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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

A ARTE E MANHA DA CAPOEIRA E SUA APLICABILIDADE NO

CONTEXTO ESCOLAR

Maria Aparecida Carbonar1 Elizabeth Johansen2

UEPG

Resumo. Reconhecer a capoeira como ferramenta pedagógica dentro do contexto escolar e a sua aplicabilidade enquanto Patrimônio Cultural é o objetivo desse estudo. Refletindo os Patrimônios Imateriais buscando estruturar narrativas com a (re)construção e manutenção da memória e de relatos orais subsidiada com textos e pesquisas em torno da malícia, da ginga e arte da capoeira, levaremos a história desse patrimônio cultural ao espaço escolar. De marginalizada no período imperial e início do republicano, chega à condição de Patrimônio Cultural do Brasil (IPHAN, 2008). Sua aplicabilidade no currículo escolar poderá desenvolver a motricidade dos alunos, a concentração, a autodisciplina, o senso crítico, além do senso esportivo e intelectual. O referido projeto foi realizado com 25 alunos do 8º ano do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Dr. Epaminondas Novaes Ribas, na cidade de Ponta Grossa - PR. Foram realizadas oficinas de instrumentos e uma roda de capoeira com os participantes, além de uma exposição dos materiais a toda comunidade escolar. Palavras Chaves: Capoeira; Patrimônio Imaterial; Ferramenta Pedagógica.

INTRODUÇÃO

A capoeira não tem credo, não tem cor, não tem bandeira, ela é do povo, vai correr o

mundo. (Mestre Canjiquinha)

Seguindo o pensamento de mestre Bimba podemos observar que a

caminhada percorrida pela capoeira passou pela proibição de sua arte até

chegar a ser considerada como Patrimônio Imaterial do Brasil. No entanto,

além de estudar sua trajetória, o presente estudo faz uma reflexão sobre a arte

e manha da capoeira e sua aplicabilidade no contexto escolar tomando o

Patrimônio Imaterial como objeto de estudo.

Este ensaio faz parte das discussões realizadas para o desenvolvimento

do projeto de intervenção pedagógica e da construção do material didático

pedagógico como parte do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE)

tendo por objetivo principal a aplicação de pesquisas que resultem na busca do

1 Professora PDE (UEPG), Especialista em Educação Patrimonial (UEPG), em

Educação em Valores Humanos (FIES) e em Neuropsicopedagogia (Dom Bosco). 2 Professora Assistente do Departamento de História da UEPG, Mestre em História pela

UFPR.

melhor método que se adéque ao processo de ensino aprendizagem para

refletirmos sobre a Lei 10.639, indagando se a Capoeira enquanto Patrimônio

Cultural pode ser utilizado como ferramenta pedagógica no processo de ensino

aprendizagem e como oportunidade para se conhecer e estudar a cultura Afro-

Brasileira e Africana.

- Reflexões sobre a Capoeira

A origem do nome ‘capoeira’ para alguns etnólogos vem da língua tupi-

guarani: caa, que significa ‘mato’ e puera, ‘o que foi’. Segundo alguns

estudiosos, quando os escravizados fugiam eles iam para o mato, daí

‘capoeira’ (SILVA, 2008).

A capoeira é uma atividade física bem ajustada à nossa cultura. Na sua

riqueza de movimentos, a coordenação, o equilíbrio, a velocidade, a destreza,

a agilidade, a flexibilidade e a resistência são postas a toda prova, sendo que

essas qualidades físicas são trabalhadas e desenvolvidas em permanente

movimento (CAMPOS, 1990).

Segundo Barbosa (2005), mestres e aprendizes cultuam-na como um

processo libertário no qual o indivíduo aprende a se posicionar no centro de si

mesmo e a encontrar seu espaço de mediação, ou seja, seu ponto de

referência na roda do jogo e do mundo

Partindo dos estilos: Regional, de mestre Bimba3 e Angola, de mestre

Pastinha4, chega ao estilo Contemporâneo, mas sem abandonar o esquema

montado na década de 1930. A capoeira é a linguagem da recuperação das

formulações de energia. Exemplos de mestres, além dos já citados,

destacamos: Canjiquinha (Bahia)5, Sinhozinho, Zico, Serpente, Pop, Sombra,

Tigre (todos de Santa Catarina), Valdeci, Sergipe, Pop Layne, Kinkas, Zé Luiz e

3 Manoel dos Reis Machado (1900 – 1974), também conhecido como Mestre Bimba foi

criador da Luta Regional Baiana, mais tarde chamada de capoeira regional. www.capoeiramestrebimba.com.br/mestre_bimba.html Acessado em 30 abr 2013. 4 Vicente Ferreira Pastinha (1889 – 1981) pregava a tradição, o jogo matreiro, de

