PATRIMÔNIO RURAL DO CAFÉ NO SUL DE MINAS E VALE DO PARAÍBA: Uma proposta de proteção
Cruz, Eneida Carvalho Ferraz*
IPHAN-SP - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Superintendência do IPHAN em São Paulo
Av. Angélica, nº 626 - Bairro Santa Cecília
CEP: 01228-000 - São Paulo/SP
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RESUMO
Visando à preservação proteção e valorização do patrimônio cultural rural e urbano criado pela produção de café, nos séculos XIX e XX na região sudeste do Brasil, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN deu início ao inventário do Patrimônio Rural do Café nas regiões da Serra da Bocaina, no Vale do Paraíba Paulista e da Mantiqueira no Sul de Minas com o levantamento dos remanescentes materiais, desse patrimônio de importância nacional. A escolha partiu do reconhecimento de que o café, mais que trazer divisas econômicas ao Brasil, mormente nos séculos XIX e XX, produziu um patrimônio cultural de incalculável valor. Como parte de seu processo histórico de ocupação modificou a paisagem gerada tanto pelas lavouras como por toda infraestrutura construída para beneficiamento do produto, além da reconhecida influência que teve na paisagem urbana traduzida pelos solares e edificações recreativas e culturais com que foi possível equipar as cidades, marcando indelevelmente suas paisagens e costumes. Em que pese alguns bens isolados pertencentes ao patrimônio do Café, tanto rural como urbano, já se encontrem tombados pelo IPHAN ou por órgãos estaduais de proteção, o estudo do patrimônio rural do café objetivava a salvaguarda da paisagem cultural em conjunto. Em 2010, o IPHAN criou um grupo de trabalho formado por representantes do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização, suas superintendências nos estados do Sudeste - São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo-, dos órgãos estaduais do patrimônio cultural, de universidades vinculadas ao tema, além de representantes de associações como as cooperativas de produtores de café e da sociedade civil organizada em cada estado. Envolveu vários segmentos na garantia da participação e reforço do conhecimento, apropriação e discussão dos diferentes âmbitos de interesse e atuação, para formalização de um pacto entre os setores com objetivo de promover salvaguarda desse patrimônio. A forma de proteção seria a criação de uma chancela da Paisagem Cultural, aos moldes dos Roteiros Nacionais de Imigração, instituído pelo IPHAN no Estado de Santa Catarina, que culminou com a assinatura entre os agentes do Termo de Cooperação
Palavras-chave: Patrimonio, Rural, Café
4O COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO Belo Horizonte, de 26 a 28 de setembro de 2016
As fazendas na paisagem criada pelo café
De acordo com Ab’Saber (2003) a paisagem é sempre uma herança dos processos naturais
de longa duração, base material, a matéria-prima para a ação cultural, e como tanto, herança
do trabalho humano.
Nas regiões da Serra da Bocaina, e da Mantiqueira ainda se encontram exemplares da
arquitetura do período do café com as características originais em grande parte preservadas,
com pequenas adaptações para receber inovações da cultura que até nossos dias continua a
ser a atividade econômica predominante.
As observações aqui feitas não se restringiam somente às casas de vivenda, mas também
apontaram para a paisagem da região e o entorno das fazendas para proporcionar uma
melhor noção do conjunto,
As fazendas são um complexo produtivo, composto por um conjunto edificações como
lavadores, secadores, tulhas, armazéns, dispostos ao redor do terreiro, - onde também
ficavam as antigas senzalas- provendo a infraestrutura necessária, pois o café demanda um
beneficiamento elaborado até chegar ao ponto de ser encaminhado para torrefação ou
exportação. Substitutas das senzalas, as colônias, marcam presença na paisagem. Estações
e paradas de trem vieram no rastro da produção do café. Capelas e ermidas traduzem no
suporte material da espiritualidade do povo.
Paisagem rural na Serra da Bocaina
Cidades visitadas no Vale do Paraíba Paulista: São José do Barreiro, Bananal, Arapeí, Areias,
Silveiras e o Bairro Rural de Formoso.
Principais fazendas visitadas na Serra da Bocaina: São Miguel, São Francisco, Catadupa, da
Barra, Guanabara, Palmeiras, São Francisco de Paula, Luanda, São Luís, Coqueiro, Boa
Vista, Três Barras, Casa Grande, Bom Retiro, Bela Vista, Vargem Grande, Boa Vista, São
Sebastião e São Geraldo.
