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Pedro Borges de Lemos
MOÇÃO DE ESTRATÉGIA GLOBAL AO
28º CONGRESSO DO CDS-PP
AVEIRO | 25 | 26 JANEIRO 2020
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Índice
1. O que tem de mudar no CDS-PP; 2. Economia; 3. Justiça; 4. Credibilidade do Estado.
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O que tem de mudar no CDS-PP
O CDS tem de retomar o pendor humanista e recuperar
os valores fundacionais do partido.
Tem de se assumir como uma força política
conservadora, mas não retrógrada.
Deve voltar a defender com intransigência a identidade,
a cultura e a tradição, mas sempre numa perspetiva
atualista.
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Deve apostar na afirmação de um partido interclassista,
qualificado através da escolha dos seus dirigentes em
todos os meios socioeconómicos, privilegiando a
elevação ética e o mérito cívico e profissional.
Deve ter como prioridade na sua ação política dar voz e
capacidade de decisão às BASES.
Deve pugnar por uma efetiva proximidade entre os
dirigentes partidários e os eleitores, designadamente no
que se refere aos círculos por onde aqueles são eleitos.
No que respeita à União Europeia deve preconizar a
defesa das SOBERANIAS e a EUROPA DAS NAÇÕES.
Devemos voltar a ser um partido verdadeiramente de
DIREITA, e não ter complexos em assumir esta vocação
por questões eleitoralistas.
Temos, neste momento, um CDS escondido e
envergonhado, que tem complexos em assumir-se.
A direita humanista, conservadora e patriótica nunca
teve, na democracia portuguesa, verdadeiros líderes e,
por isso, nunca assumiu protagonismo.
Temas como a DEFESA, a SEGURANÇA, a
OLIGARQUIA, o ENRIQUECIMENTO ILÍCITO e a
CORRUPÇÃO são tocados superficialmente pelo CDS
nas campanhas eleitorais e nunca chegam a ter reflexo
em propostas legislativas.
Para que cresça uma direita ousada e fiel a causas,
como a defesa intransigente das questões da
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SOBERANIA, dos VALORES DA VIDA e da DIGNIDADE
DA PESSOA HUMANA, da FAMÍLIA, da CULTURA e da
TRADIÇÃO, é urgente dar espaço aos valores e
promovê-los através de personalidades fortes e
mobilizadoras, personalidades que não são
representadas pelos atuais candidatos à liderança do
partido.
Neste momento, o caminho passa por uma afirmação
eleitoral inequívoca de um CDS-PP que se deve afirmar
eleitoralmente através do seu LÍDER, com o seu projeto
e com as suas soluções para Portugal, mas também
com coerência, com sentido de Estado e sem desvios
de oportunismo político.
Do ponto de vista autárquico, o CDS-PP deve seguir a
mesma linha, respeitando naturalmente os acordos de
coligação existentes com o PSD, mas nunca se diluindo
no PSD.
Respeitando e ouvindo sempre as estruturas locais do
Partido naquilo que é a sensibilidade dos militantes
relativamente a coligações que não podem ser
impostas pelas distritais, pela Nacional ou pelo
presidente do partido, em detrimento da vontade das
BASES.
Nesse caminho autárquico, o objetivo político do CDS
deve ser o aumento do número de câmaras governadas
por Presidentes eleitos pelo CDS.
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Temos de voltar a criar uma teia autárquica, fazer
crescer e alargar a rede de autarcas do Partido e,
sobretudo, não podemos centrar as nossas atenções
só em Lisboa porque PORTUGAL NÃO É SÓ LISBOA.
Defendemos também a DESCENTRALIZAÇÃO do
partido através de delegações pelo país onde sejam
realizados conselhos nacionais e onde o presidente se
desloque e faça reuniões de trabalho com as BASES
locais.
Os autarcas terão de ser acompanhados pelo líder do
Partido e pela sua direção que lhes deverá dar todo o
apoio.
O abandono das estruturas locais por razões de
importância das respetivas concelhias ou de distância
geográfica, não demonstra solidariedade e coesão
partidárias.
A recuperação da matriz ideológica democrata cristã e
personalista do CDS implicará, pois, a sua abertura à
sociedade civil, aos independentes e os movimentos
sociais, cívicos e de cidadania, sem sectarismos
ideológicos, e num espírito de diálogo, inclusivo e de
respeito pelas diferenças.
Neste âmbito o Partido para enfrentar as lutas e os
desafios a que se propõe, tem inevitavelmente que
definir sem tibiezas algumas das suas realidades
internas, que se refletem garantidamente no exterior.
