Secretaria Federal de Controle Interno
Programa de Fiscalização
em Entes Federativos – V03º
Ciclo
Número do Relatório: 201602525
Sumário Executivo
Abadiânia/GO
Introdução
Este Relatório trata dos resultados dos exames realizados sobre cinco Ações de Governo, nas
áreas de urbanização, educação e saúde, executadas no Município de Abadiânia/GO em
decorrência da 3º Ciclo do Programa de Fiscalização em Entes Federativos. A fiscalização
teve como objetivo analisar a aplicação dos recursos federais no Município sob a
responsabilidade de órgãos e entidades federais, estaduais, municipais ou entidades
legalmente habilitadas, relativas ao período fiscalizado indicado individualmente, tendo sido
os trabalhos de campo executados no período de 16 a 19 de agosto de 2016.
Os exames foram realizados em estrita observância às normas de fiscalização aplicáveis ao
Serviço Público Federal, tendo sido utilizadas, dentre outras, técnicas de análise documental,
inspeção física, registros fotográficos, e realização de entrevistas.
As situações evidenciadas nos trabalhos de campo foram segmentadas de acordo com a
competência de monitoramento a ser realizado pela Controladoria-Geral da União.
A primeira parte, destinada aos órgãos e entidades da Administração Pública Federal -
gestores federais dos programas de execução descentralizada - apresentará situações
evidenciadas que, a princípio, demandarão a adoção de medidas preventivas e corretivas
desses gestores, visando à melhoria da execução dos Programas de Governo ou à instauração
da competente tomada de contas especiais, as quais serão monitoradas pela Controladoria-
Geral da União.
Na segunda parte serão apresentadas as situações evidenciadas decorrentes de levantamentos
necessários à adequada contextualização das constatações relatadas na primeira parte. Dessa
forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de recursos
federais, bem como dos Órgãos de Defesa do Estado para providências no âmbito de suas
competências, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das pastas
ministeriais. Esta Controladoria não realizará o monitoramento isolado das providências
saneadoras relacionadas a estas constatações.
Indicadores Socioeconômicos do Ente Fiscalizado
População: 15757
Índice de Pobreza: 38,85
PIB per Capita: 5.337,97
Eleitores: 9099
Área: 1044 Fonte: Sítio do IBGE.
Informações sobre a Execução da Fiscalização
Ações de controle realizadas nos programas fiscalizados:
Ministério Programa Fiscalizado Qt. Montante Fiscalizado
por Programa
MINISTERIO DA
EDUCACAO
Educação Básica 2 313.632,43
TOTALIZAÇÃO MINISTERIO DA EDUCACAO 2 313.632,43
MINISTERIO DA
SAUDE
Aperfeiçoamento do Sistema Único
de Saúde (SUS)
1 187.730,96
TOTALIZAÇÃO MINISTERIO DA SAUDE 1 187.730,96
MINISTERIO DAS
CIDADES
PLANEJAMENTO URBANO 2 800.000,00
TOTALIZAÇÃO MINISTERIO DAS CIDADES 2 800.000,00
TOTALIZAÇÃO DA FISCALIZAÇÃO 5 1.301.363,39
Os executores dos recursos federais foram previamente informados sobre os fatos relatados,
tendo se manifestado em 13 de outubro de 2016, cabendo ao Ministério supervisor, nos
casos pertinentes, adotar as providências corretivas visando à consecução das políticas
públicas, bem como à apuração das responsabilidades.
Consolidação de Resultados
Os resultados consolidados para as áreas de urbanização, educação e saúde são apresentados,
respectivamente, a seguir:
Em relação à aplicação dos recursos do Programa Educação Básica/Apoio à Alimentação
Escolar na Educação Básica, constatou-se que estão sendo aplicados na aquisição de gêneros
alimentícios que se destinam ao preparo de alimentação escolar para os estudantes
matriculados na rede pública de ensino. Algumas falhas foram identificadas pela fiscalização
da CGU e apontam para a necessidade de melhorias pontuais nas cozinhas das três escolas
visitadas e no depósito de alimentos da Escola Sizenando Diniz. Também se verificou a
necessidade de melhorias nos controles relativos aos procedimentos de compras,
notadamente na elaboração de pauta de compras, bem como no controle de estoque do
depósito de gêneros não perecíveis, localizado na sede da Secretaria de Educação.
Outro aspecto importante diz respeito à atuação deficiente do Conselho de Alimentação
Escolar, haja vista ter sido verificado que as prestações de contas do Pnae não são analisadas
com o rigor necessário. Além disso, o CAE não conta com Regimento Interno, os membros
não foram capacitados, não foi elaborado Plano de Ação, entre outras deficiências.
Em relação à aplicação dos recursos do Programa Educação Básica/Apoio ao Transporte
Escolar na Educação Básica, concluiu-se quanto a regular comprovação da utilização de
recursos do Pnate e a oferta de transporte escolar aos alunos do ensino básico público,
residentes em área rural no município. No entanto, foi constatada falha quanto à utilização
de veículos com inadequações e com documentação irregular.
Já em relação à aplicação dos recursos do Programa/Ação Aperfeiçoamento do Sistema
Único de Saúde (SUS)/Incentivo Financeiro aos Estados, Distrito Federal e Municípios para
a Vigilância em Saúde, concluiu-se que as ações de combate ao mosquito Aedes Aegypti, no
período de 2015 e 2016, tiveram como resultado a sensível diminuição dos índices de
infestação do município, os quais se encontram, no momento, em patamares satisfatórios.
Por fim, a avaliação da aplicação dos recursos financeiros transferidos para a execução do
objeto dos Contratos de Repasse 787274/2013 e 790545/2013 apontaram várias
inconformidades, a saber:
- Obras atrasadas por falta de recursos;
- Edital das Tomadas de Preços n° 003 e 004/2015: estabelecimento de visita técnica
obrigatória, em três datas predeterminadas, como condição de participação na licitação,
incorrendo em restrição à competitividade do certame;
- Contratos n°s 291 e 292/2015: alíquota de ISS utilizada para composição do BDI maior
que a efetivamente cobrada pelo Município de Abadiânia/GO, gerando sobrepreço de R$
6.751,03 e superfaturamento de R$ R$ 3.237,87 a preços iniciais, no contrato nº 292/2015; e
sobrepreço de R$ 11.819,49 e superfaturamento de R$ 6.513,06 a preços iniciais, no
contrato nº 291/2015;
- Contratos n°s 291 e 292/2015: sobrepreço e superfaturamento em serviços de transporte de
material;
- Contratos n°s 291 e 292/2015: sobrepreço do item 2.8 ensaio de concreto asfáltico,
gerando superfaturamento potencial (R$ 9.406,62) e efetivo (R$ 3.292,35), no contrato nº
292/2015, e potencial (R$ 17.166,83) e efetivo (R$ 10.428,87), no contrato nº 291/2015;
- Inspeção física sobre o objeto do Contrato n° 292/2015: área efetivamente recapeada
inferior ao montante medido; pontos com espessura do recapeamento inferior ao contratado;
meio-fio com dimensão menor que a contratada e deficiência técnica no pavimento
executado (falta de abaulamento);
- Contrato n° 292/2015: superfaturamento por inexecução parcial do objeto no valor de R$
28.440,98 a preços iniciais;
- Tomada de Preços n° 004/2015 e contrato decorrente (Contrato n° 292/2015):
superestimativa de quantidade de transporte comercial de brita para usinagem do CBUQ
resultando em superfaturamento no valor de R$ 7.568,56, a preços iniciais;
- Não atendimento das condições do "Programa de Apoio à Política Nacional de
Desenvolvimento Urbano no Estado de Goiás";
- Contrato de Repasse n° 787274/2013: redução de escopo licitado, sem correspondente
redução de valor, com favorecimento da única participante do certame e caracterizando
afronta ao Princípio da Isonomia;
- Contrato de Repasse n° 790545: obras atrasadas e sobreposição parcial de objeto entre os
Contratos n° 291/2015 e n° 160/2016, firmados pela Prefeitura de Abadiânia/GO;
- Tomada de Preços n° 003/2015 e contrato decorrente (Contrato n° 291/2015):
superestimativa de quantidade de transporte comercial de brita para usinagem do CBUQ
resultado em superfaturamento de R$ 11.858,22 a preços iniciais;
- Inspeção física sobre o objeto do Contrato n° 291/2015: área efetivamente recapeada
inferior ao montante medido e deficiência técnica no pavimento executado (falta de
abaulamento);
- Contrato de Repasse n° 790545/2013: redução do escopo licitado, sem correspondente
alteração de valor, com autorização pela CEF, favorecendo licitante vencedora e
caracterizando afronta ao Princípio da Isonomia;
- Não atendimento das condições do "Programa de Apoio à Política Nacional de
Desenvolvimento Urbano no Estado de Goiás".
Ordem de Serviço: 201601968
Município/UF: Abadiânia/GO
Órgão: MINISTERIO DA EDUCACAO
Instrumento de Transferência: Não se Aplica
Unidade Examinada: ABADIANIA PREF. MUN GABINETE DO PREFEITO
Montante de Recursos Financeiros: R$ 165.200,00
1. Introdução
Trata-se de fiscalização realizada no Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) sob
a responsabilidade do Município de Abadiânia/GO, no âmbito do 3º Ciclo de Fiscalização de
Entes Federativos. Foram objeto da fiscalização os repasses de recursos e as execuções
financeiras relativas ao exercício de 2015 e primeiro semestre de 2016.
Os trabalhos de campo foram realizados no período de 15 a 19 de agosto de 2016 sobre a
aplicação dos recursos do Programa 2030 – Educação Básica (8744) – Apoio à Alimentação
Escolar na Educação Básica no município de Abadiânia/GO.
A ação fiscalizada destina-se a repasse suplementar de recursos financeiros para oferta de
alimentação escolar aos estudantes matriculados em todas as etapas e modalidades da
educação básica das redes públicas e de entidades qualificadas como filantrópicas ou por
elas mantidas. Tem como objetivo atender às necessidades nutricionais dos estudantes
durante sua permanência em sala de aula, contribuindo para o crescimento, o
desenvolvimento biopsicossocial, a aprendizagem e o rendimento escolar dos estudantes.
2. Resultados dos Exames
Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito de tomada de
providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela forma de
monitoramento a ser realizada por esta Controladoria.
2.1 Parte 1
Nesta parte serão apresentadas as situações evidenciadas que demandarão a adoção de
medidas preventivas e corretivas por parte dos gestores federais, visando à melhoria da
execução dos Programas de Governo ou à instauração da competente tomada de contas
especiais, as quais serão monitoradas pela Controladoria-Geral da União.
2.1.1. Número de nutricionistas contratados abaixo dos parâmetros legais previstos
pelo Conselho Federal de Nutricionistas - CFN.
Fato
A Prefeitura Municipal de Abadiânia-GO, na contratação de nutricionistas, não segue os
parâmetros numéricos mínimos de referência, fixados no artigo 10 da Resolução nº 465, de
23 de agosto de 2010, do Conselho Federal de Nutrição-CFN.
Nas escolas do município, no exercício de 2015, estudaram 1173 alunos, conforme consulta
ao site do FNDE, em 24 de agosto de 2016. A Prefeitura conta com apenas uma
Nutricionista, que é a Responsável Técnica pelo Pnae, ao passo que, para esse quantitativo
de alunos, observando-se a citada Resolução, deveria haver mais dois nutricionistas, como
Quadro Técnico, conforme transcrição do art. 10, abaixo:
“Art. 10. Consideram-se, para fins desta Resolução, os seguintes
parâmetros numéricos mínimos de referência, por entidade executora,
para a educação básica:
Nº de alunos Nº Nutricionistas Carga horária TÉCNICA
mínima semanal
recomendada
Até 500 1 RT 30 horas
501 a 1.000 1 RT + 1 QT 30 horas
1001 a 2500 1 RT + 2 QT 30 horas
2.501 a 5.000 1 RT + 3 QT 30 horas
Acima de 5.000 1 RT + 3 QT e + 01 QT a cada
fração de 2.500 alunos
30 horas
Parágrafo único. Na modalidade de educação infantil (creche e pré-
escola), a Unidade da Entidade Executora deverá ter, sem prejuízo do
caput deste artigo, um nutricionista para cada 500 alunos ou fração, com
carga horária técnica mínima semanal recomendada de 30 (trinta)
horas.”
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº. 338/2016/GABIN, de 13 de outubro de 2016, a Prefeitura apresentou
a seguinte manifestação:
“Embora a Resolução 465, de 23 de agosto de 2010, do Conselho Federal de Nutrição –
CFN prevê (sic) para cada 500 alunos um (1) nutricionista de 30 horas semanais, o nosso
município atendia no exercício de 2015, 1173 alunos e desde 2013 com uma (1)
nutricionista concursada por 40 horas semanais, atendendo satisfatoriamente as nossas
unidades escolares, inclusive com tempo para ministrar capacitações aos servidores de
Serviços Gerais e Alimentação da Rede Municipal. No que se trata a Educação Infantil
nosso município atende apenas 250 crianças e que estão incluídas no total de alunos da
rede;”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Apesar da informação de que a Nutricionista responsável atende satisfatoriamente as
unidades escolares - ou seja, segundo a Prefeitura não há necessidade de contratar mais
profissionais de nutrição – mantém-se o registro tendo em vista que o quantitativo não está
aderente ao que dispõe a Resolução nº 465 do CFN.
##/AnaliseControleInterno##
2.1.2. Informações sobre a execução do Pnae pela Prefeitura de Abadiânia.
Fato
A atuação da Prefeitura de Abadiânia na execução do Programa Nacional de Alimentação
Escolar – Pnae foi verificada observando-se os seguintes aspectos:
a) existência de nutricionista responsável;
b) atuação do nutricionista (elaboração de cardápios, pautas de compras e testes de
aceitabilidade);
c) regularidade dos processos de aquisição dos alimentos, qualidade, entrega, pagamentos e
controles;
d) armazenagem e distribuição, observando-se as instalações da dispensa da Prefeitura
quanto a equipamentos, condições higiênicas, controle de estoque, controle de qualidade e
distribuição;
e) prestação de contas.
Quanto à existência de nutricionista, verificou-se que a profissional responsável pelo Pnae
está devidamente registrada no Conselho Regional de Nutricionistas, consta como
responsável pelo programa no site do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação –
FNDE e é servidora efetiva da Prefeitura, no cargo de Nutricionista, com lotação na
Secretaria de Educação.
Verificou-se que os cardápios elaborados contêm as informações sobre o per capita dos
alimentos utilizados no preparo, discriminados em quantidades, bem como o valor
nutricional.
Conforme documentação disponibilizada e conversas com a nutricionista responsável, bem
como com a Presidente do Conselho de Alimentação Escolar – CAE, são realizados testes de
aceitabilidade nas escolas quando há mudança nos cardápios, sendo que aquelas refeições
com aceitação baixa são retiradas da programação.
Quanto ao estoque de alimentos na Prefeitura, verificou-se que há um depósito para
armazenagem de produtos não perecíveis, na sede da Secretaria de Educação. Conforme
documento s/n entregue à equipe de fiscalização da CGU, os pedidos são feitos aos
fornecedores a cada três meses e são entregues nas escolas semanalmente, de acordo com os
estoques já existentes e quantidade de alunos.
Conforme verificado pela equipe da CGU e explicado pela nutricionista responsável, as
refeições são preparadas nas próprias escolas onde serão servidas.
Verificaram-se as instalações desse depósito, considerando-se adequadas a edificação,
cobertura, piso, ventilação, luminosidade, espaçamento entre pilhas e prateleiras e as
condições higiênico-sanitárias.
Verificou-se, ainda, que todos os produtos estocados estavam dentro do prazo de validade.
A Prefeitura não apresentou comprovantes de realização periódica de desinfestação de
insetos ou pragas relativos ao depósito localizado na sede da Secretaria de Educação. Os
comprovantes disponibilizados referem-se aos serviços de desinfestação realizados nas
escolas municipais.
Com relação à desinfestação do depósito, a Prefeitura apresentou a seguinte manifestação,
por meio do Ofício nº. 338/2016/GABIN, de 13 de outubro de 2016:
“Apresar de não ter apresentado o comprovante de realização de
desinfestação de insetos e ou pragas relativos ao depósito localizado na
SEDUC, a mesma ocorreu nos períodos e datas em que fora realizado nas
escolas municipais que consta (sic) os comprovantes, por falta de atenção, a
coordenação da Merenda Escolar não o solicitou da empresa responsável.”
No que diz respeito à Prestação de Contas do exercício de 2015, conforme comprovante
disponibilizado pela Prefeitura e consulta ao site do FNDE, em 24 de agosto de 2016,
verificou-se que foi enviada pelo Prefeito, via Sistema de Gestão de Prestação de Contas –
SiGPC, em 3 de março de 2016.
##/Fato##
2.1.3. Inadequações nas cozinhas das escolas Maria Esther Fonte Coelho, CMEI
Emília de Oliveira Nascimento e Sizenando Diniz.
Fato
Nas inspeções realizadas nas escolas Maria Esther Fonte Coelho, CMEI Emília de Oliveira
Nascimento e Sizenando Diniz, verificaram-se algumas inadequações nas condições das
cozinhas e depósitos, conforme detalhamento abaixo:
Escola Maria Esther Fonte Coelho: presença de caixa de gordura no interior da cozinha e
porta de acesso sem proteção contra a entrada de insetos, roedores e aves.
Escola CMEI Emília de Oliveira Nascimento: presença de caixa de gordura no interior da
cozinha e porta de acesso sem proteção contra a entrada de insetos, roedores e aves.
Escola Sizenando Diniz: porta de acesso sem proteção contra a entrada de insetos, roedores
e aves; ausência de telas milimétricas nas janelas; depósito de alimentos não é dotado de boa
ventilação e luminosidade (local estava quente quando foi inspecionado).
Foto – Escola Maria Esther Fonte Coelho - Porta
sem proteção, Abadiânia, 17 de agosto de 2016
Foto – Escola CMEI Emília de Oliveira
Nascimento - Caixa de gordura na cozinha,
Abadiânia, 17 de agosto de 2016.
Foto – Escola Sizenando Diniz – Depósito com
luminosidade e ventilação deficientes. Janela sem
tela milimétrica. Abadiânia, 18 de agosto de
2016.
Foto – Escola Sizenando Diniz – Porta sem
proteção, Abadiânia, 18 de agosto de 2016.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº. 338/2016/GABIN, de 13 de outubro de 2016, a Prefeitura apresentou
a seguinte manifestação:
“Até gostaríamos de ter feito todas as adequações físicas nas nossas unidades escolares, no
entanto como tivemos outras urgências, atendemos as mais necessárias. Embora haja caixa
de gorduras nas cozinhas das escolas citadas no relatório, existe uma grande fiscalização
por parte da Coordenação da Merenda Escolar em relação à limpeza e higiene das
mesmas.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
De fato, quando das vistorias às escolas, verificou-se condições adequadas de higiene.
Entretanto, mantém-se o registro, pois a administração das escolas e a nutricionista
responsável pelo Pnae devem ficar atentas à limpeza das caixas de gordura de forma a evitar
que entupam e contaminem o ambiente.
Quanto às demais inadequações, não houve manifestação da Prefeitura.
##/AnaliseControleInterno##
2.2 Parte 2
Nesta parte serão apresentadas as situações detectadas cuja competência primária para
adoção de medidas corretivas pertence ao executor do recurso federal.
Dessa forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de
recursos federais, bem como dos Órgãos de Defesa do Estado para providências no âmbito
de suas competências, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das
pastas ministeriais. Esta Controladoria não realizará o monitoramento isolado das
providências saneadoras relacionadas a estas constatações.
2.2.1. Execução financeira do Pnae no Município de Abadiânia. Atesto em Notas
Fiscais sem identificação do responsável.
Fato
Foram objeto da fiscalização realizada no Município de Abadiânia os repasses e as
execuções financeiras dos exercícios de 2015 e 2016 relativos ao Pnae.
Conforme consulta ao site do FNDE, verificou-se que foram liberados à Prefeitura de
Abadiânia, no exercício de 2015, R$ 116.840,00, montante correspondente à soma dos
repasses mensais, de março a dezembro, no valor de R$ 11.684,00. O valor referente ao mês
de dezembro foi creditado na conta corrente apenas em janeiro de 2016.
Com relação ao exercício de 2016, até o mês de junho as liberações do FNDE
corresponderam a R$ 48.360,00, montante correspondente à soma dos repasses mensais, de
março a junho, de R$ 12.090,00.
Foram analisados os extratos da Conta Corrente 52801-3, Agência 324-7 do Banco do
Brasil, relativos aos períodos citados, verificando-se que os recursos foram movimentados
por meio eletrônico e aplicados exclusivamente na aquisição de gêneros alimentícios
A execução financeira referente aos repasses totalizou, em 2015, R$105.476,44, sendo que
R$44.924,75, correspondente a 43% dos pagamentos realizados, foram aplicados na
aquisição de produtos provenientes da agricultura familiar.
No que diz respeito à execução financeira do exercício de 2016, até o mês de junho totalizou
R$ 59.767,56, sendo que R$ 31.487,60, correspondente a 52,6% dos pagamentos realizados,
foram aplicados na aquisição de produtos provenientes da agricultura familiar.
A Prefeitura apresentou as notas fiscais comprobatórias dos pagamentos realizados e
verificou-se que correspondiam à movimentação financeira da conta corrente analisada.
Esses documentos estavam atestados, porém, faltou a correta identificação do responsável
pelo atesto (nome e matrícula), bem como a identificação do Pnae.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº. 338/2016/GABIN, de 13 de outubro de 2016, a Prefeitura apresentou
a seguinte manifestação:
“No atesto das notas fiscais consta a rubrica do responsável e o número do decreto que
nomeia quem responde por aquele setor, a identificação do PNAE está expressa em
memorando de solicitação de pagamento conforme verificado pelo auditora em documentos
físicos apresentados;”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
As notas fiscais foram atestadas com rubrica, porém sem carimbo de identificação do
responsável. Ou seja, apenas a rubrica não permite a verificação de quem realizou o atesto.
Quanto à identificação do Pnae nos documentos fiscais, deve ser realizada no corpo dos
próprios documentos. A identificação no memorando de solicitação de pagamento não supre
esse requisito da prestação de contas.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.2. Não elaboração de pauta de compras para aquisição dos gêneros alimentícios.
Fato
A Prefeitura de Abadiânia não elabora pauta de compras com base no cardápio. Em resposta
a pedido de disponibilização de tal documento, foram apresentadas as seguintes
informações, por meio de documento s/n, de 11 de agosto de 2016:
“- O cardápio é planejado mensalmente e entregue as escolas com
antecedência pela nutricionista responsável.
- É entregue urna via para a responsavel por pedidos de compras e
recebimentos de mercadorias.
- A responsável organiza cronogramas que são entregue aos fornecedores com
as quantidades de cada produto perecível e a data correta para a entrega em
cada escola, de acordo com as per capitas.
- Os gêneros não perecíveis são estocados na sede da Secretaria de
Educação e seus pedidos são feitos em média a cada 3 meses, via email.
- As entregas de gêneros não perecíveis nas escolas são feitas
semanalmente de acordo com os estoques das escolas e as quantidades de
alunos.
- A cada recebimento de mercadorias a auxiliar de serviços gerais
presente no momento assina o cronourama que foi entregue ao fornecedor
pela responável pelas compras.”
Conforme se observa das informações apresentadas pela Prefeitura, o cardápio elaborado
pela Nutricionista é entregue para a responsável por pedidos de compras sem que tenha sido
elaborada a pauta de compras. Essa última organiza um cronograma de compras, entretanto,
não foi possível comprovar se os quantitativos dos alimentos apresentavam compatibilidade
com o cardápio.
Registra-se que os cronogramas e pedidos de compras haviam sido descartados (conforme
informado pela Nutricionista responsável) e foram disponibilizados para análise apenas três
requisições de produtos e um cronograma de entrega, de 15 de fevereiro de 2016.
Sendo assim, não foi possível verificar se a quantidade de alimentos planejada para ser
adquirida guardou compatibilidade com a quantidade de alunos matriculados.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº. 338/2016/GABIN, de 13 de outubro de 2016, a Prefeitura apresentou
a seguinte manifestação:
Os cronogramas são descartados a cada 6 meses por isso não foi possível verificar os do
exercício de 2015, no entanto foram apresentados os do exercício de 2016.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Conforme já constou deste item, foram disponibilizados para análise pela equipe da CGU
apenas três requisições de produtos e um cronograma de entrega, de 15 de fevereiro de 2016.
Quanto à organização das compras, verificou-se no município que a responsável pelo setor
de compras organiza as compras com base no cardápio, o que não é adequado. As aquisições
devem ter como referência uma pauta de compras que deve ser elaborada pela Nutricionista
responsável. ##/AnaliseControleInterno##
2.2.3. Ausência de controle de estoque dos produtos armazenados.
Fato
A Prefeitura de Abadiânia não implementou controle do estoque dos bens não perecíveis que
são armazenados no depósito localizado na Secretaria de Educação. Não há fichas nos lotes
ou prateleiras e fichas de arquivo com acompanhamento de entrada e saída (Primeiro que
entra Primeiro que Sai – PEPS), visando o bom gerenciamento dos produtos existentes.
Também não se identificou a existência de cronograma de distribuição dos gêneros não
perecíveis (do depósito para as escolas), bem como documento de controle dos quantitativos
expedidos para as escolas, o que inviabiliza o controle das entregas.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Não houve manifestação da unidade examinada para esse item.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a
análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.4. Emissão do parecer da prestação de contas, pelo CAE, sem evidências de que a
documentação tenha sido analisada.
Fato
O CAE analisou e aprovou a Prestação de Contas do Pnae relativa ao exercício de 2015, em
reunião realizada em 13 de abril de 2016, às 08:30h, conforme Ata de reunião
disponibilizada à equipe da CGU. Na sequência, às 09:47h do mesmo dia, o parecer foi
enviado ao FNDE, via Sistema de Gestão de Conselhos, conforme recibo de envio.
Observa-se que o tempo entre o início da reunião do Conselho e o envio do Parecer foi
muito curto para que a documentação constante da Prestação de Contas, como extratos,
notas fiscais, documentação de controle de mercadorias entregues, etc., fosse analisada com
completude e profundidade necessárias.
Registra-se que não foram disponibilizados à equipe da CGU documentos que demonstrem
que a Prestação de Contas tenha sido analisada adequadamente, apesar de existir Ata de
reunião de análise das contas do Pnae e recibo de envio do Parecer ao FNDE.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Não houve manifestação da unidade examinada para esse item.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a
análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.5. Informação sobre preparo das merendas nas escolas.
Fato
Os recursos recebidos pelo Município de Abadiânia provenientes do Pnae foram aplicados
no fornecimento de gêneros alimentícios para preparo de merenda escolar em 7 escolas
municipais, abaixo discriminadas:
Quadro: Escolas municipais do Município de Abadiânia
ESCOLA ENDEREÇO NÍVEL DE
ENSINO
QTDE
ALUNOS
Epaminondas Pereira Borges Avenida Getúlio Vargas
Bairro: Lindo Horizonte Fundamental 118
Virgílio Faleiro Rua 45, Quadra 115
Bairro: Centro
Fundamental
Pré-Escolar
125
José Sizenando Diniz Rua 04
Bairro: Lindo Horizonte
Fundamental
Pré-Escolar 128
Professora Maria Josué
Pereira
Rua Alexania
Bairro: Prolongamento I Fundamental 138
Os Pequeninos Avenida Goias, nº 510
Bairro: Setor Central Fundamental 237
Professora Maria Esther Fonte
Coelho
Rua 13 de Maio, S/N
Bairro: Centro Fundamental 245
Cmei Emília de Oliveira
Nascimento
Rua 13 de Maio
Bairro: Centro Pré-Escolar 182
Total 1173
Fonte: consulta ao site do FNDE, em 24 de agosto de 2016
Foram selecionadas para inspeção in loco as escolas Professora Maria Esther Fonte Coelho,
Cmei Emília de Oliveira Nascimento e José Sizenando Diniz.
As inspeções foram realizadas no dia 17 e 18 de agosto e, nas três escolas visitadas,
verificou-se que o armazenamento escolar, a produção e o fornecimento das merendas
estavam adequados, apesar da ocorrência de algumas falhas, relatadas em outro ponto deste
relatório. Nas análises foram consideradas as condições das instalações, bem como as
condições higiênico-sanitárias e os equipamentos utilizados na armazenagem e preparo dos
alimentos.
Também foram verificadas as condições dos trabalhadores que são alocados no preparo e
fornecimento das refeições, tendo-se constatado que, quantitativamente, são suficientes.
Além disso, receberam treinamentos da Nutricionista Responsável Técnica. Entretanto,
conforme entrevistas com os mesmos, constatou-se que não são realizados exames
periódicos de saúde.
As refeições são todas preparadas nas escolas, sendo que os alimentos são entregues
diretamente pelos fornecedores, no caso de gêneros perecíveis, e pela própria Prefeitura, no
caso de gêneros não perecíveis, para estoque de apenas uma semana. Na oportunidade das
inspeções da CGU, verificou-se que os produtos estavam adequadamente armazenados e
todos dentro do prazo de validade.
