tombamento da coisa. § 3º - Uma vez se verifique haver urgência na realização de obras e
conservação ou reparação em qualquer coisa tombada, poderá a Divisão do Patrimônio Histórico e Cultural do Paraná tomar a iniciativa de projetá-las e executá-las. às expensas do Estado,
independente da comunicação a que alude este artigo, por parte do proprietário (grifo nosso).
Poderia este artigo trazer uma brecha para o proprietário solicitar o
“destombamento” do bem? Tendo em vista o custo das obras de restauro e
conservação, a dificuldade do Estado arcar com as despesas desta
intervenção, o desinteresse por parte dos proprietários de possuir um bem
tombado (altos custos de manutenção e também as inúmeras restrições que
acompanham tais bens), o “destombamento” pode ser um desejo do
proprietário.
Com esta conjuntura, cabe pensar que mesmo os bens que hoje são
tombados correm o risco de perderem sua chancela de patrimônio e deixarem
de existir fisicamente, deixando apenas os registros de sua existência em um
tempo passado.
2.2 ARAUCÁRIA
A Lei Nº 2.970/201613 dispõe sobre a Política Municipal de Patrimônio
Cultural do Município de Araucária, criando também o Conselho Municipal do
Patrimônio Cultural (COMPAC) e o Fundo Municipal do Patrimônio Cultural de
Araucária (FUMPAC).
13
ARAUCÁRIA. Lei Municipal 2.970/2016, de 30 de março de 2016. Dispõe sobre a Política
Municipal do Patrimônio Cultural do Município de Araucária, cria o Conselho Municipal do
Patrimônio Cultural – COMPAC e o Fundo Municipal do Patrimônio Cultural de Araucária –
FUMPAC. Disponível em: http://www.araucaria.pr.gov.br/grp/uploads/publicacao/30164.pdf
11
A proteção ao patrimônio de Araucária recebeu atenção legislativa no
período muito recente. Ao contrário da legislação estadual, Araucária protege
tanto as manifestações da cultura imaterial como da cultura material. No que
tange ao patrimônio imaterial a preservação se dá através do seu registro e
Araucária segue as diretrizes estabelecidas no Decreto Federal nº 3.551 de 04
de agosto de 2000, que criou Programa Nacional do Patrimônio Imaterial e
também da Resolução nº 1 do IPHAN, de 03 de agosto de 2006 que
complementa o Decreto 3.551/2000.
Outro aspecto distinto desta legislação se dá quanto aos livros de
registro para o Patrimônio Material:
1. Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico: destinado a
inscrever o patrimônio natural, arqueológico e etnográfico;
2. Livro do Tombo de Bens Arquitetônicos: destinado a inscrever os
monumentos, edificações e conjuntos arquitetônicos;
3. Livro do Tombo de Bens Móveis: no qual serão inscritos os acervos de
museus, obras de arte, coleções particulares, públicas, peças isoladas
de propriedade identificada, documentos raros de arquivos, mapas,
cartas, plantas, fotografias e demais bens de interesse histórico.
São para o Patrimônio Imaterial:
1. Livro de Registro dos Saberes: no qual serão inscritos os conhecimentos
e modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades;
2. Livro de Registro das Celebrações: no qual serão inscritos rituais e
festas que marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do
entretenimento e de outras práticas da vida social;
3. Livro de Registro das Formas de Expressão: no qual serão inscritas
manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas;
4. Livro de Registro dos Lugares: no qual serão inscritos mercados, feiras,
santuários, praças e demais espaços onde se concentram e reproduzem
práticas culturais coletivas.
Essa legislação, recentemente aprovada ainda está em fase de
regulamentação, não tendo sido ainda aplicada a nenhum patrimônio cultural
da cidade. A exposição aqui projetada espera ser executada já com a lei em
12
vigência e espera inaugurar a aplicação da lei para salvaguardar o patrimônio
local, como demonstraremos.
Neste âmbito as solicitações de registro ou tombamento podem vir de
qualquer cidadão, proprietário ou não do bem, entidades organizadas,
Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (SMCT) e pelo COMPAC, e deverá
ser instruída com:
1. identificação do requerente, incluindo no mínimo nome, endereço
completo, telefone e e-mail;
2. justificativa evidenciando a importância histórico-cultural do bem que se
pretende tutelar;
3. dados da localização e descrição pormenorizada do bem, incluindo
fotografia;
4. referências documentais e/ou bibliográficas disponíveis.
O pedido deverá ser protocolado no Protocolo Geral da Prefeitura
Municipal de Araucária, localizado na Rua Pedro Druszcz, 111, Centro, no
Espaço do Cidadão e direcionado à SMCT. Quando o pedido for recepcionado
pela SMCT a mesma o encaminhará ao COMPAC que procederá com a
análise e parecer.
A partir da instrução do pedido o processo corre de acordo com o
procedimentos instaurados na Seção II, Artigos 16 ao 28 da referida Lei. A
análise caberá ao COMPAC, órgão colegiado com a participação direta da
sociedade civil na Administração Pública. Por sua composição paritária entre
poder público e sociedade civil, organiza-se da seguinte forma, de acordo com
o Regimento Interno publicado através do Decreto 30.470/201614:
Art. 3º. O COMPAC, órgão integrante da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (SMCT), terá a seguinte composição:
I. 02 (dois) representantes da SMCT; II. 01 (um) representante da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA);
III. 01 (um) arquiteto efetivo do poder público municipal; IV. 01 (um) servidor efetivo do poder público municipal, com habilitação em História, indicado pela SMCT;
14
ARAUCÁRIA. Decreto Municipal 30.470/2016, de 06 de dezembro de 2016. Aprova o
regimento interno do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural – COMPAC, e revoga o
Decreto Municipal nº 16.364/2001. Disponível em:
http://www.araucaria.pr.gov.br/grp/uploads/publicacao/DECRETO_30.470-16_1481215210.pdf
13
V. 05 (cinco) membros da sociedade civil, não pertencentes ao poder público municipal, indicados pelo Conselho Municipal de Política Cultural.
§ 1º. Os representantes citados nos incisos I a IV deste artigo, serão indicados pelos Secretários Municipais das suas respectivas pastas. § 2º. As pessoas indicadas devem demonstrar interesse na defesa e
preservação e salvaguarda do patrimônio cultural e natural do Município. § 3º. O Presidente e o Vice-Presidente do COMPAC, escolhidos
dentre os conselheiros nomeados, serão eleitos pelo período de um ano e meio, respeitando a alternância entre o poder público e a sociedade civil nas duas funções.
a. Sempre que o Presidente for representante do poder público, o Vice-Presidente será da sociedade civil. Da mesma forma, sempre que o Presidente for representante da sociedade civil, o Vice-
Presidente será do Poder Público Municipal.
Cabe ressaltar a presença da sociedade civil neste Conselho, ocupando
inclusive a presidência e vice-presidência, respeitando a alternância de poder.
Como o Conselho é de caráter deliberativo cabe a ele a decisão sobre
tombamentos e registros no Município, trazendo para esta decisão também os
membros da sociedade civil, não ficando apenas a cargo do poder público e
governos vigentes a chancela de um bem como patrimônio.
Outro mecanismo de fomento ao patrimônio criado pela legislação é o
FUMPAC, gerido pela SMCT e fiscalizado pelo COMPAC. De acordo com o
Artigo 10º, as receitas a serem destinadas ao fundo poderão ser provenientes
de:
I. dotações do orçamento do Município;
II. repasses e transferências de fundos nacionais e estaduais;
III. recursos provenientes de empréstimos externos e internos;
IV. contribuições e doações de pessoas físicas ou jurídicas, entidades de
organismos de cooperação nacionais ou internacionais;
V. produto das multas e taxas aplicadas com base nesta lei;
VI. rendimentos provenientes da aplicação de seus recursos;
VII. quaisquer outros recursos ou rendas que lhe sejam destinados.
Estes recursos serão destinados, de acordo com o Artigo 9º, à ação
educativa e pesquisas referentes ao patrimônio cultural, execução de serviços,
obras de manutenção e reparos dos bens pertencentes ao patrimônio cultural,
assim como a sua aquisição, na forma a ser estipulada em regulamento,
regulamento este que ainda está sendo editado pelo Conselho. Tendo em vista
14
estas possibilidades, este projeto de exposição poderia pleitear futuramente
seu financiamento junto ao FUMPAC.
