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SALVADOR, SÁBADO,20 DE JULHO DE 2013 4e5

O fimdo giz

Português e matemática deum jeito diferente. Diversão e

aprendizagem passam umaborracha nas fórmulas e

regras decoradas

PAULA MORAIS

Saiu o resultado. Quem sabe ler umbilhete ou contar os números

pode ter dificuldades na escolae no dia a dia.

Foi o que descobriu aprova ABC (Avaliação

Brasileira Final do Ciclode Alfabetização), do

movimento Todos pelaEducação. Mas, calma.

As notas não vãoparar no boletim.

De cada 100 estudantesbaianos dos 2º e 3º anos,

da educação básica, 74 sãoanalfabetos funcionais. Ou

seja, eles conhecem as letrase os números, mas não

sabem interpretar textos oufazer operações matemáticas.

A diretora-executiva domovimento, Priscila Cruz, disse que

a prova ABC serve para que osestudantes de escolas públicas e

particulares descubram onde sentemmais dificuldade. “Alfabetizar não é

apenas aprender a ler. É usar a leitura,a escrita e a matemática para continuar

o conhecimento”.

Caça aotesouroEntender o mundo não éuma tarefa fácil. Aeducadora e professoraassistente daUniversidade do Estadoda Bahia (Uneb)Antonete Xavier explicouque as pessoasaprendem o que fazemsentido para elas. Esseconhecimento aconteceem casa e dentro daescola.

É importante saberescrever o nome econtar o troco do lanche.Mas apenas o alfabeto ea tabuada é pouco paraler o mundo.

A educadora falou queo segredo está nosprimeiros anos naescola. “O estudanteterá mais sucesso nosanos seguintes, quandoele tem a oportunidadede estar perto dos maisvariados textos literáriose de jeitos diferentes deaprender matemática”.

10, 100, 1.000 tampinhasA professora do 2º ano da Escola MunicipalCarlos Murion, Andreia Lordelo, tem outro jeitode ensinar matemática. Ela usa tampinhas degarrafa para mostrar como o número 1 setransforma em 100 ou em 1.000, por exemplo.

Andreia disse que os alunos sabiam que amudança acontecia, mas não compreendiam omotivo. “É mais fácil entender que 10 é menosque 100 quando você enxerga a quantidadede tampinhas no chão. No quadro, não dáo mesmo efeito quando só coloca ozero atrás”.

QUANTAS VOCÊ TEM AÍ?

O projeto começou com adivisão de equipes.A turma desenhoucartazes, passouem outras salas

Contos e mitosRafael Rodrigues, 10,explicou como foi o projetode língua portuguesa doColégio Miró. “O objetivoera aprender a escrevercontos de uma formadivertida”.

A turma de Rafaelleu sobre ashistórias gregas.Depois, escolheramum texto, e cada duplaescreveu a própriaversão.

A história de Rafael foisobre o Ouro de Midas. Elecontou que o resultadofinal foi um livro. “Fiz aversão com minhaspalavras e isso me ajudoua melhorar na escrita”.

CANTINA ALTERNATIVA

A professora do 4º ano,Maristela Dantas, falouque o projeto foi parar nospalcos do teatro.

Mas como juntardinheiro para fazer umapeça? Foi então que entroua matemática.

A turma montou umacantina com alimentossaudáveis. Elestrabalharam com o sistemamonetário, aprendendosobre vendas e lucros.

A professora explicouque uma parte dos lucrosvoltava para os pais, quecompraram osingredientes. A outra iapara a peça. “Aprendemossobre fração. Euperguntava em quantaspartes é possível dividir umbolo. É um jeito de trazer ocotidiano para a sala”.

Revistas emquadrinhosTurma da Mônica,Mangá ou Comics. Nãoimporta o estilo dahistória em quadrinhos(HQs). Elas podem seruma forma divertida deaprender a ler oudesenvolver a leitura.Você também podefazer sua própria HQ. Ésó usar a imaginação,criar personagens e darvida a eles. Tudo issocom as palavras.

e fez comque atampinha quesujava a ruavirasse objeto deaprendizado.

Milene do Amparo,7, só contava nos dedose devagar. Ela disse queo projeto fez com quegostasse mais damatéria. “Eu só sabiacontar até 50. Agora,passo dos 200. Atéaprendi a contar moedas”.

A atividade não vai ficarsó em sala de aula. A turmajuntou tantas tampinhas que,no final da unidade, vai doarpara a reciclagem.

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