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Tem necessariamente de assumir e mediatizar a sua
posição relativamente à realidade europeia porque em
bom rigor e se formos sinceros, não é conhecida por
nós militantes e muito menos pela generalidade dos
portugueses.
A grande preocupação, acompanhamento e apoio, que
o Partido e os seus dirigentes, incluindo os seus
deputados, deverão permanentemente dar às estruturas
locais e aos militantes de base, que são os verdadeiros
impulsionadores e mentores do crescimento e
implantação do Partido nas suas diferentes vertentes.
Sem as BASES, nenhum partido existe e muito menos,
cresce.
Neste conjunto de modificações, que entendemos
devem ser urgentemente implantadas e postas em
prática e que é nossa firme certeza de que se assim
não for o CDS não só não sobreviverá como
definitivamente não crescerá com consistência, e
passam também por uma alteração significativa do
relacionamento do Partido com a JP, organização
autónoma responsável em larga escala pela existência
do Partido e pelo seu crescimento.
Defendemos a valorização da mesma com um
aprofundamento constante de diálogo e de preparação
estratégica entre o Partido e esta organização de modo
a que no que respeita à atividade parlamentar, como
defendemos na nossa última moção, exista um
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deputado da JP responsável pelo diálogo com a
direção do partido, e no que diz respeito às questões
discutidas parlamentarmente, as mesmas sejam
solicitadas, nas matérias a que mais se dedicam, a
emitir sempre parecer.
Alertamos, no entanto, para um acentuar nos últimos
anos, de uma centralização de poderes e decisões no
líder da JP, o que consideramos nefasto para a
democraticidade da própria estrutura da JP.
Defendemos e praticaremos, como na última moção
que apresentámos no último congresso e que veio a ser
atendido pela direção do Partido, que na construção
das listas de candidatos a deputados, a JP indicará um
candidato que figurará na lista em lugar previsivelmente
elegível, para que o nosso grupo parlamentar fique
cada vez mais enriquecido e valorizado, nomeadamente
nas temáticas mais envolventes para esta organização
autónoma.
Há que devolver à direita portuguesa carisma e
capacidade mobilizadora, uma agenda atualista e a
convicção genuína na defesa das causas.
Com um espaço vazio na direita portuguesa e sendo a
marcha da História imprevisível, incontrolável e com
novos desafios, cumpre olhar para este perigoso
avanço do discurso da esquerda portuguesa e refletir
numa inflexão da rota, a bem de Portugal.
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ECONOMIA
Defendemos uma ECONOMIA SOCIAL DE MERCADO
que está intimamente ligada ao processo de integração
económica e política que representa o projeto europeu.
A simbiose entre os fundamentais do mercado livre e a
equidade social está na génese deste modelo
económico mantido há décadas com sucesso, em
países como a Alemanha e a Áustria, mas muitos são
os Estados que têm seguido o liberalismo capitalista
desenfreado, cego às matérias sociais.
Num país periférico como Portugal longe dos grandes
mercados e com limitações próprias de uma
democracia deficiente, é recorrente que, face aos
desafios da globalização, o estímulo ao crescimento
económico faça esquecer as questões sociais.
Para concorrermos à escala global e ao abrigo do
Tratado do Livre Comércio – a qualidade e a eficiência
são vetores determinantes.
Em Portugal é tempo de se apostar mais na
investigação e no desenvolvimento, com a transferência
da tecnologia para as empresas, de modo a que estas
possam concorrer em paridade com as suas
congéneres internacionais.
Inovação, empreendedorismo e meritocracia são as
bases de um modelo de desenvolvimento económico
promotor do progresso.
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Mas os desenvolvimento económico tem de ser
consentâneo com um modelo social igualmente
musculado.
A ECONOMIA SOCIAL DE MERCADO enraizada na
tradição social cristã aponta para um incremento global
da sociedade, considerando os indicadores tradicionais
de desenvolvimento mas também indicadores
complementares, como os que se referem à
desigualdade e à pobreza.
Numa época em que este paradigma está em crise pela
prevalência que se dá ao princípio individualista e à
razão do mais forte sobre o social, é urgente que o
Estado intervenha na Economia com MEDIDAS
REGULADORAS DE POLÍTICAS PÚBLICAS nas áreas
social e do mercado de trabalho, corrigindo excessos e
arbitrariedades.
Aliás, a própria tradição sindical que é dada como
historicamente próxima do socialismo tem as suas
origens na doutrina social da igreja tal como a
Economia Social de Mercado.
