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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DO ______ JUIZADO ESPECIAL
CÍVEL DA COMARCA DE VITÓRIA/ES
XXXXXXX, brasileiro, RG xxxxxxxx, CPF xxxxxxxxxx, residente e domiciliado na
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, por seus(as) advogados(as) in fine assinados(as), que em cumprimento
ao art. 39 do CPC recebe intimações na xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, conforme
instrumento de procuração em anexo, vêm respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, propor a presente
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
nos termos do art. 186 do Código Civil c/c art. 14 da Lei nº 8.078 de 11/09/1990, em face da
VGR LINHAS AÉREAS S/A, com filial na Avenida Fernando Ferrari, 3800, Vila Jabor, Vitória, ES
- CEP: 29066-370, inscrita no CPNJ/MF sob o nº 07.575.651/0001-59, pelos fatos e fundamentos
que passa a expor:
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I - DOS FATOS
1. Após uma semana de trabalho longe de casa o Requerente retornaria para
Vitória/ES no voo 2073, cujo horário de decolagem estava previsto para as 20h35min.
2. Chegando próximo ao horário de embarque, os funcionários da Gol anunciaram NO
SISTEMA DE SONORIZAÇÃO DO AEROPORTO QUE O VOO ESTAVA ATRASADO, POIS
ESTAVAM AGUARDANDO A CHEGADA DA TRIPULAÇÃO.
Essa informação foi mantida pela Requerida por mais de 1h, e somente após esse
período o voo constou como CANCELADO NO PAINEL, sem maiores informações.
3. Após vários passageiros irem até o balcão da Gol e indagarem sobre o ocorrido, a
Requerida informara que o cancelamento deu-se em decorrência das condições
climáticas em Vitória/ES (declaração de cancelamento em anexo).
4. Essa informação rapidamente foi contestada, já que vários dos passageiros estavam
com familiares no aeroporto de Vitória aguardando seus familiares e estes
informavam que o aeroporto havia ficado fechado por cerca de 30 minutos, mas já
havia retornado à operação normal, inclusive viam aeronaves pousando e
decolando.
5. Frise-se que a reportagem feita pela TV Gazeta (vídeo anexado aos autos – ver parte
03) DESMENTE a informação passada pela Requerida pois, a própria INFRAERO
informa que o Aeroporto de Vitória funcionou normalmente, sem qualquer tipo de
cancelamento.
6. Com os inúmeros questionamentos que surgiram, os funcionários DESPREPARADOS da
Requerida pediam apenas para os passageiros aguardarem. E eles aguardaram, e
muito!!
7. A Requerida alegou ser impossível alocar os passageiros em outros voos da própria
GOL, ou em voos de outras companhias aéreas, sendo este o pedido inicial dos
passageiros, já que a maioria estrava retornando para casa após uma semana longa
de trabalho em outro estado.
8. Ocorre que, apenas por volta das 23h a Requerida decidiu o que seria feito com os
passageiros, e resolveu transportá-los para um Hotel. A partir daí os passageiros
começaram a retirar as suas bagagens, e em seguida foram para a área externa do
aeroporto.
9. Houve a divisão em dois grupos: os que eram de conexão e os que não eram e assim
cada grupo foi direcionado a um ônibus, sendo que os ônibus só foram liberados
para ir para o hotel próximo à meia noite.
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10. Tamanha a desorganização, alguns foram esquecidos no saguão do aeroporto,
tendo que se deslocar de Taxi até o Hotel.
11. Frise-se que os passageiros tiveram que sair do Hotel impreterivelmente às 9h, sendo
que o voo só sairia ao meio dia, o que causou um sentimento de enorme indignação
no autor, pois além de não conseguir chegar em casa na data esperada, perderia
grande parte do sábado, o que para o autor, que trabalha viajando e tem pouco
tempo para passar com a família é um grande desalento.
12. O autor conseguir se acomodar por volta de 1h da manhã, haja vista o grande
número de check in’s sendo feitos.
13. No dia seguinte, após o café todos foram encaminhamos para o ônibus. Frise-se que
haviam diversos passageiros de vários voos da Gol que também foram cancelados
no dia anterior e que foram direcionados para o mesmo hotel, contudo, no dia
seguinte, para buscar TODOS OS PASSAGEIROS DE TODOS OS VOOS A GOL ENVIOU
APENAS UM ÔNIBUS, sendo que alguns passageiros foram deixados para trás.
14. Depois de mais esse episódio de NOTÓRIO desrespeito ao consumidor, o Requerente
chegou ao aeroporto para aguardar o novo voo (9030) que tinha horário de
embarque previsto para 11h20min e partida 12:00h.
15. Ocorre que, MAIS UMA VEZ O VOO ATRASOU!!! MAIS UMA VEZ NINGUÉM DAVA
INFORMAÇÃO SOBRE O QUE ESTAVA ACONTECENDO!!!!!!!
16. Por volta de 12h10min o próprio autor foi até o guichê da Requerida e foi informado
que o atraso era decorrente da falta de tripulação (comprovada por vídeos).
17. Frise-se que a Requerida não deu sequer uma previsão de quanto tempo levaria
para que essa tripulação fosse formada, informando apenas que “estavam
chegando”.
18. O embarque do voo 9030 só fora liberado às 14h, ou seja, COM MAIS DE 1H DE
ATRASO!!!!
19. Além disso, a decolagem demorou, pois, segundo o comandante, estavam
aguardando a liberação de um documento por parte da INFRAERO para que o voo
fosse liberado. Ora, por que autorizaram o embarque dos passageiros, se sequer a
INFRAERO havia autorizado a decolagem???