Seguem fotos das cozinhas e depósitos das escolas visitadas pela CGU:
Foto – Cozinha Escola Maria Esther Fonte
Coelho, Abadiânia, 17 de agosto de 2016
Foto – Depósito Escola Maria Esther Fonte
Coelho, Abadiânia, 17 de agosto de 2016
Foto – Cozinha Cmei Emília de Oliveira
Nascimento, Abadiânia, 17 de agosto de 2016
Foto – Depósito Cmei Emília de Oliveira
Nascimento, Abadiânia, 17 de agosto de 2016
Foto – Cozinha Escola José Sizenando Diniz,
Abadiânia, 17 de agosto de 2016
Foto – Depósito Escola José Sizenando Diniz,
Abadiânia, 17 de agosto de 2016
##/Fato##
2.2.6. Conselho de Alimentação Escolar: atuação deficiente no acompanhamento da
execução do Pnae; não possui Regimento Interno; falta de capacitação dos membros;
infraestrutura inadequada.
Fato
O Conselho de Alimentação Escolar (CAE) do Município de Abadiânia foi criado pela Lei
nº 526/2001 e sua composição foi alterada por meio do Decreto n.º 471, de 3 de dezembro
de 2013, em conformidade com o artigo 34 da Resolução nº 26/2013 do FNDE. Esse
Decreto também nomeou os conselheiros para o mandato relativo ao período de quatro anos,
contados a partir de 10 de dezembro de 2013.
Conforme atas disponibilizadas à equipe da CGU, verificou-se que a escolha dos
conselheiros representantes das entidades dos trabalhadores da educação e discentes, dos
pais de alunos e das entidades civis organizadas ocorreu por indicação dos respectivos
membros.
Com base nos exames realizados na documentação disponibilizada, foram identificadas as
seguintes falhas na gestão do CAE no Município de Abadiânia:
a) o CAE do Município de Abadiânia não possui Regimento Interno, conforme informação
prestada pela Prefeitura por meio de documento s/n apresentado à equipe da CGU;
b) os membros do CAE não receberam capacitações ou treinamentos. Por meio do
documento s/n, anteriormente citado, foi ressaltado que, apesar disso, receberam todo apoio
dos técnicos da Secretaria de Educação que mantêm contato com o Conselho;
c) atuação deficiente do Conselho no acompanhamento da execução do Pnae. Verificou-se
que não foi elaborado um Plano de Ação para os exercícios de 2015 e 2016 e, conforme
extraído de conversa com a Presidente, não são feitas reuniões nem visitas regulares às sete
escolas municipais onde são fornecidas merendas aos alunos. O CAE não atua nos processos
de licitação, na execução-físico financeira do FNDE, na verificação das condições de
armazenamento, na verificação da qualidade e quantidade dos alimentos que chegam e que
são servidos nas escolas, nem na divulgação dos recursos financeiros recebidos.
d) o CAE não conta com infraestrutura adequada para desenvolver suas atividades. A
nutricionista Responsável Técnica pelo Pnae mostrou à equipe da CGU, na visita realizada à
sede da Secretaria de Educação, em 17 de agosto de 2016, uma mesa de reuniões que é
disponibilizada ao Conselho. Além disso informou, por meio de documento s/n, de 11 de
agosto de 2016, que o CAE é apoiado no que é necessário pela Secretaria de Educação para
realização de suas atividades e que todos os membros têm acesso aos cardápios,
almoxarifados e cozinhas de todas as escolas municipais. A Presidente do CAE confirma
que a Secretaria de Educação presta esse apoio.
Entretanto, essa mesa de reuniões se encontra na varanda da parte dos fundos da casa onde
funciona a Secretaria de Educação e não proporciona as condições adequadas para a
realização dos trabalhos inerentes à atuação do CAE. Além disso, as normas do Pnae
estabelecem que o CAE deve dispor de local adequado, equipamento de informática, meio
de transporte para as visitas, etc.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº. 338/2016/GABIN, de 13 de outubro de 2016, a Prefeitura apresentou
a seguinte manifestação:
“Em relação aos conselhos de modo geral seja na saúde, FUNDEB e PNAE, etc. a
participação é deficiente não por parte da prefeitura, porém é devido aos próprios membros
dos conselhos que não tem assiduidade e compromisso com a fiscalização. Enfrentamos
muita dificuldade em montar os mesmos, pois reclamam que não ganham nada. Quanto à
infraestrutura e carro disponível para os mesmos é impossível, pois com as dificuldades
financeiras em que se encontra o município não temos recurso para adquiri-los, embora
todas as vezes que precisaram lhes foram providenciadas condições para as visitas e sala
de reunião.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
A Prefeitura se manifestou apenas quanto à atuação deficiente do CAE e disponibilização de
infraestrutura, não apresentando justificativas quanto aos demais pontos.
Quanto a atuação deficiente entende-se que, de fato, parte do comprometimento dos
membros. Entretanto, é importante destacar que a realização de capacitação dos membros do
Conselho cabe ao gestor municipal, em parceria com o FNDE, conforme parágrafo único do
art. 60 da Resolução nº 26/2013, do FNDE.
No que diz respeito à infraestrutura, apesar da Prefeitura alegar que é disponibilizada caso
seja requisitada, o que se verificou no Município foi uma situação de precariedade, pois não
há sala para o CAE e, portanto, não há espaço para guarda de documentos, e a mesa de
reuniões que é disponibilizada fica em local sem privacidade para as reuniões.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.7. Inexistência de refeitório na Escola Sizenando Diniz
Fato
Na inspeção realizada na Escola Sizenando Diniz foi constatado que não há refeitório onde a
merenda possa ser servida aos alunos. Foi esclarecido pela Diretora e pela Nutricionista
Responsável que a merenda escolar é servida nas salas de aula.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Não houve manifestação da unidade examinada para esse item.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a
análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.
##/AnaliseControleInterno##
3. Conclusão
Verificou-se que os recursos financeiros repassados ao Município de Abadiânia/GO estão
sendo aplicados na aquisição de gêneros alimentícios que se destinam ao preparo de
alimentação escolar para os estudantes matriculados na rede pública de ensino.
Algumas falhas foram identificadas pela fiscalização da CGU e apontam para a
necessidade de melhorias pontuais nas cozinhas das três escolas visitadas e no depósito de
alimentos da Escola Sizenando Diniz. Também se verificou a necessidade de melhorias
nos controles relativos aos procedimentos de compras, notadamente na elaboração de pauta
de compras, bem como no controle de estoque do depósito de gêneros não perecíveis,
localizado na sede da Secretaria de Educação.
Outro aspecto importante diz respeito à atuação deficiente do Conselho de Alimentação
Escolar, haja vista ter sido verificado que as prestações de contas do Pnae não são
analisadas com o rigor necessário. Além disso, o CAE não conta com Regimento Interno,
os membros não foram capacitados, não foi elaborado Plano de Ação, entre outras
deficiências.
Ordem de Serviço: 201602038
Município/UF: Abadiânia/GO
Órgão: MINISTERIO DA EDUCACAO
Instrumento de Transferência: Não se Aplica
Unidade Examinada: ABADIANIA PREF. MUN GABINETE DO PREFEITO
Montante de Recursos Financeiros: R$ 148.432,43
1. Introdução
Os trabalhos de campo foram realizados no período de 16 a 19 de agosto de 2016 sobre a
aplicação dos recursos do programa 2030 - Educação Básica / 0969 - Apoio ao Transporte
Escolar na Educação Básica no município de Abadiânia, em Goiás.
A ação se destina a fiscalizar o repasse suplementar de recursos financeiros recebidos pelo
referido município, os quais objetivam garantir o acesso e a permanência nos
estabelecimentos escolares dos alunos do ensino fundamental público residentes em área
rural que utilizem transporte escolar público.
Na consecução dos trabalhos foi analisada a aplicação dos recursos financeiros federais
repassados pelo Ministério da Educação, no período compreendido entre 1º de janeiro de
2014 e 30 de junho de 2016.
2. Resultados dos Exames
Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito de tomada de
providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela forma de
monitoramento a ser realizada por esta Controladoria.
2.1 Parte 1
Nesta parte serão apresentadas as situações evidenciadas que demandarão a adoção de
medidas preventivas e corretivas por parte dos gestores federais, visando à melhoria da
execução dos Programas de Governo ou à instauração da competente tomada de contas
especiais, as quais serão monitoradas pela Controladoria-Geral da União.
2.1.1. Utilização de veículos inadequados e com documentação irregular para o
transporte de alunos.
Fato
A fiscalização da CGU, nos dias 18 e 19 de agosto de 2016, visitou três das sete escolas
municipais de Abadiânia com alunos residentes na área rural que utilizam transporte escolar
público, no horário do embarque de retorno dos alunos. A verificação dos veículos utilizados
concentrou-se naqueles especificados nos dois contratos vigentes que recebem recursos do
Pnate, quais sejam, o 91/2015, celebrado com a Única Locação e Serviços Eireli ME, CNPJ
05.673.436/0001-65, e o 92/2015, celebrado com a Cooperativa dos Trabalhadores de
Passageiros do Estado de Goiás – Unitrans, CNPJ 10.368.948/0001-58.
Foi constatado que três veículos, especificados no contrato 92/2015, estavam com pneus em
condições inadequadas e um veículo também estava com documentação irregular, conforme
descrito a seguir:
- Volkswagen Kombi, placa DXZ-3841 – pneus em uso com bandas de rodagem
excessivamente desgastadas e Certificado de Registro e Licenciamento apresentado ainda do
exercício de 2015, emitido em 02/03/2015;
- Volkswagen Kombi, placa JHQ-6047 – pneu dianteiro do lado do passageiro com
rachaduras na parede lateral externa e banda de rodagem excessivamente desgastada;
- Volkswagen Kombi, placa JHJ-8259 – pneus, em uso e sobressalente, com bandas de
rodagem excessivamente desgastadas.
Além destes três veículos, constatou-se que a Kombi de placa NGC-1517, não especificada
em nenhum dos dois contratos que recebem recursos do Pnate, mas realizando transporte
escolar, estava com pneus, em uso e sobressalente, com bandas de rodagem excessivamente
desgastadas.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício 338/2016/GABIN, de 13 de outubro de 2016, a Prefeitura de Abadiânia
apresentou a seguinte manifestação:
“Em relação às inadequações dos veículos citados no relatório, informamos que a cada seis
(6) meses é realizada vistoria do Detran acompanhada pelo Ministério Público e que após a
mesma, a empresa responsável, bem como os motoristas são notificados pela Secretaria de
Educação para regularizar e adequar o seu meio de transporte. Para tanto, após esta
vistoria de 02/03/15 foram realizadas mais três (3): uma em agosto de 2015, outra em
fevereiro de 2016 e por fim em 28 de agosto de 2016. Assim foram regularizadas, haja vista
que o Ministério Público também notifica a Secretaria de Educação determinando prazo
para as devidas providências”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
A Prefeitura de Abadiânia informa que são realizadas vistorias regulares nos veículos de
transporte escolar, citando três delas, sendo duas anteriores e uma nove dias após a
fiscalização da CGU. Informa ainda que as inadequações foram regularizadas, mas sem
apresentar comprovação.
##/AnaliseControleInterno##
2.2 Parte 2
Nesta parte serão apresentadas as situações detectadas cuja competência primária para
adoção de medidas corretivas pertence ao executor do recurso federal.
Dessa forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de
recursos federais, bem como dos Órgãos de Defesa do Estado para providências no âmbito
de suas competências, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das
pastas ministeriais. Esta Controladoria não realizará o monitoramento isolado das
providências saneadoras relacionadas a estas constatações.
2.2.1. Informações gerais sobre a execução do Pnate em Abadiânia.
Fato
O município de Abadiânia recebeu o montante de R$ 148.432,43, em parcelas, do Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE, nos anos de 2014, 2015 e 2016, até
junho, para custeio de despesas do Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar –
Pnate, transferidos para a conta específica do programa.
Os recursos foram utilizados para o pagamento de parte dos serviços contratados junto a
terceiros para o transporte escolar de alunos do ensino básico público – infantil, fundamental
e médio, residentes na área rural de Abadiânia.
Em 2014, os recursos foram utilizados para o pagamento de notas fiscais emitidas pela
empresa Única Locação e Serviços Eireli ME, CNPJ 05.673.436/0001-65, referente ao
contrato 204/2013, celebrado com a Prefeitura de Abadiânia e decorrente do pregão
presencial 02/2013.
No final de 2014, a Prefeitura realizou dois pregões presenciais para contratação de
transporte escolar rural. As licitações foram do tipo menor preço por linha de transporte, que
é decorrente do menor preço por quilômetro rodado. Nos contratos, as linhas são
identificadas por números, com discriminação dos trajetos, turnos, distâncias, veículos,
condutores, quantidades de passageiros e frequências.
O pregão 100/2014 resultou no contrato 91/2015, celebrado em 19/01/2015 com a mesma
empresa contratada anteriormente, a Única Locação e Serviços Eireli ME. O objeto do
contrato são 8 linhas de transporte, com valor total de R$ 454.380,60 para o exercício de
2015.
O pregão 88/2014 resultou no contrato 92/2015, celebrado em 19/01/2015 com a
Cooperativa dos Trabalhadores de Passageiros do Estado de Goiás – Unitrans, CNPJ
10.368.948/0001-58. O objeto do contrato são 19 linhas de transporte, com valor total de R$
890.528,49 para o exercício de 2015.
Foram verificados e comparados os movimentos de recursos e os comprovantes de despesas,
considerando-se as ordens bancárias recebidas do FNDE, as transferências para pagamento
das notas fiscais emitidas pelas contratadas e outros documentos. Não se observou a
ocorrência de incompatibilidades. Os recursos foram movimentados exclusivamente por
meio eletrônico.
Nos documentos apresentados, constam prestações de contas e registros de atuação do
Conselho Municipal de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb – CACS-Fundeb. Os
membros do CACS-Fundeb são os mesmos cadastrados no sítio do FNDE.
As transferências de recursos pelo FNDE para Abadiânia foram suspensas no segundo
semestre de 2015 devido à ausência de parecer conclusivo do CACS-Fundeb sobre as
prestações de contas do Pnate. O CACS-Fundeb não pôde utilizar o Sistema de Gestão de
Prestação de Contas – SiGPC para emitir os pareceres por causa de irregularidades em sua
situação cadastral. Após a regularização da situação, as transferências de recursos do Pnate
para Abadiânia foram regularizadas, incluindo as que foram suspensas em 2015.
Com base nas informações do Censo Escolar da Educação Básica e da Prefeitura de
Abadiânia, a CGU, em 18 e 19 de agosto de 2016, visitou três das sete escolas municipais
com alunos residentes na área rural que utilizam transporte escolar público. Foram visitadas
as Escolas Municipais Os Pequeninos, Virgílio Faleiro e Maria Esther Fonte Coelho.
Entrevistando diretores e alunos e acompanhando o embarque nos veículos especificados
nos Contratos 91 e 92/2015, verificou-se que todos os alunos embarcados estão listados nos
controles de alunos transportados da Prefeitura e não se observou a existência de alunos que
necessitam de transporte rural sem estarem listados nos controles.
##/Fato##
3. Conclusão
Verificou-se a comprovação da utilização de recursos do Pnate e a oferta de transporte
escolar aos alunos do ensino básico público, residentes em área rural no município de
Abadiânia, sob responsabilidade da Prefeitura Municipal. Mas, foi constatada falha quanto
à utilização de veículos com inadequações e com documentação irregular.
Ordem de Serviço: 201602386
Município/UF: Abadiânia/GO
Órgão: MINISTERIO DA SAUDE
Instrumento de Transferência: Não se Aplica
Unidade Examinada: ABADIANIA PREF. MUN GABINETE DO PREFEITO
Montante de Recursos Financeiros: R$ 187.730,96
1. Introdução
O presente trabalho tem por objeto a fiscalização às ações de combate ao mosquito Aedes
Aegypti desenvolvidas pelo Município de Abadiânia/GO em 2015 e 2016.
Os trabalhos de campo foram realizados na semana entre 16 e 19 de agosto de 2016, e
visaram a análise das ações da Secretaria Municipal de Saúde no combate à dengue durante
o período correspondente ao escopo do trabalho, bem com a verificação das despesas
executadas relacionadas aos repasses do Bloco de Vigilância em Saúde ao Município, os
quais totalizaram R$ 202.122,68 no período em questão. O total de despesas verificadas por
amostragem totalizam R$ 187.730,96, que correspondem a 92,9% do referido Bloco.
O escopo do presente trabalho não contempla análises das licitações produzidas pela
prefeitura para a execução das despesas verificadas. Os trabalhos foram realizados por
amostragem, sendo que não enfocaram conferência detalhada das folhas de pagamento dos
Agentes Comunitários de Saúde do município.
2. Resultados dos Exames
Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito de tomada de
providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela forma de
monitoramento a ser realizada por esta Controladoria.
2.1 Parte 1
Não houve situações a serem apresentadas nesta parte, cuja competência para a adoção de
medidas preventivas e corretivas seja dos gestores federais.
2.2 Parte 2
Nesta parte serão apresentadas as situações detectadas cuja competência primária para
adoção de medidas corretivas pertence ao executor do recurso federal.
Dessa forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de
recursos federais, bem como dos Órgãos de Defesa do Estado para providências no âmbito
de suas competências, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das
pastas ministeriais. Esta Controladoria não realizará o monitoramento isolado das
providências saneadoras relacionadas a estas constatações.
2.2.1. Questões de Auditoria.
Fato
Apresentamos, a seguir, as questões de auditoria integrantes do escopo do presente trabalho,
seguidas dos resultados gerais das análises relacionadas.
1. A gestão dos recursos e insumos federais descentralizados aos municípios aplicados
às ações de combate ao mosquito Aedes Aegypti tem sido eficaz, econômica e cumpre o
princípio da legalidade?
Verificamos a regularidade da gestão dos recursos repassados ao Município de
Abadiânia/GO em 2015 e 2016, não havendo indícios de ilegalidade ou falta de
economicidade, ressalvadas as falhas apontadas no presente relatório.
1.1. Os recursos financeiros transferidos pela União ao município têm sido
aplicados, de forma tempestiva, na execução das ações de combate ao mosquito
Aedes Aegypti?
Por meio da análise dos gastos efetuados em 2015 e 2016 relacionados ao Bloco
Vigilância em Saúde, em especial quanto à movimentação da respectiva conta
corrente específica, verificamos que os recursos correlatos vêm sendo aplicados de
forma tempestiva.
1.2. A gestão das ações realizadas com recursos federais (Pessoal;
Equipamentos/Veículos; Comunicação, Mobilização e Publicidade) para as
ações de combate ao mosquito Aedes Aegypti tem sido eficaz?
Em que pesem as impropriedades constantes deste relatório, com relação às
fragilidades na comprovação da capacitação dos Agentes de Combate às Endemias e
às faltas de registros destes no Sistema Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de
Saúde - SCNES, consideramos que o resultado das ações de combate ao mosquito
transmissor da dengue no município se mostrou eficaz, em vista da redução dos
índices de infestação no local, os quais se encontram atualmente satisfatórios de
acordo com os parâmetros do Ministério da Saúde.
1.3. A gestão dos insumos descentralizados pelo Ministério da Saúde para as
ações de combate ao mosquito Aedes Aegypti tem sido eficaz e econômica?
Não há indício de que insumos descentralizados para o combate ao mosquito da
dengue, que no caso correspondem ao larvicida fornecido, tenham sido utilizados de
forma antieconômica. A eficiência na sua utilização é corroborada pela sensível
redução dos índices de infestação no município.
##/Fato##
2.2.2. Movimentação dos recursos públicos federais aplicados pela SMS no combate à
dengue.
Fato
Realizamos análise da movimentação da conta corrente específica do Bloco Vigilância em
Saúde do município, de modo a avaliar a tempestividade na aplicação dos recursos
repassados pelo Fundo Nacional de Saúde.
A tabela a seguir apresenta o cálculo geral do percentual ao qual os montantes disponíveis
ao final do período auditado, relativos a saldo na conta corrente e em aplicações financeiras,
representam em relação ao somatório total dos valores iniciais disponíveis de repasses e
rendimentos no período.
Tabela 02 – Aplicação dos recursos do Bloco Vigilância em Saúde – Abadiânia/GO Saldo inicial
CC+
Aplicações
(A)
2015 2015 Saldo final
CC+
Aplicações
(F)
Percentual
(%) F/
(A+B+C+D+E+F)
Repasses
FNS
(B)
Rendim.
(C)
Repasses
FNS
(D)
Rendim.
(E)
27.067,03 308.061,42 1.765,22 169.568,62 405,40 5.516,69 1,08%
Data base: 2015 e 2016 (até julho)
Fonte: Conta–corrente 006.00624004-8 (CAIXA) e respectivas aplicações no investimento
CAIXA FIC PRÁTICO CP (CNPJ 00.834.074/0001-23).
O baixo valor do percentual calculado permite inferir, a grosso modo, que os montantes
recebidos são aplicados de modo a não ocorrerem acúmulo de recursos não aplicados nas
ações às quais se destina o Bloco Vigilância em Saúde.
A tabela adiante detalha a movimentação bancária na conta em questão, relacionando os
saldos, créditos e débitos mês a mês durante o período sob análise.
Tabela 03 – Movimentação da conta do Bloco Vigilância em Saúde – Abadiânia/GO
Mês
CONTA-CORRENTE APLICAÇÕES
Saldo
Inicial Créditos Débitos
Saldo
Final
Saldo
Anterior Aplicações Resgates Rendim.
Saldo
Final
jan/15 50,00 40.300,27 40.300,27 50,00 27.017,03 30.519,09 9.781,18 243,32 47.998,26
fev/15 50,00 21.292,41 21.292,41 50,00 47.998,26 8.519,66 12.772,75 245,95 43.991,12
mar/15 50,00 22.953,04 22.953,04 50,00 43.991,12 8.519,66 14.433,38 284,44 38.361,84
abr/15 50,00 25.154,11 25.154,11 50,00 38.361,84 11.519,66 13.634,45 246,07 36.493,12
mai/15 50,00 34.943,11 34.943,11 50,00 36.493,12 8.519,66 16.573,20 196,87 28.636,45
jun/15 50,00 6.837,23 6.837,23 50,00 28.636,45 1.000,00 5.837,23 164,96 23.964,18
jul/15 50,00 39.637,35 39.637,35 50,00 23.964,18 9.296,53 30.117,69 87,29 3.230,31
ago/15 50,00 35.345,84 35.345,84 50,00 3.230,31 17.039,32 18.306,52 39,30 2.002,41
set/15 50,00 8.175,21 8.175,21 50,00 2.002,41 4.006,00 4.169,21 20,80 1.860,00
out/15 50,00 35.431,88 35.431,88 50,00 1.860,00 26.416,24 8.509,74 88,50 19.855,00
nov/15 50,00 28.513,81 28.513,81 50,00 19.855,00 9.480,93 18.625,35 98,24 10.808,82
dez/15 50,00 9.477,16 9.477,16 50,00 10.808,82 0,00 9.477,16 49,48 1.381,14
jan/16 50,00 73.650,78 73.650,78 50,00 1.381,14 48.772,71 24.878,07 156,50 25.432,28
fev/16 50,00 17.318,47 17.318,47 50,00 25.432,28 0,00 17.318,47 145,55 8.259,36
Mês
CONTA-CORRENTE APLICAÇÕES
Saldo
Inicial Créditos Débitos
Saldo
Final
Saldo
Anterior Aplicações Resgates Rendim.
Saldo
Final
mar/16 50,00 17.650,92 17.650,92 50,00 8.259,36 3.141,41 8.744,06 17,35 2.674,06
abr/16 50,00 12.884,81 12.884,81 50,00 2.674,06 1.340,75 3.977,95 11,76 48,62
mai/16 50,00 14.736,60 14.736,60 50,00 48,62 8.873,17 5.829,74 20,83 3.112,88
jun/16 50,00 20.696,12 20.696,12 50,00 3.112,88 8.906,86 11.789,26 16,98 247,46
jul/16 50,00 12.630,92 12.630,92 50,00 247,46 8.906,86 3.724,06 36,43 5.466,69
TOTAIS 477.630,04 477.630,04 - - 214.778,51 238.499,47 2.170,62 -
Fonte: Conta–corrente 006.00624004-8 (CAIXA) e respectivas aplicações no investimento
CAIXA FIC PRÁTICO CP (CNPJ 00.834.074/0001-23).
Data base: 2015 e 2016 (até julho).
Os dados da Tabela 03 apresentada corroboram as conclusões decorrentes do cálculo
efetuado conforme tabela anterior, em que pese demonstrar certo represamento de recursos
entre os meses de janeiro e julho de 2015, bem como em outros meses esporádicos.
##/Fato##
2.2.3. Combate à Dengue pelo Município de Abadiânia em 2015 e 2016.
Fato
O presente trabalho tem por objeto a fiscalização das ações de combate ao mosquito Aedes
Aegypti desenvolvidas pelo Município de Abadiânia/GO em 2015 e 2016.
Os trabalhos de campo foram realizados entre os dias 16 e 19 de agosto de 2016, e visaram a
análise das ações da Secretaria Municipal de Saúde no combate à dengue durante o período
correspondente ao escopo do trabalho, bem como a verificação das despesas executadas
relacionadas aos repasses do Bloco de Vigilância em Saúde ao Município, os quais
totalizaram R$ 202.122,68 no período em questão, tendo as referidas despesas totalizado
R$ 187.730,96.
O escopo do presente trabalho não contempla análises das licitações produzidas pela
prefeitura para a execução das despesas verificadas e foi definido de modo a abranger as
despesas realizadas no período entre janeiro/2015 e junho/2016, em vista da
indisponibilidade das pastas de prestações de contas referentes a julho/2016, que ainda se
encontravam em processo de composição quando da realização dos trabalhos de fiscalização
no município. Os trabalhos foram realizados por amostragem, sendo que não enfocaram
conferência detalhada das folhas de pagamento dos Agentes Comunitários de Saúde do
município.
Os repasses do Fundo Nacional de Saúde para o Bloco Vigilância em Saúde do Município
de Abadiânia/GO realizados no período em questão totalizam R$ 202.122,68, sendo
R$ 130.629,39 em 2015 e R$ 71.496,29 em 2016, até o mês de junho.
Verificamos que a maior parte dos recursos recebidos para este Bloco foi aplicada na folha
de pagamento dos ACE – Agentes de Combate às Endemias e no abastecimento dos
veículos utilizados para o combate à dengue, quais sejam: duas motocicletas, um veículo
modelo Courier e um automóvel modelo Fiat Uno.
A Tabela a seguir relaciona a consolidação das despesas realizadas pela SMS - Secretaria
Municipal de Saúde de Abadiânia/GO no período observado, conforme análise da conta–
corrente específica do Bloco, em conjunto com os balancetes apresentados pela SMS e as
respectivas pastas mensais apresentadas, contendo a documentação comprobatória da
execução das despesas.
Tabela 01 – Bloco Vigilância em Saúde
Despesas executadas pela SMS Abadiânia em 2015 e 2016 (até junho)
Categoria CNPJ/CPF
Valor
(R$) %
Referência das despesas
Folha pagamento* diversos 127.729,62 68,04% Folha de pagamento dos ACEs.
Combustíveis 10.827.927/0001-53 36.922,08 19,67% Gasolina e etanol.
Uniformes ACEs 10.259.431/0001-20 5.486,80 2,92%
Confecção de calças, camisetas,
bonés, bolsas e botinas para os
ACEs.
Telefone 76.535.764/0328-51 5.073,50 2,70% Telefone que atende o Núcleo de
Combate às Endemias.
Refeições 012.98.330/0001-78 2.782,00 1,48% Refeições na campanha de
vacinação de 15/08/2015.
Gráfica 04.508.288/0001-60 1.890,00 1,01% Campanhas
Propaganda 510.769.501-91 1.618,60 0,86% Campanhas via carro de som.
Cartuchos para
impressora 17.384.172/0001-09 1.558,40 0,83%
Toners e cartuchos para
impressora.
Relicenciamento 02.872.448/0001-20 1.513,21 0,81% Relicenciamento dos veículos para
combate à dengue.
Pneus 21.813.857/0001-09 1.507,20 0,80% Pneus para veículos de combate à
dengue.
Energia Elétrica 01.543.032/0161-08 569,83 0,30% Energia elétrica do Núcleo de
Vigilância Epidemiológica.
Internet 06.111.200/0001-06 421,95 0,22% Internet banda larga.
Água e esgoto 24.836.603/0001-96 406,97 0,22% Água e esgoto do Núcleo de
Vigilância Epidemiológica.
Faixas 19.617.040/0001-05 160,00 0,09% 10 metros de faixa.
Tarifa bancárias 00.360.305/5020-45 90,80 0,05% Taxas da conta da CAIXA.
TOTAL 187.730,96 100,00% -
* Incluindo transferências para o Fundo Municipal de Saúde para pagamento da folha de ACEs.
