Serviço de Gestão Acadêmica
PREVALÊNCIA DE CÁRIE DENTAL E GENGIVITE EM ESCOLARES DE 12
ANOS NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE BOA VISTA, RORAIMA
por
LAURAMARIS DE ARRUDA RÉGIS ARANHA
Dissertação apresentada com vistas à obtenção do título de Mestre em Ciências na área de Saúde Pública.
Orientador/a:
Profª Drª Sheila Maria Ferraz Mendonça de Souza (FIOCRUZ)
Profª Drª Maria Augusta Bessa Rebelo (UFAM)
Manaus, abril de 2004
Subprograma de Mestrado Interinstitucional da CAPES Centro de Pesquisa Leônidas e Maria Deane
Universidade Federal do Amazonas
Serviço de Gestão Acadêmica
PREVALÊNCIA DE CÁRIE DENTAL E GENGIVITE EM ESCOLARES DE 12
ANOS NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE BOA VISTA, RORAIMA
apresentada por
LAURAMARIS DE ARRUDA RÉGIS ARANHA
foi avaliada pela Banca Examinadora composta pelos seguintes membros:
Prof.a Dr.a Reinaldo Souza dos Santos.
Prof.a Dr.a Rosana Cristina Parente.
Prof.a Dr.a Maria Augusta Bessa Rebelo – Orientadora principal
Dissertação defendida e aprovada em 02 de abril de 2004.
Em memória de João Vieira Régis,
meu pai, estimado pela coerência,
simplicidade, dedicação e honestidade
com que conduziu sua vida.
AGRADECIMENTOS:
A Deus, pela criação da vida, e por ter a certeza de que mais uma batalha foi
vencida; difícil, árdua, mas em anonimato me deu força e coragem necessárias para vencer.
Ao Ionilson Sampaio de Souza, coordenador da odontologia da secretaria municipal
de saúde de Boa Vista – RR, pelo apoio à realização do projeto, o qual representará um
passo inicial para construção de referencial sobre indicadores epidemiológicos de saúde
bucal do município, podendo assim ser utilizado como instrumento de definição de
estratégias que orientem a operacionalidade do sistema de saúde local.
À Prof.a Dr.a Rosana Cristina Parente, por seu conhecimento em estatística,
participação e cooperação.
Á Márcia Cabral Moreira Pinto, que colaborou na coleta de dados para obtenção dos
resultados.
Aos funcionários da secretaria acadêmica da Fiocruz de Manaus e aos professores do
mestrado, pela atenção e colaboração dada durante esses dois anos.
Meu especial reconhecimento:
À Drª. Sheila Maria Ferraz Mendonça de Souza e Drª Maria Augusta Bessa Rebelo,
minhas orientadoras, que com sabedoria, dedicação e respeito me ensinaram o caminho
para que eu alcançasse o meu objetivo. Obrigada por tudo e tenho a certeza que a minha
alegria de hoje são as suas.
Ao meu marido Orlano, que torna a minha vida mais plena. É o meu parceiro no
casamento, nos negócios e na vida. Sem você não chegaria até o fim.
Amado filho Guilherme cuja paciência, compreensão e estímulo foram
imprescindíveis nesta caminhada.
À querida mãe Vera, o meu agradecimento por eu ter trilhado com determinação
nesta conquista que se torna realidade, pois o seu exemplo de luta e de oração me
impulsionou nas horas difíceis.
Aos meus irmãos Cássio Henrique, Carlos Augusto, Ritamaris, Caio César e
Estelamaris, o amor e carinho de vocês foram o estímulo da minha vitória.
À colega, irmã Estelamaris que soube compreender o meu esforço, que me
entusiasmou quando pensava em esmorecer, que compartilhou comigo minha alegria e
tristeza.
À Quelina, Profª. Gracildes e Alexandra que sempre me incentivaram a acreditar em
mim.
À Keila e Evaldo, pelo dom da amizade e do incentivo, meu eterno agradecimento.
As instituições que deram apoio trabalho:
À UFRR (Universidade Federal de Roraima) por abrir as portas do conhecimento os
quais precisei para que eu chegasse ao final com júbilo.
À Secretaria Municipal de Saúde de Boa Vista – RR, o meu muito obrigada por
fornecer os materiais necessários para a realização desta pesquisa.
RESUMO
O presente trabalho corresponde a um levantamento epidemiológico da situação da saúde
bucal em escolares aos 12 anos de idade que se encontravam cursando escolas públicas da
rede municipal de Boa Vista, Roraima, Brasil no ano de 2002. A pesquisa foi feita com
base no exame clínico com a finalidade de registrar superfícies cariadas, superfícies
perdidas, superfícies obturadas (CPO-S) e gengivite em um total de 196 escolares, que
consistiram na população total de alunos daquela categoria disponíveis para o estudo. Foi
possível ter uma visão do quadro epidemiológico vigente e comparar os índices com dados
anteriores obtidos em um levantamento feito em 1996, quando o índice em Boa Vista foram
os piores do Brasil, sendo então o CPO-D alto, igual a 6,3. Alguns dados sobre as
condições sócio-econômicas e hábitos de higiene foram também registrados com a
finalidade de contextualizar os resultados. Os resultados mostraram um CPO-D moderado,
de 3,2 indicando que as condições de saúde bucal naqueles escolares, de nível sócio
econômico baixo melhoraram, se comparadas com os resultados de 1996. Entretanto, o
índice obtido nesta pesquisa mostra que a saúde bucal em Boa Vista, pelo menos no que se
refere à população de baixa renda, ainda deve ser melhorada para chegar ao recomendado
pela OMS. Considerando-se que a cárie dentária e a gengivite são problemas de saúde
pública no país, e considerando ainda a quase ausência de dados sobre a prevalência de tais
problemas em crianças brasileiras, principalmente da região norte, este estudo deve poder
contribuir também para conhecer as condições de saúde bucal da população estudada
revertendo dados aplicáveis à programação local de assistência à saúde bucal.
Palavras chaves: Cárie Dental, Saúde Bucal, Epidemiologia, Amazônia, Escolares.
ABSTRACT
The present research corresponds to an epidemiological statement of the dental health
current situation on 12- years-old schoolchildren at the public schools at the municipality of
Roraima, Boa Vista, Brazil in 2002. The research was done through a clinic exam with the
objective to register decayed, missing and surface with fillings (DMST) and gingivitis in a
total of 196 students, representing the whole population available in that category. The
results made it possible to have a view of the current epidemiological status of those
children. It was also possible to compare all the current data with the indices of 1996, when
Boa Vista was seen as the worst scenario in Brazil, because of a very high DMST equal to
6,3. Data about social and economic condition, besides hygiene habits were registered to be
compared to the clinic results done. The current DMST level, equal to 3,2, is moderate
according to WHO. The result shows that the condition of those schoolchildren with low
income has increased and got better compare to 1996. However, the data show that dental
health in Boa Vista, more specifically in that children with low income, still has to improve
to reach levels proposed by WHO. Considering that dental caries and gingivitis are a public
health problem in Brazil, requiring more epidemiological support, specially concerning
health status of the children in the North part of Brazil this study will contribute to know
the oral health conditions in that population and will also help to assist the local programs
concerning dental health.
Key Words: Dental Caries, Oral Health, Epidemiology, Amazon, Schoolchildren
SUMÁRIO
1- Introdução...............................................................................................................................01
2- Revisão da Literatura..............................................................................................................08
3- Caracterização da Área de Estudo..........................................................................................22
3.1 Considerações sobre as Medidas de Promoção de Saúde Bucal.....................................24
4- Objetivos, Série estudada e Metodologia...............................................................................27
4.1- Objetivos.........................................................................................................................27
4.2- Série Estudada.................................................................................................................27
4.3- Metodologia.....................................................................................................................28
4.3.1- Exames Clínicos....................................................................................................29
4.3.2- Condições patológicas dentárias e Índices utilizados para estimativa das
condições de saúde bucal............................................................................................................30
5- Resultados..............................................................................................................................38
5.1- Caracterização dos escolares examinados e perfil sócio econômico dos pais................38
5.2- Caracterização das condições de Saúde Bucal................................................................40
5.2.1- Cárie dentária........................................................................................................40
5.2.2- Sangramento gengival...........................................................................................43
5.2.3- Hábitos de higiene.................................................................................................45
6- Discussão...............................................................................................................................55
7- Conclusão...............................................................................................................................60
8 -Referências Bibliográficas.....................................................................................................61
9-Anexos.
Anexo I
Anexo II
Anexo III
Anexo IV
Anexo V
Anexo VI
Anexo VII
Anexo VIII
LISTA DE QUADROS
Quadro 01- Escala de medida da severidade do ataque de cárie aos 12 anos de idade, a
partir da utilização do índice CPO-D, segundo a Organização Mundial de Saúde...............09
Quadro 02- Quantidade de procedimentos realizados no ano de 2001 e 2002, conforme sua
localização em Postos de Saúde, escolas e unidade móvel...................................................26
Quadro 03- Relação das Escolas Municipais de Boa Vista – RR em 2002, apresentando o
tipo de localização e a zona em que se encontram................................................................28
Quadro 04- Média de CPO-D por escolas municipais de Boa Vista – RR.........................42
LISTA DE FIGURAS
Figuras 01- Índices de CPO-D realizado em 1996 pelo MS em crianças aos 12 anos de
idade, por regiões do Brasil. Refeito com base nos valores publicados no Boletim do CFO
(1997)....................................................................................................................................04
Figuras 02- Índices de CPO-D realizado em 1996 pelo MS em crianças aos 12 anos de
idade, por capitais do Brasil. Refeito com base nos valores publicados no Boletim do CFO
(1997)....................................................................................................................................05
Figura 03- Mapa geral da cidade de Boa Vista com divisão de bairros.Fonte: Adaptado da
Prefeitura Municipal de Boa Vista - Roraima, 2001.............................................................23
Figura 04- Seqüência dos dentes na arcada dentária.............................................................30
Figura 05- Dente cariado.......................................................................................................31
Figura 06- Sonda utilizada para exame diagnostico de sangramento gengival e CPI (Índice
Periodontal Comunitário).....................................................................................................34
Figura 07- Representação esquemática do exame para avaliação do ISG. Sem sangramento
(a) e com sangramento (b).....................................................................................................35
Figura 08-Superfície gengival sem sangramento (a) e superfície gengival com sangramento
(b)..........................................................................................................................................35
Figura 09- Distribuição percentual de escolares de 12 anos, cursando escolas municipais de
Boa Vista, Roraima, de acordo com o Índice de Superfícies Cariadas, Perdidas e Obturadas
(CPO-S) encontrado em 2002...............................................................................................40
Figura 10- Percentual dos escolares de 12 anos, matriculados em escolas municipais de Boa
Vista, Roraima, em 2002, distribuídos de acordo com o Índice de Dentes Cariados,
Perdidos e Obturados (CPO-D).............................................................................................41
Figura 11- Percentual de escolares de 12 anos de idade matriculados em escolas municipais
de Boa Vista, Roraima, em 2002, de acordo com o valor obtido para o Índice de
Sangramento Gengival (ISG)................................................................................................43
LISTA DE TABELAS
Tabela 01- Distribuição dos escolares de 12 anos matriculados em escolas municipais de
Boa Vista, Roraima, de acordo com o grau de instrução do pai e da mãe e respectivos
percentuais.............................................................................................................................38
Tabela 02- Associação entre grau de instrução dos pais (pai e mãe) e renda familiar ( em
termos de salário mínimos ) e respectivos percentuais, para a população de escolares de 12
anos matriculados na rede municipal de Boa Vista, Roraima, no ano de 2002....................39
Tabela 03- Distribuição dos valores médios obtidos a partir do índice CPO-S e seus
componentes (superfícies cariadas, perdidas e obturadas), para as superfícies dentárias
atacadas pela doença cárie na população de escolares de 12 anos matriculados em escolas
municipais de Boa Vista, Roraima, em 2002........................................................................40
Tabela 04- Distribuição dos valores médios de dentes atacados pela doença cárie,
calculadas a partir do índice CPO-D e seus componentes (dentes cariados, perdidos e
obturados), na população de escolares de 12 anos matriculados em escolas municipais de
Boa Vista, Roraima, em 2002...............................................................................................41
Tabela 05- Distribuição dos valores médios de dentes atacados pela doença cárie na
população de escolares de 12 anos matriculados em escolas municipais de Boa Vista
Roraima, em 2002, de acordo com o sexo............................................................................42
Tabela 06- Distribuição do CPO-D e seus componentes, de acordo com grau de
escolaridade dos pais (pai e mãe) e respectivos percentuais, para a população de escolares
de 12 anos matriculados na rede municipal de Boa Vista, Roraima, no ano de
2002.......................................................................................................................................44
Tabela 07- Distribuição dos valores do índice CPO-D e seus componente quando
comparados com a renda familiar baseada em salários-mínimos (SM) e respectivos valores
percentuais para a série de escolares de 12 anos de idade, matriculados em escolas
municipais de Boa Vista, Roraima, em 2002........................................................................45
Tabela 08- Distribuição número de escolares de 12 anos, matriculados em escolas
municipais de Boa Vista, Roraima, em 2002, quanto à freqüência de escovação diária, o
CPO-D e seus componentes, e seus respectivos percentuais................................................46
Tabela 09- Distribuição dos escolares de 12 anos, matriculados em escolas municipais de
Boa Vista, Roraima, em 2002, quanto à freqüência de escovação diária, o grau de instrução
dos pais e seus respectivos percentuais.................................................................................47
Tabela 10- Distribuição dos escolares de 12 anos, matriculados em escolas municipais de
Boa Vista, Roraima, em 2002, quanto à freqüência de escovação diária, renda familiar
baseada em salários-mínimos (SM), e seus respectivos percentuais....................................47
Tabela 11- Distribuição do uso declarado de solução de flúor para bochecho comparado ao
índice CPO-D e seus componentes, em escolares de 12 anos, matriculados em escolas
municipais de Boa Vista, Roraima, em 2002, e seus respectivos valores e percentuais......48
Tabela 12- Distribuição dos escolares de 12 anos, matriculados em escolas municipais de
Boa Vista, Roraima, em 2002, segundo a declaração pelos responsáveis do uso declarado
de solução de flúor para bochecho comparado com a renda familiar baseada em salários-
mínimos (SM) e seus respectivos valores e percentuais.......................................................49
Tabela 13- Distribuição dos escolares de 12 anos, matriculados em escolas municipais de
Boa Vista, Roraima, em 2002, segundo a declaração pelos responsáveis do uso declarado
de solução de flúor para bochecho comparado ao grau de instrução dos pais e seus
respectivos valores e percentuais..........................................................................................49
Tabela 14- Distribuição dos escolares de 12 anos, matriculados em escolas municipais de
Boa Vista, Roraima, em 2002, segundo a declaração pelos responsáveis de aplicação de
flúor no dentista comparado ao grau de instrução dos pais e seus respectivos valores e
percentuais.............................................................................................................................50
Tabela 15- Distribuição dos escolares de 12 anos, matriculados em escolas municipais de
Boa Vista, Roraima, em 2002, segundo a declaração pelos responsáveis de aplicação de
flúor no dentista comparado com a renda familiar baseada em salários-mínimos (SM) e
seus respectivos valores e percentuais..................................................................................51
Tabela 16 - Distribuição dos escolares de 12 anos das escolas municipais de Boa Vista,
Roraima, em 2002, de acordo com a declaração pelo responsável de visita ao dentista nos
últimos 12 meses comparada aos valores do CPO-D e seus componentes..........................52
Tabela 17- Distribuição dos escolares de 12 anos, matriculados em escolas municipais de
Boa Vista, Roraima, em 2002, segundo a declaração pelos responsáveis de visita ao
dentista nos últimos 12 meses comparada ao grau de instrução dos pais e seus respectivos
valores e percentuais.............................................................................................................53
Tabela 18- Distribuição dos escolares de 12 anos, matriculados em escolas municipais de
Boa Vista, Roraima, em 2002, segundo a declaração pelos responsáveis da visita ao
dentista nos últimos 12 meses comparados com a renda familiar baseada em salários-
mínimos (SM) e seus respectivos valores e percentuais.......................................................54
LISTA DE SIGLAS
CPO – índice de cárie.
CPO-D – dentes permanentes cariados, perdidos e obturados.
CPO-S - superfícies permanentes cariadas, perdidas e obturadas.
ENSP – Escola Nacional de Saúde Pública.
OMS – Organização Mundial de Saúde.
WHO – World Health Organization.
SESI – Serviço Social da Indústria
MS – Ministério da Saúde.
LISTA DE ANEXOS
ANEXO I- Situação demográfica dos Bairros de Boa Vista.
ANEXO II- População segundo sexo por Bairro da cidade de Boa Vista.
ANEXO III- População de Roraima.
ANEXO IV- Resultados do CENSO 2000 (Municípios do Estado de Roraima).
ANEXO V- População residente, por grupos de idade - Roraima.
ANEXO VI- Termo de esclarecimento e consentimento livre e esclarecido para pesquisa.
ANEXO VII- Questionário de dados complementares.
ANEXO VIII- Formulário de exame em saúde bucal.
