Download - Pcdt Diabete Insipido Livro 2013
-
7/23/2019 Pcdt Diabete Insipido Livro 2013
1/16
1 METODOLOGIA DE BUSCA E AVALIAO DA LITERATURAComo fontes de busca de artigos foram utilizadas as bases de dados Medline/Pubmed, Embase e livros-
texto de Medicina, sem restrio a data e a lnguas.
Na base de dados Medline/Pubmed (acesso em 20/03/2010), utilizando-se as expresses Diabete
Insipidus[Mesh] restringindo-se para artigos em humanos com os ltros Practice Guideline[ptyp],
Guideline[ptyp], Clinical Trial[ptyp], Meta-Analysis[ptyp] e Randomized Controlled Trial[ptyp], foram
obtidos 92 artigos.
Na base de dados Embase (acesso em 20/03/2010), utilizando-se a expresso diabete insipidus/exp e
restringindo-se para artigos em humanos com os ltros [cochrane review]/lim OR [controlled clinical trial]/lim OR
[meta analysis]/lim OR [randomized controlled trial]/lim OR [systematic review]/lim, foram obtidos 78 artigos.
A busca em livros-texto baseou-se no livro UpToDate, verso 17.3, disponvel no site www.uptodateonline.com, consultado em 10/03/2010.
Todos os artigos foram revisados, e os identicados como revises, consensos ou estudos clnicos
sobre o tema foram selecionados para a elaborao deste Protocolo.
Em 08/09/2013 foi realizada atualizao da busca. Na base de dados Medline/Pubmed utilizando-se
as expresses Diabete Insipidus[Mesh] restringindo-se para artigos em humanos com os ltros Practice
Guideline[ptyp], Guideline[ptyp], Clinical Trial[ptyp], Meta-Analysis[ptyp] e Randomized Controlled
Trial[ptyp], foram obtidos 7 estudos.
Na base de dados Embase, utilizando-se a expresso diabete insipidus/exp e restringindo-se para
artigos em humanos com os ltros [cochrane review]/lim OR [controlled clinical trial]/lim OR [meta analysis]/lim
OR [randomized controlled trial]/lim OR [systematic review]/lim, foram obtidos 42 estudos.
No foram localizadas revises sistemticas elaboradas pelo grupo Cochrane.
Os artigos localizados foram revisados, sendo excludos estudos de baixa qualidade metodolgica,que avaliavam tratamentos experimentais ou no aprovados no Brasil, ou com resultados inconclusivos ou
insucientes para resultar em recomendao. A atualizao da busca no resultou na incluso de estudos.
2 INTRODUOO diabete inspido uma sndrome caracterizada pela incapacidade de concentrao do ltrado urinrio,
com consequente desenvolvimento de urina hipotnica e aumento de volume urinrio(1). Pode ocorrer por
decincia do hormnio antidiurtico (ADH)(2) ou por resistncia sua ao nos tbulos renais(3). Quando
h decincia na sntese do ADH, o diabete inspido chamado central, neuro-hiposrio ou neurognico;
quando h resistncia sua ao nos tbulos renais, dito renal ou nefrognico.
O diagnstico diferencial de diabete inspido inclui polidipsia primria (polidipsia psicognica) e causas de
diurese osmtica (4) Na polidipsia primria, o distrbio inicial o aumento da ingesto de gua, manifestando-se principalmente em pacientes com transtornos psiquitricos e mais raramente em pacientes com leses
hipotalmicas que afetam o centro de controle da sede. O diagnstico de diurese osmtica ocorre por aumento
da ltrao de um soluto osmoticamente ativo e consequente aumento do volume urinrio. A mais comum,
dentre as causas de diurese osmtica, o diabete melito, com o aumento da diurese devido ao osmtica
da glicose na urina.
Protocolo Clnico e Diretrizes Teraputicas
DIABETEINSPIDO
Consultores: Jos Miguel Dora, Rossana Corbo Ramalho de Mello, Maria Anglica Pires Ferreira, BrbaraCorra Krug, Candice Beatriz Treter Gonalves, Karine Medeiros Amaral, Roberto Eduardo Schneiders,
Heber Dobis Bernarde e Ricardo de March Ronsoni
Editores:Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Rodrigo Fernandes Alexandre
Os autores declaram ausncia de conito de interesses.
Portaria SAS/MS n 1.299, de 21 de novembro de 2013.
