Download - Paragem aLer+_ dezembro.2012
É Natal
É Natal e por esse Mundo,Quantos Corações sem EsperançaQuantas Lágrimas RolandoNum Rostinho de Criança
Quanta Criança Descalça,Rotinha, Magra, Faminta,Apelando para o MundoNa Rua Estende a Mãozita...
Ah se eu fosse PoderosaBem Mais do que um Simples Ser,Não Haveria no MundoUma Criança a Sofrer
Por isso meu Bom JesusQuando o Sino BadalarVou fazer uma OraçãoTua Imagem Adorar
Pedirei Paz para o MundoMuito Amor para os PequeninosAlegria para os que ChoramE Pão para os Pobrezinhos
E Ajudando os que SofremA Cada um Dando a MãoPassaremos um NatalCom mais Paz no Coração
Maria da Luz Pedrosa
Dia de Natal
Hoje é dia de NatalMas o Menino JesusNem sequer tem uma cama,Dorme na palha onde o pus.Recebi cinco brinquedosMais um casaco comprido.Pobre Menino Jesus,Faz anos e está despido.Comi bacalhau e bolos,Peru, pinhões e pudim.Só ele não comeu nadaDo que me deram a mim.Os reis de longe lhe trazemTesouro, incenso e mirra.Se me dessem tais presentes,Eu cá fazia uma birra.Às escondidas de todosVou pegar-lhe pela mãoE sentá-lo no meu coloPara ver televisão. Luísa Ducla Soares
É Natal
É dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.
É dia de pensar nos outros e, também, nos que padecem,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem.
António Gedeão
No Pinheirinho de Natal Com estrelinhas a brilhar Tantas, tantas prendinhas
O Natal está a chegar Coloco o sapatinho
Junto Árvore de Natal Pedi para ser um bom menino
E não me portar mal.
Pedido de Natal
A palavra mais bela
Fui ver ao dicionário de sinónimos
A palavra mais bela sem igual
Perfeita como a nave dos Jerónimos...
E o dicionário disse-me NATAL.
Perguntei aos poetas que releio:
Gabriela, Régio, Goethe, Poe, Quental,
Lorca, Olegário... e a resposta veio:
Christmas... Noel... Natividad...Natal...
Interroguei o firmamento todo!
Cobras, formigas, pássaros, chacal!
O aço em chispa, o «pipe-line», o lodo!
E a voz das coisas respondeu NATAL.
Cânticos, sinos, lágrimas e versos:
Um N, um A, um T, um A, um L...
Perguntei a mim próprio e fiquei mudo...
Qual a mais bela das palavras, qual?
Para que perguntar se tudo, tudo,
Diz Natal, diz Natal, e diz Natal?!Adolfo Simões Muller
Noite de Natal
Noite de natal
chego à porta e batovou meter prendinhas,
no vosso sapatoPus o sapatinho,
junto à chaminéE o Pai Natal deu-me um
chimpanzé.
Mas para alegrar
o meu caracolO Pai Natal,
deu-me um guarda solZangou-se comigo,
levou-se da brecaPuxou-me os cabelos,
e eu fiquei careca.
Natal Africano
Não há pinheiros nem há neve,
Nada do que é convencional,
Nada daquilo que se escreve
Ou que se diz... Mas é Natal.
Que ar abafado! A chuva banha
A terra, morna e vertical.
Plantas da flora mais estranha,
Aves da fauna tropical.
Nem luz, nem cores, nem lembranças
Da hora única e imortal.
Somente o riso das crianças
Que em toda a parte é sempre igual.
Não há pastores nem ovelhas,
Nada do que é tradicional.
As orações, porém, são velhas
E a noite é Noite de Natal.Cabral do Nascimento
Fios brilhantes
O Natal já vinha perto.
E, em casa, que confusão.
Toda a gente atarefada.
Com a vassoura na mão.
E as aranhas perseguidas.
Fugiam a oito patas.
E iam esconder-se no sótão.
Com os ratos e as baratas.
Lá em cima, muito tristes.
Lamentavam o seu mal:
- Ai, se ao menos nos deixassem.
Ver a árvore de Natal!
Mas, o Menino Jesus.
Mandou-lhes este recado,
Por uma estrela que brilhava.
Entre as frestas do telhado.
«Quando a gente desta casa.
Estiver toda deitada.
Aranhas, tendes licença.
De ir ver a árvore enfeitada.»
As aranhas, uma a uma.
Saíram lá do seu canto.
E foram ver o pinheiro.
Que estava mesmo um encanto.
Mas, ao andarem pelos ramos,
As pobres aranhas feias
Deixavam atrás de si
Os fios cinzentos das teias!
O Deus Menino, porém.
Estendeu sua mão bendita.
Transformando em fios de prata.
Os sinais dessa visita.
Dizem que foi desde então,
Que se tornou habitual.
Enfeitar com fios brilhantes.
As árvores de Natal.Maria Isabel Mendonça Soares
A noite de Natal
Em a noite de Natal
Alegram-se os pequenitos;
Pois sabem que o bom Jesus
Costuma dar-lhes bonitos.
Vão se deitar os lindinhos
Mas nem dormem de contentes
E somente às dez horas
Adormecem inocentes.
Perguntam logo à criada
Quando acorde de manhã
Se Jesus lhes não deu nada
– Deu-lhes sim, muitos bonitos.
– Queremo-nos já levantar
Respondem os pequenitos.Mário de Sá-Carneiro
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NATAL
É urgente o amor
É urgente um barco no mar
É urgente destruir certas palavras,
Ódio, solidão e crueldade,
Alguns lamentos,
Muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
Multiplicar os beijos, as searas,
É urgente descobrir rosas e rios
E manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
Impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
Permanecer.
Eugénio de Andrade