Relevo
A região compreendida por estas cidades localiza-se na serra da Bocaina, desdobramento da
Serra do Mar. Aí as concentrações urbanas - vilas, bairros ou cidades - foram implantadas nas
áreas mais planas, de menor altitude, pela maior facilidade de transporte, acesso e
comunicação, entre vargens e ao pé do morro. Como o intuito da ocupação no século XIX era
a produção de café, os elementos geográficos foram muito bem analisados pelos
colonizadores: distância da corte e dos portos, topografia, clima, regime de chuvas, altitudes.
Águas
Em região muito bem servida de águas, todas as propriedades que aí se implantaram no
século XIX, são abastecidas por córregos caudalosos. A boa apropriação dessa fartura de
água constituiu fator de suma importância para instalação dos complexos cafeeiros na região.
Sendo o café uma cultura de características agrícola-industriais, a infraestrutura de
benfeitorias associada ao cultivo, chega a ter a mesma importância que a lavoura. Terreiros,
lavadores, descascadores, maquinário de beneficiamento, dependem da água direta ou
indiretamente como força motriz.
Vegetação, Agricultura e Pecuária
Apesar das grandes propriedades rurais que ainda restam, a economia também parece girar
em torno de pequenos sítios próximos aos núcleos urbanos, com eucaliptos e capineiras para
o trato do gado. Pastos, taquarais nas vargens e nos morros, matas nativas em grotas e no
topo dos morros. Erosões mostram uma terra com camada pequena de solo. Palmeiras
imperiais na paisagem são indício de casa de fazenda do ciclo do café na região. A atividade
rural é voltada para a pecuária mista e/ou de corte com rebanho mestiço. Somente em uma
das fazendas antigas produtoras de café foi encontrada grande estrutura para gado de leite.
Arquiteturas e artefatos
Na paisagem rural atual da região, casas muito simples ao longo dos caminhos, da primeira
metade do século XX: paredes estruturais de tijolo maciço, cobertura em duas águas de telhas
francesas e janelas de madeira. Folha de flandres substituindo a esteira de taquara de
fabricação manual em carro de bois; estes com rodas de pneu de borracha, sem a tradicional
roda de madeira com aro de ferro. Carroça puxada por juntas de bois, cochos para sal de
troncos de árvores caídas, escavados internamente, suspensos do solo por suporte de galhos
bifurcados. De troncos também são as pinguelas, com um corrimão de taquara ou pau roliço,
tudo isso dá a dimensão da adaptação que o homem faz dos recursos disponíveis.
Esse é o sentido da cultura, que aí se mostra no movimento de transformação do ambiente
que, por ser também resultado da atuação humana, é continuamente reformulado.
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Gente
“O meio rural não é apenas uma forma peculiar de ocupação territorial, mas de um
universo dotado de identidade própria, um mundo rico em símbolos e em diversificadas
formas de ser, de viver, de saber e de fazer. ” (DELPHIM, 2009, pág 131).
A região dos caipiras é uma faixa geográfica que abrange a parte paulista do vale do Paraíba,
atravessa o sul de Minas ao sul do Rio Grande, e continua a oeste no estado de São Paulo,
seguindo de leste para oeste os rios afluentes do Paraná. Nas casas de roça e mesmo nas
fazendas visitadas a hospitalidade é total depois da desconfiança inicial. Não se sai de uma
casa, sem antes tomar um café, um suco de frutas ou mesmo um copo de leite tirado na hora,
seja o dono da casa rico ou pobre.
Nas casas-sede de fazenda, se luxo houve, foi na época do café. Hoje as grandes casas não
têm o piso encerado, nem mobiliário fino ou caro para os padrões atuais. Presta-se para lazer
de fim de semana. Algumas fazendas, mesmo funcionando como hotel, não são
economicamente viáveis, devido à grande distância da estrada principal e à dificuldade de
acesso.
Paisagem rural na Mantiqueira
...“ há duas formas de se fazer uma paisagem: intervindo-se fisicamente no sítio por
meio de caminhos, plantios e edificações ou interpretando seu significado. Quanto
mais se aprende sobre uma paisagem, mais ela se organiza, mais o caos primordial,
ordenado pelo conhecimento, se transforma em cosmos. ” (DELPHIM, 2009, pág. 31).
Acrescento a estas uma terceira, a representação gráfica, que aqui se procurou fazer através
dos croquis que permeiam o texto.
Estação Biguá – Delfim Moreira, MG. Tipologia própria de Estação: Telhado de duas águas, com varanda sobre mão francesa, rampas para embarque de carga.
