OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
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Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
TRABALHANDO O LÚDICO: JOGOS ADAPTADOS PARA ALUNOS COM
NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS
Luciane Fernandes Cordeiro Ristow1
Sandra Salete de Camargo Silva2
RESUMO
Trabalhar o lúdico na Educação Especial consiste em um dos instrumentos pedagógico que promovem as aprendizagens e desenvolvimento integral das crianças. Na apropriação do conhecimento, compreender, conhecer, construir-se, sentir-se capaz de aprender com dignidade permite ampliar as possibilidades de mediações significativas. Esse estudo apresentou a importância de um aporte teórico e metodológico de qualidade para a formação de futuros professores. A preocupação em ensinarmos a trabalhar como o lúdico por intermédio dos jogos adaptados para pessoas com necessidades educacionais especiais ou não tornou-se foco principal de nossos aprofundamentos teóricos e práticos. O emprego do jogo nas atividades pedagógicas voltadas ao Atendimento Educacional Especializado foi compreendido não como um mero passatempo, mas com funções importantes e atividades planejadas, visando um ensino inovador e ao desenvolvimento da aprendizagem. Como principal objetivo buscamos compreender o papel do “brincar” como ferramenta pedagógica. Especificamente, elencamos referenciais teóricos e metodológicos que apresentaram maneiras de realizarmos mediações adequadas com regras, limites, imaginação para que o aluno(a) consiga aprender de forma prazerosa e que contribua para seu desenvolvimento. Como aporte metodológico recorremos a teoria histórico-cultural para respaldar nossa práxis. Palavras-chave: Lúdico; Jogos Adaptados; Necessidades Educacionais Especiais; Formação Docente
INTRODUÇÃO
A Educação Especial voltada a Educação Inclusiva requer uma escola em
constante revisão nas concepções e paradigmas do processo educativo. De acordo
com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB (1996, p. 22) “entende-
se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação
1 Professora da Rede Pública do Estado do Paraná. Graduada em Matemática e Física, Pós-Graduada
em Ensino da Matemática, com estudos adicionais em Deficiência Mental. Professora PDE 2014/2015. 2 Docente adjunta, da Unespar, Campus de União da Vitória, Colegiado de Pedagogia. Doutora e Mestre em Educação, graduada em Pedagogia e Direito. Líder do NEPEDIN – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação, Direito e Inclusão da Unespar, Campus de União da Vitória- Paraná
escolar, oferecida preferencialmente na rede regular/comum de ensino, para
educandos portadores de necessidades especiais.”
De acordo com o trabalho realizado em Sala de Recursos, percebemos a
necessidade de realmente incluir os alunos(as) com alguma necessidade educacional
especial - NEE no processo educativo como um todo. Ao reconhecermos que a
aprendizagem precede o desenvolvimento e que ela acontece na interação social,
resolvemos elaborar este estudo baseado na utilização de estratégias e recursos
lúdicos na aprendizagem.
Especificamente, ressaltando o entendimento de que a inclusão ocorre quando
planejamos os jogos e atividades lúdicas, mas que sirva para que todos(as) consigam
aprender e brincar ao mesmo tempo. Desta forma, fez-se necessária a criação deste
projeto ensinando alunos(as) do Curso de Formação de Docentes a trabalharem com
jogos adaptados não apenas para alunos com NEE, mas como todos que estiverem
envolvidos no processo.
Para realizarmos esse estudo, elencamos como objetivo principal a importância
de se trabalhar com os alunos(as) com NEE no contexto da Sala de Recursos, sobre
os conteúdos adquiridos por eles e a respeito da Educação Especial e para isso,
entender que as atividades lúdicas podem despertar interesse em conteúdos diversos,
em espaços comuns ou especiais e assim, sensibilizar os alunos(as) do Curso de
Formação de Docentes da relevância da Sala de Recursos como atendimento
educacional especializado para alunos(as) com algum tipo de NEE, propor a eles(as)
atividades lúdicas que auxiliem na aprendizagem dos mesmos(as) e, por último,
apresentar e justificar a importância deste projeto na formação dos futuros professores
por meio do GTR (Grupo de Trabalho em Rede).