Esta forma de financiamento ainda não pode ser utilizada para o projeto,
haja vista que o processo de regulamentação do FUMPAC ainda não está
concluído e também pelo fato de o proponente, autor do projeto, ocupar a
cadeira de vice-presidente do COMPAC até o mês de dezembro de 2017 e em
seguida, a partir de janeiro de 2018 até junho de 2019 o cargo de presidente do
mesmo. Outra forma de pleitear recursos no município para a realização desta
exposição seria através dos editais do Fundo Municipal de Cultura, instituído
pela Lei 2.411/201115 que institui o Sistema Municipal de Cultura de Araucária,
do qual o referido fundo é componente. Porém o proponente também se
encontra impedido de pleitear recursos desta forma, haja vista que o
proponente também cumpre mandato como Conselheiro de Cultura e membro
da Comissão de Elaboração de Editais deste Fundo até junho de 2018.
Cabe ressaltar que todo este projeto de preservação e salvaguarda do
patrimônio em Araucária está em consonância com os projetos de salvaguarda,
incentivo para criação de museus e instituições de memória a nível nacional.
15
ARAUCÁRIA. Lei Municipal 2.411/2011, de 09 de dezembro de 2011. Dispõe sobre o
Sistema Municipal de Cultura de Araucária, conforme especifica. Disponível em:
http://snc.cultura.gov.br/media/LEI%202.411_11%20Sistema%20Municipal%20de%20Cultura%
20de%20Arauc%C3%83%C2%A1ria.pdf
15
3. HISTORIOGRAFIA ARAUCARIENSE
A cidade de Araucária é citada brevemente em alguns trabalhos sobre
história do Paraná, como por exemplo, o livro História do Paraná, de Ruy
Wachowicz, que também se dedicou a trabalhos que tratam da história do
município, conforme veremos adiante. As pesquisas específicas sobre a
história de Araucária são ainda incipientes, sendo que as referências principais
são os livros da coleção editada pela Prefeitura Municipal de Araucária, sob a
coordenação da SMCT. Além desta coleção, podemos citar também como
pertinentes ao que tange à história local, os trabalhos de Cezar Trauczynski e
Rui e Romão Wachowicz. Um breve mapeamento desta produção,
explicitando temas e abordagens é importante para este projeto.
Um importante trabalho no que tange à História de Araucária foi escrito e
publicado em 1975 por Romão Wachowicz. A Saga de Araucária tem como
característica de escrita um tratamento mais romantizado da história da cidade,
já explicitado na sua introdução.
Em 1970, o Prefeito Rizio Wachowicz determinou que se procedesse
à coleta do material histórico referente a este município visando a “salvar aquilo que ainda existe”. Graças ao seu estímulo, tornou-se possível a publicação do livro “A Saga de Araucária”. A história
escrita outrora com a foice, a enxada e o arado está agora enfaixada em forma de livro. Para que isso se tornasse possível, visitamos, na medida do possível, todas as localidades no nosso município,
sociedades escolares e não escolares, igrejas, casas paroquiais, cemitérios... Entrevistamos pessoas que tinham condições de reconstituir o passado, e até um enviado especial fez uma visita ao
Arquivo Nacional no Rio de Janeiro, o que é atestado pelo clichê do documento de 1823. Graças às contínuas solicitações feitas pelo prefeito no programa da
Prefeitura da Rádio Cambiju, a população sabia que se tratava de história e apresentava-se em trazer informações. Foram-nos fornecidos restos de livros de atas, vestígios de um passado secular.
Além disso, a população informava de boa vontade tudo que estivesse dentro do alcance da sua memória. Havia quem subisse aos sótãos e raspasse cal das vigas para ler a data da fundação de
uma sociedade-escola, que no seu tempo funcionou como centro irradiador de cultura e progresso. Alguns conseguiram fazer tais descobertas.
16
16
WACHOWICZ, Romão. A saga de Araucária . Curitiba: Vicentina, 1975. p. 07.
16
O livro aborda as dificuldades do imigrante logo da sua chegada na
região de Araucária, bem como com o desbravamento da mata fechada para
loteamento da região e a implantação da colônia Tomás Coelho, o trabalho e
relação com a terra e os aspectos culturais de suas vidas.
O primeiro grupo de imigrantes foi localizado nos pântanos, nas proximidades da atual estação férrea de Barigui. Os imigrantes,
amontoados em barracas de pano, esperavam durante longas semanas pelas medições de terras. As enchentes do Rio Barigui, o ar sufocante, os mosquitos e a falta de higiene provocaram uma
epidemia de tifo, tanto em Barigui como em Tomas Coelho. Esta peste, por nada amenizada, é também confirmada pelo Sr. José Kudlawiec, um velhinho de 96 anos. Os mortos eram sepultados no
cemitério de São Miguel. Quando faltou espaço no cemitério, foi inaugurado um novo nas proximidades da propriedade do Sr. Mikosz. Nesse cemitério provisório, hoje em dia existe apenas um tronco de
pau-de-bugre, semi-destruído pelo tempo e pelo fogo, mal vegetando, a lembrar-nos os tristes dias de um passado em que os imigrantes, no país dos sonhos, em vez de encontrarem uma migalha de
felicidade, sepultavam-se no sertão selvagem. (Um perito em serviços de cemitério, o Sr. Estefano Wach, feitas as medidas dos dois cemitérios e tomando como base a área ocupada por um túmulo,
chegou à conclusão de que é possível que o tifo tenha ceifado cerca de 500 pessoas). Os que sobraram tiveram que enfrentar enormes dificuldades para
agora se livrarem da morte pela fome. [...] A selva opôs resistência e lançou mão de todas as forças escondidas para a sua defesa, soltando de seus esconderijos contra os intrusos,
como de uma trela: cobras, vespas, mosquitos e o pau-de-bugre, do qual os intrusos inchavam e sofriam uma coceira de atormentar, enquanto a pele queimava como coberta de brasas.
17
O discurso sobre o desbravador e os pioneiros na ocupação da região
tem nesse texto um importante papel. Cabe ressaltar que Romão não possuía
formação acadêmica como historiador, já Ruy Christovam Wachowicz, seu
filho, formou-se em História pela Universidade Federal do Paraná em 1961,
onde também lecionou a partir de 1971, e também contribuiu com a produção
historiográfica araucariense.
Tomás Coelho: uma Comunidade Camponesa, de Ruy Wachowicz,
publicado em 1976, também vai tratar da colônia de imigrantes assim como o
trabalho de seu pai, porém com um olhar mais detalhado sobre a colônia e os
seus desdobramentos. Nesta obra identificamos o tratamento mais acadêmico
do assunto a partir das características da escrita e também do trabalho com as
fontes, dentre as quais figuram os relatórios do Presidente da Província
17
WACHOWICZ, Romão. A saga de Araucária . Curitiba: Vicentina, 1975. p. 56-58.
17
Adolpho Lamenha Lins e também documentos paroquiais. Cabe ressaltar que
esta produção está ligada às comemorações do centenário de fundação da
Colônia e a sua publicação é patrocinada pela Prefeitura de Araucária na
gestão de Rizio Wachowicz, descendente de polonês e incentivador da cultura
polonesa no município.
Os três primeiros livros da coleção História de Araucária foram
respectivamente: Agricultura e Indústria: A memória do trabalho em
Araucária; Os espaços de lazer em Araucária; Mestres, alunos e escolas: A
memória do ensino em Araucária. A pesquisa foi realizada com auxílio da
historiadora Dra. Roseli Boschilia sendo publicados entre os anos de 1990 e
1997.
Estes trabalhos se mostram importantes para a construção de uma
história do município, citado apenas de maneira indireta em outras pesquisas.
A coleção fez um importante resgate da memória local, disponibilizando aos
leitores um material rico pela presença de inúmeras entrevistas e depoimentos
que foram coletados durante a pesquisa, além das fotografias que representam
o tempo e os espaços de outrora trazendo também para a produção local a
história oral e o caráter memorialista. Também traçam caminhos para a história
a partir dos pontos de vista do trabalho, do ensino e do lazer dos munícipes;
O quarto livro da coleção, intitulado Da madeira ao aço: A
industrialização de Araucária, tem como responsável pelo texto e editoração o
historiador Dr. Renato Augusto Carneiro Junior, atuando também na pesquisa
junto com a historiadora Vergínia Barcik. Este livro possui muitas similaridades
com o primeiro livro da Coleção, tendo em vista que aborda as mesmas
temáticas como, por exemplo, as fase da exploração da madeira, da erva-mate,
as indústrias de palhões, indústrias alimentícias (Fábrica de Massa de Tomate
Torres) e as indústrias de beneficiamento de linho (Companhia São Manoel e
São Patrício), utilizando-se inclusive do mesmo material iconográfico para
abordagem destes temas. As entrevistas citadas no trabalho também haviam
sido realizadas pela Roseli Boschilia para os trabalhos de edição dos demais
volumes da coleção, o que acaba por reforçar na obra Da madeira ao aço
alguns traços de similaridade.