Cidades visitadas no Sul de Minas: Conceição dos Ouros, Cachoeira de Minas, Piranguinho,
Itajubá, Piranguçu, Dom Viçoso, Carmo de Minas, Cristina, Pedralva e São José do Alegre.
Principais fazendas visitadas na Serra da Mantiqueira: Monjolinho, Cachoeira, Chapada, São
José, Santa Helena, Capituba, Santa Tereza, Rancho Santana, Água Limpa, Barreiro, Villa
Maria, Primavera, da Barra, dos Coli, Pimentas, Canducho, Rosário, Granja, Boa Vista, do
Engenho, São Gabriel, Palmital, Coqueiro, das Palmeiras, Três Barras, Pouso Alegre, da
Divisa, Boa Vista, Graminha, Pinhal, Água Limpa, da Pedra, Três Pinheiros e Santa Luzia,
além das estações e paradas de trem de ferro: Estação Ribeiro e Estação Biguá.
Conceição dos Ouros, Cachoeira de Minas e o Rio Itaim
Rumo às fazendas Chapada e Cachoeira - de estrutura autônoma de madeira - a paisagem
seca do inverno traz tons amarelados, a plantação ressente, mas as matas se mantêm e os
pastos estão secos, mas os rios são perenes, apenas algumas nascentes diminuem. A
vargem que acompanha os rios Itaim e Sapucaí Mirim guarda meandros abandonados.
Araucárias nativas e plantações de eucalipto. Pasto para criação de gado de leite e de corte e
edificações para infraestrutura, cercas de esteira de taquara dividindo terrenos e escorredores
de mandioca para fazer polvilho.
Na fazenda Cachoeira um arrimo nos fundos do terreiro de café, o separa mata nativa,
delimitando o que é da natureza do que é construído pelo homem. A água corrente é
aproveitada para o abastecimento das casas e do lavador de café e força motriz do maquinário.
Itajubá, Piranguçu e o Morro da Piedade
De Itajubá a Piranguçu aos pés do morro da Piedade, com plantações de arroz nas vargens,
agricultores de calças arregaçadas e metidos até a canela no charco são figuras em extinção.
Entre morros suaves, sorgo e milho para silagem, nos pastos vê-se cochos de pneus de trator.
A atividade pecuária se faz presente nas capineiras, estábulos e cocheiras, cercas de régua
ou de arame farpado. Pequenas casas de sitiantes construídas de tijolo autoportante
acompanham o pé do morro, acima da linha de inundação. Cobertura de duas águas, algumas
com panos de telhado desencontrados, à moda do modernismo.
Delfim Moreira e Venceslau Brás – dois presidentes
Em região de vargens inundáveis, imprópria para o cultivo da rubiácea, somente algumas
fazendas, com casas do segundo quartel do século XX, cultivam pequenas lavouras de café,
nas encostas de morros. Casas de tijolo, menores e próximas umas das outras, aponta para a
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estrutura fundiária de sítios, com lavouras menos perenes e dispendiosas que o café. Ao lado
de uma linha de trem desativada, resta uma estaçãozinha de trem. A atual estrada de
rodagem aproveitou o antigo leito da ferrovia com inclinação suave, devido ao traçado
cuidadoso e bem planejado.
Em maior altitude e muitas araucárias e eucaliptos e os rios são limpíssimos, um cenário onde
vicejam buganvílias, entre jabuticabeiras e cabritos, caminho em curva vencendo suavemente a
subida, se alteia a sede de uma fazenda. A implantação mais acima da estrada e no pé do morro
protege das intempéries e permite o domínio da paisagem próxima. Em uma região de difícil
acesso, os moradores se sentem honrados com as visitas e querem retê-las por mais tempo. Na
Fazenda da Barra, onde o rio Lourenço Velho recebe dois afluentes, ribeirão dos Pintos e rio
Claro, a mata é densa cheia de araucárias.
Maria da Fé, Dom Viçoso e altitudes
O vale do ribeirão dos Pintos corre em grande altitude e se desenvolve em linha reta por cinco
quilômetros, ao longo dos quais se distribuem pequenos sítios com suas casas constituindo um
bairro rural. Região muito fria para café, é produtora de hortaliças. Em clima de temperaturas
extremamente baixas nas noites de inverno, mas com dias quentes e muito ensolarados, as
casas mantêm um agradável conforto térmico, voltadas para a face soalheira do vale.
Cruzando o divisor de águas passa-se da bacia do Sapucaí para a do rio Verde, muda um pouco
a paisagem: desce-se mais rapidamente o vale de 1500m para 900m de altitude em poucos
quilômetros de estrada. Lavouras de café predominam na face voltada para o norte.