malícia, estilo que passou a ser conhecido como Angola. Disponível em: www.portalcapoeira.com/Mestres/mestre-pastinha. Acessado em 30 abr. 2013. 5 Washington Bruno da Silva (1925- 1994) foi um visionário afirmando aos seus alunos

que a capoeira “não tem credo, não tem cor, não tem bandeira, ela é do povo, vai correr o mundo”. Participou de muitos filmes, entre eles, “O Pagador de Promessas” e “Capitães de Areia”. Disponível em: www.sementedojogodeangola.org.br/index.php?title=Mestre;Canjiquinha Acessado em 30 abr. 2013.

Crispim (do Paraná) além de muitos outros que propagam a sua arte e manha,

reunindo crianças, jovens e adultos, homens e mulheres a um mesmo ideal.

Sem contar com o mestre Canjiquinha e Zé Luiz (in memorian), os

demais mestres citados acima são de meu convívio, já acompanhei inúmeras

“rodas” e batizados que eles realizam anualmente com seus grupos.

A capoeira é comandada pelo berimbau, um legítimo representante da

cultura musical africana bantu, um arco musical que na África tem nomes como

urucungo, mulumbumbo e outros termos onomatopeicos que descrevem seu

som característico. Ele é acompanhado pelos demais instrumentos, que variam

conforme a modalidade da capoeira – capoeira angola ou capoeira regional -,

mas podem incluir mais berimbaus, o pandeiro, o atabaque, o reco-reco e o

agogô (LUHNING, 2008).

Relacionando a capoeira com educação, Brandão (2010) destaca que:

Uma prática como a capoeira, por exemplo, não deve ser encarada como um simples acessório da educação (...) a atividade envolve entre outras habilidades, coordenação motora, tomada de decisão, sensibilidade ao ritmo, disciplina e concentração. A capoeira estimula a formação de redes neurais que contribuem para o desenvolvimento do pensamento espacial. (BRANDÃO, 2010, p. 146).

Além desse aspecto, as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do

Estado do Paraná destacam o cumprimento da Lei Federal nº 10.639/03, que

inclui no currículo oficial a obrigatoriedade da História e Cultura Afro-Brasileira,

seguida das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das relações

étnico-raciais e para o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. A

lei dispõe que o conteúdo programático incluirá o estudo da História da África e

dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro

na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro

nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.

Refletindo sobre a Lei acima, indagamos se a Capoeira enquanto

Patrimônio Cultural pode ser utilizada como ferramenta pedagógica no

processo de ensino aprendizagem e como oportunidade para se conhecer e

estudar a cultura Afro-Brasileira e Africana?

Uller e Carbonar (2001) ressaltam que:

A questão patrimonial tem vários aspectos epistemológicos em sua aplicabilidade na educação. Ela tem um caráter transdisciplinar

enquanto formação de cidadania (do sujeito) que perpassa todas as áreas do conhecimento; é interdisciplinar pelo fato de que nenhuma área é capaz de dar conta desse objetivo sozinha; e é multidisciplinar ou pluridisciplinar por gerar atividades que podem ser efetivadas em cada uma das áreas do conhecimento que agindo em “redes” ou “teias” atingem o conhecimento globalizante do sujeito, refletindo em ação na realidade. (ULLER e CARBONAR, 2001, p. 42).

Refletindo sobre os Patrimônios Imateriais buscando estruturar

narrativas com a (re)construção e manutenção da memória e de relatos orais

subsidiada com textos e pesquisas em torno da malícia, da ginga e arte da

Capoeira, levamos a história desse patrimônio cultural ao espaço escolar.