Fonte: Extrato da CC 0646 / 006 / 00624004-8 (CAIXA) - FNSBLVGS e pastas-balancete fornecidas pela SMS
Abadiânia.
Data-base: Período entre janeiro/2015 e junho/2016.
As ações de combate à dengue em Abadiânia/GO são centralizadas no Núcleo de Controle
de Vetores, cuja sede situa-se no edifício do “Complexo de Saúde” do município, onde são
desenvolvidas atividades diversas da área da saúde municipal, como atendimentos médicos,
laboratoriais e fisioterapêuticos, além de ações das vigilâncias epidemiológica e sanitária. O
Núcleo de Controle de Vetores conta atualmente com 14 Agentes de Combate às Endemias
atuantes em Abadiânia/GO, sob a coordenação do Gerente de Endemias do município.
Um expediente emitido pela Secretaria Municipal de Saúde de Abadiânia/GO em
16/08/2016 apresentou o seguinte resumo das ações de combate ao Aedes Aegypti no
período sob análise:
“Em 2015 realizamos 33.569 visitas nos imóveis do município com a finalidade de
combatermos o mosquito Aedes Aegypti; realizamos 6 levantamentos de índices
rápido de infestação do mosquito (LIRAA), sendo que estes apresentaram em
janeiro/2015 2,7% de infestação; março/2015 2,9% predial e 3,1% breteal;
maio/2015 4,1% predial e 4,3% breteal; julho/2015 0,9% predial e 1,4% breteal;
agosto/2015 0,2% predial e 0,2% breteal; outubro/2015 0,6% predial e 0,6%
breteal. Tratamos cerca de 400 depósitos com o larvicida Pyriproxyfen, gastando
245 gramas.
Em 2016 realizamos 2 levantamentos de índices rápidos para Aedes Aegypti, em
abril/2016 o município se encontrava com 1,4% predial e 1,6% breteal; e em
julho/2016 0,2% predial e 0,2% breteal”.
O referido expediente informa ainda acerca de outros levantamentos realizados em 2016 e
sobre o plano de contingenciamento do município para a dengue e demais doenças causadas
pelo mosquito Aedes Aegypti.
Os dados apresentados indicam a melhoria nos índices de infestação no município, o qual se
encontra atualmente em condição satisfatória, conforme parâmetros do Ministério da Saúde.
##/Fato##
2.2.4. Ausência de documentos comprobatórios das despesas nas pastas de prestação
de contas da SMS.
Fato
Por meio da análise das despesas para o combate ao mosquito Aedes Aegypti realizadas pela
Secretaria Municipal de Saúde de Abadiânia/GO em 2015 e 2016, verificamos a ocorrência
de pagamentos cujo documento fiscal comprobatório não foi apensado às pastas-balancete
mensais destinadas à prestação de contas da aplicação dos recursos relativos ao Bloco
Vigilância em Saúde, fragilizando a regular comprovação da liquidação das despesas,
conforme artigos 62 e 63 da Lei nº 4.320/64. A tabela a seguir relaciona a documentação
faltante apurada.
Tabela 04 – documentos faltantes - Bloco Vigilância em Saúde – 01/2015 a 06/2016
CNPJ / CPF Nome Seq
Ordem de
Pagamento
(OP)
Valor
pago (R$)
NF*
falt. Descrição*
02.872.448/0001-20 DETRAN/GO 01 faltante 301,94 ? OP e NF faltantes.
02 faltante 434,38 ? OP e NF faltantes.
510.769.501-91 Carlos Antônio de
Carvalho
03 1, 27/05/15 1.086,40 137 Divulgação da “Campanha
Nacional Contra Influenza”. 04 2, 27/05/15 33,60 137
05 1, 16/10/15 16,80 319 Propaganda volante.
06 2, 16/10/15 543,20 319
76.535.764/0328-51 OI S.A.
07 1, 05/02/15 421,68 ? Telefonia.
08 faltante 314,58 ? Telefonia – NF e OP
faltantes.
10.259.431/0001-20 Euforia Confecção e
Seviços Ltda. 09 1, 23/12/15 1.018,80 ?
Confecção de uniformes
para os ACEs.
04.508.288/0001-60 Leomar Tomaz
Ramos & Cia Ltda. 10 1, 02/07/15 1.890,00 378 Materiais gráficos.
CNPJ / CPF Nome Seq
Ordem de
Pagamento
(OP)
Valor
pago (R$)
NF*
falt. Descrição*
17.384.172/0001-09 JV dos Santos Bastos
– ME 11 1, 07/05/15 1.558,40 94
Toner e cartuchos de tinta
para impressora.
01.543.032/0161-08 CELG Distribuição
S.A.
12 1, 05/02/12 147,90
?
Energia elétrica.
13 faltante 205,68
?
24.836.603/0001-96 Serviço Autônimo de
Água e Esgoto 14 1, 05/02/15 258,51 ? Água e esgoto.
21.813.857/0001-09 Thatiane Rodriges da
Silva-ME 15 faltante 792,00 ?
Aquisição de 4 pneus pneus
para veículo de combate à
dengue.
06.111.200/0001-06 Neuber Modesto
Fontoura
16 1, 23/09/15 189,80 ? Internet banda larga para o
Núcelo de Saúde. 17 2, 27/10/15 232,15 ?
10.827.927/0001-53 Buriti Com Deriv de
Petóleo Ltda
18 faltante 178,09 ? OP e NF faltantes.
19 faltante 2.021,73 ? OP e NF faltantes.
20 2, 04/02/15 2.146,89 6.632 Combustíveis.
21 2, 04/02/15 209,11 6.633 Combustíveis.
22 1, 09/11/15 2.304,98
7324,
7623,
7680
Combustíveis.
TOTAL (R$) 16.306,62
* Número da NF faltante e descrição da despesa mencionados na Ordem de Pagamento
Fonte: Pastas-balancete mensais de 2015 e 2016 (até julho) do Bloco Vigilância em Saúde da
Secretaria Municipal de Saúde de Abadiânia/GO.
Data base: 2015 e 2016 (até julho).
Observamos que, além da falta do documento fiscal comprobatório da despesa, em alguns
casos não foi anexada também a respectiva Ordem de Pagamento.
Além da ausência das notas fiscais correspondentes aos gastos ora relacionados, informamos
que, para o caso geral das despesas com combustíveis, não foram anexados às pastas de
prestação de contas os respectivos controles que apresentassem informações acerca dos
veículos abastecidos e do consumo correspondente, de modo a evidenciar com maiores
detalhes a finalidade dos dispêndios. A ausência dos mencionados controles ocorreu não
somente para os casos dos 5 pagamentos relacionados na tabela acima, mas para todos os
demais ocorridos entre fevereiro/2015 e fevereiro/2016, compreendendo um total de 28
transferências no período, equivalentes ao somatório de R$ 36.922,08.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
A Unidade se manifestou a respeito da presente constatação mediante o Ofício
nº 338/2016/GABIN, de 13/10/2016, conforme transcrito a seguir:
“A respeito da Ausência de notas fiscais conforme Tabela 04, foi apurado por esta
secretaria no qual foi feito o levantamento junto aos setores de controle Interno e
Contabilidade, onde justifico que (coluna 03) Seq. 01 e 02 (pagamento
IPVA/Detran), 07 e 03 (pagamento de telefonia do Núcleo de Combate a Vetores e
Endemias), 12, 13 e
14 (pagamento de energia elétrica do Núcleo de Combate a Vetores e Endemias), l6
e 17 (pagamento de internet do Núcleo de Combate a Vetores e Endemias), não
foram encontrados números de Notas fiscais por se Tratarem de pagamento de
Boletos Bancários das contas de energia elétrica, água, telefonia, internet e Detran,
conforme citadas acima.
Já a Seq. 09 - NF 340, ref. Pagamento de confecção de Uniforme para os ACE’s.
Seq. 15 - NF 015, ref. Aquisição de pneus sara veículo de combate à dengue.
Seq. 18 e 19 – NF’s 6946 e 6963, ref. a combustíveis para os veículos de combate à
dengue. ”
Em anexo ao referido Ofício, a SMS remeteu cópia da Tabela 04 apresentada, com
acréscimo manuscrito dos quatro números de notas fiscais mencionados, e com a indicação
da ocorrência de “boleto” para os demais casos de numeração não identificada.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
A manifestação apresentada pela Secretaria Municipal de Saúde não é suficiente para afastar
a presente constatação, uma vez que não foram apresentadas cópias dos documentos
faltantes relacionados (notas fiscais, boletos, etc), restando as respectivas despesas sem a
devida comprovação documental. Ressaltamos que mesmo as despesas pagas mediante
boleto bancário devem ter as correspondentes notas fiscais ou documento comprobatório
equivalente juntados aos balancetes em questão, a fim de que se proceda a devida prestação
de contas.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.5. Falta de comprovação da capacitação dos Agentes de Combate às Endemias em
exercício.
Fato
Constatamos que a Secretaria Municipal de Saúde de Abadiânia/GO não foi capaz de
apresentar documentação comprobatória da capacitação dos Agentes de Combate às
Endemias, conforme exigências do artigo 5º da Portaria 1.025/2015, do artigo 4º da Lei nº
11.350/2006, e dos itens 5.3.4 e 5.3.5 das Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle
de Epidemias de Dengue/2009.
A documentação em questão foi especificamente solicitada ao início dos trabalhos de
fiscalização no município, por meio da Solicitação de Fiscalização nº 001/SAÚDE – FEF
V03 – Abadiânia/GO, de 10/08/2015, item 1.4.
Em resposta à solicitação mencionada, a Secretaria Municipal de Saúde emitiu expediente,
em 16/08/2016, informando o seguinte:
“Em 2015 houve curso inicial e introdutório básico ministrado por profissional
capacitado da Regional de Saúde Pirineus/Anápolis/GO. O documento de
comprovação do curso será enviado através de email para (...) CGU-GO”.
Em anexo ao expediente emitido pela SMA, a Prefeitura Municipal de Abadiânia
encaminhou apenas um certificado do Gerente de Endemias Municipal, relativo à realização,
nos dias 14 de janeiro, 25 de fevereiro e 18 de março de 2016, da “Força Tarefa Goiás
Contra o Aedes Aegypti”.
Em que pese a previsão da SMS quanto ao envio posterior de material que viesse a
comprovar documentalmente a realização do curso inicial e introdutório para os Agentes de
Combate às Endemias atuantes no município (14 ACEs atualmente), a Entidade fiscalizada
não foi capaz de remetê-lo até o fechamento da versão preliminar do presente trabalho.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Em resposta ao Relatório Preliminar de Fiscalização, encaminhado por meio do Ofício nº
17255/2016/Regional/GO-CGU, a Prefeitura Municipal de Abadiânia acrescentou à
documentação previamente apresentada o Ofício nº 123/2016, emitido pela Regional de
Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás em 09/09/2016, contendo uma Declaração
de Capacitação em Combate às Endemias que atesta a realização de Curso Introdutório
Básico em Controle de Endemias para os Agentes de Combate às Endemias do Município de
Abadiânia de Goiás nos dias 26 e 27 de maio de 2015, com carga horária de 16 horas, com
abordagem dos seguintes temas:
- Controle de Vetores;
- Técnica empregada ao trabalho;
- Reconhecimento Geográfico;
- Pragas Urbanas.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Verificamos que restam evidentes as falhas nos controles internos da SMS Abadiânia/GO,
uma vez que o material apresentado não oferece subsídios documentais suficientes acerca do
treinamento realizado, sobretudo quanto à relação nominal dos agentes treinados.
Contudo, concluímos tratar-se possivelmente de mera falha formal, não ficando comprovada
qualquer ineficiência da aplicação de recursos federais relacionada, uma vez que as
informações gerais atestadas pelos documentos apresentados foram corroboradas mediante
entrevista, realizada durante visita da equipe de fiscalização ao Núcleo de Controle de
Vetores de Abadiânia/GO, com o Gerente de Endemias do município e com um dos Agentes
de Combate às Endemias, os quais informaram que os treinamentos foram de fato
ministrados por volta dos meses de maio e junho de 2015.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.6. Transferências diretas da conta específica da Vigilância Sanitária para o Fundo
Municipal de Saúde.
Fato
Por meio da análise dos recursos financeiros para custeio das ações governamentais
componentes do Bloco de Vigilância em Saúde em Abadiânia/GO (conta
0646/006/00624004-8 da Caixa Econômica Federal), constatou-se as seguintes ocorrências
de transferências da conta específica mencionada diretamente para o Fundo Municipal de
Abadiânia/GO, as quais referem-se a parte da folha de pagamento dos Agentes de Combate
às Endemias, conforme demonstrativos nos balancetes apresentados pela Secretaria
Municipal de Saúde:
Tabela 06 – repasses da conta do FNSBLVGS para o FMS
N Data Valor (R$) Referência
01 30/01/2015 5.426,98 folha de pagamento de janeiro/2015.
02 27/02/2015 9.062,51 folha de pagamento de fevereiro/2015.
03 31/03/2015 7.093,50 folha de pagamento de março/2015.
04 30/04/2015 8.000,31 folha de pagamento de abril/2015.
05 29/05/2015 2.755,40 férias do servidor ACE CPF 983.098.381-15 - maio/2015
06 29/05/2015 5.718,85 folha de pagamento (mês indeterminado).
07 29/05/2015 1.173,20 pagamento da servidora ACE CPF 007.663.621-67 - abril/2015
08 03/11/2015 7.707,00 folha de pagamento outubro/2015.
09 29/02/2016 7.690,59 folha de pagamento fevereiro/2016.
10 06/06/2016 7.690,59 folha de pagamento maio/2016.
11 06/06/2016 1.207,91 pagamento do servidor ACE CPF 027.446.541-83 - maio/2016
TOTAL 63.526,84
Fonte: Conta–corrente 006.00624004-8 – agência 0646 (CAIXA).
Data base: 2015 e 2016 (até julho).
O procedimento em questão contraria o art. 2º do Decreto nº 7.507, de 27/11/2011, que
estabelece a obrigatoriedade da identificação do beneficiário da transferência eletrônica, de
forma que possa ser verificada no próprio extrato bancário da conta do programa.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Não houve manifestação da unidade examinada para esse item.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a
análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.7. Agentes de Combate às Endemias em exercício no município não inscritos no
Sistema Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde (SCNES).
Fato
Verificamos que, dos 14 ACE – Agentes de Combate às Endemias atuantes em
Abadiânia/GO, apenas 4 se encontram devidamente inscritos no CNES - Cadastro Nacional
de Estabelecimentos de Saúde. A tabela abaixo relaciona os profissionais que não se
encontravam registrados no CNES até o fechamento do presente trabalho:
Tabela 05 – ACEs não cadastrados no CNES – Abadiânia/GO
N CPF
01 ***.446.541-**
02 ***.482.101-**
03 ***.899.101-**
04 ***.830.651-**
05 ***.123.831-**
06 ***.549.561-**
07 ***.226.231-**
08 ***.068.371-**
09 ***.021.151-**
10 ***.055.371-**
Fonte: Consulta ao site cnes.datasus.gov.br
Data-base: agosto/2016
A obrigatoriedade de registro dos Agentes de Combate às Endemias no Cadastro Nacional
de Estabelecimentos de Saúde decorre das exigências do artigo 4º da Portaria MS
1.025/2015 e do artigo 4º do Decreto nº 8.474/2015.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
A Unidade se manifestou a respeito da presente constatação mediante o Ofício
nº 338/2016/GABIN, de 13/10/2016, conforme transcrito a seguir:
“A respeito da inscrição dos Agentes de Combate as Endemias no SCNES
informamos que os ACE`s Efetivos estão cadastrados conforme documento anexo, e
que os profissionais contratados não foram cadastrados devido ao seu vínculo
temporário.”
O referido documento em anexo trata-se de um “Relatório de Profissionais por CBO”
emitido pelo SCNES em 06/10/2016, o qual relaciona os ACEs correspondentes aos
seguintes CPFs (descaracterizados):
N CPF
N CPF
01 ***.446.541-**
02 ***.482.101-**
03 ***.349.261-**
04 ***.098.381-**
05 ***.833.221-**
06 ***.663.621-**
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Verificamos que restam sem registro no SCNES os ACEs cujos CPFs são relacionados a
seguir, os quais, de acordo com a Prefeitura Municipal de Abadiânia, teriam apenas vínculo
temporário com a Secretaria Municipal de Saúde:
N CPF
01 ***.899.101-**
02 ***.830.651-**
03 ***.123.831-**
04 ***.549.561-**
05 ***.226.231-**
06 ***.068.371-**
07 ***.021.151-**
08 ***.055.371-**
Ocorre que o Decreto nº 8.474/2015, em seu art. 4º, define a obrigatoriedade do registro no
SCNES dos “ACE e ACS com vínculo direto regularmente formalizado”, independente,
portanto, da natureza temporária do vínculo em questão.
Portanto, os ACEs relacionados acima continuam pendentes de registro no SCNES,
conforme exigem a Portaria MS 1.025/2015 e o Decreto nº 8.474/2015, o que caracteriza
falha formal, a qual não reflete em prejuízos na aplicação dos recursos públicos destinados
ao combate à dengue.
##/AnaliseControleInterno##
3. Conclusão
Concluímos que o Município de Abadiânia/GO aplicou regularmente os recursos referentes
ao Bloco Vigilância em Saúde em ações de combate ao mosquito Aedes Aegypti, no período
de 2015 e 2016, ressalvadas as falhas apontadas neste relatório. As mencionadas ações
tiveram como resultado a sensível diminuição dos índices de infestação do município, os
quais se encontram, no momento, em patamares satisfatórios.
Ordem de Serviço: 201602176
Município/UF: Abadiânia/GO
Órgão: MINISTERIO DAS CIDADES
Instrumento de Transferência: Contrato de Repasse - 787274
Unidade Examinada: ABADIANIA PREF. MUN GABINETE DO PREFEITO
Montante de Recursos Financeiros: R$ 300.000,00
1. Introdução
Este Relatório trata do resultado de ação de controle que teve como objetivo analisar os atos
praticados para a execução do objeto do Contrato de Repasse 787274/2013, celebrado entre
a Prefeitura de Abadiânia e a Secretaria Executiva do Ministério das Cidades, referente ao
recapeamento asfáltico de vias do Município.
Os trabalhos de campo foram realizados no período de 15 a 19 de agosto de 2016, sobre a
aplicação de recursos federais do programa/ação 15.451.2054.1D73.0052,
PLANEJAMENTO URBANO / APOIO À POLÍTICA NACIONAL DE
DESENVOLVIMENTO URBANO, o qual contempla, dentre outros objetos, a pavimentação
e calçamento de vias urbanas. Para tanto, foi celebrado o Termo de Compromisso nº
1006.609-41/2013, no valor total de R$ 300.000,00, sendo o valor de R$ 295.300,00
proveniente do Orçamento Geral da União e R$ 4.700,00 a título de contrapartida.
Os exames foram realizados em estrita observância às normas de fiscalização aplicáveis ao
Serviço Público Federal, tendo sido utilizadas, dentre outras, técnicas de inspeção física e
registros fotográficos, análise documental, realização de entrevistas.
2. Resultados dos Exames
Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito de tomada de
providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela forma de
monitoramento a ser realizada por esta Controladoria.
2.1 Parte 1
Nesta parte serão apresentadas as situações evidenciadas que demandarão a adoção de
medidas preventivas e corretivas por parte dos gestores federais, visando à melhoria da
execução dos Programas de Governo ou à instauração da competente tomada de contas
especiais, as quais serão monitoradas pela Controladoria-Geral da União.
2.1.1. Recapeamento asfáltico no Município de Abadiânia/GO: empreendimento
dispensado de licenciamento ambiental.
Fato
De acordo com termo de Dispensa de Licenciamento Ambiental n° 15482 (fls. 090 a 093),
de 08 de abril de 2015, a Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos - SEMARH
-, do Estado de Goiás, declarou dispensável o licenciamento ambiental relativo às obras nas
vias objeto de intervenção do CR em comento, quais sejam, Getúlio Vargas, Cruvineu,
Joaquim Alves, Gontijo, Engenheiro Rabelo, São Paulo, Brasília, e Travessa A em
Abadiânia/GO.
##/Fato##
2.1.2. Contrato de Repasse n° 787274: obras atrasadas por falta de recursos.
Fato
O Contrato de Repasse nº 787274 teve sua vigência iniciada em 05 de dezembro de 2013
com previsão de término para 30 de outubro de 2016, conforme autuação à folha 005 do
Processo n° 2635.1006.609-41/13. Seu objeto está sendo executado sob a égide do Contrato
nº 292/2015 pactuado entre a Prefeitura Municipal de Abadiânia e a Empresa Feijãozinho
Escavações e Terraplenagem Ltda. EPP, o qual foi assinado em 08 de julho de 2015 e teve
sua execução iniciada em 01 de outubro de 2015, conforme Ordem de Serviço autuada à
folha 0218 do Processo n° 1982/2015.
O contrato nº 292/2015 compreende o recapeamento de uma área de vias de 8.175,76 m² nas
Ruas Getúlio Vargas, Travessa 4, Av. Brasília, Rua São Paulo e Rua Joaquim Alves, com a
construção de dispositivos de drenagem superficial, no valor total de R$ 253.276,56 a serem
executados no período de dois meses. Portanto, a data inicial para a conclusão da execução
seria 01 de dezembro de 2015.
Até agosto de 2016 já foram realizadas duas medições parciais. De acordo com o último
Boletim de Medição de 10 de novembro de 2015, já foram medidos e pagos os serviços
correspondentes ao valor de R$ 149.935,47, o que representa 59,2% do valor total pactuado.
Os itens contemplados foram serviços preliminares, de revestimento, de administração e as
refeições, realizados apenas nas Ruas Getúlio Vargas e Travessa 4.
Esse percentual de execução coincide que o percentual registrado no Relatório de Avaliação
de Engenharia nº 02 – RAE 2, autuado entre as folhas 106 e 111 do processo
2635.1006.609-41/13, emitido em 29 de dezembro de 2015. De acordo com esse documento,
na ocasião da visita técnica, em 14 de dezembro de 2015, após 2,4 meses do início da
vigência do contrato, existia 59,2% do valor total realizado, o que já caracterizava situação
de atraso.
Assim, entre a emissão do segundo RAE e a data da fiscalização (agosto de 2016) esse
percentual de realização não evoluiu. Conforme registro nos diários de obras, em 23 e 26 de
fevereiro de 2016, decorridos quase quatro messes do início da execução contratual, foi
realizada execução de meio fio com sarjeta na Travessa 4, porém tais serviços ainda não
foram pagos por falta de recursos.
Convém registrar, que o recapeamento e os dispositivos de drenagem da Av. Brasília, Rua
São Paulo e Rua Joaquim Alves sequer haviam sido iniciados até o período da fiscalização.
Até agosto de 2016, foram executados os serviços realizados nas Ruas Getúlio Vargas e
Travessa 4 correspondentes a uma área recapeada de 4.927 m2, a qual representa 60,30% da
área total a ser recapeada.
Como os últimos serviços realizados datam de fevereiro de 2016, e durante a fiscalização em
campo, em agosto de 2016, não havia realização de frentes de serviços, tampouco evidências
de mobilização da contratada, pode-se afirmar que embora o contrato ainda esteja vigente
por força de sucessivos aditamentos de prazo, a obra encontra-se paralisada.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 338, de 13 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Abadiânia/GO apresentou a seguinte manifestação:
“Como constatado pela fiscalização da CGU, os serviços estão paralisados devido ao não
repasse de verbas pela CEF - Caixa Econômica Federal.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
A manifestação apenas reforçou o fato relatado.
##/AnaliseControleInterno##
2.2 Parte 2
Nesta parte serão apresentadas as situações detectadas cuja competência primária para
adoção de medidas corretivas pertence ao executor do recurso federal.
Dessa forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de
recursos federais, bem como dos Órgãos de Defesa do Estado para providências no âmbito
de suas competências, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das
pastas ministeriais. Esta Controladoria não realizará o monitoramento isolado das
providências saneadoras relacionadas a estas constatações.
2.2.1. Contrato de Repasse n° 787274/2013: condições gerais de execução de ações de
recapeamento asfáltico no Município de Abadiânia/GO.
Fato
O Contrato de Repasse (CR) nº 787274 (Processo CEF n° 2635.1006.609-41/2013) foi
pactuado entre a União, por intermédio do Ministério do Cidades, representado pela Caixa
Econômica Federal (CEF), e o Município de Abadiânia/GO. O ajuste teve como objeto o
recapeamento asfáltico no Município de Abadiânia/GO, conforme plano de trabalho,
mediante a transferência de recursos até o limite fixado, sendo também prevista
contrapartida municipal. Os dados da avença estão a seguir resumidos:
a) Contrato de Repasse nº 787274 (Processo CEF n° 2635.1006.609-41/2013).
b) Data da Assinatura: 05 de dezembro de 2013.
c) Limite a ser transferido: R$ 295.300,00.
d) Contrapartida: R$ 4.700,00.
e) Data limite da vigência: até 10 de novembro de 2016.
Para apresentação de documentação de titularidade da área e apresentação de documentação
técnica de projeto de engenharia vigorou cláusula suspensiva de oito meses sendo também
previsto um mês para análise pela CEF após o recebimento.
Visando a execução das obras oriundas do contrato de repasse, a Prefeitura Municipal de
Abadiânia/GO realizou procedimento licitatório na modalidade Tomada de Preços (Processo
n° 1982/2015), cujo aviso foi publicado no Diário Oficial da União em 18 de maio de 2015.
A vencedora do certame foi a empresa Feijãozinho Escavações e Terraplenagem Ltda. Ltda.
EPP (CNPJ 08.448.846/0001-46) com proposta no valor total de R$ 253.276,57. A
homologação do certame aconteceu em 08 de junho de 2015 e os dados do contrato
decorrente estão a seguir resumidos:
f) Contrato n° 292/2015.
g) Objeto: execução de recapeamento asfáltico em diversas ruas de Abadiânia/GO.
h) Data da assinatura: 08 de julho de 2015.
i) Valor do contrato: R$ 253.276,57.
j) Valor da garantia: R$ 12.663,83.
k) Prazo para conclusão dos serviços: dois meses a partir da ordem de execução.
A imagem a seguir indicam as vias do Município de Abadiânia/GO a receber de obras
previstas pelo contrato de repasse fiscalizado:
Foto 01: Pontos de intervenção das obras previstas pelo CR n° 787274.
Cabe registrar que, na área de intervenção, foi prevista a execução de serviços de
recapeamento asfáltico com concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ), instalação de
sinalização vertical e horizontal, bem como a execução de meio fio e sarjeta em pontos
específicos.
Para realização dos trabalhos de fiscalização da obra foram utilizados como parâmetros,
além dos projetos e orçamento disponibilizados pela Caixa Econômica Federal (CEF) e pela
Prefeitura Municipal de Abadiânia /GO, a proposta da empresa contratada para execução, o
Boletim de Medição n° 03, de 1º de março de 2016 (referente ao período entre 23 de
fevereiro de 2016 a 1º de março de 2016) e o Relatório de Acompanhamento da Execução
(RAE) n° 02, de 17 de dezembro de 2015.
Por fim, registre-se que, o objeto previsto pelo CR nº 787274 são obras rotineiras
comumente realizadas pelos municípios brasileiros, guardando, ainda, segundo documentos
acostados nos autos do Processo n° 1982/2015, compatibilidade com os instrumentos de
planejamento (Plano Plurianual e Lei de Diretrizes Orçamentárias) do Município de
Abadiânia/GO.
##/Fato##
2.2.2. Recapeamento asfáltico no Município de Abadiânia/GO: obras realizadas nas
vias públicas do município.
Fato
Para comprovação do domínio das áreas de intervenção previstas pelo CR 787274, o
Município de Abadiânia/GO apresentou à CEF declaração de domínio público das áreas
(Processo 2635 1006 609-41/2013 – Volume Técnico – fl. 207). O documento datado de 03
de novembro de 2015 relaciona nominalmente as vias com previsão para execução das
obras, indicando que se tratam de bens públicos sob a jurisdição do Município de
Abadiânia/GO e que independem de registro em cartório, conforme Artigos 98 e 99 do
Código Civil Brasileiro.
##/Fato##
2.2.3. Edital da Tomada de Preços n° 004/2015: estabelecimento de visita técnica
obrigatória, em três datas predeterminadas, como condição de participação na
licitação, incorrendo em restrição à competitividade do certame.
Fato
Os exames realizados sobre o Edital da Tomadas de Preços n° 004/2015 tiveram como
escopo a verificação da existência de disposições que, segundo jurisprudência do TCU,
comprometem a competitividade da licitação. Nesse sentido foram verificados os seguintes
aspectos relativos ao instrumento convocatório: (i) exigências quanto à natureza jurídica do
vínculo entre o responsável técnico e a empresa licitante; (ii) exigências relativas à garantia
de proposta; (iii) regras relativas ao conhecimento do local de execução do objeto licitado e
sua comprovação e; (iv) exigências relativas à qualificação técnica e financeira (índices
contábeis) dos interessados. Além disso, foi verificado o cumprimento das regras relativas à
publicidade do certame, bem como o cumprimento do prazo para abertura dos envelopes de
habilitação.