Carmo de Minas e cafés especiais
Estação Ribeiro, Fazenda Pouso Alegre, Carmo de Minas, MG. Próxima ao núcleo da fazenda para escoamento da produção e chegada de insumos.
No vale do Ribeirão do Carmo, município de Carmo de Minas à beira da rodovia e
antigamente da ferrovia, localizam-se inúmeras fazendas produtoras de café. É a região dos
melhores cafés do Brasil, conquistando os primeiros prêmios em concursos e onde há
registros de produção datados de 1823 (JUNQUEIRA, 2004). Na década de 1970 renovou os
cafezais e no século XXI, dedica-se aos cafés de qualidade, sendo a primeira região
demarcada como produtora de cafés finos. A geografia, a história, aliados à técnica
demonstram a vocação para a cultura.
Situados à meia encosta, para proteção contra os ventos, abastecimento de águas e
proximidade das estradas para escoamento da produção e chegada de insumos, o núcleo da
fazenda busca ocupar um patamar plano, de dimensões suficientes para conter os terreiros de
café, o curral e as casas de apoio. São cercadas por morros cobertos de cafezais plantados
em espaçamento adensado. Além das lavouras, as araucárias marcam sua presença na
paisagem. A banana e o leite são produtos que sustentam a economia e dão o aspecto
característico à propriedade e suas estruturas construídas.
Cristina, Vargem Alegre e a Pedra Branca
Em torno do bairro Vargem Alegre floresceram muitas fazendas no século XIX: Pinhal, Água
Limpa, da Pedra de Baixo, da Pedra de Cima, Transwal. Emoldurando esse núcleo uma
cadeia de montanhas que culmina com a Pedra Branca.
Em uma das antigas fazendas produtoras de café tanto a casa sede como a ambientação do
núcleo, foram bastante alteradas pelas mudanças de atividades, para se transformar em
hotel-fazenda. O antigo jabuticabal no nível da cozinha da casa, foi um dos elementos
preservados da fazenda original.
Pedralva e engenhos
Com algumas com sedes do século XIX ainda preservadas, a economia rural de Pedralva é forte
em banana e cana, e construções de engenhos e alambiques reforçam a atividade. Ruína de um
engenho encontra-se ao lado da cidade: construção de três pavimentos, com uma bela chaminé
de tijolos de secção circular, mas lhe falta o telhado.
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Estrutura para produção do café
“A expansão do cafeeiro fez surgir uma paisagem nova – a paisagem do café. Onde era
mata virgem, apareceram as fazendas autossuficientes, emoldurando o planalto,
povoando as vastas extensões do sul mineiro e provocando o crescimento de muitas
cidades. Multiplicaram-se as vias férreas, substituindo as trilhas onde predominavam as
tropas de burros” (FILETTO e ALENCAR, 2001).
No Sul de Minas o café recém-chegado no início do século XIX encontrou fazendas já
montadas e embasadas em outras atividades econômicas. Adaptações foram feitas para
receber a nova cultura que até nossos dias continua a ser a atividade econômica
predominante. A arquitetura, que perdurou durante todo o século XIX e entrou pelo XX afora,
ainda está em parte preservada.
A primeira consideração que ocupa o produtor que procura estabelecer-se é a escolha
do local e a qualidade dos terrenos. O local deve ser sadio, regado a águas, e ter
comunicações fáceis, por mar ou por terra com o mercado onde os produtos acham
extração...qualidade dos terrenos, ...faltando... facilidade de comunicação,(...)nunca
um lavrador fará grande fortuna:(...) antepor a escolha do local á das terras . (TAUNAY,
2001, p. 43)1.
O agricultor que montou uma fazenda pode não ter exatamente lido “O Manual do Agricultor
Brasileiro”, de Taunay, um dos primeiros tratados agrícolas impressos no Brasil prescrevendo
medidas para dinamizar a economia escravista brasileira, mas tinha conhecimento de muitas
das recomendações feitas no manual, ou por experiência, ou por tradição, de maneira que
além da lavoura, a implantação do núcleo da fazenda era muito bem estudada. Em relação
aos caminhos e comunicação podemos notar que a maioria das casas de fazenda do sul de
Minas se localiza em cotas entre 850 e 900 metros de altitude, por onde passam as estradas.
1 Sobre o assunto ver “O Manual do Agricultor Brasileiro” publicado no original em 1839, e reeditado em
2001pela Companhia das Letras, com organização de Rafael de Bivar Marquese. Foi um dos primeiros
tratados agrícolas impressos no Brasil, prescrevendo medidas para dinamizar a economia escravista
brasileira.