De marginalizada no período imperial e início do republicano, passa, na

década de 1930 a ser vista como manifestação folclórica deixando as ruas para

ser praticada nas academias, tendo com Mestre Bimba6 o seu

defensor/propagador com a bandeira da “luta regional baiana”. Na década de

1970, passou a ser considerada como desporto pelo ministro Marcos Maciel e,

em 2008, foi tombada como Patrimônio Cultural Brasileiro. A “roda” foi

registrada como Bem Cultural de Natureza Imaterial no Livro das Formas e

Saberes – o canto, o toque dos instrumentos, a dança, os golpes, o jogo, a

brincadeira, os símbolos e rituais de herança africana recriada no Brasil. Já o

“ofício dos Mestres de Capoeira” foi registrado como Bem Cultural de Natureza

Imaterial no Livro dos Saberes.7

A capoeira, nesse contexto, pode ser entendida como atividade física e

ferramenta para o desenvolvimento pessoal e social, além de um recurso

cultural pedagógico para nossas crianças e jovens.

A escola, além de priorizar os conteúdos formais, deve inserir atividades

ou projetos que estreitem os laços de cumplicidade ao construir conhecimento.

Nesse sentido, encontramos no estudo sobre patrimônios tanto materiais como

imateriais a oportunidade de motivar os alunos para essas atividades de

pesquisa.

Oriá (1993, p. 266) apresenta a necessidade de “propor que o

Patrimônio Histórico-Cultural seja apropriado enquanto objeto de estudo no

6 Manuel dos Reis Machado (1900 – 1974), fundou a primeira escola de Capoeira do

Brasil, em Salvador, com o apoio da Secretaria de Educação do Estado da Bahia, é o fundador da “Capoeira Regional”. Disponível em: www.pt.wikipedia.org/Wiki/Mestre_Bimba. Acessado em 30 abr. 2013. 7 Notícia fornecida por Márcia Santana, diretora de departamento do IPHAN, no

Encontro Pró-Capoeira: Programa Nacional de Salvaguarda e Incentivo à Capoeira. Rio de Janeiro, out de 2010.

ensino de História, a fim de desenvolver em nossos alunos a consciência

preservacionista da memória histórica, enquanto referencial de nossa

identidade e construção de cidadania”.

Mas, o que são patrimônios? Assim como cultura (segundo o dicionário

Aurélio: palavra latina – colere – quer dizer cultivar), patrimônio tem um

conceito bastante amplo, sendo muitas vezes apresentados como Patrimônio

Artístico, Patrimônio Histórico, Patrimônio Paisagístico.

Segundo a atual Constituição, no artigo 216, seção II, destaca que:

Constitui patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira

Segundo o IPHAN8, Patrimônio Cultural é a soma de todos os bens

culturais de um povo (materiais e imateriais), que são portadores de valores

que podem ser legados a gerações futuras. É o que lhe confere identidade e

orientações. Não se resume apenas a imóveis oficiais isolados, igrejas ou

palácios, mas na sua concepção contemporânea se estende a imóveis

particulares, trechos urbanos e até ambiente naturais de importância

paisagística, passando por imagens, mobiliário, utensílios e outros bens

móveis.

O Patrimônio Material é composto por um conjunto de bens culturais

classificados segundo sua natureza nos quatro Livros do Tombo: arqueológico,

paisagístico e etnográfico, histórico, belas artes e artes aplicadas. Estão

divididos em imóveis e móveis.

Já os Patrimônios Imateriais dizem respeito àquelas práticas e domínios

da vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modo de fazer,

celebrações, formas de expressão cênicas, plásticas, musicais e lúdicas e nos

lugares (como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais

coletivas).

Para Belloto (2008):

A preservação do patrimônio cultural significa a preservação da memória de uma dada sociedade que tenha produzido e acumulado aquele patrimônio, que é a soma dos saberes, dos fazeres,

8 IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Disponível em

www.iphan.org.br. Acessado em 30 abr. 2013.

comportamentos e experiências, a partir de seus objetos, registros e produtos concretos, produzidos ao longo da história dessa sociedade. (BELLOTO, 2008, p. 74).