O trabalho envolveu a todos os alunos(as) do Curso de Formação de Docentes
em um estudo voltado para preparação de quando atuarem como professores(as) que
consigam atender alunos(as) que necessitarem de atenção diferenciada ou especial.
O projeto foi elaborado pensando iniciar sobre o que eles(as) já conheciam
sobre a Educação Especial, sobre alunos(as) com NEE e como se trabalhar. Após
esse levantamento, foi trabalhado o que ainda não entendiam ou que tinham dúvidas.
Depois de conhecido o tema, foram para a parte prática, a confecção de jogos com o
objetivo de futuramente usarem quando atuarem como docentes. Na sequência,
oficinas de confecção de jogos adaptados, integração entre os jogos e planejamento
dessa intervenção.
2 PDE: UM PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTÍNUA DOS PROFISSIONAIS DA
EDUCAÇÃO DO PARANÁ
O Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, caracteriza-se como uma
política pública de estado, integrado às atividades da formação continuada em
educação de acordo com o site oficial da SEED:
O PDE é uma política pública de Estado regulamentado pela Lei Complementar nº 130, de 14 de julho de 2010 que estabelece o diálogo entre os professores do ensino superior e os da educação básica, através de atividades teórico-práticas orientadas, tendo como resultado a produção de conhecimento e mudanças qualitativas na prática escolar da escola pública
paranaense (Dia a Dia Educação, online).
Ressaltamos, que esse Programa configura-se hoje como relevante instrumento
garantidor de atividades da formação continuada e contextualizadas com a realidade
de cada escola, proporcionando a promoção do professor:
. O Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, integrado às atividades da formação continuada em educação, disciplina a promoção do professor para o nível III da carreira, conforme previsto no "Plano de carreira do magistério estadual", Lei Complementar nº 130, de 15 de março de 2004. O objetivo do PDE é proporcionar aos professores da rede pública estadual subsídios teórico-metodológicos para o desenvolvimento de ações educacionais sistematizadas, e que resultem em redimensionamento de sua
prática(Dia a Dia Educação, online).
Em 2010, a Casa Civil do Estado do Paraná publicou em Diário Oficial a Lei
Complementar nº 103/2004, que tem como objetivo oferecer Formação Continuada
para o Professor da Rede Pública de Ensino do Paraná, conforme especifica:
Art. 1.º Normatizar o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE como uma Política Pública de Formação Continuada de Professores, implementado pela Secretaria de Estado da Educação – SEED, em parceria com a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – SETI e com as Instituições Públicas de Ensino Superior – IES do Estado do Paraná. Art. 2.º O PDE tem duração de 02 (dois) anos, organizado em 04 (quatro) períodos semestrais, conforme calendário próprio, divulgado pela Coordenação de Articulação Acadêmica – CAA (PARANÁ, 2010).
Para Vygotsky (VIGOTSKI, 2002) um profissional da educação precisa
compreender a necessidade de se aprofundar a respeito da formação psíquica
humana. Dessa maneira, o aluno por si só não aprende a escrever ou ler sozinho,
necessita de auxílio de um professor que o ensine a decodificar sinais.
Assim, garantir uma política de formação, subsidiada pelo Governo do Estado
garante a formação, a capacitação e o aperfeiçoamento de seus profissionais, com
conhecimentos em suas áreas, o que demanda tempo e uma ação pedagógica
contínua e planejada.
Portanto, para Vygotsky (1991), a educação está relacionada à produção
material dos homens, como um processo histórico e cultural. Pela mediação, o
professor pode garantir a apropriação dos conhecimentos historicamente acumulados
e a compreensão da realidade por parte dos alunos. Por meio do PDE tivemos
condições materiais para aperfeiçoamento profissional tendo como foco a Educação
Especial.