Aspecto de maior diferença deste volume é a abordagem de aspectos
mais recentes da industrialização do município como a criação da Refinaria
18
Presidente Getúlio Vargas - REPAR e da CIAR (Centro Industrial de Araucária).
O quinto livro da coleção, A construção de uma história: a presença
étnica em Araucária, também com texto e pesquisa de Roseli Boschilia, trata
da presença da figura dos imigrantes na construção da história araucariense, e
eis que este é um dos temas mais recorrentes quando se trata da produção
historiográfica do município. Não há como negar a importância do processo
imigratório na cidade e muito menos o impacto que estes grupos trouxeram ao
se instalar no município: os avanços tecnológicos no campo com novas
técnicas e maquinários, novas línguas e expressões culturais, formas de viver,
técnicas de construção e uma outra infinidade situações.
A abordagem sobre o papel das diversas etnias na formação de
Araucária parece fazer um contraponto importante a um discurso político que
enfatiza a identidade de Araucária com os processos migratórios de grupos
poloneses. As demais etnias ficam esquecidas, colocadas em segundo plano
enquanto a descendência e afirmação polonesa ressalta sobre as demais.
Ao longo desse trabalho procurou-se desenhar o mosaico construído
pelos diferentes grupos étnicos que vêm povoando a região de
Araucária, desde o período pré-cabralino até os dias atuais,
utilizando-se o viés cronológico como fio condutor da narrativa. 18
Roseli Boschilia aborda neste livro o quanto os demais grupos de
imigrantes, ucranianos, alemães, japoneses, franceses, espanhóis, e etc,
também colaboraram com o desenvolvimento econômico, político e cultural do
município. Ressalta também com propriedade que
algumas lacunas ainda permanecem na reconstrução da história do
município, devido, sobretudo à ausência de documentação oficial sobre a presença de grupos minoritários e mesmo de outras etnias, como a dos alemães e italianos que vieram espontaneamente para o
município. De igual modo, pouco se sabe sobre os grupos mais antigos, compostos por indígenas, portugueses e africanos, cujas marcas,
ainda presentes nos hábitos e costumes, evidenciam o intenso
18
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal de. A construção de uma história: a presença étnica
em Araucária. Araucária: Prefeitura Municipal de Araucária, 2004. (Coleção história de
Araucária ; v. 5). p. 119.
19
processo de trocas culturais entre os grupos formadores da população.
19
O último livro da coleção, Saberes de Araucária, trata o patrimônio
imaterial do município. Resultado de um trabalho de pesquisa que realizou
inúmeras entrevistas, produziu fotografias e vídeos entre os anos de 2010 e
2012, contou também com a nossa participação enquanto mediador cultural no
Museu Tingüi-Cuera. O texto foi produzido pelas historiadoras e funcionárias da
secretaria de cultura, Cristiane Perretto e Luciane Czelusniak Obrzut. Este
trabalho faz parte da incipiente política de salvaguarda do patrimônio imaterial
do município, buscando dar visibilidade e importância às tradições que são
transmitidas entre as gerações e permanecem até hoje. Aspecto importante
que cabe ressaltar, é que no mesmo período que está sendo realizada esta
pesquisa e editado este livro, a secretaria de cultura já se debruçava sobre a
criação de uma lei de salvaguarda do patrimônio cultural araucariense que só
veio a ser promulgada em 2016 sob o número 2.970/2016.
Outra produção presente no cenário historiográfico araucariense é uma
coletânea organizada pela Prefeitura Municipal de Araucária de biografias
escritas por Cezar Trauczynski e que foram publicadas no jornal “Folha de
Araucária” entre os anos de 1992 e 1999. Embora o autor não seja um
historiador e a obra tenha um cunho memorialista, o livro Personagens de
Araucária em gente que fez, gente que faz traz um importante resgate de
personagens da história local. As 59 biografias de munícipes e da família
Michel, proprietária de cerâmica, torna-se referência para conhecer um pouco
mais sobre estes personagens da história local. Trauczynski não era
historiador, se formou em contabilidade na Escola Técnica do Comércio do
Paraná e atuou como Fiscal de Rendas entre os anos de 1942 a 1974.
Com base neste breve levantamento sobre a produção que trata da
História de Araucária podemos constatar que a mesma possui um caráter em
grande parte memorialista, de resgate e construção da história local, com
destaque para o trabalho de Roseli Boschilia que serve de base para outras
19
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal de. A construção de uma história: a presença étnica
em Araucária. Araucária: Prefeitura Municipal de Araucária, 2004. (Coleção história de
Araucária ; v. 5). p. 08.
20
produções que venham a tratar do assunto. Trabalho este que além de
colaborar para a escrita da história local, também colaborou para o
fortalecimento do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres fornecendo ao
mesmo mais materiais provenientes do trabalho de pesquisa desenvolvido e
também à fruição e produção de conhecimento a partir de seu acervo.
21
4. EXPOSIÇÕES - BREVES REFLEXÕES
O Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) afirma que uma exposição
surge da intenção de se comunicar um tema, um acervo, uma coleção, a obra
de um artista, um recorte conceitual, uma posição política ou ideologia social
para um público apreciar.20
Porém, uma exposição não deve ser entendida apenas como um
suporte, mas sim um meio de tradução de conteúdos que reunidos e
articulados compõem uma narrativa ao visitante que a percorre. É neste
sentido que Bebel Abreu, no capítulo 221 de sua dissertação de mestrado
intitulada Expografia brasileira contemporânea: Rio São Francisco
navegado por Ronaldo Fraga (2014), abordará a exposição, suas relações
com o público e também as suas mais variadas formas de construção.
A exposição é,
uma atividade de natureza interdisciplinar, uma vez que depende de conhecimentos de várias áreas, relacionados e conectados,
buscando compreender o tema em sua complexidade e construir uma narrativa que tenha uma unidade. Assim, a exposição não é apenas o suporte, mas a tradução de conteúdos reunidos e articulados de
modo a fazerem sentido para quem a percorre.22
Abreu já no início deste capítulo traça uma classificação quanto às
exposições segundo alguns aspectos:
Quanto à natureza:
Exposições comerciais: são aquelas relacionadas à apresentação
de produtos e serviços de uma organização ou segmento; estes
tipos de exposições também podem ser designadas de feiras.
20
INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS. MUSEU E TURISMO: ESTRATÉGIAS DE
COOPERAÇÃO. BRASÍLIA, DF: IBRAM, 2014. p.25-27 Disponível em:
http://www.museus.gov.br/wp-content/uploads/2013/12/Museus_e_Turismo.pdf
21 ABREU, Bebel. Expografia brasileira contemporânea: Rio São Francisco navegado por
Ronaldo Fraga / Isabel Frota de Abreu. – São Paulo, 2014. p. 53-109. Disponível em:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16136/tde-27062014-151154/pt -br.php
22 ABREU, Bebel. Expografia brasileira contemporânea: Rio São Francisco navegado por
Ronaldo Fraga / Isabel Frota de Abreu. – São Paulo, 2014. p. 55. Disponível em:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16136/tde-27062014-151154/pt -br.php
22
Exposições institucionais: são aquelas que tratam de apresentar a
história e missão das entidades a quais estão relacionadas;
possuem caráter didático e informativo.
Exposições culturais: acontecem geralmente em museus, centros
culturais e espaços públicos tem como objetivo informar, entreter
e educar, entre outros objetivos; estas exposições também
podem ser designadas de mostras.
Quanto à duração:
Longa duração: são aquelas que abordam temas mais amplos e
geralmente apresentam e sintetizam as coleções dos museus.
Temporárias: são aquelas que permitem a abordagem de recortes
menores e a abordagem de temas mais específicos e atuais
permitindo uma maior dinamização do acervo, agregando até
mesmo materiais que não compõe o acervo próprio da instituição,
permitindo uma maior fruição destes.
Itinerantes: são aquelas organizadas para saírem dos espaços
museológicos alcançando o público em outras instâncias,
divulgando o trabalho das instituições, estimulando a curiosidade
do público e promovendo a abordagem de temas específicos.
