Projeto Inclusão e Participação Digital (Programa UTAustin | Portugal)
4 de Novembro de 20011, Fundação Calouste Gulbenkian
Os Seniores na Sociedade da Informação e da Comunicação – Inquérito sobre a Utilização da Internet por indivíduos com idade igual ou superior a 55 anos Lídia Oliveira ([email protected])
Departamento de Comunicação e Arte – Universidade de Aveiro
CETAC.MEDIA -‐ Communication Sciences and Technologies Centre -
http://www.cetacmedia.org/
Lídia Oliveira – [email protected] 2
Projeto Inclusão e Participação Digital Conferência – 4 de Novembro de 20011, Fundação Calouste Gulbenkian Os Seniores na Sociedade da Informação e da Comunicação – Inquérito sobre a Utilização da Internet por indivíduos com idade igual ou superior a 55 anos
No contexto do Projeto Inclusão Digital foi realizado um inquérito por questionário (aplicado com colaboração de entrevistador) em Lisboa e no Porto ao qual responderam 756 indivíduos, sendo 50,3% masculinos e 49,7% femininos.
O presente documento apresenta os resultados dos respondentes com idade igual
ou superior a 55 anos (entre 55 e 88 anos, com idade média de 64,55 anos), que responderam ao referido inquérito por questionário. Interessa compreender os resultados obtidos, nomeadamente, no contexto dos dados relativo ao contexto nacional, que têm vindo a ser publicados pelo Obercom. Caracterização da Amostra
Quanto à caracterização da amostra dos Seniores, consideram-‐se as variáveis género e escolaridade, para além da idade:
Género
Frequency Percent Valid Percent
Cumulative Percent
Valid Masculino 42 51,2 51,2 51,2 Feminino 40 48,8 48,8 100,0 Total 82 100,0 100,0
Lídia Oliveira – [email protected] 3
Idade do entrevistado
Frequency Percent
Valid Percent
Cumulative Percent
Valid 55 6 7,3 7,3 7,3 56 7 8,5 8,5 15,9 57 5 6,1 6,1 22,0 58 5 6,1 6,1 28,0 59 3 3,7 3,7 31,7 60 4 4,9 4,9 36,6 61 4 4,9 4,9 41,5 62 5 6,1 6,1 47,6 63 5 6,1 6,1 53,7 64 2 2,4 2,4 56,1 65 4 4,9 4,9 61,0 66 3 3,7 3,7 64,6 67 2 2,4 2,4 67,1 68 4 4,9 4,9 72,0 69 2 2,4 2,4 74,4 70 3 3,7 3,7 78,0 71 3 3,7 3,7 81,7 72 2 2,4 2,4 84,1 73 2 2,4 2,4 86,6 74 1 1,2 1,2 87,8 75 1 1,2 1,2 89,0 76 3 3,7 3,7 92,7 77 1 1,2 1,2 93,9 79 1 1,2 1,2 95,1 81 1 1,2 1,2 96,3 82 1 1,2 1,2 97,6 83 1 1,2 1,2 98,8 88 1 1,2 1,2 100,0 Total 82 100,0 100,0
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No que diz respeito à formação a amostra apresenta a seguinte distribuição:
Escolaridade
Frequency Percent Valid Percent
Cumulative Percent
Valid 1º Ciclo 17 20,7 20,7 20,7 2º Ciclo 6 7,3 7,3 28,0 3º Ciclo 15 18,3 18,3 46,3 Secundário 24 29,3 29,3 75,6 Superior 20 24,4 24,4 100,0 Total 82 100,0 100,0
Ainda no sentido de compreender o contexto familiar, doméstico, dos
respondentes será interessante observar com quem vivem e qual a influência dos diversos atores presentes na rede ego-‐centrada de cada um.