Sobre o primeiro aspecto averiguado, não foi constatado que o Edital da Tomada de Preços
n° 004 tenha exigido que o vínculo do profissional indicado como responsável técnico fosse
apenas de caráter empregatício. Consta genericamente do instrumento somente que a
aceitação do atestado estaria condicionada ao atendimento da legislação vigente.
A respeito das disposições relativas à garantia de proposta, cuja exigência concomitante a
patrimônio líquido mínimo ou a capital social mínimo é condenada pelo TCU, o edital
expressamente dispensou a comprovação de seu recolhimento.
Noutro ponto, quanto a exigências de índices contábeis, no edital da Tomada de Preços n°
004/20015 foi exigida a apresentação de índices de 1,0 para liquidez geral e corrente e índice
de 50% para endividamento geral, não havendo, neste caso, ressalvas quanto a tais índices
produzirem restrições à participação incompatíveis com o objeto licitado.
Já com relação ao conhecimento do local de realização do objeto licitado, o Edital da
Tomada de Preços n° 004/2015 estabeleceu os dias de 22 de maio de 2015, 27 de maio de
2015 e 01 de junho de 2015 para realização de visita aos locais das obras, sendo que a
comprovação da realização da visita configuraria condição técnica de participação no
certame. O estabelecimento de datas fixas para realização de visitas técnicas configura
restrição à competitividade, essencialmente, por alijar do certame aqueles não podem estar
nos locais indicados nas datas marcadas. Ademais, é de se ressaltar que ao estabelecer o dia
1° de junho de 2015 como última data para realização da visita, a regra alijou da disputa
quaisquer outros interessados que manifestassem interesse em participar da licitação a partir
desse dia, lembrado que, até 03 de junho de 2015, nada deveria impedir a participação de
quaisquer interessados.
Quanto à publicidade do certame, conferidas as formas pelas quais foi dada publicidade à
Tomada de Preços n° 004/2015, foi verificado que o aviso do edital constou do Diário
Oficial da União (DOU) de 18 de maio de 2015 (N° 92, Seção 3, página 211) e, na mesma
data, do Diário Oficial dos Municípios do Estado de Goiás, publicação mantida pela
Federação Goiana de Municípios (FGM).
Em síntese, da análise efetuada sobre a competitividade da Tomada de Preços n° 004/2015,
dentre os aspectos analisados, evidenciou-se falha apenas quanto às regras relativas ao
conhecimento do local de execução do objeto licitado.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Não houve manifestação da unidade examinada para esse item.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a
análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.4. Contrato n° 292/2015: composição do BDI atendendo aos parâmetros contidos
no Acórdão n° 2622 TCU/Plenário (Subitem 9.2.1).
Fato
Objetivando efetuar a análise da adequação da taxa de Bonificações e Despesas Indiretas –
BDI apresentada pela empresa Feijãozinho Escavações e Terraplenagem Ltda., CNPJ
08.448.846/0001-09 em sua proposta na Tomada de Preços n° 004/2015/CPL (folha 185 do
Volume Único do Processo n° 1982/2015), comparou-se o BDI apresentado com as
determinações do Acórdão nº 2622/2013 – TCU/Plenário.
O BDI apresentado foi de 23,43%, conforme detalhado a seguir:
Tabela 02 - Detalhamento do BDI do Contrato 292 / 2015
Abadiânia/GO
Item Parcela BDI
1 Impostos Incidentes sobre o Faturamento - I 8,65 %
Imposto sobre Serviços - ISS 3,00 %
Programa de Integração Social - PIS 0,65 %
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social -COFINS 3,00 %
Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta - CPRB 2, 00 %
2 Despesas administrativas - AC 2,97 %
Administração Central 2,97 %
3 Despesas financeiras e seguros 1,78 %
Despesas financeiras (DF) 1,28 %
Seguros + Garantias (S+G) 0,50 %
4 Riscos e imprevistos (R) 0,38 %
Riscos 0,38 %
5 Lucro Bruto - L 7,20 %
Lucro bruto 7,20 %
25,00 %
Fonte: Folha 185 do Volume Único da Tomada de Preços 004/2015
Para o cálculo do BDI, adotou-se a seguinte fórmula, que é indicada no Acórdão nº
2622/2013 – TCU/Plenário:
BDI =(1 + AC + S + R + G)(1 + DF)(1 + L)
(1 − I)− 1
Chega-se, portanto, ao percentual de 23,43 % de BDI, conforme apresentado pela empresa
contratada.
Com relação aos tributos incidentes no faturamento, observa-se que foi aplicada, para a
CPRB, a sistemática de desoneração da folha de pagamento, tendo sido adotado o
percentual de 2% no BDI.
Para os tributos federais PIS e COFINS, os percentuais correspondem à legislação federal,
ou seja, 0,65% e 3%, respectivamente.
Quanto ao ISS, que no munícipio de Abadiânia é de 5 %, foi deduzido o percentual de
40%, relativo ao fornecimento de material, resultando o percentual de 3,0 % na
composição do BDI.
Não consta do BDI apresentado itens impróprios.
Conclui-se que, em atenção ao estabelecido pelo Acórdão nº 2622/2013 – TCU/Plenário,
foram utilizados como diretriz para a composição do BDI os percentuais contidos no item
9.2.1 do mencionado Acórdão, para obras do tipo “Construção de Rodovias e Ferrovias”.
Constatou-se, então, que todos os itens que compõem o BDI apresentado estão dentro dos
limites máximos estipulados pelo Tribunal de Contas da União para a categoria de obras
utilizada.
##/Fato##
2.2.5. Contrato n° 292/2015: alíquota de ISS utilizada para composição do BDI maior
que a efetivamente cobrada pelo Município de Abadiânia/GO, gerando sobrepreço de
R$ 6.751,03 e superfaturamento de R$ R$ 3.237,87 a preços iniciais.
Fato
Conforme já informado neste Relatório, foi incluído no BDI contratual o percentual de 3%
para custear as despesas com o ISS, cuja alíquota no munícipio de Abadiânia é de 5 %.
Esse percentual de 3% resulta da consideração de uma dedução de 40% na base de cálculo
relativa ao fornecimento de material incluso nas notas fiscais, sobre os quais não incide
ISS (5 % sobre 60 % do valor da nota fiscal = 3,0 % sobre o valor da nota fiscal).
Entretanto, verificando as notas fiscais emitidas pela empresa Feijãozinho Escavações e
Terraplenagem Ltda, vencedora da licitação, observa-se que a retenção efetiva referente ao
ISS é de 0,5 %, correspondendo à cobrança de 5% sobre 10% do valor da nota fiscal (ver
item deste Relatório sobre pagamentos realizados). Ou seja, há um desconto de 90 % sobre
o valor da nota fiscal, relativo ao fornecimento de material, sobre o qual não incide ISS.
Assim, há um sobrepreço decorrente dessa cobrança inadequada do ISS incluído no BDI.
Para o cálculo do BDI correto, adotou-se a mesma fórmula indicada no Acórdão nº
2622/2013 – TCU/Plenário, no edital da Tomada de Preços 003/2015/CPL e na proposta
vencedora:
BDI =(1 + AC + S + R + G)(1 + DF)(1 + L)
(1 − I)− 1
Refazendo o cálculo do BDI com o percentual correto de 0,5 % de ISS, chega-se a um BDI
de 20,14%.
O valor total contratado foi de R$ 253.276,57, incluindo o BDI de 23,43 %, de forma que o
valor contratado sem o BDI de 23,43% foi de R$ 205.198,55. Aplicando-se sobre este
valor o BDI adequado de 20,14 %, chega-se ao valor de R$ 246.525,54. Há, portanto, um
sobrepreço de R$ 6.751,03 a preços iniciais, decorrente da superestimava do valor do ISS
no BDI.
Até a 2ª medição, de outubro de 2015, já foram medidos a atestados R$ 121.474,11
considerando o BDI de 23,43 %. Refazendo o cálculo para o BDI correto de 20,14 %, tem-se
um superfaturamento de R$ 3.237,87 a preços iniciais.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Não houve manifestação da unidade examinada para esse item.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a
análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.6. Contrato n° 292/2015: condições gerais de verificação de sobrepreço e
superfaturamento.
Fato
Conforme já mencionado neste Relatório, a execução do objeto do Contrato de Repasse nº
787274 está sendo operacionalizada pela Secretaria de Obras e Serviços Públicos (SOSP) do
Município de Abadiânia/GO por intermédio do Contrato n° 292/2015, celebrado com a
empresa Feijãozinho Escavações e Terraplenagem Ltda.
As análises dos preços contratados foram realizadas levando em consideração as seguintes
premissas:
- Foram considerados os preços unitários iniciais contratados por item de serviço da planilha
orçamentária da proposta vencedora;
- O parâmetro de comparação utilizado foi o Sinapi de data-base coincidente com a data-
base da proposta vencedora da licitação: junho de 2014;
- Para os serviços e insumos constantes das composições da proposta vencedora e que não
possuem correspondentes no Sinapi, utilizou-se, subsidiariamente, preços oriundos das
tabelas Sicro II de julho de 2014.
- O BDI utilizado foi o mesmo da proposta vencedora da licitação: 23,43 %;
- Todos os preços unitários foram analisados, em face do pequeno universo de itens da
planilha;
- Foi utilizado o método de limitação do preço global para o cálculo do sobrepreço,
conforme disposto no documento “Entendimentos relativos a auditorias de obras públicas,
aprovados pela Portaria nº 2.079 de 11/09/2014 da CGU”, a qual determina que em
certames licitatórios quando o regime de execução for o de empreitada por preço unitário,
nos casos de situações jurídicas constituídas (contrato celebrado), sejam compensados os
serviços com subpreços com os sobrepreços.
Para a Tomada de Preços n° 004/2015, que deu origem ao Contrato nº 292/2015/SOSP, a
SOSP utilizou uma planilha orçamentária com data-base de junho de 2014 desonerada, BDI
de 23,43%, no valor de R$ 256.722,75, conforme consta das folhas 042 a 051 do Volume
único do Processo n° 1982/2015, de 15 de maio de 2015. Esse valor orçado pela
Administração Municipal corresponde ao recapeamento de uma área de ruas de 14.002,77
m2, conforme registrado na folha 0042.
Verificou-se que a única participante do certame, licitante Feijãozinho Escavações e
Terraplenagem Ltda., teve sua proposta no valor de R$ 253.276,57 aceita pela
Administração. Conforme registrado na folha 151 do Processo n° 1982/2015, esse valor
corresponde à “ execução de recapeamento asfáltico nas ruas e Av. Getúlio Vargas, Av.
Cruvinel, rua Joaquim Alves, Rua Gontijo, rua Engenheiro Rabelo, rua São Paulo, Av.
Brasília, e Travessa 4, totalizando 14.002,77 m2 de recapeamento asfáltico”, quantidade
coerente com a planilha da Administração.
O BDI praticado pela licitante vencedora foi de 23,43%, conforme consta da folha 155 do
Volume único do Processo n° 1982/2015. Não consta desse processo as composições
analíticas dos itens de serviço da proposta vencedora, mas na planilha foram indicados os
códigos das composições analíticas Sinapi adotadas como referência.
Apesar do objeto licitado contemplar uma área recapeada de 14.002,77m2, a planilha
efetivamente contratada contempla, pelo mesmo valor de R$ 253.276,57, o recapeamento de
uma área de vias de 8.175,76 m2, conforme planilha autuada nas folhas 182 e 183.
Após comparação do orçamento contratado com os preços paradigmas de mercado para o
objeto em comento (recapeamento de 8.175,6m2 de área de vias), obteve-se resultados
demonstrando a adequação dos preços unitários contratados aos preços de mercado,
conforme Tabela seguinte:
Tabela 02 – Comparação de Preços: Contrato 292/2015/SOSP x Preços Paradigma (data-base: Jun/2014) - BDI: 23,43%
Descrição Código
Referência Unid. Quant.
Preço
unitário
contratado
com BDI
Preço
contratado
total
Preço
unitário
Paradígma
com BDI
Preço
Paradígma
total
Sobrepreço
X
Subpreço
Fabricação e aplicação de concreto betuminoso
usinado a quente
(CBUQ), CAP 50/70, exclusive transporte
72965 ton 588,65 235,69 138.738,67 236,62 139.283,60 -544,93
Transporte de material
de qualquer natureza
DMT > 10 km, com caminhão basculante de
4,0 m³ (DT = 45 km)
83444 txKm 26.490,13 0,86 22.887,74 1,10 29.100,12 -6.212,39
Transporte comercial de brita
83356 m³xKm 24.281,81 0,74 17.982,62 0,90 21.878,86 -3.896,23
Ensaio concreto asfáltico 73900/012 T 588,65 29,56 17.401,37 52,14 30.690,35 -13.288,98
Meio fio e sarjeta de concreto moldado no
local usinado 15 MPA
0,45 base x 0,30 altura rejunte argamassa 1:3,5
cimento e areia.
73763/002 ml 193,06 73,92 14.271,79 77,90 15.038,73 -766,94
Pintura de ligação com emulsão RR-2C
72943 m² 8.175,76 1,42 11.605,04 1,68 13.724,22 -2.119,18
Engenheiro (obras civis) 2707 H 60,00 122,08 7.325,08 141,15 8.469,27 -1.144,20
Encarregado (obras
civis) 4083 H 240,00 22,69 5.444,74 26,23 6.294,93 -850,19
Cantina 26941
adaptado unid 480,00 7,41 3.554,78 9,87 4.739,71 -1.184,93
Sinalização horizontal
com tinta retrorrefletiva a base de resina acril
com microesferas de
vidro
72947 m² 182,80 17,92 3.276,15 19,13 3.497,27 -221,12
Placa da obra com
inscrições conforme
Manual CEF (C = 8Y) e (h = 5Y) [Área =
(8Y)*(5Y)] =
(8mx0,5)*(5*0,5)] = 10,0 m²
74209/001
m² 10,00 257,97 2.579,69 364,62 3.646,25 -1.066,56
Barracão de obra em
chapa de madeira
compensada com banheiro, cobertura em
fibr. 4mm, incluso
instalações hidro-sanit e elétricas
74242/001 m² 12,00 178,97 2.147,68 182,81 2.193,75 -46,06
Sinalização vertical.
"placa pare" c/ pintura eletrostática semi-
refletiva. (*)
4 S 06 200 01 m² 6,04 355,40 2.146,64 235,43 1.422,00 724,64
Transporte local de massa asfáltica
pavimentação urbana
(DT = 5,0 km)
83357 m³xKm 1.226,35 0,96 1.180,67 1,15 1.407,73 -227,05
Ensaio recebimento agregado
72743 unid. 6,00 188,47 1.130,79 330,80 1.984,83 -854,04
Sinalização vertical.
"placa identificação da rua" c/ pintura
eletrostática semi-
refletiva. (*)
4 S 06 200 01 m² 2,28 354,74 808,80 235,43 536,78 272,02
Café da manhã 26941
adaptadao unid 480,00 1,23 592,46 5,01 2.405,40 -1.812,94
Ensaio imprimação 73900/001 m² 8.175,76 0,02 201,83 0,06 504,57 -302,74
Somatório 253.276,56 286.818,36 -33.541,80
Fonte: Proposta vencedora da Tomada de Preço 004/2015/SOSP, Sinapi de junho de 2014 e Sicro II de julho de 2014 (*).
##/Fato##
2.2.7. Contrato n° 292/2015: sobrepreço e superfaturamento em serviços de transporte
de material.
Fato
Ao analisar os preços contratados pelo Município de Abadiânia para os serviços objeto do
Contrato de Repasse nº 787274, observou-se que para o item de serviço 2.4 que envolvia
transporte de mistura asfáltica foi considerada a utilização de caminhão basculante com 4 m³
de capacidade.
O emprego de caminhão basculante com apenas 4 m³ de capacidade não é usual em face da
sua baixa produtividade, logo sua utilização no caso concreto configura solução
antieconômica e improvável de ocorrer durante a execução da obra. De fato, com base no
histórico fotográfico da obra fornecido pela prefeitura em resposta à Solicitação de
Fiscalização nº 05, constatou-se que as operações de transporte da massa asfáltica foram
feitas com caminhão basculante trucado de capacidade de 10 m3, o que caracteriza uma
operação mais produtiva e, portanto, mais barata do que a considerada na planilha
orçamentária.
O Quadro a seguir apresenta um relatório fotográfico demonstrando a efetiva utilização de
caminhões com capacidade bem superior a 4 m³ no âmbito do contrato utilizado pela
prefeitura para a execução do objeto do CR 787274:
Foto 02: Recapeamento Travessa 4 (Medição nº 2 – Feijãozinho
Escavações e Terraplenagem) – Utilização de caminhão
caçamba trucado de 10 m³ de capacidade. Abadiânia/GO – 07 de outubro de 2015.
Foto 03: Recapeamento Travessa 4 (Medição nº 2 –
Feijãozinho Escavações e Terraplenagem) – Utilização de
caminhão caçamba trucado de 10 m³ de capacidade. Abadiânia/GO – 07 de outubro de 2015.
Fonte: Registro fotográfico da contratada realizado por ocasião da 2ª Medição.
Durante o período de campo da fiscalização, entre os dias 16 e 19 de agosto de 2016, não foi
registrada realização de qualquer serviço integrante do CR nº 292/2015. Entretanto,
avaliando detidamente a Foto 1 do Quadro 1, verifica-se o uso de um caminhão trucado no
transporte da massa asfáltica. Via de regra esses caminhões basculantes tem caçamba com
capacidades volumétrica em torno de 10 m3 e capacidade máxima útil de 15.935kg,
conforme Cadernos Técnicos de Composições para Transporte com Caminhão Basculante
do Sinapi Versão 001 de Abril de 2016.
O fato de se contratar um serviço menos eficiente por um preço mais caro quando a sua
execução seria, sabidamente, realizada por um método mais eficiente e mais barato
caracteriza falha na elaboração do orçamento base das contratações, levando a um
sobrepreço na contratação.
Para estimar o sobrepreço decorrente dessa falha, refizemos, para o Contrato n° 292/2015, a
composição do serviço “Transporte de material de qualquer natureza DMT > 10 km, com
caminhão basculante de 4,0 m³ (DT = 45 km)”, substituindo o caminhão basculante de 4 m³
pelo de 10 m³.
O coeficiente de produtividade para um caminhão de 10m3 de capacidade foi estimado a
partir dos fatores de carga, produção e eficiência utilizados pelo DNIT no SICRO 2 para
esse tipo de equipamento. De acordo com essa metodologia, a produção da equipe com
caminhão com 10 m³ de capacidade é obtida pela seguinte fórmula:
P = (b*g*h*i*t) / 2, onde:
- P = produção horária em t x km/h;
- b = capacidade do caminhão em t (Capacidade útil máxima 15,935 t)
- g = fator de carga (1);
- h = fator de conversão (1);
- i = fator de eficiência (0,75); e
- t = velocidade média em km/h (43 km/h).
Os valores do fator de carga e fator de eficiência foram obtidos do Manual de Custos
Rodoviários do DNIT (volume 4). Adotou-se fator de conversão igual a 1, porque o serviço
de transporte avaliado não envolve as operações de escavação e carga, mas apenas o
transporte e descarga do material já empolado.
Assim, temos que, para os serviço de “Transporte de material de qualquer natureza DMT >
10 km, com caminhão basculante de 10,0 m³ (DT = 45 km)”:
P = (15,935 t x 1 x 1 x 0,75 x 43 km/h) / 2 = 256,9519 t x km / h.
Ou seja: em uma hora de trabalho com o caminhão de 10 m3 são produzidos 256,9519 t x km
de momento de transporte para o transporte da massa asfáltica. Logo, para produzir 1 t x km
se gasta apenas 0,003892 h (1 t x km / 256,9519 t x km/h = 0,003892 h).
Deve-se ressaltar que utilizando essa mesma metodologia para o caminhão de 4 m³ chega-se
a coeficiente de produtividade semelhante ao utilizado na composição referencial (Sinapi
GO Jun/2014 código 83444) adotada no orçamento contratado: coeficiente da composição
referencial é de 0,0063600 e o coeficiente definido pela metodologia anteriormente exposta
com base no Sicro é de 0,006354.
Fato este que convalida as análises contidas a seguir nesta Constatação.
Nesse sentido, multiplicando o coeficiente obtido para o caminhão de 10 m3 (0,003892 h)
pelo custo horário produtivo deste equipamento obtido da composição Sinapi GO código
84151 de Junho de 2014 (R$ 155,63), obtém-se o custo unitário do momento de transporte
de R$ 0,61 / t x km, conforme quadro seguinte:
Quadro 1 - Custo / preço unitário paradigma do transporte de massa asfáltica (t x km) Caminhão 10 m³
Código Descrição Valor Sinapi
GO Jun/2014
(R$)
Coeficiente Valor sem BDI
de 23,43%
(R$)
Valor com BDI de
23,43%
(R$)
84151 Caminhão basculante, 10m3, CHP diurno 155,63 0,003892 0,61 0,75
Fonte: “Sinapi Nacional”GO de data-base junho de 2014 e Manual de Custos Rodoviários do DNIT (volume 4)
Conforme consta da proposta vencedora da licitação (folhas 0181 a 0183 do Volume único
da Tomada de Preços 004/2015), foi pactuado para o serviço de transporte da massa asfáltica
o valor unitário sem BDI de R$ 0,70 / t x Km, cujo preço unitário resultante da inclusão de
BDI contratual de 23,43% é R$ 0,86 / t x Km.
Quadro 2 – Comparação de Preços: Caminhão Basculante 4 m³ X Caminhão Basculante 10 m³
Contrato 292/2015/Saneago x Sinapi (data-base: junho/2014) - BDI: 23,43%
Item de
Serviço/Material Unidade
Quantidade
Contratada
Custo unitário
executado
com caminhão
4 m³ com BDI
(R$)
Valor total
contratado
p/ caminhão
4 m³ com
BDI (R$)
Custo
unitário
Sinapi com
caminhão
de 10 m³
com BDI
(R$)
Custo Total
Sinapi com
caminhão
de 10 m³
com BDI
(R$)
Sobrepreço
X
Subpreço
(R$)
2.4 - Transporte de
material de qualquer natureza DMT > 10 km
t x km 26.490,13 0,86 22.781,51 0,75 19.867,60 2.913,91
Fonte: Folhas 0181 a 0183 do Processo 1982/2015, “Sinapi Nacional” de data-base junho de 2014 e Manual de Custos Rodoviários
do DNIT (volume 4)
Portanto, conforme registrado no Quadro 2, existe um sobrepreço no valor R$ 2.913,91 a
preços iniciais, que representa aproximadamente 16% do valor do item 2,4 e 1,2% do valor
total do contrato. Considerando que desse total contratado já foram pagos com esse preço
unitário majorado a quantidade de 18.751,04 t x km, conforme Boletins de Medição 1 e 2,
chega-se a um pagamento a maior no valor de R$ 2.062,61.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 338, de 13 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Abadiânia/GO apresentou a seguinte manifestação:
“Quando da apresentação do primeiro orçamento deste contrato, elaborado pelo
Engenheiro Civil Marcelo Koji Watanabe - CREA 6664/D-GO, contratado da Prefeitura
Municipal de Abadiânia para a aprovação perante a GIGOV/AN, em meados de julho de
2014, já contemplava o item 2.4, código 83444, da Tabela SINAPI de Junho/2014:
"TRANSPORTE DE MATERIAL DE QUALQUER NATUREZA DMT > 10 KM. COM
CAMINHÃO BASCUIANTE DE 4.0 M3 (DT = 45KMV). E após a substituição do
Engenheiro, novo orçamento foi elaborado, seguindo as orientações dos Engenheiros da
GIGOV/AN, onde foram utilizados os mesmos itens e códigos do orçamento inicial. E este
item em tela foi aceito pelo corpo de Engenheiros da GIGOV/AN, e após a conclusão de
parte dos serviços contratados, este item foi medido pela fiscalização da CEF- Caixa
Econômica Federal e pago.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
A manifestação apresentada não contesta o mérito do fato apresentado, apenas aponta os
responsáveis pela elaboração e aprovação da planilha orçamentária com as falhas apontadas
e os responsáveis pela medição deste item na condição apresentada no fato.
De fato, esse tipo de falha já deveria ter sido evitada no momento da elaboração do
orçamento da administração, na ocasião da aprovação da planilha contratada,
exaustivamente analisada pelos setores competentes da GIGOV/Anápolis, por se tratar de
composição de preço de baixa produtividade, que não retrata a realidade executiva do
serviço.
Por outro lado, a fiscalização do município ao notar o emprego de caminhão de maior
capacidade do que o considerado no preço do serviço, deveria propor a alteração
promovendo o reequilíbrio financeiro do contrato em favor da Administração.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.8. Contrato n° 292/2015: sobrepreço do item 2.8 ensaio de concreto asfáltico,
gerando superfaturamento potencial (R$ 9.406,62) e efetivo (R$ 3.292,35).
Fato
Ao analisar os preços contratados pelo Município de Abadiânia/GO para os serviços objeto
do Contrato de Repasse n° 787274, observou-se que para o item 2.8 – Ensaio concreto
asfáltico foi pactuado o custo unitário de R$ 23,95, conforme consta nas folhas 0181 a 0182
do Volume único da Tomada de Preços n° 004/2015. Esse valor é superior ao somatório dos
custos efetivamente incorridos durante a aferição da qualidade dos materiais empregados no
recapeamento.
Embora no processo não conste a composição analítica específica deste custo unitário, a
planilha contratada faz referência à composição de custo do Sinapi código 73900/12 com
data base de junho de 2014, apresentada a seguir:
Tabela 3 - composição analítica de custo unitário do item 2.8
73900/ 12 ENSAIOS DE CONCRETO ASFALTICO Tonelada
Descrição Unidade Coeficiente R$
Unit. Total (R$)
74022/001 ENSAIO DE PENETRACAO - MATERIAL BETUMINOSO und 0,05 113,9 5,70
C 74022/002 ENSAIO DE VISCOSIDADE SAYBOLT - FUROL - MATERIAL
BETUMINOSO und 0,06 147,4 8,84
C 74022/025 ENSAIO DE PONTO DE FULGOR - MATERIAL BETUMINOSO und 0,05 107,2 5,36
C 74022/028 ENSAIO DE SUSCEPTIBILIDADE TERMICA - INDICE PFEIFFER -
MATERIAL ASFALTICO und 0,01 167,5 1,68
74022/029 ENSAIO DE ESPUMA - MATERIAL ASFALTICO und 0,05 120,6 6,03
74022/040 ENSAIO MARSHALL - MISTURA BETUMINOSA A QUENTE und 0,03333 234,51 7,82
74022/042 ENSAIO DE EQUIVALENTE EM AREIA - SOLOS und 0,00004 60,3 0,00
74022/052 ENSAIO DE GRANULOMETRIA DO AGREGADO und 0,00152 67 0,10
74022/054 ENSAIO DE GRANULOMETRIA DO FILLER und 0,00005 60,3 0,00
74022/055 ENSAIO DE TRACAO POR COMPRESSAO DIAMETRAL - MISTURAS
BETUMINOSAS und 0,03333 167,5 5,58
74022/056 ENSAIO DE DENSIDADE DO MATERIAL BETUMINOSO und 0,02052 55,13 1,13
Custo Unitário Total (R$) 42,24
Fonte: Sinapi GO Junho de 2014 e folhas 181 a 182 do processo da Tomada de Preços 004/2015
Os custos integrantes da composição acima se referem a ensaios para determinação das
propriedades físicas do cimento asfáltico de petróleo utilizado na obra, da composição
granulométrica dos agregados, areia e filler e para determinação das propriedades mecânicas
da mistura asfáltica.
Tratam-se de testes essenciais para aferição da qualidade dos materiais componentes da
mistura asfáltica e para a sua dosagem, que consiste na definição dos percentuais dos
agregados, areia, filler e de cimento asfáltico ideais para obtenção do revestimento com as
características especificadas.
Entretanto, durante os trabalhos de campo, verificou-se que a empresa contratada não estava
usinando a mistura, mas comprando a massa asfáltica pronta da fornecedora PREPAV S.A.
Pavimentação e Pré-moldados, localizada no Distrito Federal, conforme Nota Fiscal nº 0561
encaminhada pela prefeitura por meio do Ofício nº 246/16/GABIN de 19 de agosto de 2016.
Tanto na documentação autuada como na apresentada pela fiscalização não foram
encontradas evidências da realização dos ensaios de penetração, viscosidade Saybolt –
Furol, de ponto de Fulgor, de susceptibilidade térmica, ensaio de espuma, de equivalente de
areia, de granulometria do filler e de determinação da resistência a tração por compressão
diametral.
Anexo a esse mesmo ofício, em resposta à Solicitação de Fiscalização 05, foi apresentado o
registro dos resultados dos ensaios efetivamente realizados no acompanhamento da
execução do concreto asfáltico, quais sejam: determinação da estabilidade Marshall da
mistura, granulometria dos agregados, densidade do material betuminoso e controle do grau
de compactação.