Quanto ao conteúdo:
Antropologia e Etnografia
Arqueologia
Artes Visuais
Ciências Naturais e História Natural
Ciência e Tecnologia
História
Imagem e Som
Virtual
Biblioteconômico
Documental
Arquivístico
23
Vale a pena o destaque neste ponto enfatizando que as exposições
podem reunir em um só projeto vários conteúdos que possam colaborar para o
entendimento e difusão do tema e recorte proposto.
Quanto ao tratamento expográfico:
Cubo Branco: neutraliza o espaço e traz como destaque o objeto
exposto. Tratamento dado principalmente às exposições de arte.
Grafismo Cenográfico: quando os elementos gráficos (cores,
revestimentos, painéis, mapas, textos, sinalizações, etc) podem
estar até mais presente que o próprio acervo.
Caixa Preta: a criação de ambientes para contar a história,
deslocando o visitante para outro espaço o imergindo no universo
proposto. Assemelha-se aos recursos cenográficos do teatro e
cinema.
Tecnologia e Interatividade: a possibilidade de interação do
visitante com a exposição a partir de meios tecnológicos,
tornando o visitante um agente ativo e não apenas observador da
mostra.
Escolhido o tema da exposição o organizador/curador deverá construir o
projeto traçando um conceito para a mostra, elencando o recorte a ser
abordado, sua natureza, duração e tratamento expográfico. Inicialmente, a
preocupação com o espaço da exposição é fundamental haja vista que esta
condicionante pode limitar ou expandir o projeto.
Outros elementos que devem ser levados em consideração segundo
Abreu são os recursos disponíveis (financeiros, de pessoal, tempo para
montagem e tempo de permanência da exposição, etc). Abreu toma como
análise principal de sua tese as “exposições narrativas” que vão possuir como
característica um tratamento cenográfico na sua apresentação, característica
esta que também é comum a proposta apresentada neste projeto.
Caberá a expografia da exposição, que nada mais é que o projeto
arquitetônico/cenográfico de uma exposição, transformar o conceito inicial em
mensagem a ser captada pelo visitante, captura esta que não deve depender
exclusivamente de mediação por parte de uma terceira pessoa. A exposição
em si deve possuir textos claros e simples, não subestimando a capacidade do
24
visitante, mas possibilitando um entendimento mais claro da narrativa
apresentada.
Fator que colabora para o entendimento e captação da mensagem da
exposição é o percurso que deve ser pensado para a visitação da mesma,
seguindo uma ordem lógica, cronológica ou outra relacionada ao tema e que
possibilite ao visitante compreender o assunto de maneira mais clara possível.
O percurso também pode ser livre, desde que cada nicho ou espaço expositivo
não interfira no entendimento dos demais.
O percurso é uma funcionalidade fundamental de um projeto
expográfico, e está intrinsecamente relacionado tanto ao espaço dado do edifício quanto ao espaço a ser projetado, tudo isso aliado aos parâmetros narrativos do conteúdo.
23
Outro item importante é o projeto gráfico da exposição que deve
permear não apenas o espaço expositivo mas deve estar presente e ser
correspondente aos materiais de divulgação criando a identidade visual da
exposição. Títulos, textos de apresentação, créditos e legendas devem seguir
um padrão gráfico proporcionando similaridades.
Abreu traz para a discussão ao final deste capítulo de sua dissertação o
quanto atualmente o foco das exposições tem se deslocado da valorização dos
acervos para a experiência do público. O aspecto principal de uma exposição
torna-se a comunicação entre o público e tema e é importante fornecer
informações claras e contextualizações para possibilitar que o visitante absorva
sempre a maior parte da proposta.
Deve-se levar em consideração que a absorção não será igual para
cada visitante, haja vista que cada um vem com suas bagagens pessoais e de
vivência possibilitando não conhecimentos maiores ou menores, mas
conhecimentos distintos sobre o assunto.
Pontos como possibilidades de interação do visitante com a exposição e
de acessibilidade a visitantes com deficiências físicas devem ser levadas em
consideração na concepção e montagem de exposição, haja vista que estes
aspectos trazem maior fruição ao projeto e possibilidades de maior alcance.
23
ABREU, Bebel. Expografia brasileira contemporânea: Rio São Francisco navegado por
Ronaldo Fraga / Isabel Frota de Abreu. – São Paulo, 2014. p. 88. Disponível em:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16136/tde-27062014-151154/pt -br.php
25
Cada vez mais se procura estimular a atividade: em lugar de uma experiência passiva, as exposições narrativas contemporâneas buscam uma fruição ativa, e, que a leitura das diversas camadas do
conteúdo dependem da ação do indivíduo, cada vez mais um editor do conteúdo da exposição, ao invés de simples leitor. Esta experiência, aliada ao seu próprio repertório, resulta no que, de fato o
visitante vai levar daquele encontro.24
Ulpiano T. Bezerra de Meneses em seu texto Do teatro da memória ao
laboratório da História: a exposição museológica e o conhecimento histórico
(1994)25 também corrobora com a ideia de que uma exposição não pode ser
fruída em sua totalidade apenas com uma mediação de um monitor. Propõe
que uma exposição deve ser pensada a partir de um núcleo básico e simples a
partir do qual se expandem camadas relacionadas a ele.
Para Meneses os objetos de uma exposição seriam então suportes de
significações que a própria exposição propõe com um conceito, mesmo que
implícito, no princípio organizativo da exposição, o que impede a exibição
neutra ou literal de artefatos.
Ainda segundo Meneses, a tendência mais comum nos museus
históricos trata da fetichização dos objetos ora expostos.
Inserida numa dimensão de fenômenos históricos ou sociais, a
fetichização tem que ser entendida como deslocamento de atributos do nível das relações entre os homens, apresentando-os como derivados dos objetos, autonomamente, portanto “naturalmente”. Ora,
os objetos materiais só dispõem de propriedades imanentes da natureza físico-química: matéria prima, peso, densidade, textura, sabor, opacidade, forma geométrica, etc. etc. etc. Todos os demais
atributos são aplicados às coisas.26
Caberia então aos museus incluir estes objetos-fetiche no seu quadro de
análises e operações buscando trilhar um caminho inverso da fetichização,
partindo do objeto para a sociedade.
24
ABREU, Bebel. Expografia brasileira contemporânea: Rio São Francisco navegado por
Ronaldo Fraga / Isabel Frota de Abreu. – São Paulo, 2014. p. 69. Disponível em:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16136/tde-27062014-151154/pt -br.php
25 MENESES, Ulpiano T. Bezerra de. Do teatro da memória ao laboratório da História: a
exposição museológica e o conhecimento histórico. In.: Anais do Museu Paulista. São Paulo.
N. Ser. v.2 p.9-42 jan./dez. 1994.
26 MENESES, Ulpiano T. Bezerra de. Do teatro da memória ao laboratório da História: a
exposição museológica e o conhecimento histórico. p. 27. In.: Anais do Museu Paulista. São
Paulo. N. Ser. v.2 p.9-42 jan./dez. 1994.
26
Meneses traz um aspecto interessante tendo em vista que o projeto
proposto neste trabalho visa ocupar um espaço expositivo de um museu
histórico. Segundo ele o museu transforma objetos históricos em documentos
históricos e seria então o museu responsável por sua coleta, preservação,
estudo e difusão destes documento. Segundo ele,
A exposição verdadeiramente histórica é aquela em que a comunicação dos documentos, por sua seleção e agenciamento, permite encaminhar inferências sobre o passado - ou melhor, sobre a
dinâmica - da sociedade, sob aspectos delimitados, que conviria bem definir, partir de problemas históricos. Inferências são abstrações, que não emanam da materialidade dos objetos, mas de argumento
dos historiadores, referindo-se a propriedades materiais “indiciárias” desses objetos e a informações sobre suas trajetórias.
27
Tendo em vista estes aspectos caberia ao museu histórico a função de
aguçar a consciência crítica e não ser apenas um repositório e expositor de
acervo, mas também a função de transformar estes objetos em documentos
históricos.
A partir das discussões destes dois autores, este projeto propõe
organizar uma exposição cultural, temporária, histórico-documental-
iconográfica, com tratamento expográfico relacionado ao grafismo cenográfico.