20. O autor chegou em Vitória no Sábado, dia 29/11/2014, às 15h10min, ou seja, MAIS DE
15H APÓS O VOO ORIGINARIAMENTE CONTRATADO.
Diante de todo o exposto, resta cabalmente comprovada a conduta ilícita da REQUERIDA,
devendo o autor ser indenizado pelo dano sofrido.
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II – PRELIMINARMENTE
A - DA COMPETÊNCIA TERRITORIAL
O CPC, em seu 100, em seu inciso IV, alínea “b” permite a interposição da ação no local
onde a parte ré possui filial/sucursal, o que é o caso dos autos. Vejamos o teor do artigo:
Art. 100. É competente o foro:
I - da residência da mulher, para a ação de separação dos cônjuges e a conversão desta
em divórcio, e para a anulação de casamento; (Redação dada pela Lei nº 6.515, de
26.12.1977) II - do domicílio ou da residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos;
III - do domicílio do devedor, para a ação de anulação de títulos extraviados ou destruídos;
IV - do lugar:
a) onde está a sede, para a ação em que for ré a pessoa jurídica;
b) onde se acha a agência ou sucursal, quanto às obrigações que ela contraiu;
c) onde exerce a sua atividade principal, para a ação em que for ré a sociedade, que
carece de personalidade jurídica;
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se Ihe exigir o cumprimento;
b) para a ação em que for réu o administrador ou gestor de negócios alheios.
Parágrafo único. Nas ações de reparação do dano sofrido em razão de delito ou acidente
de veículos, será competente o foro do domicílio do autor ou do local do fato.
Frise-se ainda que a norma consumerista, permite ao consumidor, parte hipossuficiente,
escolher o local da interposição da ação, conforme disposto no art. 101 do CDC verbis:
Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, sem
prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste título, serão observadas as seguintes normas:
I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor;
II - o réu que houver contratado seguro de responsabilidade poderá chamar ao processo o
segurador, vedada a integração do contraditório pelo Instituto de Resseguros do Brasil. Nesta
hipótese, a sentença que julgar procedente o pedido condenará o réu nos termos do art.
80 do Código de Processo Civil. Se o réu houver sido declarado falido, o síndico será intimado
a informar a existência de seguro de responsabilidade, facultando-se, em caso afirmativo, o
ajuizamento de ação de indenização diretamente contra o segurador, vedada a
denunciação da lide ao Instituto de Resseguros do Brasil e dispensado o litisconsórcio
obrigatório com este.
Portanto, o disposto na norma consumerista dá ao consumidor o poder de escolha do local
da interposição da ação, tanto que, em eu inciso I, consta que, o consumidor PODE propor
a ação em seu domicílio.
Diante do exposto, a parte autora tem a prerrogativa de interpor a ação tanto em seu
domicílio, como no domicílio do réu.
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III – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
A - DA CARACTERIZAÇÃO DO ATO ILÍCITO
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, consagra a tutela do direito à indenização
por dano material ou moral decorrente da violação de direitos fundamentais:
"Art. 5º (...)
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por
dano material, moral ou à imagem;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado
o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;(...)"
Ato ilícito é aquele praticado em desacordo com a norma jurídica destinada a proteger
interesses alheios, violando direito subjetivo individual, causando prejuízo a outrem e criando
o dever de reparar tal lesão. Sendo assim, o Código Civil define o ato ilícito em seu art. 186:
"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito".
Dessa forma, é previsto como ato ilícito aquele que cause dano, ainda que exclusivamente
moral.
Ora Excelência, a dignidade e integridade do REQUERENTE foram altamente transgredidas
conforme relatados nesta exordial. Resta claro, portanto, a caracterização ato ilícito
cometido pela REQUERIDA.
B - DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA RÉ
O art. 186 do Código Civil define o que é ato ilícito, entretanto, observa-se que não disciplina
o dever de indenizar, ou seja, a responsabilidade civil, matéria tratada no art. 927 do mesmo
diploma legal.
Faça-se constar preluzido art. 927, caput:
"Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repara-lo."
A responsabilidade objetiva apresenta-se como a obrigação de reparar determinados
danos causados a outrem, independente de qualquer atuação dolosa ou culposa do
responsável, sendo necessário que tenham acontecido durante atividades realizadas no
interesse ou sob o controle da pessoa responsável.
Ensina Sérgio Cavlieri Filho em seu livro “Programa de Responsabilidade Civil”, sobre a
responsabilidade objetiva do transportador:
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“(..) a melhor doutrina e jurisprudência evoluíram no sentido de reconhecer a responsabilidade objetiva
ao transportador fundada na TEORIA DO RISCO (Aguiar Dias, Responsabilidade Civil, v. I, n. 109; Agostinho
Alvim, ob. Cit., p. 318). Embora falasse em presunção de culpa, a lei realmente havia estabelecido uma
presunção de responsabilidade contra o transportador, que só poderia ser elidida por aquelas causas
expressamente nelas previstas. Ocorrido o acidente que vitimou o viajante, subsistirá a responsabilidade
do transportador, a despeito da ausência de culpa, porque esta é despicienda em face de teoria do
risco, a única compatível com a cláusula de incolumidade, ínsita no contrato de transporte. (GRIFO
NOSSO)”
O Código de Defesa do Consumidor prescreve, em seu art. 2º, ser consumidor: “toda pessoa
física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”. Sendo
assim, inexistem maiores dificuldades em se concluir pela aplicabilidade do referido Código,
visto que este corpo de normas pretende aplicar-se a todas as relações desenvolvidas no
mercado brasileiro que envolvam um consumidor e um fornecedor.