1
1- Introdução
A prevalência de cárie dentária vem diminuindo tanto em países desenvolvidos como em
países em desenvolvimento (Peres et al., 1997; Narvai et al., 1999; Freysleben et al., 2000; Maltz
& Silva, 2001), ainda que não se observe grande mudança quanto à ingestão de sacarose na dieta
e nem modificações acentuadas na remoção de placa (Oppermann & Rosing, 1999). No entanto, a
cárie ainda é um problema importante de saúde e a perda dentária, dela decorrente, ainda é
relevante, sendo necessário manter monitoramento sobre este problema, principalmente nas
populações de baixa renda e com menor possibilidade de acesso aos serviços de assistência e
prevenção.
No Brasil, estudos epidemiológicos têm mostrado uma redução marcante na prevalência e
regressão de doença. Lugares que implementaram o flúor nas águas de abastecimento público e
campanhas de saúde bucal feitas em nível municipal, estadual ou nacional, visando sensibilizar o
maior número de pessoas para a importância da saúde bucal, orientação dietética, o uso de
dentifrício fluoretado e a remoção profissional da placa dental, em geral, houve melhora das
condições de saúde ( MS, 2000; Maltz & Silva, 2001). Mas, o grande problema da Odontologia
não é apenas o conhecimento da prevalência da cárie dentária, mas a resolução dos problemas
causados nos indivíduos e nas populações.
Segundo o Ministério da Saúde (MS, 2000), em nosso país os problemas de saúde bucal
de maior relevância são a cárie dentária, as doenças periodontais, as oclusopatias, o câncer bucal
e as fendas lábio-palatais. Estudos sobre estes temas fazem parte do espectro de interesses da
odontologia social e suas aplicações à saúde pública. Dentre eles a questão mais discutida em
termos de prevenção é a cárie dentária, que representa uma doença crônica, que normalmente
progride muito lentamente e raramente é autolimitante e, na ausência de tratamento, progride até
levar a perda do dente. A destruição localizada dos tecidos duros, geralmente chamada lesão, é o
sinal da doença (Maltz & Carvalho, 1994). Estes estudos utilizam principalmente índices como o
CPO-D (dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) para medir o impacto da doença
cárie sobre a dentição.
Pinto (1999) afirma que o quadro epidemiológico brasileiro, em termos de saúde bucal,
reflete com nitidez algumas das principais características da nossa sociedade: economia não
estável, agudas desigualdades salariais e sociais, sistema educacional com ênfase na formação de
nível superior, produção agrícola voltada para a exportação e grande número de pessoas de baixa
renda e em estado de pobreza relativa ou absoluta.
2
Apesar desta afirmativa, os grandes levantamentos realizados sobre saúde bucal no Brasil,
de alcance nacional, apontam para um declínio desta doença em todas as faixas etárias (Traebert
et al., 2001). O primeiro data de 1986 e foi realizado pelo Ministério da Saúde, o segundo é de
1993, e foi feito pelo SESI – Serviço Social da Indústria; e o terceiro, datado de 1996, foi
realizado também pelo Ministério da Saúde (MS, 1988; Pinto, 1993; Pinto,1999, CFO, 1997).
O levantamento de 1986 forneceu dados sobre cárie dental, doenças periodontais,
necessidade e uso de prótese e ainda sobre procura de serviços odontológicos. Obtiveram-se pela
primeira vez, informações sobre as condições de saúde bucal do brasileiro (Traebert et al., 2002).
Este levantamento foi realizado em 16 capitais, examinando 21.960 pessoas de 6 a 59 anos, das
quais 15.009 estão entre 6 e 12 anos. Os resultados deste levantamento foram consolidados e
servem como referência científica única com representatividade aceita para o conjunto do país
urbano (Pinto, 1999).
O estudo de 1993 teve uma dimensão bem maior, pois examinou 110.640 crianças, sendo
78.293 entre 7 e 14 anos (dentes permanentes) e 32.347 entre 3 e 6 anos (dentes decíduos) em
um grande número de cidades – capital e interior- de 23 estados. Restringiu-se à cárie dental,
acrescentando um importante volume de informações sobre os padrões de ataque em dentes
decíduos (Pinto, 1993).
Em 1996, foi feito o levantamento de cárie dental nas 27 capitais brasileiras, com base em
estudo de crianças das redes pública e privada de ensino, na faixa etária dos 06 aos 12 anos. Um
total de 30.240 alunos foi examinado em todo o país, através de uma parceria do Ministério da
Saúde, Associação Brasileira de Odontologia, Conselho Federal de Odontologia, Secretarias
Estaduais e Municipais de Saúde e, em alguns Estados, contando também com o apoio de
Universidades (CFO, 1997; MS, 2000).
Os dados para a idade de 12 anos mostram que em 1986 o CPO-D (dentes cariados,
perdidos e obturados) era muito alto, sendo de 6,7, ou seja, em cada criança quase sete dentes
estavam afetados pela doença cárie (Pinto, 1999). Em 1993, o CPO-D foi alto, 4,8, ou seja, em
torno de cinco dentes afetados por criança (Pinto, 1999). Roraima não participou dos
levantamentos de 1986 e 1993. Em 1996, os dados mostraram um CPO-D moderado de 3,06 ou
seja, uma média de três dentes afetados por crianças, apesar de Roraima ter apresentado um CPO-
D alto de 6,3 ou seja, uma média de seis dentes afetados por criança (CFO, 1997).
Uma crítica feita a esse trabalho é a de que pouca atenção foi destinada à metodologia
utilizada para o treinamento e exercício de calibração dos examinadores, desconhecendo-se até o
número total de examinadores envolvidos (MS, 1988; Peres et al., 2001), e desse modo parte das
3
diferenças obtidas podem decorrer da variação de critérios, diagnósticos e técnicas de exame
clínico além de variações decorrentes de erro intra e interexaminador, e assim por diante. O
relatório final, após descrever e elencar os objetivos da calibração, mostra apenas
superficialmente o exercício de calibração de examinadores (MS, 1988), omitindo como foram
calculadas a acurácia e a reprodutibilidade, e como estas se comportaram durante o trabalho de
campo. A omissão destes aspectos metodológicos aumenta de importância na medida que o
referido estudo contou com a participação de 108 equipes de examinadores (Oliveira, 1998).
Ainda assim, os dados são impactantes e coerentes com as condições de contrastes regionais e
devem ser levados em conta quando se pensa em saúde bucal como um aspecto importante da
saúde pública no Brasil.
A comparação dos resultados dessa pesquisa para o Brasil mostra que há grandes
diferenças na distribuição da cárie dental entre regiões e municípios, como mostram as Figuras 01
e 02. Os maiores índices foram registrados na região Norte, cujo valor moderado do CPO-D foi
de 4,27; seguido da Nordeste com valor moderado de CPO-D em 2,88 (exceções às cidades de
Aracaju, com 1,50 e Salvador, 1,53); da região Centro-Oeste com CPO-D moderado de 2,85
(com melhores condições no Distrito Federal, cujo índice de CPO-D foi de 1,90); da região Sul,
cujo valor baixo de CPO-D foi de 2,41 e da região Sudeste, com CPO-D baixo de 2,06. Embora
neste estudo não tenham sido coletados indicadores sociais, o nível sócio-econômico foi
diferenciado a partir da procedência das crianças, de escolas públicas e privadas (CFO, 1997).
Como se percebe, exceto pelas regiões Sul e Sudeste, e por algumas capitais como Salvador,
Aracaju e pelo Distrito Federal, os índices para o Brasil estão classificados com base nos critérios
da OMS como sendo Médios ou Altos, situando-se Boa Vista em um extremo dessa escala de
valores. Diversos outros levantamentos têm sido realizados em nível local, permitindo delinear o
perfil epidemiológico da cárie dental e avaliar a tendência de comportamento dessa doença em
outras cidades, podendo ser citados entre eles (Freire et al., 1999; Maltz & Silva, 2001;
Gonçalves et al., 2002).
4
______________________________________________________________________________________________
Figura 01 - Índices de CPO-D realizado em 1996 pelo MS em crianças aos 12 anos de idade, por regiões do Brasil.
Refeito com base nos valores publicados no Boletim do CFO (1997).
5
______________________________________________________________________________
Figura 02 - Índices de CPO-D realizado em 1996 pelo MS em crianças aos 12 anos de idade, por capitais do Brasil.
Refeito com base nos valores publicados no Boletim do CFO (1997).
6
A OMS utiliza o índice CPO-D aos 12 anos de idade como indicador básico de
comparação para o estado bucal entre as diversas populações, tendo sido definido o valor 3,0
como satistatório e como meta a ser atingida até o ano 2000 (Moysés, 1999). E ainda, Narvai
(1996), citado por Pereira et al. (2003), relata em referência ao 4º. Congresso Mundial de
Odontologia Preventiva, realizado na Suécia em 1993, que foram propostas metas para 2010,
dentre as quais que na idade de 12 anos o CPO-D médio deveria ser menor que 1.
Como foi demonstrado, o Estado de Roraima apresentava em 1996 o maior índice entre as
capitais brasileiras, sendo um valor alto e bem distante do ideal, de acordo com a OMS. O
Município de Boa Vista não possui informações epidemiológicas necessárias para fornecer a
evolução dessa patologia, através de uma série histórica, capaz de comprovar que esta morbidade
vem sofrendo reduções de prevalência, sendo assim surgiu a necessidade da realização deste
levantamento epidemiológico, objetivando descrever a prevalência de cárie na dentição
permanente em escolares de 12 anos. Este estudo, por apontar a prevalência recente de cárie neste
município, deverá ajudar a construir um referencial sobre Epidemiologia da Saúde Bucal, bem
como para gerar instrumentos de definição estratégicas que oriente a operacionalização do
sistema de saúde em Boa Vista.
Os dados fornecidos pelos estudos epidemiológicos no Brasil reforçam o que já se discute,
que o modelo assistencial odontológico público no Brasil ainda tem se caracterizado por uma
atenção voltada para o tratamento cirúrgico-restaurador dos sinais das doenças bucais mais
prevalentes (cárie dentária e doença periodontal), refletindo a prática odontológica individual
curativa hegemônica (Chaves & Vieira-da-Silva, 2002). Este modelo, além de não proporcionar
condições de prevenção adequadas, não permite disponibilizar serviços apropriados de assistência
para a maior parte da população brasileira. O benefício limitado do tratamento cirúrgico-
restaurador, em si, já vem fazendo com que os pesquisadores reconsiderem os procedimentos
convencionais, até então utilizados, para o diagnóstico e tratamento da doença cárie, por
exemplo, (Carvalho & Maltz, 1999; Oppermann & Rosing, 1999). Maior estímulo à pesquisa
odontológica no campo da saúde pública, a disponibilidade de alguns dados epidemiológicos para
o Brasil, tal como citado acima, e investimentos no campo da prevenção mostram a tendência à
mudança deste cenário no país, e a possibilidade de melhorar as condições de saúde bucal da
população.
A prevenção da doença tem sido cada vez mais objeto de discussão devido a uma
compreensão mais ampla do mecanismo de ações tais como, controle de placa, orientação da
dieta e uso do flúor. Sabe-se hoje que essas medidas interferem nos processos de
7
desmineralização e remineralização do tecido dentário, ocasionando um equilíbrio ou uma
diminuição da velocidade de progressão da doença, de modo que seus sinais permanecem, para
um grande número de indivíduos ou de superfícies dentárias, em nível subclínico (Cury, 1999) de
etiologia conhecida, são factíveis de ser prevenidas (Cangussu et al., 2002).
No Brasil, a redução da manifestação da doença cárie tem sido muito associada às
políticas como a fluoretação das águas de abastecimento público, a difusão do flúor tópico
através de programas escolares e adição aos dentifrícios e uma maior cobertura e resolutividade
dos serviços de Saúde (Cangussu & Costa, 2001). A exposição tópica ao flúor em concentração e
freqüência adequadas estabelece uma modificação favorável na estrutura e composição do
esmalte dentário (Baratieri et al., 1995).
O controle das principais doenças da cavidade bucal, a cárie dental e gengivite dependem
também, por sua vez, do comportamento das populações quanto ao hábito de higiene bucal. O
conhecimento de tais hábitos ajuda a compreender o seu impacto na condição de saúde e também
de planejar programas educativos que visem à sua melhoria, com conseqüente redução do nível
de placa bacteriana e sangramento gengival, o qual levará uma promoção de saúde bucal.
No Brasil, apesar da realização de levantamentos epidemiológicos de saúde bucal, se faz
necessário uma maior sistematização e periodocidade na coleta de dados, com amostras
regionalizadas representativas da população deste país com dimensões continentais, para que
então possamos planejar adequadamente um programa de saúde bucal.
Com base no que foi dito, o objetivo deste estudo é avaliar a prevalência de cárie dental e
gengivite em escolares aos 12 anos de idade em Boa-Vista - RR.
8
2- Revisão da Literatura
A cárie é reconhecida como uma doença infecto-contagiosa, a qual resulta numa perda
localizada de minerais dos dentes afetados, causada por ácidos orgânicos provenientes da
fermentação microbiana dos carboidratos da dieta. Seu aparecimento depende da interação de
três fatores essenciais: o hospedeiro, representado pelos dentes e a saliva, a microbiota da região
e a dieta consumida (Maltz & Carvalho, 1994; Baratieri et al., 1995). Para que a cárie possa
ocorrer, estes fatores devem não apenas estar presentes, mas também interagir em condições
críticas, a saber: um hospedeiro com tecidos suscetíveis (dentes), colonizado por uma microbiota
com potencial cariogênico, consumindo com freqüência uma dieta rica em sacarose (Baratieri et
al., 1995).
O dente apresenta um comportamento dinâmico em relação ao meio bucal. Assim,
mantendo um pH maior que 5,5 na cavidade bucal, o dente ganhará Ca (Cálcio) e P (Fósforo) do
meio bucal, processo ao qual chamamos de remineralização do esmalte. Quando atinge um ph
menor que 5,5 o esmalte perderá Ca e P para o meio bucal tentando atingir o equilíbrio. Esse
fenômeno é chamado desmineralização. Assim, a cárie dental resultará do desequilíbrio entre
esses fatores (Cury, 1999).
A cárie dental tem acometido a humanidade desde a sua pré-história, em diferentes
culturas e em épocas diferentes. É uma doença que progride lentamente e, na ausência de
tratamento, levará à destruição total do dente afetando o esmalte, a dentina e o cemento.
Apresenta alta prevalência entre a maior parte das populações modernas, tendo aumentado
significativamente a partir da introdução de dietas a base de carboidratos, a partir do uso de
açúcar e de alimentos industrializados (Freire et al., 1999).
Existem indivíduos que exibem um grande número de superfícies dentais com experiência
de cárie, sendo essas pessoas geralmente da camada populacional de menor renda. O menor
poder aquisitivo, normalmente traduz conjunto de fatores que dizem respeito ao acesso a serviços
de saúde, nível educacional, condições de higiene, moradia e acesso a produtos entre outros
(Freire et al., 1999; Maltz & Silva, 2001; Baldani et al., 2002).
Segundo o Ministério da Saúde, (MS 2000) os índices de uso mais comum e de maior
interesse para a realização de diagnóstico e estudos epidemiológicos das condições de saúde
bucal, em nível local ou nacional, são o CPO-D e o CPO-S (superfícies permanentes cariadas,
perdidas e obturadas) para a dentição permanente, e o ceo-d e o ceo-s para a dentição
temporária, além do índice denominado Isentos de Cárie. O índice CPO-D segundo o Quadro 06
9
deve ser considerado como um índice representativo do estado de saúde da dentição pois, serve
para medir o ataque de cárie dental na dentição permanente, o que é de grande interesse para a
saúde porque trata-se de um problema definitivo, já que esta dentição não será mais substituída
naturalmente (Medeiros & Paraizo, 1990).
Quadro 01 - Escala de medida da severidade do ataque de cárie aos 12 anos de idade, a partir da utilização do índice
CPO-D, segundo a Organização Mundial de Saúde.
Prevalência de cárie
CPO-D
Muito Baixa
Baixa
Moderada
Alta
Muito Alta
0,1 a 1,1
1,2 a 2,6
2,7 a 4,4
4,5 a 6,5
Igual ou maior 6,6
Fonte: (Pinto, 1999).
A cárie dental constitui o principal problema de Saúde Bucal da área odontológica,
podendo provocar dor e desconforto, disfunção mastigatória, alteração na estética facial, além de
ser causa indireta de outros problemas de saúde geral (Pinto, 1999).
A gengivite é outra doença infecciosa causada por bactérias que colonizam a superfície
dos dentes, formando a placa dental e que, em função de mudanças no meio bucal, levará ao
desenvolvimento da cárie ou também a doença periodontal que não tratada destruirá as estruturas
ao seu redor, levando a perda dental e conseqüentemente comprometendo a mastigação (Buischi
& Axelsson, 1999). Segundo Gesser et al. (2001) estudos internacionais têm demonstrado que
gengivite e periodontite apresentam maiores prevalências em populações com piores indicadores
sócio-econômicos, como renda e escolaridade e essa mesma situação foi confirmada no Brasil.
Práticas de higiene bucal desempenham importante papel na prevenção das doenças bucais,
especialmente a doença periodontal. Inúmeros estudos epidemiológicos têm demonstrado
associação entre higiene bucal e placa bacteriana. Além disso, existe ampla evidência científica
demonstrando que doenças periodontais estão associadas com placa bacteriana (Silva & Maltz,
2001).