Corroborando com o pensamento de Ulpiano Bezerra de Meneses,
estabeleceu-se como o núcleo da proposta o patrimônio edificado
araucariense. A partir deste núcleo desdobra-se para as construções que serão
apresentadas ao visitante e por fim, cumprindo o papel de a exposição não ser
apenas um suporte, mas sim um meio de formação de conhecimento e
pensamento crítico, a exposição convida o visitante a entender o patrimônio
como tal e também a colaborar com a salvaguarda dos mesmos por meio do
processo de tombamento e também da contribuição com o arquivo documental
da cidade, ainda incipiente, instigando o visitante a fornecer ao Arquivo
Histórico Archelau de Almeida Torres materiais iconográficos que possua sobre
a cidade.
27
MENESES, Ulpiano, T. Bezerra de. Do teatro da memória ao laboratório da História: a
exposição museológica e o conhecimento histórico. p. 39. In.: Anais do Museu Paulista. São
Paulo. N. Ser. v.2 p.9-42 jan./dez. 1994.
27
5. “DE PEDRA E CAL: MEMÓRIA E PATRIMÔNIO ARAUCARIENSE NO
SÉCULO XXI” – PROJETO EXPOSITIVO
A discussão teórica, o levantamento da legislação pertinente ao tema e
o atual momento em que à cidade de Araucária está discutindo à Lei
2.970/2016 servem como subsídio para a construção do projeto de exposição
intitulada “DE PEDRA E CAL: Memória e patrimônio araucariense no século
XXI”, cujo objetivo é trazer para o ambiente de discussão da cidade a questão
do tombamento e sensibilizar a população quanto à importância do patrimônio
material do município, tornando-a agente de resgate desse patrimônio e
construtores de sua própria memória.
A exposição pretende tratar de 5 edificações listadas como unidades de
interesse de preservação pela Divisão de Patrimônio da SMCT, e que agora,
com a edição da Lei 2.970/2016, após a conclusão da sua regulamentação,
passarão por processos de tombamento a serem instaurados pelo COMPAC.
Além disso, pretende incentivar a população a conhecer um pouco mais da
história da cidade através destas construções e identificarem nelas memórias a
serem preservadas, para que o tombamento se torne a finalidade por trás do
processo de identificação local, e não o meio. Que se tombe por conhecer, e
não que se tombe para conhecer.
Cabe ressaltar que 4 dos bens que serão abordados são propriedade
pública, apenas 1 deles é propriedade privada, porém já tombada por processo
instaurado no âmbito estadual. Pretende-se com isso buscar conscientizar a
população que, quando, alguma propriedade particular passe por processo de
tombamento o proprietário não perderá seus direitos sobre o bem, tão pouco o
bem passará a ser propriedade pública, mas que ele se torna então um protetor
deste fragmento de memória que sobreviveu ao crescimento urbano.
Em um dos nichos da exposição pretende-se propor o tombamento de
uma das construções, convidando o visitante a dar anuência com o processo
em um abaixo assinado que será encaminhado a SMCT, direcionado ao
COMPAC, para que seja anexado ao processo de tombamento do bem,
fazendo com que a população se identifique também como agente ativo destes
processos.
28
As 5 edificações selecionadas para compor a exposição, por serem em
sua quase totalidade imóveis públicos, já são conhecidos por grande parte da
população araucariense, porém, o antigo uso das mesmas e o que as torna
patrimônio seriam os pontos a serem conhecidos pelos visitantes.
A pesquisa de material iconográfico para compor os painéis se deu no
Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres, localizado na Avenida Dr. Vitor
do Amaral, 352, no centro da cidade de Araucária. No mesmo arquivo pudemos
pesquisar fontes escritas e entrevistas que falam das construções ou do
entorno.
O arquivo abriga toda a documentação histórica do município e um dos
seus problemas é a falta de profissionais e recursos financeiros destinados
pela administração pública para gestão, trabalho e melhor organização do
mesmo. Sente-se principalmente a falta de um programa de catalogação que
facilitasse as buscas e acesso ao material, ou ao menos informações
superficiais dos mesmos para os interessados. A catalogação de novas fontes
que chegam até o arquivo e também a revisão de todo o material catalogado e
arquivado também seriam medidas importantes para facilitar as buscas por
parte dos pesquisadores. Mesmo com todas as dificuldades de infraestrutura, o
material se encontra preservado e acondicionado dentro das condições
possíveis.
Com esta exposição pretende-se também conscientizar a população
para que possam contribuir com o acervo do Arquivo, quer seja com material
iconográfico, textual, ou com entrevistas que possam ser concedidas, a fim de
enriquecer ainda mais o acervo e à memória da cidade.
Dos 4 painéis realizados as maiores dificuldades na obtenção de
material iconográfico foi sobre a Fábrica de Massa de Tomate Torres e o
Memorial da Imigração Polonesa, cujas fotos são apenas de períodos mais
recentes.
A pesquisa que resultou em uma quantia mais significativa de materiais
foi justamente da Casa do Cavalo Baio da família Charvet, cujos proprietários
eram mais abastados. É um acervo bastante rico e preservado que registra o
cotidiano da família nas suas propriedades em Araucária ou em suas viagens.
Há também imagens das dependências da Companhia São Patrício, da qual a
família Charvet era proprietária.
29
Sintomática também foi a pesquisa realizada na Hemeroteca Digital da
Biblioteca Nacional que resultou em 65 ocorrências quando da busca pelo
termo “Alfred Charvet” apenas em periódicos do Estado do Paraná, em sua
grande maioria resumindo-se a convocações para as Assembleias e publicação
de Atas da Companhia São Patrício, sendo também encontradas publicações
de cunho social, haja vista a atuação de Alfred Charvet como Cônsul Belga.
Mudando a busca para os periódicos de São Paulo, estado de origem da
família antes de se mudarem para Araucária, encontramos 5 ocorrências,
citando apenas Alfred Charvet como passageiro da empresa de Aviação VASP.
O projeto de exposição ora proposto visa ocupar a Sala de Exposição
Cezar Trauczynski, no Museu Tingüi-Cuera de Araucária, localizado a Rua
Ceará, 65, Iguaçu. Tendo em vista as exposições realizadas neste espaço,
este projeto torna-se diferenciado no caráter visual e expositivo, haja vista a
confecção de grandes painéis que receberão textos e imagens, ao invés dos
tradicionais banners e/ou impressões em papéis comuns e de grandes
proporções. Cabe ressaltar que o padrão seguido para as exposições já
executadas no espaço é reflexo dos recursos limitados destinados pela SMCT.
A sala possui uma área de ocupação expositiva de 10 metros por 10,
tendo algumas especificidades, como por exemplo a existência de 2 colunas de
sustentação no meio da sala, uma divisória em aramado que forma um
corredor para isolar as portas de acesso aos banheiros, além de existirem
também, fixadas ao teto, algumas roldanas da antiga Fábrica de Massa de
Tomate Torres que funcionava no local na década de 1940. A proposta tem
caráter piloto e, se bem sucedida, poderia incluir ampliação para outros
espaços do mesmo local abordando outras edificações.
30
Sala de Exposição Cezar Trauczynski, Museu Tingüi-Cuera
Foto: Robson Luan da Silva Juraski, 29 de outubro de 2017
Sala de Exposição Cezar Trauczynski, Museu Tingüi-Cuera
Foto: Robson Luan da Silva Juraski, 29 de outubro de 2017
Sala de Exposição Cezar Trauczynski, Museu Tingüi-Cuera
Foto: Robson Luan da Silva Juraski, 29 de outubro de 2017
31
Sala de Exposição Cezar Trauczynski, Museu Tingüi-Cuera
Foto: Robson Luan da Silva Juraski, 29 de outubro de 2017
A exposição seria composta por 7 painéis formados por 3 compensados
náuticos, seguindo as seguintes proporções conforme modelos abaixo:
Painel 01:
Croqui painel 01. Dimensões: 25cm de largura x 2m de comprimento x 2,25m
de altura
32
Painel 02, 03, 05 e 07
Croqui painel 02, 03, 05 e 07
Abas laterais: 1,5m de largura x 2,25m de altura Aba central: 3m de largura x 2,25m de altura
Observação: estes painéis são quase autoportantes: as abas laterais devem
ser afixadas com cantoneiras metálicas para evitar movimentos e preservar a
estrutura.
Painel 04 e 06:
Croqui painel 04 e 06 Abas laterais: 1,5m de largura x 2,25m de altura Aba central: 2,5m de largura x 2,25m de altura
Observação: Estes painéis deverão ter afixados no verso da aba central bases
para apoiá-lo. As abas laterais poderão ser fixadas com dobradiças a fim de
que seu ângulo de abertura se ajuste ao espaço expositivo.