Desse modo, é perfeitamente aplicável ao caso em tela, o art. 14 do Código de Defesa do
Consumidor, que estipula a responsabilidade do fornecedor de produtos e serviços pelos
danos causados por defeitos relativos à prestação de serviços, conforme se pode verificar:
“Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa,
pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação
dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e
riscos.” (GRRIFO NOSSO)
Nesta seara ensina mais uma vez Sérgio Cavalieri Filho:
“Além da abrangência do conceito de serviço adotado em seu art. 3º, § 2.º, o Código do
Consumidor tem regra específica no art. 22 e parágrafo único. Ficou ali estabelecido que os
órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer
outra forma de empreendimento, além de serem obrigados a fornecer serviços adequados,
eficientes e seguros, respondem pelos danos que causarem aos usuários, na forma prevista
no Código de Defesa do Consumidor. (...)
Corroborando o alegado, colecionamos algumas jurisprudências:
62141880 - APELAÇÃO CÍVEL. RELAÇÃO DE CONSUMO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA.
EMPRESA AÉREA. PASSAGEIROS QUE, POR DUAS VEZES, EM UM GRANDE INTERVALO DE TEMPO,
DECOLAM DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO AOS EUA E TÊM QUE VOLTAR EM RAZÃO DE UM
SUPOSTO PROBLEMA TÉCNICO. FALTA DE INFORMAÇÃO E ASSISTÊNCIA. DESISTÊNCIA DA
VIAGEM POR FALTA DE CONFIANÇA E SEGURANÇA. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA PARCIAL,
CONDENANDO O VALOR DE R$15.000,00 PARA CADA AUTOR A TÍTULO DE DANOS MORAIS E
INDEFERINDO O PEDIDO DE DANOS MATERIAIS. 1. Houve clara falha na prestação do serviço
pela ré, rompendo com princípios básicos da relação de consumo, como confiança,
transparência, respeito e cooperação. Nenhuma informação clara foi dada aos passageiros,
a ponto que os tranquilizassem. Tanto não foi que os apelantes desistiram da viagem, por
não se sentirem em segurança voando pela cia. Aérea, ora apelada. 2. Dano moral
configurado. Admitir tal situação como mero aborrecimento significa dar margem a
instituições como a apelada a agir dessa forma, o que é inadmissível. Destaca-se a presença
de um menor de idade, que se viu obrigado a desistir de uma viagem à cidade de Orlando,
o que obviamente é uma enorme frustração. Valor arbitrado pelo juízo ad quo de acordo
com critérios de razoabilidade e proporcionalidade. 3. Quanto ao pedido de condenação
em danos materiais, é óbvio que, frente à clara falha na prestação do serviço, o valor total
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da viagem deve ser reembolsado, livre de taxas e multas. 4. Descontando o valor do
passageiro que não é autor dessa demanda, ainda resta um quantum remanescente,
conforme demonstrado na peça de apelação em fls. 196/197. Tal valor, contudo, não deve
ser restituído em dobro e sim na sua forma simples, já que não se trata de cobrança indevida,
nos termos do artigo 42 do Código de Defesa do Consumidor. 5. Sentença reformada.
Provimento parcial ao recurso para condenar os apelados em r$1.411,16 (mil quatrocentos
e onze reais e dezesseis centavos), a título de danos materiais e em 10% sob o valor da
condenação a título de honorários de advogado. (TJRJ; APL 0016867-72.2010.8.19.0209;
Vigésima Sexta Câmara Cível; Relª Desª Maria Christina Berardo Rucker; Julg. 28/08/2014;
DORJ 17/09/2014/Exclusividade Magister: Repositório autorizado On-Line do STF nº 41/2009,
do STJ nº 67/2008 e do TST nº 35/2009.
49640223 - PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL. FALHA NO SERVIÇO
CONFIGURADA, NO CASO. DEVER DE INDENIZAR. RELAÇÃO DE CONSUMO. ART. 14 DO CDC.
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO SOMENTE PARA DETERMINAR QUE OS JUROS ARBITRADOS A
TÍTULO DE DANOS MORAIS, NO CASO, DEVEM SER CALCULADOS A PARTIR DA CITAÇÃO. 1. O
código brasileiro de aeronáutica foi elaborado com base em regras vigentes nos anos
oitenta, e, por isso, considera razoável um atraso de quatro horas de vôo. Entretanto, o nccb
já revogou tal conceito, quando de seu advento, ao asseverar, em seu art. 737, que "o
transportador está sujeito aos horários e itinerários previstos, sob pena de responder por
perdas e danos, salvo motivo de força maior. " 2. O Código Civil e o Código de Defesa do
Consumidor, atuam de forma a evitar o abuso das cias aéreas (e demais empresas de
transporte) junto ao consumidor/passageiro. O Código Civil impõe que o transportador deve
estar adstrito aos termos do bilhete contratado, sob pena de responsabilização pelas
respectivas perdas e danos; já o Código de Defesa do Consumidor dispõe sobre a
responsabilidade objetiva na falha da prestação de serviços que tais. 3. Responsabilidade
da cia aérea: Objetiva, na forma delineada pelo art. 14 do CDC. 4. A empresa de aviação,
por força de Lei e de contrato, tem o dever de cumprir o avençado, conduzindo o passageiro
ao seu destino nos moldes contratados. Incumbe-lhe assim, indenizar os danos materiais e
morais causados pelos contratempos e dissabores suportados pelo autor que, pela má
prestação do serviço, sequer chegou a tempo para embarcar em vôo com destino a
londres/inglaterra. 5. Dever de ressarcir o autor, materialmente e moralmente, reconhecido,
no caso. 6. Segundo o STJ, "o dano moral decorrente de atraso de voo prescinde de prova,
sendo que a responsabilidade de seu causador opera-se in ré ipsa (RESP 299.532). 7. A
indenização pelo abalo moral possui caráter de reparação aos prejuízos originados, assim
como serve de reprimenda ao ofensor, para que sinta-se inibido a praticar condutas
similares. 8. "Os juros de mora sobre a verba fixada a título de danos morais, na hipótese de
responsabilidade contratual, incidem desde a citação". Precedentes (AGRG no aresp
268.346/MS, Rel. Ministro marco buzzi, quarta turma, julgado em 12/03/2013, dje 22/03/2013)
9. Recurso conhecido e provido para corrigir somente o termo inicial dos juros de mora
relativos aos danos morais. (TJES; APL 0012020-40.2009.8.08.0024; Segunda Câmara Cível; Rel.
