Universidade Jean Piaget de Cabo Verde
Campus Universitrio da Cidade da Praia Caixa Postal 775, Palmarejo Grande
Cidade da Praia, Santiago Cabo Verde
14.4.13
Antero Teixeira
Prevalncia de leses de tornozelo nos jogadores de Futebol do Sporting Clube da
Praia poca 2008/09
Universidade Jean Piaget de Cabo Verde
Campus Universitrio da Cidade da Praia Caixa Postal 775, Palmarejo Grande
Cidade da Praia, Santiago Cabo Verde
14.4.13
Antero Teixeira
Prevalncia de leses de tornozelo nos jogadores de Futebol do Sporting Clube da
Praia poca 2008/09
Antero Teixeira, autor da monografia
Prevalncia de leses do tornozelo nos
jogadores de Futebol do Sporting Clube da
Praia - poca 2008/09, declara que, salvo
fontes devidamente citadas e referidas, o
presente documento fruto do seu trabalho
pessoal, individual e original.
Cidade da Praia, 08 de Maro de 2013
Antero Teixeira
Memria Monogrfica apresentada
Universidade Jean Piaget de Cabo Verde
como parte dos requisitos para a obteno
do grau de Licenciatura em Fisioterapia.
Sumrio O presente trabalho inscreve-se no mbito do curso de Licenciatura em Fisioterapia na
Universidade Jean Piaget de Cabo Verde e visa essencialmente estudar os factores de risco
das leses do tornozelo contrados pelos jogadores de futebol do Sporting Clube da Praia.
Minghelli et al. (2012), apoiando-se em vrios autores (Cohen et al., 1997; Reilly, 2003),
referem que o futebol exige dos jogadores a aquisio de diversas vertentes fsicas, como
resistncia, velocidade, fora, agilidade e flexibilidade e se caracteriza pelo intenso contacto
fsico, movimentos curtos, rpidos e no contnuos como a acelerao, desacelerao e
mudanas sbitas de direco. Ainda, aludem que estas exigncias fsicas cada vez maiores
obrigam os atletas a exercitarem-se prximo dos limites mximos de exausto, levando uma
maior predisposio ocorrncia de leses.
Em termos metodolgicos, combinamos duas tcnicas de recolha de dados empricos
questionrio e observao. Estes procedimentos foram efectuados no momento da realizao
do exame fsico dos jogadores, dos testes especiais e especficos para a avaliao e do
diagnstico da articulao do tornozelo. O universo foi de 27 jogadores do Sporting Clube da
Praia da poca 2008/09. Os dados foram tratados no software estatstico SPSS, verso 16,0.
Os resultados deste estudo indicam que as leses da articulao do tornozelo so os
traumatismos mais comuns em desportos, caracterizadas por um dano que tenha ocorrido em
um ou mais dos ligamentos localizados na articulao do tornozelo, que ocorrem como
resultado de movimentos ou stress repetitivos, mas tambm podem estar associadas com
factores anatmicos como pronao excessiva ou alinhamento cavo no membro inferior, os
quais caracterizam os piores tipos de leso. Por outro lado, indicam que os factores
predisponentes s leses do tornozelo, muito em particular as entorses, podem ser separados
em factores intrnsecos e extrnsecos. Os intrnsecos so inerentes ao prprio praticante, nos
quais se incluem a recuperao inadequada, estrutura, peso, sobrecarga no membro
dominante, leso nervosa e processo degenerativo muscular, e desequilbrio da fora
muscular. Os factores extrnsecos esto relacionados com o piso irregular, carga externa
intensidade ou nvel de treino, bem como a prpria qualidade do calado, muitas vezes
inadequado para a prtica desportiva em condies especficas. Esses dados permitem-nos
ainda comprovar que a entorse foi a leso mais contrada pelos referidos jogadores.
Palavras-chave: Leso; Articulao; Prevalncia; Sinal; Tornozelo.
Agradecimentos
Ao meu Orientador Dr. Hlder Margarito Tavares pelo esforo,
dedicao e apoio concedido, sem os quais este trabalho no
teria sido finalizado.
Ao amigo Dr. Fbio Vieira, pela sua total disponibilidade,
entrega e perseverana em contribuir para o sucesso deste
estudo. O meu especial obrigado!
Ao Prof. Doutor Osvaldo Borges pela leitura e contributos
facultados, que enriqueceram, sobremaneira, a parte emprica
deste trabalho.
minha esposa e filhos, grato pelo afecto, carinho e pacincia,
bem como a fora e apoio facultados na realizao deste
trabalho.
Dra. Sandra Gonalves pela leitura e reviso da parte terica.
Aos jogadores e profissionais do Sporting Clube da Praia, o meu
muito obrigado pela vossa colaborao.
Aos meus professores e, finalmente, a todos aqueles que directa
ou indirectamente contriburam para concretizao deste
trabalho.
Dedicatria
minha esposa e amiga
Eduarda Barros
[...]
Fonte de luz, amor e vida!
Uma descoberta, seja feita por um menino na escola
ou por um cientista trabalhando na fronteira do
conhecimento, em sua essncia uma questo de
reorganizar ou transformar evidncias, de tal forma
que se possa ir alm delas assim reorganizadas, rumo
a novas percepes.
Jerone Bruner
Contedo
Introduo .................................................................................................................................. 2
Contextualizao e delimitao do problema ................................................................... 2
Justificao da escolha do tema ........................................................................................ 3
Pergunta de partida ........................................................................................................... 4
Hipteses de investigao ................................................................................................. 4
Objectivos do trabalho ...................................................................................................... 5
Procedimentos de investigao ......................................................................................... 5
Estrutura do trabalho ........................................................................................................ 6
Capitulo I Fundamentao terica ........................................................................................ 8
1.1 Conceitos-base ........................................................................................................... 8
1.2 A articulao do tornozelo ....................................................................................... 10
1.2.1 Composio da articulao ............................................................................... 10
1.2.2 Estrutura ssea ................................................................................................. 11
1.2.2.1 Articulao Subtalar ou Transtalar ............................................................... 16
1.2.2.2 Articulao Mediotrsica ou Transtarsal ...................................................... 19
1.2.2.3 Articulao Tibiofibular Inferior .................................................................. 21
1.2.2.4 Articulaes Inter/Tarsometatrsicas e Inter/Metatarsofalangianas ............. 22
1.2.3 Estrutura Ligamentar ........................................................................................ 25
1.2.4 Estrutura Muscular ........................................................................................... 27
1.2.4.1 Msculos Extrnsecos do P ......................................................................... 27
1.2.4.2 Crural Anterior ............................................................................................. 27
1.2.4.3 Crural Posterior ............................................................................................ 29
1.2.4.4 Crural Lateral ................................................................................................ 31
1.2.4.5 Msculos Intrnsecos do P .......................................................................... 32
1.2.4.6 Estrutura Nervosa ......................................................................................... 33
1.2.4.7 Arcos Plantares ............................................................................................. 33
1.3 Consideraes mecnicas sobre as leses do tornozelo e do p .............................. 36
1.3.1 Tipos de leses ................................................................................................. 37
1.3.1.1 Contuso ....................................................................................................... 37
1.3.1.2 Luxao ........................................................................................................ 37
1.3.1.3 Fracturas ....................................................................................................... 38
1.3.1.4 Entorse do tornozelo em Inverso ................................................................ 40
1.3.2 Mecanismo de Leso ........................................................................................ 41
1.3.3 Etiologia ........................................................................................................... 44
1.3.4 Epidemiologia ................................................................................................... 45
1.3.5 Classificao ..................................................................................................... 45
1.3.6 Factores de Risco .............................................................................................. 47
Capitulo II Breve caracterizao do Sporting Clube da Praia ........................................... 49
2.1 Fundao e alteraes nos estatutos ......................................................................... 49
2.2 Composio dos rgos sociais................................................................................ 50
2.2.1 Da Assembleia Geral ........................................................................................ 50
2.2.2 Da Direco ...................................................................................................... 50
2.2.3 Do Conselho Fiscal ........................................................................................... 51
2.3 Palmars ................................................................................................................... 51
Capitulo III Metodologia ...................................................................................................... 52
3.1 Natureza e mtodos de estudo .................................................................................. 52
3.2 Definio do universo da pesquisa........................................................................... 54
3.3 Instrumentos de colecta de dados ............................................................................ 54
3.4 Variveis de estudo .................................................................................................. 55
3.5 Tratamento, anlise e discusso dos resultados ....................................................... 55
Capitulo IV Resultados e discusso ..................................................................................... 57
4.1 Caracterizao dos jogadores inquiridos.................................................................. 57
4.2 Descrio dos tipos de leses ................................................................................... 58
4.3 Anlise dos testes estatsticos .................................................................................. 63
Concluso ................................................................................................................................. 68
Bibliografia .............................................................................................................................. 72
Referncias sitogrficas .......................................................................................................... 76
Apndice ................................................................................................................................... 78
Apndice 1 - Questionrio ....................................................................................................... 79
Apndice 2 - Ficha de Avaliao fisioteraputica do tornozelo e do p ................................ 82
Apndice 3 Pedido da autorizao ....................................................................................... 84
Anexo ....................................................................................................................................... 85
Anexo 1 Concesso da Autorizao ..................................................................................... 86
Tabelas
Tabela 1 Caracterizao dos jogadores inquiridos ................................................................ 57
Tabela 2 Tipos de Leses do tornozelo ................................................................................. 59
Tabela 3 Causas das Leses do tornozelo contradas ............................................................ 60
Tabela 4 Uso de proteco nos treinos e nos jogos oficiais .................................................. 62
Tabela 5 Posio no campo versus contraco de leses do tornozelo ................................. 63
Tabela 6 Frequncia escola de iniciao desportiva e contraco de leses do tornozelo . 64
Tabela 7 Relao entre o IMC e a contraco de leses do tornozelo .................................. 64
Tabela 8 Frequncia de leses do tornozelo .......................................................................... 65
Tabela 9 P no qual aconteceu as leses do tornozelo .......................................................... 66
Grficos
Grfico 1 ndice da Massa Corporal dos jogadores ............................................................... 58
Grfico 2 Distribuio das leses do tornozelo contradas na poca 2008/09 ...................... 59
Grfico 3 Contraco da leso em pocas desportivas anteriores ......................................... 61
Grfico 4 Tempo de treino .................................................................................................... 62
Grfico 5 Encaminhamento ao hospital aps a leso ............................................................ 67
Grfico 6 Perodo de afastamento aps leso ........................................................................ 67
Figuras
Figura 1 Ossos do Tornozelo e p ......................................................................................... 11
Figura 2 Ligamentos e tendes do tornozelo vista lateral .................................................. 25
Figura 3 Ligamentos e tendes do tornozelo vista medial ................................................. 26
Figura 4 Msculos da perna vista anterior e posterior........................................................ 28
Figura 5 Msculos da perna vista lateral ............................................................................ 31
Figura 6 Msculos do p ....................................................................................................... 33
Figura 7 Mecanismo de leso da entorse de tornozelo em inverso e flexo plantar............ 41
file:///C:/Users/pc/Desktop/Osvaldo/Orientacao%20de%20memorias/Antero%20Teixeira/Monografia%20Antero%20Teixeira%20-%20correo%202013%20-%2014-03-2013%20-%20Osvaldo.doc%23_Toc351115796
Prevalncia de leses do tornozelo nos jogadores de Futebol do Sporting Clube da Praia - poca 2008/09
1
Siglas e acrnimos
CAF Confederao Africana de Futebol
FIFA Federao Internacional de Futebol Associado
gdl Graus de liberdade
IMC ndice de Massa Corporal
p Probabilidade do erro (ou nvel significncia)
S.C.C.V Sporting Clube de Cabo Verde
SCP Sporting Clube da Praia
SPSS Statistical Package for Social Science
Prevalncia de leses do tornozelo nos jogadores de Futebol do Sporting Clube da Praia - poca 2008/09
2
Introduo
Contextualizao e delimitao do problema
No entender de Mcpoil e Brocato (1993), a adequada habilidade do p essencial para a
actividade normal da marcha. Durante a fase de apoio da marcha, o p deve actuar como um
adaptador frouxo, um brao rgido, um sistema absorvedor de choque e como mecanismo de
rotao do membro inferior. Uma leso por trauma ou por excesso de uso pode impedir ou
retardar quaisquer destas funes de ocorrer numa sincronia normal e, assim, levar
manifestao de sintomas no p ou mesmo no membro inferior.