Procuraremos dentro dos limites desse trabalho científico apresentar
concepções da educação especial, na perspectiva inclusiva visando ao atendimento
educacional especializado de crianças em processo de escolarização na escola
comum/regular.
3 EDUCAÇÃO ESPECIAL, PERSPECTIVA INCLUSIVA E O ATENDIMENTO
EDUCACAINAL ESPECIALIZADO
A Educação Especial quando voltada a Educação Inclusiva requer da escola
uma constante revisão nas concepções e paradigmas do processo educativo.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB (1996,
p. 22) “entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de
educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular/comum de ensino,
para educandos portadores de necessidades especiais.”
Consideramos que as necessidades especiais proporcionam à escola
possibilidades de mudança e adequações para suprir as dificuldades dos/as
alunos/as. Para a UNESCO (1994, apud SEIBERT, p. 29)
Falar de necessidades especiais implica enfatizar aquilo que a escola pode fazer para compensar as dificuldades do/a aluno/a, já que, neste enfoque, entende-se que as dificuldades para aprender têm um caráter interativo e dependem não apenas das limitações dos/as alunos/as, mas, também, da
condição educacional que lhe é oferecida.
A partir de 1990, a Educação Especial e o público atendido por ela, passa a ser
vista de uma forma diferente a partir de várias manifestações em encontros,
conferências e documentos que comprovam a tendência política de inserir crianças
com NEE nas escolas regulares/comuns.
O termo NEE refere-se a toda criança ou jovem cujas necessidades
educacionais especiais se originam em função de deficiências, de dificuldades de
aprendizagem ou de altas habilidades/superdotação (DECLARAÇÃO DE
SALAMANCA, 1994). Para que o aluno com NEE tenha uma condição adequada ao
mínimo que suas necessidades requerem é preciso que as escolas coloquem em seu
Projeto Político Pedagógico as adaptações e a Flexibilização Curricular que deverão
fazer para integrarem estes alunos nas salas de aula.
E não apenas isso, que tenham um apoio especializado nas Salas de Recursos.
Essas escolas devem atender as necessidades físicas, sociais, emocionais destes
alunos, garantindo, assim, a superação de certas dificuldades (DECLARAÇÃO DE
SALAMANCA, 1994).
Um dos desafios contemporâneos consiste em formar uma escola em que seja
para todos, sem discriminação, diferenças e interesses, que atenda as
individualidades dos alunos. Nessa conjuntura, em relação aos alunos com deficiência
intelectual a Declaração de Montreal (2004), conceitua que:
A deficiência intelectual, assim outras características humanas, constitui parte integral da experiência e da diversidade humana. A deficiência intelectual é entendida de maneira diferenciada pelas diversas culturas o que faz com a comunidade internacional deva reconhecer seus valores universais de dignidade, autodeterminação, igualdade e justiça para todos.
Toda criança tem o direito à educação, dentre elas, aqueles alunos com
necessidade educacional especial - NEE, que precisam ter atendimento
preferencialmente na rede comum de ensino e por terem suas necessidades,
precisam de apoio especializado.
Para contribuir para a efetivação de tais mudanças, a formação dos
profissionais da educação requer um aporte fundamentado em um referencial teórico-
metodológico direcionado a uma proposta inclusiva.
Nesse sentido, a perspectiva histórico-cultural, especialmente na voz de
Vygotski (2002), defende a busca do profissional da educação compreender e se
aprofundar no conhecimento da formação psíquica humana, da inter-relação entre o
biológico e o social.
A educação, para Vygotski (1991), está relacionada à produção material dos
homens, como um processo histórico e cultural, no qual a mediação do professor
possibilita a apropriação dos conhecimentos historicamente acumulados e a
compreensão da realidade por parte dos alunos.