Des. Álvaro Manoel Rosindo Bourguignon; Julg. 30/07/2013; DJES 12/08/2013/Nota:
Repositório autorizado do STF nº 41/2009, do STJ nº 67/2008 e do TST nº 35/2009. (grifos nossos)
Portanto, resta cabalmente demonstrada a responsabilidade objetiva da Requerida,
devendo o dano sofrido pelo Requerente ser devidamente indenizado.
C - DO DANO MORAL
Existem circunstâncias em que o ato lesivo afeta a personalidade do indivíduo, sua honra,
sua integridade psíquica, seu bem-estar íntimo, suas virtudes, causando-lhe, enfim, mal-estar
ou uma indisposição de natureza espiritual. Sendo assim, a reparação, em tais casos, reside
no pagamento de uma soma pecuniária, arbitrada pelo consenso do juiz, que possibilite ao
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lesado uma satisfação compensatória da sua dor íntima e dos dissabores sofridos, em
virtude da ação ilícita do lesionador.
Desse modo, a indenização pecuniária em razão de dano moral é como um lenitivo que
atenua, em parte, as consequências do prejuízo sofrido, superando o déficit acarretado
pelo dano.
Ora Excelência, após todos os fatos expostos resta claro o dano moral sofrido pelo autor.
Passar horas dentro de um aeroporto SEM INFORMAÇÕES CORRETAS. Aliás, fato relevante e
que merece ser observado com cuidado por esse nobre julgador consiste no fato de que
primeiro a Requerida informou que o voo estava atrasado pois a tripulação estava atrasada
pois vinham de outro voo. Muito tempo depois informaram o cancelamento do voo e que
este ocorrera por questões meteorológicas, O QUE NÃO CONDIZ COM A REALIDADE DOS
FATOS, pois havia um passageiro que é Supervisor na Torre de Comando do Aeroporto de
Vitória/ES, e confirmou que essa informação não era verdadeira. O mesmo poderá ser
constatado no vídeo em que foi realizada a reportagem pela TV Gazeta, em que o
apresentado Ted Conti, na 3ª parte do Vídeo (27 segundos em diante) AFIRMA QUE LIGOU
PARA A INFRAERO E ELES CONFIRMARAM QUE O AEROPORTO DE VITÓRIA/ES ESTAVA
OPERANDO NORMALMENTE, OQUE CONTRADIZ A INFORMAÇÃO PASSADA PELA REQUERIDA.
Após mais de 4h de informações desencontradas a Requerida resolveu cumprir as normas
da ANAC e enviou os passageiros para um Hotel, tudo na mais alta desordem, sem orientá-
los sobre como proceder, tendo passageiros inclusive que foram esquecidos no saguão do
Aeroporto.
No dia seguinte, o Requerente, aliviado pois aquele martírio de horas sem retorno e sem
solução havia acabado e finalmente voltaria para casa, ledo engano.
O voo selecionado pela Requerida para substituir aquele que fora cancelado no dia
anterior TAMBÉM ATRASOU!!! Ora, ao total foram mais de 15h de descaso e falta de
informação e desrespeito ao consumidor!!!
Por isso questionamos, nobre julgador: ATÉ QUANDO EMPRESAS DO PORTE DA GOL
CONTINUARÃO A DESRESPEITAR O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, A NOSSA CARTA
MAGNA, ENFIM, A DIGNIDADE DAS PESSOAS??? Precisamos mudar esta realidade, e fazer
com que as empresas passem a respeitar o consumidor.
Insta salientar que em recente decisão do Egrégio Superior Tribunal de Justiça, o dano moral
passa a ser presumido nos casos em que ocorrem o cancelamento e atrasos de voos.
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Citamos logo abaixo a informação publicada no site do Supremo Tribunal de Justiça1:
STJ define em quais situações o dano moral pode ser presumido
Diz a doutrina – e confirma a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) – que a
responsabilização civil exige a existência do dano. O dever de indenizar existe na medida
da extensão do dano, que deve ser certo (possível, real, aferível). Mas até que ponto a
jurisprudência afasta esse requisito de certeza e admite a possibilidade de reparação do
dano meramente presumido?