Para Windsor (2000), o termo entorse descreve a leso dos ligamentos articulares, a qual
estira ou lacera as fibras ligamentares, enquanto para Keene (1993), as entorses so causadas
por foras que alongam algumas ou todas as fibras dos ligamentos para alm de seu limite
elstico, produzindo algum grau de ruptura de fibras ou de suas inseres sseas.
Uma entorse de tornozelo envolve uma leso em um ou mais dos ligamentos localizados
nessa articulao. Conforme Thomson, Skinner e Piercy (1994), estas leses esto associadas
aos msculos que controlam a articulao, a qual est momentaneamente desprotegida, de
modo que o ligamento fica sujeito fora total do movimento quando sobrecargas anormais
so sustentadas por esta articulao.
Prevalncia de leses do tornozelo nos jogadores de Futebol do Sporting Clube da Praia - poca 2008/09
3
Tendo em considerao o grau de complexidade e risco da actividade exercida pelos atletas de
futebol notrio que correm o risco de contrarem as mais diversas leses, se comparados
com outros indivduos que no pratiquem o desporto, em particular essa modalidade
desportiva. Alis, Keller et al. (1987) demonstram que o futebol o desporto que maior
nmero de leses desportivas provoca a nvel mundial. Para Arnason et al. (2005), a taxa de
leses no f ,
sendo mesmo referida como responsvel por metade das leses desportivas em alguns pases
da Europa.
Nesta linha de pensamento, tendo em considerao a vulnerabilidade dos nossos jogadores em
contrarem essas leses, particularmente as leses do tornozelo, uma vez que as condies das
infra-estruturas para a prtica do futebol existentes no so ainda as melhores, e os tcnicos,
na maioria das vezes, no possuem formao adequada, que lhes permitam orientar a
preparao destes dentro dos parmetros considerados normais, imperioso a realizao de
estudos que visam, antes de mais, constituir eficazes instrumentos de formao dos tcnicos
de preparao fsica, proporcionando, concomitantemente aos jogadores ferramentas
imprescindveis de preveno, identificao de leses e, consequentemente, o
encaminhamento necessrio s estruturas de sade para a competente interveno dos
tcnicos. Assim, propomos estudar de forma particular a prevalncia de leses do tornozelo
nos jogadores de futebol do Sporting Clube da Praia referente poca desportiva 2008/09.
Justificao da escolha do tema
A escolha desta temtica arraiga-se, por um lado, de razes de ordem intelectual que se
prendem do desejo e interesse em conhecer e fundamentar os conhecimentos em matria da
leso do tornozelo. Por outro lado, a sua escolha deve-se a razes de ordem pessoal, sendo e
estando a fazer formao na rea da fisioterapia, constitui-se num repto reflectir sobre a
mesma, para que, compreendendo a sua complexidade, podermos contribuir para o seu
melhor conhecimento. Ainda, a preferncia por este estudo advm da determinao em
facultar ao Sporting Clube da Praia e demais estruturas desportivas do pas, um pequeno
documento que doravante, pensamos ser importante para o diagnstico, acompanhamento,
seguimento dos casos de leso do tornozelo registados.
Prevalncia de leses do tornozelo nos jogadores de Futebol do Sporting Clube da Praia - poca 2008/09
4
Pergunta de partida
Face ao exposto e, visando a materializao dessas aspiraes, definimos a pergunta de
partida que, na perspectiva de Quivy e Campenhoudt (1998), constitui o primeiro fio condutor
da investigao. Quanto origem, de acordo com Carrasco e Hernndez (2000) um problema
pode ser fruto da observao, da consequncia de leituras e publicaes, das concluses de
debates entre especialistas ou das sugestes de novas pesquisas sugeridas em relatrios de
investigao. Para o desenvolvimento deste trabalho de investigao, tramos a seguinte
pergunta de partida:
A prevalncia de leses do tornozelo pelos jogadores de futebol do Sporting Clube da
Praia, na poca desportiva 2008/09 deve-se a que factores de risco?
Hipteses de investigao
Uma vez formulada a pergunta de partida, sentimos a necessidade de formular as proposies
hipotticas que sero sujeitas a verificao ao longo deste trabalho acadmico, as quais, de
seguida, passamos a apresentar:
H1: Os jogadores do Sporting Clube da Praia apresentam baixa prevalncia de leses do
tornozelo.
H2: O ndice da massa corporal/peso um dos factores de risco responsvel pelas leses
do tornozelo contradas pelos jogadores do Sporting na poca desportiva 2008/09.
H3: A frequncia da escola de iniciao desportiva no influencia a contraco das
leses do tornozelo.
H4: A posio no campo do atleta um dos factores de risco que influencia a contraco
das leses do tornozelo pelos jogadores do Sporting na poca em estudo.
Nesta linha de reflexo, tendo como propsito a corroborao dessas hipteses, delineamos os
seguintes objectivos.
Prevalncia de leses do tornozelo nos jogadores de Futebol do Sporting Clube da Praia - poca 2008/09
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Objectivos do trabalho
Objectivo geral
Analisar os factores de risco responsveis pelas leses do tornozelo nos jogadores do
Sporting Clube da Praia (SCP) na poca 2008/09.
Objectivos especficos
i). Fazer uma reviso bibliogrfica sobre a composio ssea, muscular e ligamentar da
articulao do tornozelo e as leses a que esto sujeitas os jogadores de futebol;
ii). Identificar as relaes que podero existir entre a idade da iniciao da prtica
desportiva e o surgimento de leses;
iii). Identificar a relao entre a frequncia de uma escola de iniciao desportiva e o
surgimento ou no de leses na articulao em estudo;
iv). Estabelecer uma relao entre as variveis idade, ndice da massa corporal (IMC),
posio no campo do atleta, tempo de treino tipos de calado e proteco com a
presena ou no de leses da articulao do tornozelo.
Estes objectivos, uma vez contemplados como fases a serem palmilhadas ao longo deste
trabalho, conduziram-nos consequentemente, seleco de procedimentos e metodologia para
a elaborao deste trabalho.
Procedimentos de investigao
Esta memria foi elaborada respeitando as normas e os procedimentos metodolgicos e/ou
operacionais de um trabalho cientifico, que se enquadram e sintetizam basicamente nos
seguintes pontos:
Reviso da literatura foi elaborada com base na leitura de abordagens tericas de
vrios autores constantes da pesquisa bibliogrfica e sitogrfica (livros, artigos
cientficos, memrias, dissertaes e teses) que retratam o tema desta memria, com o
fito de fundamentar as teorias a serem descritas e discutidas ao longo deste trabalho
acadmico;
Prevalncia de leses do tornozelo nos jogadores de Futebol do Sporting Clube da Praia - poca 2008/09
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Consulta de documentos foi elaborada com base na recolha e anlise dos
documentos da equipa do Sporting Clube da Praia e da Federao Cabo-verdiana de
Futebol designadamente os estatutos, relatrios, boletim oficial com o objectivo de
fazer uma breve caracterizao sobre o Sporting Clube da Praia, desde a sua fundao
at o presente;
Inqurito por questionrio e observao foi aplicado um inqurito por questionrio
dirigido ao universo dos jogadores do Sporting Clube da Praia inscritos na poca
desportiva de 2008/09. De igual modo, foi feita a observao aos referidos jogadores
de acordo com o instrumento em apndice. A aplicao destes instrumentos foi
precedida de uma solicitao e a devida autorizao concedida pela Direco do
Sporting Clube da Praia.
Entretanto, vrios aspectos referidos nesta sesso sero descritos com maior pormenor nas
respectivas sesses.