109
-
7/23/2019 Pcdt Diabete Insipido Livro 2013
2/16
Protocolos Clnicos e Diretr izes Teraputicas
110
importante a diferenciao entre os tipos de diabete inspido. Os tratamentos para o diabete inspidocentral e para o renal so distintos. O diabete inspido central, associado reduo na secreo de ADH, maisfrequentemente idioptico, ou associado a trauma, cirurgia, tumores da regio hipotalmica ou a encefalopatiahipxica/isqumica(2). J o diabete inspido renal, associado a diferentes graus de resistncia ao do ADH,ocorre nas formas hereditrias, induzido por frmacos (por exemplo, ltio) ou secundrio hipercalcemia(3).
O diabete inspido gestacional, por expresso de vasopressinases (enzimas que degradam o ADH) pelaplacenta, uma forma rara e transitria da doena, que se manifesta mais comumente no terceiro trimestre da
gestao e apresenta resoluo do quadro alguns dias aps o parto(5, 6).O prognstico dos pacientes com diabete inspido depende da etiologia, das comorbidades associadas e
da instituio de tratamento adequado(7, 8). O tratamento com desmopressina, um anlogo do ADH, foi descritoem 1972(9) e, desde ento, o padro para os casos de diabete inspido central e gestacional. O diabete inspidorenal no ser abordado neste Protocolo por tratar-se de doena decorrente da resistncia renal ao do ADH.
A identicao da doena em seu estgio inicial e o encaminhamento gil e adequado para o atendimentoespecializado do Ateno Bsica um carter essencial para um melhor resultado teraputico e prognsticodos casos.
Em 2008 e 2009, foram registrados, no SUS, respectivamente, 63.863 e 73.768 procedimentos relacionadoscom o cdigo de diabete inspido, totalizando 137.631, dos quais 99,9% no Sistema de Informaes Ambulatoriais(SIA-SUS). De 2010 a 2012, esses nmeros foram progressivos (respectivamente, 80.074, 86.368 e 90.119),
alcanando 256.561 procedimentos, nesse trinio, com a manuteno deste mesmo percentual no SIA-SUS.
3 CLASSIFICAO ESTATSTICA INTERNACIONAL DE DOENAS E PROBLEMAS RELACIONADOS SADE (CID-10)
E23.2 Diabete inspido
4 DIAGNSTICO
4.1 CLNICOA primeira manifestao do diabete inspido costuma ser noctria pela perda de capacidade de concentrao
da urina no perodo da noite. A apresentao clnica ocorre com poliria (volume urinrio em 24 horas acima de3 L[acima de 40 mL/kg] em adolescentes e adultos e acima de 2 L/m2de superfcie corporal [acima de 100 mL/kg] em crianas)(2) e consequente aumento da ingesto de gua (polidipsia). A velocidade de instalao dossintomas importante, visto que, na maioria dos pacientes com diabete inspido renal hereditrio, a manifestaose verica j na primeira semana de vida. Nos casos de diabete inspido central hereditrio, a manifestao podeocorrer na infncia aps o primeiro ano de vida ou na adolescncia.
Em adultos, o incio dos sintomas costuma se dar de forma sbita nos casos de diabete inspido centrale de forma insidiosa nos casos de diabete inspido renal. O aumento do volume urinrio, que pode chegar a 18litros em 24 horas, compensado com o aumento da ingesto hdrica. Em pacientes sem acesso livre a gua(por exemplo, sedados), com alterao hipotalmica no centro da sede (por exemplo, leses hipotalmicas) e
naqueles com grande volume urinrio, pode haver distrbios hidroeletrolticos graves(7).
4.2 LABORATORIAL
Em paciente com poliria, a concentrao de sdio plasmtico acima de 142 mEq/L sugere o diagnsticode diabete inspido, ao contrrio da concentrao abaixo de 137 mEq/L(10). Sdio plasmtico entre 137-142mEq/L pode observado tanto em pacientes com diabete inspido como nos com polidipsia primria.
No diagnstico diferencial entre diabete inspido e polidipsia primria, pode ser necessrio solicitar testede restrio hdrica(10). Para sua realizao, pelo risco de desidratao e distrbios hidroeletrolticos graves,sugere-se internao hospitalar. O objetivo do teste elevar a osmolalidade plasmtica acima de 295 mOsmol/kg ou o sdio plasmtico acima de 147 mEq/L e avaliar a resposta administrao de desmopressina(10). Empacientes com osmolalidade plasmtica acima de 295 mOsmol/kg ou sdio plasmtico acima de 147 mEq/L,pode-se prescindir do teste de restrio hdrica, avaliando-se apenas a osmolalidade urinria e a resposta administrao desmopressina(10), que o que diferencia diabete inspido renal dos outros tipos de diabeteinspido (central e gestacional).