O dano moral é aquele que afeta a personalidade e, de alguma forma, ofende a moral e a
dignidade da pessoa. Doutrinadores têm defendido que o prejuízo moral que alguém diz ter
sofrido é provado in re ipsa (pela força dos próprios fatos). Pela dimensão do fato, é
impossível deixar de imaginar em determinados casos que o prejuízo aconteceu – por
exemplo, quando se perde um filho.
No entanto, a jurisprudência não tem mais considerado este um caráter absoluto. Em 2008,
ao decidir sobre a responsabilidade do estado por suposto dano moral a uma pessoa
denunciada por um crime e posteriormente inocentada, a Primeira Turma entendeu que,
para que “se viabilize pedido de reparação, é necessário que o dano moral seja
comprovado mediante demonstração cabal de que a instauração do procedimento se deu
de forma injusta, despropositada, e de má-fé” (REsp 969.097).
Em outro caso, julgado em 2003, a Terceira Turma entendeu que, para que se viabilize
pedido de reparação fundado na abertura de inquérito policial, é necessário que o dano
moral seja comprovado.
A prova, de acordo com o relator, ministro Castro Filho, surgiria da “demonstração cabal de
que a instauração do procedimento, posteriormente arquivado, se deu de forma injusta e
despropositada, refletindo na vida pessoal do autor, acarretando-lhe, além dos
aborrecimentos naturais, dano concreto, seja em face de suas relações profissionais e
sociais, seja em face de suas relações familiares” (REsp 494.867).
Atraso de voo
Outro tipo de dano moral presumido é aquele que decorre de atrasos de voos, inclusive nos
casos em que o passageiro não pode viajar no horário programado por causa de
overbooking. A responsabilidade é do causador, pelo desconforto, aflição e transtornos
causados ao passageiro que arcou com o pagamentos daquele serviço, prestado de forma
defeituosa.
Em 2009, ao analisar um caso de atraso de voo internacional, a Quarta Turma reafirmou o
entendimento de que “o dano moral decorrente de atraso de voo prescinde de prova,
sendo que a responsabilidade de seu causador opera-se in re ipsa” (REsp 299.532).
O transportador responde pelo atraso de voo internacional, tanto pelo Código de Defesa
do Consumidor como pela Convenção de Varsóvia, que unifica as regras sobre o transporte
aéreo internacional e enuncia: “Responde o transportador pelo dano proveniente do atraso,
no transporte aéreo de viajantes, bagagens ou mercadorias.”
Dessa forma, “o dano existe e deve ser reparado. O descumprimento dos horários, por horas
a fio, significa serviço prestado de modo imperfeito que enseja reparação”, finalizou o
relator, o então desembargador convocado Honildo Amaral.
A tese de que a responsabilidade pelo dano presumido é da empresa de aviação foi
utilizada, em 2011, pela Terceira Turma, no julgamento de um agravo de instrumento que
envolvia a empresa TAM. Nesse caso, houve overbooking e atraso no embarque do
passageiro em voo internacional.
O ministro relator, Paulo de Tarso Sanseverino, enfatizou que “o dano moral decorre da
demora ou dos transtornos suportados pelo passageiro e da negligência da empresa, pelo
que não viola a lei o julgado que defere a indenização para a cobertura de tais danos” (Ag
1.410.645). (GRIFO NOSSO)”
1 Disponível em: < http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=106255 >. Acesso em:
17/12/2014
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Embora a indenização não consiga desfazer o ato ilícito, não resta dúvida de que possui
um caráter paliativo e consolador, visto que amenizará, ao menos um pouco, o
constrangimento sentido pelo REQUERENTE. Uma das funções da indenização por danos
morais, é de compensar a vítima pelo dano sofrido.
Pontes de Miranda, citado por Valdir Florindo afirma com exatidão que:
"o homem que causa dano a outrem não prejudica somente a este, mas à ordem social,..."
(Florindo, Valdir. "Dano Moral e o Direito do Trabalho" Editora LTr São Paulo, 1996, pág.
156).(G.N)
Assim, a indenização deve ser suficiente para penalizar a Ré, e para isso, necessário é saber
qual a posição econômica do mesmo. Uma indenização de valor ínfimo, comparando-se
com o capital das Rés, perderia seu efeito, senão, estimularia as Rés à prática de tais atos
desqualificados, pois acharia que saiu "lucrando".
Uma indenização de valor ínfimo, além de causar um dano irreparável a vítima, seria um
estimulo para outros, que possuem a mesma mentalidade das Rés, pratique tais atos,
prejudicando assim, a ordem social.
Portanto, ao arbitrar a indenização por danos morais, a Justiça deve atuar como guardiã,
não somente dos direitos da vítima, mas sim da sociedade, devendo penalizar
exemplarmente aqueles que não sabem conviver corretamente na mesma.
Com o intuito de contribuir com a análise do nobre magistrado, colecionamos as seguintes
jurisprudências:
48605772 - JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS. CONSUMIDOR. TRANSPORTE AÉREO. ATRASO NO VÔO.