Núcleo das fazendas
Fazenda Chapada – Conceição dos Ouros, MG. Nela as construções secundárias ficam atrás da casa principal: tulha e paiol, suspensos do solo e casa do administrador.
“A casa da fazenda não é uma construção isolada, faz parte de um conjunto de edifícios
dispostos equilibradamente entre si, segundo critérios funcionais e simbólicos. A cena
era composta da seguinte maneira: nas cotas mais elevadas desse conjunto, estava
sempre a moradia principal, evidente, soberana; no plano médio, ficavam as
instalações produtivas e as senzalas e, ao fundo, a vargem. ” (CRUZ, 2007, p.56)
Cada fazenda é um conjunto rural, com traçado próprio (estradas, ruas, carreadores)
organização dos espaços para atividades específicas (gado, café, etc.), fluxos (chegada do
produto da lavoura, beneficiamento, armazenamento, saída), hierarquia das construções
(principais, definitivas, temporárias, provisórias).
O complexo produtivo é composto por um conjunto edificações como lavadores, secadores,
tulhas, armazéns, dispostos ao redor do terreiro, onde também ficavam as antigas senzalas. As
construções anexas para beneficiamento e tratamento da produção agrícola, são parte
indispensável do complexo produtivo, chegando a ser uma agroindústria, pois o café passa por
um longo processamento de beneficiamento até que esteja pronto para a exportação,
torrefações ou indústrias de café solúvel. A quantidade dessas benfeitorias fazendas pode girar
em torno de 15, 20, 30 ou mais casas satélites. Esta característica caminha rapidamente para a
mudança, devido às novas relações de trabalho, à contratação de mão de obra temporária e à
mecanização das lavouras.
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Terreiros
Fazenda Cachoeira – Cachoeira de Minas, MG. Estrutura complexa para processar grande produção de café. Nela se destacam, além da casa sede, de época mais remota, o terreiro, com armazém e tulha.
Apesar das fazendas terem sido construídas antes da predominância do café como produto
líder na economia, elas se prestaram perfeitamente ao propósito, com a instalação de
terreiros ao lado da casa, servidos por água para lavador e força motriz do maquinário.
Um muro de pedra seca, mais ou menos da altura de um homem, rodeia em parte um
pátio muito vasto, no fundo do qual ficam enfileiradas, umas ao lado das outras, as
casas dos negros, as pequenas construções, que servem de depósitos e locais de
beneficiamento dos produtos agrícolas, e a casa do dono. ” (SAINT-HILAIRE, p. 46
apud CRUZ, 2007, p.56).
Essa implantação ainda persiste, levando-se em conta o fluxo seguido pelo café após sair da
lavoura até o ponto de ensacamento. Em torno do terreiro gira a vida produtiva da fazenda:
lavadores, tulhas, secadores, armazéns e demais equipamentos.
O café em coco é obtido após o grão já seco, e para isso o terreiro era fundamental. A seca
lenta faz com que os grãos se conservem uniformes. Atualmente existem outros métodos de
secagem, mas ainda não superaram o velho terreiro, de terra batida, tijolos, cimento ou
asfalto. Necessariamente extensos e em nível, exigiam muros de arrimo devido à declividade do
terreno, ou eram vários, construídos próximos a outras instalações como os tanques de lavagem
(lavadores), canais de alimentação das rodas d’água, casas de pilões, de trabalhos de
classificação, armazenamento e estocagem, razão da busca de um sítio plano.
Antes de ser espalhado o café passa pelo lavador à montante do terreiro, enquanto o secador
ficará à jusante. Depois de seco vai para a tulha de descanso que deverá ser ao lado. A
máquina de benefício pode estar localizada junto às tulhas e secadores, sistema que
funcionou desde o século XIX, quando o maquinário era importado de países industrializados,
até nossos dias. Nas fazendas do Vale do Paraíba, com o fim da produção de café no final do
século XIX, os equipamentos e infraestruturas para beneficiamento foram desativados. Ao
contrário do que ocorreu no Vale do Paraíba, no Sul de Minas os terreiros de café funcionam
em plena atividade, inclusive com ampliação e novas construções a cada ano.