Neste sentido foi solicitado ao respondente que indicasse quantas pessoas com mais de 18 anos (incluindo o próprio) e quantas pessoas com menos de 18 anos vivem em sua casa. Os resultados mostram que:
Pessoas em casa com mais de 18 anos
Frequency Percent Valid Percent
Cumulative Percent
Valid 1 38 46,3 46,3 46,3 2 28 34,1 34,1 80,5 3 13 15,9 15,9 96,3 4 3 3,7 3,7 100,0 Total 82 100,0 100,0
Pessoas em casa com menos de 18 anos
Frequency Percent Valid Percent
Cumulative Percent
Valid 0 78 95,1 95,1 95,1 1 2 2,4 2,4 97,6 2 2 2,4 2,4 100,0 Total 82 100,0 100,0
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Verifica-‐se que são agregados familiares envelhecidos, dos quais 95% não tem nenhum elemento com menos de 18 anos, apenas dois respondentes vivem com uma pessoa com idade inferior a 18 anos e outros dois com duas pessoas jovens.
No que respeita a coabitar com pessoas com idades superior a 18 anos verifica-‐se que quase metade vive apenas uma pessoa, como a questão pedia para o respondente se considerar a si próprio, conclui-‐se que quase metade dos respondentes vive sozinho, o que traça bem o cenário da potencial solidão. Se analisarmos os resultados para um agregado de duas pessoas maiores de 18 anos, verifica-‐se que isso ocorre em 34,1% dos casos, que se poderá inferir ser o companheiro(a). Apenas aproximadamente um quinto (19,6%) dos respondentes partilha a casa com maior número de pessoas, sendo agregados com três ou quatro membros, incluindo o respondente.
Logo, estamos face agregados onde predomina o isolamento ou um número mínimo de membros tendencialmente envelhecido.
Neste contexto doméstico a questão relativa aos relacionamento inter-‐geracionais e à potencialização dessas relações no sentido de fluxos mutuamente estimulantes, se coloca de forma residual. Ainda assim, poderemos olhar para os resultados da questão: Quem o ensinou a usar a Internet?, -‐ em que se procurava compreender a influência educativa da rede familiar, de amizade, da escola, -‐ verifica-‐se que:
O autodidatismo é a situação dominante. As pessoas tendencialmente vivem sozinhas e aprendem sozinhas. Mesmo as que vivem acompanhadas demonstram não usar essa rede para a promoção de interajuda na aprendizagem. Contudo, as rede social funciona em 11% dos casos com os amigos ou colegas e 9,8% com os filhos e/ou netos, ou seja, há ainda assim um grupo que usufruí da dinâmica interpares e outro da dinâmica inter-‐geracional. No que concerne à aprendizagem num contexto formal com ajuda de um professor apenas em 2,4% dos casos se verifica.
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
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Ecologia Social de Utilização da Internet Equipamento existente no agregado familiar
Os usos, ou os não-‐usos, ocorrem em contexto. Um dos contextos determinantes do perfil caracterizador dessa dinâmica, é o contexto doméstico. Este é tanto mais o contexto quanto mais a população que estamos a observar é uma população que vai progressivamente ficando desvinculada de um contexto profissional, quer porque se aposenta, quer porque fica em situação de desemprego. É importante, portanto, saber que tipo de dispositivos estas pessoas dispõem das suas casas independentemente de fazerem ou não uso deles, ou seja, trata-‐se de compreender o ecossistema ou ecologia social, na qual os seus processos cognitivos e sociais ocorrem.
Os resultados, que se sistematizam no gráfico que se segue evidenciam que a ecologia tecno-‐social partilhada por todos é tecida pela presença e dinâmica comunicacional da TV generalista de sinal aberto e do telefone móvel, sendo que a televisão por cabo ou satélite está presente em 66% dos casos.
No que respeita a tecnologias mais características das dinâmicas comunicacionais contemporâneas, como computadores portáteis e dispositivos com ligação à Internet a percentagem diminui de forma considerável, o que expressa que a velocidade de adopção destas ferramentas não chegou ainda à geração sénior.
Mas, para compreendermos melhor o índice de inclusão na sociedade em rede,
onde a ligação à Internet é o indicador principal para se compreender o potencial de inclusão e participação teremos de centrar a atenção nos resultados à questão sobre o uso, ou não usos, que estes indivíduos fazem da rede.