10
A saúde bucal deve ser considerada como parte importante da saúde do indivíduo e por
esta razão, os estudos epidemiológicos da cárie dentária e da gengivite, entre outras doenças da
boca, são partes relevantes das questões da saúde pública. Tal como em outras áreas da saúde, o
diagnóstico e a prevenção dos problemas de saúde bucal são necessários para que se alcance
níveis mais saudáveis de vida para as populações humanas. No caso das patologias bucais, a
perda da saúde dos dentes ou mesmo a perda dentária, tem conseqüências muito graves para os
indivíduos e para as populações, na medida em que uma série de aspectos funcionais e estéticos
fica comprometida, dificuldades na mastigação dos alimentos, oclusão não balanceada, podendo
levar a movimentação do dente e conseqüentemente a dor na articulação temporo-mandibular,
comprometendo não apenas a saúde, mas também diminuindo chances de emprego e
relacionamento social.
Numa revisão da literatura internacional (Pinto, 1999) relata que o CPO-D aos 12 anos
apresenta uma prevalência baixa de 1,29 para Ásia e Oceania, 1,62 para África, 1,65 para países
industrializados e 2,52 para o Brasil. Observa-se também uma prevalência moderada de 3,72 para
América Latina; 3,45 para Europa Oriental segundo os dados mais recentes disponibilizados de
2003.
Ainda que os estudos epidemiológicos sobre saúde bucal em populações brasileiras não
sejam muito numerosos, uma revisão da literatura permite avaliar a extensão do problema das
cáries em nossa população brasileira. Menor informação pode ser obtida pela revisão em relação
às gengivites. A maior parte dos trabalhos de pesquisa publicados apresentam o diagnóstico de
populações de crianças em idade escolar, freqüentemente matriculado na rede pública e em
diferentes localidades, mas não expressam a totalidade do país ou seus principais municípios. Um
único trabalho feito em escala nacional forneceu informações sobre as condições de saúde bucal
do brasileiro no ano de 1996, divulgadas pelo Ministério da Saúde. Aí se incluíram dados sobre a
prevalência de cárie dentária no país. Segundo essas informações, o CPO-D alto aos 12 anos de
idade, registrou 6,3 para Boa Vista o qual foi considerado o mais alto do país (CFO, 1997).
De um modo geral, a literatura reitera a situação de prevalência de cáries bem acima do
desejável, demonstrada por índices médios, altos e muito altos de CPO-D, exceção feita para
alguns municípios do sul do Brasil. A aparente redução de tais índices associada ao uso de flúor
também é verificada nos trabalhos que buscaram avaliar este procedimento, embora a existência
de fluorose já comece a ser detectada em alguns lugares. A pior condição dentária na população
que freqüenta a rede pública de ensino, quando comparada a da rede privada, e a insuficiência de
assistência odontológica também aparecem nestes trabalhos. A quase inexistência de trabalhos
11
sobre a região Norte do país mostra a grande necessidade de mais investigações epidemiológicas
nesta região local onde se encontraram as médias mais altas de prevalência de cárie no Brasil
(Maltz & Silva, 2001; Normando & Araújo, 1990).
Uma síntese do que os autores consultados publicaram nas duas últimas décadas segue
abaixo. Como pode ser visto predominam os estudos em escolares na faixa de 7 a 12 anos,
período em que a dentição é mista e o processo cariogênico começa a atingir os primeiros dentes
permanentes, causando problemas que deixarão marcas para o resto da vida dos indivíduos. Tais
estudos, geralmente visam diagnosticar a situação e proporcionar dados que auxiliem os
programas de intervenção que nesta fase podem minimizar os graves efeitos de uma precária
saúde bucal.
Arcieri et al. (1986) realizaram um levantamento epidemiológico de cárie dental na cidade
de Uberlândia-MG, com o objetivo de verificar como a adição artificial de flúor na água do
abastecimento público teria afetado a prevalência de cárie dentária nos escolares residentes
daquela cidade após dez anos (1972-1983). Seu estudo foi baseado no exame dentário de 358
escolares (7 a 12 anos), de ambos os sexos, agrupados sem distinção de raça, matriculados na
Escola de Educação Básica da UFU e cursando o primeiro grau. O método para o levantamento
do número de dentes permanentes afetados pela cárie foi o índice CPO-D (dentes cariados,
perdidos e obturados), e para os dentes decíduos foi o índice ceo (dentes decíduos cariados, com
extração indicada e obturados). Houve uma redução de 48,05% no índice de cárie dentária para a
dentição permanente após dez anos de fluoretação. Em relação ao levantamento epidemiológico
realizado três anos após o início da fluoretação (1975), houve uma redução no CPO-D médio
para as crianças de 7 a 12 anos de idade de ambos os sexos de 1,29 o que corresponde a 27,19%.
MS (1988) realizou o primeiro estudo de abrangência nacional realizado no Brasil na área
da saúde bucal, fornecendo detalhadas informações sobre os problemas epidemiológicos básicos
da população residente na zona urbana nos grupos etários de 6-9, 10-12, 15-19, 35-44 e 50-59
anos. Da região Norte, as cidades escolhidas para fazer o levantamento, foram Manaus e Belém.
Comprovou-se, com nitidez, os altos índices de cárie entre as crianças brasileiras, as quais detém
um dos maiores CPO-D do mundo, em todas as idades analisadas.
Procurando avaliar a prevalência de cárie dentária em escolares de primeiro grau de 11
municípios do Estado do Rio de Janeiro, Medeiros & Paraizo (1990) realizaram um estudo em
5.787 escolares de ambos os sexos com idades entre 6 e 18 anos, sorteados de modo a representar
20% de cada uma das escolas escolhidas. Os resultados mostraram que a prevalência de cárie
dentária na população estudada era de 100% e o índice CPO médio foi considerado muito alto,
12
apresentando um valor de 7,25 e o ceo de 2,07. As necessidades de atendimento foram sempre
superiores às necessidades atendidas; e finalmente, os índices CPO e ceo encontrados, bem como
sua distribuição, apresentaram-se similares às médias brasileiras.
O estudo realizado por Normando & Araújo (1990), apresentou um levantamento
epidemiológico sobre a cárie dentária em escolares de uma região tipicamente amazônica,
suprindo uma lacuna evidente na literatura. Foram examinados 103 escolares da faixa etária
compreendida entre 7 a 14 anos de idade, 51 do sexo masculino e 52 do sexo feminino,
matriculados na Escola Estadual de Primeiro Grau Nossa Senhora de Lourdes, da ilha de Sirituba,
Municipío de Abaetetuba, Pará. Calculados os índices CPO-D e ceo, estes mostraram-se
relativamente muito alto em todas as idades, sendo o CPO-D de 7,7 aos 12 anos. O CPO-D médio
foi estimado em 6,5 e o ceo em 5,4, sendo considerados altos a partir dos padrões da OMS. O fato
de não ter sido encontrado nenhum dente obturado (O) ou extraído (E) demonstrou a completa
ausência de tratamento odontológico nessa população. O estudo alerta para a inexistência tanto de
métodos preventivos como de métodos curativos para controlar a cárie dentária na região.
Terner & Cury (1992) estudaram a ocorrência de cárie dentária em residentes de cidades
do interior de São Paulo, contendo ou não água fluoretada e serviço estruturado de assitência
odontológica. Foram examinadas 600 crianças de 12 anos de idade, 200 de cada cidade, todos
estudantes de escolas públicas, sendo 100 de periferia e 100 da região central. Paulínia
caracterizava-se por ter água fluoretada há 13 anos e um serviço bem estruturado de assistência
odontológica. Piracicaba tinha água fluoretada há 21 anos, porém não dispunha de serviço bem
estruturado de assistência odontológica. Limeira havia iniciado a fluoretação 1 ano antes e não
apresentava um serviço bem estruturado de assistência odontológica. Estas crianças foram
examinadas para cálculo do índice CPO-D, que foi estatisticamente menor em Piracicaba (4,02) e
Paulínia (4,58), quando comparado a Limeira (5,52). O CPO-D das crianças da periferia de
Piracicaba e Limeira foi significativamente maior que o CPO-D das crianças do centro, não
havendo diferença em Paulínia. Os autores concluíram que as desigualdades sociais não foram
totalmente compensadas nem pela fluoretação de água nem pela assistência odontológica.
Vasconcellos & Silva (1992) descreveram a distribuição de cárie, utilizando os dados de
um levantamento epidemiológico baseado no índice CPO-D. Foram amostradas 1.478 crianças de
7 a 12 anos de idade, matriculadas na rede de ensino da cidade de Araraquara-SP, no ano de
1989. Os resultados mostraram que a prevalência de cárie dentária foi moderada, encontrando-se
um CPO-D igual a 3,18 aos 12 anos de idade. Nesse estudo observou-se que as cáries atingiram
com maior freqüência os primeiros molares (48,23%).
13
Dini et al. (1993) levantaram a prevalência de cárie dentária e sua relação com a
freqüência de ingestão de açúcar, freqüência de escovação dentária e acesso a métodos de
prevenção primária e serviços odontológicos. Este trabalho foi desenvolvido em escolares com
idades entre 6 e 12 anos, matriculados em escolas estaduais de primeiro grau da área rural do
Município de Araraquara, São Paulo. Todos os escolares matriculados no ano de 1991 foram
examinados por uma única examinadora que encontrou índices CPO-D de 0,57; 1,13; 1,33; 2,12;
2,35; 3,67; 4,00 para as idades de 6, 7, 8, 9, 10, 11 e 12 anos, respectivamente. Dos escolares
entrevistados, 52,6% utilizavam flúor na forma de bochechos semanais como método de
prevenção, e 39,5% nunca haviam visitado o cirurgião dentista. A análise dos resultados mostrou
que a prevalência de cárie dentária aos 12 anos (CPO-D 4,0) era moderada, aproximando-se de
alta, de acordo com a OMS. Esta condição foi atribuída à interação de vários fatores, tais como o
acesso a métodos de prevenção primária, mas também a freqüência de ingestão de açúcar e a
escovação dental.
Segundo Pinto (1993). A amplitude nacional e os resultados positivos obtidos pela ação
regular do SESI (Serviço Social da Indústria) em odontologia social levou à concretização, em
1993, de convênio com o Ministério da Saúde que viabilizou a cobertura de 250 mil crianças de 3
a 14 anos em 24 unidades federais. Do total, 122 mil estavam matriculadas em escolas públicas
de comunidades carentes não cobertas por ações preventivas odontológicas e 128 mil eram filhos
de trabalhadores matriculados nas escolas da rede do SESI.
Silva (1993) verificou a prevalência de cárie dentária em 500 escolares, de 5 a 13 anos de
idade, associando este estudo clínico-epidemiológico com a aplicação de um questionário com a
intenção de obter os conhecimentos sobre hábitos de higiene bucal das crianças da Escola
Tancredo Neves, situada no Bairro da Glória, periferia da cidade de Rio Branco, Acre. A média
geral para o CPO-D foi de 5,26, o que está 1,26 acima da média brasileira. As observações do
autor recaem sobre a ineficiência do atual sistema de atenção à saúde bucal no Brasil, e a
comercialização de produtos ricos em sacarose nas imediações ou dentro de estabelecimentos de
ensino, favorecendo as condições cariogênicas através do estímulo a uma dieta inadequada.
Vasconcellos et al. (1994) realizaram uma investigação em 1992 sobre a distribuição da
cárie dentária em escolares, baseada no índice CPO-D calculado separadamente para cada tipo de
dente. O estudo reuniu 734 escolares entre 7 e 12 anos de idade (339 do sexo masculino e 345 do
sexo feminino). A prevalência de cárie dentária foi muito alta sendo o CPO-D aos 12 anos igual
a 8,83. Considerando-se as diferentes idades e dentes, observa-se que aos 9 anos de idade os
incisivos superiores contribuíram com 9,35% para a totalidade de dentes com experiência de
14
cárie dentária (os incisivos superiores contribuem com 17,87% para a experiência de cárie
dentária na maxila); aos 12 anos de idade, os incisivos superiores contribuem com 17,00% para a
totalidade de dentes com experiência de cárie dentária (os incisivos superiores contribuem com
30,37% para a experiência de cárie dentária na maxila). Confirma-se a distribuição bilateral da
doença para dentes homônimos da maxila e da mandíbula.
Basting et al. (1997) estudaram a evolução das prevalências de cárie dentária comparando
os valores encontrados nos anos de 1971 (início da fluoretação das águas de abastecimento
público) com os valores encontrados nos anos de 1977, 1980, 1992 e 1996. Foi usado como
referência a população de escolares de 7 a 12 anos, das escolas públicas da rede estadual de
ensino de Piracicaba, SP. Comparando-se as prevalências de cárie nesses anos, os autores
verificaram uma redução de 79% no índice de CPO-D nos últimos 25 anos. A conclusão foi de
que a adição de flúor nas águas de abastecimento público, além de proporcionar a manutenção da
higidez dos dentes permanentes, pode também reduzir a demanda por serviços básicos de
tratamento dentário.
CFO (1997). O Ministério da Saúde realizou, em 1996, um levantamento de cárie nas 27
capitais Brasileiras em crianças de 6 a 12 anos, dando um total de 30.240 alunos. Resultando na
Região Norte um moderado CPO-D 4,27; na Região Nordeste um moderado CPO-D 2,88; na
Região Centro-Oeste um moderado CPO-D 2,85; na Região Sudeste um baixo CPO-D 2,06 e na
Região Sul um baixo CPO-D 2,41.
Dini et al. (1999) compararam a prevalência de cárie em crianças de 7 a 12 anos em
Araçatuba, São Paulo, considerando dados de 1989 e 1995. Em todas as idades houve aumento da
porcentagem de crianças livres de cárie na dentição permanente. Nas crianças de 12 anos foram
observados índices CPO-D de 3,8 em 1989, e de 2,6 em 1995. A meta da OMS para o ano 2000,
de que aos 12 anos os indivíduos apresentem em média índice CPO-D menor ou igual a três, foi
atingida pelos escolares em estudo. Esforços devem ser empreendidos para que haja redução da
porcentagem de crianças com experiência de cárie e sejam alcançadas as metas de saúde bucal da
OMS para o ano 2010.
Freire et al. (1999) examinaram escolares matriculados em escolas públicas da rede
estadual e municipal de ensino, na zona urbana de 9 municípios do interior do Estado de Goiás,
em 1994. A amostra foi constituída de 1.419 escolares de 6 a 12 anos de idade, de ambos os
sexos. A percentagem de escolares livres de cárie foi muito baixa em todas as idades, sendo 4,4%
aos 12 anos. O índice CPO-D variou de 0,41 aos 6 anos a 5,19 aos 12 anos. O índice ceo-d nesta
faixa etária variou de 4,93 a 0,29. Verificou-se ainda neste caso que as necessidades de
15
tratamento superavam os tratamentos realizados, tanto na dentição decídua como na permanente.
A alta prevalência de cárie em escolares do interior de Goiás sugere a necessidade de se
implantar medidas educativas e preventivas em saúde bucal que intervenham nos reais
determinantes da doença na população.
Freysleben et al. (2000) avaliaram a prevalência e a severidade da cárie dentária, nos anos
de 1971 e de 1997, em duas populações de escolares matriculados em uma mesma escola de
Florianópolis, Estado de Santa Catarina. Foram examinados todos os alunos de 12 e 13 anos de
idade. Foram examinados 202 e 175 escolares, em 1971 e 1997, respectivamente. O resultado do
estudo confirmou a existência de uma tendência a redução da prevalência e severidade da cárie
dentária, a mesma já observada em nível nacional. No entanto, a redução observada encontra-se
aquém da registrada entre 1986 e 1996 para a média brasileira.
Cangussu & Costa (2001) fizeram um estudo em escolares, incluindo alunos da quinta
série do primeiro grau até a terceira série do segundo grau, todos da rede estadual de ensino das
escolas do Distrito Sanitário Barra-Rio Vermelho, Salvador, Bahia, para testar a associação entre
a severidade de cárie e o uso do flúor tópico na forma de gel ou bochechos. A conclusão foi de
que houve redução dos índices de cárie dental nos adolescentes de Distrito, mas que o flúor
tópico não se mostrou como um fator de proteção significativo na redução da cárie dental nesta
amostra.
Maltz & Silva (2001) avaliaram a relação entre o nível sócio-econômico e a prevalência
de cárie dentária, gengivite e fluorose dentária em escolares da cidade de Porto Alegre, Rio
Grande do Sul. Esta cidade possui suas águas de abastecimento público fluoretadas desde 1975,
com uma concentração de flúor que varia entre 0,7 mg/l e 1 mg/l. Foram examinados mil
escolares, de 12 anos de idade, provenientes das redes particular e pública de ensino, residentes
desde o nascimento, na cidade. Estas crianças foram examinadas com relação ao Índice de Dentes
ou Superfícies Cariadas, Perdidas e Obturadas (CPOD ou CPOS), Índice de Sangramento
Gengival (ISG) e Índice de Thylstrup e Feyerskov (ITF). O nível sócio-econômico foi
determinado pela renda per capita e pelo nível educacional dos pais. O que se observou foi uma
prevalência de fluorose maior nos escolares da rede particular do que na rede pública, mostrando
que a fluoretação, ainda que favorável na prevenção da cárie, apresenta componente iatrogênico.