Sem a necessária coesão social e territorial, sem a
harmonização fiscal quanto ao imposto sobre as
empresas, sem a fluidez na circulação de trabalhadores
e de prestadores de serviços, não é possível
prosseguir-se na Europa uma verdadeira Economia
Social de Mercado, que cada vez mais deveria estar no
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centro das principais inquietudes da ordem económico-
social da União Europeia.
Está na altura de deixar as lutas partidárias e partir
para uma lida cultural europeia séria onde se anulem os
jacobinismos oriundos da Revolução Francesa, em
benefício de Repúblicas modernas, verdadeiramente
livres e economicamente solidárias.
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JUSTIÇA
O nosso país continua a ter a maior taxa de congestão
de processos cíveis da EU.
O desígnio comum de uma JUSTIÇA ACESSÍVEL,
CÉLERE e SEGURA está longe de se concretizar.
As custas judiciais subiram vertiginosamente nos
últimos anos e são hoje incomportáveis para as bolsas
da classe média, a espera de anos por uma sentença e
o ambiente de insegurança relativamente aos sistemas
de informação e tramitação processual, geraram a
desconfiança nas instituições e nos seus agentes.
Respeitando a idiossincrasia de cada sistema jurídico
urge pensar num registo de harmonização com os
outros sistemas dos países da EU.
Mas é, sobretudo, ao nível da garantia dos direitos dos
cidadãos que se deve focar toda a atenção.
Ultimamente têm sido vergonhosamente ofendidos os
mais elementares princípios da cidadania.
São condenáveis os julgamentos em praça pública,
decorrentes das violações graves do segredo de justiça
e do seu aproveitamento soez por parte dos media.
A presunção de inocência é um princípio fundamental
quando falamos de um julgamento justo, independente
e imparcial.
Todos os cidadãos, sem exceção, têm direito a ele.
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Enquanto se mantiver a ideia de que a justiça pode
evoluir com remendos, sem uma reforma séria e
transversal, com ministros da Justiça, como a atual,
com uma visão conservadora, pouco criativa e,
sobretudo, redutora do sistema, não avançaremos para
uma sociedade capaz de afirmar o Estado de direito e
reconhecer iguais oportunidades para todos.
Defendemos que é necessário assumir a prioridade da
justiça e isso significa pôr a Justiça ao serviço das
pessoas e das empresas portuguesas e estrangeiras.
Mas não basta reformar, é preciso alterar os modelos
de justiça.
Será o atual modelo de gestão dos tribunais o que
melhor corresponde às exigências deste Século?
NÃO.
Até porque a previsibilidade e a segurança das
decisões tomadas no passado sem que haja a tentação
de as revogar sempre que mude o ministro, é essencial
para o equilíbrio do sistema judicial.
Mas não pode haver uma alteração dos modelos que
por razões economicistas ponha em rise os direitos,
liberdades e garantias dos cidadãos.
A reforma da justiça não deve implicar a excessiva
desjudicialização do direito que torna a justiça menos
democrática embora a possa tornar aparentemente
mais célere e eficaz.
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A melhoria dos serviços prestados pelo sistema judicial
passa obrigatoriamente por mais magistrados e mais
funcionários judiciais.
Aliás, os atuais quadros estão desatualizados e grande
parte dos mesmos não estão preenchidos.
Pugnamos por uma reforma do sistema prisional,
reforçando a função preventiva e, sobretudo,
ressocializadora dos reclusos.
Defendemos a formação dos agentes judiciais e o
aumento das equipas multidisciplinares,
designadamente dos magistrados em áreas sensíveis
de prevenção e investigação da corrupção e dos novos
crimes como a VIOLÊNCIA DOMÉSTICA, STALKING e
CIBERSTALKING.
Defendemos que o DIREITO DA CRIANÇA deve
suplantar-se ao direito dos presumíveis progenitores e
neste sentido tornar-se menos complexo o processo
de investigação de paternidade, obrigando os putativos
progenitores, através de mandados judiciais, a realizar
os testes de ADN.
Também o processo de ADOÇÃO deverá ser mais
humanizado e célere para a defesa dos interesses da
criança na integração na sua nova família.
O experimentalismo social com crianças contará com a
nossa total desaprovação.
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Consideramos que nos tribunais administrativos e
fiscais seja criada uma nova unidade orgânica da
competência do tribunal contratual que aprecie litígios
decorrentes de contratos públicos.
Esta experiência foi bem sucedida em Espanha, com
excelentes resultados no que toca à celeridade
processual e à resolução dos litígios.
O recurso a sistemas alternativos de resolução de
conflitos deve garantir aos cidadãos a presença
obrigatória de advogado ou solicitador.