33
Croqui painel 04 e 06
Cada um dos painéis seria composto por: texto escrito com breve
histórico do bem; foto principal e imagens da edificação, bem como pequenos
textos com depoimentos. Sendo organizados da seguinte forma:
Painel esquerdo: breve histórico da edificação;
Painel central: foto principal da edificação;
Painel direito: imagens da edificação e relacionadas a ela e depoimentos, todos
dispostos em porta-retratos de tamanhos disformes.
A disposição visual dos textos e imagens respeitará áreas que fiquem
confortáveis para que o visitante possa apreciar o painel. Sendo assim estes
materiais estarão aplicados nos painéis respeitando as seguintes medidas
conforme modelos abaixo:
34
Croqui disposição de imagens As abas centrais dos painéis receberão a imagem nas áreas 50cm do nível do
chão até os 25cm finais de sua altura
Croqui disposição de textos e fotografias
As abas laterais dos painéis receberão os textos e fotografias secundárias nas áreas a partir de 90cm do nível do chão até os 25cm finais de sua altura.
35
A organização gráfica do painel 01 se dará da seguinte forma:
● Frente: texto de abertura e apresentação
● Verso: convite ao visitante a colaborar com a História do Município
A organização gráfica dos painéis 02, 03 04, 05 e 06 se dará da seguinte
forma:
● Aba esquerda: histórico do bem
● Aba central: foto principal
● Aba direita: fotos secundárias e depoimentos, quando houver,
emoldurados em quadros de tamanhos e formas distintas
A organização gráfica do painel 07 se dará da seguinte forma:
● Aba esquerda: ficha técnica
● Aba central: montagem com fotos dos patrimônios apresentados
● Aba direita: apoios e patrocínios
A disposição geral dos painéis no espaço expositivo e o percurso a ser
percorrido pelo visitante podem ser vistos na planta abaixo:
Planta baixa com indicação do percurso.
36
Dentre os painéis produzidos, o que trata o Museu Tingüi-Cuera contém
um nicho ao seu lado com um livro para coleta de assinaturas, convidando,
assim, os visitantes a contribuírem para o processo de tombamento da
construção.
A temática de cada painel e os textos/imagens selecionados estão
apresentados a seguir, organizadas a partir da numeração de cada painel.
37
● Painel 01 - Frente
DE PEDRA E CAL: MEMÓRIA E PATRIMÔNIO ARAUCARIENSE NO
SÉCULO XXI
De pedra e cal, sobre tijolos, concreto e aço erigiu-se morada, caminho e
progresso. Erigiu-se nas dependências e no entorno vida social e familiar, o
que outrora era apenas mais uma construção, torna-se memória, torna-se
patrimônio; fragmentos e recortes de um passado que se faz presente para nos
dizer o indizível, para recordar o que jamais será revivido, para nos lembrar do
que somos e de onde viemos.
“Patrimônio”, segundo as definições de dicionários é tido como herança, bens
de família e o vemos como algo que recebemos de nossos antepassados, no
âmbito familiar, restrito a um pequeno grupo. Porém quando classificamos um
bem, seja ele material ou imaterial, como patrimônio cultural essa herança
passa a pertencer a um grupo maior, e no caso desta exposição, passa a
integrar a memória do município de Araucária.
Muito além do que construções de pedra e cal que sobreviveram aos avanços
do tempo e do progresso, constituem-se patrimônio não apenas edificado, pois
sobrevivem também pequenos fragmentos de memórias do que se passou no
entorno e no contexto em que estas construções estão inseridas. Hoje são
vestígios e fragmentos de um passado, possibilitando nos identificarmos com
algo em comum: a nossa História.
Em busca de garantir que esses fragmentos continuem presentes em nosso
meio são criadas leis para sua preservação. No âmbito municipal contamos
com a recente criação da Lei do Patrimônio (Lei nº 2970/2016) que visa a
proteção e salvaguarda do Patrimônio Cultural do Município, e com ela o
desafio: antes de instituir-se legalmente como Patrimônio, instituir-se como tal
perante a sociedade.
Para isso é necessário conhecer, seja bem vindo...
38
● Painel 01 - Verso
SALVADORES DA MEMÓRIA
Esta exposição foi construída a partir de fragmentos de memórias e do
passado que sobreviveram aos avanços do tempo graças a um importante
repositório e protetor.
O Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres, localizado na Avenida
Doutor Vitor do Amaral, 352, criado em 1996, é o responsável pela salvaguarda
do acervo documental e histórico do município. Como a História e o passado
são fontes inesgotáveis, este acervo cresce constantemente e você pode
colaborar com isto, já que também faz parte desta história..
Caso possua fotografias, vídeos, cartas, jornais etc. que registrem a
cidade, eventos, fatos, construções, entre outros registros de quaisquer
temporalidades, entre em contato com os profissionais do Arquivo para que
sejam realizadas cópias e o acervo possa crescer ainda mais.
Seja você também um salvador de memórias e colabore com a
formação da História da cidade de Araucária.
39
● Painel 02
Aba esquerda: Histórico
CASA DO CAVALO BAIO
A única construção tombada pelo Patrimônio Estadual no Município foi à
Casa do Cavalo Baio, salva a pedido da família Charvet, atual proprietário do
edifício. Por conta da criação da Avenida Archelau de Almeida Torres e para
que a mesma não possuísse desvios em sua rota, seria necessária a
demolição da Casa, fato este que motivou o pedido bem sucedido de
tombamento: o trajeto da avenida teve de ser desviado e a construção
permanece em seu local.
Construída em 1870 pela família Suckow, teve como engenheiro
responsável Walter Joslin, preservando características centro-europeias na
construção: alvenaria de tijolos e embasamento em alvenaria de pedra,
edificada no alinhamento da rua, com um pavimento, sótão e porão. O
assoalho do primeiro piso é feito de tábuas largas e do sótão em tábua com
mata junta. Cobertura em duas águas, com telhas alemãs.
Este imóvel foi por muito tempo um estabelecimento comercial, onde
trocavam-se mercadorias que vinham em carroças e tropas e eram negociadas
entre colonos e comerciantes.
Em 1943 a propriedade foi vendida para a abastada família Charvet de
descendência francesa que se instalou na região e dominou grande parte da
segunda fase de industrialização do município marcada pela a produção de
linho.
Envolto neste contexto de produção industrial, a família Charvet residia na
Casa conhecida como “Casa do Cavalo Baio”, que recebeu essa designação,
segundo Maria Luiza Charvet, esposa de Alfred Charvet, pelo motivo de que a
família possuía muitos cavalos que ficavam ao lado da casa, sendo que um
deles se destacava pelo porte e beleza; era um cavalo baio que passou a servir
de referência para o local.
40
Painel central:
Casa do Cavalo Baio, 1950
Aba direita: Memórias
Família Charvet, 1958
41
Companhia São Patrício, década de 1950
O Cavalo Baio, sem data
42
Funcionários da Companhia São Patrício, sem data
Funcionários da Companhia São Patrício, década de 1950
43
Operárias da Companhia São Patrício em Baile de Operários, década de 1940
Maria Luiza Charvet e filhos Ivo e Marco, sem data
44
Família Charvet na inauguração do Hospital São Vicente de Paulo, 1946
Alfred e Maria Luiza Charvet, sem data
45
Foto de Casamento em frente a Casa do Cavalo Baio, sem data
“Comecei a trabalhar na Companhia São Manoel com 11 anos. Tinha mais ou
menos 100 empregados. Os homens pegavam a palha e colocavam nuns
tanques com água onde ficava alguns dias. Depois a palha era estendida num
estaleiro para secar (...). Aí era feita a malhação, a palha era amarrada e
levada para outra seção. Aí as mulheres quebravam os feixes e batiam para ter
a fibra. Depois era feita a penteação (...). No começo eu trabalhava na
quebradeira, mas o trabalho das crianças era desfiar a palha. Trabalhava das
7h às 11h30 e das 13h às 17h45 (...). Com 14 anos comecei a trabalhar na
batedeira e um ano depois fui registrada (...). Quando eu tinha 21 anos,
comecei a trabalhar na Companhia São Patrício, como tecelão. Nessa época
tinha mais ou menos 200 empregados. A maior parte dos funcionários eram
mulheres. Alguns homens trabalhavam como contramestres e outros faziam o
transporte dos fardos (...). Tinha quatro ou cinco teares e a gente trabalhava
em dois turnos com revezamento semanal, das 5h às 13h30 e das 13h30 às
22h (...). O salário era pago mensalmente de acordo com o rendimento do
trabalho. Se o maquinário estragasse o rendimento era menor (...). Era a única
indústria onde as mulheres podiam trabalhar. Se perdesse aquele emprego
ficava sem trabalho.”