Principalmente para paciente com volume urinrio acima de 10 L/24 horas, sugere-se que o teste de
-
7/23/2019 Pcdt Diabete Insipido Livro 2013
3/16
Diabete inspido
restrio hdrica inicie pela manh, com suspenso da ingesto de lquidos, pesagem do paciente,
esvaziamento vesical completo, avaliao da osmolalidade urinria e da osmolalidade e do sdio
plasmticos no incio do teste (tempo zero). Pesagem do paciente e avaliao de volume e osmolalidade
urinrias devem ser realizadas a cada hora, e de osmolalidade e sdio plasmticos, a cada 2 horas.
Com a pesagem do paciente, verica-se a adeso restrio hdrica. Se o paciente apresentar perda
de peso acima de 3%, a osmolalidade e o sdio plasmticos devem ser avaliados, mesmo que o
perodo de 2 horas da avaliao anterior no tenha transcorrido.
Abaixo, prope-se um modelo para a anotao dos parmetros avaliados durante a realizao
do teste de restrio hdrica.
PARMETROS PARA O TESTE DE RESTRIO HDRICA
HORA PESO DO PACIENTE VOLUME (U) OSM (U) OSM (P) NA (P)
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12Volume (U) = volume urinrio; Osm (U) = osmolalidade urinria; Osm (P) = osmolalidade plasmtica; Na (P) = sdio
plasmtico; Casela hachurada = no necessrio medir.
A osmolalidade urinria, a osmolalidade plasmtica e o sdio plasmtico podem ser critrios
indicativos de encerramento do teste. O teste nalizado quando o paciente apresentar um dos
seguintes critrios:
osmolalidade urinria acima de 600 mOsm/kg,
osmolalidade plasmtica acima de 295 mOsm/kg, ou
sdio plasmtico acima de 147 mEq/L.
O tempo mximo de durao do teste de 6 horas para crianas com menos de 6 meses, de
8 horas para crianas entre 6 meses e 2 anos e de 12 horas para crianas com mais de 2 anos. Para
adolescentes e adultos, no h limite mximo de tempo.
Valores de osmolalidade urinria acima de 600 mOsm/kg indicam adequada produo e ao do
ADH e afastam o diagnstico de diabete inspido(10).
Quando o teste for encerrado por osmolalidade plasmtica acima de 295 mOsm/kg ou sdio
plasmtico acima de 147 mEq/L, deve-se prosseguir a avaliao para estabelecer o diagnstico
diferencial entre diabete inspido central e renal, com manuteno da restrio hdrica e administrao
de desmopressina(10). Para vericao da variao na osmolaridade urinria, importante que seja
realizado esvaziamento vesical completo no momento da administrao da desmopressina.
Aps a administrao da desmopressina na dose de 10 mcg por via nasal ou 4 mcg por via
subcutnea em adolescentes e adultos e 5-10 mcg por via nasal ou 1 mcg por via subcutnea em
crianas, o teste prossegue com monitorizao de osmolalidade e volume urinrios de 30 em 30 minutos
111
-
7/23/2019 Pcdt Diabete Insipido Livro 2013
4/16
Protocolos Clnicos e Diretr izes Teraputicas
112
nas 2 horas subsequentes. Transcorridas 2 horas da administrao da desmopressina, o teste encerrado,
sendo permitido ao paciente ingerir lquidos livremente.
A seguir, prope-se um modelo para a anotao dos parmetros avaliados aps a administrao de
desmopressina no teste de restrio hdrica.
PARMETROS AVALIADOS PARA O TESTE DE RESTRIO HDRICA
MINUTOS PESO DO PACIENTE VOLUME (U) OSM (U)0
30
60
90
120
Volume (U) = volume urinrio; Osm (U) = osmolalidade urinria; Casela hachurada = no necessrio medir.
Em relao osmolalidade urinria, a resposta administrao de desmopressina costuma ser de
aumento de:
100% nos pacientes com diabete inspido central completo(3,10);
15%-50% nos pacientes com diabete inspido central parcial(3,10,11);
10%-45% nos pacientes com diabete inspido renal parcial(3,10);
menos de 10% nos pacientes com diabete inspido renal completo(3,10).
4.3 EXAMES DE IMAGEMTodos os pacientes com diagnstico de diabete inspido central devem submeter-se a exame de imagem
da regio hipotalmico-hiposria, para investigao etiolgica e para afastar a presena de tumor(2).
Nos casos em que a tomograa computadorizada mostrar leso, o exame de ressonncia magntica
car reservado para quando houver dvida diagnstica ou necessidade de melhor resoluo de imagem para
interveno cirrgica.
Em paciente sem leso neoplsica tomograa computadorizada de hipotlamo/ hipse, mas comdiagnstico de diabete inspido central, deve-se proceder ao exame de ressonncia magntica para excluir tumor
de base de crnio.