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
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Para complementar o contexto de uso da tecnologia importa compreender em que percentagem são utilizadores da Internet e em que contextos fazem esse acesso. A questão colocada era: “Que frase descreve melhor o seu uso da Internet?”
Com estes resultados a nossa amostra passa a estar divida em duas subamostras: os utilizadores da Internet (quem usa frequentemente (26,8%) e os que umas vezes usam frequentemente e noutros períodos usam pouco (43,9%)) e os não utilizadores da Internet. Estes últimos serão tratados em tópicos específico. No que diz respeito aos dados daqui para a frente apresentado e tratados, opta-‐se por considerar os 70,7% dos utilizadores como a amostra e não se incluem as não respostas nos resultados (tabelas, gráficos), por efetivamente dizerem respeito aos não utilizadores, que em números absolutos são: vinte que afirmaram nunca ter usado a Internet, um nunca ter querido usar e um já ter sido utilizador, mas agora já não ser e um que não responde. Locais de conexão rizomática
Como se pode verificar no gráfico que se segue o lar é o lugar com maior expressão quando se trata de aceder à Internet, seguido das bibliotecas:
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Existem períodos que uso frequentemente e
Eu uso muito frequentemente a internet
Eu nunca usei a internet
Já fui utilizador da internet mas agora não sou
Eu nunca quis usar a internet
Que frase descreve melhor o seu uso da Internet?
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Em que locais tem acesso/utiliza a Internet (navegar, chat, e-‐mail) Dinâmicas de utilização e respetiva frequência
Quais as tarefas que os maiores de 55 anos fazem usando a Internet como mediador e com que intensidade o fazem? Estão criadas novas rotinas cognitivas e sociais?
Utilização da Internet
0 10 20 30 40 50
Acesso em casa
Acesso na biblioteca
Acesso no trabalho
Acesso num cibercafé
Acesso em casa de um amigo ou
Acesso na escola ou na
Acesso no telemóvel
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Consultar e-‐mail
Ver informação sobre política, economia
Aceder a informação para elaborar
Pagar serviços/formulários
Ver informação sobre desporto, música,
Utilizar programas de mensagens
Ver vídeos (por ex. Youtube)
Jogar online
Participar em redes sociais (Facebook,
Produzir conteúdos para divulgação pela
Fazer chamadas telefónicas pelo
Fazer downlods de música ou _ilmes
Pagar compras (livros, viagens, etc.)
Publicar informação (blogs, comentários
Participar em fóruns
Frequentemente
Regularmente
Raramente
Nunca
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Da análise do gráfico verifica-‐se que os serviços que são utilizados com maior
frequência são serviços miméticos de serviços pré-‐Internet, ou seja, o e-‐mail mimetiza o correio postal, ver informação sobre política, economia, etc. mimetiza a consulta de jornais, aceder a material para elaborar trabalhos mimetiza o acesso a livros e enciclopédias para a elaboração dos referidos trabalhos. Todos os serviços que implicam uma mudança na lógica de uso e/ou na linguagem têm um índice de frequência de utilização baixíssima. Ou seja, quando se salta de uma lógica de recepção/consumo para uma lógica de produção e participação, bem como da linguagem escrita, para a linguagem multimédia interativa o cenário de adesão altera-‐se radicalmente. De fato, usar serviços que implicam que o utilizador passe de consumidor a produtor de conteúdos e dinamizador de relacionamentos envolve o domínio de competências info-‐comunicacionais que precisam de ser apreendida/aprendidas e que não se transferem por efeito mimético para o ciberespaço.
Outra competência que é necessário ter e exercer quando se navega na Internet é a noção que nem toda a informação disponível é credível e que, ao contrário das fontes editoriais pré-‐Internet que tinham um editor, alguém responsável pelos critérios de seleção e ordenação da informação publicada, na Internet desaparece o editor e o receptor assume o estatuto de autor. Logo, o esquema de filtragem e construção de uma visão global e coerente dos assuntos desaparece. Como diria Edgar Morin a necessidade do exercício crítico e higiene do espírito crescem exponencialmente. Que tipo de preocupação têm os maiores de 55 anos face à informação que consultam na Internet?