Terezinha L. Pinto, 25 de outubro de 1989
46
● Painel 03
Aba esquerda: Histórico
MEMORIAL DA IMIGRAÇÃO POLONESA
Construída no final do século XIX pela família Gurski no lugar de uma
das tradicionais casas de troncos encaixados, construção característica de
imigrantes poloneses, a casa situa-se na região central da Colônia Thomaz
Coelho, criada em 1876, pelo então presidente da Província do Paraná, Adolfo
Lamenha Lins, seguindo a política de imigração para o Brasil e também os
planos para a criação de um cinturão verde no entorno de Curitiba, a fim de
que o mesmo fosse responsável pelo abastecimento agrícola da capital.
Com a criação da Colônia estabelecerem-se na região numerosas
famílias de imigrantes, em sua grande maioria poloneses, que transformaram a
região que de início possuía apenas a mata fechada em grandes campos de
plantio. Não se pode deixar de destacar também as inovações tecnológicas
para a produção agrícola, como o arado e as carroças trazidas pelos imigrantes
poloneses.
Em 1990 grande parte da região da Colônia é desapropriada para a
criação da Represa do Passaúna obrigando muitos moradores a deixarem a
região. Algumas das casas típicas polonesas que haviam na região foram
removidas e atualmente se encontram no Bosque do Papa, em Curitiba, no
Parque Cachoeira (Aldeia da Solidariedade e Casa do Artesanato), em
Araucária, mas muitas ficaram embaixo d’água.
Com o objetivo de preservar a memória da região, a Prefeitura de
Araucária, no dia 24 de abril de 1995, desapropriou amigavelmente parte do
terreno em que estava situada a casa e também uma capelinha construída em
1894 que se situa ao lado da casa. Cabe lembrar que esta mesma capelinha foi
restaurada e tombada no início da década de 1980 através do Decreto
Municipal 2.583/1981, visando sua proteção e preservação.
47
Painel central:
Memorial da Imigração Polonesa, sem data
Aba direita: Memórias
Miguel e Maria Gurski e filhos, sem data
48
Memorial e Capelinha, sem data
Capelinha, sem data
49
Foto do Cinquentenário da Imigração Polonesa no Brasil, 1922
Coro de Natal na Igreja de São Miguel, 1985
50
Grupo União Juventus em frente a Igreja de São Miguel, 1986
Casa de troncos encaixados de João Obrzut, sem data
51
Encenação de Casamento Polonês no Memorial da Imigração Polonesa, sem
data
Memorial da Imigração Polonesa, sem data
52
● Painel 04
Aba esquerda: Histórico
CASA DA CULTURA
Um dos últimos casarões de outrora preservados na Praça Dr. Vicente
Machado, a atual Casa da Cultura teve sua construção iniciada em 1887 a
mando do pároco da cidade Padre José Soya e concluída em 1895.
De início a construção serviu como Casa Paroquial e também como
capela para atender os ofícios religiosos da cidade enquanto era construída a
igreja matriz, no mesmo endereço onde hoje se encontra o atual Santuário
Nossa Senhora dos Remédios. Com o falecimento do Padre Soya em 1904, a
casa passou para novos proprietários até ser adquirida em 1924 por Reynaldo
Alves Pinto do proprietário Bernardo Valentini.
Reynaldo Alves Pinto, filho de imigrantes portugueses que se instalaram
inicialmente em Curitiba, teve em Araucária uma longa carreira política como
vereador entre os anos de 1955 e 1969, sempre ocupando a presidência da
Câmara. A história da Casa também se relaciona com a história política do
município pois na década de 1970 a construção abrigou a câmara de
vereadores.
Em 28 de janeiro de 1981 a casa é tombada pelo decreto municipal
2582/198 e em setembro de 1991 a construção passa a ser sede da Secretaria
Municipal de Cultura Esporte e Turismo. Devido às condições e problemas da
casa, a mesmo foi interditada no ano de 2005, sendo reaberta apenas em 05
de julho de 2010 abrigando novamente a sede da então Secretaria Municipal
de Cultura e Turismo. Nesta data também é inaugurada a sala de exposições
Reynaldo Alves Pinto, homenageando um de seus antigos proprietários.
53
Painel central:
Casa da Cultura, 1895
Aba direita: Memórias
Casa da Cultura, década de 1980
54
Desfile de Carnaval, 1924
Praça Dr. Vicente Machado, Casa da Cultura aos fundos, década de 1920
55
Praça Dr. Vicente Machado, Casa da Cultura aos fundos, década de 1970
Praça Dr. Vicente Machado, década de 1910
56
Praça Dr. Vicente Machado, década de 1920
Praça Dr. Vicente Machado, década de 1936
57
Construção da nova Igreja Matriz, 1958
Praça Dr. Vicente Machado, década de 1930
58
Padre Soya, sem data
Vista da Praça Dr. Vicente Machado, década de 1970
59
● Painel 05
Aba esquerda: Histórico
PONTES METÁLICAS
Em 1880 o “Caminho das Tropas” que ligava a região da Lapa a capital
e litoral paranaense é percorrido pelo Imperador D. Pedro II em sua passagem
pela província do Paraná, fato este que levou o caminho a ser conhecido
também por “Estrada do Imperador”.
Ainda neste período uma das grandes dificuldades encontradas pelos
tropeiros era a passagem pelo Rio Iguaçu. Havia no local uma precária ponte
de madeira que foi substituída pelas Pontes Metálicas construídas entre os
anos de 1912 e 1915 que, tombadas pelo Decreto Municipal 2580/1981, foram
reconhecidas como patrimônio do município.
Porém, o local que as mesmas são instaladas significou para a região
algo muito além de apenas um caminho de passagem para viajantes. A região
das margens do Rio Iguaçu eram um dos importantes espaços de lazer do
município, que destacando-se pelo seu porte, vegetação, águas calmas e
cristalinas, atraíam os moradores para pescarias, piqueniques, passeios de
barco e banhos de rio.
60
Painel Central:
Pontes Metálicas, 1914
Aba direita: Memórias
Homem de barco no Rio Iguaçu, ao fundo Ponte Metálica, década de 1940
61
Construção das bases das Pontes Metálicas, 1910
Família Trauczynski, 1945
62
Família sobre a Ponte Metálica, 1977
Ponte Metálica, 1914
63
Bernardo e Alfredo Basso, década de 1940
Ponte Metálica, década de 1940
64
Ponte Metálica, sem data
Ponte Metálica, 1914
65
“Com águas cristalinas e límpidas e sem a poluição de hoje, o rio Iguaçu se
constituiu num dos pontos mais atrativos do passado, das famílias
araucarienses e de visitantes de Curitiba (...). Na época de verão esse local,
próximo à primeira ponte metálica, era bastante frequentado e tornava-se um
ponto de atração turística, dada a quantidade de banhistas que se
aglomeravam no local.”
César Trauczynski, sem data
“No verão a gente ia tomar banho no Iguaçu; pegava seu sabonete, sua toalha.
Uma água que dava pra beber, uma água limpa. A gente via os peixes de tão
limpo que era o rio.”
Reinaldo Alves Pinto, sem data
“De vez em quando nós íamos no rio, entrávamos na água, vinha o pessoal de
Curitiba nos visitar, eles gostavam muito do Iguaçu. Então nós íamos, todos
entravam na água, tomávamos banho.”
Aurora Pizzato Fruet, sem data
“[Os pescadores] vinham de Curitiba e de outros municípios vizinhos. Nos
domingos, dias santos e feriados, o movimento se concentrava todo na beira
dos rios, principalmente o Iguaçu, onde os peixes existiam em abundância.”
César Trauczynski, sem data
66
● Painel 06
Aba esquerda: Histórico
MUSEU TINGÜI-CUERA
FÁBRICA DE MASSA DE TOMATE TORRES
O antigo prédio situado no Parque Cachoeira, abrigou a partir de 1943 a
Fábrica de Massa de Tomate Torres, de propriedade de Archelau de Almeida
Torres, descendente de imigrantes espanhóis.
A fábrica empregava em torno de 20 funcionários, além de movimentar
também a produção de pequenas fabriquetas, haja vista que também adquiria
a massa de tomate e pimentão dos pequenos produtores.