Em Uller e Carbonar (2001, p. 32), encontramos referências quanto à

divisão dos Patrimônios Culturais em três grandes categorias:

*Patrimônio Natural ou Paisagístico: aquele que engloba os elementos

da natureza, do meio ambiente, ou seja, os recursos naturais.

*Patrimônio Histórico ou o Saber Fazer: todas as técnicas

compreendidas como capacidade do homem buscar a sobrevivência em seu

meio ambiente.

*Patrimônio Artístico ou os Objetos: objetos ou artefatos que o homem

faz a partir de seu saber – fazer, retirando da natureza a matéria-prima

necessária para suas construções.

Nessa linha de pensamento, Mendonça (2008) faz uma referência ao

Programa Nacional do Patrimônio Imaterial que segundo o autor foi criado pelo

Decreto n. 3551, de 04 de agosto de 2000, o mesmo decreto regulamentou

ainda o registro dos bens culturais de natureza imaterial que constituem o

patrimônio cultural brasileiro.

Se considerarmos a capoeira como um jogo, uma luta, uma dança, um

esporte, ela seria um aliado importante dentro do contexto escolar. Ao

desenvolver habilidades de atenção, ritmo, concentração desenvolve tanto o

lado físico como mental. Considerada atualmente como Patrimônio Cultural

Imaterial Brasileiro, a capoeira saiu da “marginalização” como era tratada no

período imperial e início do republicano e ganhou as academias e a

participação de membros da elite brasileira.

Areias (1983) nos remonta ao fato das origens da capoeira, se brasileira

ou africana elencando que:

Estudando a organização social, econômica, política e cultural das tribos de algumas regiões da África, antes do período escravocrata nada encontrei que se assemelhasse à prática da capoeira. Considera-se também que o negro não veio apenas para o Brasil. Foi levado para as diversas partes do mundo, sendo que em nenhum lugar onde foi instituída a escravidão temos conhecimento da prática da capoeira antes da metade do século XV, a não ser em algumas regiões da África perto a Dakar (República do Senegal), por exemplo, para onde retornaram africanos após a libertação, levando consigo coisas do Brasil, coisas não só inventadas por eles aqui, como assimiladas do índio e do português. (AREIAS, 1983, p. 19).

Nessa mesma perspectiva, Rego (1968) se refere ao fato de:

No caso da capoeira, tudo leva a crer seja uma invenção dos africanos no Brasil, desenvolvida por seus descendentes afro-brasileiros (...), portanto a minha tese é de que a capoeira foi inventada no Brasil, com uma série de golpes e toques comuns a todos os que a praticam, e que os seus próprios inventores e descendentes, preocupados com o seu aperfeiçoamento, a modificaram com a introdução de novos toques e golpes, transformando uns, extinguindo outros, associando-se a isso o fator tempo que se incumbiu de arquivar no esquecimento muitos deles e também o desenvolvimento social e econômico da comunidade onde se pratica a capoeira. (REGO, 1968, p. 31-35).

O autor acima nos leva a refletir sobre as constantes modificações e

adaptações dos processos culturais/patrimoniais para se manterem vivos,

portanto, formando identidades. No caso da capoeira vemos os estilos:

Regional e Angola gerar o Contemporâneo (mistura dos dois estilos, utilizada

como referência por alguns grupos, como exemplo o grupo Ilê de Bamba de

Ponta Grossa).

Em Soares (2004) encontramos que:

(...) a capoeira escrava tinha várias faces. Ela era também o lúdico, a brincadeira, o jogo, embora a natureza da documentação produzida sobre o fenômeno pouco revele a respeito deste ângulo. (...) um jogo de posições estabelecido no interior da comunidade negra - escrava da cidade, expresso no controle dos chafarizes – ponto de encontro inevitável dos cativos da cidade – e, depois, das praças públicas. (SOARES, 2004, p. 576).

O estudo da cultura Afro-Brasileira e Africana nos leva a desvendar a

história desse povo que muito contribuiu para a construção de nosso país.

Saindo de sua terra natal, encontrou no Brasil a sua segunda moradia, mesmo

que à custa de chibatadas, não deixou suas raízes de lado. Não possuindo

armas suficientes para se defenderem quase nem mesmo arma convencional

da época torna-se necessário para os negros descobrir uma forma de enfrentar

as armas inimigas. “Movidos pelo instinto natural de preservação da vida, os

escravos descobrem no seu corpo a essência da sua arma” (AREIAS, 1983,

p.15).