Pugnamos pelo regresso dos inventários aos tribunais,
retirando-os das conservatórias para onde foram
reencaminhados.
Consideramos essencial proceder-se a uma redução
das custas judiciais e alargar o acesso ao apoio
judiciário para que mais pessoas tenham acesso à
Justiça.
Defendemos a formação dos agentes de justiça
relativamente às informações a prestar aos media dos
processos judiciais em curso, de maneira a defender o
SEGREDO DE JUSTIÇA e as GARANTIAS DOS
CIDADÃOS.
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Tal como a revisão urgente dos Estatutos dos
Magistrados Judiciais e dos Magistrados do MP no que
concerne aos privilégios que decorrem do seu estatuto
de magistrados em processos-crime em que são
arguidos.
CREDIBILIDADE DO ESTADO
Os eleitores têm consciência que, muitas vezes, elegem
representantes a meio-tempo que quase nunca
privilegiam o contacto direto com o povo?
O CDS do Estado útil, da igualdade entre eleitos e
eleitores, devia dar o exemplo.
Precisamos de TITULARES DE CARGOS PÚBLICOS A
TEMPO INTEIRO, entregues totalmente ao compromisso
que assumiram com os eleitores.
Os cargos políticos devem ser exercidos com inteira
responsabilidade e espírito de missão e não se podem
compadecer com a promiscuidade dos lobbies.
Se o ordenado de deputado é pouco comparativamente
aos rendimentos das respetivas funções privadas, é
preferível não ser candidato e, sobretudo, adquira-se,
de uma vez por todas, o respeito pela proximidade da
cidadania na decisão dos interesses comuns.
Os deputados da Assembleia da República são eleitos
por círculos eleitorais geograficamente definidos por lei,
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mas serão eles verdadeiros defensores dos interesses
das regiões que representam?
NÃO.
Até porque grande parte nem sequer é natural das
mesmas e, durante o mandato, não as auscultam nem
residem lá.
Cumpre ao CDS ser fraturante nesta matéria e acabar
definitivamente com casos destes na própria bancada
parlamentar que evidenciam a manutenção dos
interesses instalados pouco abonatórios à credibilidade
do partido.
Embora não sejam novos os critérios para a escolha
dos deputados e de outros quadros do partido,
ultimamente no CDS o cumprimento coercivo de
decisões sem serem objeto de análise, discussão e
votação pelos militantes e pelas estruturas locais,
tornou-se uma prática corrente que traduz um DÉFICE
DE CULTURA DEMOCRÁTICA.
Ora a imposição dos candidatos não residentes nem
naturais da região por onde são eleitos, revela-se uma
desconsideração grave para com as BAESES,
mantendo-se como motivo de contestação interna.
Também a DESCENTRALIZAÇÃO DE COMPETÊNCIAS
para outras distritais para a além da de Lisboa, torna-
se cada vez mais, uma reivindicação a ter em conta.
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Está na altura do CDS dar o exemplo aos outros
partidos, de vincar a diferença e de confirmar a
verdadeira democracia representativa tão sufragada por
ADELINO AMARO DA COSTA.
A nomeação de familiares, amigos e militantes do
partido dos governantes, para cargos na administração
pública e de representação do Estado continua a
ENVERGONHAR O REGIME DEMOCRÁTICO e a pôr em
causa o natural recrutamento pelo mérito.
Um organismo que se pretenda isento e que
supostamente garanta a seleção pelo mérito, deve ter
um presidente independente e não comprometido com
anteriores Governos da mesma cor política.
Não é o que tem sucedido nos últimos anos.
Urge MUDAR O SISTEMA, dar-lhe TRANSPARÊNCIA e
introduzir RIGOR nos concursos públicos para todos os
cargos com exceção dos de confiança política,
acabando-se com a SHORT-LISTS em que os ministros
podem escolher o nome do candidato que preferirem,
muitas vezes os menos capazes para as funções.
Também a entidade que fiscaliza a seleção dos
candidatos deverá ser presidida por um independente
que não fique numa relação clientelar ou a dever
favores a quem nomeou, devendo ser provido pela AR e
não pelo Governo.
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A coragem de denunciar recrutamentos em que os
primeiros colocados não são obrigatoriamente
nomeados a acabar de vez com o “ Toma lá-dá-cá “
no processo de escolha.
Numa época em que se vive a maior CRISE DE
CREDIBILIDADE DOS TITULARES DE ÓRGÃOS
PÚBLICOS, situações destas aumentam a desconfiança
nas instituições e no próprio regime democrático.