Estrutura do trabalho
Com o propsito de facilitar uma rpida e slida compreenso do contedo do trabalho,
reconhecemos pertinente organiz-lo da seguinte forma:
Introduo
Ser descrita a contextualizao do estudo, a justificao da escolha do tema, a
pergunta de partida, os objectivos (geral e especficos), as hipteses de investigao,
os procedimentos de investigao e a estrutura do trabalho.
Fundamentao terica
Sero apresentados os conceitos-base e os seus aspectos correlacionados relativos ao
tema deste trabalho, referindo-se com maior relevncia articulao do tornozelo,
particularmente, sobre a sua estrutura ssea, ligamentar e muscular. De igual modo,
abordaremos as consideraes mecnicas sobre as leses do tornozelo e do p e a
entorse do tornozelo em inverso, entre outros aspectos.
Prevalncia de leses do tornozelo nos jogadores de Futebol do Sporting Clube da Praia - poca 2008/09
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Breve caracterizao da equipa do Sporting Clube da Praia
Ser efectuada, de forma resumida, a caracterizao da equipa do Sporting Clube da
Praia desde a sua fundao at a presente.
Metodologia
Ser indicada os principais procedimentos metodolgicos e operacionais que
conduziram a elaborao deste trabalho. Neste contexto, sero mencionados os
mtodos utilizados, a populao-alvo, os instrumentos de recolha de dados e as
tcnicas utilizadas no tratamento e anlise dos dados.
Resultados e discusso
Sero apresentados os dados resultantes da aplicao dos instrumentos de recolha de
dados e a interpretao dos resultados empricos sobre a prevalncia de leses do
tornozelo nos jogadores de futebol do Sporting Clube da Praia na poca desportiva de
2008/09. A discusso dos resultados ser efectuada ao longo da anlise dos resultados,
confrontando os resultados deste estudo com as teorias e/ou resultados de outros
estudos com alguma semelhana temtica ou metodolgica, mas estando sempre
norteados pelos propsitos e pressupostos deste trabalho.
Concluso
Ser evidenciada as principais concluses extradas das vrias partes do trabalho e que
sintetizam todo o percurso efectuado. Ainda, indicaremos algumas sugestes e
recomendaes para os trabalhos futuros.
Ainda, fazem parte deste trabalho as bibliogrficas, referncias sitogrficas, apndices e
anexos.
Prevalncia de leses do tornozelo nos jogadores de Futebol do Sporting Clube da Praia - poca 2008/09
8
Capitulo I Fundamentao terica
No presente captulo abordaremos os marcos tericos que vo sustentar a parte prtica deste
trabalho. Primeiro, propomos a clarificao de alguns conceitos considerados elementares,
mas pertinentes para uma melhor compreenso do trabalho. Depois, elucidaremos os
referenciais tericos que, a partir das suas premissas assentes em vrios estudiosos, garantam
o rigor e a cientificidade do mesmo.
1.1 Conceitos-base
Com o propsito de, primeiramente, melhor entendermos a problemtica em causa e, em
segundo lugar, facilitar ao leitor uma melhor compreenso do nosso trabalho, reconhecemos
ser til apresentar, nesta parte, um pequeno quadro conceptual onde se clarifica os conceitos
que subjazem s leses do tornozelo, isto , os conceitos de articulao, leso, prevalncia,
sintoma, teste, tornozelo, sinal, tbia. So eles:
i). Articulao
Para Manuel Freitas e Costa (2005), articulao se refere unio de dois ou mais ossos.
ii). Leso
Em conformidade com Costa (2005) Leso a denominao genrica dada a qualquer
alterao patolgica orgnica ou tecidual.
Prevalncia de leses do tornozelo nos jogadores de Futebol do Sporting Clube da Praia - poca 2008/09
9
iii). Tbia
Costa (2005) refere que Tbia diz respeito a um osso longo, o mais volumoso dos ossos
da perna, situados na sua parte interna, que juntamente com o pernio constitui o
esqueleto da perna.
iii). Trsica/tarso
Ainda, de acordo com o autor supracitado Trsica/Tarso, por um lado, se refere
estrutura de tecido conjuntivo fibroso, situada na espessura das plpebras (tarso
palpebral superior (TPS) e tarso palpebral inferior (TPI)). Por outro, tem a ver com o
macio sseo da parte posterior do p, constitudo por duas fileiras de ossos: a anterior
designada tarso anterior (TA) composta pelos ossos, cubide, escafide, os trs ossos
cuneiformes; e a posterior composta pelo astrgalo e pelo calcneo.
v). Prevalncia
Na ptica de Costa (idem), o termo prevalncia se refere ao nmero de casos de uma
doena ou pessoas doentes ou ainda, de outros factos (suicdio, acidentes, etc.)
existentes numa determinada populao, independente de se tratar de casos novos ou de
casos antigos.
vi). Sintoma
Costa (idem) ressalta que sintoma a manifestao espontnea sentida pelo doente,
provocada pelo organismo ou por uma doena. Os sintomas so subjectivos, no caso de
serem apenas sentidos pelos doentes, mas em alguns casos esses sintomas podem ser
objectivados por um observador (febre por exemplo) e nestes casos, considerados sinais.
vii). Sinal
Quanto definio do termo sinal, Costa (idem) definiu Sinal (do latim Signalis) como
Fenmeno ou alterao que pode ser observado, objectivamente, por um mdico ou
enfermeiro, no organismo do doente e que importante para o diagnstico e
prognstico de uma doena.
viii). Teste
Para Costa (2005), pode-se definir teste como ensaio, provas ou reaco dos exames,
das reaces ou das qualidades ou do estado de uma substncia de um indivduo.
Prevalncia de leses do tornozelo nos jogadores de Futebol do Sporting Clube da Praia - poca 2008/09
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1.2 A articulao do tornozelo
1.2.1 Composio da articulao
O tornozelo e o p so estruturas complexas, compostas por 26 ossos irregularmente
moldados, 30 grandes articulaes sinoviais, mais de 100 ligamentos e 30 msculos e tendes
agindo no segmento, alm da rede neurovascular responsvel pela nutrio e integrao
central destas estruturas cutneas e subcutneas que tm funes e diferenciaes especficas
do tornozelo e p. De acordo com Hamill e Knutzen (1999), todas essas articulaes e demais
estruturas que compem o p precisam interagir harmoniosamente e combinadas entre si para
obter um movimento cadenciado, o qual ocorre em trs planos, com a maior parte do
movimento ocorrendo na parte posterior do p.
Para Kapandji (2000), a articulao do tornozelo a articulao distal do membro inferior,
sendo por conseguinte necessrio e indispensvel para a marcha, independentemente do tipo
de terreno onde ela se desenvolve. Portanto, trata-se de uma articulao troclear ou charneira,
significando isso dizer que possui um s grau de liberdade, permitindo assim, os movimentos
de flexo e dorsiflexo.
Ainda, segundo Kapandji (idem), trata- f h
importantes, pois, quando est em apoio monopodal, tem a misso de suportar todo o peso
corporal, que poder estar aumentado devido a energia cintica no momento em que contacta
com o cho, a uma dada velocidade no decurso da marcha, na corrida ou mesmo na
preparao do salto.
Enquanto para Mcpoil e Brocato (1993), a funo biomecnica eficiente do tornozelo e do p
depende de sua capacidade de agir como um adaptador, absorvedor de choque, conversor de
torque e brao rgido durante o ciclo da marcha. A actividade biomecnica normal da marcha
pode ser explicada pela concentrao das trs grandes articulaes talocrural ou do tornozelo,
subtalar ou transtalar e mediotrsica, tambm referida como articulao transtarsal ou de
Chopart, onde somente a primeira considerada articulao do tornozelo e as demais
consideradas pertencentes ao p.
Prevalncia de leses do tornozelo nos jogadores de Futebol do Sporting Clube da Praia - poca 2008/09
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No que diz respeito s suas funes, segundo Casonato e Poser (2000) as articulaes do p e
do tornozelo constituem um sistema complexo, que deve fornecer um grau de estabilidade
maior do que de flexibilidade, desempenhando desta forma as funes de:
i). fornecer uma base estvel para uma posio erecta;
ii). fornecer uma alavanca rgida, na fase de impulso da marcha;
iii). absorver as cargas;
iv). adaptar-se s irregularidades do solo;
v). transformar a rotao atravs da articulao inferior e da bacia.
1.2.2 Estrutura ssea
Os 26 ossos do p so classificados segundo sua localizao e alm desses ossos principais, o
p pode apresentar um nmero varivel de ossculos acessrios e sesamides (Figura 1).
Posteriores Tlus e calcneo;
Medianos cubide, navicular e 3 cuneiformes;
Anteriores 5 metatrsicos e 14 falanges.
Figura 1 Ossos do Tornozelo e p Fonte: Palastanga et al. (1998)
Prevalncia de leses do tornozelo nos jogadores de Futebol do Sporting Clube da Praia - poca 2008/09
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De acordo com Mcpoil e Brocato (1993), a poro anterior do p composta pelos cinco
metatarsos e falanges referida como antep, os ossos medianos compem o mdio-p, e a
poro posterior composta pelo tlus e calcneo designada de retrop. Assim quando se
estuda o retrop e o antep, faz-se referncia posio do calcneo e tlus em relao
posio das cinco cabeas metatarsianas.
Segundo Hall (2000), todas as trs articulaes esto envolvidas por uma cpsula espessa no
lado medial e extremamente fina posteriormente, e so mantidas por ligamentos que
estabilizam as estruturas e definem com a ajuda dos msculos a manuteno do formato em
arco do p (longitudinal e transverso). Sobre este particular, conforme Mulligan (2000),
Mcpoil e Brocato (1993), a articulao do tornozelo (tibiotalar e talofibular) ou talocrural a
articulao distal do membro inferior, composta da superfcie articular cncava distal da tbia,
com seu malolo e o malolo lateral da fbula, ambos formando a pina do tornozelo ou pina
bimaleolar, que se articula com uma superfcie convexa, a trclea do tlus.