Independente de suas origens, a capoeira era uma forma de resistência

dos afro-brasileiros à escravidão. Ela foi um instrumento de resistência a um

sistema dominante e opressor, uma forma de luta pela liberdade de um povo

escravizado e maltratado pelo colonizador europeu. O povo africano se

utilizava da capoeira para lutar através da malícia, da ginga e das ladainhas,

“mascarando” o principal objetivo que era treinar para poder se defender com

seus braços e pernas, já que não possuíam armas.

Areias (1983) diz que é necessário, em primeiro lugar, que aceitemos

recorrer à nossa memória histórica, aos anais da história do Brasil, ao fosso da

escravidão, às lutas de libertação dos negros e ao sofrimento, lutas e

aspirações do nosso povo ao longo de todos esses anos, desde a escravidão

até aos nossos dias. É lá que vamos encontrar os primeiros passos dessa

luta/dança, dessa arte cheia de nuanças que sobreviveu à perseguição dos

poderosos, mesclando-se de quantas formas fossem necessárias para sua

preservação.

A falta de registros e da memória oral nos impede a precisão de

informações sobre as raízes africanas da capoeira.

Os únicos documentos que retratam a participação dos capoeiras nos centros urbanos do Rio de Janeiro são boletins de ocorrência redigidos pelos escrivões das delegacias de polícia, registros e arquivos da movimentação carcerária da cidade do Rio e poucos literatos que retratam de maneira lúdica e deslumbrada toda a performance dos negros capoeiras, distorções intencionais de uma história de luta e dor (RODRIGUES FILHO e FREITAS BRAGA, 2008, p.52).

No período Imperial, existiu a chamada Guarda Negra que foi um grupo

surgido em 1888 no Rio de janeiro por ex-escravos e que apoiavam a princesa

Isabel. A Guarda Negra significava para os capoeiras uma forma de fazer

política. Entretanto, essa atuação política fez com que o regime seguinte, a

República, a inserisse como crime no Código Penal, conforme relatado por

Mattos (2006). Soares (1993, p.295) relata que: “as diferenças entre

republicanos e capoeiras tinham relação com a participação dos capoeiras nos

conflitos eleitorais, nos quais eles participavam como capangas políticos dos

monarquistas”.

Com a instituição do regime republicano, a repressão à capoeira foi

intensificada, surgindo um artigo no Código Penal em 11 de outubro de 1890,

intitulado “Dos Vadios e Capoeiras” registrando:

Art. 402. Fazer nas ruas e praças públicas exercícios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela denominação de capoeiragem; andar em correrias, com armas e instrumentos capazes de produzir uma lesão corporal, provocando algum mal: Pena – de prisão cellular de dous a seis meses. (BRASIL, 1890).

Art. 403. No caso de reincidência, será aplicada ao capoeira, no grão maximo a pena do Art 400. Art. 400. Si o termo for quebrado, o que importará reincidência, o infractor será recolhido por um a tres annos, a colônias penaes que se fundarem em ilhas marítimas, ou nas fronteiras do território nacional, podendo para esse fim ser aproveitados os presídios militares existentes. Paragrapho único: Si o infractor for estrangeiro será deportado (BRASIL, 1890).

O artigo 402 surgido em 1890 que qualificou a capoeira como crime teve

em Sampaio Ferraz, chefe da polícia do Rio de Janeiro, um ferrenho

perseguidor dos “vadios” como era denominado os capoeiristas. Sampaio

Ferraz desterrou muito dos capoeiristas para Fernando de Noronha, durante o

governo de Deodoro da Fonseca, conforme retratado em Areias (1983).

Apesar das perseguições, a capoeira continuou a ser praticada, mas

foram desenvolvidos dois estilos: Regional e Angola. As denominações

(Regional e Angola) podem ser encontradas em Pires (2002) retratando os

relatos de Bimba e Pastinha. Mestre Bimba nomeou sua capoeira de Regional,

pois, segundo ele, ela só podia ser encontrada na Bahia. Já a capoeira de

Angola, segundo mestre Pastinha, seria uma forma de luta praticada na África

e que teria adquirido aspectos lúdicos no Brasil, por isso esse estilo se

chamava Angola, pois se remetia ao continente africano.