Os indivíduos com maior número de superfícies com experiência de cárie e os de maior número
de superfícies sangrantes foram encontrados na população usuária das escolas públicas, mas os
autores concluíram não existir correlação do nível sócio-econômico com os eventos estudados,
16
propondo que outras variáveis específicas poderiam estar contribuindo para as diferenças
observadas nos escolares das redes particular e pública.
Silva & Maltz (2001) avaliaram a prevalência de cárie, gengivite e fluorose em escolares
de 12 anos, das redes de ensino público e particular da cidade de Porto Alegre - RS. Os índices
utilizados foram o ISG, CPO e o ITF. O valor médio, com respectivo desvio padrão para o
CPOD, incluindo as lesões não cavitadas, foi de 2,22 ± 0,08. O do ISG foi de 19,76%± 0,54% e a
prevalência de escolares com fluorose foi de 52,9%. Em relação à severidade, 45,9% das crianças
apresentaram ITF 1, 6,1%, ITF 2 e 0,9%, ITF 3. Os escolares com CPOS maior que 7 (51,2%)
compreenderam 14,4% da amostra. Quanto ao sangramento gengival, observou-se que 12% das
crianças apresentavam ISG 40%. O CPOD de Porto Alegre é comparável ao de países
desenvolvidos, resultado provavelmente do uso intensivo de flúor, que também está ocasionando
a fluorose. Embora a severidade da fluorose encontrada não justifique qualquer medida de saúde
pública, indicam que uma parcela da população necessita cuidados adicionais.
Traebert et al. (2001) investigaram a prevalência e a severidade da cárie dentária e as
necessidades de tratamento em escolares de 6 e 12 anos de idade, comparando os alunos de
escolas públicas com os de escolas privadas do município de Blumenau/SC. Foram estudados
1.473 escolares. A prevalência de cárie e as necessidades de tratamento em escolares de 6 anos de
Blumenau são baixas, mas foi confirmada a diferença estatisticamente significativas entre
crianças de escolas públicas e privadas, sendo os índices mais favoráveis encontrados nestas
últimas.
Baldani et al. (2002) estudaram a relação entre a cárie dentária e fatores sócio-econômicos
através da revisão de documentos e consultas aos bancos de dados do MS e do IBGE e
abrangeram 357 dos 371 municípios do estado do Paraná, tendo como base informações sobre a
prevalência de cárie dentária (CPO-D aos 12 anos) nos município disponibilizados pela
Secretaria Estadual de Saúde.Com os dados obtidos verificou-se que o CPO-D médio foi menos
elevado nos município cujos reservatórios de água foram fluoretados. Sublinha-se a importância
desse benefício, não só como recurso para a redução dos níveis de cáries, como também para
atenuar o impacto das desigualdades sócio-econômicas sobre a prevalência de cárie dentária.
Cangussu et al. (2002) estudaram a cárie dentária em escolares das redes pública e
privada, entre 12 e 15 anos de idade, na cidade de Salvador, Bahia. Identificaram variáveis de
acesso aos serviços de saúde e cobertura odontológica associadas a possíveis diferenças entre
estes grupos. Os índices de cárie dentária encontrados foram considerados baixos (CPO-D 1,44 e
2,66, aos 12 e 15 anos de idade respectivamente), não tendo sido observada diferenças entre
17
escolas públicas e privadas. Detectaram-se diferenças na composição percentual do índice CPO-
D entre estes grupos, com uma maior proporção de dentes cariados nas escolas públicas e
restaurados nas particulares. Neste estudo ficou reforçada a importância do acesso aos bens de
consumo e serviços de saúde como forma a garantir a eqüidade em saúde bucal.
Traebert et al. (2002) também investigaram a prevalência e severidade da cárie dental e
necessidade de tratamento odontológico, mas na população escolar de 6 a 12 anos em dois
pequenos municípios brasileiros, São João do Sul (803 escolares) e Treviso (382 escolares),
ambos em Santa Catarina. As prevalências de cárie encontradas foram: 62,1% em São João do
Sul e 63,6% em Treviso. O índice CPO-D foi baixo em ambos os casos, sendo de 1,91 para São
João do Sul e de 1,84 para Treviso. Em ambos os municípios, a principal necessidade foi de
tratamentos simples, principalmente o restaurador, sendo os problemas de saúde bucal naquela
localidade de pequena magnitude.
Bastos et al. (2003) avaliaram as condições de saúde bucal e as reais necessidades de
tratamento entre escolares de 7 a 12 anos, no município de Catalão, Goiás. Um total de 432
crianças foram examinadas, sendo 72 crianças por idade, 56 estudantes da rede pública de ensino
(municipal e estadual) e 16 da rede particular, respeitando-se sempre a mesma proporção entre os
sexos masculinos e femininos. O resultado obtido foi um índice CPO-D igual a 2,51 aos 12 anos
de idade, o que significa uma quantidade de cáries relativamente baixa aos 12 anos, ressaltando-
se que as escolas particulares apresentaram melhores resultados que as públicas.
Cypriano et al. (2003) examinaram 3.731 crianças de 5 a 12 anos levantando os dados de
cárie dentária e em sete municípios representativos da região de Sorocaba, São Paulo, cidades
que possuem ou não flúor nas águas de abastecimento público. Foram calibrados seis
examinadores, com porcentagem de concordância a cima de 89%. Aos 12 anos de idade, 32,3%
dos escolares eram livres de cáries e o índice CPO-D foi de 2,6, apresentando assim baixa
prevalências de cárie. As crianças residentes em locais com fluoretação tiveram menor
experiência de cárie na dentição decídua e também uma maior porcentagem de crianças
apresentaram-se livres de cárie nas idades estudadas, denotando melhores condições de saúde
bucal nessas localidades.
Peres et al. (2003) em 1999, relataram o impacto da cárie e da fluorose dentárias na
satisfação com a aparência e com a mastigação em crianças de 12 anos de idade. Um total de 695
crianças do município de Chapecó, Santa Catarina, foram consultadas. A conclusão a que o
pesquisador chegou foi de que a fluorose dentária não teve impacto sobre a satisfação com a
18
aparência. Por outro lado, quanto maior a severidade da cárie, maior o impacto sobre a aparência
e a insatisfação com a mastigação, sendo a situação mais evidente nas escolas públicas.
Sales-Peres & Bastos (2002) analisaram o perfil epidemiológico de cárie dentária na
Região Centro-Oeste do Estado de São Paulo, dando um total de 485 formulários em crianças
com 12 anos de idade, os quais não apresentaram informações incorretas nas respectivas caselas.
Foi comparado o índice CPO-D em municípios fluoretados e não fluoretados. Foram utilizados os
dados do Levantamento Epidemiológico do Estado de São Paulo - 1998, referentes à Direção
Regional de Saúde, representada por oito municípios. Os resultados demonstraram que na cidade
de Pederneiras (médio porte, com flúor) o CPO-D foi igual a 7,06, valor maior do que o
encontrado no Brasil em 1986. A maior prevalência de cárie dentária ocorreu nos meninos,
quando comparados às meninas, demonstrando uma nova tendência à cárie dentária na região. A
prevalência de cárie na região ainda esteve alta com CPO-D igual a 4,82, não atingindo as metas
para o ano 2000.
Cardoso et al. (2003) avaliaram a distribuição de cárie em crianças entre 6 e 12 anos, de
tres escolas, sendo uma municipal, uma particular e uma estadual, do município de Pareci Novo,
Rio Grande do Sul, onde não havia nem sistema de fluoretação da água de abastecimento e nem
programa odontológico preventivo. A análise de freqüência acumulada da doença em relação à
freqüência acumulada da população mostrou que 37% das crianças concentravam 70% da
doença, com um CEO-S e CPO-S médios de 28,6%. Este estudo mostra que, pelo menos
naquelas localidades, uma pequena parcela da população parece concentrar a maior parte das
doenças e das necessidades de tratamento.
No Brasil, a maioria dos estudos epidemiológicos em saúde bucal concentra-se na
população infantil, particularmente nos escolares, abordando principalmente a cárie dentária.
Portanto, existem poucos estudos de saúde periodontal, de âmbito populacional, em adolescentes
e adultos jovens, dificultando o planejamento mais adequado dos serviços de saúde.
Abegg (1997) avaliou os hábitos de higiene bucal de escovação dentária, uso do palito e
uso do fio dental na Grande Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul em um grupo de adultos
entre 24 e 44 anos, dando um total de 234 mulheres e 237 homens selecionados em 18 empresas
de forma conveniente na tentativa de abrigar diferentes categorias sócio-econômicas,
considerando sua relação com fatores sócio-demográficos, e também investigou os níveis de
placa bacteriana e sangramento gengival. A freqüência de escovação encontrada foi alta, a
maioria dos entrevistados (67,5%) declarou usar fio dental, e o uso de palito foi descrito como
um hábito comum para a maioria das pessoas entrevistadas, já que 54,6% o usam. O nível de
19
placa bacteriana foi moderado para a maioria das pessoas (62,6%). Todos estes hábitos
apresentaram alguma associação com sexo, idade e categoria sócio-econômico. Os hábitos de
higiene bucal foram considerados bons para a maioria dos indivíduos que participaram do estudo,
havendo necessidade de melhoria para os homens e pessoas de categoria sócio-econômica
inferior.
Gonçalves et al. (2002) investigaram a relação entre a prevalência e a severidade da cárie
dentária, bem como as necessidades de tratamento odontológico, além de testar sua associação
com variáveis sócio-econômicas. Foi estudada uma amostra aleatória de jovens de 18 anos de
idade, do sexo masculino, alistandos no Exército em Florianópolis, Santa Catarina. Concluíram
que houve diferença significativa na prevalência e severidade de cárie (CPO-D), sendo os piores
resultados encontrados no grupo de menor escolaridade e renda.
Gesser et al. (2001) examinou a condição dentária de jovens que completaram 18 anos,
em 1999, e que se apresentaram para o alistamento militar do Exército Brasileiro em
Florianópolis, Santa Catarina. Utilizando um questionário para a coleta dos dados sócio-
econômicos e uma ficha para a coleta dos dados clínicos, adaptada a partir da Organização
Mundial de Saúde (WHO, 1997). Apenas 0,3% da população estudada apresentou-se com bolsas
profundas, enquanto a prevalência de bolsas rasas foi de 7,7%. A prevalência de sangramento
gengival à sondagem foi de 86%. Cálculo dentário, um indicador de higiene bucal no passado,
estava presente em 50,7% dos examinados. A análise estatística mostrou associação significativa
entre sangramento gengival e todas as variáveis sócio-econômicas estudadas. Apesar de o
sangramento gengival estar presente na maioria da população masculina de 18 anos, essa
condição afetou, em média, um pequeno número de sextantes.As condições de saúde periodontal
da população estudada pôde ser considerada boa.
Estudos sobre a acurácia e precisão dos métodos empregados em levantamentos
epidemiológicos sobre saúde bucal também foram encontrados, embora sejam raros na literatura,
pois, infelizmente, os manuais elaborados pela OMS acerca de métodos de estudos
epidemiológicos em saúde bucal, que são referência para muitos levantamentos epidemiológicos
em vários países, apresentam estas recomendações de forma insuficiente.
Peres et al. (2001) realizaram um exercício de calibração de oito examinadores para
estudos epidemiológicos de cárie dentária, discutindo as principais utilizações e propriedade de
aplicação de testes estatísticos que buscam medir a consistência diagnóstica intra e entre
examinadores. O estudo mostra que a utilização do teste de Kappa e seu cálculo com base em
20
cada um dos dentes separadamente é a forma mais adequada de mensuração da acurácia e
reprodutibilidade.
Estudos sobre a assistência e as investigações em epidemiologia saúde bucal também são
raros, indicando a necessidade de uma adequada formação de profissionais de saúde bucal na área
de epidemiologia, em especial aqueles que exercem atividades de coordenação de serviços.
Peres et al. (1997) realizaram um inquérito a ser respondido em diferentes municípios do
Estado de São Paulo, contendo questões referentes ao tamanho da população, realização de
levantamentos epidemiológicos sobre cárie dentária, ano da realização do estudo, número de
crianças de 12 anos de idade examinadas e valores do índice CPO-D aos 12 anos. Do total de 625
municípios, 237 atenderam à solicitação de informações e 123 dispunham de dados sobre o CPO-
D correspondendo à cerca de 5 mil crianças de 12 anos examinadas. O estudo revelou que em
apenas 4,0% dos municípios a prevalência de cárie dentária é baixa, sendo alta ou muito alta em
cerca de 80,0%. A variação nos valores do índice CPO-D ficou entre 1,3 e 13,6 e a média
estimada para o Estado de São Paulo foi 4,8. Constatou-se ainda que os “grandes” municípios
registraram 54,6% das suas populações enquadrando-se na categoria de baixa ou moderada
prevalência de cárie enquanto nos “pequenos” municípios 87,8% da população correspondiam às
faixas de alta ou muito alta prevalência de cárie.
Unfer & Saliba (2000) buscaram avaliar o conhecimento popular e as práticas cotidianas
em saúde bucal de usuários de serviços públicos municipais de saúde de Santa Maria, Rio Grande
do Sul. O resultado obtido foi de que os usuários predominantes estão entre 21 e 40 anos, são do
sexo feminino e padrão sócio-econômico baixo. Sua pesquisa ressaltou que os usuários não
tinham conhecimento dos benefícios do creme dental e da água de beber fluoretada
Finalmente, Chaves & Vieira-da-Silva (2002) realizaram uma revisão sistemática de
trabalhos de pesquisa sobre a efetividade das ações preventivas no controle da cárie dental,
disponíveis no MEDLINE no período compreendido entre 1980 e 1998. As práticas preventivas
mais avaliadas foram o uso dos dentifrícios com flúor (20,5%), os bochechos com flúor (17,2%)
e os selantes oclusais (18,1%). Houve uma predominância de estudos em indivíduos na idade
escolar, entre 6 e 12 anos (53,8%). O maior número de trabalhos é oriundo da Europa Ocidental
(58,6%), particularmente dos países escandinavos, seguidos dos Estados Unidos (20,4%), Europa
Oriental (7,1%), Ásia (4,8%), Canadá (3,3%) e América Latina (2,9%). Não foram encontradas
relações entre o resultado e o tipo de estratégia avaliada, por um lado, e o tipo de desenho do
estudo utilizado, por outro. Esse fato revela que outras explicações para a diversidade dos
resultados devem ser buscadas, principalmente no que diz respeito ao contexto de implantação
21
dos programas. A educação em saúde oral está sendo pouco descrita ou considerada nos estudos
de intervenção isolados. Este fato é particularmente verdade para a América do Sul, aí se
incluindo o Brasil, onde se nota a quase ausência de pesquisas nessa área.
22
3- Caracterização da Área de Estudo
Ao tomar em conta o cenário sócio-econômico da cidade de Boa Vista, o resultado
encontrado não surpreende, já que a saúde bucal tem relação direta com a escolaridade e o nível
sócio-econômico e naquela capital, de acordo com dados do IBGE, prevalecem valores muito
elevados de analfabetismo, adultos com o primeiro grau incompleto e com níveis de renda abaixo
de um salário mínimo (IBGE, 2000).
O município de Boa Vista foi criado em 09 de julho de 1890 com o nome de Boa Vista do
Rio Branco. Antes de 1943, o Estado de Roraima era apenas um distante município pertencente
ao Amazonas. Com o decreto-lei n. º 5.812, de 13 de setembro de 1943, foi criado o Território
Federal do Rio Branco, tendo como capital o município de Boa Vista, e depois passou a
Território de Roraima. Em 05 de outubro de 1988, com a promulgação da nova Constituição da
República, Roraima passou a ser um estado da Federação, mantendo como sua capital o
município de Boa Vista (Freitas, 1998). Boa Vista é uma cidade hoje com 200.568 habitantes
(IBGE, 2000) e localiza-se à margem do rio Branco. Seus atuais traços arquitetônicos foram
criados pelo arquiteto Darcy Derenusson, contratado em 1930 pelo então governador Ene Garcez.
Finalizadas as obras, observou-se uma grande mudança na cidade, cujo traçado urbano, que
permanece até hoje, ganhou ruas largas e arborizadas que convergem para o centro da cidade,
formando um grande leque como mostra a Figura 03 (Freitas, 1998).
23
_______________________________________________________________________ Figura- 03 Mapa geral da cidade de Boa Vista com divisão de bairros. Fonte: Adaptado da Prefeitura Municipal de
Boa Vista - Roraima, 2001
24
O município de Boa Vista é o mais populoso do Estado de Roraima. Baseado no censo do
ano 2000, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístico – IBGE, a população geral
do município é de, aproximadamente, 200.568 habitantes (urbana e rural). Possui uma área de
5.687 Km2. O censo do ano 2000 demonstrou também que o município de Boa Vista possui 48
bairros divididos em 05 (cinco) zonas geográficas urbanas: zona central, zona norte, zona sul,
zona leste e zona oeste (Anexos I, II, III, IV). Segundo dados do mesmo censo a população está
distribuída de maneira heterogênea. A proporção de jovens, abaixo de 15 anos varia entre as
zonas de 25% a 40%, mostrando ser uma população muito jovem, e o índice de analfabetismo
varia cerca de 4% a cerca de 24% entre as mesmas zonas da cidade, deixando claro a gravidade
da situação social naquela cidade (Anexo V).Trata-se, portanto de uma cidade em que as
condições sócio-econômicas exigem ainda grande investimento, e onde já foi verificado que o
problema da saúde bucal ainda exige medidas importantes. Muito pouco tem sido estudado sobre
as condições de saúde bucal daquela população.