5 CRITRIOS DE INCLUSOIndependentemente da presena ou no de tumor, o tratamento do diabete inspido est indicado.
Sero includos neste Protocolo os pacientes que tenham diagnstico de diabete inspido central baseado
nos dois critrios abaixo:
poliria (volume urinrio em 24 horas acima de 3 L [acima de 40 mL/kg] em adultos e adolescentes e
acima de 2 L/m2 de superfcie corporal [acima de 100 mL/kg] em crianas); e
resposta administrao de desmopressina na vigncia de osmolalidade plasmtica acima de 295
mOsm/kg ou sdio plasmtico acima de 147 mEq/Lcom aumento na osmolalidade urinria acima 15%
e osmolaridade urinria acima de 600 mOsm/kg.
6 CRITRIOS DE EXCLUSOSero excludos deste Protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem hipersensibilidade ou
intolerncia a desmopressina.
-
7/23/2019 Pcdt Diabete Insipido Livro 2013
5/16
Diabete inspido
7 CASOS ESPECIAISPacientes com diabete inspido gestacional que atendam aos critrios de incluso devero
receber tratamento ao longo da gestao at a normalizao do quadro, conforme especicado no item
9 Monitorizao, e ser monitorizadas aps o parto para identicar-se a necessidade de manuteno do
uso de desmopressina.
Pacientes ps-resseco hiposria por tumor sero tratados se apresentarem os critrios de
incluso anteriormente referidos.
8 TRATAMENTOA desmopressina um anlogo sinttico do ADH com maior tempo de ao, maior potncia
antidiurtica e menor efeito pressrico quando comparado ao ADH. O tratamento do diabete inspido
com desmopressina tem embasamento em sries de casos. O primeiro relato de seu uso no tratamento
de diabete inspido central envolveu uma srie de 10 pacientes com a condio(9). Nesse estudo,
que utilizou como controles os dados histricos dos 10 pacientes no perodo em que usavam o
ADH como tratamento, a desmopressina mostrou-se segura e apresentou vantagens em relao ao
ADH, principalmente quanto ao nmero de aplicaes do medicamento (6-10 doses/dia com ADH
e 1-3 doses/dia com desmopressina) e aos efeitos adversos (comuns com ADH e no detectados
com desmopressina)(9). Pela inequvoca demonstrao de tratar-se de um frmaco com perl de
segurana e efetividade favorveis, a desmopressina no tratamento do diabete inspido central foiamplamente adotada, no existindo ensaios clnicos randomizados comparando ADH e desmopressina
no tratamento da condio. Desmopressina, que um peptdio resistente ao das vasopressinases
placentrias, tambm o tratamento de escolha no diabete inspido gestacional(5,6), com dados de
segurana favorveis tanto para a gestante como para o feto(12)
8.1 FRMACO Desmopressina: 0,1 mg/mL (100 mcg /mL) com aplicao nasal (frasco de 2,5 mL em soluo
ou spray)
8.2 ESQUEMAS DE ADMINISTRAOH duas apresentaes de aplicao nasal de desmopressina disponveis, com algumas
particularidades quanto sua administrao. A soluo nasal aplicada atravs de tbulo plstico, que
deve ser preenchido com a dose a ser utilizada, por capilaridade (encostando uma ponta do tbulo na
soluo contida no frasco). Aps assegurar-se de que a dose est correta, uma das extremidades do
tbulo colocada na cavidade nasal, e outra, na boca do paciente. Atravs da extremidade colocada
na boca, o medicamento soprado para a cavidade nasal, onde absorvido. J a aplicao por spray
nasal realizada atravs de jato nasal com dose xa de 10 mcg /jato.
O uso do spray nasal mais simples, porm no permite a exibilidade das doses que a soluo
nasal possibilita. O spray nasal fornece doses xas mltiplas de 10 mcg (por exemplo, 10, 20, 30 mcg).
J a soluo nasal possibilita a aplicao de doses mltiplas de 5 mcg (por exemplo, 5, 10, 15, 20 mcg),
o que pode ser mais adequado para alguns pacientes, principalmente para os peditricos.
A dose inicial de desmopressina recomendada de 10 mcg em adultos e adolescentes e de 5
mcg em crianas. Sugere-se que a dose inicial seja administrada noite e que o incremento gradualno nmero de aplicaes e na dose seja feito de forma individualizada, de acordo com a resposta do
paciente.
Existem graus muito variveis de decincia do ADH, o que repercute na variabilidade da dose
de manuteno da desmopressina, conforme a seguir:
desmopressina soluo nasal: 5-20 mcg, 1 a 3 vezes ao dia;
desmopressina spray nasal: 10-20 mcg, 1 a 3 vezes ao dia.