A capoeira surgida no Brasil do século XVII sofreu alterações, muitos

capoeiristas seguem o estilo regional, outros o estilo angolano, mas grupos

mais recentes falam de um terceiro estilo de capoeira, o estilo Contemporâneo.

A partir da década de 1970, segundo Castilha (2012):

(...) um estilo misto começou a adquirir notoriedade, com alguns grupos, unindo os fatores que consideravam mais importante da capoeira angola e da regional. Notadamente mais acrobático, este estilo misto, denominado por muitos de capoeira contemporânea, é visto por alguns mestres como a evolução natural da capoeira, e por outros como descaracterização, deturpação, ou até mesmo má-interpretação das tradições capoerísticas. (CASTILHA, 2012, p. 40).

Assim, a capoeira seguiu seus passos, o que nos levou a fazer de sua

caminhada, da identidade e individualidade de seus mestres, além de sua

aplicabilidade dentro do currículo escolar o nosso objeto de estudo,

investigando os fatores que a levaram de “brincadeira proibida” a “Patrimônio

Cultural”. A falta de registros históricos e da memória oral impede a precisão de

informações sobre suas verdadeiras raízes.

“No jogo/luta/dança o corpo capoeira que se torna um só corpo com o

berimbau, já traz na cabaça parte de sua essência africana” (RODRIGUES

FILHO e BRAGA, 2008, p.61).

A produção do saber tendo os patrimônios como objeto de estudo pode

ser uma experiência potencializadora para o currículo escolar, favorecendo

uma melhor compreensão das normas sociais, usos, costumes e tradições que

regem a sociedade onde esteja inserido. Como afirmam Uller e Carbonar

(2001):

Pelo fato da cultura estar muito ligada à vida em sociedade, ela reflete muito do processo social, da construção histórica, das lutas e das conquistas e derrotas (...). Ela traduz produtos, povos, estilos e épocas, dados fundamentais para a compreensão das sociedades contemporâneas. (ULLER e CARBONAR, 2001, p. 26).

Sendo assim, a cultura pode ser social (é criada, aprendida, acumulada

e transmitida pelos elementos de um grupo enquanto sociedade), é seletiva

(incluindo padrões comportamentais), é explícita e manifesta (através de ações

e movimentos inclusos nos hábitos, práticas e aptidões) e implícita ou não

manifesta (por estarem muitas vezes oculta ou no inconsciente das pessoas).

Ela provoca mudanças, ou seja, inovações. Pode levar a uma integração

através da aceitação, ou então pode eliminar, excluir.

A capoeira, nesse contexto, pode ser entendida como atividade física e

ferramenta para o desenvolvimento pessoal e social, além de um recurso

cultural pedagógico para nossas crianças e jovens. Escrever sobre os grandes

mestres de capoeira é voltar no tempo e desvendar a magia que envolvia

essas pessoas. Campos (1990) afirma que:

Num contexto bem amplo, afirmamos que a capoeira é uma excelente atividade física, pois envolve de forma magistral todos os músculos do corpo, as articulações e as grandes funções, destacando-se o aparelho cardiovascular e o cardiopulmonar. (CAMPOS, 1990, p. 27).

Sua aplicabilidade no currículo escolar poderá desenvolver a motricidade

dos alunos, a autodisciplina, o senso crítico, além do senso esportivo e

intelectual. Desmistificar sua trajetória, seus estilos e suas raízes, valorizando a

história de seus mestres e o trabalho desenvolvido por seus seguidores nos

levará a justificar a sua presença dentro do âmbito escolar.

Em Areias (1983, p. 85) encontramos um relato sobre a ginga que

merece destacarmos:

O som do berimbau ecoa pelo salão, pandeiro e atabaque o acompanham, um canto é puxado, o coro responde e tudo começa pela ginga. Ela é o movimento-mestre de todos os movimentos da capoeira. Sem ginga não tem capoeira, ela é a coluna vertebral dos movimentos da capoeiragem. É ela que proporciona ao capoeirista estar em constante movimento, para não se tornar alvo fácil de seu opositor. (...) É a partir da ginga que o capoeira dá cadência ao ritmo dos movimentos de seu corpo. (AREIAS, 1983, p. 85).