De acordo com o Sinapi GO junho de 2014 o custo unitário desses ensaios efetivamente
realizados é de R$ 11,00, conforme composição apresentada na Tabela seguinte:
Tabela 4 - composição analítica de custo unitário dos ensaios de concreto asfáltico efetivamente realizados
73900/12 - Adaptada - Ensaios Concreto Asfáltico efetivamente realizados Tonelada
Descrição Unidade Coeficiente R$ Unit. Total (R$)
C 74022/040 ENSAIO MARSHALL - MISTURA BETUMINOSA A QUENTE und 0,03333 234,51 7,82
C 74022/052 ENSAIO DE GRANULOMETRIA DO AGREGADO und 0,00152 67,00 0,10
C 74022/056 ENSAIO DE DENSIDADE DO MATERIAL BETUMINOSO und 0,02052 55,13 1,13
C 74022/053 ENSAIO DE CONTROLE DO GRAU DE COMPACTACAO DA
MISTURA ASFALTICA und
0,0324 60,30 1,95
Custo Unitário Total (R$) 11,00
Fonte: Sinapi GO Junho de 2014
Portanto, o custo unitário dos ensaios realizados para controle da qualidade do concreto
asfáltico (R$ 11,00) é inferior à metade do valor do custo unitário pactuado (R$ 23,95).
Como para esse serviço já foram pagos a esse custo unitário pactuado a quantidade de
ensaios correspondentes a 206,03 t de massa, conforme 2º Boletim de Medição autuado à
folha 0257 do processo nº 1982/15, existe um superfaturamento efetivo no valor de R$
3.292,35 a preços iniciais, conforme cálculo do Quadro 3. Caso todo o quantitativo
contratado seja medido e pago a esse preço pactuado sem a efetiva realização de todos os
ensaios, o superfaturamento total será de R$ 9.406,62.
Quadro 3 - Cálculo dos superfaturamentos efetivo e potencial para o item 2.8 - ensaios para concreto asfáltico
Item de
Serviço Unid.
Quant.
Contratada
Quant.
Medida
Preço
unitário
contratad
o c/ BDI
23,43%
(R$)
Preço
unitário
dos
ensaios
realizados
c/ BDI
23,43%
(R$)
Diferença
de preços
unitários
(R$)
Superfaturamento
efetivo (R$)
Superfaturamento
potencial (R$)
2.8 - Ensaios
Concreto Asfáltico
t 588,65 206,03 29,56 13,58 15,98 3.292,35 9.406,62
Fonte: Sinapi Go Junho/2014 e 2º Boletim de Medição Contrato nº 292/2015
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 338, de 13 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Abadiânia/GO apresentou a seguinte manifestação:
“Todos os ensaios constantes dos itens 2.6. 2.7 e 2.8 foram contratados seguindo os códigos
e valores estipulados na Tabela SINAPI de Junho de 2014 e seus valores foram aceitos e
pagos pelo corpo de Engenheiros do GIGOV/AN.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
A manifestação limitou-se a abordar a adequação dos preços dos ensaios ao SINAPI e a
aceitação dos valores medidos pela equipe da GIGOV/AN. Não houve menção ao fato
relatado, tampouco apresentação de documentação que elidisse o superfaturamento
apontado.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.9. Inspeção física sobre o objeto do Contrato n° 292/2015: área efetivamente
recapeada inferior ao montante medido; pontos com espessura do recapeamento
inferior ao contratado; meio-fio com dimensão menor que a contratada e deficiência
técnica no pavimento executado (falta de abaulamento).
Fato
O objeto do Contrato de Repasse nº 787274 foi executado sob a égide do Contrato nº
292/2015 pactuado entre a Prefeitura Municipal de Abadiânia e a Empresa Feijãozinho
Escavações e Terraplenagem Ltda. EPP, o qual foi assinado em 08 de julho de 2015 e teve
sua execução iniciada em 01 de outubro de 2015, conforme Ordem de Serviço autuada à
folha 0218 do processo 1982/2015. Como o prazo de execução é de dois meses, o objeto
deveria ter sido entregue em 1° de dezembro de 2015, o que não se verificou.
A documentação da fiscalização encaminhada pela prefeitura por meio do Ofício nº
246/2016/GABIN, especialmente o Diário de Obras nas folhas 05 e 06, permitiu identificar
que os serviços de recapeamento em CBUQ na Travessa 4 e na Rua Getúlio Vargas foram
executados nos dias 07 e 08 de outubro de 2015. Conforme registrado nas folhas de 07 a 10
do Diário de Obras, serviços de meio-fio com sarjeta foram executados entre os dias 23 e 26
de fevereiro de 2016, isto é, mais de dois meses após o fim do prazo inicialmente pactuado.
Até agosto de 2016 já foram realizadas duas medições parciais. De acordo com o último
Boletim de Medição de 10 de novembro de 2015, já foram medidos e pagos os serviços
correspondentes ao valor de R$ 149.935,47, o que representa 59,2% do valor total pactuado.
Os itens contemplados foram serviços preliminares, de revestimento, de Administração e as
refeições.
No Boletim de Medição nº 01 foi medido e pago como serviço preliminar o item Barracão
de obra em chapa de madeira compensada no valor total de R$ 1.740,00. Entretanto, durante
a inspeção de campo não foi constatada a execução desse barracão. O registro fotográfico da
obra anexo às medições não comprova a realização desse item. Assim, esse pagamento
caracteriza um superfaturamento de R$ 1.740,00, a preços iniciais.
Em relação ao pagamento da administração local, observou-se que foram medidos e pagos
apenas a quantidade de horas relativa ao primeiro mês. No Boletim de Medição nº 02 este
item não foi contemplado, tampouco nos meses subsequentes, apesar das prorrogações
sucessivas do prazo de execução do contrato. A esse respeito, vale destacar que a empresa
não mantém funcionários e equipamentos mobilizados no município de Abadiânia durante
toda a vigência do contrato. Durante o período de campo, quando não havia frente de serviço
em execução, mas o contrato ainda estava vigente, não foi identificado qualquer canteiro,
alojamento, funcionários ou equipamentos da contratada.
Com relação aos serviços de recapeamento, meio fio com sarjeta e de sinalização verificou-
se que no âmbito do contrato 292/2015, eles foram executados parcialmente nas vias Av.
Getúlio Vargas e na Travessa 04. A quantidade efetivamente executada dos serviços
envolvidos no recapeamento foi determinada por meio do levantamento da largura, extensão
e espessura com auxílio de GPS e trena, sendo os resultados apresentados a seguir:
Tabela 5 - Levantamento quantidade recapeada Rua Getúlio Vargas
Pontos Coordenadas
Extensão (m ) Largura (m) Área (m2) X Y
Trecho 01 16º11'41,1'' 48º42'44,0''
307 6,4 1.964,80 16º11'17,7'' 48º42'34,5''
Trecho 02 16º11'19,1'' 48º42'35,6
217 6,4 1.388,80 16º11'21,5" 48º42'28,7"
Somatório (m2) 3.353,60
Quadro 4 - Levantamento quantidade recapeada da Travessa 4
Pontos Coordenadas Extensão
(m )
Largura
(m) Área (m2)
X Y
Início 16º11'36,5'' 48º42'42,6'' 242 6,5 1.573,00
Fim 16º11'36,4'' 48º42'34,7''
Na Rua Getúlio Vargas foi efetivamente recapeada uma área de 3.353,60 m2, que é um valor
muito próximo à quantidade paga até a segunda medição, 3.360,47 m2. Entretanto, na
Travessa 4 a área efetivamente recapeada foi de 1.573,00 m2, ao passo que o quantitativo
medido e pago foi de 2.426,76 m2. Neste caso, uma medição e pagamento a maior de 853,76
m2. Este quantitativo majorado, por já ter sido pago, gera superfaturamento em todos os
subitens de serviço do item 2.0 – revestimento da planilha, conforme cálculo seguinte.
Por meio de inspeção visual da superfície da pista e dos ensaios de concreto asfáltico
apresentados é possível afirmar que o recapeamento foi executado em concreto betuminoso
usinado a quente faixa C do DNIT, em grande parte da Rua Getúlio Vargas quanto na
totalidade da Travessa 4, conforme registro fotográfico seguinte.
Foto 4: Textura da capa asfáltica em CBUQ na Rua Getúlio Vargas – eixo da rua
próximo pousada Andressa. Abadiânia, 17 de agosto de 2016.
Na Foto 4 acima, próxima ao eixo da rua em frente a Pousada Andressa, é possível
identificar um pequeno buraco na superfície devido à perda de um grão do agregado graúdo
da mistura. Essa perda do grão, associada ao aparecimento do material terroso, indica que
neste ponto a espessura do CBUQ aplicada não atendeu à dimensão de 3,0cm especificada,
conforme Foto 2 de um defeito pré-existente do revestimento executado a menos de doze
meses (outubro de 2015).
Foto 5: Registro de espessura de 1,5 cm de capa asfáltica em CBUQ na Rua Getúlio
Vargas – eixo da rua próximo pousada Andressa. Abadiânia, 17 de agosto de 2016.
Em outro ponto da mesma rua, agora na borda da via, foi identificado o mesmo tipo de
defeito. Ou seja, a espessura da camada verificada de 1,5 cm é inferior à espessura
especificada de 3,00 cm, conforme Foto 6 seguinte:
Foto 6: Registro de espessura de 1,5 cm de capa asfáltica em CBUQ na Rua Getúlio
Vargas – buraco pré-existente na borda próximo à esquina com a Rua 2. Abadiânia, 17
de agosto de 2016.
Essas constatações não são suficientes para condenar a qualidade de todo o recapeamento da
rua Getúlio Vargas, por se limitarem a duas ocorrências. Todavia, por terem sido
identificadas em locais de defeitos pré-existentes originados a menos de um ano da
execução, indicam claramente que, especificamente nestes locais, o serviço não foi
executado conforme especificado em projeto.
Além disso, tais constatações põem em dúvida a fidedignidade dos resultados dos ensaios de
controle do grau de compactação da camada de CBUQ realizados pela empresa Soloarte
Controle Tecnológico em 08 de outubro de 2015, os quais identificaram espessura média
executada de 3,18 cm, considerando extração de corpos de provas em quatro pontos da via.
Ressalta-se que os resultados da aferição da espessura executada são fortemente
influenciados pela escolha dos locais de extração dos corpos de prova, podendo o operador
excluir da amostra locais onde sabidamente a espessura de projeto não tenha sido atingida,
ludibriando a fiscalização.
Outro fator que pode interferir no resultado destes testes, ocultando uma execução de menor
espessura, é o fato de esse recapeamento está sendo feito sobre uma via com revestimento
pré-existente. Assim, a medição da espessura do corpo de prova pode está incluindo a
espessura da camada de revestimento pré-existente, falseando a espessura de fato executada
no âmbito do contrato 292/2015.
Convém registrar, que não há na documentação encaminhada pela prefeitura registro
fotográfico da realização do processo de extração dos corpos de prova, tampouco do
momento da medição das espessuras dos mesmos. Tais registros foram solicitados por meio
da Solicitação de Fiscalização nº 05, mas não foram entregues conforme manifestação da
contratada anexa ao nº 246/16/GABIN da prefeitura.
Apresar de a negativa se basear em argumentação da contratada de que o registro fotográfico
não é essencial, convém alertar que a existência do mesmo é exigida da fiscalização da
prefeitura como comprovação do acompanhamento efetivo da aferição da qualidade do
serviço e do comportamento diligente do fiscal em comprovar o afastamento dos fatores
falseadores dos resultados dos ensaios.
No que se refere ao serviço de meio fio com sarjeta, não foi constatada qualquer indício de
nova execução. Conforme comprovado pela Foto 4, na Rua Getúlio Vargas o meio fio é
desprovido de sarjeta e já existia no momento do recapeamento.
Foto 7: Condição da drenagem superficial na Rua Getúlio Vargas – ausência de
sarjeta, meio fio antigo. Abadiânia, 17 de agosto de 2016.
A Foto 7, retirada após um dia chuvoso, denuncia a condição deficiente da drenagem da via
recapeada provocada pela ausência do abaulamento de 3% e dos dispositivos de drenagem
adequados previsto no projeto de engenharia. No projeto licitado, existe previsão de
execução de 64,50 m de meio fio com sarjeta, conforme seção transversal da via apresentada
a seguir:
Foto 8: Seção transversal projetada constante do Volume Técnico do
Processo 2635.1006.609-41/2013.
Portanto, os serviços executados na Rua Getúlio Vargas apresentam evidências de
deficiências quantitativas e qualitativas comprometedoras da funcionalidade e da
durabilidade, caracterizando descumprimento do projeto. Como esses serviços foram
atestados e pagos, fica caracterizado o superfaturamento por qualidade.
Na Travessa 4, embora tenha sido constatado um superfaturamento de quantidade por ter
sido medido e pago uma área superior à efetivamente recapeada, a espessura da capa
encontra-se com valores até superiores aos 3,0 cm projetados. A textura superficial era típica
de CBUQ.
Neste caso, não foram identificados defeitos como buracos ou desagregação de partículas na
superfície do revestimento. Por isso, a espessura da capa foi medida com trena em pedaços
de revestimento das bordas da via retirados durante a construção de meio fio com sarjetas,
conforme registro fotográfico seguinte:
Fotos 9 e 10: Registros da espessura da borda da capa asfáltica na Travessa 4.
Abadiânia, 19 de agosto de 2016.
Verificou-se que na Travessa 4 foram executados dispositivos de drenagem meio fio com
sarjeta na extensão de 172,60 m, conforme registro fotográfico seguinte:
Fotos 11 e 12: Registros do meio-fio com sarjeta executados na Travessa 4 (lado esquerdo
sentido centro-bairro) - Abadiânia, 19 de agosto de 2016.
Conforme Quadro 3, foi detectada altura do meio fio acima da sarjeta de 15 cm,
contrariando o projeto, cuja especificação é 23,0 cm (vide foto 5). Essa deficiência executiva
é prejudicial à funcionalidade do dispositivo de drenagem e ensejadora de refazimento às
expensas da contratada.
Fotos 13, 14 e 15: Registros do meio-fio com altura acima com sarjeta inferior ao projetado
na Travessa 4 (lados esquerdo e direito sentido centro-bairro) - Abadiânia, 19 de agosto de
2016.
Fotos 16 e 17: Largura do topo do meio fio (10 cm) coerente ao projetado na Travessa 4
(lados esquerdo e direito sentido centro-bairro) - Abadiânia, 19 de agosto de 2016.
Com relação à largura do topo do meio fio executado na Travessa 4, verificou-se que a
dimensão detectada de 10 cm é coerente com o projeto.
No caso da largura da sarjeta, verificou-se concordância com o projeto apenas na sarjeta
executada do lado esquerdo. Na sarjeta do lado direito, a largura detectada foi de 26 cm,
enquanto o projeto especifica largura de 35cm (vide Fotos a seguir). Assim, no lado direito a
execução foi deficiente e enseja refazimento às expensas da contratada.
Foto 18: Largura de 33 cm da sarjeta do lado esquerdo (sentido centro-bairro) na
Travessa A. Abadiânia, 19 de agosto de 2016.
Foto 19: Largura de 26 cm da sarjeta do lado direito (sentido centro-bairro) na Travessa
A. Abadiânia, 19 de agosto de 2016.
Por fim, registra-se que a execução desses dispositivos de drenagem superficial ainda não foi
contemplada em medição, não caracterizando superfaturamento. Entretanto, trata-se
execução deficiente passível de correção pela contratada, afim de não prejudicar a
funcionalidade dos dispositivos.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 338, de 13 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Abadiânia/GO apresentou a seguinte manifestação:
“No parágrafo segundo, da página 33 do relatório, está descrito que: "este um item cuja
quantidade licitada provavelmente não fosse totalmente necessária (vide o caso da Rua
Gelúlio Vargas)", estes quantitativos foram levantados pelo Técnico em Agrimensura
contratado da Prefeitura Municipal de Abadiânia, Sr. I.D.S.. E estes mesmos quantitativos
foram vistoriados e aceitos pelos Engenheiros do GIGOV/AN antes da aprovação do
projeto e do orçamento em tela.
No penúltimo parágrafo da página 33 do relatório, relata sobre o barracão de obras. A
empresa vencedora do certame solicitou junto à GIGOV/AN que este item fosse substituído
por um aluguel residencial, onde ficariam hospedados seus funcionários e depósito de
maquinários, durante a execução dos serviços, o que não foi aceito e este item foi glosado
pela GIGOV/AN, e não foram pagos, conforme pode-se constatar nas medições
subsequentes.
No segundo parágrafo da página 34 do relatório, foi encontrado pelos fiscais do CGU uma
diferença para mais na área recapeada de 853,76 m². Acreditamos que pode ter havido um
engano na medição da largura da Travessa 4, pois segundo o levantamento do Técnico em
Agrimensura contratado da Prefeitura Municipal de Abadiânia, Sr. I. D. S. este achou uma
largura média de 8,43 metros. Esta mesma via foi vistoriada pelos Engenheiros fiscais do
GIGOV/AN, e o serviço executado no local foi aceito e pago.
Nos parágrafos seguintes os fiscais da CGU relatam sobre a espessura do recapeamento, e
afirmam que o mesmo é inconstante e que não obedece ao projeto, e colocam em cheque a
fidedignidade dos resultados dos testes elaborados pela empresa Soloarte Controle
Tecnológico. O pavimento existente que recebeu o referido recapeamento, como todo
pavimento utilizado por inúmeros veículos, tende a se deformar, com o aparecimento de
desníveis em toda sua área de diferentes profundidades. No local em questão, há alturas
que efetivamente tem mais do que a espessura estipulada, como encontrado na Travessa 4,
bem como em alguns locais aparecem com espessuras um pouco abaixo. Sendo que na
média foi encontrada uma espessura de 3,18 cm. Valor este bem próximo à espessura
estipulada no orçamento. Sendo que estes locais foram vistoriados e pagos pelos
Engenheiros do GIGOV/AN.
Como constatado pela fiscalização da CGU, o serviço de meio fio e sarjetas não ficaram de
acordo com o projeto, sendo assim, os mesmos não foram medidos e nem pagos.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
A manifestação do gestor se inicia abordando um aspecto secundário do fato, desviando o
foco do fato principal que é a manipulação da planilha contratual atenuando a condição de
execução do contrato em relação ao cenário licitado, sem oportunizar aos demais
interessados as condições reais de execução do objeto. Mesmo em relação a esse aspecto
secundário, o argumento de que as quantidades de meio fio e sarjeta foram levantadas por
agrimensor e aprovadas pela Caixa não elide a tese de desnecessidade de quantitativos deste
item na Rua Getúlio Vargas, onde não se verificou, de fato, execução de meio fio com
sarjetas novos.
Em relação ao item barracão de obras, de fato houve a glosa pela GIGOV/AN o que elide o
superfaturamento apontado.
No que se refere à medição a maior de área recapeada, mesmo adotando como largura o
valor apresentado pela prefeitura de 8,43m não se obtém a área total medida e paga na
Travessa 4. Convém registrar que no cálculo da CGU foi adotada a máxima largura do
trecho onde efetivamente se verificou a execução de camada de CBUQ, que foi entre a Rua
B até a Av. Anápolis, totalizando 242,00 m de extensão. No trecho entre a Av. Anápolis e
Av. Monsenhor Chiquinho não foi executado CBUQ. Portanto, a justificativa apresentada
não elide o fato relatado.
A justificativa apresentada para as espessuras menores do que 3,0cm na R. Getúlio Vargas
não pode ser aceita. Não foi o efeito do tráfego e por conseguinte deformação no pavimento
que provocou as diferentes espessuras detectadas. Na data da vistoria, o revestimento
executado possuía menos de um ano de vida, exposto a um tráfego de veículos leves por se
tratar de uma via secundária em localidade residencial. Além disso, nos locais onde foram
encontradas as espessuras inferiores não foi detectado afundamento na trilha de rodas
característicos de deformação do pavimento como um todo, nem o deslizamento longitudinal
ou lateral do revestimento típicos de áreas de frenagem e de curvas de veículos pesados.
Reitera-se que a via é reta e sem tráfego de veículos pesados. Assim, de fato, as diferenças
de espessuras detectadas consistem em defeitos de execução, que não deveriam ter sido
aceitos pela fiscalização. Portanto, a manifestação apresentada em nada contribui para elidir
o fato relatado, tampouco apresenta soluções para resguardar o erário de maiores prejuízos.
Com relação aos serviços de meio fio e sarjeta, o gestor limitou-se a confirmar o fato
relatado, afirmando que o mesmo não foi pago.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.10. Contrato n° 292/2015: superfaturamento por inexecução parcial do objeto.
Fato
Por meio da inspeção física, constatou-se que a quantidade medida e paga dos serviços de
revestimento asfáltico foi superior à efetivamente executada, gerando um superfaturamento
no valor de R$ 28.440,98 a preços iniciais.
Conforme relatado neste relatório, na Travessa 4, a área efetivamente recapeada foi de
1.573,00 m², ao passo que o quantitativo medido e pago foi de 2.426,76 m². Neste caso, uma
medição e pagamento a maior de 853,76 m².
Verificou-se que as duas medições, validadas pelos Relatório de Acompanhamento de
Engenharia nº 1 (folhas 87 a 89) e nº 2 (folhas 106 a 107), consideraram o recapeamento em
toda a extensão da Travessa 4, ao passo que durante a inspeção in loco foi possível
identificar recapeamento em CBUQ apenas no trecho que vai da Rua B até a Av. Anápolis,
totalizando 242,00 m de extensão.
No segmento entre a Avenida Anápolis e a Av. Monsenhor Chiquinho não foram
encontradas evidências de recapeamento em CBUQ, conforme registro fotográfico seguinte:
Foto 20: Textura típica de tratamento superficial na Travessa 4
– Abadiânia/GO, 19 de agosto de 2016.
Foto 21: Panela na Travessa 4 – Abadiânia/GO, 19 de agosto
de 2016.
Foto 22: Panelas fechadas com argamassa na Travessa 4 – Foto 23: Trinca com aparecimento de panelas na Travessa 4 –
Abadiânia/GO, 19 de agosto de 2016. Abadiânia/GO, 19 de agosto de 2016.
Foto 24: Segmento da Travessa 4 entre Ruas B e C não recapeado em CBUQ – textura típica de tratamento
superficial. Abadiânia, 19 de agosto de 2016.
Foto 25: Segmento na Travessa 4 entre Ruas B e C não recapeado em CBUQ – textura típica de tratamento
superficial. Abadiânia, 19 de agosto de 2016.
Foto 26: Detalhe do cruzamento da Travessa 4 com Rua B – início da execução do CBUQ até Av. Anápolis. Abadiânia, 19 de
agosto de 2016.
Na tabela e quadro seguintes são apresentadas as coordenadas geográficas dos pontos de
início e fim dos trechos efetivamente recapeados e as respectivas áreas executadas:
Tabela 6 - Levantamento quantidade recapeada Rua Getúlio Vargas
Pontos Coordenadas
Extensão (m ) Largura (m) Área (m2) X Y
Trecho 01 16º11'41,1'' 48º42'44,0''
307 6,4 1.964,80 16º11'17,7'' 48º42'34,5''
Trecho 02 16º11'19,1'' 48º42'35,6
217 6,4 1.388,80 16º11'21,5" 48º42'28,7"
Somatório (m2) 3.353,60
Quadro 5 - Levantamento quantidade recapeada da Travessa 4
Pontos Coordenadas Extensão
(m )
Largura
(m) Área (m2)
X Y
Início 16º11'36,5'' 48º42'42,6'' 242 6,5 1.573,00
Fim 16º11'36,4'' 48º42'34,7''
Assim, a área de vias efetivamente recapeadas no âmbito do contrato 292/2015 até agosto de
2016 foi de 4.926,60 m², considerando as Rua Getúlio Vargas e Travessa 4, enquanto o valor
medido até então corresponde a uma área recapeada de 5.787,23 m². Este quantitativo
majorado, por já ter sido pago, gera superfaturamento em todos os subitens de serviço do
item 2.0 – revestimento da planilha, conforme cálculo seguinte.
Além disso, o quantitativo do item 2.5 – transporte comercial medido foi majorado pela
consideração de uma distância média de transporte da pedreira até a usina de massa asfáltica
superior a efetivamente praticada km.
Dividindo-se o momento de transporte medido de 17.334,69 m³ x km pela quantidade de
massa asfáltica em volume solto 222,22 m³ (1,28 * 423,6 t / 2,44 t/m³), obtém uma DMT de
78,00 km.
Conforme documentação apresentada, a usinagem do CBUQ está sendo realizada em
Sobradinho-DF na usina PREPAV. A pedreira que fornece a brita para a mistura é a Pedreira
CIPLAN, que se localiza também no Distrito Federal a 30 km da usina. Neste caso, a
quantidade correspondente à DMT de 30 km será 6.666,60 m³ x km (222,22 m³ x 30 km), o
que é bem inferior à quantidade medida de 17.334,69 m³ x km.
Tabela 7 – Cálculo do superfaturamento por majoração de área recapeada e superestimativa do momento de transporte
da brita comercial.
ITEM DESCRIÇÃO Und R$
Unitário
Quantidade
Paga
Valor Pago
(R$)
Quantidade
executada
Valor
Executado
(R$)
2.1 Pintura de ligação com emulsão RR-2C m² 1,42 5.787,23 8.214,65 4.926,60 6.993,04
2.2 Fabricação e aplicação de concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ), CAP
50/70, exclusive transporte
ton
235,69 423,66 99.852,25 360,63 84.996,74
2.3 Transporte local de massa asfáltica pavimentação urbana (DT = 5,0 km)
m³xKm 0,96 868,08 835,75 738,99 711,47
2.4
Transporte de material de qualquer natureza
DMT > 10 km, com caminhão basculante de
4,0 m³ (DT = 45 km)
txKm
0,86 19.064,70 16.472,09 16.228,35 14.021,46
2.5 Transporte comercial de brita m³xKm 0,74 17.334,69 12.837,72 6.666,60 4.933,28
2.6 Ensaio recebimento agregado unid. 188,47 6,00 1.130,79 6,00 1.130,79
2.7 Ensaio imprimação m² 0,02 5.787,23 142,86 4.926,60 121,62
2.8 Ensaio concreto asfáltico T 29,56 423,66 12.524,02 360,63 10.660,76
SOMATÓRIO 152.010,14 123.569,16
SUPERFATURAMENTO (R$) 28.440,98
A comprovação do pagamento desses valores a maior é feita por meio das Notas Fiscais nº
771 e 839 referentes aos Boletins de Medição nº 01 e 02 e autorizações de saque nº 1 (folha
102) e nº 2 (folhas 125 a 128), ambos do processo 2635.1006.609-41-2013.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 338, de 13 de outubro, de 2016 a Prefeitura Municipal de
Abadiânia/GO apresentou a seguinte manifestação:
“Nos parágrafos da folha 38, novamente a diferença de área, que já narramos
anteriormente, e que acreditamos no equívoco na medição da largura da Travessa 4. E
reafirmamos que esta via foi fiscalizada, aprovada e paga pelo GIGOV/AN. Não se aplica.
Em relação ao item 2.5, esclarecemos que quando da confecção do orçamento, (vide folha
000052 da Tomada de Preços n° 004/2015), foi considerada a fornecedora de materiais
situada na cidade de Aparecida de Goiânia, distante 95 km de Abadiânia. Distância esta
aceita pela equipe de Engenheiros do GIGOV/AN. Só que a vencedora do certame preferiu
adquirir o material em outro município, o que inclusive foi esclarecido à fiscalização da
CGU, durante sua estada em Abadiânia.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Convém registrar que no cálculo da CGU foi adotada a máxima largura do trecho onde
efetivamente se verificou a execução de camada de CBUQ, que foi entre a Rua B até a Av.
Anápolis, totalizando 242,00 m de extensão. No trecho entre a Av. Anápolis e Av.
Monsenhor Chiquinho não foi executado CBUQ. Assim, a medição a maior se deu por
considerar trecho onde o recapeamento não foi executado, não por consideração de largura
equivocada. Portanto, a justificativa apresentada não elide o fato relatado e apenas tenta
transferir a responsabilidade pelo superfaturamento à GIGOV/AN.
No que concerne ao superfaturamento devido a distância de transporte da fonte da brita
comercial para usina de CBUQ, a manifestação não contestou o mérito do fato constatado,
que é a majoração da distância orçada em relação efetivamente praticada. Ela apenas reforça
o fato relatado atribuindo a responsabilidade à GIGOV/AN pela aceitação da distância
orçada.
Ao mencionar a aceitação da distância de 95km pela GIGOV/AN, o gestor municipal
considera que a brita comercial, assim como os demais materiais, seriam transportados de
Aparecida de Goiânia para Abadiânia, para nesse município serem usinados, o que não é
uma solução exequível, dada a pequena quantidade de serviço e a inexistência de usina de
asfalto operando em Abadiânia.