FALTA DE ASSISTÊNCIA MATERIAL. IMPOSSIBILIDADE DE DESEMBARQUE DA AERONAVE. FALHAS
NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DESCASO. TRANSTORNOS. DANO
MORAL CONFIGURADO. VALOR INDENIZATÓRIO. INOBSERVÂNCIA AOS CRITÉRIOS DE
RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. MAJORAÇÃO NECESSÁRIA. RECURSO DO AUTOR
(BRUNO) CONHECIDO E PROVIDO. RECURSO DO RÉU (GOL LINHAS AÉREAS) CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA. 1. É certo que o atraso em razão de
fechamento de aeroporto por força das chuvas é caso fortuito que afasta a
responsabilidade da empresa aérea. 2. No caso concreto, no entanto, a responsabilidade
da prestadora de serviço se configurou pelo descaso com que o autor/recorrente (bruno),
juntamente com os demais passageiros, foi tratado pelos prepostos da ré/recorrente (gol
linhas aéreas), considerando que depois de mais de quatro horas em que o autor foi proibido
de sair da aeronave, lá permanecendo sem qualquer assistência material da empresa,
somente foi liberado depois que as comissárias de bordo disseram já ter cumprido seu horário
de trabalho e saíram da aeronave, antes dos passageiros. 3. No aeroporto, para o qual
haviam sido desviados, a empresa aérea demonstrou que não estava preparada para
prestar a assistência necessária aos passageiros. Pelo contrário, no momento do
desembarque com os passageiros desejando saber como a empresa iria solucionar a
questão, fechou a loja existente no aeroporto, ficando totalmente desassistidos, o que gerou
tamanha confusão que foi necessária a atuação da polícia. 4. Tais fatos configuram
situação excepcional que extrapola os transtornos, aborrecimentos e constrangimentos
corriqueiros decorrentes da inadimplência contratual, configurando violação aos direitos de
personalidade do autor/recorrente e ensejando a respectiva indenização. 5. Não tendo sido
devidamente sopesados os critérios para a fixação do dano extrapatrimonial, tais como as
peculiaridades do caso concreto, os constrangimentos e transtornos sofridos pelo
autor/recorrente, as condições pessoais das partes envolvidas e os critérios de
proporcionalidade e razoabilidade e, principalmente o caráter pedagógico da
indenização, o valor fixado pela magistrada sentenciante deve ser majorado de R$ 2.000,00
para R$ 5.000,00 (cinco mil reais), pois atende mais adequadamente aos mencionados
critérios. 6. Recurso do autor (bruno) conhecido e provido. Recurso da ré (gol linhas aéreas)
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conhecido e desprovido. Sentença reformada tão somente para majorar a indenização,
pelos danos morais sofridos, para R$ 5.000,00 (cinco mil reais). 7. Condenada a parte
recorrente vencida (gol linhas aéreas) ao pagamento das custas processuais e dos
honorários advocatícios, estes últimos arbitrados em 15% (quinze por cento) sobre o valor da
condenação (art. 20 § 3º do CPC c/c art. 55 da Lei nº 9.099/95). (TJDF; Rec 2014.01.1.031913-
0; Ac. 822.253; Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal; Rel. Juiz
Leandro Borges de Figueiredo; DJDFTE 02/10/2014; Pág. 231/Exclusividade Magister:
Repositório autorizado On-Line do STF nº 41/2009, do STJ nº 67/2008 e do TST nº 35/2009.
62141779 - RECURSO DE APELAÇÃO. Direito do consumidor. Contrato de transporte aéreo.
Cancelamento do voo que impossibilitou a consumidora, a época adolescente, a assistir ao
show da banda rebeldes, realizado na cidade de são Paulo. Sentença que condenou o
fornecedor do serviço ao pagamento de danos materiais e morais. Insurgência de ambas
as partes. Recurso de apelação interposto pelo primeiro e segundo apelantes. Preliminar de
ilegitimidade passiva da empresa gol linhas aéreas. Rejeição. Empresa que atua como
holding e apresenta sua logomarca no bilhete adquirido pela consumidora. No mérito,
pretensão de reforma da sentença. Não acolhimento. Empresa aérea que confirma o atraso
no voo e alega problemas referentes à condição climática. Caso fortuito interno que não
rompe o nexo de causalidade. Inteligência da Súmula nº 94 do TJRJ. Dever de indenizar.
Dano material comprovado. Dano moral que decorre da violação ao direito da
personalidade, in re ipsa. Valor da indenização de R$ 10.000,00 impugnado por ambas as
partes. Manutenção. Quantum arbitrado em consonância com os princípios da
razoabilidade e proporcionalidade. Acolhimento da pretensão formulada pela consumidora de fixação do termo a quo para a incidência dos juros de mora de 1% ao mês, a partir da
citação, e correção monetária a partir da prolação da sentença impugnada.
Desprovimento dos recursos interpostos pelo primeiro e segundo apelantes. Parcial
provimento do recurso interposto pelo terceiro apelante. (TJRJ; APL 1047402-
69.2011.8.19.0002; Vigésima Sétima Câmara Cível; Rel. Des. Fernando Antonio de Almeida;
Julg. 20/08/2014; DORJ 16/09/2014/Exclusividade Magister: Repositório autorizado On-Line do
STF nº 41/2009, do STJ nº 67/2008 e do TST nº 35/2009.
48510559 - DIREITO DO CONSUMIDOR. RECURSO APRESENTADO EM PEÇA ÚNICA POR VRG.
LINHAS AÉREAS E GOL LINHAS AÉREAS. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO DA VRG. LINHAS
AÉREAS, QUE SEQUER FAZ PARTE DA RELAÇÃO JURÍDICA. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE
PASSIVA DA GOL LINHAS AÉREAS REJEITADA. NO MÉRITO, CANCELAMENTO DE VOO. QUATRO
HORAS DE ESPERA. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. RISCO DA ATIVIDADE. DANOS MORAIS
CONFIGURADOS. NEGADA REDUÇÃO DO VALOR. RECURSO DA VRG. LINHAS AÉREAS NÃO
CONHECIDO. RECURSO DA GOL LINHAS AÉREAS IMPROVIDO. Trata-se de recurso interposto
contra a r. sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos iniciais, para
condenar a Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A. a pagar R$ 4.500,00 (quatro mil e quinhentos
reais), a título de danos morais, a serem repartidos entre os autores. Os consumidores, Jair
Antônio Bilacchi, Gilberto Vaciles Bilacchi e Jorge Luiz Roxo Ramos, propuseram ação
indenizatória contra a Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A. afirmando que esperaram por mais
de quatro horas para embarcar de Salvador a Brasília, em razão do cancelamento do voo.