3.1- Considerações sobre as Medidas de Promoção de Saúde Bucal
Segundo a Estação de Tratamento D’Água de Roraima (ETA), Boa Vista possui
parcialmente água de abastecimento público fluoretadas desde 1995, em uma concentração de
0,7ppm (mg/l). Essas águas fluoradas que saem do ETA vão abastecer as populações do Centro,
da Zona Norte, Zona Sul (com excessão dos bairros: Distrito Industrial e Marechal Rondon),
Zona Leste (com excessão do Bairro: Canarinho) e Zona Oeste (abastecendo somente o Bairro
Mecejana). Além disso, Boa Vista apresenta 81 poços artesianos que são injetados na rede com
cloração a fim de abastecer o restante da população. Dos escolares examinados, somente uma
escola (Escola Edsonina de Barros Villa - uma aluna participou do exame) localizada no Bairro
dos Estados na Zona Norte de Boa Vista apresenta água fluoretada. Sendo assim, a maior parte
das crianças examinadas localizam-se em área que não possui flúor na água de abastecimento
público.
A Secretaria Municipal de Saúde de Boa Vista (dados não publicados) já vem sendo
empregada algumas medidas preventivas e curativas da doença cárie e gengivite. Uma série de
providência foi tomada no âmbito do município, com vista a melhorar as condições de saúde
bucal da sua população. Estão incluídos os postos de saúde, a unidade hospitalar, a unidade
móvel, escolas que possuem consultório odontológico.
25
Conforme o Quadro 02, em 2001 foram realizados 163.470 procedimentos, dos quais
estão incluídos: excisão/sutura simples; incisão e drenagem de abscesso; aplicação de cariostático
por dente; aplicação terapêutica intensiva com flúor; aplicação de selante por dente; controle de
placa bacteriana; escariação por dente; raspagem, alisamento e polimento; curetagem sub-
gengival; selamento de cavidades; capeamento pulpar direto em dente; pulpotomia em dente;
restauração a pino; restauração com amálgama; restauração com amálgama de uma face;
restauração com silicato de uma face; restauração fotopolimerizável de duas faces; restauração
fotopolimerizável de uma face; restauração com comprometimento do ângulo incisal; exodontia
de dente decíduo; exodontia de dente permanente; remoção de resto radicular; tratamento de
hemorragia; consultas odontológicas; ulotomia; tratamento de alveolite; restauração com silicato
de duas faces; ação educativa e preventiva em todas as idades; participação em eventos, com
distribuição de folder educativos; técnica de escovação orientada e motivação. No ano de 2002
foram realizados 183.274 procedimentos, já citados. Levando em consideração o quadro à baixo,
os Postos de Saúde e as escolas que possuem consultório odontológico localizam-se a maior parte
na Zona Oeste.
26
Quadro- 02 Quantidade de procedimentos realizados no ano de 2001 e 2002, conforme sua localização em Postos de
Saúde, escolas e unidade móvel.
LOCALIZAÇÃO PROCEDIMENTOS EM
2001
PROCEDIMENTOS EM
2002
Zona Norte _______ _______
Posto 31 de Março (Bairro 31 de Março) 10.324 10.681
Zona Sul _______ _______
Posto São Vicente (Bairro São Vicente) 9.750 8.376
Hospital da Criança (Bairro 13 de Setembro) 807 6.058
Posto 13 de Setembro (Bairro 13 de Setembro) 6.554 5.592
Zona Leste _______ _______
Posto São Pedro (Bairro São Pedro) 4.638 8.755
Zona Oeste ________ _______
Posto Olenka (Bairro Caimbé) 15.637 9.359
Posto Caranã (Bairro Caranã) 6.125 6.667
Posto Silvio Botelho (Bairro Silvio Botelho) 17.675 19.310
Posto Mecejana (Bairro Mecejana) 18.109 20.464
Posto Buritis (Bairro Buritis) 32.000 18.744
Posto Délio Tupinambá (Bairro Nova Cidade) 5.698 8.865
Posto Pricumã (Bairro Pricumã) 7.064 12.203
Posto Asa Branca (Bairro Asa Branca) 12.961 11.392
Unidade Móvel da Prefeitura 14.438 13.319
Unidade Móvel do Odontosesc _______ 17.722
Escolas (com gabinete odontológico) 1.690 5.767
TOTAL 163.470 183.274
27
4- Objetivos, Série Estudada e Metodologia.
4.1- Objetivos
O objetivo geral deste trabalho foi avaliar a prevalência de cárie dental e da gengivite em
escolares aos 12 anos de idade matriculados na rede de ensino municipal de Boa Vista –RR.
Os objetivos específicos foram construir os coeficientes de prevalência da cárie dental e
gengivite; avaliar a associação entre grau de instrução dos pais e prevalência de cárie dental;
avaliar a associação entre renda familiar e prevalência de cárie dental; avaliar a associação entre
freqüência de escovação dental e prevalência de cárie dental avaliar a associação entre grau de
instrução dos pais e renda familiar com a freqüência de escovação dental; avaliar a associação
entre grau de instrução dos pais e renda familiar com o uso de soluções fluoradas; e avaliar a
associação entre grau de instrução dos pais, renda familiar e CPO-D com ida ao dentista nos
últimos 12 meses.
4.2- Série Estudada
Para fins deste estudo foram selecionados todos os escolares com 12 anos de idade, de
ambos os sexos, regularmente matriculados na rede municipal de Boa Vista - Roraima, tendo em
vista ser esta a idade-padrão para comparação internacional e para controle das tendências da
cárie ao longo do tempo (WHO, 1999). A idade de 12 anos é especialmente importante porque é
aquela na qual a criança deveria terminar a escola primária, e assim sendo em muitos países é a
última idade na qual poderemos obter facilmente uma amostra confiável, em todo o sistema
escolar. Nesta idade todos os dentes permanentes, exceto os terceiros molares, em geral já se
encontram erupcionados (WHO, 1999) o que permite uma abordagem bastante confiável do que
será praticamente toda a dentição definitiva do futuro adulto.
De acordo com os dados da Secretaria Municipal de Educação de Roraima em 2002, o
universo representado por tais crianças perfazia um total de 217 crianças. No momento de
realização do trabalho de campo 16 crianças haviam sido transferidas para outras escolas; 3
crianças não obtiveram autorização dos pais para participar da pesquisa e 2 crianças por sua
própria vontade não quiseram participar; resultando num total de 196 crianças que puderam ser
28
examinadas e cujas famílias responderam ao questionário enviada pela pesquisadora. Destas 82
crianças eram do sexo feminino, e 114 crianças do sexo masculino.
O trabalho foi realizado pela seguinte seqüência de ações. Primeiro a pesquisadora ia às
12 escolas conforme o Quadro 03, as escolas que participaram deste estudo, somente uma se
localiza na zona rural. Das escolas que se localizam na zona urbana mais da metade se localizam
na zona oeste do município de Boa Vista. Explicava a direção à necessidade deste trabalho e
entregava os termos de consentimento e esclarecimento a direção para ser entregue aos pais. Em
seguida eram marcados os exames no período de 05 de novembro a 05 de dezembro de 2002 para
os escolares com a autorização prévia, a serem realizados pela própria examinadora nas escolas
municipais Dalício Faria Filho, Edsonina de Barros Vila, Francisco de Souza Bríglia e Nova
Canaã que possuíam consultórios odontológicos localizadas na Zona Oeste e somente uma escola
localizava na Zona Norte .
Quadro 03- Relação das Escolas Municipais de Boa Vista – RR em 2002, apresentando o tipo de localização, Bairros
e a zona em que se encontram.
Escolas Municipais de Boa Vista–RR (Bairros) Tipo de localização Zona municipal
1-Balduino Wottrich (Bairro: Monte Cristo I) Área rural _________
2-Dalício Faria Filho (Bairro: Santa Tereza) Área urbana Zona Oeste
3-Darcy Ribeiro (Bairro: Jardim Equatorial) Área urbana Zona Oeste
4-Edsonina de Barros Villa ( Bairro: Bairro dos Estados) Área urbana Zona Norte
5-Francisco Cássio de Moraes (Bairro: União) Área urbana Zona Oeste
6-Francisco de Souza Bríglia (Bairro: Pricumã) Área urbana Zona Oeste
7-Jardim da Copaíbas (Bairro: Distrito Industrial) Área urbana Zona Sul
8-Maria Gertrudes Mota de Lima (Bairro: Santa Luzia) Área urbana Zona Oeste
9-Maria Gonçalves Vieira (Bairro: Caranã) Área urbana Zona Oeste
10-Martinha Thury Vieira (Bairro: Cauamé) Área urbana Zona Oeste
11-Nova Canaã (Bairro: Nova Canaã) Área urbana Zona Oeste
12-Waldemarina Normando Martins (Bairro: Nova Cidade) Área urbana Zona Oeste
4.3- Metodologia.
Todos os exames foram realizados nas escolas municipais equipadas com consultórios
dentários. Durante o exame foi preenchido protocolo de exame especialmente desenvolvido para
29
este fim (Anexo VIII), e cujos resultados conduziram a análise das prevalências de cáries e
gengivites. Os questionários preenchidos pelos responsáveis permitiram ter uma idéia das
condições de vida e hábitos de higiene bucal (Anexo VII), a serem associados aos resultados do
exame clínico.
4.3.1- Exames Clínicos
Os exames foram feitos sob a prévia anuência dos responsáveis, e seguindo os preceitos
da ética em pesquisa, conforme o Termo de Autorização ou Termo de Consentimento Esclarecido
(Resolução 196, de 10/10/1996 – CONASA/MS) contido no Anexo VI.
Todos os exames foram conduzidos por uma única examinadora, ou seja, a própria autora,
tendo como auxiliar uma anotadora. A examinadora só iniciou o trabalho de campo após período
de treinamento e calibração das técnicas, para a aplicação mais uniforme do critério normatizado
para diagnóstico de cáries (MS, 2000). Este cuidado foi observado a fim de diminuir as possíveis
discrepâncias de interpretação nos diagnósticos (WHO, 1993), pois embora seja comum entre
dentistas a argumentação de que seus exames são consistentes, ou seja, de que o diagnóstico feito
em um paciente num dado momento é sempre o mesmo, em outra ocasião, sabemos que na
prática isto nem sempre ocorre. Em função do reconhecido grau de subjetividade do qual é
revestido o diagnóstico das doenças bucais, é comum que um certo percentual dos exames
repetidos por um dentista não sejam iguais. Na situação de um estudo epidemiológico, há ainda a
agravante de serem feitas várias observações em um mesmo dia, de modo que a fadiga pode levar
a diagnóstico inconsistente (MS 2000).
Além do treinamento e calibração das técnicas, tomou-se o cuidado de fazer a verificação
da concordância intra-examinador (o quanto à examinadora repete seus diagnósticos exames
repetidos em dois momentos diferentes). Esta verificação foi feita durante a coleta dos dados, no
sentido de aferir se a consistência estava sendo mantida. Esta verificação de concordância se
realizou a partir da prática do exame em duplicata (MS, 2000), ou seja, a examinadora
reexaminou uma criança a cada grupo de dez durante todo o período da pesquisa, resultando num
total de 19 reexames. As crianças eram chamadas para o exame em ordem alfabética e cada dez
exame se realizava o reexame. A medida da concordância tanto para a alteração gengival como
para o diagnostico de cárie de coroa foi feita pelo teste de Kappa (Landis & Koch, 1977). A
anotadora encarregou-se de encaminhar os indivíduos sorteados (01 a cada 10) para o reexame
durante o levantamento (MS, 2000).
30
Antes do exame clínico, foi realizada a remoção da placa dental, com escova dental, fio
dental e dentifrício. Para verificação de cárie os dentes foram previamente secos por jato de ar
por, pelo menos, 30 segundos. Os dentes foram examinados com auxílio de espelhos bucais
planos e sonda periodontal. A examinadora paramentou devidamente com máscara, gorro e luvas,
tendo sido trocada a luva a cada exame. Não foram realizados exames radiográficos.
Os dados foram registrados em ficha odontológica apropriada (Anexo VIII) mediante o
código numérico convencional, de acordo com modelo da WHO, (1999). O Índice de
Sangramento Gengival foi utilizado como indicador de gengivite. Registraram-se também as
superfícies cariadas, as superfícies perdidas e as superfícies obturadas. Estes últimos foram
utilizados também para o cálculo do CPO-S e CPO-D. Foram registradas as presenças de
restaurações, presença de selantes e outras alterações relevantes ao estudo.
4.3.2- Condições patológicas dentárias e índices utilizados para estimativa das condições de
saúde bucal
Condições patológicas/tratamento dos dentes.
Cada dente examinado na arcada dental, de acordo com o diagrama-padrão, indicado na
Figura 04, foi esquematizado conforme mostra o Anexo VIII e cada superfície foi diagnosticada
em uma das seguintes situações (MS, 1999; WHO, 1999):
Superior: DIREITO CENTRAL ESQUERDO
Inferior: DIREITO CENTRAL ESQUERDO
_____________________________________________________________________ Figura 04 – Seqüência dos dentes na arcada dentária. Fonte: MS, 2000.
31
(0)- Superfície Hígida: Sem evidência de cárie. Estágios iniciais da doença não foram levados em
consideração. Os seguintes sinais foram codificados como hígidos:
Manchas brancas ou porosas;
Manchas com alteração de coloração ou rugosidade que não sejam amolecidas ao toque
de uma sonda IPC metálica;
Fóssulas ou fissuras pigmentadas no esmalte sem sinais visíveis de esmalte socavado, ou
amolecimento do assoalho ou paredes detectáveis com a sonda IPC;
Áreas escuras, brilhantes, duras, pontilhadas de esmalte em um dente apresentando sinais
de fluorose moderada à severa;
Lesões que, baseando-se em sua distribuição ou história clínica, ou ao exame visual/tátil,
parecem ser devidas à abrasão.
(1)- Superfície cariada: Quando uma lesão em uma fóssula ou fissura, ou em uma superfície
dentária lisa, tinha uma cavidade inconfundível, esmalte socavado, ou um assoalho ou parede
amolecida como mostra a Figura 05.
Um dente com uma restauração provisória, ou que estivesse selado, mas também cariado,
também deveria ser incluído nesta categoria;
Nos casos em que a coroa estivesse sendo afetada por cáries, e somente a raiz tivesse
restado, a caso em que a cárie era considerada como se originando na coroa.
________________________________________________ Figura 05-Dente cariado. Fonte: MS, 2000.
32
(2)- Superfície restaurada, com cárie:
Quando houvesse uma ou mais restaurações permanentes e uma ou mais áreas com cáries;
(3)- Superfície restaurada, sem cárie:
Um dente que tivesse recebido uma coroa protética devido à cárie prévia;
Quando uma ou mais restaurações permanentes estivessem presentes e não existisse cárie
em ponto algum da coroa.
(4)- Dente ausente como resultado de cárie:
Um dente permanente ou decíduo que tivesse sido extraído por causa de cárie e não por
outras razões;
(5)- Dente permanente ausente por outra razão:
Ausência devida a razões ortodônticas, periodontais, traumáticas ou congênitas.
(6)- Selante de fissura:
Presença de material odontológico selante de fissura na superfície oclusal;
Dentes nos quais a fissura oclusal foi amplamente aumentada por uma broca, com a
aplicação de resina composta.
(7)- Dentes suporte de prótese, coroa protética ou faceta:
Quando o dente for parte de uma prótese fixa;
Quando houver coroas instaladas por outras razões que não a cárie ou para dentes com
facetas estéticas;
(8)- Coroa não erupcionada:
Registro à dentição permanente e desde que inexista dente temporário no espaço livre,
não incluidos dentes perdidos por problemas congênitos, trauma etc.
(T)- Traumatismo (trauma):
Quando parte da superfície coronária tivesse sido perdida em conseqüência de trauma sem
evidência de cárie.
(9)- Não registrado:
33
Foi aplicados a dentes permanente que não pudessem ser examinados pela presença de
bandas ortodônticas, hipoplasias severas, etc.
Com os dados obtidos nestas fichas puderam ser calculados os seguintes índices
CPO-D, CPO-S. As iniciais da sigla CPO-D significam, respectivamente, dentes cariados,
perdidos, obturados e a unidade de medida que é o dente. Os perdidos subdividem-se em
extraídos e com extração indicada. Os fatores O e E representam a história passada, enquanto que
os fatores C e EI compõem a história presente, traduzida em termo de necessidade de tratamento.