Portanto a articulao do tornozelo formada por trs faces articulares: a face articular
superior do tlus, denominada trclea, articula-se com a face inferior da tbia; a face articular
lateral do tlus articula-se com a face articular do malolo fibular; a face articular medial do
tlus articula-se com a face articular do malolo tibial.
De acordo com Kapandji (2000), esta articulao uma trclea, o que significa que possui um
s grau de liberdade. Ela condiciona os movimentos da perna com relao ao p no plano
sagital e necessria e indispensvel marcha, tanto se esta se desenvolve em terreno plano
quanto em terreno acidentado.
Henning e Henning (2003), por sua vez, sustentam que a articulao elaborada para a
estabilidade mais do que para a mobilidade, sendo que a prpria forma do tlus, da pina
bimaleolar e os ligamentos tibiofibulares conferem estabilidade articulao do tornozelo. De
acordo com Hamill e Knutzen (1999), o tornozelo fica estvel quando altas foras so
absorvidas pelo membro ao parar e rodar sobre ele, ou em muitos outros movimentos do
membro inferior. Contudo se qualquer uma das estruturas de suporte da articulao do
tornozelo for lesada, esta pode se tornar uma articulao bastante instvel.
Prevalncia de leses do tornozelo nos jogadores de Futebol do Sporting Clube da Praia - poca 2008/09
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Da mesma linha de pensamento Kapandji (2000), afirma que se trata de uma articulao
f h , x , q , q q
apoio monopodal suporta todo o peso do corpo, que pode inclusive estar limitado pela energia
cintica quando o p entra em contacto com o cho a certa velocidade durante a marcha, na
corrida ou na preparao para o salto.
No entender de Mcpoil e Brocato (1993), a articulao do tornozelo crucial na transferncia
de fora do corpo e para o corpo durante a sustentao de peso e outras cargas. As dimenses
dessas foras podem ser to grandes, at dez vezes o peso corporal durante alguns tipos de
corrida, por exemplo, que at mesmo pequenos desalinhamentos estruturais, ou leses podem
ocasionar problemas ortopdicos crnicos e intensos. A transmisso de foras se d na juno
da extremidade distal da tbia e face superior do tlus, desempenhando a fbula um papel
pequeno.
Por outro, Henning e Henning (2003) asseveram que a tbia e a fbula ajustam-se
comodamente sobre a trclea do tlus, osso que possui a parte anterior da superfcie superior
mais larga que a posterior, resultando em menor amplitude e maior estabilidade durante o
movimento de flexo dorsal do tornozelo. De acordo com Hamill e Knutzen (1999), esta
diferena na largura do tlus permite que ocorra algum movimento de aduo e abduo do
p. A posio onde o tornozelo fica mais retesado ocorre durante o movimento de dorsiflexo,
quando o tlus est encaixado no seu ponto mais largo.
Para Palastanga et al. (1998), a tbia um osso longo que transmite o peso corporal dos
cndilos medial e lateral do fmur para o p. Ela de longe o maior dos dois ossos da perna,
situando-se medial fbula. Consiste em uma difise e duas extremidades, a extremidade
superior sendo muito maior do que a inferior. Segundo Mulligan (2000), essa estrutura
formada pelo encaixe da pina bimaleolar sobre a face superior do tlus uma importante
fonte de estabilidade para a articulao do tornozelo. Os principais estabilizadores que
sustentam a articulao incluem a parte distal da membrana interssea e a cpsula articular, a
estabilidade medial dada pelos msculos tibial anterior e posterior, pelo msculo flexor
longo dos artelhos, pelo msculo flexor longo do hlux e pelo ligamento deltide. A
estabilidade lateral garantida pelos msculos fibulares (mfl) longo e curto (mfc), ligamento
talofibular (ltf) e calcaneofibular (ltc).
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De acordo com Hamill e Knutzen (1999), o malolo lateral (ml) projecta-se mais para baixo
que o malolo medial (mm), protegendo assim os ligamentos mediais do tornozelo (lmt),
agindo como um baluarte contra qualquer desvio lateral. Porm, por ser mais baixo, o malolo
lateral mais susceptvel a fracturas durante uma entorse com inverso do tornozelo lateral.
Em virtude dos estabilizadores e de sua arquitectura ssea, a articulao do tornozelo
classificada como uma articulao sinovial em dobradia, permitindo apenas movimentos
uniaxiais. Neste sentido, os movimentos envolvidos na articulao do tornozelo so:
Flexo Plantar: movimento pelo qual a planta do p voltada para o cho,
formando um ngulo agudo entre a tbia e o dorso do p. Os msculos envolvidos
neste movimento so: gastrocnmio e sleo e a amplitude de movimento de 0-
50, podendo ocorrer variaes de 10;
Flexo Dorsal: movimento no qual o dorso do p voltado para a cabea,
formando um ngulo obtuso entre a tbia e o dorso do p, os msculos envolvidos
neste movimento so: tibial anterior e extensor longo dos dedos, e a amplitude de
movimento de 0-20, podendo ocorrer uma variao de 20.
Segundo Hamill e Knutzen (1999), a amplitude do movimento de dorsiflexo menor que a
de flexo plantar, pois esta fica limitada pelo contacto sseo entre o colo do tlus e a tbia,
bem como pela cpsula, pelos ligamentos e pelos msculos flexores plantares.
Para Kisner e Colby (1998), fisiologicamente, existe uma toro externa da tbia, de modo
que o encaixe do tornozelo se depara com aproximadamente 15 para fora. Por isso na
dorsiflexo, o p movimenta-se para cima e levemente para o lado, com a flexo plantar, o p
move-se para baixo e medialmente. A dorsiflexo a posio estvel e tencionada da
articulao talocrural e a flexo plantar a posio frouxa:
Inverso: movimento no qual se vira a planta do p para a perna, os msculos
envolvidos so: tibial anterior e posterior, com assistncia dos flexores longos
dos dedos e do hlux, a amplitude de movimento de 0-45;
Everso: movimento no qual se vira a planta do p para a parte lateral da perna,
os msculos envolvidos so: extensor longo dos dedos e fibular longo e curto, a
amplitude de movimento de 0-30.
Prevalncia de leses do tornozelo nos jogadores de Futebol do Sporting Clube da Praia - poca 2008/09
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Mulligan (2000) destaca que a flexo plantar e a dorsiflexo constituem os movimentos
primrios da articulao, ocorrem no plano sagital e esto acoplados com aduo e abduo,
respectivamente. Em conformidade com Kapandji (2000), durante a flexo do tornozelo o
malolo lateral se afasta do medial e simultaneamente sobe ligeiramente enquanto as fibras
dos ligamentos tibiofibulares e da membrana interssea tm a tendncia de tornar-se
horizontais, quando ento ele gira sobre si mesmo no sentido da rotao interna. Durante a
extenso do tornozelo ocorre ao contrrio, o malolo medial se aproxima do lateral, devido a
contraco activa do tibial posterior, cujas fibras se inserem nos dois ossos, fechando assim a
pina bimaleolar; simultaneamente o malolo lateral desce, ocorrendo a verticalizao das
fibras ligamentares, com uma ligeira rotao externa do malolo lateral.
Igualmente, Kapandji (idem) salienta que durante a flexo do tornozelo a articulao
tibiofibular superior recebe o contragolpe dos movimentos do malolo lateral, onde a face
articular fibular desliza para cima e a interlinha se abre para baixo (separao dos malolos) e
para trs (rotao interna). Durante a dorsiflexo do tornozelo pode-se observar os
movimentos inversos, onde a fbula desce e a pina bimaleolar se fecha (aduo) para dar
estabilidade.
Para Hurwitz et al. (2001) e, Mcpoil e Brocato (1993), biomecanicamente o tornozelo ou
articulao talocrural opera como uma dobradia de um nico eixo, voltado obliquamente
para o eixo longo da perna entre as pores finais dos malolos, direccionada num ngulo de
23 graus com o eixo transverso do plat tibial. importante ressaltar que o eixo da
articulao varivel e depende da posio das superfcies articulares. Em relao a este
aspecto, para Mulligan (2000), o eixo de movimento da articulao do tornozelo possui essa
orientao oblqua, pois o malolo lateral fica localizado distal e posteriormente em relao
ao malolo medial.
Entretanto, assim como sublinham Mcpoil e Brocato (idem), biomecanicamente o p normal
necessita de apenas 20 de flexo plantar e 10 de dorsiflexo quando o joelho est estendido e
o p em posio neutra. Enquanto poucas pessoas perdem a necessria flexo plantar, outras
perdem os 10 de dorsiflexo necessrios para a marcha normal. Durante o ciclo da marcha,
imediatamente aps a fase de mdio apoio com o joelho em extenso e o p em posio
neutra ou levemente supinado, a tbia move-se anteriormente por aproximadamente 10 sobre
Prevalncia de leses do tornozelo nos jogadores de Futebol do Sporting Clube da Praia - poca 2008/09
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a trclea do tlus. Quando no possvel esta necessria dorsiflexo, ir ocorrer alguma
forma de compensao como a retirada precoce do calcanhar e/ou pronao da articulao
subtalar, acarretando uma alterao biomecnica da marcha.
Sobre este particular, conforme Hamill e Knutzen (1999), na corrida, ocorrem
aproximadamente 50 graus de dorsiflexo quando h 50% do apoio do p e uma rpida flexo
plantar de 25 graus durante a retirada dos artelhos, e medida que se aumenta a velocidade da
corrida a quantidade de flexo plantar diminui. Na mesma linha de raciocnio, segundo
Mulligan (idem), um pequeno grau de movimento acessrio fisiolgico acompanha a flexo
plantar e a dorsiflexo. Quando se realiza a flexo plantar o corpo do tlus desliza
anteriormente, e na dorsiflexo desliza posteriormente, ocorrendo na dorsiflexo estabilidade
mxima aos estresses angulares e de toro, devido ao deslizamento posterior do tlus que
penetra como uma cunha no encaixe bimaleolar.