E é esse som, essa ginga que pretendemos enfocar neste projeto

durante as oficinas que se realizaram, proporcionando a concentração, a

disciplina e o ritmo aos nossos alunos. Areias (1983) faz ainda referências ao

dia da ‘formatura’ ou ‘batizado’:

De todos os momentos, desde que o aluno se iniciou pelos caminhos da capoeiragem, o mais esperado e ansiado por ele é o da sua formatura. Nesse dia, perante mestres das mais variadas regiões e estilos, ele se apresenta e é julgado por quase todos do universo da capoeiragem. (AREIAS, 1983, p. 105).

Novas pesquisas e trabalhos acadêmicos nos permitem remontar ao

passado, buscando relatos de descendentes africanos ou afro-brasileiros, suas

angústias, suas alegrias e suas esperanças. Isso pode ser reforçado com a

citação de Pinheiro (2008) quando ela relata que:

(...) é preciso pensar a Educação Patrimonial como um instrumento importante na construção de ações e práticas de reconhecimento, valorização, preservação e conservação do patrimônio cultural de uma determinada região, por possibilitar a interpretação dos bens culturais, tornando-os um instrumento de promoção e vivência da cidadania. (PINHEIRO, 2008, 41).

A Educação Patrimonial nos embasa na busca desses escritos ou

relatos orais, na prática de reconhecimento e valorização, apontando caminhos

que nos levem a reescrever a história de muitos desses mestres capoeiristas,

muitas vezes passados como sujeitos ocultos de nossa história.

- Espaço escolar e a aplicabilidade da Capoeira

A implementação do projeto: Patrimônio Imaterial: A Arte e Manha da

Capoeira e sua Aplicabilidade no Contexto Escolar, com 25 alunos do 8º ano

do Colégio estadual Dr. Epaminondas Novaes Ribas se deu em 12 encontros

entre os meses de março a maio de 2014.

Numa primeira etapa, foi abordada a Lei 10.639 referenciando a História

da Cultura Afro-Brasileira e Africana destacando suas principais características

e relevâncias. Em seguida, elencamos o tema Patrimônio Cultural e suas

divisões (material, natural e imaterial) levando em consideração os patrimônios

edificados, naturais e imateriais presentes em nossa cidade.

O passo posterior girou em torno da capoeira como patrimônio Imaterial.

Nesse momento, pesquisamos a história de mestre Bimba, Pastinha,

Canjiquinha, Sinhozinho e Pop, bem como seus estilos de jogo os quais foram

analisados em vídeo, fotos, músicas, textos e pesquisas.

Na parte prática, desenvolvemos com os alunos oficinas de caxixi

(Figura 1), de como armar um berimbau, as noções dos golpes de capoeira e

ritmos (Regional, Angola e Contemporânea) aplicadas com o auxílio do contra-

mestre Xibio, do grupo Guerreiro dos Palmares, de nossa cidade.

Complementando o estudo sobre a cultura africana, realizamos uma

oficina de abayomis - ‘bonecas negras’ (Figura 2) e uma palestra com a

mestranda do Programa de Pós Graduação em Geografia da Universidade

Estadual de Ponta Grossa, Adelaine Ellis Carbonar Santos que realizou um

trabalho voluntário em Moçambique no ano de 2012 e que relatou os costumes

daquele povo e mostrou os tecidos por eles usados exemplificando a forma

como as mulheres usam e carregam seus filhos (Figura 3).

Figura 1 – Oficinas de Caxixi

Fonte: Fonte: Acervo da autora (2014).

Figura 2 – Bonecas Negras

Fonte: Acervo da autora (2014).

Figura 3 – Palestra sobre a Cultura Africana

Fonte: Acervo da autora (2014).

O trabalho realizado, bem como as fotos, os relatos e os instrumentos

confeccionados foram expostos para a comunidade escolar seguido de uma

roda de capoeira para abrilhantar a apresentação do projeto no espaço escolar.