O índice ceo é o correspondente ao CPO-D em relação a dentição temporária e inclui somente os
dentes cariados ( c ), com extração indicada (e) e obturados (o). Os dentes extraídos são
excluídos, em decorrência de separar os que o foram perdidos devido a cárie, e dos perdidos pelo
processo natural de esfoliação dentária. O CPO-S representa as superfícies de dentes cariadas,
perdidas ou obturadas (WHO, 1999). Lembrando-se que cada dente apresenta quatro ou cinco
superfícies. O CPO-D é calculado através da soma do número de dentes cariados, dentes perdidos
e dentes obturado. Para calcular a média CPO-D da série estudada é tirada uma média aritmética
somando-se todos os valores de CPO-D individuais e dividindo-se pelo número de indivíduos
examinados. Para calcular o CPO-S é realizado o mesmo procedimento, a soma do número de
superfícies cariadas, perdidas e obturadas, sendo que a média do CPO-S é feita a partir da soma
de todos os CPO-S.
Sangramento gengival
O sangramento gengival foi verificado a partir de um exame simples que utilizou uma
sonda leve especialmente idealizada para o exame com uma ponta esférica de 0,5mm. Esta sonda
possui uma faixa preta entre 3,5 e 5,5mm e anéis a 8,5 e 11,5mm da ponta esférica, como mostra
a Figura 06(WHO, 1993; MS, 2000).
Seis pontos foram examinados em cada um dos dentes, correspondendo às superfícies
vestibular e lingual, e abrangendo as regiões mesial, média e distal. Os procedimentos de exame
eram iniciados pela área disto-vestibular, passando para a área média e daí para a área mésio-
vestibular. Após, inspecionavam-se as áreas linguais, indo de distal para mesial de acordo com as
normas internacionalmente estabelecidas para este exame (WHO, 1993; MS, 2000).
A sonda era ligeiramente inclinada com aproximadamente 60º em relação ao longo eixo
do dente, como mostram as Figuras 07 (a) e 08(a), seguindo a configuração anatômica da
superfície da gengiva. Procurou-se evitar o toque na base do sulco gengival, a fim de diminuir a
34
probabilidade de casos de sangramento falso-positivo, como mostra as Figuras 07 (b) e 08 (b)
foram realizados movimentos de vai-e-vem vertical, de pequena amplitude. A força na sondagem
foi pequena (buscando-se mante-la inferior a 20 gramas, ou semelhante a que se obtem ao colocar
a ponta da sonda sob a unha do polegar pressionando até obter ligeira isquemia).
Após este procedimento de sondagem era verificado se havia ou não sangramento
marginal, respeitando-se um tempo de observação após a sondagem de 10 a 30 segundos e em
seguida, anotando-se as superfícies sangrantes (Gesser et al., 2001; MS, 2000).
Levantadas as superfícies sangrantes podia então ser calculado o Índice de Sangramento
Gengival. Este índice não considera superfícies de dentes em erupção, de dentes muito destruídos
ou restos radiculares (WHO, 1993; MS, 2000). O Índice de Sangramento Gengival é obtido pela
somatória das superfícies que sangraram em cada criança. Com este exame obteve-se a proporção
de crianças com sinais evidentes de inflamação gengival e que necessitavam de ações e
instruções especiais para a higiene oral.
3mm
3mm
2mm
3mm
0,5mm
Figura 06-Sonda utilizada para exame diagnostico de sangramento gengival e CPI (Índice Periodontal Comunitário).
Fonte: MS, 2000.
35
(a) (b)
______________________________________________________________________________ Figura 07- Representação esquemática do exame para avaliação do ISG sem sangramento (a) com sangramento (b).
Fonte: MS, 2000.
(a) (b)
______________________________________________________________________________ Figura-08 Superfície gengival sem sangramento (a) e superfície gengival com sangramento (b).
Fonte: MS, 2000.
36
Questionários complementares
Um questionário contendo perguntas abertas e fechadas (Anexo VII) foi preparado e
encaminhado para ser respondido pelos responsáveis. Nestes questionários foram levantadas as
seguintes variáveis referentes aos escolares: residência em Boa Vista desde o nascimento, grau de
instrução do pai, grau de instrução da mãe, renda familiar, hábito de escovação, número de vezes
que escova os dentes ao dia, uso de pasta dental, uso de escova de dente individual, hábito e
freqüência do uso do fio dental, se já utilizou solução de flúor para bochecho, se já recebeu
aplicação de flúor no dentista, visita ao dentista nos últimos 12 meses, freqüência de visitas ao
dentista.
Os dados contidos foram tabulados e analisados, e sua associação com os dados do exame
clínico buscou verificar a relação entre a prevalência das diferentes patologias com indicadores
sócio-econômicos (renda familiar, escolaridade dos pais), hábitos de higiene bucal, uso de
dentifrício, freqüência de comparecimento ao dentista, entre outras variáveis.
Para categorizar a variável renda familiar, teve-se como parâmetro a escala do IBGE, a
saber: sem rendimento, até 2 salários mínimos ( SM ), de 2 a 5 SM, de 5 a 10 SM, de 10 a 20 SM
e maior que 20 SM. Considerando que as famílias em nosso estudo possuem renda familiar até 5
SM, o ponto de corte utilizado foi em duas categorias: até 2 SM e mais de 2 até 5 SM.
A OMS categoriza o CPO-D nos seguintes níveis de prevalência: muito baixa (0,1 a 1,1),
baixa (1,2 a 2,6), moderada (2,7 a 4,4), alta (4,5 a 6,5) e muito alto ( igual ou maior que 6,6),
porém estes parâmetros são utilizados para média populacional, não sendo possível utilizá-los,
individualmente, para associações com outras variáveis. Assim, para as associações, optou-se
por categorizar o CPO-D, por escolar, registrando 0 para ausência de doença, e maior ou igual a 1
para os casos em que havia presença de doença, mesmo que em apenas 1 dente (Goncalvez et al.,
2002).
Para a análise dos dados foi utilizado estatística descritiva, particularmente a média o erro
padrão, a tabela de distribuição de freqüência além de gráficos. Quanto a inferência foi utilizado
o teste t-student para comparação de duas médias. A verificação de associação entre variáveis foi
medida através do teste de qui-quadrado para tabelas de dimensão r linhas x c colunas, e no caso
de tabelas de dimensão 2 x 2 foi utilizado o teste exato de Fischer. E, a correlação entre variáveis
foi calculada através do teste de correlação de Pearson. O nível de significância utilizado para as
comparações foi de 5%. O banco de dados foi construído no programa Excel e as análises
37
estatísticas foram realizados no SAS11 – Statistical Analysis Sistem versão 6.12 para
microcomputador.
1 SAS Language: Version 6.12, First Edition Cary, North Carolina-USA: SAS Institute Inc. 1990 1042p
38
5- Resultados
5.1- Caracterização dos escolares examinados e perfil sócio econômico dos pais
A maior parte dos escolares examinados (62,8%) eram residentes em Boa Vista desde o
nascimento. Embora todas as escolas municipais com crianças de 12 anos tenham sido visitadas,
a população examinada distribuiu-se praticamente na Zona Oeste da cidade (83,3%), havendo
apenas uma escola localizada na Zona Norte (1 criança) e uma localizada na área rural (2
crianças). Assim sendo a série estudada foi mais representativa da população onde se concentra o
maior número de habitantes da cidade, a menor renda e o maior índice de analfabetos de acordo
com o censo do IBGE de 2000.
Tal como esperado, tratando-se de escolares da rede municipal, a maior parte dos
examinados provindos de famílias de baixo grau de instrução e de renda familiar muito baixa.
Como se vê na Tabela 01 a maior parte dos questionários preenchidos referia pais cuja instrução
não ultrapassava o primeiro grau incompleto, sendo a percentagem de analfabetos declarada entre
16,4 % (pais) e 18,5% (mães). Nenhum dos pais declarou ter nível superior completo, e apenas
2,6% dos pais e 3,6% das mães declarou estar com nível superior incompleto. O maior percentual
(52,3%) encontrado corresponde ao sexo masculino (pai), que possue o 1º grau incompleto
(Tabela 01).
Tabela 01- Distribuição dos escolares de 12 anos matriculados em escolas municipais de Boa Vista, Roraima, de
acordo com o grau de instrução do pai e da mãe e respectivos percentuais.
Grau de instrução Número de pais % Número de mães % Total
n ( %)
Analfabeto 32 16,4 36 18,5 68 ( 17,4)
1º grau incompleto 102 52,3 98 50,3 200 (51,3)
1º grau completo 33 16,9 22 11,3 55 ( 14,1)
2º grau incompleto 13 6,7 19 9,7 32 ( 8,2)
2º grau completo 10 5,1 13 6,7 23 (5,9)
Superior incompleto 5 2,6 7 3,6 12 (3,1)
Total 195 100 195 100 390 ( 100%)
OBS: 01 participante não respondeu
39
Sendo os níveis de instrução do pai e da mãe para esta população muito semelhante de
acordo com o Teste de Mann-Whitney (para p= 0,001), utilizou-se nas relações o mais alto nível
de escolaridade declarada na unidade familiar, tal como explicado na metodologia (Maltz e Silva,
2001).
A maior parte das famílias (90,96%) declarou renda familiar de até dois salários mínimos.
A renda média declarada pelos pais foi de R$ 273,38 e a maior renda declarada foi de R$ 850,00.
Assim, optou-se por agregar os diferentes valores, originalmente presentes nos questionários, em
apenas 2 conjuntos, renda familiar e até 2 salários mínimos e maior que dois salários mínimos.
Na avaliação da associação entre renda familiar e grau de instrução dos pais, observou-se
que o maior percentual encontrado (49,71%) foi para as famílias com renda de até 2 salários
mínimos e com 1º grau incompleto enquanto que o menor percentual foi para as famílias com
renda de até 2 salários mínimos e com nível superior incompleto. (Tabela 02). Não foi possível
avaliar associação significativa estatística entre as variáveis.
Tabela 02- Associação entre grau de instrução dos pais (pai e mãe) e renda familiar (em termos de salário mínimo) e
respectivos percentuais, para a população de escolares de 12 anos matriculados na rede municipal de Boa Vista,
Roraima, no ano de 2002.
Grau de instrução dos pais
X Renda Familiar
Até 2 SM Maior que 2 até 5 SM
Analfabetos
15
8,77%
1
5,88%
1º grau incompleto 85
49,71%
4
23,53%
1º grau completo 39
22,81%
4
23,53%
2º grau incompleto 17
9,94%
3
17,65%
2º grau completo 11
6,43%
3
17,65%
Superior incompleto 4
2,34%
2
11,76%
40
5.2- Caracterização das condições de Saúde Bucal
5.2.1 – Cárie dentária.
Do total de escolares examinados, 21,0% apresentaram-se livres de cárie, tendo os
demais apresentados uma média de 6,02 superfícies atacadas pela doença cárie, sendo que a
componente superfície cariada predominou na composição do índice (Tabela 03 e Figura 09). Os
dados foram agrupados, de acordo com Maltz e Silva, 2001.
Tabela 03- Distribuição dos valores médios obtidos a partir do índice CPO-S e seus componentes (superfícies
cariadas, perdidas e obturadas), para as superfícies dentárias atacadas pela doença cárie na população de escolares de
12 anos matriculados em escolas municipais de Boa Vista, Roraima, em 2002.
Município Nº escolares Idade Nº Escolares
livres de cárie Cariado Perdido Obturado
Média
CPO-S
Boa Vista 196 12 41 2,9 1,4 1,5 6,02
21
26
1614
96 4
23
0
5
10
15
20
25
30
01 -
- 34 -
- 67 -
- 9
10 --
12
13 --
15
16 --
18
19 --
21> 21
CPOS
% D
E E
SCO
LARE
S
_________________________________________________________________________ Figura 09- Distribuição percentual de escolares de 12 anos, cursando escolas municipais de Boa Vista, Roraima, de
acordo com o Índice de Superfícies Cariadas, Perdidas e Obturadas (CPO-S) encontrado em 2002. .
41
Escolares com mais de sete superfícies com experiência de cárie corresponderam a 38%
dos examinados, existindo 5% deles que apresentavam mais de 21 superfícies dentárias atingidas
pela cárie.
O índice CPO-D reproduziu o mesmo comportamento observado para o índice CPO-S,
sendo a média de dentes atacados pela doença cárie 3,2 (Tabela 04 e Figura 10), ou seja houve
um predomínio do componente cariado.
Tabela 04- Distribuição dos valores médios de dentes atacados pela doença cárie, calculadas a partir do índice CPO-
D e seus componentes (dentes cariados, perdidos e obturados), na população de escolares de 12 anos matriculados
em escolas municipais de Boa Vista, Roraima, em 2002.
Município Nº escolares Idade Nº Escolares
livres de cárie Cariado Perdido Obturado
Média
CPO-D
Boa Vista 196 12 41 3,2 0,3 1,1 3,2
21
13 1311
14
9 911
0
5
10
15
20
25
0 1 2 3 4 5 6 > 6
CPOD
% D
E ES
COLA
RES
_________________________________________________________________________ Figura 10- Percentual dos escolares de 12 anos, matriculados em escolas municipais de Boa Vista, Roraima, em
2002, distribuídos de acordo com o Índice de Dentes Cariados, Perdidos e Obturados (CPO-D).
42
Escolares com 4 ou mais dentes com experiência de cárie foram encontrados em 43% da
amostra, existindo 11% que apresentavam mais de 6 dentes atingidos pela cárie.
No quadro 04 foram realizados uma média de CPO-D por escolas.
Quadro 04- Média de CPO-D por escolas municipais de Boa Vista – RR.
Escolas Municipais de Boa Vista–RR (Bairros) Média de CPO-D
1-Balduino Wottrich (Bairro: Monte Cristo I) 3,00
2-Dalício Faria Filho (Bairro: Santa Tereza) 3,50
3-Darcy Ribeiro (Bairro: Jardim Equatorial) 3,06
4-Edsonina de Barros Villa ( Bairro: Bairro dos Estados) 2,00
5-Francisco Cássio de Moraes (Bairro: União) 2,68
6-Francisco de Souza Bríglia (Bairro: Pricumã) 2,30
7-Jardim da Copaíbas (Bairro: Distrito Industrial) 5,67
8-Maria Gertrudes Mota de Lima (Bairro: Santa Luzia) 5,00
9-Maria Gonçalves Vieira (Bairro: Caranã) 3,19
10-Martinha Thury Vieira (Bairro: Cauamé) 2,70
11-Nova Canaã (Bairro: Nova Canaã) 4,58
12-Waldemarina Normando Martins (Bairro: Nova Cidade) 2,00
Na Tabela 05 observa-se os valores de CPO-D, de acordo com o sexo. Os dados foram
submetidos ao Teste de Kruskal-Wallis e as diferenças, muito pequenas, não mostraram
significância estatística ( p= 0,1345). Observa-se que o componente CPO-D apresentou
prevalência media moderada para ambos os sexos, de acordo com a OMS .
Tabela 05- Distribuição dos valores médios de dentes atacados pela doença cárie na população de escolares de 12
anos matriculados em escolas municipais de Boa Vista Roraima, em 2002, de acordo com o sexo.
Sexo nº escolares Média cariado Média perdido Média obturado Média
CPO-D
Feminino 82 2,16 0,24 0,83 3,23
Masculino 114 1,64 0,31 1,23 3,19
Total 196 3,80 0,55 2,06 6,42
43
5.2.2- Sangramento gengival
Quanto ao índice de sangramento gengival (ISG), do total das superfícies examinadas
14,28% apresentaram sangramento e 85,71% não apresentaram, sendo esta diferença
estatisticamente significativa ao nível de 5,0%. Todos os escolares examinados apresentaram
pelo menos uma superfície sangrante.
Os dados apresentados na Figura 11, mostram que a maioria dos escolares (78,57%) dos
escolares examinados apresentaram até 20% de superfícies sangrantes. O agrupamento utilizado
foi e acordo com o estudo de Maltz e Silva, 2001.
13,27%
4,59%
1,53%1,02%
0,00%0,51%
0,51%
36,73%
41,84%
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
40,00%
45,00%
0 à 10,0
10,1 à
20,0
20,1 à
30,0
30,1 à
40,0
40,1 à
50,0
50,1 à
60,0
60,1 à
70,0
70,1 à
80,0
80,1 à
90,0
90,1 à
100,0
Percentual de estudantes
Perc
entu
al d
e su
perfí
cies s
angr
ante
s
_________________________________________________________________________ Figura 11 – Percentual de escolares de 12 anos de idade matriculados em escolas municipais de Boa Vista, Roraima,
em 2002, de acordo com o valor obtido para o Índice de Sangramento Gengival (ISG).
Por meio do teste de Pearson foi confirmado que a correlação (positiva) entre ISG e
CPO-S ( p = 0,0001) era estatisticamente significativa, embora esta correlação não tenha sido
confirmada para o CPO-D ( p= 0,9624 ). Apesar da significância estatística, a correlação
apresentou-se extremamente baixa (ρ = 0,3496 ).
A correlação de Pearson entre a severidade do ataque de cárie, medida pelo índice CPO-
D, foi também testada em relação à variável grau de instrução. Observou-se que os escolares
44
cujos pais possuíam menor grau de instrução apresentaram tendência a ter maior número de
dentes atacados pela doença cárie.