1.2.2.1 Articulao Subtalar ou Transtalar
De acordo com Mcpoil e Brocato (idem), a articulao posterior ou subtalar a articulao
entre a faceta anterior, posterior e medial cncava da superfcie inferior do tlus, e a faceta
posterior convexa da superfcie superior do calcneo, ligados por um ligamento intersseo
forte entre a faceta posterior e mdia. Sustentam ainda que em funo de ser o tlus um
componente que integra tanto as articulaes talocrural quanto subtalar, este referido como a
chave do complexo articular do tornozelo. Segundo Hamill e Knutzen (1999), o tlus e o
calcneo so os maiores ossos sustentadores de peso do p, onde o tlus transmite todo o peso
do corpo para o p, sendo importante ressaltar que nenhum msculo se insere no tlus. De
acordo com Hall (2000), existem quatro ligamentos talocalcaneanos que unem o tlus ao
calcneo.
Na ptica de Hurwitz et al. (2001), a articulao subtalar sinovial plana do tipo dobradia,
apresentando um nico eixo que se desloca 41 a 45 graus a partir do plano transverso e 16 a
23 graus a partir do plano sagital. Enquanto para Mcpoil e Brocato (1993), o eixo da
articulao subtalar estende-se numa direco oblqua da superfcie plantar pstero-lateral
superfcie dorsal ntero-medial. Funcionalmente, a articulao subtalar com o seu eixo age
como uma reduzida articulao oblqua a fim de adaptar o corpo s irregularidades do solo.
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Porm, nas ideias de Mcpoil e Brocato (idem), apesar de apresentar um nico eixo, na
articulao subtalar ocorre um movimento triplano, ou seja, movimento que ocorre
simultaneamente nos trs planos com movimento concomitante sobre um eixo simples. Este
movimento triplanar ocorre devido ao eixo que corre pelos trs planos.
Nos mesmos termos, Hurwitz et al. (2001), sustentam que o deslocamento da articulao
subtalar provoca o movimento em direco oblqua em trs planos e em duas combinaes:
pronao, que consiste em uma abduo (no plano transverso), dorsiflexo (no plano sagital)
e uma everso do calcneo (no plano frontal); e supinao, movimento que consiste em uma
aduo (plano transverso), flexo plantar (plano sagital) e uma inverso do calcneo (plano
frontal).
Em relao a este aspecto, conforme Mcpoil e Brocato (idem), torna-se imperativo dizer que
estes movimentos existem apenas na situao de ausncia de descarga de peso (cadeia
cintica aberta) com o tlus permanecendo parado na articulao de pina e o calcneo
movendo-se em relao ao tlus. Por outro lado, durante a descarga de peso na fase da marcha
as foras de frico e reaco do solo evitam a aduo-abduo e flexo dorsal e plantar de
um movimento de cadeia cintica aberta. Portanto a supinao em cadeia cintica fechada
consiste numa inverso do calcneo com uma abduo e dorsiflexo do tlus; enquanto a
pronao em cadeia cintica fechada combina a everso do calcneo com aduo e flexo
plantar do tlus sobre o calcneo, observando-se, portanto que o movimento de everso e
inverso do calcneo no se alteram com ou sem descarga de peso, podendo-se adoptar as
mesmas medidas de avaliao em ambas as situaes.
Para Edmond (2000), durante a pronao em cadeia fechada, o tlus gira de modo que sua
superfcie ventral se movimenta medialmente e a superfcie dorsal, lateralmente. Esse
movimento geralmente descrito como aduo do tlus. O tlus tambm faz a flexo plantar
durante a pronao e ao mesmo tempo, o calcneo se movimenta para uma posio de valgo.
Durante a supinao ocorre ao contrrio. Com o movimento em cadeia aberta, o osso que se
movimenta o calcneo. A mobilidade intra-articular para a everso subtalar pode ser
restaurada pela rotao do calcneo ventral lateralmente e, ao mesmo tempo, inclinando-se o
calcneo para a posio de varo.
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Segundo Hamill e Knutzen (1999), na caminhada so necessrios aproximadamente 4 graus
de inverso e 6 a 7 graus de everso do calcneo em indivduos saudveis.
De acordo com Mulligan (2000), a funo primordial da articulao subtalar permitir a
rotao da perna no plano transverso durante a fase de apoio da marcha. A rotao do tlus
sobre o calcneo permite ao p tornar-se um transmissor direccional e um conversor do torque
para a cadeia cintica durante a pronao e a supinao. Estas caractersticas permitem ao p
tornar-se um adaptador frouxo ao terreno no apoio mdio e uma alavanca rgida para a
propulso.
De acordo com Mcpoil e Brocato (1993), esta relao pode ser observada quando uma pessoa
que esta em p realiza uma supinao, constatando-se que a tuberosidade tibial est rodando
externamente e h um aumento do arco do p, observando-se posteriormente uma inverso do
calcneo com rotao externa. De outro modo, se for realizada uma pronao, pode-se
observar que a tuberosidade tibial roda internamente e o arco do p se achata com a everso
do calcneo.
Para Hamill e Knutzen (idem), uma segunda funo da articulao subtalar a absoro de
choque, tambm ocorrendo pela pronao na articulao subtalar que abaixa o membro
inferior para permitir a absoro durante o contacto do calcneo. Os movimentos subtalares
tambm permitem que a tbia rode internamente num passo mais rpido e mais largo que o
fmur, facilitando deste modo o destravamento da articulao do joelho.
Hamill e Knutzen (idem), afirmam que durante o contacto do calcanhar, caracteristicamente o
p faz contacto com o solo numa posio levemente supinada (2 a 3 graus) e ento abaixado
at o solo em flexo plantar. A articulao subtalar imediatamente se move em pronao,
acompanhando a rotao externa da tbia e do fmur. O tlus, por sua vez, roda medialmente
sobre o calcneo, iniciando a pronao resultante do contacto lateral do calcanhar,
sobrecarregando assim o lado medial. A pronao continua at que o mximo de amplitude
seja atingido com aproximadamente 35 a 45% da fase de apoio. Durante o andar a pronao
mxima situa-se na amplitude entre 3 a 10 graus, e na corrida entre 8 e 15 graus, sendo que
mais de 19 graus de pronao considera-se como excessivo.
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Da mesma forma, esses autores (idem) asseguram que no estgio em que o p est totalmente
colocado sobre o solo durante a fase de apoio, a tbia comea a rodar externamente, e como a
parte anterior do p est ainda fixa no solo, esta rotao externa transmitida ao tlus. A
articulao subtalar deve ento comear a supinar em resposta rotao externa. Devem
ocorrer aproximadamente de 3 a 10 graus de supinao at a retirada do calcanhar do solo.
Na ptica de Mulligan (2000), o elevado ngulo de inclinao da articulao subtalar
(aproximadamente 45 graus no plano transverso) causa uma reduo relativa no movimento
de inverso e everso do calcneo e um maior movimento de rotao tibial, o que resulta nas
patologias relacionadas postura secundria uma absoro precria das foras de reaco do
solo. Inversamente o indivduo com baixo grau de inclinao (menos de 45 graus) da
articulao subtalar demonstra um aumento relativo na mobilidade calcnea resultando assim
mais problemas de uso excessivo e fadiga relacionados ao p e secundrio hipermobilidade
calcnea.
Para Hamill e Knutzen (1999), a articulao estabilizada por cinco ligamentos curtos e
potentes, os quais devem resistir s foras elevadas e sobrecargas intensas durante a
deambulao e a movimentao do membro inferior. Os ligamentos que suportam o tlus
impedem a pronao e a supinao excessiva, ou especificamente a abduo, aduo, flexo
plantar, dorsiflexo, inverso e everso.
1.2.2.2 Articulao Mediotrsica ou Transtarsal
Sobre este particular, Mcpoil e Brocato (1993) ressaltam que, por um lado, a articulao
mediotrsica ou ainda tarsal transversa composta por duas articulaes separadas a
talocalcaneonavicular medialmente e a calcaneocubide lateralmente. A articulao
talocalcaneonavicular fica entre a cabea do tlus e a faceta posterior do osso navicular, bem
como as facetas anterior e medial do tlus e calcneo. Por outro, que a articulao
talocalcaneonavicular uma articulao sinovial, do tipo esferide que auxilia a articulao
subtalar nos movimentos de inverso e everso, no obstante a cpsula da articulao
talocalcaneonavicular ser completamente independente da cpsula anterior da verdadeira
articulao subtalar.
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Ainda, que a articulao calcaneocubide a articulao sinovial entre a faceta anterior do
calcneo e a faceta posterior do osso cubide. Ela do tipo plana ou planartrose, e os seus
movimentos so de deslizamento.
Na ptica de Hamill e Knutzen (1999), os ossos navicular e cubide se articulam de tal modo
que permitem apenas um leve movimento e portanto, podem ser considerados um nico
segmento. Vista por cima, a articulao transversa do tarso possui a forma de um S.
A articulao talocalcaneonavicular considerada triaxial e a calcaneocubide biaxial,
permitem movimentos da parte anterior do p com referncia parte posterior.
Para Mcpoil e Brocato (1993), na articulao transtarsal so permitidos dois tipos de
movimento atravs de dois eixos: um oblquo e outro longitudinal. Enquanto um movimento
sobre um eixo da articulao transtarsal possa ser independente do movimento de outro eixo,
a localizao de ambos os eixos depende da posio da articulao subtalar, a qual afecta as
outras articulaes do p atravs dos arcos longitudinais deste. Desta feita, o predomnio da
articulao subtalar sobre a transtarsal essencial na obteno da funo normal do p, pois
na pronao da articulao subtalar, os eixos da articulao transtarsal tornam-se paralelos e o
p flexvel ou hipermvel, e na supinao da subtalar, os eixos da transtarsal convergem e o
p torna-se rgido e nivelado.