Em momento algum de sua manifestação o gestor municipal mencionou ou apresentou
evidências sobre a distância real praticada entre a pedreira efetivamente adotada e a usina
efetivamente utilizada. Limitou-se a citar a aceitação da distância adotada na orçamentação
como sendo suficiente para afastar a responsabilidade da fiscalização da prefeitura em
garantir à coerência dos valores pagos ao que efetivamente foi realizado em campo e de
promover o reequilíbrio econômico financeiro do contrato em favor da Administração.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.11. Tomada de Preços n° 004/2015 e contrato decorrente (Contrato n° 292/2015):
superestimativa de quantidade de transporte comercial de brita para usinagem do
CBUQ resultado em superfaturamento.
Fato
O orçamento de referência da Administração para Tomada de Preços 004/2015
superestimou a quantidade do transporte comercial de brita para usinagem do CBUQ por
adotar distância excessiva entre o fornecedor do agregado e a Usina de Asfalto.
No orçamento licitado foi previsto a quantidade de 41.587,92 m³ x km para o transporte
comercial de brita. Dividindo esse quantitativo pelo volume de agregado solto, obtém-se a
distância média de transporte considerada na orçamentação, que é 108 km (41.587,92 m³ x
km / 1,28 x 420,08 m³ = 77,50 km); onde 1,28 é a relação entre a densidade do agregado
compactado e a densidade do agregado solto (2,3 / 1,8).
De acordo com as fichas de ensaios de recebimentos de agregados verificou-se que os
mesmos procedem da Pedreira CIPLAN, localizada no DF. Segundo os croquis de
localização da usina de asfalto apresentado, a mistura asfáltica está sendo realizada em
Sobradinho – DF. A distância entre esses dois locais gira em torno de 30 km, conforme
consulta no mapa da Google.
Quadro 6 - Distância entre o fornecedor de agregados e a usina de asfalto.
Fonte: Mapa Google.
A quantidade do momento do transporte considerando a distância de 30 km é de 16.131,07
m³ x Km (1,28 * 420,08 m³ x 30 km). Portanto, no orçamento estimativo, a quantidade do
transporte de brita foi superestimada em 25.456,848 m³ x km. Considerando essa
majoração quantitativa o preço unitário de R$ 0,86, já considerado o BDI, têm-se uma
superestimativa de R$ 21.892,89 a PO, valor que representa aproximadamente 9% do valor
total do orçamento.
Após a licitação, a quantidade contratada do transporte comercial da brita foi reduzida para
24.281,81 m³ x km, em função da redução do volume compactado de agregado, que no
contrato passou a ser 241 m³ (588,65 t / 2,44t/m³). Na condição solta para transporte esse
volume corresponde a 308,48 m³. Dessa forma, a distância média de transporte considerada
no orçamento contratado também foi de 78,7 Km (24.281,81 m³ x Km / 308,48 m³).
Considerando a distância de 30 Km, obtém-se o momento de transporte de 9.254,4 m³ x
km (308,48 m³ x 30km). Logo existe uma majoração de quantidade de 15.027,41 m³ x km.
Multiplicando essa majoração de quantidade pelo preço unitário contratado de R$ 0,74
chega-se a um sobrepreço para este item de R$ 8.714,14, a PO.
Até agosto de 2016 foi medida e paga a quantidade de 416,88 t de CBUQ. Esse
quantitativo compreende um volume de brita no estado solto de 232,00 m3 (1,28x[416,88 t
/ 2,3 t/m3]). Multiplicando esse volume solto pela distância de 30 km, obtém-se o
momento de transporte executado de 6.960,08 m3 x km. Conforme registrado no 2º
boletim de medição, foi atestado ao quantitativo de momento de transporte de 17.187,88
m3 x km, isto é, mais de o dobro do quantitativo efetivamente realizado, gerando um
superfaturamento de R$ 7.568,56 (10.227,80 m3xkm X 0,74 R$/ m3xkm), a preços
iniciais.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 338, de 13 de outubro, de 2016 a Prefeitura Municipal de
Abadiânia/GO apresentou a seguinte manifestação:
“Como esclarecido no item anterior, a empresa Feijãozinho Escavações e Terraplenagem
Ltda. preferiu comprar em outro município, com outro fornecedor. O que não pode ser
indeferido pela Contratante, uma vez que não se pode interferir na escolha do fornecedor. E
mais uma vez esclarecendo, que este item foi devidamente aprovado pela GIGOV/AN antes
da referida Tomada de Preços.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
A manifestação se limita a citar o direito da contratada de adquirir os insumos onde melhor
lhe convier. Não trata do fato apontado, que é o pagamento de distância de transporte da
brita superior à distância efetivamente praticada no transporte da pedreira até a usina. Em
relação ao pagamento dos serviços com o excesso de quantidade apontada, o gestor
municipal limita-se a afirmar que o item foi aprovado pela GIGOV/AN antes da tomada de
preços.
Nessa afirmação, observa-se descaso do gestor municipal em garantir, por meio de sua
estrutura de fiscalização, a coerência entre o quantitativo pago e o efetivamente executado,
especificamente em relação ao item Transporte comercial da brita. ##/AnaliseControleInterno##
2.2.12. Não atendimento das condições do "Programa de Apoio à Política Nacional de
Desenvolvimento Urbano no Estado de Goiás"
Fato
Considerando que a conformação das estruturas previstas para execução a partir do
Contrato de Repasse n° 787274/2013 - recapeamento do pavimento de vias públicas e de
execução de sarjetas – auxilia na captação da água pluvial e na sua condução até os
sistemas de condutos, as deficiências técnicas relativas à não execução do abaulamento as
vias executadas, conforme registros fotográficos a seguir, bem como os problemas
relativos à execução do recapeamento em espessura inferior à contratada e a inexecução
parcial do objeto medido levam a conclusão pelo não cumprimento dos parâmetros
funcionais das estruturas e do desatendimento do programa financiado – Programa de
Apoio à Política Nacional de Desenvolvimento Urbano no Estado de Goiás.
Foto 27: Água escoando para o centro
da via (Rua Getúlio Vargas). Abadiânia,
17 de agosto de 2016.
Foto 28: Água empoçada na Rua Getúlio
Vargas. Abadiânia, 17 de agosto de
2016.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 338, de 13 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Abadiânia/GO apresentou a seguinte manifestação:
“O serviço atendeu em parte as condições previstas no Programa de Apoio à Política
Nacional de Desenvolvimento Urbano no Estado de Goiás, e como já foi esclarecido
anteriormente sobre a espessura, sobre a não conclusão total dos serviços, é também devido
há não existir rede de águas pluviais no Município.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Os esclarecimentos mencionados pelo gestor que embasa a sua tese de atendimento parcial
às condições do Programa não prosperaram e foram afastados nas análises de itens
anteriores.
Além disso, a inexistência de rede de águas pluviais não é a causa do não atendimento às
condições do Programa. De nada adiantaria tais redes se a funcionalidade do revestimento e
dos dispositivos de drenagem superficial estiver comprometida. A inexistência do
abaulamento conforme projeto e de declividades longitudinais adequadas dos dispositivos de
meio fio com sarjeta, assim como dimensões inferiores às projetadas comprometem
consideravelmente a capacidade de escoamento das águas de chuva, favorecendo os
acúmulos detectados.
Assim sendo, a manifestação não elide a constatação.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.13. Contrato de Repasse n° 787274/2013: redução de escopo licitado, sem
correspondente redução de valor, com favorecimento da única participante do certame
e caracterizando afronta ao Princípio da Isonomia .
Fato
A fim de verificar se as obras de recapeamento objeto do Contrato de Repasse n° 787274
estão sendo executadas de acordo com as especificações técnicas e projeto básico licitado,
foi realizada análise da documentação de obra em poder do proponente, inspeção física das
vias recapeadas por meio do levantamento das dimensões executadas, registro fotográfico
da capa asfáltica executada, avaliação da adequação do controle tecnológico dos materiais
empregados e, por fim, verificação da funcionalidade do serviço executado.
Inicialmente, convém relatar que o objeto especificado no projeto básico que serviu de
base para a Tomada de Preços 004/2015 contemplava o recapeamento de diversas vias
urbanas que totalizavam 14.002,77 m2. A empresa vencedora do certame apresentou
proposta no valor de R$ 253.276,56 para execução desse escopo sob o regime de
empreitada por preço global no prazo máximo de 120 dias corridos.
Entretanto, por ocasião da assinatura do contrato nº 292/2015 o escopo inicialmente
previsto e licitado foi reduzido para uma área recapeada de 8.175,76 m2, mantido o valor
do objeto de R$ 253.276,56 e o mesmo prazo de execução.
Essa situação foi possível graças a modificações de quantidade, unidade e de preço do
serviço “fabricação e aplicação de CBUQ, CAP 50/70 exclusive transporte” que
majoraram o valor desse item, concomitantemente com a redução de quantitativos e preços
de outros serviços da planilha como pintura de ligação, meio fio com sarjeta, transporte de
materiais e sinalização.
Especificamente em relação ao item cujo valor total foi numericamente elevado, convém
registrar, que embora a unidade do serviço na versão licitada fosse volumétrica (m3), o
custo unitário da planilha aceita no certame para este item 2.2 (R$ 166,90) tem ordem de
grandeza do valor do custo unitário da tonelada. Assim, o aumento de valor do item em
comento foi provocado pelo aumento no valor numérico da quantidade (passou de 420,08
m3 para 588,65 t) e pela alteração do custo unitário licitado de R$ 166,90 para R$ 190,95,
valor muito próximo do valor da mediana do Sinapi GO Junho 2014 (R$ 191,70).
No que se refere aos itens cujos valores foram reduzidos para compensar o aumento do
valor do item 2.2, é imperioso destacar que a parcela mais significativa da redução decorre
da diminuição das quantidades dos serviços de transportes de materiais, pintura de ligação
e ensaios de concreto asfáltico, os quais tiveram os custos unitários inalterados no
momento da contratação. O item meio fio com sarjeta, além de ter a quantidade reduzida
em função da diminuição da quantidade de vias contempladas, contribuiu para a
compensação com a redução de seu custo unitário de R$ 63,00 para R$ 59,89. Ressalta-se
que as vias objetos da intervenção já eram pavimentadas e já possuíam o meio fio, sendo
este um item cuja a quantidade licitada provavelmente não fosse totalmente necessária
(vide o caso da Rua Getúlio Vargas).
Em síntese, verificou-se que a Administração Municipal, com anuência da Caixa
Econômica Federal, alterou significativamente a condição de execução do objeto licitado,
favorecendo a única participante do certame por ocasião da assinatura do contrato, uma vez
que não foi dada oportunidade a outros possíveis interessados conhecer dessas novas
condições de execução.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 338, de 13 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Abadiânia/GO apresentou a seguinte manifestação:
“Já comentado anteriormente, salientando novamente que as condições de tomada de
preços e execução do objeto licitado foram feitas com a anuência total da CEF – Caixa
Econômica Federal.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
O comentário anterior citado se refere ao emitido na manifestação do item 7, onde afirmou-
se que a diferença de área ocorreu por causa da majoração no período do item “fabricação e
aplicação de CBUQ, CAP 50/70 exclusive transporte”.
Não é razoável uma alteração significativa em favor do licitante sob alegação de aumento do
período, até por que o preço unitário efetivamente contratado (R$ 235,69) não estava
defasado em relação ao preço de mercado para o serviço "fabricação e aplicação de CBUQ,
CAP 50/70 exclusive transporte" código SIANPI 72965 em junho de 2014 (R$ 236,61) e em
setembro de 2015 (R$ 236,07), data de efetiva realização do serviço.
Observa-se nessa alteração da planilha contratada em relação à licitada um favorecimento
excessivo da licitante Feijãozinho, pois foi contemplada com o privilégio de executar o
contrato em condições bem mais favoráveis do que a condição de execução apresentada e
divulgada pela Administração Municipal durante o processo licitatório. O fato de a
Administração não ter publicado a nova condição mais favorável de execução do contrato
alijou do processo outros possíveis interessados. Assim, ficou caracterizada afronta ao
princípio da Isonomia. ##/AnaliseControleInterno##
2.2.14. Contrato de Repasse n° 787274/2013: prazo para prestação de contas não
encerrado.
Fato
Tendo sido celebrado em 05 de dezembro de 2013, o Contrato de Repasse (CR) nº 787274
(Processo CEF n° 2635.1006.609-41/2013) pactuado entre a União, por intermédio do
Ministério do Cidades, representado pela Caixa Econômica Federal (CEF), e o Município
de Abadiânia/GO, encontrava-se em vigência no momento da realização desta fiscalização.
Conforme já mencionado, o término da vigência foi marcado para ocorrer em 10 de
novembro de 2016 e, ainda de acordo com o instrumento contratual, a prestação de contas
da realização do objeto e da execução dos recursos transferidos foi marcada para até
sessenta dias após encerramento da relação obrigacional.
##/Fato##
3. Conclusão
Com base nos exames realizados, conclui-se que a aplicação dos recursos federais não está
adequada e exige providências de regularização por parte dos gestores municipais e federais.
Foram fiscalizados recursos já executados no montante de R$ 149.935,47 de um total
contratado de R$ 253.276,56, referentes aos pagamentos já realizados no âmbito do Contrato
nº 292/2015 da então Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos - SMOSP, utilizado
pela Prefeitura de Abadiânia para a execução do objeto do Contrato de Repasse.
Destacam-se, a seguir, as situações de maior relevância quanto aos impactos sobre a
efetividade do Programa/Ação fiscalizado:
- Constatação 2.1.2. Obras atrasadas por falta de recursos;
- Constatação 2.2.3. Edital da Tomada de Preços n° 004/2015: estabelecimento de visita
técnica obrigatória, em três datas predeterminadas, como condição de participação na
licitação, incorrendo em restrição à competitividade do certame;
- Constatação 2.2.5. Contrato n° 292/2015: alíquota de ISS utilizada para composição do
BDI maior que a efetivamente cobrada pelo Município de Abadiânia/GO, gerando
sobrepreço de R$ 6.751,03 e superfaturamento de R$ R$ 3.237,87 a preços iniciais;
- Constatação 2.2.7. Contrato n° 292/2015: sobrepreço e superfaturamento em serviços de
transporte de material;
- Constatação 2.2.8. Contrato n° 292/2015: sobrepreço do item 2.8 ensaio de concreto
asfáltico, gerando superfaturamento potencial (R$ 9.406,62) e efetivo (R$ 3.292,35);
- Constatação 2.2.9. Inspeção física sobre o objeto do Contrato n° 292/2015: área
efetivamente recapeada inferior ao montante medido; pontos com espessura do
recapeamento inferior ao contratado; meio-fio com dimensão menor que a contratada e
deficiência técnica no pavimento executado (falta de abaulamento);
- Constatação 2.2.10. Contrato n° 292/2015: superfaturamento por inexecução parcial do
objeto no valor de R$ 28.440,98 a preços iniciais;
- Constatação 2.2.11. Tomada de Preços n° 004/2015 e contrato decorrente (Contrato n°
292/2015): superestimativa de quantidade de transporte comercial de brita para usinagem do
CBUQ resultando em superfaturamento no valor de R$ 7.568,56, a preços iniciais;
- Constatação 2.2.12. Não atendimento das condições do "Programa de Apoio à Política
Nacional de Desenvolvimento Urbano no Estado de Goiás";
- Constatação 2.2.13. Contrato de Repasse n° 787274/2013: redução de escopo licitado, sem
correspondente redução de valor, com favorecimento da única participante do certame e
caracterizando afronta ao Princípio da Isonomia.
Ordem de Serviço: 201602177
Município/UF: Abadiânia/GO
Órgão: MINISTERIO DAS CIDADES
Instrumento de Transferência: Contrato de Repasse - 790545
Unidade Examinada: ABADIANIA PREF. MUN GABINETE DO PREFEITO
Montante de Recursos Financeiros: R$ 500.000,00
1. Introdução
Este Relatório trata do resultado de ação de controle que teve como objetivo analisar os atos
praticados para a execução do objeto do Contrato de Repasse 790545/2013, celebrado entre
a Prefeitura de Abadiânia e a Secretaria Executiva do Ministério das Cidades, referente ao
recapeamento asfáltico de vias do Município.
Os trabalhos de campo foram realizados no período de 15 a 19 de agosto de 2016, sobre a
aplicação de recursos federais do programa/ação 15.451.2054.1D73.0052,
PLANEJAMENTO URBANO / APOIO À POLÍTICA NACIONAL DE
DESENVOLVIMENTO URBANO, o qual contempla, dentre outros objetos, a pavimentação
e calçamento de vias urbanas. Para tanto, foi celebrado o Termo de Compromisso nº
1008.228-71/2013, no valor total de R$ 500.000,00, sendo o valor de R$ 493.100,00
proveniente do Orçamento Geral da União e R$ 6.900,00 a título de contrapartida.
Os exames foram realizados em estrita observância às normas de fiscalização aplicáveis ao
Serviço Público Federal, tendo sido utilizadas, dentre outras, técnicas de inspeção física e
registros fotográficos, análise documental, realização de entrevistas.
2. Resultados dos Exames
Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito de tomada de
providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela forma de
monitoramento a ser realizada por esta Controladoria.
2.1 Parte 1
Não houve situações a serem apresentadas nesta parte, cuja competência para a adoção de
medidas preventivas e corretivas seja dos gestores federais.
2.2 Parte 2
Nesta parte serão apresentadas as situações detectadas cuja competência primária para
adoção de medidas corretivas pertence ao executor do recurso federal.
Dessa forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de
recursos federais, bem como dos Órgãos de Defesa do Estado para providências no âmbito
de suas competências, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das
pastas ministeriais. Esta Controladoria não realizará o monitoramento isolado das
providências saneadoras relacionadas a estas constatações.
2.2.1. Contrato de Repasse n° 790545/2013: condições gerais de execução de ações de
recapeamento asfáltico no Município de Abadiânia/GO.
Fato
O Contrato de Repasse (CR) nº 790545 (Processo CEF n° 2635.1008.228-71/2013) foi
pactuado entre a União, por intermédio do Ministério do Cidades, representado pela Caixa
Econômica Federal (CEF), e o Município de Abadiânia/GO. O ajuste teve como objeto o
recapeamento asfáltico no Município de Abadiânia/GO, conforme plano de trabalho,
mediante a transferência de recursos até o limite fixado, sendo também prevista
contrapartida municipal. Os dados da avença estão a seguir resumidos:
a) Contrato de Repasse nº 790545 (Processo CEF n° 2635.1008.228-71/2013).
b) Data da Assinatura: 20 de dezembro de 2013.
c) Limite a ser transferido: R$ 493.100,00.
d) Contrapartida: R$ 6.900,00.
e) Data limite da vigência: até 30 de outubro de 2016.
Para apresentação de documentação de titularidade da área e apresentação de documentação
técnica de projeto de engenharia vigorou cláusula suspensiva de oito meses sendo também
previsto um mês para análise pela CEF após o recebimento.
Visando a execução das obras oriundas do contrato de repasse, a Prefeitura Municipal de
Abadiânia/GO realizou procedimento licitatório na modalidade Tomada de Preços (Processo
1981/2015), cujo aviso foi publicado no Diário Oficial da União em 18 de maio de 2015. A
vencedora do certame foi a empresa Feijãozinho Escavações e Terraplenagem Ltda. EPP
(CNPJ 08.448.846/0001-46) com proposta no valor total de R$ 443.428,22. A homologação
do certame aconteceu em 08 de junho de 2015 e os dados do contrato decorrente estão a
seguir resumidos:
f) Contrato n° 291/2015.
g) Objeto: execução de recapeamento asfáltico em diversas ruas de Abadiânia/GO.
h) Data da assinatura: 08 de julho de 2015.
i) Valor do contrato: R$ 443.428,22.
j) Valor da garantia: R$ 22.171,41.
k) Prazo para conclusão dos serviços: 02 meses a partir da ordem de execução.
A imagem a seguir ilustra as vias do Município de Abadiânia/GO com previsão para receber
de obras previstas pelo contrato de repasse fiscalizado:
Foto 01: Pontos de intervenção das obras
previstas pelo CR n° 790545.
Cabe registrar que, na área de intervenção, foi prevista a execução de serviços de
recapeamento asfáltico com concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ), instalação de
sinalização vertical e horizontal, bem como a execução de meio fio e sarjeta em pontos
específicos.
Para realização dos trabalhos de fiscalização da obra foram utilizados como parâmetros,
além dos projetos e orçamento disponibilizados na Caixa Econômica Federal (CEF) e na
Prefeitura Municipal de Abadiânia /GO, a proposta da empresa contratada para execução, o
Boletim de Medição n° 03, de 01/03/2016 (referente ao período entre 23/02/2016 a
01/03/2016), o Relatório de Acompanhamento da Execução (RAE) n° 02, de 17/12/2015, e a
situação encontrada em campo.
Por fim, registre-se que, o objeto previsto pelo CR nº 790545 são obras rotineiras
comumente realizadas pelos municípios brasileiros, guardando, ainda, segundo documentos
acostados nos autos do Processo n° 1981/2015, compatibilidade com os instrumentos de
planejamento (Plano Plurianual e Lei de Diretrizes Orçamentárias) do Município de
Abadiânia/GO.
##/Fato##
2.2.2. Recapeamento asfáltico no Município de Abadiânia/GO: obras realizadas nas
vias públicas do município.
Fato
Para comprovação do domínio das áreas de intervenção previstas pelo CR 790545, o
Município de Abadiânia/GO apresentou à CEF declaração de domínio público das áreas
(Processo 2635 1008 228-71/2013 – Volume Técnico – fl. 196). O documento datado de 03
de novembro de 2015 relaciona nominalmente as vias com previsão para execução das
obras, indicando que se tratam de bens públicos sob a jurisdição do Município de
Abadiânia/GO e que independem de registro em cartório, conforme Artigos 98 e 99 do
Código Civil Brasileiro.
##/Fato##
2.2.3. Recapeamento asfáltico no Município de Abadiânia/GO: empreendimento
dispensado de licenciamento ambiental.
Fato
De acordo com termo de Dispensa de Licenciamento Ambiental n° 15481 (folha 094 do
Processo Caixa 2335 1008 228-71/2013 – Volume Técnico), de 08 de abril de 2015, a
Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos - SEMARH -, do Estado de Goiás,
declarou dispensável o licenciamento ambiental relativo às obras nas vias objeto de
intervenção do CR em comento, quais sejam, Getúlio Vargas, Cruvineu, Joaquim Alves,
Gontijo, Engenheiro Rabelo, São Paulo, Brasília, e Travessa A, Abadiânia/GO.
##/Fato##
2.2.4. Edital da Tomada de Preços n° 003/2015: estabelecimento de visita técnica
obrigatória, em três datas predeterminadas, como condição de participação na
licitação, incorrendo em restrição à competitividade do certame.
Fato
Os exames realizados sobre o Edital da Tomadas de Preços n° 003/2015 tiveram como
escopo a verificação da existência de disposições que, segundo jurisprudência do TCU,
comprometem a competitividade da licitação. Nesse sentido foram verificados os seguintes
aspectos relativos ao instrumento convocatório: (i) exigências quanto à natureza jurídica do
vínculo entre o responsável técnico e a empresa licitante; (ii) exigências relativas à garantia
de proposta; (iii) regras relativas ao conhecimento do local de execução do objeto licitado e
sua comprovação e; (iv) exigências relativas à qualificação técnica e financeira (índices
contábeis) dos interessados. Além disso, foi verificado o cumprimento das regras relativas à
publicidade do certame, bem como o cumprimento do prazo para abertura dos envelopes de
habilitação.
Sobre o primeiro aspecto averiguado, não foi constatado que o Edital da Tomada de Preços
n° 003 tenha exigido que o vínculo do profissional indicado como responsável técnico fosse
apenas de caráter empregatício. Consta genericamente do instrumento somente que a
aceitação do atestado estaria condicionada ao atendimento da legislação vigente.
A respeito das disposições relativas à garantia de proposta, cuja exigência concomitante a
patrimônio líquido mínimo ou a capital social mínimo é condenada pelo TCU, o edital
expressamente dispensou a comprovação de seu recolhimento.
Noutro ponto, quanto a exigências de índices contábeis, no edital da Tomada de Preços n°
003/2015 foi exigida a apresentação de índices de 1,0 para liquidez geral e corrente e índice
de 50% para endividamento geral, não havendo, neste caso, ressalvas quanto a tais índices
produzirem restrições à participação incompatíveis com o objeto licitado.
Já com relação ao conhecimento do local de realização do objeto licitado, o Edital da
Tomada de Preços n° 003/2015 estabeleceu os dias de 22 de maio de 2015, 27 de maio de
2015 e 01 de junho de 2015, todos às 10 horas, para realização de visita aos locais das obras,
sendo que a comprovação da realização da visita configuraria condição técnica de
participação no certame. O estabelecimento de datas fixas para realização de visitas técnicas
configura restrição à competitividade, essencialmente, por alijar do certame aqueles não
podem estar nos locais indicados nas datas marcadas. Ademais, é de se ressaltar que ao
estabelecer o dia 1° de junho de 2015 como última data para realização da visita, a regra
alijou da disputa quaisquer outros interessados que manifestassem interesse em participar da
licitação a partir desse dia, lembrado que, até 03 de junho de 2015, nada deveria impedir a
participação de quaisquer interessados.
Quanto à publicidade do certame, conferidas as formas pelas quais foi dada publicidade à
Tomada de Preços n° 003/2015, foi verificado que o aviso do edital constou do Diário
Oficial da União (DOU) de 18 de maio de 2015 (N° 92, Seção 3, página 211) e, na mesma
data, do Diário Oficial dos Municípios do Estado de Goiás, publicação mantida pela
Federação Goiana de Municípios (FGM).
Em síntese, da análise efetuada sobre a competitividade da Tomada de Preços n° 003/2015,
dentre os aspectos analisados, evidenciou-se falha apenas quanto às regras relativas ao
conhecimento do local de execução do objeto licitado.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Não houve manifestação da unidade examinada para esse item.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a
análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.5. Contrato n° 291/2015: composição do BDI atendendo aos parâmetros contidos
no Acórdão n° 2622 TCU/Plenário (Subitem 9.2.1).
Fato
Objetivando efetuar a análise da adequação da taxa de Bonificações e Despesas Indiretas –
BDI apresentada pela empresa Feijãozinho Escavações e Terraplenagem Ltda., CNPJ
08.448.846/0001-09 em sua proposta na Tomada de Preços n° 003/2015/CPL (folha 234 do
Volume Único do Processo n° 1981/2015), comparou-se o BDI apresentado com as
determinações do Acórdão nº 2622/2013 – TCU/Plenário.
O BDI apresentado foi de 23,43%, conforme detalhado a seguir:
Tabela 02 - Detalhamento do BDI do Contrato 291/2015
Abadiânia/GO -
Item Parcela BDI
1 Impostos Incidentes sobre o Faturamento – I 8,65 %
Imposto sobre Serviços – ISS 3,00 %
Programa de Integração Social – PIS 0,65 %
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social -COFINS 3,00 %
Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta – CPRB 2, 00 %
2 Despesas administrativas – AC 2,97 %
Administração Central 2,97 %
3 Despesas financeiras e seguros 1,78 %
Despesas financeiras (DF) 1,28 %
Seguros + Garantias (S+G) 0,50 %
4 Riscos e imprevistos (R) 0,38 %
Riscos 0,38 %
5 Lucro Bruto – L 7,20 %
Lucro bruto 7,20 %
25,00 %
Fonte: Folha 234 do Volume Único da Tomada de Preços 003/2015
Para o cálculo do BDI, adotou-se a seguinte fórmula, que é indicada no Acórdão nº
2622/2013 – TCU/Plenário:
BDI =(1 + AC + S + R + G)(1 + DF)(1 + L)
(1 − I)− 1
Chega-se, portanto, ao percentual de 23,43 % de BDI, conforme apresentado pela empresa
contratada.
Com relação aos tributos incidentes no faturamento, observa-se que foi aplicada, para a
CPRB, a sistemática de desoneração da folha de pagamento, tendo sido adotado o
percentual de 2% no BDI.
Para os tributos federais PIS e COFINS, os percentuais correspondem à legislação federal,
ou seja, 0,65% e 3%, respectivamente.
Quanto ao ISS, que no munícipio de Abadiânia é de 5 %, foi deduzido o percentual de
40%, relativo ao fornecimento de material, resultando o percentual de 3,0 % na
composição do BDI.
Não consta do BDI apresentado itens impróprios.
Conclui-se que, em atenção ao estabelecido pelo Acórdão nº 2622/2013 – TCU/Plenário,
foram utilizados como diretriz para a composição do BDI os percentuais contidos no item
9.2.1 do mencionado Acórdão, para obras do tipo “Construção de Rodovias e Ferrovias”.
Constatou-se, então, que todos os itens que compõem o BDI apresentado estão dentro dos
limites máximos estipulados pelo Tribunal de Contas da União para a categoria de obras
utilizada.
##/Fato##
2.2.6. Contrato n° 291/2015: Alíquota de ISS utilizada para composição do BDI maior
que a efetivamente cobrada pelo Município de Abadiânia/GO, gerando sobrepreço de
R$ 11.819,49 e superfaturamento de R$ 6.513,06 a preços iniciais.
Fato
Conforme já informado neste Relatório, foi incluído no BDI contratual o percentual de 3%
para custear as despesas com o ISS, cuja alíquota no munícipio de Abadiânia é de 5 %.