Armazém e Casa de Máquinas
Lavadores e canais são elementos presentes no processamento do café desde o século XIX e
ainda hoje é usado o lavador de tanque, construído de tijolos e cimentado. Máquinas para
beneficiamento de café se parecem com as do século passado, porém estão se modernizando,
como o lavador industrializado, o descascador, o despolpador, secadores de vários modelos e
meios de funcionamento e a abanadeira, que veio substituir a tão fotogênica peneira. Rodo, lona
(pano) para cobrir, abanadeira, carrinhos de mão, rastelo e carroça de tração animal, jerico e
toda sorte de máquinas e implementos agrícolas são elementos necessários ao
beneficiamento do café.
Tulhas e paióis
As tulhas são construções de madeira ou de tijolos forrada de madeira, destinadas à
uniformização da umidade do grão, ao descanso após sair do secador. Majoritariamente são
de porte pequeno para guardar e descansar o café em coco, antes de seguir para o
descascador e ensacamento e enviando à cooperativa, onde o café é estocado em grandes
armazéns, por serem mais seguros e práticos que os particulares.
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Colônias
Fazenda São José - Santa Rita do Sapucaí, MG. As casas da colônia pertencem ao proprietário da fazenda, são conservadas e pintadas na mesma época. Em torno de cada uma há sempre um espaço cercado para horta, pomar e para pequenos animais de propriedade do camarada que aí reside.
A colônia foi uma necessidade de ter a mão de obra próxima ao trabalho. Veio substituir a
antiga senzala, com o trabalhador livre, mas ainda habitando a fazenda. A colônia na maioria
das vezes é composta de casas iguais, quando se é planejada e construída de uma só vez.
Além das casas de habitação há a igreja e às vezes uma escola. A tipologia das casas varia
de acordo com vários fatores, como o geográfico, a intenção social, o religioso (proximidade
da igrejinha). Podem ser em linha acompanhando a curva de nível, próximas umas das outras
ou distantes, com área em volta para cultivo de verduras e frutas para o consumo da família.
Às vezes formam em torno de uma praça central.
Esses conjuntos apresentaram uma linguagem arquitetônica coesa, até segunda metade do
século XX. Ainda se encontram colônias em funcionamento, mas algumas tiveram o uso
remanejado, de acordo com as novas necessidades decorrentes da mudança de atividade
econômica. Algumas fazendas possuem uma casa distinta das demais para o administrador
que ali resida, de preferência localizada na entrada da propriedade. Quanto às escolas rurais,
com a reforma do ensino, estão sumindo da paisagem.
Construções para outras atividades
Embora não tivessem sido construídas para o cultivo do café, as fazendas foram adaptadas
para tal, porém essas fazendas não abandonaram as outras atividades. Nas regiões visitadas,
especialmente no do sul de Minas, a pecuária sempre foi ligada ao cultivo do café, com raras
exceções. Motivo para se registrar as manifestações arquitetônicas, dessa atividade rural,
como cochos, cocheiras e estábulos. Portanto, na paisagem rural das serras da Bocaina e da
Mantiqueira, a atividade pecuária marca sua presença com pastagens, silos, estábulos retiros,
cocheiras, cochos.
Em relação aos engenhos diz Carlos Lemos:
“As primeiras fazendas de café derivaram desses estabelecimentos agrícolas,
acrescentados de edificações específicas para a sua produção. Os engenhos de
açúcar foram a primeira grande manifestação arquitetônica do estabelecimento da
população no campo, tendo grande presença da segunda metade do século XVIII até
meados do século XIX. Sua organização era constituída por casa-grande, capela e
fábrica. A implantação variava, mas preferencialmente localizavam-se próximos aos
cursos d’água, para utilizar a energia hidráulica para mover as moendas. (LEMOS,
1999, p.136-138; BENICASA, 2003).
Os engenhos de rapadura e alambique (fábrica de aguardente) coexistiram com o café e
ainda continuam ocupando o espaço na paisagem de algumas fazendas de café.
Pequenas obras
Porteiras, cercas, pontes e muros de pedra em torno da sede, cercando currais e pomares,
transformando-se em arrimos das casas sede, muros de adobe nas proximidades da casa: as
pequenas obras de engenharia rural, assim como a maneira de trabalhar a terra, além dos
elementos naturais que compõem a paisagem rural, falam de um povo e de um território
específico e revelam a cultura da sociedade que ali vive. Mais que isso, fazem parte da
paisagem construída pelo homem: das tradições trazidas de sua terra, dos conhecimentos
adquiridos em contato com outros povos e dos processos de evolução no tempo, com os
novos agenciamentos devidos à evolução de necessidades e aperfeiçoamento das técnicas.