113
-
7/23/2019 Pcdt Diabete Insipido Livro 2013
6/16
Protocolos Clnicos e Diretr izes Teraputicas
114
8.3 TEMPO DE TRATAMENTOO tratamento do diabete inspido central deve ser mantido por toda a vida, visto que a supresso de
desmopressina pode causar risco ao paciente.
8.4 BENEFCIOS ESPERADOSO tratamento do diabetes inspido central com desmopressina ocasiona melhora dos sintomas e da
qualidade de vida e evita complicaes decorrentes de distrbios eletrolticos em pacientes com decinciasgraves do ADH(9).
8.5 EFEITOS ADVERSOSO tratamento com desmopressina pode ocasionar reteno hdrica e consequentes hiponatremia e ganho
de peso, o que, em casos mais graves, pode resultar em convulses. Dores de cabea, nuseas e hipotensotransitria so efeitos adversos que ocorrem com menor frequncia.
9 MONITORIZAOO acompanhamento do tratamento do diabete inspido central deve basear-se em critrios clnicos e
laboratoriais. Clinicamente, importante avaliar o controle da noctria e do volume urinrio ao longo do dia, tendocomo parmetro a satisfao do paciente no controle desses sintomas. Laboratorialmente, deve-se realizar o
controle do sdio plasmtico com o objetivo de mant-lo entre 137 e 145 mEq/L. Sugere-se que o incio dotratamento e a denio da posologia da desmopressina sejam feitos com o paciente internado, com controle devolume de diurese e natremia dirios, pelo risco de desenvolvimento de hiper/hiponatremia nesse perodo. Apsestabilizao do volume urinrio e do sdio plasmtico, o acompanhamento ambulatorial deve ser realizado, comavaliao clnica e sdio plasmtico em intervalos de at 3 meses.
10 REGULAO/CONTROLE/AVALIAO PELO GESTORDevem ser observados os critrios de incluso e excluso de pacientes neste Protocolo, a durao e a
monitorizao do tratamento, bem como a vericao peridica das doses prescritas e dispensadas, a adequaode uso do medicamento e o acompanhamento ps-tratamento.
11 TERMO DE ESCLARECIMENTO E RESPONSABILIDADE TER obrigatria a informao ao paciente ou a seu responsvel legal dos potenciais riscos, benefcios eefeitos adversos relacionados ao uso do medicamento preconizado neste Protocolo. O TER obrigatrio ao seprescrever medicamento do Componente Especializado da Assistncia Farmacutica.
12 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS1. Majzoub JA, Srivatsa A. Diabete insipidus: clinical and basic aspects. Pediatr Endocrinol Rev. 2006;4 Suppl
1:60-5.2. Jane JA, Vance ML, Laws ER. Neurogenic diabete insipidus. Pituitary. 2006;9(4):327-9.3. Sands JM, Bichet DG, Physicians ACo, Society AP. Nephrogenic diabete insipidus. Ann Intern Med.
2006;144(3):186-94.4. Schrier RW. Body water homeostasis: clinical disorders of urinary dilution and concentration. J Am Soc
Nephrol. 2006;17(7):1820-32.5. Kalelioglu I, Kubat Uzum A, Yildirim A, Ozkan T, Gungor F, Has R. Transient gestational diabete insipidus
diagnosed in successive pregnancies: review of pathophysiology, diagnosis, treatment, and management ofdelivery. Pituitary. 2007;10(1):87-93.
6. Brewster UC, Hayslett JP. Diabete insipidus in the third trimester of pregnancy. Obstet Gynecol. 2005;105(5Pt 2):1173-6.
7. Mavrakis AN, Tritos NA. Diabete insipidus with decient thirst: report of a patient and review of the literature.Am J Kidney Dis. 2008;51(5):851-9.
8. Kim RJ, Malattia C, Allen M, Moshang T, Maghnie M. Vasopressin and desmopressin in central diabeteinsipidus: adverse effects and clinical considerations. Pediatr Endocrinol Rev. 2004;2 Suppl 1:115-23.
9. Andersson KE, Arner B. Effects of DDAVP, a synthetic analogue of vasopressin, in patients with cranial
diabete insipidus. Acta Med Scand. 1972;192(1-2):21-7.
-
7/23/2019 Pcdt Diabete Insipido Livro 2013
7/16
Diabete inspido
10. Bichet D. Diagnosis of polyuria and diabete insipidus. In: Post T, editor. UpToDate v1732009.
11. Miller M, Dalakos T, Moses AM, Fellerman H, Streeten DH. Recognition of partial defects in
antidiuretic hormone secretion. Ann Intern Med. 1970;73(5):721-9.