A participação dos alunos foi de grande relevância, principalmente no interesse

demonstrado na parte prática o que nos leva a concluir que a capoeira no

espaço escolar é de grande importância, pois desperta a criatividade, a

concentração, a disciplina, a socialização, além de abordar a história e cultura

do povo africano de uma maneira lúdica.

Aliado a implementação do projeto com os alunos, tivemos a

participação de professores no GTR, os quais deram opiniões e comentários

acerca do trabalho que estava sendo realizado. Na fala dos participantes do

Grupo de Trabalho em Rede, o GTR, o projeto é de fácil aplicação, enriquece

os conteúdos e alia uma base sólida com atividades práticas.

Nas atividades, os professores cursistas deveriam implementar em seus

locais de trabalho o projeto para analisar sua aplicabilidade. A resposta foi

muito positiva, pois os mesmos fizeram comentários enriquecedores que foram

desenvolvidos com alunos do CAIC, do EJA, do Ensino Médio, priorizando as

atividades sugeridas no Caderno pedagógico através de ações pedagógicas

afirmativas na perspectiva de romper barreiras da discriminação contra

população afro-descendentes e suas práticas socioculturais. Além disso,

destacaram os patrimônios locais que podem levar a uma reflexão e

preservação por parte dos alunos.

- O Adeus ao Mestre Zé Beiço

Entre os ensinamentos mais importante que a capoeira prega está a

disciplina e o respeito. O respeito que os seus praticantes têm com seus

mestres é inexplicável. Durante a apresentação do projeto aos meus alunos e

na aplicação do caderno pedagógico isso foi bem ressaltado. Vivi uma

experiência a qual foi analisada em vídeo com os participantes do projeto

retratando a ‘adeus’ a um mestre de capoeira e o carinho demonstrado por

seus discípulos.

Em minhas pesquisas acerca da capoeira como Patrimônio Cultural

entrei em contato com vários mestres e grupos. Tive a oportunidade de

conhecer, em Paranaguá, o mestre Zé Beiço (José Luis Pires). Homem simples

estivador, mas de um coração enorme. Anualmente, Zé Beiço realizava um

intercâmbio cultural de capoeira – o ‘Paranauê’, reunindo capoeiras do Paraná

e de outros estados.

Infelizmente, no dia 25 de dezembro de 2013, um incêndio teve início em

sua casa e, Zé Beiço morreu vitimado pelas sequelas da queimadura no dia

seguinte. As honras recebidas pelo mestre em seu funeral para sempre ficarão

gravadas em meu coração. Os mestres presentes, dos mais variados grupos

capoeiristas, tocavam o berimbau e cantavam toques de Yuna.

Uma roda de capoeira foi organizada no portão do cemitério e depois o

caixão foi colocado ao centro para os aplausos e despedidas. O cortejo seguiu

para sua última morada seguido de toques de berimbau, palavras de conforto

aos familiares e mais aplausos.

Este ano, em julho passado, foi realizada uma homenagem ao mestre

querido organizado por seu contramestre Juarez Santana. Juarez explicou que

aquele era o primeiro batizado sem a presença do grande mestre Zé Beiço e

que para homenageá-lo, a partir daquele momento o grupo passaria a se

chamar ‘Paranauê’. Uma bela lembrança...uma imensa saudade...

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Trabalhar com patrimônios em sala de aula é um desafio compensador.

Levar nossos alunos a conhecerem sua história e a história de sua cidade

retratada em patrimônios naturais, edificados e imateriais é uma experiência

que marcará a construção de seu conhecimento e a refletir sobre seu papel na

sociedade.

Este ensaio teve por objetivo refletir sobre a aplicabilidade da capoeira

no contexto escolar abordando a Lei 10.639 de uma maneira lúdica. A

participação dos alunos foi excelente, despertou a criatividade, a concentração

e o respeito entre eles e o grupo em que estamos inseridos.

A parte prática aliada a confecção dos materiais e a oficina de abayomis

foram as que mais chamaram atenção dos educandos levando a criatividade e

a troca de experiências a ser o ponto chave deste projeto.

Aliar a teoria a pratica é uma forma de despertarmos a curiosidade, a

socialização, o trabalho em grupo como ferramentas primordiais no contexto

escolar.

REFERÊNCIAS

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