Na zona rural, essa paisagem, modificada pelo homem, evolui mais lentamente que nas
cidades, podendo guardar vestígios de épocas pretéritas, seja através de maneiras de falar,
de vestir, de cozinhar ou construir. Por isso faz-se urgente que se registre o que ainda resta
desses hábitos para que, entendendo o que fomos, possamos conhecer melhor a nós
mesmos, saber quem somos, como um povo e uma nação.
Sobre porteiras diz SAINT-HILAIRE, em Segunda Viagem do Rio de Janeiro a Minas Gerais e
São Paulo. “Não devo também esquecer de dizer que se entra no pátio por uma das portas a
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que se chama porteira, também empregada para fechamento dos pastos. Constam tais
porteiras de dois esteios e algumas tábuas. ” (SAINT-HILAIRE, p. 46. Apud CRUZ 2007,
p.56).
Pomares, hortas e jardins
Fazenda Três Barras – Carmo de Minas, MG. Fechando o grande quadrilátero a casa sede, o paiol e a senzala, “o grande pomar em forma de ferradura circundava o paiol, terreiros, garagens, tulha e galinheiros próximos à casa. Era um belíssimo pomar formado por quase uma centena e meia de
enormes jabuticabeiras, das mais variadas qualidades”. (JUNQUEIRA, 2004)
Se a arquitetura teve influências estrangeiras, “O jardim tampouco nasceu aqui, foi trazido
como se fazia lá fora e foi sendo transformado à medida que se formava uma sociedade nova
(OLIVEIRA, in DELPHIM, 2005, p. 12).
Na passagem dos séculos XIX para o XX, os jardins e os pomares, tão importantes quanto as
edificações das casas, faziam parte do planejamento de toda fazenda. Pequenos jardins de
flores e ervas, murados ou cercados, de traçado geométrico, ao lado de casas, acabaram por
caracterizar uma época e um modo de vida. Os espaços reservados a eles são indissolúveis da
casa. Mesclando espécies nativas com as trazidas de outras plagas, como aconteceu com
nossa cultura, formavam o conjunto de conhecimentos e costumes que se desenvolveram pari
passu à nova sociedade do café no século XIX como parte do processo de colonização do
território com a introdução de novos hábitos. “Até o Império são poucos os registros de jardins
no Brasil” (MARX, 1980, p.62).
O pomar de frutas variadas poderia se localizar no quadrado cercado por muros de adobe aos
fundos da casa. Enquanto as mangueiras ficavam esparsas em terreno aberto nos fundos e
lados da casa, o jabuticabal se localizava sempre junto a um riacho, para irrigação
permanente. A escolha do sítio obedecia a contingências físicas como provimento de água, o
sentido dos ventos, a topografia do terreno e também a proximidade da casa sede para os
cuidados necessários e controle da coleta dos frutos, sempre em época certa do ano, na
dependência do regime de chuvas, incidência de sol, frio e calor.
“...junto aos engenhos de açúcar e aos terreiros de café ou aos solares dos grandes
exportadores nas cidades, como nos palácios das autoridades nacionais, a palmeira
imperial trazida de outras terras, confere também aos jardins públicos daquela época
um cunho especial e à paisagem brasileira um toque característico. (MARX, 1980, p.
62)
A palmeira imperial é um caso especial na relação com o café e suas fazendas produtoras.
Passa a impressão de poder e de imponência, nas fazendas do Vale do Paraíba, marcam a
presença e a adesão ou afinidade com o império.
Sistemas construtivos - tijolo e pau a pique
Luís Saia afirma que as “Fazendas do Vale do Paraíba” tinham a “finalidade precípua de
produzir café”. Eram “fazenda de monocultura do café”, com o mesmo “estilo de exploração
econômica e estilo de compleição edificatória [...] ocupação territorial associada ao café desde
suas primeiras épocas de seu cultivo como produção do tipo colonial”. A fazenda Pau d’Alho
era um exemplar clássico, “no sentido de conter, em substância, todas as soluções que
fizeram carreira, com variantes condicionantes a zonas e épocas, nestes 150 anos de
economia cafezista”. (SAIA, 1978, p.66).
4O COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO Belo Horizonte, de 26 a 28 de setembro de 2016
Fazenda Chapada - Conceição dos Ouros, MG. Estrutura autônoma de madeira. Todo o conjunto fica dentro de um quadrilátero, contido por muro pedras grandes, aliadas a pequenas pedras de mão.