Tais concepções, acerca do desenvolvimento psíquico, explicitam a
importância da prática docente, principalmente com crianças com necessidades
educacionais especiais, respaldada em uma fundamentação teórica que entenda a
formação dos processos psíquicos como: a percepção, o raciocínio, a atenção, a
memória, como resultantes da relação com outros seres humanos em diferentes
espaços e situações, em especial no contexto educativo da criança.
Para o atendimento educacional especializado – AEE encontramos as Salas
de Recursos Multifuncionais, que consistem em um espaço para a realização do
atendimento de alunos(as) que apresentam, ao longo de sua aprendizagem, alguma
necessidade educacional especial, temporária ou permanente, compreendida.
As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, em três
grupos (BRASIL, 2001, p. 44):
alunos com dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no
processo de desenvolvimento que dificultam o acompanhamento das atividades
curriculares: aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica ou aquelas
relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências;
alunos com dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos
demais alunos;
alunos que evidenciem altas habilidades/superdotação e que
apresentem uma grande facilidade ou interesse em relação a algum tema ou grande
criatividade ou talento específico.
Incluem-se, nesses grupos, alunos que enfrentam limitações no processo de
aprendizagem devido a condições, distúrbios, disfunções ou deficiências, tais como,
autismo, hiperatividade, déficit de atenção, dislexia, disgrafia, disortografia, deficiência
física, paralisia cerebral e outros.
Assim, as modalidades de deficiência atendidas pelas Salas de Recursos no
Paraná são para o Ministério da Educação:
Deficiência Mental/Intelectual
Transtornos Funcionais Específicos:
- DDA - Distúrbio do Déficit de Atenção
- TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade
- Distúrbios de Aprendizagem (dislexia, discalculia, disgrafia, e disortografia).
Para que ocorra a fundamentação teórica da prática docente, a formação
contínua em serviço expressas nas políticas públicas precisam considerar as
expectativas dos professores e as necessidades infantis a serem atendidas. Assim,
como uma das ferramentas para a apropriação de conteúdos curriculares pelas
crianças que são o público alvo da educação especial na perspectiva inclusiva,
apresentamos como alternativa eficaz os jogos e brincadeiras planejadas.
4 OS JOGOS, BRINCADEIRAS E AS CRIANÇAS COM NECESSIDADES
EDUCACIONAIS ESPECIAIS: FERRAMENTAS PARA A APROPRIAÇÃO DE
CONTEÚDOS
Os jogos na concepção teórica e metodológica histórico-cultural, também
contribuem para uma interação professor/aluno/aluno. A aprendizagem tem um
caráter social que vai permitir o desenvolvimento de habilidades e a necessidade dos
alunos com algum tipo de deficiência de aprenderem de uma forma diferenciada,
muitas vezes usando um material mais concreto e complementando com jogos
adaptados para aprendizagem de conteúdos muitas vezes ainda não entendidos ou
mesmo pela dificuldade dos alunos em aprenderem.
A criança começa, desde à infância, a descobrir-se de várias formas. O lúdico
e o contato com jogos, brincadeiras fazem com que descubra a si e seu corpo de
modo a formar um todo harmônico.
Para Ujiie (2012, p. 61),
A ludicidade é importante ingrediente para o desenvolvimento e a formação humana, sua ação retroalimenta os sujeitos envolvidos de prazer e alegria, possibilita a conquista de uma práxis mais criativa, envolvente e flexível, favorecendo também a constituição do vínculo afetivo entre educando e educador.
O lúdico vai muito além de apenas um brincar e sim o aprender de uma forma
diferente, mais prazerosa de aprendizagem, desenvolvendo várias habilidades, entre
outras, atenção, memorização, coordenação, regras, limites. Para Vygotsky (2008,
apud ZAPPAROLI 2012, p. 22), “A imaginação é o novo que está ausente na
consciência da criança [...], forma-se originalmente na ação.” O brincar, o interagir, o
participar e cooperar, são formas diferenciadas de aprender.