Com o represamento do rio que corre nos fundos da fábrica, criou-se a
oportunidade de mover o maquinário com energia hidráulica a partir do
funcionamento de uma roda d’água, que ainda se encontra preservada, e
também de uma máquina a vapor para movimentar as polias do maquinário da
fábrica. Algumas destas polias ainda estão afixadas no teto do primeiro
pavimento do prédio.
No piso superior da fábrica encontravam-se a seção de embalagem,
com elevadores feitos de polias, o almoxarifado, sala de encaixotamento, o
escritório e uma rampa para o carregamento feito pelo Expresso São Paulo,
duas a três vezes por semana. A produção era enviada para o interior do
Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Em meados da década de 1950, a concorrência das grandes empresas
de capital estrangeiro tornou inviável a comercialização dos produtos nos
principais centros consumidores. A Indústria ainda tentou durante algum tempo
diversificar a produção entrando na linha de conservas alimentícias e doces de
frutas, mas não obteve sucesso.
Em 1960, com a morte do Sr. Archelau, seu filho Ubirajara Torres deu
prosseguimento à produção de doces por aproximadamente quatro anos
quando a fábrica encerrou as atividades.
67
Painel central:
Fachada do Museu, década de 1980
Aba direita: Memórias
Fachada do Museu, década de 1980
68
Fábrica de Massa de Tomate Torres, seção de cozimento, sem data
Fábrica de Massa de Tomate Torres, seção de lavagem, sem data
69
Fábrica de Massa de Tomate Torres, depósito, sem data
Fábrica de Massa de Tomate Torres, seção de embalagens, sem data
70
Anúncio, sem data
71
Pedalinho e ao fundo Museu, sem data
O processo de preparação da massa de tomate
Os frutos depois de bem lavados em duas ou três águas, eram
colocados em tachos, para cozinhar. Após o cozimento eram transferidos para
a refinadora de massa, onde se fazia a separação das polpas, das sementes e
cascas. Em seguida eram colocados em tachos com sal e levados aos fornos
para apuração durante 3 horas em média. O mesmo processo usava-se para o
pimentão, sendo que neste, primeiramente, retiravam-se os cabinhos, com
auxílio dos filhos do Sr. Archelau, ainda crianças.
“Dos 12 aos 19 anos, trabalhei em diversas fábricas de massa de tomate.
Muitos colegas da escola também trabalhavam nessas indústrias. Eram quatro
fases distintas: plantio, colheita, lavagem e preparação das frutas e preparação
da massa. Contratavam muitas crianças para a colheita (mais ou menos umas
cinco por semana). Também trabalhavam na colheita pessoas idosas que
orientavam o trabalho. A gente ganhava 500 réis por dia. Trabalhávamos das 6
horas da manhã até anoitecer, parava uma hora para o almoço. Em dia de
chuva, a gente ia para o galpão descascar milho. Depois de colhidos, os frutos
eram levados em carroças até a fábrica. As mulheres e crianças passavam o
72
dia retirando os “cabinhos” do pimentão. Existiam tachos grandes onde eram
colocados os frutos, já lavados, para ferver. Depois disso, a massa passava por
um funil onde eram separadas a pele e a semente (manualmente). Depois que
a massa de tomate saía do funil, voltava para o tacho para apurar durante 4
horas. Para mexer a massa enquanto estivesse mole usava-se um rodo de
mais ou menos três metros; depois usava-se a pá (mais ou menos um e meio
metro). Quando a massa estava na consistência adequada, após a colocação
do sal, o tacho era retirado pelas alças (usando uma vara comprida) por dois
homens e dali a massa ia para grandes caixas de madeira e armazenadas num
depósito. Para a comercialização a massa era colocada em caixas menores.
Nas fábricas menores os filhos auxiliavam os pais e empregados.”
João Biscaia, 30 de outubro de 1989
73
● Painel 07
Aba esquerda: Apoio e realização
Nesta aba do painel serão dispostas as marcas e logos dos
patrocinadores e apoiadores deste execução do projeto.
Painel central:
Nesta aba do painel serão dispostas de maneira assimétrica as fotos
principais de cada construção
DE PEDRA E CAL: MEMÓRIA E PATRIMÔNIO ARAUCARIENSE NO
SÉCULO XXI
74
Aba direita: Ficha Técnica
Concepção e Curadoria
Robson Luan da Silva Juraski
Montagem
Projeto Gráfico
Textos e pesquisa
Robson Luan da Silva Juraski
Mediação Cultural
Museu Tingüi-Cuera
Fontes de Pesquisa
Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres
Coleção História de Araucária
O presente projeto de exposição não possui projeto gráfico expositivo
definitivo, porém, para melhor ilustrar a proposta visual dos painéis, segue
adiante uma proposta para execução dos mesmos.
75
76
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com vistas à exposição que trata este projeto, a futura execução do
mesmo teria como justificativa a precursão dos trabalhos de tombamento a
serem executados pelo COMPAC, apresentando aos munícipes a questão
legislativa recente em vigor, além de se tornar uma exposição com formato de
realização e execução completamente distintos das mostras realizadas no
município.
Este projeto de exposição vem então corroborar o pensamento de Bebel
Abreu de que as antigas montagens de exposições tinham como objetivo à
valorização dos acervos, mas hoje o deslocamento é para à experiência do
público. E também as reflexões de Ulpiano T. Bezerra de Meneses que aborda
a exposição não apenas como suporte, mas sim como um meio de
comunicação ativa entre uma proposta e o visitante, trazendo para o papel
central não os objetos ou fotografias apresentadas, mas sim a função do
visitante/cidadão na identificação e concepção de uma construção como
patrimônio cultural da cidade.
Parte também da questão do papel social desta exposição ao tratar do
tema proposto no sentido de apresentá-lo à população tendo em vista as
transformações que acontecerão no meio social e cultural do município em
decorrência da aplicação da Lei 2.970/2016.
A realização deste trabalho proporcionou uma análise mais crítica da
recente legislação sancionada no município de Araucária no que tange às
políticas de salvaguarda do patrimônio cultural e a possibilidade de
comparação com as demais legislações pertinentes ao tema nos âmbitos
Estadual e Federal.
Com esta análise chega-se à conclusão de que a legislação municipal
conseguiu reunir em apenas um documento os mais amplos aspectos do
patrimônio cultural ao contrário das demais legislações citadas. Este questão
aponta uma possível facilidade em se trabalhar com as questões patrimoniais
no município tendo em vista o aparato legal único.
Além das observações quanto a legislação, o trabalho também propiciou
o apontamento sobre questões de organização do acervo do Arquivo Histórico
Archelau de Almeida Torres, que necessita de maior atenção por parte do
77
executivo municipal a fim da destinação de maior número de profissionais para
atuação no mesmo e também de recursos, sejam eles financeiros e também
tecnológicos, permitindo melhor organização e acondicionamento do acervo.
A realização da pesquisa bibliográfica, de fontes textuais e iconográfica
resultou na problematização da recente criação da Lei Municipal 2.970/2016 e
na elaboração do projeto de exposição, que não seria apenas um suporte, mas
sim um canal para fruição da produção historiográfica ambiente para instigar o
pensamento crítico e o papel ativo do visitante e munícipe na formação da
memória/história local.
78
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABREU, Bebel. Expografia brasileira contemporânea: Rio São Francisco
navegado por Ronaldo Fraga / Isabel Frota de Abreu. – São Paulo, 2014.
Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16136/tde-
27062014-151154/pt-br.php
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal de. Agricultura e indústria: a memória do
trabalho em Araucária. 2. ed., rev. e atual. Araucária: Prefeitura Municipal de
Araucária, 1997. (Coleção história de Araucária ; v. 1)
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal de. Os espaços de lazer em Araucária.
Araucária, Prefeitura Municipal de Araucária, 1993. 76 p. (Coleção história de
Araucária ; v. 2)
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal de. Mestres, alunos e escolas: a memória
do ensino em Araucária. 1. ed. Araucária: Prefeitura Municipal de Araucária,
1997. (Coleção história de Araucária ; v. 3)
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal de. Da madeira ao aço: a industrialização
de Araucária. Araucária: Prefeitura Municipal de Araucária, 1999. (Coleção
história de Araucária ; v. 4)
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal de. A construção de uma história: a
presença étnica em Araucária. Araucária: Prefeitura Municipal de Araucária,
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ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal de. Saberes de Araucária: causos,
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