12. Ray JG. DDAVP use during pregnancy: an analysis of its safety for mother and child. Obstet Gynecol
Surv. 1998;53(7):450-5.
115
-
7/23/2019 Pcdt Diabete Insipido Livro 2013
8/16
Protocolos Clnicos e Diretr izes Teraputicas
116
Local: Data:
Nome do paciente:
Carto Nacional de Sade:
Nome do responsvel legal:
Documento de identicao do responsvel legal:
____________________________________
Assinatura do paciente ou do responsvel legal
Mdico responsvel: CRM: UF:
___________________________
Assinatura e carimbo do mdico
Data:____________________
Observao: Este Termo obrigatrio ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente
Especializado de Assistncia Farmacutica (CEAF) e dever ser preenchido em duas vias: uma ser
arquivada na farmcia, e a outra, entregue ao usurio ou a seu responsvel legal.
TERMODEESCLARECIMENTOERESPONSABILIDADE
DESMOPRESSINA
Eu, ___________________________________________________________(nome do(a) paciente),
declaro ter sido informado(a) claramente sobre benefcios, riscos, contraindicaes e principais efeitos
adversos relacionados ao uso de desmopressina, indicada para o tratamento de diabete inspido.
Os termos mdicos foram explicados e todas as dvidas foram resolvidas pelo mdico ___________
___________________________________________________________ (nome do mdico que prescreve).
Assim, declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber pode
trazer as seguintes melhoras:
melhora dos sintomas e da qualidade de vida dos pacientes;
diminuio das complicaes das doenas mais graves.
Fui tambm claramente informado(a) a respeito das seguintes contraindicaes, potenciais efeitos
adversos e riscos do uso deste medicamento:
estudos em animais no mostraram anormalidades nos descendentes, porm no h pesquisas
em humanos;
efeitos adversos: dor de cabea, cansao, nusea, dor no estmago, dor e sangramento nasal,
dor de garganta, queda da presso com aumento dos batimentos cardacos, vermelhido da face,reaes alrgicas;
a segurana para o uso da desmopressina durante a amamentao ainda no foi estabelecida;
em sries de casos, tem sido utilizada durante a amamentao sem registro de problemas para a
me ou criana;
a ingesto de lquidos dever ser controlada de acordo com as orientaes do mdico para evitar
intoxicao por excesso de lquidos e hiponatremia (diminuio do sdio);
contraindicado em casos de hipersensibilidade (alergia) conhecida ao frmaco;
risco da ocorrncia de efeitos adversos aumenta com a superdosagem.
Estou ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo-me a
devolv-lo caso no queira ou no possa utiliz-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei tambm que
continuarei ser atendido(a), inclusive em caso de desistir de usar o medicamento.
Autorizo o Ministrio da Sade e as Secretarias de Sade a fazerem uso de informaes relativas ao
meu tratamento, desde que assegurado o anonimato.
( ) Sim ( ) No
-
7/23/2019 Pcdt Diabete Insipido Livro 2013
9/16
Diabete inspido
117
-
7/23/2019 Pcdt Diabete Insipido Livro 2013
10/16
Protocolos Clnicos e Diretr izes Teraputicas
118
FLUXOGRAMADETRATAMENTO
DIABETEINSPIDO
Paciente com diagnstico
de Diabete inspido
Possui critrios deincluso para
tratamento?
Excluso
do PCDTPossui algum critrio
de excluso?
No
Sim
Sim
No
Critrios de excluso:
hipersensibilidade ou intolerncia desmopressina.
Tratamento com
desmopressina
Normalizao dadiurese e natremia
normal? No
Critrios de incluso:
poliria (volume urinrio >3 litros/24hs [>40mL/Kg]em adultos e adolescentes e >2 litros/m
2[>100mL/Kg]
em crianas); e resposta administrao de desmopressina (navigncia de osmolalidade plasmtica >295mOsm/Kg ousdio plasmtico > 147 mEq/L) com aumento naosmolalidade urinria > 15% e osmolaridade urinria >600 mOsm/kg.
Diagnstico: clnico + laboratorial + diferencial
Manter esquema de tratamentoe reavaliar a cada 3 meses
Sim
Monitorizao do tratamento com
desmopressina:
volume urinrio; sdio plasmtico.
Revisar adeso ao tratamentoe ajustar a dose da
desmopressina
-
7/23/2019 Pcdt Diabete Insipido Livro 2013
11/16
Diabete inspido
FLUXOGRAMADEDISPENSAODEDESMOPRESSINADIABETEINSPIDO
Paciente solicita omedicamento
Possui LME
corretamente
preenchido e demais
documentos exigidos?