Portanto, conforme Hamill e Knutzen (1999), durante a pronao da articulao subtalar o p
fica mvel para absorver o choque do contacto com o solo e tambm para adaptar-se s
superfcies irregulares. Quando os eixos esto paralelos, a parte anterior do p tambm pode
flectir-se e estender-se livremente em relao parte posterior do p. O movimento na
articulao mediotrsica fica irrestrito a partir do contacto do calcneo at o apoio total do p
sobre o solo durante a deambulao, quando ento comea a flectir-se em direco
superfcie. Na mesma lgica de pensamento, aqueles autores asseguram que durante a
supinao da articulao subtalar, a articulao mediotrsica fica rgida e mais estvel desde o
p plano sobre o solo at a retirada dos artelhos durante o passo na medida em que o p
realiza a supinao, ficando o p geralmente estabilizado, criando uma alavanca rgida quando
h 70% da fase de apoio. Nesse momento h tambm mais carga sobre a articulao
mediotrsica, tornando a articulao entre o tlus e o navicular mais estvel.
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Parafraseando Hurwitz et al. (2001), o eixo em torno do qual ocorrem a inverso e everso
orientado com o eixo longitudinal do p, subindo de posterior para anterior a partir da face
plantar do p a um ngulo de 15 e dirigido medialmente a um ngulo de 9. O movimento em
torno desse eixo permite que o p se adapte a uma variedade de orientaes da superfcie
durante a locomoo. Um segundo eixo que sobe de modo semelhante ao primeiro, mas a um
ngulo de 52, dirige-se medialmente a um ngulo de 57. Esse eixo de rotao aumenta a
dorsiflexo e flexo plantar.
A articulao mediotrsica com o cubide e o navicular oferece estabilidade aos arcos
longitudinal e transversal, importantes para a absoro de choques e distribuio de peso.
Existem cinco ligamentos suportando articulao do p, dos quais de seguida falaremos nos
itens posteriores.
1.2.2.3 Articulao Tibiofibular Inferior
A articulao tibiofibular formada pela extremidade inferior da tbia e da fbula uma
sindesmose na qual um denso tecido fibroso mantm os ossos juntos. A tbia e a fbula
apresentam igual funo no desenvolvimento e estabilizao do tornozelo.
Para Henning e Henning (2003), a superfcie articular do malolo fibular levemente
convexa, encaixando-se perfeitamente na incisura fibular da tbia e mantendo ntimo contacto
pela tenso da sindesmose tibiofibular distal. Mulligan (2000) ressalta que a articulao
tibiofibular proporciona um movimento acessrio de forma a permitir maior liberdade de
movimento ao tornozelo. A fuso ou hipomobilidade desta articulao pode restringir ou
deteriorar a funo do tornozelo. Durante a flexo plantar do tornozelo a fbula desliza
inferiormente nas articulaes tibiofibulares superior e inferior, enquanto o malolo lateral
roda medialmente para causar uma aproximao dos dois malolos. Com a dorsiflexo os
movimentos acessrios opostos tornam possvel uma ligeira separao dos malolos e
acomodam a poro mais larga do talo anterior. O movimento acessrio da articulao
tibiofibular ocorre tambm com supinao (inverso calcnea) e pronao (everso calcnea).
A cabea da fbula desliza distal e posteriormente com a supinao e proximal e
anteriormente durante a pronao.
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1.2.2.4 Articulaes Inter/Tarsometatrsicas e Inter/Metatarsofalangianas
Segundo Mulligan (2000), o movimento do p distal articulao transtarsal pertence s
articulaes intertrsicas e tarsometatrsicas ou de Lisfranc. Em ambos os casos, o
movimento restringe-se a uma dorsiflexo quase desprezvel e a 15 de flexo plantar.
Tambm, Mulligan (idem) enaltece que os dedos se movem em torno das articulaes
metatarsofalangianas e interfalangianas (sinoviais em dobradia) em flexo e extenso. O
movimento em torno das articulaes metatarsofalngicas, inclui a abduo e aduo. O hlux
tem uma amplitude de flexo de 30 e uma amplitude de extenso de 90. Os demais dedos
tm uma amplitude de flexo um pouco maior, situando-se em torno de 50.
As articulaes intertrsicas so o conjunto das articulaes dos ossos do tarso entre si,
formadas pela articulao cneonavicular, cneocuboide, cubideonavicular e as articulaes
intercuneiformes.
Na perspectiva de Hall (2000), a articulao cneonavicular (cimeo-escafide) a unio entre
o osso navicular (ou escafide) e os trs ossos cuneiformes. Ela uma articulao sinovial do
tipo plana. A articulao cneocuboide a articulao entre o osso cubide e o terceiro
cuneiforme, e a articulao cubideonavicular entre os ossos cubide e navicular uma
articulao fibrosa do tipo sindesmose.
Relativamente a este aspecto, Hall (idem) destaca que as articulaes intercuneiformes
consideradas sinoviais e do tipo plana so as articulaes entre os ossos cuneiformes. Os
ossos destas articulaes esto unidos pelos ligamentos dorsal, plantar e intersseo.
De acordo com Hamill e Knutzen (1999), os movimentos das articulaes intertrsicas,
basicamente so de deslizamento e rotao, auxiliando e complementando os movimentos de
inverso e everso do tornozelo. Nas articulaes intercuneiformes, ocorre ainda um pequeno
movimento vertical que altera o formato do arco transverso do p. No que tem a ver com os
ligamentos, Hall (idem), sustenta que os principais ligamentos das articulaes intertrsicas
so: ligamento talocalcneo lateral; ligamento talocalcneo medial; ligamento talocalcneo
intersseo; ligamento talonavicular e ligamento bifurcado.
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Citando Hall (2000), Hamill e Knutzen (1999), as articulaes que compreendem o antep so
tarsometatrsicas; metatarsofalangianas e articulaes interfalangianas do p. As primeiras
so articulaes planas e no-axiais permitindo apenas um limitado movimento de
deslizamento entre os cuneiformes e o primeiro, segundo e terceiro metatarsos, e entre o
cubide e quarto e quinto metatarsos. As segundas so articulaes condilideas e biaxiais,
admitindo a flexo e extenso, aduo e abduo. E as ltimas so articulaes uniaxiais em
dobradia, nas quais ocorrem apenas movimentos de flexo e extenso. Hamill e Knutzen
(1999) conceituam que os movimentos das articulaes tarsometatrsicas alteram a forma do
arco plantar, que aumenta a sua curvatura, quando o primeiro metatarso flexiona e abduz a
medida que o quinto metatarso flexiona e aduz. Da mesma forma o arco plantar rectificado
quando o primeiro metatarso se estende e aduz e o quinto metatarso se estende e abduz.
Os movimentos de flexo e extenso nas articulaes tarsometatrsicas tambm cooperam
para a inverso e everso do p. A maior parte do movimento ocorre entre o primeiro
metatarso e o primeiro cuneiforme, e a menor parte entre o segundo metatarso e os
cuneiformes.
Conforme Hamill e Knutzen (idem), a mobilidade um factor importante no primeiro
metatarso j que este se encontra significativamente envolvido no apoio de peso e propulso.
A mobilidade diminuda no segundo metatarso tambm significativa j que este o pico do
arco plantar e a continuao do eixo longo do p. Estas articulaes so mantidas pelos
ligamentos dorsais medial e lateral. De acordo com Edmond (2000), todas as articulaes
metatarsofalangeanas e interfalangeanas so convexas proximalmente e cncavas distalmente.
Na mesma linha, certificam que as articulaes metatarsofalangianas recebem carga durante a
fase propulsiva da marcha, aps a retirada do calcneo e o incio da flexo plantar e da flexo
falngica. Existem dois ossos sesamides situados sob o primeiro metatarso para diminuir a
carga sobre um dos msculos do hlux na fase de propulso. A este respeito, Kapandji (2000),
todas essas articulaes tm dupla funo, em primeiro lugar orientar o p com relao aos
outros eixos (visto que a orientao no plano sagital corresponde a tibiotarsiana) para que o p
possa orientar-se correctamente no cho, seja qual for a posio da perna e a inclinao do
terreno. Em segundo lugar, modificam tanto a forma quanto a curvatura da abbada plantar
para que o p possa adaptar-se s desigualdades do terreno, e desta maneira criar entre o cho
e a perna um sistema amortecedor que concede elasticidade e flexibilidade ao passo.
Prevalncia de leses do tornozelo nos jogadores de Futebol do Sporting Clube da Praia - poca 2008/09
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Para Hamill e Knutzen (idem), outra funo das articulaes que compreendem o antep
manter o arco metatrsico transverso, longitudinal medial e manter a flexibilidade no primeiro
metatarso. O plano do antep na cabea do metatarso, formado pelo segundo, terceiro e quarto
metatarsos, deve estar orientado perpendicularmente ao eixo vertical do calcanhar no
alinhamento normal do antep, sendo esta a posio neutra do antep.
De acordo com Hamill e Knutzen (idem), se o plano do antep estiver inclinado com o lado
medial mais alto, est a ocorrer uma supinao do antep ou varo. Se o lado medial do antep
estiver abaixo do plano neutro, est ocorrendo uma pronao do antep ou valgo. E se o
primeiro metatarso estiver abaixo do plano das cabeas dos metatarsos, considera-se que h
uma flexo plantar no primeiro raio, que est muitas vezes associada elevao dos arcos do
p.
Segundo Hall (2000), os artelhos actuam, portanto, facilitando a transferncia de peso para o
p oposto durante a deambulao e ajudam a preservar a estabilidade durante a sustentao do
peso, exercendo presso sobre o solo quando necessrio.
Os msculos que participam dos movimentos das articulaes metatarsofalangianas so:
Flexo dos dedos: flexor curto do hlux; lumbricais e intersseos;
Extenso dos dedos: extensor longo dos dedos; extensor longo do hlux e extensor
curto dos dedos.
Nas articulaes interfalangianas os principais movimentos so:
Flexo dos dedos: flexor longo dos dedos; flexor longo do hlux; flexor curto do
hlux; flexor curto dos dedos e flexor do dedo mnimo;
Abduo dos dedos: abdutor do hlux; abdutor do dedo mnimo e intersseos dorsais;
Aduo dos dedos: adutor do hlux e intersseos plantares.
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1.2.3 Estrutura Ligamentar
Os ligamentos colateral medial e lateral so os principais estabilizadores passivos do
tornozelo e do p, pois asseguram uma articulao estvel e ao mesmo tempo malevel ao
solo.