Zapparoli (2012, p. 23) entende que “as brincadeiras de faz de conta são o
resultado de suas relações sociais e possibilitam a compreensão e transformação da
realidade”. Através do que a criança ou adolescente já vivenciou, ela pode aprender
com o jogo e com a mediação de um professor, no caso um conteúdo por exemplo.
Para Vygostsky (1979, apud, FACULDADE DE PEDAGOGIA)
[...] No desenvolvimento a imitação e o ensino desempenham um papel de primeira importância. Põe em evidência as qualidades especificamente humanas do cérebro e conduzem a criança a atingir novos níveis de desenvolvimento. A criança fará amanhã sozinha aquilo que hoje é capaz de fazer em cooperação.
Ujiie (2012) afirma que com o lúdico, o indivíduo desenvolverá a
espontaneidade, a alegria, a diversão e a satisfação. E se bem trabalhadas, podem
despertar a imaginação, desenvolver os sentidos, estimular a criatividade, a
cooperação e ao senso crítico. Que essas atividades num espaço educacional
proporcionam uma aprendizagem pela via do prazer, do afeto e o despertar das
emoções.
Quando utilizamos o lúdico na educação fazemos despertar nos alunos(as)
competências novas, novas formas de encarar os desafios da vida, da sociedade e
conviver com perdas e acertos. O lúdico ajuda não somente na aprendizagem, mas
no desenvolvimento social, cultural, pessoal, da comunicação, expressão e
formulação e construção do pensamento.
De acordo com Campos (2008apudMAURÍCIO, 2008)
O jogo, nas suas diversas formas, auxilia no processo ensino-aprendizagem, tanto no desenvolvimento psicomotor, isto é, no desenvolvimento da motricidade fina e ampla, bem como no desenvolvimento de habilidades do pensamento, como a imaginação, a interpretação, a tomada de decisão, a criatividade, o levantamento de hipóteses, a obtenção e organização de dados e a aplicação dos fatos e dos princípios a novas situações que, por sua vez, acontecem quando jogamos, quando obedecemos a regras, quando vivenciamos conflitos numa competição, etc.
Por meio do “brincar” que os alunos(as) começam a conviver com as regras e
limites que devem seguir, até onde devem ir ou parar. Os jogos desempenham um
papel de ao mesmo tempo transmitir o prazer com um esforço espontâneo. Desperta
o prazer pois, a pessoa se desliga e entusiasma-se com o que está fazendo e com
seus objetos nele. Desempenham esquemas mentais, acionando funções cerebrais e
operações mentais, estimulando o pensamento.
Assim, compreendemos que o lúdico desenvolve-se a partir de uma
aprendizagem sem que se tenha a indicação disso, sem ter que falar da intenção de
uma aprendizagem significativa, estimulando novas aprendizagens, habilidades
cognitivas e operatórias.
Para Dallabona; Mendes (2004, p.04) o lúdico é uma forma de brincar e
aprender com essa brincadeira. Ele aponta o brincar sobre vários pontos de vista:
- do ponto de visto filosófico, o brincar é abordado como um mecanismo para contrapor à racionalidade. A emoção deverá estar junto na ação humana tanto quanto a razão; - do ponto de visto sociológico, o brincar tem sido como a forma mais pura de inserção da criança na sociedade. Brincando, a criança vai assimilando crenças, costumes, regras, leis e hábitos do meio em que vive; - do ponto de vista psicológico, o brincar está presente em todo o desenvolvimento da criança nas diferentes formas de modificação de seu comportamento; - do ponto de vista da criatividade, tanto o ato de brincar como o ato criativo estão centrados na busco do “eu”. É no brincar que se pode ser criativo, e é no criar que se brinca com as imagens e signos fazendo uso do próprio potencial; - do ponto de vista pedagógico, o brincar tem-se revelado como uma estratégia poderosa para a criança aprender.