Orientar opaciente CID-10, exames e dose
esto de acordo com o
preconizado pelo PCDT?
No Sim
Encaminhar o
paciente ao
mdico assistente
Realizar entrevistafarmacoteraputica inicial
com o farmacutico
No Sim
Processodeferido?
No dispensar e
justificar aopaciente
No
Orientar opaciente
Sim
Dispensao a cada ms detratamento ou a cada 3 meses
Entrevista
farmacoteraputica demonitorizao
Paciente apresentou alteraes
nos exames no compatvel
com o curso do tratamento ou
eventos adversos significativos?
Dispensar e solicitar
parecer do mdico
assistente
Dispensar
Sim No
CID-10:E23.2Exames:volume urinrio de 24hsdio ou osmolalidade plasmticae osmolaridade urinria (respostaadministrao de desmopressina)
Dose:Desmopressina:5 - 60 mcg/dia
Exame necessrio para monitorizao:sdio plasmtico.Periodicidade:acada 3 meses
119
-
7/23/2019 Pcdt Diabete Insipido Livro 2013
12/16
Protocolos Clnicos e Diretr izes Teraputicas
120
1 DADOS DO PACIENTE
Nome: ___________________________________________________________________________________
CNS:________________________________________RG:_________________________________________
DN: ___/___/____ Idade: ___________ Peso: ____________ Altura: _________________ Sexo: o F o M
Endereo: ________________________________________________________________________________
Telefones:________________________________________________________________________________
Mdico assistente: ________________________________________________________ CRM:____________
Telefones: ________________________________________________________________________________
Nome do cuidador: _________________________________________________________________________
Carto Nacional de Sade: ________________________________ RG:_______________________________
2 AVALIAO FARMACOTERAPUTICA
2.1 Qual a idade do diagnstico? _____________________________________________
2.2 Qual a causa do diabete inspido central?
oidioptica
otrauma
ocirurgia
otumores na regio hipotalmica
oencefalopatia hipxica/isqumica
2.3 Possui outras doenas diagnosticadas?
ono
osim g Quais? ___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
2.4 Faz uso de outros medicamentos? ono osim gQuais?
Nome comercial Nome genrico Dose total/dia; Via Data de incio Prescrito
ono osim
ono osim
ono osim
ono osim
2.5 J apresentou reaes alrgicas a medicamentos?
ono
osim gQuais? A que medicamentos? ______________________________________________________
3 MONITORIZAO DO TRATAMENTOExame Inicial 3 ms 6 ms 9 ms 12 ms
Data prevista
Data
Sdio plasmtico
Termo de Esclarecimento e ResponsabilidadeIsotretinonaFICHAFARMACOTERAPUTICA
DIABETEINSPIDO
-
7/23/2019 Pcdt Diabete Insipido Livro 2013
13/16
Diabete inspido
3.1 Sdio plasmtico fora da faixa preconizada como alvo teraputico (137-145 mEq/l)?
no gDispensar
simgDispensar e encaminhar o paciente ao mdico assistente para reavaliao do tratamento
3.2 Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher Tabela de Eventos adversos
Anexo I)
no gDispensar
simgPassar para a pergunta 3.3
3.3 Evento adverso necessita de avaliao do mdico assistente?
no gDispensar
simgDispensar e encaminhar o paciente ao mdico assistente
121
-
7/23/2019 Pcdt Diabete Insipido Livro 2013
14/16
Protocolos Clnicos e Diretr izes Teraputicas
122
GUIADEORIENTAOAOPACIENTEDIABETEINSPIDODESMOPRESSINA
ESTEUMGUIAQUECONTMORIENTAESSOBRESUADOENAEOMEDICAMENTOQUEVOCESTRECEBENDOGRATUITAMENTEPELOSUS.
SEGUINDOASORIENTAES, VOCTERMAISCHANCEDESEBENEFICIARCOMOTRATAMENTO.
1 DOENA uma doena ocasionada pela decincia do hormnio antidiurtico (vasopressina) ou pela insensibilidade
dos rins a este hormnio, causando sede excessiva e eliminao de grandes quantidades de urina, mesmo
quando a ingesto de lquidos reduzida.
O hormnio antidiurtico controla o modo como os rins removem, ltram e reabsorvem uidos dentro da
corrente sangunea. Quando ocorre a falta desse hormnio (ou quando os rins no podem responder a este)
osuidos passam pelos rins e se perdem por meio da urina.