Uma estabilidade adicional do tornozelo fornecida pelos ligamentos, primeiramente pelos
ligamentos tibiofibulares ntero-inferior e pstero-inferior, ligamento tibiofibular transverso e
o ligamento intersseo crural, os quais ajudam a manter a tbia e a fbula juntas.
Na perspectiva de Mcpoil e Brocato (1993), na face lateral do tornozelo (Figura 2)
encontram-se os ligamentos colaterais e laterais que formam trs estruturas distintas: o
ligamento talofibular anterior, o ligamento calcaneofibular e o ligamento talofibular posterior,
os quais tm origem no malolo lateral e insero nos ossos navicular, tlus e calcneo.
Destes trs ligamentos somente o calcaneofibular fornece apoio s articulaes talocrural e
subtalar. A mdia do ngulo entre os ligamentos talofibular anterior e calcaneofibular de
aproximadamente 105 no plano sagital.
Figura 2 Ligamentos e tendes do tornozelo vista lateral
Fonte: Netter (2000)
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De acordo com Mcpoil e Brocato (idem), na face medial do tornozelo (Figura 2) o deltide o
principal ligamento da face medial, o qual tem origem no malolo medial e insero nos ossos
tlus e calcneo oferecendo apoio a ambas as articulaes talocrural e subtalar. Este ligamento
apresenta duas camadas: a camada superficial origina-se na extremidade do malolo medial e
se abre em forma de um leque triangular para se inserir no tlus, enquanto a camada profunda
se origina na subsuperfcie do malolo medial e percorre um caminho horizontal dentro da
articulao do tornozelo para a superfcie medial do tlus. A ruptura deste ligamento rara em
funo de sua resistncia, e um traumatismo na poro medial da articulao do tornozelo
resulta mais comummente em avulso maleolar.
Figura 3 Ligamentos e tendes do tornozelo vista medial
Fonte: Netter (2000)
Para Mcpoil e Brocato (idem), a estrutura sublateral do tornozelo formada por dois grandes
ligamentos que formam a articulao subtalar: o talocalcanear intersseo e o cervical. O
primeiro um ligamento quadrilateral espesso que se origina no sulco calcanear, perto da
cpsula da articulao subtalar posterior. As fibras se dirigem medial e superiormente para se
inserir no sulco talar. As fibras internas so mais curtas que as externas, com as fibras mediais
se tornando retesadas durante a pronao da articulao subtalar. O ligamento cervical o
mais forte dos ligamentos entre o tlus e o calcneo. A origem do ligamento cervical a face
ntero-medial do seio do tarso, perto da insero do extensor digitorum brevis. As fibras se
dirigem superior e medialmente, para se inserirem na face medial inferior do colo do tlus.
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Por outro, atestam que o ligamento cervical torna-se distendido durante a supinao da
articulao subtalar. As estruturas plantares so inmeras, entretanto trs destas estruturas so
mais comumente referidas. O ligamento plantar longo, origina-se no calcneo e segue
anteriormente para se inserir no osso cubide, e prossegue anteriormente para tambm se
inserir nas bases do terceiro, quarto e quinto metatarsos e, ocasionalmente na base do
segundo. O ligamento plantar longo forma um tnel do osso cubide at as bases dos
metatarsos para o tendo do fibular longo, quando este atravessa a superfcie plantar do p
para se inserir no primeiro raio. Directamente abaixo do ligamento plantar longo, repousa o
ligamento calcaneocubide plantar, mais comummente conhecido como ligamento plantar
curto. Localizado medialmente em relao ao ligamento plantar longo, observa-se o
ligamento calcaneonavicular plantar, mais conhecido como ligamento elstico.
1.2.4 Estrutura Muscular
A parte do membro inferior entre o joelho e a articulao do tornozelo o local de origem
para os msculos que produzem movimento do tornozelo. Dos 23 msculos associados ao
tornozelo e p, 12 so extrnsecos ao p e 19 intrnsecos. De acordo com Hall (2000), os
msculos extrnsecos so aqueles que cruzam o tornozelo, e os msculos intrnsecos possuem
ambas as inseres dentro do p. Portanto, o suporte extrnseco dado pelos msculos da
perna e o intrnseco pelos ligamentos e musculatura do p.
1.2.4.1 Msculos Extrnsecos do P
Os msculos extrnsecos so classificados em trs grupos: crural anterior, crural posterior e
crural lateral. Para Hamill e knutzen (1999), todos os msculos extrnsecos, excepto o
gastrocnmio, sleo e plantar actuam nas articulaes subtalar e mediotrsica.
1.2.4.2 Crural Anterior
Os msculos crurais anteriores esto associados ao compartimento anterior que limitado
pela tbia e septo intermuscular, sendo este grupo formado pelos msculos tibial anterior,
extensor longo do hlux e extensor longo dos dedos (Figura 4).
Prevalncia de leses do tornozelo nos jogadores de Futebol do Sporting Clube da Praia - poca 2008/09
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Figura 4 Msculos da perna vista anterior e posterior
Fonte: http://mclocosta.sites.uol.com.br/MiologiaPerna.htm 17/04/2011
Segundo Mulligan (2000), este agrupamento muscular actua durante a fase de oscilao e as
fases de apoio ou toque do calcanhar para o aplanamento do p durante a marcha.
Para Hamill e Knutzen (idem), o tibial anterior actua realizando a dorsiflexo do tornozelo
principalmente em cadeia cintica aberta, o msculo do grupo cujo tendo o mais distante
da articulao, dando a ele mais vantagem mecnica, tornando-o o dorsiflexor mais potente.
Da mesma forma, Mulligan (idem) asseveram que na marcha, o tibial anterior basicamente
opera concentricamente na fase de oscilao e excentricamente na fase de apoio. Na fase final
da elevao dos artelhos, comea a contrair-se concentricamente para dar incio dorsiflexo
do tornozelo e da primeira fileira dos ossos do tarso, e a seguir supinar o p ligeiramente
durante a fase final da oscilao como preparo para o apoio do calcanhar. Quando o p
golpeia o solo, o tibial anterior inverte sua funo para desacelerar ou controlar a flexo
plantar para o aplanamento do p, prevenir a pronao excessiva e supinar o eixo longitudinal
. U f h ,
pronao descontrolada durante a marcha.
http://mclocosta.sites.uol.com.br/MiologiaPerna.htm%2017/04/2011
Prevalncia de leses do tornozelo nos jogadores de Futebol do Sporting Clube da Praia - poca 2008/09
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Portanto, segundo esses dois autores, razoavelmente bem aceite que o tibial anterior no
desempenha qualquer papel na sustentao esttica normal do arco longitudinal do p.
Durante condies com cargas dinmicas, entretanto, a contraco muscular auxilia a fonte
primria de sustentao do arco, as estruturas osteoligamentares. Os indivduos com ps
planos tambm necessitam de sustentao muscular dos arcos, especialmente pelo tibial
anterior.
Em jeito de sntese, no entender de Mulligan (idem), na sua funo sem sustentao de peso,
os extensores longos dos dedos e do hlux tornam possvel a dorsiflexo do tornozelo e a
extenso dos artelhos. Levando em conta que, diferentemente do tibial anterior, esses tendes
passam lateralmente ao eixo da articulao subtalar, propiciando uma fora de pronao para
a articulao. De facto, a funo principal dos extensores longos manter o eixo oblquo da
articulao mediotrsica na posio pronada por ocasio do apoio do calcanhar e, a seguir,
ajudar a desacelerao controlada da flexo plantar para o aplanamento do p.
Sobre este particular, Hamill e Knutzen (1999), o extensor longo do hlux trabalha com o
flexor longo do hlux para aduzir o p durante a supinao.
1.2.4.3 Crural Posterior
Os msculos do grupo crural posterior so classificados ainda em superficiais ou profundos.
O grupo superficial formado pelo gastrocnmio, sleo e plantares (Figura 4). O grupo
profundo composto pelo poplteo, flexor longo do hlux, flexor longo dos dedos e tibial
posterior.
Para Mulligan (2000), o grupo muscular superficial posterior tem origem acima e abaixo da
articulao do joelho e possui uma insero comum atravs do tendo calcneo. As duas
cabeas do gastrocnmio e o sleo so referidos como trceps da perna. Em cadeia cintica
aberta o trceps sural torna possvel a flexo do joelho, a flexo plantar e a supinao da
articulao subtalar. Em cadeia cintica fechada o gastrocnmio e o sleo so activos durante
toda a fase de apoio da marcha. Hamill e Knutzen (1999) ressaltam que como o gastrocnmio
tambm cruza a articulao do joelho, agindo como flexor do joelho, mais efectivo como
flexor plantar com o joelho estendido e o quadrceps activado.
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Na perspectiva de Hall (2000), os msculos que auxiliam os flexores plantares gastrocnmio e
sleo incluem o tibial posterior, o fibular longo, o fibular curto, o plantar, o flexor longo do
hlux e o flexor longo dos dedos. Segundo Hamill e Knutzen (1999), os outros flexores
plantares produzem apenas 7% da fora de flexo plantar remanescente, desses o fibular
longo e curto so os mais significativos com mnima contribuio do plantar, flexor longo do
hlux, flexor longo dos artelhos e do tibial posterior.
Em conformidade com Mulligan (2000), inicialmente, por ocasio do apoio ou toque do
calcanhar, o gastrocnmio e o sleo se contraem excentricamente para desacelerar a rotao
interna da tbia e a progresso antergrada da tbia sobre o p. A seguir durante o apoio mdio
e a elevao do calcneo eles proporcionam a supinao da articulao subtalar (rodando a
tbia externamente) e a flexo plantar do tornozelo. De acordo com Hamill e Knutzen (1999),
a manuteno da postura erecta obtida atravs da tenso passiva dos msculos posteriores
do corpo, principalmente do solear.
Segundo Henning e Henning (2003), o msculo trceps sural exerce uma fora de cerca de
duas vezes o peso do corpo no apoio unipodal esttico sobre os metatarsos (estando o
calcneo no apoiado), e de at cinco vezes o peso do corpo na fase de desprendimento dos
dedos na marcha.