Para o índice CPO-D os dados foram agrupados em duas categorias, a primeira sendo a
ausência da doença cárie e a segunda sua presença não importando a quantidade, de acordo com
Gonçalves et al. 2002. Os resultados estão mostrados na Tabela 06 e para nenhum dos
agrupamentos, segundo o teste de Fischer, foi observado associação significativa para as
variáveis (C: p=0,152; P: p=0,525; O: p=0,726; CPO-D: p=0,403). Embora o teste aplicado não
tenha mostrado significância estatística, observa-se que os escolares cujos pais possuíam menor
grau de instrução apresentaram maior número de dentes atacados pela doença cárie.
Tabela 06- Distribuição do CPO-D e seus componentes, de acordo com grau de escolaridade dos pais (pai e mãe) e
respectivos percentuais, para a população de escolares de 12 anos matriculados na rede municipal de Boa Vista,
Roraima, no ano de 2002.
Grau de
Instrução dos
pais X CPO-D
Cariado
0 >1
Perdido
0 >1
Obturado
0 >1
CPO-D
0 >1
Analfabeto
4 12
25% 75%
11 5
68,75% 31,25%
10 6
62,50% 37,50%
1 15
6,25% 93,75%
1ºgrau
incompleto
34 59
36,56% 63,44%
70 23
75,27% 24,73%
57 36
61,29% 38,71%
22 71
23,66% 76,34%
1ºgrau
completo
11 32
25,58% 74,42%
37 6
86,05% 13,95%
22 21
51,16% 48,84%
7 36
16,28% 83,72%
2ºgrau
incompleto
10 10
50% 50%
14 6
70% 30%
14 6
70% 30%
5 15
25% 75%
2ºgrau
completo
7 8
46,67% 53,33%
15 0
100% 0%
9 6
60% 40%
5 10
33,33% 66,67%
Na avaliação da associação entre grau de instrução dos pais e CPO-D, com seus
componentes dissociados, observou-se que os escolares cujos pais possuíam menor grau de
45
instrução (até 1º grau completo) apresentaram maior número de dentes atacados pela cárie, o
componente predominante foi o P (dentes perdidos por doença cárie). Todos os componentes de
CPO-D mostraram-se menos prevalentes nos escolares com pais de maior grau de instrução ( >1º
grau completo).
Foi também testada a correlação entre renda familiar e o índice CPO-D. Considerando um
valor p=1,000, a diferença entre os resultados não mostra significância estatística para esta
associação, seja para o componente cariado ( p= 0,437 ), para o componente perdido ( p= 0,582)
e para o obturado ( p= 0,294) conforme a Tabela 07.
Tabela 07- Distribuição dos valores do índice CPO-D e seus componente quando comparados com a renda familiar
baseada em salários-mínimos (SM) e respectivos valores percentuais para a série de escolares de 12 anos de idade,
matriculados em escolas municipais de Boa Vista, Roraima, em 2002.
Renda familiar
X CPO-D
Cariado
0 >1
Perdido
0 >1
Obturado
0 >1
CPO-D
0 >1
Até 2 salários
mínimos
58 114
33,72% 66,28%
137 35
79,65% 20,35%
99 73
57,56% 42,44%
34 138
19,77% 80,23%
Maior que 2
até 5 salários
mínimos
7 10
41,18% 58,82%
13 4
76,47% 23,53%
12 5
70,59% 29,41%
5 12
29,41% 70,59%
5.2.3- Hábitos de higiene
Com relação ao hábito de escovação dentária, 97,4% dos escolares afirmaram possuir o
hábito de escovar os dentes associado ao uso de dentifrício fluoretado, e destes 79,1% afirmam
que escovam os dentes entre 2 e 3 vezes ao dia. A maioria destes ( 96,9%) , afirma que possue na
família escovas dentais individuais.
Estes valores baseados no declarado pelos examinados foram associados aos valores
obtidos para o CPO-D, não sendo possível provar correlação entre a variável freqüência de
escovação e CPO-D (Tabela 08).Para verificação desta associação foram consideradas apenas 3
46
categorias, a saber: uma vez, duas vezes e mais de duas vezes. Os dados foram avaliados pelo
teste do qui-quadrado, que não mostrou haver associação estatisticamente significativa.
Tabela 08- Distribuição número de escolares de 12 anos, matriculados em escolas municipais de Boa Vista, Roraima,
em 2002, quanto à freqüência de escovação diária, o CPO-D e seus componentes, e seus respectivos percentuais.
Freqüência de
escovação
diária X CPO-
D
Cariados
0 >1
Perdidos
0 >1
Obturados
0 >1
CPO-D
0 >1
Uma vez
16 19
45,71% 54,29%
25 10
71,43% 28,57%
21 14
60% 40%
10 25
28,57% 71,43%
Duas vezes
25 51
32,89% 67,11%
61 15
80,26% 19,74%
44 32
57,89% 42,11%
12 64
15,79% 84,21%
Três vezes
24 55
30,38% 69,62%
65 14
82,28% 17,72%
46 33
58,23% 41,77%
16 63
20,25% 79,75%
Mais de três
vezes
3 3
50% 50%
4 2
66,67% 33,33%
6 0
100% 0%
3 3
50% 50%
p= 0,316 p= 0,466 P= 0,913 p= 0,279
Foi também testada a associação entre as variáveis freqüência de escovação diária, grau
de instrução dos pais e renda familiar (Tabelas 09 e 10) O teste do qui-quadrado não mostrou
associação estatisticamente significativa.
47
Tabela 09- Distribuição dos escolares de 12 anos, matriculados em escolas municipais de Boa Vista, Roraima, em
2002, quanto à freqüência de escovação diária, o grau de instrução dos pais e seus respectivos percentuais.
Freqüência de
escovação diária X
Grau de Instrução
dos pais
Analfabeto 1º grau
incompleto
1º grau
completo
2º grau
incompleto
2º grau
completo
Superior
incompleto
Uma vez
3
18,75%
19
20,43%
8
18,60%
3
15%
2
13,33%
0
0%
Duas vezes
6
37,50%
34
36,56%
18
41,86%
4
20%
6
40%
7
87,50%
Três vezes
7
43,75%
37
39,78%
16
37,21%
12
60%
6
40%
1
12,50%
Mais de três vezes
0
0%
3
3,23%
1
2,33%
1
5%
1
6,67%
0
0%
Tabela 10- Distribuição dos escolares de 12 anos, matriculados em escolas municipais de Boa Vista, Roraima, em
2002, quanto à freqüência de escovação diária, renda familiar baseada em salários-mínimos (SM), e seus respectivos
percentuais.
Freqüência de escovação diária
X Renda Familiar
Até 2 salários mínimos Maior que 2 até 5 salários mínimos
Uma vez
32
18,60%
3
17,65%
Duas vezes
68
39,53%
4
23,53%
Três vezes
68
39,53%
9
52,94%
Mais de três vezes
4
2,33%
1
5,88%
48
Questionados sobre o uso do fio dental, 54,1% dos escolares declararam que o utilizam, e
destes apenas 29,0% declara que o utilizam todos os dias.
A maioria dos escolares, ou seja, 65,1%, refere que nunca fez uso de bochechos fluorados.
Foram verificadas associações com o uso de bochecho fluorado conforme a Tabela 11. Os dados
foram avaliados pelo Teste Exato de Fischer o qual não mostrou diferenças significantes entre os
que declaravam e os que não declaravam utilizar os bochechos entre suas práticas de higiene oral.
Entretanto, vale ressaltar que o maior percentual de CPO-D > 1 foi para escolares que não
utilizavam bochechos fluorados.
Tabela 11- Distribuição do uso declarado de solução de flúor para bochecho comparado ao índice CPO-D e seus
componentes, em escolares de 12 anos, matriculados em escolas municipais de Boa Vista, Roraima, em 2002, e seus
respectivos valores e percentuais.
Solução de flúor
para bochechos
X CPO-D
Cariados
0 >1
Perdidos
0 >1
Obturados
0 >1
CPO-D
0 >1
Sim 22 46
32,35% 67,65%
54 14
79,41% 20,59%
44 24
64,71% 35,29%
17 51
25% 75%
Não 46 81
36,22% 63,78%
100 27
78,74% 21,26%
72 55
56,685 43,31%
24 103
18,9% 81,1%
Total 68 127
p= 0,638
154 41
p=1,000
116 79
p=0,289
41 154
p=0,358
O cruzamento entre as variáveis uso de solução de flúor para bochecho, renda familiar e grau de
instrução foi avaliado, conforme as Tabelas 12 e 13. O teste estatístico Qui-quadrado não
mostrou associação significativa entre renda familiar e grau de intrução com o uso de bochecho
fluorado ( p= 0,361 e 0,320, respectivamente ).
49
Tabela 12- Distribuição dos escolares de 12 anos, matriculados em escolas municipais de Boa Vista, Roraima, em
2002, segundo a declaração pelos responsáveis do uso declarado de solução de flúor para bochecho comparado com
a renda familiar baseada em salários-mínimos (SM) e seus respectivos valores e percentuais.
Renda familiar X Solução de flúor para
bochechos
Sim Não
Até 2 Salários mínimos
59
34,50%
112
65,50%
Maior que 2 até 5 salários mínimos
4
23,53%
13
76,47%
Tabela 13- Distribuição dos escolares de 12 anos, matriculados em escolas municipais de Boa Vista, Roraima, em
2002, segundo a declaração pelos responsáveis do uso declarado de solução de flúor para bochecho comparado ao
grau de instrução dos pais e seus respectivos valores e percentuais.
Grau de Instrução dos pais X Solução de
flúor para bochechos
Sim Não
Analfabeto
7
43,75%
9
56,25%
1º grau incompleto
30
32,61%
62
67,39%
1º grau completo
12
27,91%
31
72,09%
2º grau incompleto
7
35%
13
65%
2º grau completo
9
60%
6
40%
Superior incompleto
3
37,50%
5
62,50%
50
As Tabelas 14 e 15, mostram um cruzamento entre as variáveis grau de instrução e renda
familiar com aplicação tópica de flúor no consultório odontológico. Embora não tenha sido
possível avaliar estatisticamente, os dados parecem não apresentar associação.
Tabela 14- Distribuição dos escolares de 12 anos, matriculados em escolas municipais de Boa Vista, Roraima, em
2002, segundo a declaração pelos responsáveis de aplicação de flúor no dentista comparado ao grau de instrução dos
pais e seus respectivos valores e percentuais.
Grau de Instrução dos pais X
Aplicação de flúor no dentista
Sim Não
Analfabeto
14
87,50%
2
12,50%
1º grau incompleto
69
74,19%
24
25,81%
1º grau completo
32
74,42%
11
25,58%
2º grau incompleto
16
80%
4
20%
2º grau completo
11
73,33%
4
26,67%
Superior incompleto
8
100%
0
0%
51
Tabela 15- Distribuição dos escolares de 12 anos, matriculados em escolas municipais de Boa Vista, Roraima, em
2002, segundo a declaração pelos responsáveis de aplicação de flúor no dentista comparado com a renda familiar
baseada em salários-mínimos (SM) e seus respectivos valores e percentuais.
Renda familiar X Aplicação de flúor no
dentista
Sim Não
Até 2 Salários mínimos
132
76,74%
40
23,26%
Maior que 2 até 5 salários mínimos
12
70,59%
5
29,41%
Os dados sobre freqüência de assistência dentária, baseada no questionário respondido
pela família, resultaram na declaração de 38% de que seus filhos não haviam ido ao dentista nos
últimos 12 meses, e de que 80,4% somente procuram atendimento quando acha necessário. Dos
escolares examinados, 3,1% das famílias referem que os mesmos nunca foram ao dentista.
Foi testada a associação das variáveis referentes à ida ao dentista e escolaridade com o
CPO-D, seus componentes dissociados, a partir dos exames clínicos. Consideraram-se as
respostas para ida ao dentista apenas como sim ou não, sendo a opção nunca somada ao não. O
teste Exato de Fisher não mostrou associação estatisticamente significante entre as variáveis (
Tabela 16).
52
Tabela 16- Distribuição dos escolares de 12 anos das escolas municipais de Boa Vista, Roraima, em 2002, de acordo
com a declaração pelo responsável de visita ao dentista nos últimos 12 meses comparada aos valores do CPO-D e
seus componentes.
Visita ao dentista
nos últimos 12
meses
Cariados
0 >1
Perdidos
0 >1
Obturados
0 >1
CPO-D
0 >1
Nunca foi
1 5
16,67% 83,33%
4 2
66,67% 33,33%
4 2
66,67% 33,33%
0 6
0% 100%
Sim
44 77
36,36% 63,64%
96 25
79,34% 20,66%
74 47
61,16% 38,84%
27 94
22,31% 77,69%
Não
23 46
33,33% 66,67%
55 14
79,71% 20,29%
39 30
56,52% 43,48%
14 55
20,29% 79,71%
p= 0,643 p= 1,000 p= 0,654 p= 0,591
53
Tabela 17- Distribuição dos escolares de 12 anos, matriculados em escolas municipais de Boa Vista, Roraima, em
2002, segundo a declaração pelos responsáveis de visita ao dentista nos últimos 12 meses comparada ao grau de
instrução dos pais e seus respectivos valores e percentuais.
Grau de Instrução dos pais X Visita
ao dentista nos últimos 12 meses
Nunca foi Sim Não
Analfabeto
0
0%
12
75%
4
25%
1º grau incompleto
3
3,23%
57
61,29%
33
35,48%
1º grau completo
1
2,33%
26
60,47%
16
37,21%
2º grau incompleto
2
10%
11
55%
7
35%
2º grau completo
0
0%
10
66,67%
5
33,33%
Superior incompleto 0
0%
5
62,50%
3
37,50%
A tabela acima mostra um cruzamento entre as variáveis grau de instrução e visita ao
dentista nos últimos 12 meses. Embora não tenha sido possível avaliar estatisticamente, os dados
parecem não apresentar associação.
54
Tabela 18- Distribuição dos escolares de 12 anos, matriculados em escolas municipais de Boa Vista, Roraima, em
2002, segundo a declaração pelos responsáveis da visita ao dentista nos últimos 12 meses comparados com a renda
familiar baseada em salários-mínimos (SM) e seus respectivos valores e percentuais.
Renda familiar X Visita ao dentista
nos últimos 12 meses
Nunca foi Sim Não
Até 2 Salários mínimos
6
3,49%
105
61,05%
61
35,47%
Maior que 2 até 5 salários mínimos
0
0%
12
70,59%
5
29,41%
Na Tabela 18 o teste estatístico Qui-quadrado não mostrou associação significativa entre
renda familiar e visita ao dentista nos últimos 12 meses ( p= 0,612 ).
55
6- Discussão
Os resultados do presente estudo evidenciam uma redução da prevalência e da severidade
da cárie dentária entre escolares na idade de 12 anos na população matriculada em escolas
municipais do município de Boa Vista, Roraima. Tal como em outros locais previamente
descritos na literatura nacional (Peres et al., 1997; Narvai et al., 1999; Freysleben et al., 2000;
MS, 2000; Maltz & Silva, 2001) em Boa Vista, a grave situação descrita pela pesquisa de oito
anos atrás (CFO, 1997; MS, 2000), parece está sendo revertida, pelo menos neste pequeno mas
representativo grupo de crianças que correspondem a população de baixa renda e de condições
sócio-econômicas menos privilegiadas. A prevalência de cárie, que em 1997, era considerada
alta, com uma média de 6,3 dentes atacados pela doença cárie, foi reduzida em 51% ou seja 3,2
dentes afetados pela doença.
Este fato tem maior relevância se considerarmos que 62,8% dos escolares analisados no
presente estudo residem desde o nascimento em Boa Vista, onde a água de abastecimento
público é apenas parcialmente fluoretada. Entretanto, vale ressaltar que dos escolas participantes
do presente estudo, somente uma (Escola Edsonina de Barros Villa - uma aluna participou do
exame) era localizada no Bairro dos Estados na Zona Norte de Boa Vista que apresenta água
fluoretada. Sendo assim, a maior parte das crianças examinadas localizam-se em área que não
possui flúor na água de abastecimento público. A falta de tratamento da água neste caso poderia
ser um fator agravante na prevalência de cárie, uma vez que esta medida sanitária tem efeito
sobre os índices de carie tal como mostram os trabalhos de Basting et al., 1997; Maltz & Silva,
2001; Silva & Maltz, 2001 e Cangussu et al., 2002.
Coincidentemente as crianças estudadas no presente trabalho foram praticamente todas
provenientes de escolas localizadas na Zona Oeste do município de Boa Vista, onde está a maior
concentração da população urbana e também a de menor renda e escolaridade, segundo o IBGE
(2000). A maior parte dos examinados provinham de famílias cuja instrução dos pais não
ultrapassavam o primeiro grau incompleto, sendo que nenhum dos pais apresentou nível superior
completo, sendo que este dado foi coerente com o descrito pelo censo (IBGE, 2000) para aquela
Zona da cidade. O nível reduzido de escolaridade dos responsáveis poderia também ser um fator
de dificuldade na reversão do quadro de saúde bucal, no entanto, houve uma redução significativa
do CPO-D comparada com o último levantamento realizado na região, o que se justifica pelo fato
de a cárie ser uma doença de caráter multifatorial.