O d. Juízo de Primeiro Grau entendeu que houve falha da empresa. A VRG. Linhas Aéreas
S.A., terceira estranha à relação processual, e a Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A.
interpuseram recurso único. Preliminarmente, defendem que a Gol Linhas Aéreas Inteligentes
S.A. é parte ilegítima. Alegam, em síntese, que o atraso se deve a culpa de terceiros e
defendem a inexistência de falha no serviço. Insurgem-se contra os danos morais e contra o
valor fixado. Inicialmente, não conheço do recurso da VRG - Linhas Aéreas S.A. que sequer
faz parte da relação processual. A demanda foi movida contra a Gol Linhas Aéreas
Inteligentes S.A. e contra ela a condenação foi dirigida. Afasto a preliminar de ilegitimidade
passiva da Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A. A solidariedade dos fornecedores decorre do
próprio sistema de defesa do consumidor. Assim, o art. 7º, parágrafo único, do Código de
Defesa do Consumidor, dispõe que tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão
solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo. Sobre essa
responsabilização, é preciso observar que muitas vezes a cadeia de fornecimento organiza-
se, entre os diversos participantes e parceiros comerciais, por intermédio de relações de alta
complexidade, nas quais o consumidor sequer sabe com quem está contratando ou quem
são os demais parceiros comerciais responsáveis pela distribuição do serviço. fenômeno da
desmaterialização do fornecedor. Nesses casos, a doutrina e a jurisprudência evoluíram para
alcançar a responsabilidade solidária dos participantes da cadeia de fornecimento. Isso
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porque, o termo fornecedor inclui todos os participantes da cadeia de produção e
distribuição de serviços, mesmo nos casos em que os serviços são prestados através da
contratação de terceiros. A recorrente se enquadra no conceito de fornecedor (art. 3º do
Código de Defesa do Consumidor), visto que comercializa serviços aos consumidores. E ao
passo que aufere os lucros oriundos da atividade, assume também os riscos do negócio,
respondendo, inclusive, pela falha na prestação do serviço de seus parceiros comerciais.
Cabe-lhe, portanto, avaliar as vantagens da adoção dessa prática, ou responsabilizar seus
parceiros comerciais por eventuais perdas e danos. No mérito, analisando o recurso da Gol
Linhas Aéreas Inteligentes, a controvérsia deve ser solucionada sob o prisma do sistema
jurídico autônomo instituído pelo Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/1990), que
por sua vez regulamenta o direito fundamental de proteção do consumidor (art. 5º, XXXII, da
Constituição Federal). Os fatos alegados não são aptos a configurar caso fortuito, são
inerentes à atividade assumida pela empresa. Responde, assim, em atenção à teoria do
risco do negócio. Quanto ao dano moral, restou demonstrada a violação à dignidade dos
autores, ante o descaso da empresa aérea em prestar assistência e informações claras e
suficientes a respeito do cancelamento. A doutrina e a jurisprudência estão apoiadas na
assertiva de que o prejuízo imaterial é uma decorrência natural (lógica) da própria violação
do direito da personalidade ou da prática do ato ilícito. O quantum a ser fixado deverá
observar as seguintes finalidades. compensatória, punitiva e preventiva, além do grau de
culpa do agente, do potencial econômico e características pessoais das partes, a
repercussão do fato no meio social e a natureza do direito violado, obedecidos os critérios
da equidade, proporcionalidade e razoabilidade. O valor fixado de R$ 4.500,00 (quatro mil
e quinhentos reais), a ser repartido entre os autores, não pode ser tido como excessivo, considerando-se a gravidade da conduta da Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A., bem como
o seu potencial econômico. Ante o exposto, NÃO CONHEÇO do recurso da VRG. Linhas
Aéreas S.A., porque ela sequer faz parte da relação processual. CONHEÇO e NEGO
PROVIMENTO ao recurso da Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A. e mantenho a r. sentença por
seus próprios fundamentos. Vencida a Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A., deverá arcar com
custas processuais e honorários advocatícios, os quais fixo em 20% (vinte por cento) sobre o
valor da condenação, a teor do art. 55 da Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995. Acórdão
lavrado conforme o art. 46 da Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995. (TJDF; Rec
2012.01.1.119973-6; Ac. 696.357; Terceira Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito
Federal; Rel. Juiz Hector Valverde Santana; DJDFTE 29/07/2013; Pág. 269/Nota: Repositório
autorizado do STF nº 41/2009, do STJ nº 67/2008 e do TST nº 35/2009.