2 MEDICAMENTO O medicamento melhora os sintomas e a qualidade de vida, evitando complicaes da doena.
3 GUARDA DO MEDICAMENTO Conserve o medicamento na embalagem original, bem fechado.
Mantenha o medicamento fora do alcance das crianas.
Guarde o medicamento na geladeira e fora da caixa de isopor. No guarde na porta da geladeira, nem no
congelador ou freezer.
4 ADMINISTRAO DO MEDICAMENTO Leia atentamente as instrues do dispositivo que voc usar. O medicamento pode ser apresentar nas
formas de spray ou soluo, ambas a serem utilizadas pela via nasal.
Pea orientaes ao mdico ou farmacutico quanto ao modo de usar. A correta utilizao do medicamento
importante para o sucesso do tratamento.
Em caso de esquecimento de uma dose, use a prxima dose assim que possvel.
Siga a orientao preconizada para seu tratamento, respeitando as doses, os horrios e a durao do
tratamento.
5 REAES DESAGRADVEIS Apesar dos benefcios que o medicamento pode trazer, possvel que apaream algumas reaes
desagradveis, tais como dores de cabea, nuseas, tontura ao levantar-se, inchao e ganho de peso.
Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o mdico ou farmacutico.
Maiores informaes sobre reaes adversas constam no Termo de Esclarecimento e Responsabilidade,documento assinado por voc ou pelo responsvel legal e pelo mdico.
6 USO DE OUTROS MEDICAMENTOS No faa uso de outros medicamentos sem o conhecimento do mdico ou orientao de um prossional de
sade.
-
7/23/2019 Pcdt Diabete Insipido Livro 2013
15/16
Diabete inspido
Fluxograma de TratamentoAcne Grave
7 REALIZAO DE EXAMES DE LABORATRIO A realizao dos exames garante uma correta avaliao sobre o que o medicamento est fazendo no
seu organismo. Em alguns casos pode ser necessrio ajustar a dose ou at interromper o tratamento.
8 RENOVAO DA CONTINUIDADE DO TRATAMENTO Converse com ofarmacutico do SUS para saber quais os documentos e exames so necessrios para
continuar recebendo os medicamentos.
9 EM CASO DE DVIDAS Se voc tiver qualquer dvida que no esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer atitude,
procure orientao com o mdico ou farmacutico do SUS.
10 OUTRAS INFORMAES
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
SE, PORALGUMMOTIVO, NOUSAROMEDICAMENTO,
DEVOLVA-OFARMCIADOSUS.
LEVARCAIXADEISOPORPARATRANSPORTAROMEDICAMENTODAFARMCIAATSUACASAEGUARD-LO
IMEDIATAMENTENAGELADEIRA.
123
-
7/23/2019 Pcdt Diabete Insipido Livro 2013
16/16
Protocolos Clnicos e Diretr izes Teraputicas
Karine Medeiros AmaralFarmacutica
Consultora do Hospital Alemo Oswaldo Cruz
Luciana Costa XavierFarmacuticaMinistrio da Sade
Maria Anglica Pires FerreiraMdica
Consultora do Hospital Alemo Oswaldo Cruz
Maria Inez Pordeus GadelhaMdica
Ministrio da Sade
Mileine MoscaFarmacutica
Ministrio da Sade
Paulo Dornelles PiconMdico
Consultor do Hospital Alemo Oswaldo Cruz
Priscila Gebrim LoulyFarmacutica
Ministrio da Sade
Ricardo de March RonsoniFarmacutico Bioqumico
Ministrio da Sade
Roberto Eduardo SchneidersFarmacutico Bioqumico
Ministrio da Sade
Rodrigo Fernandes AlexandreFarmacutico
Ministrio da Sade
Vania Cristina Canuto SantosEconomista
Ministrio da Sade
Ana Claudia Sayeg Freire MurahovschiFisioterapeuta
Ministrio da Sade
Andry Fiterman CostaMdicoConsultora do Hospital Alemo Oswaldo Cruz
Brbara Corra KrugFarmacutica
Consultora do Hospital Alemo Oswaldo Cruz
Beatriz Antunes de MattosMdica
Consultora do Hospital Alemo Oswaldo Cruz
Candice Beatriz Treter GonalvesFarmacutica
Consultora do Hospital Alemo Oswaldo Cruz
Clarice Alegre PetramaleMdica
Ministrio da Sade
Gabriela Vilela de BritoFarmacutica
Ministrio da Sade
Heber Dobis BernardeFarmacutico
Ministrio da Sade
Ivan Ricardo ZimmermannFarmacutico
Ministrio da Sade
Jos Miguel do Nascimento JniorFarmacutico
Ministrio da Sade
Jlia Souza VidalFarmacutica
Ministrio da Sade
GRUPO TCNICO