Como a economia baseada no café como principal produto de exportação perdurou por
muitas gerações antes do êxodo para a cidade, por volta dos anos 1970, nada mais normal
que as construções rurais ligadas a ele refletissem os vários estilos e materiais e técnicas
construtivas de cada época. Às vezes, apesar de modernas, construídas com técnicas novas,
algumas casas mantinham a mesma implantação, o mesmo programa e a mesma distribuição
dos espaços das fases construtivas anteriores.
Sem um recorte temporal na fase de levantamento, diversos momentos históricos e fases
distintas na arquitetura do café, muitas vezes coexistiam no mesmo espaço ao mesmo tempo.
Nesses casos estudados predominam duas tipologias e sistemas construtivos: estrutura
autônoma de madeira, também chamada de pau-a-pique, e alvenaria autoportante de tijolos,
sem uso de cimento. São duas arquiteturas e técnicas construtivas em extinção e, portanto,
merecedoras de estudos e registros.
O primeiro desses sistemas aparece em fazendas tradicionais desde o final do século XVIII,
obedece a regras e critérios bem definidos e inicia a transição quando do surge o tijolo cozido,
em finais do XIX, primeiro timidamente, usado em vedação, depois substituindo toda a
estrutura, porém com os alicerces ainda de pedra e os assoalhos de madeira sobre barrotes.
As proporções de uma arquitetura para outra, de pau a pique para tijolos, mudam, sendo a
primeira mais espraiada e a segunda mais robusta. A inclinação do telhado e o modelo de
telha usada na cobertura são responsáveis em parte por essa diferenciação, mostrando aí a
influência do material na forma da arquitetura. Apesar das diferenças, os materiais de ambas
são os mesmos: a pedra, o barro e a madeira.
Fazenda Santa Thereza - Piranguçu – MG. Chalé de alvenaria de tijolos maciços autoportantes. Ao redor da casa, grande área contornada por muros brancos, com balaústres de cimento, sobre arrimos escorados por gigantes.
A pedra solta, encontrada em grande quantidade nas regiões de estudo é utilizada sempre e
somente para o embasamento, escadas, soleiras das portas e lajeados de pátios, em forma
de cantaria ou enxilharia. Não se usa pedra para umbrais e vergas.
Na arquitetura de pau-a-pique o barro está presente no preenchimento da trama de paus
roliços e taquara, como adobe em algumas e poucas soluções e nas telhas de capa e canal,
de fatura manual. Nas estruturas autoportantes, o barro comparece em forma de tijolo cozido
nas paredes maciças e como cerâmica para a cobertura de telhas francesas.
A madeira é estrutural na casa de pau-a-pique, fazendo a gaiola sobre o plano do alicerce de
pedra e a estrutura da cobertura. Está também nos fechamentos de portas e janelas, nos
pisos, forros e demais pormenores construtivos. A casa de tijolo restringe o uso da madeira
ao assoalho, portas e janelas, estrutura do telhado e forro. Em todas essas aplicações, a
madeira já passou por processo de industrialização. (LEMOS, 1999). Outros materiais como
bambu, vidro, azulejos, ferro, tinta, cal e areia contribuem nessas edificações.
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Conclusão
A ação de levantamento e inventário nas regiões da Serra da Bocaina, no Vale do Paraíba
Paulista e na da Mantiqueira no Sul de Minas, iniciativa do Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional – IPHAN, mostrou uma região com história marcante e particular, de uma
paisagem construída pelo homem ao longo dos séculos XIX e XX e que ainda guarda
conservados e preservados bens arquitetônicos e técnicas culturais, com plenas
potencialidades que aliam as tradições herdadas com o desenvolvimento de tecnologias de
ponta relativos ao café, produto até hoje de forte presença na pauta de exportação do país.
Ao encabeçar a criação do grupo de trabalho para agrupar estudos, conhecimentos e
reflexões sobre patrimônio rural legado pela economia do café, o IPHAN apontou para a
importância de além proteger, preservar e valorizar a paisagem que trouxe divisas
econômicas ao Brasil, produziu um patrimônio cultural de incalculável valor e modificou a
paisagem gerada tanto pelas lavouras como por toda infraestrutura construída para
beneficiamento do produto, gerando uma nova paisagem cultural.
Passada quase uma década, o tema continua atual apontando para a necessidade a
retomada dos trabalhos de patrimonialização - reconhecimento e valorização - dessa
paisagem como objeto da memória nacional, testemunho da história da técnica, do trabalho,
da sociedade e da cultura do Brasil.
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Créditos * Graduada em Arquitetura, pela Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (EAUFMG) Arquiteta e urbanista da Superintendência do Iphan em São Paulo. e-mail: [email protected]