Os resultados globais evidenciam que há ainda quase metade dos utilizadores (49,2%) que não se preocupam com a origem da informação, contra um pouco mais de metade (50,8%) que demonstra uma atitude crítica e analítica face à informação que encontra na Internet. Será importante cruzar estes resultados com outras variáveis,
Não me preocupo com a origem da informação
Sim, preocupo-‐me, e procuro identi_icar o autor do conteúdo ou site e comparo os sites
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como a escolaridade para compreender se há fatores que potenciam esta atitude mais preocupada.
Será que esta informação recolhida na Internet, com mais ou menos filtragem crítica é usada apenas para consumo imediato ou acaba por ser guardada e fazer parte dos referenciais, dos favoritos, e reutilizada para construir outros conteúdos?
A maioria faz um consumo imediato sem registo para uso futuro. Talvez também aqui se verifique o mimetismo da estratégia de consumo dos meios de comunicação de massa (mass media) em que impera o efémero.
Considerando ainda a problemática da literacia info-‐comunicacional, com as
diferentes competências necessárias a sobreviver e usufruir de forma protegida do ciberespaço, é importante compreender o que é que efetivamente os seniores consideram que sabem fazer. A questão era: Que coisas destas sabe fazer na Internet?
0 10 20 30 40 50 60
Consulto, e habitualmente não preciso de guardar
Consulto e habitualmente guardo para analisar posteriormente
Consulto e habitualmente guardo nos favoritos
Consulto e faço copy/paste directamente para o trabalho que estou a fazer
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Os resultados evidenciam que à medida que o grau de complexidade na proteção dos dados pessoais aumenta, menor é o número de utilizadores que assume saber manusear essas funções. Apenas 20,4% sabe alterar as definições de privacidade no perfil da rede social e apenas 40,4% sabe bloquear publicidade indesejada ou lixo electrónico. Estes resultados demonstram existir uma grande fragilidade desta camada populacional face às ameaças que sempre espreitam em cada esquina on-‐line. Percepção da utilidade da Internet
Do trabalho ao entretenimento, da máxima concordância ao uma não apropriação para fruição social e lúdica.
Grau de concordância / discordância face às afirmações
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Marcar um site, ou seja, adicioná-‐la aos "Favoritos"
Apagar o registo dos sites que visitou
Bloquear publicidade indesejada ou lixo electrónico
Comparar sites diferentes para veri_icar se a informação é verdadeira
Alterar as de_inições de privacidade no per_il de uma rede social
sim Não
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Há percepção de utilidade da Internet para a atividade/trabalho que se exerce, mas contrariamente às dinâmicas juvenis em que a Internet é apropriada como uma plataforma social e de entretenimento, neste caso essas componentes são desvalorizadas. Este fato é tanto mais considerável na presente amostra quanto uma percentagem significativa vive sozinha ou apenas com o(a) companheiro(a). Logo, num contexto propenso a solidões seria expectável, ou talvez não, a potenciação da dimensão social e lúdica da rede.
Para dar uma leitura mais completa a estes dados é pertinente observar os resultados obtidos na questão: “Desde que começou a usar a internet aumentou, manteve ou diminuiu o seu contacto com as seguintes pessoas?”
Destaca-‐se a ausência de efeito negativo da Internet nos relacionamento familiar e na rede de pares. Tendo para um pouco mais de um quarto dos respondentes tido um efeito de aumento dos contatos, 32,1% para familiares que estão longe, 25,9% para familiares que vivem perto e 31% com as pessoas com quem partilham interesse e passatempos, o que revela a dimensão agregação social que está na sua matriz essencial. De consumidor a prosumidor
Qual será a experiência e o interesse de criação de conteúdos das pessoas cujo percurso de vida já entrou numa fase de maturidade, com experiências, histórias, conhecimentos e tudo o mais para partilhar, para que não ocorra o que Boaventura de Sousa Santos denomina como desperdício da experiência que pode ser um desperdício por falta de atenção e conhecimento de culturas diferentes e cosmovisões diferenciadas, mas também desperdício intergeracional.