Esse percentual de 3% resulta da consideração de uma dedução de 40% na base de cálculo
relativa ao fornecimento de material incluso nas notas fiscais, sobre os quais não incide
ISS (5 % sobre 60 % do valor da nota fiscal = 3,0 % sobre o valor da nota fiscal).
Entretanto, verificando as notas fiscais emitidas pela empresa Feijãozinho Escavações e
Terraplenagem Ltda., vencedora da licitação, observa-se que a retenção efetiva referente ao
ISS é de 0,5 %, correspondendo à cobrança de 5% sobre 10% do valor da nota fiscal. Ou
seja, há um desconto de 90 % sobre o valor da nota fiscal, relativo ao fornecimento de
material, sobre o qual não incide ISS.
Assim, há um sobrepreço decorrente dessa cobrança inadequada do ISS incluído no BDI.
Para o cálculo do BDI correto, adotou-se a mesma fórmula indicada no Acórdão nº
2622/2013 – TCU/Plenário, no edital da Tomada de Preços 003/2015/CPL e na proposta
vencedora:
BDI =(1 + AC + S + R + G)(1 + DF)(1 + L)
(1 − I)− 1
Refazendo o cálculo do BDI com o percentual correto de 0,5 % de ISS, chega-se a um BDI
de 20,14%.
O valor total contratado foi de R$ 443.428,22, incluindo o BDI de 23,43 %, de forma que o
valor contratado sem o BDI de 23,43% foi de R$ 359.254,82. Aplicando-se sobre este
valor o BDI adequado de 20,14 %, chega-se ao valor de R$ 431.608,74. Há, portanto, um
sobrepreço de R$ 11.819,48 a preços iniciais, decorrente da superestimava do valor do ISS
no BDI.
Até a 2ª medição, de outubro de 2015, já foram medidos a atestados R$ 244.340,17
considerando o BDI de 23,43 %. Refazendo o cálculo para o BDI correto de 20,14 %, tem-se
um superfaturamento de R$ 6.513,06 a preços iniciais.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Não houve manifestação da unidade examinada para esse item.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a
análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.7. Contrato n° 291/2015: condições gerais de verificação de sobrepreço e
superfaturamento.
Fato
Conforme já mencionado neste Relatório, a execução do objeto do Contrato de Repasse nº
790545 está sendo operacionalizada pela Secretaria de Obras e Serviços Públicos (SOSP) do
Município de Abadiânia/GO por intermédio do Contrato n° 291/2015, celebrado com a
empresa Feijãozinho Escavações e Terraplenagem Ltda.
As análises dos preços contratados foram realizadas levando em consideração as seguintes
premissas:
- Foram considerados os preços unitários iniciais contratados por item de serviço da planilha
orçamentária da proposta vencedora;
- O parâmetro de comparação utilizado foi o Sinapi de data-base coincidente com a data-
base da proposta vencedora da licitação: junho de 2014;
- Para os serviços e insumos constantes das composições da proposta vencedora e que não
possuem correspondentes no Sinapi, utilizou-se, subsidiariamente, preços oriundos das
tabelas Sicro II de julho de 2014.
- O BDI utilizado foi o mesmo da proposta vencedora da licitação: 23,43 %;
- Todos os preços unitários foram analisados, em face do pequeno universo de itens da
planilha;
- Foi utilizado o método de limitação do preço global para o cálculo do sobrepreço,
conforme disposto no documento “Entendimentos relativos a auditorias de obras públicas,
aprovados pela Portaria nº 2.079 de 11/09/2014 da CGU”, a qual determina que em
certames licitatórios quando o regime de execução for o de empreitada por preço unitário,
nos casos de situações jurídicas constituídas (contrato celebrado), sejam compensados os
serviços com subpreços com os sobrepreços.
Para a Tomada de Preços n° 003/2015, que deu origem ao Contrato nº 291/2015/SOSP, a
SOSP utilizou uma planilha orçamentária com data-base de junho de 2014 desonerada, BDI
de 23,43%, no valor de R$ 448.882,03, conforme consta das folhas 029 a 038 do Volume
único do Processo 1981/2015, de 15 de maio de 2015. Esse valor orçado pela Administração
Municipal corresponde ao recapeamento de uma área de ruas de 22.535,11 m2, conforme
registrado na folha 0029.
Verificou-se que três empresas participaram do certame, sagrando-se vencedora a licitante
Feijãozinho Escavações e Terraplenagem Ltda., teve sua proposta no valor de R$
443.428,22 aceita pela Administração. Conforme registrado na folha 199 do Processo
1981/2015, esse valor correspondeu à “ execução de recapeamento asfáltico nas ruas Jão
Ferreira Diniz, Maurílio Beires e Av. Monsenhor Chiquinho e Rua Francisca Damas,
totalizando 22.535,11 m2 de recapeamento asfáltico”, quantidade coerente com a planilha da
Administração.
O BDI praticado pela licitante vencedora foi de 23,43%, conforme consta da folha 201 do
Volume único do Processo n° 1981/2015. Não consta desse processo as composições
analíticas dos itens de serviço da proposta vencedora, mas na planilha foram indicados os
códigos das composições analíticas Sinapi adotadas como referência.
Apesar do objeto licitado contemplar uma área recapeada de 22.535,11 m2, a planilha
efetivamente contratada contempla, pelo mesmo valor de R$ 443.428,22, o recapeamento de
uma área de vias de 14.920,35 m2, conforme planilha autuada nas folhas 231 e 323.
Após comparação do orçamento contratado com os preços paradigmas de mercado para o
objeto em comento (recapeamento de 14.920,35 m2 de área de vias), obteve-se resultados
demonstrando a adequação dos preços unitários contratados aos preços de mercado,
conforme Tabela seguinte:
Tabela 02 – Comparação de Preços: Contrato 291/2015/SOSP x Preços Paradigma (data-base: Jun/2014) - BDI: 23,43%
Descrição Código
Referência Unid. Quant.
Preço
unitário
contratado com BDI
Preço contratado
total
Preço
unitário
Paradígma com BDI
Preço Paradígma
total
Sobrepreço
X
Subpreço
Fabricação e aplicação de concreto betuminoso
usinado a quente (CBUQ),
CAP 50/70, exclusive transporte
72965 ton 1.074,27 235,69 253.194,25 236,62 254.193,77 -999,07
Transporte de material de
qualquer natureza DMT > 10 km, com caminhão
basculante de 4,0 m³ (DT =
45 km)
83444 txKm 48.342,15 0,86 41.768,10 1,10 53.176,37 -11,408,27
Transporte comercial de brita
83356 m³xKm 44.313,64 0,74 32.817,80 0,90 39.882,28 -7.064,48
Ensaio concreto asfáltico 73900/012 T 1.074,27 29,56 31.757,02 52,14 56.012,44 -24.255,42
Meio fio e sarjeta de
concreto moldado no local
usinado 15 MPA 0,45 base x 0,30 altura rejunte
argamassa 1:3,5 cimento e
areia.
73763/002 ml 331,47 74,77 24.785,30 77,90 25.821,51 -1.036,21
Pintura de ligação com emulsão RR-2C
72943 m² 14.920,35 1,42 21.178,62 1,68 25.066,19 -3.879,29
Engenheiro (obras civis) 2707 H 120,00 122,08 14.650,15 141,15 16.938,00 -2.287,85
Encarregado (obras civis) 4083 H 240,00 22,69 5.444,74 26,23 6.295,20 -850,46
Cantina 26941
adaptadao unid 480,00 7,41 3.554,78 9,87 4.737,60 -1.182,82
Sinalização horizontal com
tinta retrorrefletiva a base
de resina acril com microesferas de vidro
72947 m² 120,80 19,13 2.311,10 19,13 2.311,10 0
Placa da obra com
inscrições conforme Manual CEF (C = 8Y) e (h
= 5Y) [Área = (8Y)*(5Y)]
= (8mx0,5)*(5*0,5)] = 10,0 m²
74209/001 m² 10,00 257,97 2.579,70 364,62 3.646,20 -1.066,50
Barracão de obra em chapa de madeira compensada
com banheiro, cobertura em
fibr. 4mm, incluso instalações hidro-sanit e
elétricas
74242/001 m² 12,00 178,97 2.147,64 182,81 2.193,72 -46,08
Sinalização vertical. "placa pare" c/ pintura eletrostática
semi-refletiva. (*)
4 S 06 200 01 m² 6,04 355,40 2.146,64 235,43 1.422,00 724,64
Transporte local de massa
asfáltica pavimentação urbana (DT = 5,0 km)
83357 m³xKm 2.238,06 0,96 2.154,70 1,15 2.573,77 -419,07
Ensaio recebimento
agregado 72743 unid. 8,00 188,47 1.507,72 330,80 2.646,40 -1.138,68
Sinalização vertical. "placa
identificação da rua" c/
pintura eletrostática semi-refletiva. (*)
4 S 06 200 01 m² 1,32 355,40 469,13 235,43 310,76 158,37
Café da manhã 26941
adaptado unid 480,00 1,23 592,46 5,01 2.404,80 -1.812,34
Ensaio imprimação 73900/001 m² 14.920,35 0,02 368,32 0,06 895,22 -526,90
Somatório 443.428,22 500.527,33 -57.099,16
Fonte: Proposta vencedora da Tomada de Preço 003/2015/SOSP, Sinapi de junho de 2014 e Sicro II de julho de 2014 (*).
##/Fato##
2.2.8. Contrato n° 291/2015: sobrepreço e superfaturamento em serviços de transporte
de material
Fato
Ao analisar os preços contratados pelo Município de Abadiânia para os serviços objeto do
Contrato de Repasse (CR) nº 790545, observou-se que para o item de serviço 2.4 que
envolvia transporte de mistura asfáltica foi considerada a utilização de caminhão basculante
com 4 m³ de capacidade.
O emprego de caminhão basculante com apenas 4 m³ de capacidade não é usual em face da
sua baixa produtividade, logo sua utilização no caso concreto configura solução
antieconômica e improvável de ocorrer durante a execução da obra.
De fato, com base no histórico fotográfico da obra fornecido pela prefeitura em resposta à
Solicitação de Fiscalização nº 05, não há registro que evidencie a utilização de caminhão
basculante truncado de capacidade de 10 m³. Contudo, dado que em relação ao CR n°
787274, cujo objeto também é a pavimentação de ruas e avenidas no município de
Abadiânia/GO e a empresa contratada é a mesma do CR n° 790545 e com a realização das
obras no mesmo período, é de se concluir que as operações de transporte da massa asfáltica
foram feitas com caminhão basculante trucado de capacidade de 10 m3, que se caracteriza
por ser uma operação mais produtiva e, portanto, mais barata do que a considerada na
planilha orçamentária.
O Quadro a seguir apresenta um relatório fotográfico demonstrando a efetiva utilização de
caminhões com capacidade bem superior a 4 m³ no âmbito do contrato utilizado pela
prefeitura para a execução do objeto do CR 787274, pelo qual conclui-se que também foi
utilizado para execução do objeto do CR 790545:
Foto 02: Recapeamento Travessa 4 (Medição nº 2 – Feijãozinho Escavações e Terraplenagem) – Utilização de caminhão caçamba
trucado de 10 m³ de capacidade. Abadiânia/GO – 07 de outubro de
2015.
Foto 03: Recapeamento Travessa 4 (Medição nº 2 – Feijãozinho Escavações e Terraplenagem) – Utilização de caminhão caçamba
trucado de 10 m³ de capacidade. Abadiânia/GO – 07 de outubro de
2015.
Fonte: Registro fotográfico da contratada realizado por ocasião da 2ª Medição.
Durante o período de campo da fiscalização, entre os dias 16 e 19 de agosto de 2016, não foi
registrada realização de qualquer serviço integrante do Contrato n° 291 ou do Contrato 292.
Entretanto, avaliando detidamente a Foto 1 do Quadro 1, verifica-se o uso de um caminhão
trucado no transporte da massa asfáltica. Via de regra esses caminhões basculantes tem
caçamba com capacidades volumétrica em torno de 10 m3 e capacidade máxima útil de
15.935kg, conforme Cadernos Técnicos de Composições para Transporte com Caminhão
Basculante do Sinapi Versão 001 de Abril de 2016.
O fato de se contratar um serviço menos eficiente por um preço mais caro quando a sua
execução seria, sabidamente, realizada por um método mais eficiente e mais barato
caracteriza falha na elaboração do orçamento base das contratações, levando a um
sobrepreço na contratação.
Para estimar o sobrepreço decorrente dessa falha, refizemos, para o Contrato n° 291/2015, a
composição do serviço “Transporte de material de qualquer natureza DMT > 10 km, com
caminhão basculante de 4,0 m³ (DT = 45 km)”, substituindo o caminhão basculante de 4 m³
pelo de 10 m³.
O coeficiente de produtividade para um caminhão de 10m3 de capacidade foi estimado a
partir dos fatores de carga, produção e eficiência utilizados pelo DNIT no SICRO 2 para
esse tipo de equipamento. De acordo com essa metodologia, a produção da equipe com
caminhão com 10 m³ de capacidade é obtida pela seguinte fórmula:
P = (b*g*h*i*t) / 2, onde:
- P = produção horária em t x km/h;
- b = capacidade do caminhão em t (Capacidade útil máxima 15,935 t)
- g = fator de carga (1);
- h = fator de conversão (1);
- i = fator de eficiência (0,75); e
- t = velocidade média em km/h (43 km/h).
Os valores do fator de carga e fator de eficiência foram obtidos do Manual de Custos
Rodoviários do DNIT (volume 4). Adotou-se fator de conversão igual a 1, porque o serviço
de transporte avaliado não envolve as operações de escavação e carga, mas apenas o
transporte e descarga do material já empolado.
Assim, temos que, para os serviço de “Transporte de material de qualquer natureza DMT >
10 km, com caminhão basculante de 10,0 m³ (DT = 45 km)”:
P = (15,935 t x 1 x 1 x 0,75 x 43 km/h) / 2 = 256,9519 t x km / h.
Ou seja: em uma hora de trabalho com o caminhão de 10 m3 são produzidos 256,9519 t x km
de momento de transporte para o transporte da massa asfáltica. Logo, para produzir 1 t x km
se gasta apenas 0,003892 h (1 t x km / 256,9519 t x km/h = 0,003892 h).
Deve-se ressaltar que utilizando essa mesma metodologia para o caminhão de 4 m³ chega-se
a coeficiente de produtividade semelhante ao utilizado na composição referencial (Sinapi
GO Jun/2014 código 83444) adotada no orçamento contratado: coeficiente da composição
referencial é de 0,0063600 e o coeficiente definido pela metodologia anteriormente exposta
com base no Sicro é de 0,006354.
Fato este que convalida as análises contidas a seguir nesta Constatação.
Nesse sentido, multiplicando o coeficiente obtido para o caminhão de 10 m3 (0,003892 h)
pelo custo horário produtivo deste equipamento obtido da composição Sinapi GO código
84151 de Junho de 2014 (R$ 155,63), obtém-se o custo unitário do momento de transporte
de R$ 0,61 / t x km, conforme Quadro seguinte:
Quadro 2 - Custo / preço unitário paradigma do transporte de massa asfáltica (t x km) Caminhão 10 m³
Código Descrição Valor Sinapi
GO Jun/2014
(R$)
Coeficiente
Valor sem BDI de
23,43%
(R$)
Valor com BDI de
23,43%
(R$)
84151 Caminhão basculante, 10m3, CHP diurno 155,63 0,003892 0,61 0,75
Fonte: “Sinapi Nacional”GO de data-base junho de 2014 e Manual de Custos Rodoviários do DNIT (volume 4)
Conforme consta da proposta vencedora da licitação (folhas 230 a 232 do Volume único da
Tomada de Preços 003/2015), foi pactuado para o serviço de transporte da massa asfáltica o
valor unitário sem BDI de R$ 0,70 / t x Km, cujo preço unitário resultante da inclusão de
BDI contratual de 23,43% é R$ 0,86 / t x Km.
Quadro 3 – Comparação de Preços: Caminhão Basculante 4 m³ X Caminhão Basculante 10 m³
Contrato 291/2015/Saneago x Sinapi (data-base: junho/2014) - BDI: 23,43%
Item de Serviço/Material Unidade Quantidade
Contratada
Custo
unitário
executado
com
caminhão
4 m³ com
BDI (R$)
Valor total
contratado
p/ caminhão
4 m³ com
BDI (R$)
Custo
unitário
Sinapi com
caminhão de
10 m³ com
BDI (R$)
Custo Total
Sinapi com
caminhão
de 10 m³
com BDI
(R$)
Sobrepreço
X
Subpreço
(R$)
2.4 - Transporte de material de
qualquer natureza DMT > 10 km t x km 48.342,15 0,86 41.574,25 0,75 36.256,61 5.317,64
Fonte: Folhas 0230 a 0232 processo 1981/2015, “Sinapi Naciona” de data-base junho de 2014 e Manual de Custos Rodoviários do DNIT
(volume 4)
Portanto, conforme registrado no Quadro 2, existe um sobrepreço no valor R$ 5.317,64 a
preços iniciais, que representa aproximadamente 12,8 % do valor do item 2,4 e 1,2% do
valor total do contrato. Considerando que desse total contratado já foram pagos com esse
preço unitário majorado a quantidade de 29.367,86 t x km, conforme Boletins de Medição 1
e 2, chega-se a um pagamento a maior no valor de R$ 3.230,46.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 338, de 13 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Abadiânia/GO apresentou a seguinte manifestação:
“Quando da apresentação do primeiro orçamento deste contrato, elaborado pelo
Engenheiro Civil Marcelo Koji Watanabc - CREA 6664/D-GO.. contratado da Prefeitura
Municipal de Abadiânia, para a aprovação perante o GIGOV/NA. em meados de julho de
2014, já contemplava o item 2.4. código 83444. da Tabela SINAPI de Junho/2014:
"TRANSPORTE DE MATERIAL DE QUALQUER NATUREZA DMT> 10 KM, COM
CAMINHÃO BASCULANTE DE 4.0 M3 (DT = 45KM)". E após a substituição do
Engenheiro, novo orçamento foi elaborado, seguindo as orientações dos Engenheiros da
GIGOV/AN, onde foram utilizados os mesmos itens e códigos do orçamento inicial. E este
item em tela, foi aceito pelo corpo de Engenheiros da GIGOV/AN, e após a conclusão de
parte dos serviços contratados, este item foi medido pela fiscalização da CEF - Caixa
Econômica Federal e pago”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
A manifestação apresentada não contesta o mérito do fato, apenas aponta os responsáveis
pela elaboração e aprovação da planilha orçamentária com as falhas apontadas e os
responsáveis pela medição deste item na condição apresentada no fato.
De fato, esse tipo de falha já deveria ter sido evitada no momento da elaboração do
orçamento da administração, na ocasião da aprovação da planilha contratada,
exaustivamente analisada pelos setores competentes da GIGOV/Anápolis, por se tratar de
composição de preço de baixa produtividade, que não retrata a realidade executiva do
serviço.
Por outro lado, a fiscalização do município ao notar o emprego de caminhão de maior
capacidade do que o considerado no preço do serviço, deveria propor a alteração
promovendo o reequilíbrio financeiro do contrato em favor da Administração.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.9. Contrato n° 291/2015: sobrepreço do item 2.8 ensaio de concreto asfáltico,
gerando superfaturamento potencial (R$ 17.166,83) e efetivo (R$ 10.428,87).
Fato
Ao analisar os preços contratados pelo Município de Abadiânia/GO para os serviços objeto
do Contrato de Repasse n° 790545, observou-se que para o item 2.8 – Ensaio concreto
asfáltico foi pactuado o custo unitário de R$ 23,95, conforme consta nas folhas 0199 a 0201
do Volume único da Tomada de Preços 003/2015. Esse valor é superior ao somatório dos
custos efetivamente incorridos durante a aferição da qualidade dos materiais empregados no
recapeamento.
Embora no processo não conste a composição analítica específica deste custo unitário, a
planilha contratada faz referência à composição de custo do Sinapi código 73900/12 com
data base de junho de 2014, apresentada a seguir:
Tabela 3 - composição analítica de custo unitário do item 2.8
73900/ 12 ENSAIOS DE CONCRETO ASFALTICO Tonelada
Descrição Unidade Coeficiente R$
Unit. Total (R$)
74022/001 ENSAIO DE PENETRACAO - MATERIAL BETUMINOSO und 0,05 113,9 5,70
C 74022/002 ENSAIO DE VISCOSIDADE SAYBOLT - FUROL - MATERIAL
BETUMINOSO und 0,06 147,4 8,84
C 74022/025 ENSAIO DE PONTO DE FULGOR - MATERIAL BETUMINOSO und 0,05 107,2 5,36
C 74022/028 ENSAIO DE SUSCEPTIBILIDADE TERMICA - INDICE PFEIFFER -
MATERIAL ASFALTICO und 0,01 167,5 1,68
74022/029 ENSAIO DE ESPUMA - MATERIAL ASFALTICO und 0,05 120,6 6,03
74022/040 ENSAIO MARSHALL - MISTURA BETUMINOSA A QUENTE und 0,03333 234,51 7,82
74022/042 ENSAIO DE EQUIVALENTE EM AREIA - SOLOS und 0,00004 60,3 0,00
74022/052 ENSAIO DE GRANULOMETRIA DO AGREGADO und 0,00152 67 0,10
74022/054 ENSAIO DE GRANULOMETRIA DO FILLER und 0,00005 60,3 0,00
74022/055 ENSAIO DE TRACAO POR COMPRESSAO DIAMETRAL - MISTURAS
BETUMINOSAS und 0,03333 167,5 5,58
74022/056 ENSAIO DE DENSIDADE DO MATERIAL BETUMINOSO und 0,02052 55,13 1,13
Custo Unitário Total (R$) 42,24
Fonte: Sinapi GO Junho de 2014 e folhas 199 a 201 do processo da Tomada de Preços 003/2015
Os custos integrantes da composição acima se referem a ensaios para determinação das
propriedades físicas do cimento asfáltico de petróleo utilizado na obra, da composição
granulométrica dos agregados, areia e filler e para determinação das propriedades mecânicas
da mistura asfáltica.
Tratam-se de testes essenciais para aferição da qualidade dos materiais componentes da
mistura asfáltica e para a sua dosagem, que consiste na definição dos percentuais dos
agregados, areia, filler e de cimento asfáltico ideais para obtenção do revestimento com as
características especificadas.
Entretanto, durante os trabalhos de campo, verificou-se que a empresa contratada não estava
usinando a mistura, mas comprando a massa asfáltica pronta da fornecedora PREPAV S.A.
Pavimentação e Pré-moldados, localizada no Distrito Federal, conforme Nota Fiscal nº 0561
encaminhada pela prefeitura por meio do Ofício nº 246/16/GABIN de 19 de agosto de 2016.
Tanto na documentação autuada como na apresentada pela fiscalização não foram
encontradas evidências da realização dos ensaios de penetração, viscosidade Saybolt –
Furol, de ponto de Fulgor, de susceptibilidade térmica, ensaio de espuma, de equivalente de
areia, de granulometria do filler e de determinação da resistência a tração por compressão
diametral.
Anexo a esse mesmo ofício, em resposta à Solicitação de Fiscalização 05, foi apresentado o
registro dos resultados dos ensaios efetivamente realizados no acompanhamento da
execução do concreto asfáltico, quais sejam: determinação da estabilidade Marshall da
mistura, granulometria dos agregados, densidade do material betuminoso e controle do grau
de compactação.
De acordo com o Sinapi GO junho de 2014 o custo unitário desses ensaios efetivamente
realizados é de R$ 11,00, conforme composição apresentada na Tabela a seguir:
Tabela 4 - composição analítica de custo unitário dos ensaios de concreto
asfáltico efetivamente realizados
73900/12 - Adaptada - Ensaios Concreto Asfáltico efetivamente realizados Tonelada
Descrição Unidade Coeficiente R$ Unit. Total (R$)
C 74022/040 ENSAIO MARSHALL - MISTURA BETUMINOSA A QUENTE und 0,03333 234,51 7,82
C 74022/052 ENSAIO DE GRANULOMETRIA DO AGREGADO und 0,00152 67,00 0,10
C 74022/056 ENSAIO DE DENSIDADE DO MATERIAL BETUMINOSO und 0,02052 55,13 1,13
C 74022/053 ENSAIO DE CONTROLE DO GRAU DE COMPACTACAO DA
MISTURA ASFALTICA und
0,0324 60,30 1,95
Custo Unitário Total (R$) 11,00
Fonte: Sinapi GO Junho de 2014
Portanto, o custo unitário dos ensaios realizados para controle da qualidade do concreto
asfáltico (R$ 11,00) é inferior à metade do valor do custo unitário pactuado (R$ 23,95).
Como para esse serviço já foram pagos a esse custo unitário pactuado a quantidade de
ensaios correspondentes a 652,62 t de massa, conforme 2º Boletim de Medição autuado à
folha 0310 do processo nº 1981/15, existe um superfaturamento efetivo no valor de R$
10.428,87 a preços iniciais, conforme cálculo do Quadro 3. Caso todo o quantitativo
contratado seja medido e pago a esse preço pactuado sem a efetiva realização de todos os
ensaios, o superfaturamento total será de R$ 17.166,83.
Quadro 4 - Cálculo dos superfaturamentos efetivo e potencial para o item 2.8 –
ensaios para concreto asfáltico
Item de
Serviço Unid.
Quant.
Contratada
Quant.
Medida
Preço
unitário
contratad
o c/ BDI
23,43%
(R$)
Preço
unitário
dos
ensaios
realizados
c/ BDI
23,43%
(R$)
Diferença
de preços
unitários
(R$)
Superfaturamento
efetivo (R$)
Superfaturamento
potencial (R$)
2.8 - Ensaios
Concreto Asfáltico
t 1.074,27 652,62 29,56 13,58 15,98 10.428,87 17.166,83
Fonte: Sinapi Go Junho/2014 e 2º Boletim de Medição Contrato nº 291/2015
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 338, de 13 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Abadiânia/GO apresentou a seguinte manifestação:
“Todos os ensaios constantes dos itens 2.6. 2.7 e 2.8 foram contratados seguindo os códigos
e valores estipulados na Tabela SINAPI de Junho de 2014, e seus valores foram aceitos e
pagos pelo corpo de Engenheiros da GIGOV/AN.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
A manifestação limitou-se a abordar a adequação dos preços dos ensaios ao SINAPI e a
aceitação dos valores medidos pela equipe da GIGOV/NA. Não houve menção ao fato
relatado, tampouco apresentação de documentação que elidisse o superfaturamento
apontado.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.10. Contrato de Repasse n° 790545: obras atrasadas e sobreposição parcial de
objeto entre os Contratos n° 291/2015 e n° 160/2016, firmados pela Prefeitura de
Abadiânia/GO.
Fato
O Contrato de Repasse nº 790545 teve sua vigência iniciada em 20 de dezembro de 2013
com previsão de término para 30 de outubro de 2016, conforme consta da folha 019 do
Processo n° 2635.1008.228-71/2013. Seu objeto está sendo executado sob a égide do
Contrato nº 291/2015 pactuado entre a Prefeitura Municipal de Abadiânia e a Empresa
Feijãozinho Escavações e Terraplenagem Ltda. EPP, o qual foi assinado em 08 de julho de
2015 e teve sua execução iniciada em 01 de outubro de 2015, conforme Ordem de Serviço
autuada à folha 0265 do Processo n° 1981/2015.
O contrato nº 291/2015 compreende o recapeamento de uma área de vias de 14.920,35 m²
nas Avenidas Monsenhor Chiquinho e Francisca Teixeira Damas e Rua Maurílio Beires,
com a construção de dispositivos de drenagem superficial, no valor total de R$ 443.428,22
a serem executados no período de dois meses. Portanto, a data inicial para a conclusão da
execução seria 01 de dezembro de 2015.
Até agosto de 2016 já foram realizadas duas medições parciais. De acordo com o último
Boletim de Medição de 10 de novembro de 2015, já foram medidos e pagos os serviços
correspondentes ao valor de R$ 244.340,17, o que representa 55,1% do valor total
pactuado. Os itens contemplados foram serviços preliminares, de revestimento, de
administração e as refeições, realizados apenas nas Avenidas Monsenhor Chiquinho e
Francisca Teixeira Damas.
Esse percentual de execução coincide que o percentual registrado no Relatório de
Avaliação de Engenharia nº 02 – RAE 2, autuado entre as folhas 219 a 223 do processo
2635.1008.228-71/2013, emitido em 17 de dezembro de 2015. De acordo com esse
documento, na ocasião da visita técnica, em 14 de dezembro de 2015, após 2,4 meses do
início da vigência do contrato, o cumprimento de apenas 55,1% do objeto já caracterizava
situação de atraso.