Ademais, para comprovar o nexo de causalidade entre o evento causador do dano, e o
dano sofrido pelo autor, além da passagem aérea, JUNTAMOS VÍDEOS FEITOS PELOS
PRÓPRIOS PASSAGEIROS, QUE DEMONSTRAM A DESORGANIZAÇÃO DA REQUERIDA, ASSIM
COMO REPORTAGENS FEITAS PELO JORNAL A GAZETA ALÉM DE JORNAIS IMPRESSOS, QUE
COMPROVAM QUE A GOL ALÉM DE TER PRESTADO UM PÉSSIMO SERVIÇO PARA OS
SEUS PASSAGEIROS, PASSOU UMA INFORMAÇÃO INVEROSSÍMIL, POIS INFORMOU QUE
O VOO HAVIA SIDO CANCELADO POR PROBLEMAS METEOROLÓGICOS, O QUE FORA
DESMENTIDO PELA INFRAERO POSTERIORMENTE, restando, portanto, devidamente
comprovada a necessidade de reparação do autor, que fora engano pela Requerida,
fazendo com que fosse tomado por um sentimento de impotência e humilhação.
Ademais, compulsamos ainda decisões proferidas em diversos casos similares ao vivido pelo
autor, com o intuito de demonstrar um padrão no comportamento da empresa ré, e ainda,
de demonstrar o valor da condenação, para que esta não seja irrisório, ao ponto de
estimular a Requerida a manter esse tipo de comportamento que fere a legislação pátria,
e viola o direito dos consumidores.
Além de toda a documentação outrora citada, juntamos o faturamento da Requerida
correspondente ao 1º trimestre de 2015, sendo a receita líquida de R$ 2,5 bilhões, conforme
podemos identificar a seguir:
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Destarte, o dano moral sofrido pelo autor está devidamente comprovado nos autos,
devendo ser deferida a indenização pleiteada. No que tange ao quantum debeatur, este
deverá respeitar condições das partes, a gravidade da lesão, a sua repercussão na esfera
dos lesados e o potencial econômico social do lesante.
D - DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.
Cediço que o consumidor, pessoa natural, não se encontra no mesmo plano de igualdade
com o incorporador/construtor, até porque não dispõe de acesso as informações internas,
sendo, portanto hipossuficiente. Em sendo assim, poderá solicitar a inversão do ônus da
prova tendo preenchidos os seguintes requisitos:
Verossimilhança das alegações do consumidor (a alegação do Autor é verossímil, visto
que trouxe provas irrefutáveis);
Hipossuficiência técnica (falta de conhecimento técnico, específico).
Vejamos a posição da melhor doutrina:
“Neste enfoque, a Lei 8.078/90 prevê a facilitação da defesa do consumidor através da
inversão do ônus da prova, adequando-se à universalidade de jurisdição, na medida em
que o modelo tradicional mostrou-se inadequado às sociedades de massa, obstando o
acesso à ordem jurídica efetiva e justa”. (Código de Defesa do Consumidor, comentado
pelos autores do anteprojeto, Ed. Forense Universitária, 5ª ed., pág. 119, 1997).
O entendimento pretoriano entende no mesmo diapasão (inclusive determinando a
prevalência do art. 6º, VIII sobre a regra do art. 333, I do CPC), in verbis:
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“94417544 - AGRAVO DE INSTRUMENTO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. CABIMENTO.
HONORÁRIOS PERICIAIS. ART. 33 DO CPC. JUSTIÇA GRATUITA. RECURSO PARCIALMENTE
PROVIDO. Presentes os requisitos de verossimilhança da alegação ou da hipossuficiência do
consumidor, é cabível a inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º, VIII, do CDC. O
pagamento dos honorários periciais é devido por quem postula a prova,
independentemente da parte sobre a qual recai o onus probandi, nos termos do art. 33 do
Código de Processo Civil. O benefício da assistência judiciária abrange os honorários
periciais, devendo a respectiva despesa recair sobre a parte sucumbente ou, sendo este
beneficiário da justiça gratuita, ficará por conta do Estado e suspensa a exigibilidade do
pagamento, em relação ao Assistido, nos termos do art. 12 da Lei nº 1.050/60. (TJMG; AGIN
1.0338.13.005950-8/001; Rel. Des. Conv. Anacleto Rodrigues; Julg. 25/02/2014; DJEMG
27/02/2014/Exclusividade Magister: Repositório autorizado On-Line do STF nº 41/2009, do STJ
nº 67/2008 e do TST nº 35/2009.
Verifica-se no caso em tela que foram cumpridos todos os requisitos necessários para que
ocorra a INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA, sendo este, portanto, totalmente cabível.
IV - DOS PEDIDOS
Diante de todos os fatos e fundamentos anteriormente dispostos, REQUER:
I - Que se julgue PROCEDENTE a presente demanda, condenando-se a REQUERIDA ao
pagamento de verba indenizatória pelo DANO MORAL sofrido pelo autor, no quantum
debeatur a ser estabelecido na sentença;
II - A citação da REQUERIDA, no endereço indicado, para que querendo e podendo,
conteste a presente peça exordial, sob pena de revelia e de confissão quanto à matéria
de fato, de acordo com o art. 319 do CPC;
III - A inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º, VIII do CDC, ficando ao encargo da
REQUERIDA a produção de todas as provas que se fizerem necessárias ao andamento do
feito;
IV - Seja condenada a REQUERIDA a pagar as custas processuais e os honorários
advocatícios sucumbenciais, na importância de 20%, nos moldes do art. 20 do CPC, caso
haja interposição de recurso.
Pretende provar o alegado mediante a produção de prova documental, testemunhal,
depoimento pessoal, pericial, e demais meios de prova em Direito admitidos, nos termos do
art. 332 do Código de Processo Civil.
Dá-se à causa o valor de R$ 16.000,00 (quinze mil reais).
Vitória/ES, 05 de Janeiro de 2015.
Termos que
Pede e aguarda deferimento
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OAB/xx xxxxx