56
Também em relação a renda familiar, a maior parte das famílias (90,96%) cujas crianças
foram examinadas declararam valores de renda familiar situados até 2 salários mínimos,
confirmando o que mostra o censo do IBGE de 2000 para aquela zona da cidade. Sendo esta uma
população para a qual poderia ser esperada maior prevalência de cárie e gengivite, pelas
condições sócio-econômicas. É importante ressaltar que no presente estudo não foi avaliada a
condição sócio-econômica de forma geral, e sim apenas as variáveis renda familiar e grau de
instrução.
No presente estudo não se encontrou relação estatisticamente significativa entre CPO-D e
os dois grupos de renda familiar (acima e até de 2 salarios- mínimos) e o grau de instrução
utilizados para comparação. As variáveis renda familiar e grau de instrução não mostraram
relevância no presente estudo, devido, principalmente, à homogeneidade da população estudada
em relação à estas variáveis. Assim, buscando compreender melhor as variações no índice CPO-
D em populações com este perfil, deve-se utilizar variáveis alternativas que possam ter alguma
relação com a variação de CPO-D, como talvez o acesso à informações sobre saúde bucal.
Embora o teste aplicado não tenha mostrado significância estatística, observa-se que os escolares
cujos pais possuíam menor grau de instrução apresentaram maior número de dentes atacados
pela doença cárie.
Os escolares examinados que apresentaram todas as superfície dentárias livres da doença
cárie ou outras alterações correspondem a 21% da amostra estudada, sendo um total de 41
escolares. Do grupo estudado, 155 escolares apresentaram superfície atacada pela doença,
apresentando um CPO-S de 6,02, o que significa que dos 155 escolares, cada escolar apresenta
pelo menos, seis faces dentarias atacadas pela doença. Destes, 38% apresentaram mais de 7
superfícies atacadas pela doença, e 5% deles apresentam mais de 21 superfícies dentárias
atingidas pela doença. Os resultados evidenciam o fenômeno de “polarização” – concentração da
maior parte das doenças em uma pequena parcela da população- que tem merecido grande
atenção por parte dos pesquisadores. De acordo com Weyne, 2003, o fenômeno da “polarização”
tem sido detectado praticamente em todos os levantamentos realizados no mundo. Este resultado
é importante para o planejamento das ações de saúde pública, possibilitando o direcionamento de
recursos à parcela da população mais necessitada.
Os dados permitem observar também que o componente superfície cariada foi o que
predominou na composição do Índice CPO-S em relação ao número de superfícies perdidas e
obturadas. Em relação a interpretação deste índice, entende-se que quando se considera as
superfícies dentarias, há uma tendência a estimar índices de valor mais baixo, mas quando é
57
considerado para os mesmos dados o valor por dente, o índice obtido será sempre maior. Por
essa razão o CPO-S é sempre de valor menor, enquanto o CPO-D de valor mais alto.
Desse modo, comparando-se no presente caso valor do CPO-D aos 12 anos, utilizado para
comparação universal, os escolares da rede municipal de Boa Vista obtiveram 3,2 podendo
enquadrar-se no que é considerada como moderada prevalência de cárie. O valor deste índice nos
indica que, em média, cada criança examinada tem pelo menos três dentes afetados por doença.
Este resultado contrasta com o levantamento realizado em 1996 pelo Ministério da Saúde onde
Boa Vista apresentou um valor considerado alto, ou seja, de 6,3, tendo sido o mais alto índice,
dentre as capitais brasileiras e o maior índice da região Norte do pais.
Embora nossa serie não corresponda a toda a população escolar de Boa Vista, ele pode ser
considerada como representativa da população menos favorecida, e portanto daquela onde os
índices provavelmente estão piores. Comparando-se os valores anteriores com o obtido no
presente estudo pode-se dizer que mesmo com essa redução chegando a quase a metade do valor
obtido anteriormente, ainda não foi atingida a meta proposta pela OMS, e que deveria ter sido
atingida no ano de 2000, que era de um CPO-D máximo de 3 para a idade 12 anos. Pode-se notar
também que 43% da amostra apresentaram escolares com quatro ou mais dentes com
experiência de cárie e que 11% deles apresentaram mais de seis dentes atingidos pela cárie. Isso
nos mostra que 79% da amostra ou seja, muito mais da metade das crianças examinadas,
apresentaram um ou mais dentes com experiência de cárie.
O CPO-D, aos 12 anos de idade, em Boa Vista-RR, de média prevalência, difere de outros
municípios brasileiros como Araraquara - SP (Dini et al., 1999), São Paulo (Cangussu et al.,
2001), Porto Alegre (Silva & Maltz, 2001), Blumenau- SC (Traebert et al., 2001), Salvador BA
(Cangussu et al., 2002) e Sorocaba-SP (Cypriano et al., 2003) que apresentam baixa prevalência.
Por outro lado, a prevalência foi inferior quando compara-se com o estudo realizado em Sirituba-
PA (Normando & Araújo, 1990), região Norte do país. A prevalência média, em Boa Vista-RR,
foi similar ao estudo na área rural de Araraquara-SP (Dini et al., 1993).
Com relação ao sangramento gengival apenas 14,28% das superfícies examinadas
sangravam e a diferença entre as superfícies com e sem sangramento é estatisticamente
significativa. Quando esse sangramento gengival é calculado por criança, observa-se que 78,57%
dos escolares apresentaram até 20% de superfícies sangrantes, o que significa que o sangramento
gengival foi bastante prevalente, estando em todos os escolares onde pelo menos uma superfície
sangrava. Isso significa que uma parcela importante das crianças examinadas apresenta gengivite,
necessitando de medidas específicas para controle de sua atividade de doença. Esses resultados
58
também estão de acordo com as conclusões de uma criteriosa e completa revisão bibliográfica
(Gesser et al., 2001), isto é, de que a gengivite é uma condição muito comum, embora a
periodontite seja rara, em escala mundial.
Em acréscimo, no passado, achava-se que toda a gengivite na infância ou adolescência, se
não tratada, levaria necessariamente a uma periodontite no adulto. Hoje, sabe-se que apenas uma
pequena parcela das pessoas com gengivite desenvolverão periodontite, e, destas, apenas 8%
apresentarão periodontite de rápida progressão. Apesar de não causar perda dentária, a gengivite
não deve ser desconsiderada por ser um processo inflamatório, decorrente de uma infecção e que
merece ser acompanhada e tratada como tal. Além disto, a placa supragengival causadora da
gengivite é indispensável no estabelecimento de uma placa bacteriana subgengival, que poderá
estar relacionada à periodontite (Opperman & Rossing, 1999). É, portanto, essencial a inclusão de
estudos de prevalência do sangramento da gengiva marginal nos levantamentos epidemiológicos,
objetivando a incorporação de medidas relacionadas ao controle da gengivite nos serviços.
Houve uma associação significativa entre o índice de sangramento gengival e o CPO-S ou
seja as crianças que apresentaram mais superfícies cariadas, perdidas ou obturadas apresentaram
também valores mais altos de sangramento gengival ou vice-versa. Esta correlação não foi
confirmada para o CPO-D. Esta observação também esta de acordo com a literatura tal como
publicado por Maltz & Silva, 2001.
O presente estudo nos mostra que a higienização dos dentes e realizada por quase toda
amostra, associada ao uso de dentifrício fluoretado entre 2 e 3 vezes ao dia. Cada membro da
família possui a sua escova dental. Não houve correlação dessas variáveis com o CPO-D. Isto
pode ter relação ao fato de que, o uso freqüente de escova não é sinônimo de limpeza, nem evita
por si só a perda dos dentes. Mais importante que a freqüência é a qualidade da limpeza (Buischi
& Axelsson, 1999).
Os resultados não mostraram associação significativa entre as variáveis freqüência de
escovação diária, uso de bochecho fluorado e aplicação de flúor profissional com grau de
instrução dos pais, renda familiar e CPO-D. Isto pode ser explicado pelo fato do caráter
multifatorial da doença e também pelo uso difundido de dentifrícios fluoretados, aos quais têm
sido atribuído o declínio mundial da doença cárie dental.
Os resultados serão informados por escrito pela própria examinadora em relatório
apropriado à Coordenação de Odontologia da Secretaria Municipal de Saúde num prazo de
aproximadamente 03 meses após a defesa da dissertação, sendo feitas as recomendações que se
considerar necessárias, no sentido da melhoria e manutenção das condições de saúde bucal dos
59
examinados. Servirá para correlacionar os resultados aqui obtidos a outros trabalhos sobre saúde
bucal de interesse para a saúde pública
60
7- Conclusão
Os dados do presente estudo nos permitem sugerir que :
- O escolares da cidade de Boa Vista-RR, aos 12 anos de idade, apresentam uma prevalência de
cárie moderada;
- A redução encontrada na prevalência de cárie, em 2002, não alcançou a meta prevista pela OMS
para o ano 2000;
- A gengivite, pelo menos em uma superfície gengival, estava presente em todos os escolares
examinados;
- Os hábitos de higiene bucal, como freqüência de escovação, uso de bochecho fluorado e
aplicação profissional de flúor não mostraram associação com o índice CPO-D;
- As associações entre grau de instrução dos pais, renda familiar com cárie dentária não foram
significantes, o que pode ser relacionado à outras variáveis não incluídas no estudo;
- É necessário implementação das medidas de promoção de saúde bucal, visando alcançar a meta
da OMS para o ano de 2010, onde as crianças aos 12 anos de idade, deveriam apresentar, em
média, menos que um dente atacado pela doença cárie.
61
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1
9- Anexos
ANEXO I- Situação demográfica dos Bairro de Boa Vista
Fonte: IBGE, 2000.
2
ANEXO II- População segundo sexo por Bairro da Cidade de Boa Vista.
Fonte: IBGE, 2000.
3
ANEXO III- População de Roraima.
Fonte: IBGE, 2000.
4
ANEXO IV- Resultados do CENSO 2000 (Municípios do Estado de Roraima).
Fonte: IBGE, 2000.
5
ANEXO V- População residente, por grupos de idade- Roraima.
Fonte: IBGE, 2000.
6
ANEXO VI
TERMO DE ESCLARECIMENTO E CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
PARA PESQUISA
Título do trabalho
Análise da Prevalência de Gengivite, Cárie dental em Escolares de 12 Anos da Rede
Municipal de Ensino em Boa Vista, Roraima.
Objetivo
O presente estudo pretende avaliar as condições de saúde dos dentes bem como as
necessidades de tratamento dentário em escolares de 12 anos de idade matriculados em escolas
municipais de Boa Vista, Roraima, com base na verificação de superfícies cariadas, superfícies
perdidas, superfícies obturadas e gengivite. Trata-se de uma pesquisa feita para a Dissertação de
Mestrado de Lauramaris de Arruda Régis Aranha, no curso de Mestrado em Saúde Pública na
Amazonia Ocidental, realizado pela Fundação Oswaldo Cruz e pela Universidade do Amazonas,
em Manaus, e está sendo orientada pelas Dras. Sheila Maria Ferraz Mendonça de Souza
(Fundação Oswaldo Cruz) e Maria Augusta Bessa Rebelo (Universidade do Amazonas).
Um menor sob sua responsabilidade está sendo convidado a participar desta pesquisa, caso a
família concorde com este exame que será feito na escola, o responsável pelo aluno deverá
consentir por escrito.
Justificativa
O estado de Roraima, em 1996, apresentou o maior índice de cárie do Brasil, havendo
necessidade de melhorar o controle desta e de outras doenças dentárias na região.
Informações e esclarecimentos
Os pesquisadores envolvidos no trabalho, representados pela mestranda Lauramaris de
Arruda Regis Aranha, estão a disposição dos alunos que aceitarem ser voluntários e de seus
responsáveis para qualquer pergunta, esclarecimento ou informação sobre o estudo. Um relatório
escrito das condições dos dentes do aluno examinado, explicando quando for necessário
7
tratamento, será entregue ao respectivo responsável após o término do trabalho. Os dados desta
pesquisa serão utilizados apenas para os fins aqui indicados.
Retirada do consentimento
O voluntário, através de seu responsável, poderá deixar de participar da pesquisa a
qualquer momento que desejar, bastando retirar seu consentimento.
Garantia de sigilo
Os pesquisadores asseguram aos voluntários e seus responsáveis que a identificação do
aluno será mantida em sigilo durante e após o término do trabalho.
Termo de Consentimento
Eu, _________________________________________, responsável pelo (a) menor
__________________________________________________ tendo lido as informações acima e
estando suficientemente esclarecido (a) pela Mestranda Lauramaris de Arruda Régis Aranha,
estou plenamente de acordo com a realização da pesquisa e autorizo o exame odontológico de
meu filho (a) para a “Análise da Prevalência de Gengivite, Cárie dental e da Necessidade de
Ttratamento em Escolares de 12 anos da Rede Municipal de Ensino de Boa Vista, Roraima”.
Boa Vista-RR, ____/_____/2002
Nome do aluno:_____________________________________________________________
Assinatura do responsável:____________________________________________________
8
ANEXO VII
QUESTIONÁRIO DE DADOS COMPLEMENTARES
Estamos realizando um levantamento do estado de saúde bucal dos escolares de 12 anos
do município de Boa Vista. Para completar as informações obtidas nos exames que serão
realizados em seu(ua) filho(a), necessitamos de sua colaboração respondendo às seguintes
perguntas:
Nome do aluno:____________________________________________________
Data do nascimento: __/__/_____ Local:_______________________________
Endereço atual: ___________________________________________________
Escola:________________________________________ Turma: ____________
1- A criança reside em Boa Vista desde o nascimento?
o Sim
o Não
2- Grau de Instrução do pai :
o Analfabeto
o 1º grau incompleto
o 1º grau completo
o 2º grau incompleto
o 2º grau completo
o Superior incompleto
o Superior Completo
3- Grau de Instrução da mãe :
o Analfabeto
o 1º grau incompleto
o 1º grau completo
o 2º grau completo
o Superior incompleto
o Superior Completo
o 2º grau incompleto
4- Renda familiar ( soma da renda de todos os membros da família):
R$ _______________
9
5-Seu filho (a) costuma escovar os dentes ?
o Sim
o Não
5.1-Desde que idade?
o Desde o nascimento dos dentes
o A partir de um ano de idade
o A partir da idade de ____ anos
5.2-Quantas vezes por dia?
o 1 vez
o 2 vezes
o 3 vezes
o Mais de 3 vezes
5.3-Usa pasta de dentes? ___________Qual a marca mais usada?__________
5.4-Cada pessoa da família possui uma escova de dentes?
o Sim
o Não
6-Costuma usar fio dental?
o Sim
o Não
6.1-Quantas vezes ?
o Todos os dias?
o Uma vez por semana?
o de vez em quando?
7-Seu filho (a ) já utilizou solução de flúor para bochecho?
o Sim
o Não
10
8-Seu filho (a ) já recebeu aplicação de flúor no dentista?
o Sim
o Não
8.1-Com quais idades ?
o menos de 3 anos
o de 3 a 6 anos
o mais de 6 anos
8.2-Quantas vezes?
o 1 vez
o 2 vezes
o mais de 2 vezes
9- Seu filho foi ao dentista nos últimos 12 meses?
o Nunca foi
o Sim
o Não
10-De quanto em quanto tempo vai ao dentista ?
o 1 vez por ano
o 2 vezes por ano
o 1 vez a cada 2 anos
o quando necessário
11
ANEXO VIII
FORMULÁRIO DE EXAME EM SAÚDE BUCAL
ESCOLA
NOME
TURMA
DATA
IDADE EM ANOS ______ SEXO _______ DATA DE NASCIMENTO ___________
ESCOLA_____________________TIPO DE LOCALIZAÇÃO____________________
CPO-S
12
ÍNDICE DE SANGRAMENTO GENGIVAL (ISG)
17 16 15 14 13 12 11
D V M D V M D V M D V M D V M D V M D V M
21 22 23 24 25 26 27
D V M D V M D V M D V M D V M D V M D V M
P + L
27 26 25 24 23 22 21 11 12 13 14 15 16 17
37 36 35 34 33 32 31
D V M D V M D V M D V M D V M D V M D V M
41 42 43 44 45 46 47
D V M D V M D V M D V M D V M D V M D V M
P + L
47 46 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35 36 37
13
CODIFICAÇÃO
ISG
Dente Ausente 0
Superfície com Sangramento 1
Superfície sem Sangramento 2
CPO-S
---------------------------------------------------------------------------------
Dentes Condição/estado
permanentes
---------------------------------------------------------------------------------
Superfície
0 Hígida
1 Cariada
2 Restaurada, com cárie
3 Restaurada, sem cárie
4 Ausente, devido à cárie
5 Ausente, por outros motivos
6 Selante de fissura
7 Suporte para prótese, coroa
protética ou faceta/implante
8 Dente não erupcionado
(coroa)/raiz não exposta
T Traumatismo
9 Não registrado
--------------------------------------------------------------------------------
14
ESCOLAS
1-Balduino Wottrich
2-Dalício Faria Filho
3-Darcy Ribeiro
4-Edsonina de Barros Villa
5-Francisco Cássio de Morães
6-Francisco de Souza Bríglia
7-Jardim da Copaíbas
8-Maria Gertrudes Mota de Lima
9-Maria Gonçalves Vieira
10-Martinha Thury Vieira
11-Nova Canaã
12-Waldemarina Normando Martins
TIPO DE LOCALIZAÇÃO
o Área urbana
o Área rural
15