Espanha e Portugal são dos países mais permissivos
relativamente à aceitação de presentes e doações.
Deve avançar-se imediatamente para a elaboração de
um CÓDIGO DE CONDUTA que abranja todos os
agentes políticos, e não só os deputados.
Mas devemos ir mais longe e pugnar pela criação de
uma ENTIDADE INDEPENDENTE, para analisar e
fiscalizar as regras a que os agentes políticos estão
sujeitos, bem como zelar pela atualização dos registos
de cada um durante o respetivo mandato.
Não se use o clássico argumento de que não pode
haver “ um striptease permanente, porque afugenta as
pessoas de funções públicas, pois quem assume servir
deverá sujeitar-se ao escrutínio de todos os seus atos.
Quanto ao Governo, já nos vamos habituando ao seu “
delay” nestas matérias de seriedade institucional.
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Foi criada em 1985 a LEI DAS SUBVENÇÕES MENSAIS
VITALÍCIAS para titulares de cargos políticos com 8
anos de serviço, revista em 1995 para 12 anos.
Em 2005 foram eliminadas sem efeitos retroativos, mas
mesmo assim, segundo dados dos relatórios da
Direção Geral do Orçamento, de 2010 a 2014 foi paga
uma média anual de 5,88 milhões de euros em
subvenções.
Em 2016 os juízes do TC que também são beneficiários
das mesmas, vieram dar razão a um grupo de 30
deputados que se insurgiu contra a suspensão das
subvenções levada a cabo pelo Governo de Passos
Coelho.
Ora destes tribunos 21 eram do PS e 9 do PSD.
Quanto ao CDS sempre se declarou e bem CONTRA a
existência deste privilégio.
A manutenção de um regime especialíssimo de
aposentação dos juízes do TC e as subvenções de que
gozam abalam perigosamente o princípio da trias
política, essencial à credibilidade do Estado.
Aliás, há que não cair na inércia e lutar contra a
manutenção de sistemas de segurança social que
ofendem a igualdade e que aumentam o fosso entre os
portugueses.
Ao dar cumprimento ao dever de transparência, foi
tornada pública a última lista de beneficiários destas
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subvenções e é profundamente lamentável e
vergonhoso que vejamos na mesma os nomes daqueles
que cinicamente defenderam, enquanto políticos, uma
sociedade mais justa e equilibrada.
Os mesmos que agora não prescindem de auxílios
pecuniários criados para os privilegiarem em detrimento
dos seus compatriotas.
O que dirão perante isto os milhões de portugueses que
trabalharam uma vida inteira para receberem agora
pensões indignas?
Que estamos perante um Estado credível defensor da
igualdade de direitos e oportunidades?
Enquanto a classe política não interiorizar que os
privilégios “ naturais” acabaram com o juramento da
Péla não iremos longe na construção do Estado do
Século XXI.
Em Portugal vivemos uma grave crise de confiança na
classe política e se a credibilidade da mesma não for
recuperada rapidamente, podemos em poucos anos ter
um Estado irreversivelmente disfuncional.
Numa época em que os modelos de conduta se
relativizaram, onde as instituições e os códigos sociais
e morais já não influenciam estilos de vida, impõem-se
mudanças estruturais.
É, pois, fundamental promover a RENOVAÇÃO e a
ROTATIVIDADE dos agentes políticos e, para isso,
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estabelecer um LIMITE DE MANDATOS para qualquer
cargo eleitoral.
Vedar a possibilidade de os dirigentes partidários ou
governantes, poderem diretamente empregar parentela
ou indiretamente, exercendo influências com esse fim.
Acabar com a possibilidade de se poder ACUMULAR
um mandato como deputado com um cargo executivo
local devia ser também uma prioridade de agenda.
Não seriam de evitar os conflitos de interesses que se
podem gerar pelo facto de muitos políticos manterem
contratos de consultoria com empresas que trabalham
para o Estado?
A sociedade contemporânea oferece um estilo de vida
cada vez mais livre e aberto, banalizando
comportamentos outrora censuráveis como a violência,
a corrupção e a indignidade na ação das instituições.
Ao inverterem-se os valores instala-se a crise e
assumir como natural que alguém seja candidato a um
cargo político depois de ter sido condenado na justiça
e de ter cumprido pena de prisão, demonstra bem a
vacuidade do nosso quadro de valores éticos.
Ainda que estas sejam propostas inconvenientes para
os caciques de interesses, há que ter a CORAGEM de
pugnar pela sua concretização legislativa a bem de
todos e da sobrevivência do Estado de direito.