Para Hamill e Knutzen (1999), entre os msculos que compem o grupo profundo, o flexor
longo do hlux como o nome diz actua principalmente na flexo do hlux em cadeia cintica
aberta, inserindo-se na base da falange distal. Em conjunto com o flexor longo dos dedos este
msculo ajuda a sustentar o arco medial do p.
Comentando Mulligan (2000), o flexor longo dos dedos cujo tendo se divide em quatro
tendes separados que fixam nas bases das quatro falanges distais, actua como supinador da
articulao subtalar e como flexor da segunda quinta articulao metatarsofalangianas em
cadeia cintica aberta. Quando o p est em contacto com o cho e os dgitos esto estveis, o
flexor longo dos dedos estabiliza activamente o p como uma plataforma de sustentao de
peso para a propulso. Se o flexor longo dos dedos funciona sem receber qualquer oposio
por parte da aco dos msculos intrnsecos, o resultado ser o surgimento dos artelhos em
garra.
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Anotando Hamill e Knutzen (1999), afirmativa de que se sabe pouco sobre o tornozelo e o
p e correcta, tendo em vista a controvrsia que envolve as aces do flexor longo do hlux
e o flexor longo dos dedos. Alguns autores indicam que o flexor longo do hlux contribui
significativamente para a propulso do p durante a marcha, contudo, outros relatam que,
embora no seja essencial nesse papel, o msculo crucial na manuteno do equilbrio
durante a posio erecta.
Neste contexto, Mulligan (2000) destaca que o tibial posterior um poderoso supinador e
inversor da articulao subtalar e funciona controlando e invertendo a pronao durante a
marcha. Desacelera a pronao da articulao subtalar e a rotao interna da tbia por ocasio
do apoio ou do toque do calcanhar, e a seguir inverte a sua funo, acelerando a supinao da
articulao subtalar e a rotao externa da tbia durante o apoio. A tbia posterior mantm
tambm a estabilidade da articulao mediotrsica na direco da supinao ao redor de seu
eixo oblquo na fase de apoio da marcha.
1.2.4.4 Crural Lateral
Dois msculos compem o grupo crural lateral, os fibulares longo e curto (Figura 5). Um
septo intermuscular separa esse grupo dos grupos anterior e posterior. Ambos os msculos
passam atrs do malolo lateral e se inserem na face plantar do p.
Figura 5 Msculos da perna vista lateral
Fonte: Netter (2000)
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De acordo com Mulligan (2000), o fibular longo devido a sua fixao ao primeiro metatarso e
ao cuneiforme medial na superfcie plantar, funciona realizando a pronao da articulao
subtalar e a flexo plantar e a everso da primeira fileira em cadeia cintica aberta. Em cadeia
cintica fechada este msculo proporciona apoio aos arcos transverso e longitudinal lateral.
Durante a parte final do apoio mdio e o incio da elevao do calcanhar, estabiliza
activamente a primeira fileira e everte o p a fim de transferir o peso corporal do lado lateral
para o lado medial do p.
Segundo Hamill e Knutzen (1999), o fibular longo tambm responsvel pelo controle da
presso sobre o primeiro metatarso e alguns dos movimentos mais finos do primeiro
metatarso e do hlux.
Para Mulligan (2000), Hamill e Knutzen (1999), o fibular curto principalmente um eversor
no movimento de cadeia cintica aberta e actua conjuntamente com o fibular longo durante a
marcha. O fibular curto tambm contribui para a produo da abduo. A sua principal funo
consiste em estabilizar a articulao calcaneocubide, permitindo que o fibular longo actue
eficientemente sobre a polia do cubide.
1.2.4.5 Msculos Intrnsecos do P
Entre os msculos intrnsecos que se originam e se inserem no prprio p, encontram-se os
msculos extensores e flexores dos artelhos, totalizando 16 pequenos msculos. Segundo
Hamill e Knutzen (1999), os flexores dos artelhos incluem o flexor longo dos dedos, o flexor
curto dos dedos, o quadrado plantar, os lumbricais e os intersseos. Os flexores longo e curto
do hlux produzem flexo deste ltimo. Inversamente o extensor longo do hlux, o extensor
longo dos dedos e o extensor curto dos dedos so responsveis pela extenso dos artelhos.
Sobre o mesmo aspecto, asseveram que num p que faa pronao excessiva, eles ficam mais
activos quando trabalham para estabilizar as articulaes mediotrsica e subtalar.
Segundo Mulligan (2000), esses msculos agem juntos durante a maior parte da fase de apoio
da marcha e a sua funo estabilizar a articulao mediotrsica e os dedos enquanto os
artelhos so mantidos planos sobre o solo at a propulso.
Prevalncia de leses do tornozelo nos jogadores de Futebol do Sporting Clube da Praia - poca 2008/09
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Figura 6 Msculos do p
Fonte: Netter (2000)
1.2.4.6 Estrutura Nervosa
Segundo Hurwtz et al. (2001), diversos nervos cutneos suportam o p. O nervo principal da
superfcie do p o nervo tibial posterior. Seus ramos interdigitais passam por baixo do
ligamento metatarsiano transverso e tornam-se fibrticos sob o peso repetitivo do corpo,
podendo ocorrer um neuroma doloroso (neuroma de Morton), principalmente no terceiro e
quarto ramos. O nervo tibial posterior tambm inerva os msculos intrnsecos do p. A
superfcie dorsal do p inervada pelo nervo fibular superficial. Os bordos medial e lateral do
p so inervados pelo nervo safeno e pelo nervo sural, respectivamente. Todos os trs nervos
cutneos podem ser comprometidos em distrbios dolorosos. Por fim o primeiro espao da
membrana inervado pelo nervo fibular profundo. Como o nervo fibular profundo inerva os
msculos do compartimento tibial anterior, alteraes sensoriais no primeiro espao da
membrana podem indicar anormalidade do compartimento tibial anterior.
1.2.4.7 Arcos Plantares
De acordo com Hall (2000), os ossos do tarso e os metatarsos formam o arco plantar do p,
composto pela associao de trs arcos. Os arcos longitudinal medial e lateral que se
estendem desde o calcneo at os ossos do tarso e os metatarsos, e o arco transverso que
Prevalncia de leses do tornozelo nos jogadores de Futebol do Sporting Clube da Praia - poca 2008/09
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formado pelas bases dos metatarsos. Segundo Hamill e Knutzen (1999), os arcos formam uma
superfcie cncava que corresponde a um quarto de uma esfera. O arco plantar do p institui
um sistema elstico para a absoro de choque, actuando no suporte do peso corporal,
transmisso e repartio das presses de impacto ao solo.
O arco longitudinal medial o mais longo e mais alto, sendo o mais importante dos trs arcos
do ponto de vista esttico e dinmico; composto pelo calcneo, o tlus, o navicular, os
cuneiformes e os trs primeiros metatarsos. O arco longitudinal lateral engloba as seguintes
peas sseas: o quarto e quinto metatarso, o cubide e o calcneo, estando tenso na regio
lateral da face plantar. Quando a articulao subtalar everter-se, o calcneo e o tlus ficam
relativamente paralelos, resultando nos arcos longitudinais lateral e medial paralelos em
antep flexvel.
Hurwitz et al. (2001) referem que quando a articulao subtalar inverter-se, o calcneo e o
tlus esto divergentes, resultando no p rgido. Para Hamill e Knutzen (1999), o arco
longitudinal medial possui um contorno relativamente achatado e uma limitao da
mobilidade. Devido ao facto de ser mais baixo que o arco medial pode fazer contacto com o
solo e apoiar parte do peso na locomoo, actuando como um sustentador do p. O arco
longitudinal medial muito mais flexvel e mvel que o arco lateral e apresenta grande
importncia na absoro de choque aps o contacto com o solo.
Em conformidade com Hall (2000), Hamill e Knutzen (1999) e Magee (2002), o arco
longitudinal medial suportado pelo osso navicular e pelo tlus e mantm sua concavidade
devido estrutura ligamentar formada pelo cneometatarsiano, cneonavicular,
calcaneonavicular plantar, talocalcaniano, plantar longo e pelos msculos tibial anterior e
posterior, fibular longo, flexores e abdutor do hlux, flexor curto dos dedos e ainda pela fscia
plantar. A estabilidade do arco longitudinal lateral se deve rigidez do ligamento
calcaneocubide dorsal, plantar longo e curto e pela forte tenso dos msculos fibulares curto
e longo, flexor curto dos dedos, abdutor do quinto dedo e pela fscia plantar.
Hamill e Knutzen (idem) dizem que a fscia plantar uma aponeurose plantar fibrosa forte
que se estende do calcneo at a articulao metatarsofalangiana. Tem a funo de suportar os
dois arcos e proteger os feixes neurovasculares subjacentes. A fscia plantar pode ser irritada
como resultado de uma amplitude de movimento excessiva do tornozelo.
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O arco transverso mais curto e mais baixo e formado pelos cuneiformes, pelo cubide e
pelos metatarsianos proximais, estando tenso entre o primeiro e o quinto metatarso. O pice
do arco est no cuneiforme mdio e na base do segundo metatarsiano. Todos os metatarsianos
esto conectados aos cuneiformes e ao cubide formando a articulao de Lisfranc.
Da mesma forma, Hurwitz et al. (2001), os ligamentos dorsal e plantar esto mais definidos
na poro medial do arco transverso, o mais importante o ligamento de Lisfranc que sai da
poro lateral do cuneiforme medial para a poro medial da base do segundo metatarsiano.
Os ossos do arco transverso actuam como vigas para suportar o arco, sendo aplanadas durante
a sustentao de peso, podendo suportar trs a quatro vezes o peso corporal (Hamill e
Knutzen, 1999).
Sobre este particular, para Lippert (1996), estes arcos so mantidos pela forma dos ossos e as
relaes entre eles, pelos ligamentos plantares e aponeuroses, e pelos msculos. O ligamento
plantar longo o maior dos ligamentos do tarso, ele se fixa posteriormente no calcneo e vai