É fundamental para uma criança a interação, para isso, é muito importante que
ela se relacione bem. O lúdico facilita o desenvolvimento de algumas atividades,
permite inventar, imaginar, criar, interagir e desenvolver sua inteligência.
Para Almeida (2009), a ludicidade tem que ser vista como instrumento
pedagógico. Ela coloca que, segundo Luckesi (2000), são atividades que propiciam
uma experiência de plenitude, em que nos envolvemos por inteiro, estando flexíveis e
saudáveis. Almeida (2009, p. 01) coloca que:
São lúdicas as atividades que propiciem a vivência plena do aqui-agora, integrando a ação, o pensamento e o sentimento. Tais atividades podem ser uma brincadeira, um jogo ou qualquer outra atividade que possibilite instaurar um estado de inteireza: uma dinâmica de integração grupal ou de sensibilização, um trabalho de recorte e colagem, uma das muitas expressões dos jogos dramáticos, exercícios de relaxamento e respiração, uma ciranda, movimentos expressivos, atividades rítmicas, entre outras tantas possibilidades. Mais importante, porém, do que o tipo de atividade é a forma como é orientada e como é experienciada, e o porquê de estar sendo realizada.
O ser humano necessita de atividades lúdicas não importando a idade e não
apenas como sendo uma diversão, mas sim, para facilitar a aprendizagem, o
desenvolvimento social, cultural, colaborar para uma boa saúde mental, para a
socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento.
Utilizando-se do lúdico, o professor possibilita conhecer-se e conhecer seus
alunos(as) diferenciadamente. Aprende as potencialidades e possibilidades dos
educandos(as).
Almeida (2009) afirma que quando o professor consegue conciliar o “brincar”
com seus objetivos em sala de aula, consegue atingir de uma forma prazerosa o
aprender. Que para isso é preciso um equilíbrio entre as funções pedagógicas com a
construção do conhecimento, tornando-o em um ser autônomo e criativo. Acredita que
a ação do aluno desenvolva responsabilidade no desenvolvimento.
Quando o professor/educador compreende a função do lúdico para um bom
desenvolvimento e aprendizagem dos alunos, todos saem ganhando pois mudam
seus interesses, modos de ver o conhecimento e a aprendizagem se faz de uma forma
prazerosa de ser.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por intermédio dessa formação profissional, percebemos que muito ainda
podemos e devemos avançar, aprender e estudar acerca da Educação Especial e do
Atendimento Educacional Especializado.
Em relação às atividades lúdicas e principalmente o jogo, as atividades são
destinadas às crianças com NEE como passatempo sem planejamento, objetivo
especifico, desconsiderando, que significa uma estimulação essencial, um
instrumento de aprendizagens significativas, uma complementação, que fazem
grande “diferença” no desenvolvimento integral dessas crianças.
Quando se fala em inclusão não significa igualar apenas o diferente, mas sim,
compreender as suas necessidades, não é apenas inserir o aluno(a) numa sala de
aula e dizer que está sendo incluído. Nesse sentido, ocorre a necessidade de
educadores que trabalhem esse lado, o da inclusão, com a visão que aceite a este
desafio de trabalhar os jogos para melhorar a aprendizagem.
Após a implementação desse estudo, percebemos a grande importância de se
trabalhar com os jogos de uma forma intencional, com planejamento pedagógico,
principalmente para alunos(as) com limitações e dificuldades em aprender.
A forma lúdica de ensinar permite com que o conhecimento se torne mais
significativo, que desperte o interesse e motive os alunos(as). Percebemos também
que ao criar os jogos, os professores desenvolvem o seu gosto por eles e também a
vontade de se criar novos jogos, novos desafios, pensando na necessidade de cada
aluno(a) ou mesmo em suas dificuldades.
REFERÊNCIAS
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http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteu
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Acesso em: 17 jul. 2014.
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http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/ salamanca.pdf Acesso em 23 abril 2014.
Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica.
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/diretrizes.pdf, acessado em 24 de
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Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. 2001
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