Entre a emissão do RAE 2 e a data da fiscalização (agosto de 2016) o percentual de
realização evoluiu. Já no Boletim de Medição n° 03, para o qual não há registro de emissão
de RAE pela CEF, a indicação é a de que cumprimento do objeto contratual atingiu, até 01
de março de 2016, o percentual de 57,73%. Ademais, registros no diário de obras datados
de 21 a 25 de julho de 2016, indicavam a realização de serviços na Rua Maurílio Beires
sendo que, no curso da fiscalização, foi observado que, em relação ao recapeamento da via,
os serviços estavam praticamente concluídos, mas ainda não haviam sido medidos.
Convém registrar, que não foi identificada a realização de serviços de instalação dos
dispositivos de drenagem na Av. Francisca Teixeira Damas e na Av. Monsenhor
Chiquinho. Na Rua Maurílio Beires, consta na Prefeitura de Abadiânia outro contrato para
realização dos serviços de meio-fio, em conjunto com o calçamento completo nas
imediações do Cemitério Municipal de Abadiânia/GO que se localiza na mencionada via.
As imagens a seguir demonstram a coincidência de serviços previstos pelo Contrato n°
291/2015 e Contrato n° 160/2016:
Foto 04: Contrato n° 291/2015 – indicação (parte do
projeto) de realização de meio fio na R. Maurílio
Beires, entre a Av. Plauto de A. Lima e R. 13 de
setembro.
Foto 05: Contrato n° 291/2015 – indicação (parte do
projeto) de realização de meio fio na R. Maurílio
Beires, entre a Av. Plauto de A. Lima e R. 13 de
setembro.
Por fim, como os serviços foram previstos para serem realizados durante dois meses e
decorridos mais de dez meses ainda não estavam concluídos, pode-se afirmar que, embora
o contrato ainda esteja vigente, a obra encontra-se atrasada.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 338, de 13 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Abadiânia/GO apresentou a seguinte manifestação:
“Como constatado pela fiscalização da CGU, os serviços estão paralisados devido ao não
repasse de verbas pela CEF - Caixa Econômica Federal. ”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
A manifestação apenas reforçou o fato relatado.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.11. Tomada de Preços n° 003/2015 e contrato decorrente (Contrato n° 291/2015):
superestimativa de quantidade de transporte comercial de brita para usinagem do
CBUQ resultado em superfaturamento de R$ 11.858,22 a preços inciais.
Fato
O orçamento de referência da Administração para Tomada de Preços 003/2015
superestimou a quantidade do transporte comercial de brita para usinagem do CBUQ por
adotar distância excessiva entre o fornecedor do agregado e a Usina de Asfalto.
No orçamento licitado foi previsto a quantidade de 66.928,95 m³ x km para o transporte
comercial de brita. Dividindo esse quantitativo pelo volume de agregado solto, obtém-se a
distância média de transporte considerada na orçamentação, que é 108 km (66.928,95 m³ x
km / 1,28 x 676,05 m³ = 77,34 km); onde 1,28 é a relação entre a densidade do agregado
compactado e a densidade do agregado solto (2,3 / 1,8).
De acordo com as fichas de ensaios de recebimentos de agregados verificou-se que os
mesmos procedem da Pedreira CIPLAN, localizada no DF. Segundo os croquis de
localização da usina de asfalto apresentado, a mistura asfáltica está sendo realizada em
Sobradinho – DF. A distância entre esses dois locais gira em torno de 30 km, conforme
consulta no mapa da Google.
Quadro 5 - Distância entre o fornecedor de agregados e a usina de asfalto.
Fonte: Mapa Google.
A quantidade do momento de transporte considerando a distância de 30 km é de 25.960,32
m³ x Km (1,28 * 676,05 m³ x 30 km). Portanto, no orçamento estimativo, a quantidade do
transporte de brita foi superestimada em 40.968,63 m³ x km. Considerando essa majoração
quantitativa e o preço unitário de R$ 0,86, já considerado o BDI, têm-se uma
superestimava de R$ 35.233,02 a PO, valor que representa aproximadamente 8% do valor
total do orçamento.
Após a licitação, a quantidade contratada do transporte comercial da brita foi reduzida para
44.313,64 m³ x km, em função da redução do volume compactado de agregado, que no
contrato passou a ser 440,27 m³ (1.074,27 t / 2,44t/m³). Na condição solta para transporte
esse volume corresponde a 563,55 m³. Dessa forma, a distância média de transporte
considerada no orçamento contratado foi de 78,63 Km (44.313,64 m³ x Km / 563,55 m³).
Considerando a distância de 30 Km, obtém-se o momento de transporte de 16.906,50 m³ x
km (563,55 m³ x 30km). Logo existe uma majoração de quantidade de 27.407,14 m³ x km.
Multiplicando essa majoração de quantidade pelo preço unitário contratado de R$ 0,74
chega-se a um sobrepreço para este item de R$ 15.885,59, a PO.
Até agosto de 2016 foi medida e paga a quantidade de 652,62 t de CBUQ. Esse
quantitativo compreende um volume de brita no estado solto de 363,20 m3 (1,28x[652,62 t
/ 2,3 t/m3]). Multiplicando esse volume solto pela distância de 30 km, obtém-se o
momento de transporte executado de 10.895,92 m3 x km. Segundo o 3º boletim de
medição foi atestado ao quantitativo de momento de transporte de 26.920,54 m3 x km, isto
é, mais de o dobro do quantitativo efetivamente realizado, gerando um superfaturamento
de R$ 11.858,22 (16.024,62 m3xkm X 0,74 R$/ m3xkm), a preços iniciais.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 338, de 13 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Abadiânia/GO apresentou a seguinte manifestação:
“A empresa ganhadora do certame, Feijãozinho Escavações e Tcrraplenagem Ltda.,
preferiu comprar em outro município, com outro fornecedor. O que não pode ser indeferido
pela Contratante, uma vez que não se pode interferir na escolha do fornecedor. E mais uma
vez esclarecendo, que este item foi devidamente aprovado pela GIGOV/AN antes da referida
Tomada de Preços.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
A manifestação se limita a citar o direito da contratada de adquirir os insumos onde melhor
lhe convier. Não trata do fato apontado, que é o pagamento de distância de transporte da
brita superior à distância efetivamente praticada no transporte da pedreira até a usina. Em
relação ao pagamento dos serviços com o excesso de quantidade apontada, o gestor
municipal limita-se a afirmar que o item foi aprovado pela GIGOV/AN antes da tomada de
preços.
Nessa afirmação, observa-se descaso do gestor municipal em garantir, por meio de sua
estrutura de fiscalização, a coerência entre o quantitativo pago e o efetivamente executado,
especificamente em relação ao item Transporte comercial da brita.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.12. Inspeção física sobre o objeto do Contrato n° 291/2015: área efetivamente
recapeada inferior ao montante medido e deficiência técnica no pavimento executado
(falta de abaulamento).
Fato
O objeto do Contrato de Repasse nº 790545 foi executado sob a égide do Contrato nº
291/2015 pactuado entre a Prefeitura Municipal de Abadiânia e a Empresa Feijãozinho
Escavações e Terraplenagem Ltda. EPP, o qual foi assinado em 08 de julho de 2015 e teve
sua execução iniciada em 01 de outubro de 2015, conforme Ordem de Serviço autuada à
folha 0265 do processo 1981/2015. Como o prazo de execução é de dois meses, o objeto
deveria ter sido entregue em 01de dezembro de 2015, o que não se verificou.
A documentação da fiscalização encaminhada pela prefeitura por meio do Ofício nº
246/2016/GABIN, especialmente o Diário de Obras nas folhas 03, 04 e 06, permitiu
identificar que os serviços de recapeamento em CBUQ na Av. Francisca Teixeira Damas e
na Avenida Monsenhor Chiquinho foram executados nos dias 05, 06 e 08 de outubro de
2015. Conforme registrado nas folhas de 11 e 12 do Diário de Obras, serviços de meio-fio
com sarjeta na Av. Francisca Damas foram executados entre os dias 29 de fevereiro e 01
de março de 2016, isto é, mais de dois meses após o fim do prazo inicialmente
estabelecido. Durante os trabalhos de fiscalização foi verificado os serviços de
recapeamento na Rua Maurílio Beires também foram executados, porém, ainda não haviam
sido medidos e pagos. Conforme Diário de Obras (folhas 13 e 15), obras nessa última via
que foram realizadas no período entre 21 e 25 de julho de 2016, também ocorreram após o
cronograma físico-financeiro estabelecido.
Até agosto de 2016 foram realizadas duas medições parciais. De acordo com o último
Boletim de Medição de 10/11/2015, relativo ao período de 01/10/2015 a 09/10/2015, já
foram medidos e pagos os serviços correspondentes ao valor de R$ 244.340,17, o que
representa 55,10 % do valor total pactuado. Os itens contemplados foram serviços
preliminares, de revestimento, de Administração e as refeições.
Em relação ao pagamento da administração local, observou-se que foram medidos e pagos
guardam relativa proporcionalidade com o percentual de cumprimento do cronograma
físico (60,75 % versus 55,10 %). Cabe registrar que, a respeito dos serviços relativos a esse
item, a empresa não mantém funcionários e equipamentos mobilizados no município de
Abadiânia durante toda a vigência do contrato. Durante o período de campo, quando não
havia frente de serviço em execução, mas o contrato ainda estava vigente, não foi
identificado qualquer canteiro, alojamento, funcionários ou equipamentos da contratada.
Com relação aos serviços relativos ao revestimento, até a segunda medição, eles
apresentavam 59,34 % de realização. E dado que, no momento da fiscalização, o
recapeamento da Rua Maurílio Beires estava praticamente concluído, o percentual de
cumprimento, dada a situação verificada em campo, estaria próximo dos 100 %. Nesse
sentido, para fins da presente fiscalização, a quantidade efetivamente executada dos
serviços envolvidos no recapeamento foi medida, sendo a determinação da largura,
extensão e espessura do pavimento realizada com auxílio de GPS e trena. Os resultados
estão apresentados a seguir:
Quadro 6 - Levantamento quantidade recapeada na Rua Francisca Teixeira Damas
Pontos Coordenadas
Extensão (m) Largura (m) Área (m2) X Y
Trecho 01 16º 11' 22, 6'' 48º 42' 36''
923 7,5 6.922,50 16º 10' 53,8'' 48º 42' 27,9''
Somatório (m²) 6.922,50
Quadro 7 - Levantamento quantidade recapeada na Av. Monsenhor Chiquinho
Pontos Coordenadas
Extensão (m) Largura (m) Área (m2) X Y
Trecho 02 16º 11' 28,6'' 48º 42' 35,4'' 270 7,3 1.971,00
16º 11' 31,9'' 48º 42' 26,8''
Somatório (m²) 1.971,00
Quadro 8 - Levantamento quantidade recapeada na Rua Maurílio Beires
Pontos Coordenadas
Extensão (m ) Largura
(m) Área (m2)
X Y
Trecho 01 16º 11' 51,6'' 48º 42' 28,6''
682 7 4.774,00 16º 11' 12,9'' 48º 42' 22,3''
Somatório (m²) 4.774,00
Na Av. Francisca Teixeira Damas foi efetivamente recapeada uma área de 6.922,50 m²,
que é um valor muito próximo à quantidade (diferença de 4,7%) paga até a segunda
medição, 6.610,873 m² (diferença de 4,7%). Entretanto, na Av. Monsenhor Chiquinho a
área efetivamente recapeada foi de 1.971,00 m², ao passo que o quantitativo medido e pago
foi de 2.461,570 m². Neste caso, uma medição e pagamento a maior de 490,57 m² (24,88
%). Este quantitativo majorado, por já ter sido pago, gera superfaturamento em todos os
subitens de serviço do item 2.0 – revestimento da planilha – de R$ 10.574,23 (R$
21,55/m²).
Por meio de inspeção visual da superfície da pista e dos ensaios de concreto asfáltico
apresentados é possível afirmar que o recapeamento foi executado em concreto betuminoso
usinado a quente faixa C do DNIT, em uma das pistas da Av. Monsenhor Chiquinho
quanto na totalidade da Av. Francisca Teixeira Damas e em trecho da Rua Maurílio Beires,
conforme registro fotográfico seguinte.
Foto 06: Av. Francisca Teixeira Damas onde foi executada
capa asfáltica em CBUQ – Abadiânia/GO, 17/08/2016. Foto 07: Av. Monsenhor Chiquinho onde foi executada capa
asfáltica em CBUQ – Abadiânia/GO, 17/08/2016.
Outro aspecto analisado em relação às pistas recapeadas diz respeito à espessura da capa
asfáltica aplicada.
Foto 08: Perfil da capa asfáltica em CBUQ na Av. Francisca Teixeira Damas (em frente ao n° 35) – Abadiânia/GO,
17/08/2016.
Foto 09: Local de verificação do perfil da capa asfáltica em CBUQ na Av. Francisca Teixeira Damas (em frente ao n° 35) –
Abadiânia/GO, 17/08/2016.
Nas Fotos 01 e 02 acima, próxima ao eixo da Rua Francisca Teixeira Damas em frente ao
n° 35, é possível identificar um buraco na superfície do pavimento. No local desse defeito
pré-existente foi medida a espessura do recapeamento realizado, tendo como referência a
diferença visual das camadas de revestimento, sendo que a superior tinha espessura
condizente com o projeto e a medição dos serviços realizados (maior que 3 cm). Na Av.
Monsenhor Chiquinho, dada a inexistência de defeitos pré-existentes no pavimento que
permitissem a identificação e tomada de medida da espessura do recapeamento, não foi
possível realizar o mesmo tipo de verificação.
Já na Rua Marílio Beires, a medida da espessura do recapeamento foi tomada em ponto
lateral da via, obtido em razão do corte realizado para assentamento de meio-fio e, da
mesma forma, não foi detectada espessura inferior à previsão de projeto. As fotos 03 e 04 a
seguir ilustram a situação verificada:
Foto 10: Perfil da capa asfáltica em CBUQ na Rua Maurílio Beires (em frente ao Cemitério Municipal) –
Abadiânia/GO, 19/08/2016.
Foto 11: Perfil da capa asfáltica em CBUQ na Rua Maurílio Beires (em frente ao Cemitério Municipal) – Abadiânia/GO,
19/08/2016.
As verificações realizadas não são suficientes para estender a conclusão de inexistência de
espessura em desacordo com o definido em projeto, contudo, nos locais onde foram
examinadas as espessuras não houve detecção de situações de desconformidade com o
projeto.
Convém, contudo, ressaltar que um fator que pode interferir no resultado dos testes, tanto
os realizados pela equipe de fiscalização quanto os realizados no curso da execução da
obra. O recapeamento está sendo feito sobre uma via com revestimento pré-existente.
Assim, a medição da espessura do corpo de prova pode está incluindo a espessura da
camada de revestimento pré-existente, falseando a espessura de fato executada no âmbito
do contrato 291/2015. Outro aspecto que merece registro é que não há na documentação
encaminhada pela prefeitura registro fotográfico da realização do processo de extração dos
corpos de prova, tampouco do momento da medição das espessuras dos mesmos. Tais
registros foram solicitados por meio da Solicitação de Fiscalização nº 05, mas não foram
entregues conforme manifestação da contratada anexa ao nº 246/16/GABIN da prefeitura.
Apesar de a negativa se basear em argumentação da contratada de que o registro
fotográfico não é essencial, convém alertar que a existência do mesmo é exigida da
fiscalização da prefeitura como comprovação do acompanhamento efetivo da aferição da
qualidade do serviço e do comportamento diligente do fiscal em comprovar o afastamento
dos fatores falseadores dos resultados dos ensaios.
No que se refere ao serviço de meio fio com sarjeta, até a 2º Boletim de Medição não há
indicação de realização de serviços, lembrando que, em relação aos serviços previstos para
serem realizados na Rua Maurílio Beires, consta na Prefeitura de Abadiânia outro contrato
(Contrato n° 160/2016) para realização dos mesmos serviços associados ao calçamento
completo nas imediações do Cemitério Municipal de Abadiânia/GO mencionada via. Logo,
nas futuras medições, as despesas relativas aos mencionados serviços não poderão ser
apropriadas à conta do Contrato n° 291/215.
Por fim, registre-se que, com relação às características técnicas do pavimento executado,
fotos retiradas em dia chuvoso denunciam a condição deficiente da drenagem da via
recapeada provocada pela ausência do abaulamento de 3% e dos dispositivos de drenagem
adequados previsto no projeto de engenharia. Logo, os serviços executados na Av.
Francisca Damas, Av. Monsenhor Chiquinho e Rua Maurílio Beires apresentam evidências
de deficiências qualitativas comprometedoras da funcionalidade e da durabilidade,
caracterizando descumprimento do projeto.
Foto 12: Av. Francisca Teixeira Damas – recapeamento
executado sem abaulamento – Abadiânia/GO, 17/08/2016. Foto 13: Av. Monsenhor Chiquinho – recapeamento
executado sem abaulamento – Abadiânia/GO, 17/08/2016.
Foto 14: Rua Maurílio Beires – recapeamento executado sem
abaulamento – Abadiânia/GO, 17/08/2016.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 338, de 13 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Abadiânia/GO apresentou a seguinte manifestação:
“No parágrafo quinto, da página 58 do relatório, está descrito que: "este um item cuja
quantidade licitada provavelmente não fosse totalmente, estes quantitativos foram
levantados pelo Técnico em Agrimensura contratado da Prefeitura Municipal de Abadiânia,
Sr. I. D. S. E estes mesmos quantitativos foram vistoriados e aceitos pelos Engenheiros da
GIGOV/AN, antes da aprovação do projeto e do orçamento em tela.
Salientamos também, que as condições de execução do objeto licitado foram mudadas com
a anuência total da CEF - Caixa Econômica Federal.
No primeiro parágrafo da página 60 do relatório, foi encontrado pelos fiscais do CGU uma
diferença para mais na área recapeada, da Avenida Monsenhor Chiquinho de 490,57 m².
Acreditamos que é passível de ter ocorrido um engano na medição desta área, já que esta
via foi vistoriada também pelos Engenheiros fiscais da GIGOV/AN, e o serviço executado
no local foi aceito e pago.
Os serviços de meio fio e sarjetas na Rua Maurílio Beires, terão seus montantes diminuídos
em relação ao total contratado, já que foram executados pela Prefeitura Municipal, e
obviamente que não serão pagos nas próximas medições”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
O gestor municipal inicial sua manifestação indicando a anuência da Caixa Econômica
Federal em relação à redução do objeto licitado em favor do contratado. Não contesta e não
apresenta justificativas para o fato relatado.
Em relação à medição à maior de área recapeada na Av. Monsenhor Chiquinho apenas
limitou-se a afirmar que acredita ter havido engano na medição da CGU, embasando sua
tese no fato de os serviços terem sido vistoriados pelos fiscais da GIGOV/AN. Assim, a
manifestação não agrega elementos capazes de afastar o superfaturamento apontado.
O último parágrafo da manifestação traz a revelação que os meios fios e sarjetas da rua
Maurílio Beires foram executados pela Prefeitura, por isso serão suprimidos do contrato
291/2015. Essa afirmação reforça a tese de desnecessidade dos itens de dispositivos de
drenagens, que tiveram quantidades e preços reduzidos a fim de viabilizar o aumento de
preços do item fabricação de CBUQ durante a modificação do objeto no contato que
favoreceu a licitante Feijãozinho.
Por fim, há de se registrar que a manifestação não tratou dos defeitos executivos relatados no
fato.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.13. Contrato de Repasse n° 790545/2013: redução do escopo licitado, sem
correspondente alteração de valor, com autorização pela CEF, favorecendo licitante
vencedora e caracterizando afronta ao Princípio da Isonomia.
Fato
A fim de verificar se as obras de recapeamento objeto do Contrato de Repasse n° 790545
estão sendo executadas de acordo com as especificações técnicas e projeto básico licitado,
foi realizada análise da documentação de obra em poder do proponente, inspeção física das
vias recapeadas por meio do levantamento das dimensões executadas, registro fotográfico da
capa asfáltica executada, avaliação da adequação do controle tecnológico dos materiais
empregados e, por fim, verificação da funcionalidade do serviço executado.
Inicialmente, convém relatar que o objeto especificado no projeto básico que serviu de base
para a Tomada de Preços 003/2015 contemplava o recapeamento de diversas vias urbanas
que totalizavam 22.535,11 m2. A empresa vencedora do certame apresentou proposta no
valor de R$ 443.428,22 para execução desse escopo sob o regime de empreitada por preço
global no prazo máximo de 120 dias corridos.
Entretanto, por ocasião da assinatura do contrato nº 291/2015 o escopo inicialmente previsto
e licitado foi reduzido para uma área recapeada de 14.920,35 m2, mantido o valor do objeto
de R$ 443.428,22 e o mesmo prazo de execução.
Essa situação foi possível graças a modificações de quantidade, unidade e de preço do
serviço “fabricação e aplicação de CBUQ, CAP 50/70 exclusive transporte” que majoraram
o valor desse item, concomitantemente com a redução de quantitativos e preços de outros
serviços da planilha como pintura de ligação, meio fio com sarjeta, transporte de materiais e
sinalização.
Especificamente em relação ao item cujo valor total foi numericamente elevado, convém
registrar que, embora a unidade do serviço na versão licitada fosse volumétrica (m3), o custo
unitário da planilha aceita no certame para este item 2.2 (R$ 166,90) tem ordem de grandeza
do valor do custo unitário da tonelada. Assim, o aumento de valor do item em comento foi
provocado pelo aumento no valor numérico da quantidade (passou de 676,05 m3 para
1.074,27 t) e pela alteração do custo unitário licitado de R$ 166,90 para R$ 190,95, valor
muito próximo do valor da mediana do Sinapi GO Junho 2014 (R$ 191,70).
No que se refere aos itens cujos valores foram reduzidos para compensar o aumento do valor
do item 2.2, é imperioso destacar que a parcela mais significativa da redução decorre da
diminuição das quantidades dos serviços de transportes de materiais, pintura de ligação e
ensaios de concreto asfáltico, os quais tiveram os custos unitários inalterados no momento
da contratação. O item meio fio com sarjeta, além de ter a quantidade reduzida em função da
diminuição da quantidade de vias contempladas, contribuiu para a compensação com a
redução de seu custo unitário de R$ 63,00 para R$ 60,58. Ressalta-se que as vias objetos da
intervenção já eram pavimentadas e já possuíam o meio fio, sendo este um item cuja a
quantidade licitada provavelmente não fosse totalmente necessária.
Em síntese, verificou-se que a Administração Municipal, com anuência da Caixa Econômica
Federal, alterou significativamente a condição de execução do objeto licitado, favorecendo
significativamente a licitante vencedora do certame por ocasião da assinatura do contrato,
uma vez que não foi dada oportunidade à segunda colocada e a outros possíveis
interessados, conhecerem dessas novas condições de execução.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 338, de 13/ de outubro, de 2016, a Prefeitura Municipal de
Abadiânia/GO apresentou a seguinte manifestação:
“A diferença entre as áreas inicialmente a serem recapeadas e a área efetivamente
contratada, deu-se em decorrência da majoração no período do item "fabricação e aplicação
de CBUQ, CAP 50/70 exclusive transporte", conforme constatado pela fiscalização da
CGU.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Não é razoável uma alteração significativa em favor do licitante sob alegação de aumento do
período, até por que o preço unitário efetivamente contratado (R$ 235,69) não estava
defasado em relação ao preço de mercado para o serviço "fabricação e aplicação de CBUQ,
CAP 50/70 exclusive transporte" código SIANPI 72965 em junho de 2014 (R$ 236,61) e em
setembro de 2015 (R$ 236,07), data de efetiva realização do serviço.
Observa-se nessa alteração da planilha contratada em relação à licitada um favorecimento
excessivo da licitante Feijãozinho, pois foi contemplada com o privilégio de executar o
contrato em condições bem mais favoráveis do que a condição de execução apresentada e
divulgada pela Administração Municipal durante o processo licitatório. O fato de a
Administração não ter publicado a nova condição mais favorável de execução do contrato
alijou do processo outros possíveis interessados. Assim, ficou caracterizada afronta ao
princípio da Isonomia.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.14. Não atendimento das condições do "Programa de Apoio à Política Nacional de
Desenvolvimento Urbano no Estado de Goiás".
Fato
Considerando que a conformação das estruturas previstas para execução a partir do
Contrato de Repasse n° 790545/2013 - recapeamento do pavimento de vias públicas e de
execução de sarjetas – auxilia na captação da água pluvial e na sua condução até os
sistemas de condutos, as deficiências técnicas relativas à não execução do abaulamento as
vias executadas, conforme registros fotográficos constantes deste Relatório, bem como os
problemas relativos à inexecução parcial do objeto medido levam a conclusão pelo não
cumprimento dos parâmetros funcionais das estruturas e do desatendimento do programa
financiado – Programa de Apoio à Política Nacional de Desenvolvimento Urbano no
Estado de Goiás.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 338, de 13 de outubro de 2016, a Prefeitura Municipal de
Abadiânia/GO apresentou a seguinte manifestação:
“O serviço atendeu em parte as condições previstas no Programa de Apoio à Política
Nacional de Desenvolvimento Urbano no Estado de Goiás, e como já foi esclarecido
anteriormente sobre a não conclusão total dos serviços, e também devido há não existir
rede de águas pluviais no Município”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Os esclarecimentos mencionados pelo gestor que embasa a sua tese de atendimento parcial
às condições do Programa não prosperaram e foram afastados nas análises de itens
anteriores.
Além disso, a inexistência de rede de águas pluviais não é a causa do não atendimento às
condições do Programa. De nada adiantaria tais redes se a funcionalidade do revestimento e
dos dispositivos de drenagem superficial estiver comprometida. A inexistência do
abaulamento conforme projeto e de declividades longitudinais adequadas dos dispositivos de
meio fio com sarjeta, assim como dimensões inferiores às projetadas comprometem
consideravelmente a capacidade de escoamento das águas de chuva, favorecendo os
acúmulos detectados.
Assim sendo, a manifestação não elide a constatação.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.15. Contrato de Repasse n° 790545/2013: prazo para prestação de contas não
encerrado
Fato
Tendo sido celebrado em 05 de dezembro de 2013, o Contrato de Repasse (CR) n° 790545
pactuado entre a União, por intermédio do Ministério das Cidades, representado pela Caixa
Econômica Federal (CEF), e o Município de Abadiânia/GO, encontrava-se em vigência no
momento da realização desta fiscalização. Conforme já mencionado, o término da vigência
foi marcado para ocorrer em 10 de outubro de 2016 e, ainda de acordo com o instrumento
contratual, não há previsão de prestação de contas parcial. A prestação de contas deve
ocorrer 60 dias após o término da vigência contratual (30/10/2016) ou da conclusão do
objeto, o que ocorrer primeiro.
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3. Conclusão
Com base nos exames realizados, conclui-se que a aplicação dos recursos federais não está
adequada e exige providências de regularização por parte dos gestores municipais e federais.
Foram fiscalizados recursos já executados no montante de R$ 244.340,17 de um total
contratado de R$ 443.428,22, referentes aos pagamentos já realizados no âmbito do Contrato
nº 291/2015 da então Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos - SMOSP, utilizado
pela Prefeitura de Abadiânia para a execução do objeto do Contrato de Repasse.
Destacam-se, a seguir, as situações de maior relevância quanto aos impactos sobre a
efetividade do Programa/Ação fiscalizado:
- Constatação 2.2.4. Edital da Tomada de Preços n° 003/2015: estabelecimento de visita
técnica obrigatória, em três datas predeterminadas, como condição de participação na
licitação, incorrendo em restrição à competitividade do certame;
- Constatação 2.2.6. Contrato n° 291/2015: Alíquota de ISS utilizada para composição do
BDI maior que a efetivamente cobrada pelo Município de Abadiânia/GO, gerando
sobrepreço de R$ 11.819,49 e superfaturamento de R$ 6.513,06 a preços iniciais;
- Constatação 2.2.8. Contrato n° 291/2015: sobrepreço e superfaturamento em serviços de
transporte de material;
- Constatação 2.2.9. Contrato n° 291/2015: sobrepreço do item 2.8 ensaio de concreto
asfáltico, gerando superfaturamento potencial (R$ 17.166,83) e efetivo (R$ 10.428,87);
- Constatação 2.2.10. Contrato de Repasse n° 790545: obras atrasadas e sobreposição
parcial de objeto entre os Contratos n° 291/2015 e n° 160/2016, firmados pela Prefeitura de
Abadiânia/GO;
- Constatação 2.2.11. Tomada de Preços n° 003/2015 e contrato decorrente (Contrato n°
291/2015): superestimativa de quantidade de transporte comercial de brita para usinagem do
CBUQ resultado em superfaturamento de R$ 11.858,22 a preços iniciais;
- Constatação 2.2.12. Inspeção física sobre o objeto do Contrato n° 291/2015: área
efetivamente recapeada inferior ao montante medido e deficiência técnica no pavimento
executado (falta de abaulamento);
- Constatação 2.2.13. Contrato de Repasse n° 790545/2013: redução do escopo licitado, sem
correspondente alteração de valor, com autorização pela CEF, favorecendo licitante
vencedora e caracterizando afronta ao Princípio da Isonomia;
- Constatação 2.2.14. Não atendimento das condições do "Programa de Apoio à Política
Nacional de Desenvolvimento Urbano no Estado de Goiás".