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Amigos e família que vive longe
Amigos e família que vive perto
Pessoas com quem partilho os mesmos interesses pessoais e passatempos
Aumentou
Manteve
Diminuiu
Lídia Oliveira – [email protected] 13
Destacam-‐se por terem sido menos feitas a construção do próprio blog, com apenas 5,6%, o que surpreende, numa sociedade em que os blogs pela sua facilidade de construção passaram a ser o espaço de expressão do eu, mais do que fazer um site pessoal, que neste caso teve 13,2% que já o fizeram.
O carregar fotos, vídeos e música num site foi a atividade que maior número dos respondentes já fez, com 36,8%. Segue-‐se a assinatura de petições on-‐line, com 31,6%, o que denota uma oportunidade de participação cívica e democrática aberta pelo uso da Internet. Os não utilizadores da Internet Razões para não usar a Internet
A principal a razão para não usar a Internet é não ter efetivamente acesso a esse bem/serviço (60,9%), seguida pela percepção de ausência de necessidade quer do ponto de vista profissional que pessoal.
Principais motivos apresentados pelos não utilizadores
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Carregar fotos, vídeo, música num
Assinar uma petição on-‐line
Fazer comentários que contribuam
Criar a minha própria página/per_il
Construir o meu próprio site
Contatar um político on-‐line
Contribuir para um site colaborativo
Construir o meu próprio blog
Fiz
Interesse em fazer
Sem interesse
0 10 20 30 40 50 60 70
Não tenho acesso
Não preciso nem para o emprego nem
Não tenho tempo /não gosto
É demasiado cara
O equipamento que tenhoo no emprego/escola
Acho que não consigo funcionar com a Internet
Faz mal à saúde
Rejeito tudo o que está relacionado com a
Lídia Oliveira – [email protected] 14
O argumento de ser demasiado cara, com 17,4%, reforça a ideia de não acesso por privação de meios. Há ainda a sublinhar que 17,4% alega não ter tempo e/ou não gostar.
No que respeita aos dois utilizadores que declararam que tinham sido utilizadores
da Internet, mas tinham deixado ser, um apresentou como razão o fato de ter perdido o interesse e outro que a Internet é demasiado cara. O que desperta o interesse em usar aos não utilizadores – quais as finalidades desejadas
Apesar de não utilizadores estes indivíduos estão mergulhados numa dinâmica social em que as tecnologias de informação e comunicação digitais e a Internet estão disseminadas e naturalizadas na grande maioria dos processos. Sendo assim, é natural que criem uma expectativa, um desejo de uso de algumas funcionalidades e serviços. Os resultados evidenciam que o que é mais desejado é a consulta de informação sobre doenças e questões de saúde com 73,9% dos respondentes a afirmar ter interesse nesta possibilidade. Considerando a idade que traz novos desafios ao nível da saúde é natural esta escolha, mas não deixa de ser interessante que tenham a percepção que a Internet pode ser um mediador no acesso a esse tipo de informação.
Motivos de interesse para usar a Internet, por parte dos não utilizadores
Uma percentagem significativa mostra interesse pelas várias possibilidades, a
única que ficam com um valor abaixo dos 50% é o interesse por comprar pela Internet e usar os serviços do seu banco. Talvez aqui exista uma percepção de insegurança e perigos não controlados, nomeadamente, pelo fato de por serem não utilizadores, e a sensação de domínio ser ainda menor.
Enfim, utilizadores (e não utilizadores) ainda em processo de apropriação de uma
dinâmica que cada vez menos podem ignorar, porque os pressiona, e os chega mesmo a violentar, aliás, como qualquer processo de inclusão! A inclusão digital não deixa de ter também duas faces a considerar na reflexão.
0 20 40 60 80 100
Consultar informação sobre doenças e
Usar a Internet para telefonar a amigos
Consultar informações sobre serviços
Transferir fotogra_ia de uma câmara
Preencher documentos on-‐line (IRS,
Consultar serviços locais (cinema,
Comprar coisas pela Internet e usar
Sim
Não