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Page 1: Número de baianosque investem na Bolsaaumenta 558,92%

ECONOMIASALVADOR SÁBADO 23/10/2010B8

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Editor-coordenadorFlávio Oliveira

MERCADO Acompanhe o desempenho daBovespa em tempo real www.atarde.com.br/economia

FINANÇAS A participação dos pequenos investidores doEstado cresce mês a mês: em setembro, eles somaram 16.572

Número de baianosque investem na Bolsaaumenta 558,92%JULIANA BRITO

Os baianos estão descobrindoa Bolsa de Valores. Para se teruma ideia, em 2005, apenas2.515 pessoas físicas do estadoaplicavam seu dinheiro nomercado de capitais. Cincoanos depois, esse número sal-tou para 16.572, o que repre-senta um crescimento de558,92%.. “Essa é a principalalternativa de investimentoda sociedade capitalista. ABolsa, que existe desde 1890,é, historicamente, um inves-timentoquesuperaoutrosco-mo ouro, imóveis e renda fi-xa”, diz o agente autônomo deinvestimento da Office Inves-timentos, Lucas Leal.

Para investir é preciso pri-meiro tornar-se cliente de

uma corretora de valores,que, além de realizar o ca-dastro na Bolsa, vai oferecerorientação sobre o mercado.Em troca, o investidor pagauma taxa fixa de corretagem,quevariaentreR$5aR$20poroperação. Através dos bancostambém é possível adquirirações.Adiferençaéque,nessecaso, a instituição administra

fundosdeinvestimentosede-cidepeloclientecomoequan-do operar. O site da Bovespa(www.bmfbovespa.com.br)oferece a relação das corre-toras credenciadas, assim co-mo das empresas que nego-ciam ações na Bolsa.

Não há um valor mínimopara adquirir ações. O corre-tor Lucas Leal afirma, entre-

tanto, que o mais comum éque se comece a investir a par-tir de R$ 1 mil. Uma boa opçãopara quem não possui muitocapital são os clubes de in-vestimentos,nosquaisoscus-tos – e também os eventuaisprejuízos – são rateados pelosparticipantes.

“Pessoas que queiram in-vestir R$ 30 ou R$ 50 podem

fazer isso através dos clubes.Há os abertos e os fechadosque você pode encontrar, porexemplo, nas empresas, sin-dicatos e escolas”, indica oprofessor de educação finan-ceira da Bovespa, José AlbertoNetto Filho.

Negócio arriscadoA Bolsa de Valores é um in-

vestimento rentável, porémde risco. "Digo que é um jogo",diz o economista e sócio dacorretora de valores Link Tra-de, Márcio Noronha. "Mas vo-cê pode jogar com a proba-bilidade a seu favor; não éuma coisa arbitrária, masmensurada. É tentativa e erro,só que com a probabilidade aseu favor", analisa, respalda-doemseus44anosdeatuaçãoneste mercado.

Os especialistas recomen-dam que o dinheiro aplicadoem ações não seja aquele ne-cessário às despesas. “A Bolsanão vai te dar uma respostaimediata”, avisa o professorde educação financeira. ParaNoronha, a ideia de que a Bol-sa é um investimento de lon-go prazo é discutível.

"O objetivo de investir naBolsa é ganhar dinheiro apro-veitando as tendências domercado. O que não pode éficar quieto, esperando quecom o tempo obtenha lucro",critica. Para aprender a inter-pretar essas tendências, o cor-retor recomenda a análisegráfica, tema no qual é es-pecialista. "O próprio merca-do te oferece dados que per-mitem a você saber quandocomprar e quando vender.Analisando esses dados, hácomo detectar as forças do-minantes no mercado no mo-mento", assegura.

BAIANOS NA BOLSA

FONTE BM&F e Bovespa Editoria de Arte A TARDE

Evolução na quantidade de investidores baianosno mercado de ações

dez/05 dez/06 dez/07 dez/08 dez/09 set/10

2.515

4.280

8.876

12.110 12.536

16.572

Para investir,é precisotornar-se clientede umacorretora

Especialista recomendapapéis do setor de energiaNa hora de investir na Bolsa,é preciso estar atento a trêsfatores, segundo os especia-listas: segurança, que implicanos riscos que a operação ofe-rece; liquidez, ou seja, a fa-cilidade de vender os papéisadquiridos; e rentabilidade,que são as possibilidades deganho trazidas pelas ações."Eu observaria a solidez daempresa, se ela tem boa tec-nologia, se possui liderançano mercado e se tem uma boaimagem", opina o proprietá-rio da Proinvestors, José Viei-ra Neto.

Segundo ele, os setores deenergia elétrica, telefonia fi-xa e infraestrutura são boasapostas. "São setores que temmonopólio ou oligopólio, epor isso possuem um mer-cado cativo. A remuneraçãodelas é definida pelo governoetemquesersemprepositiva,por isso tendem a dar lucro.Historicamente não apresen-tam oscilação e pagam bonsdividendos", analisa.

CursosQuanto mais informação,

mais chances o investidortem de controlar seus riscos.Para este fim, há disponíveis,além de literatura especiali-zada, simuladores de inves-timentos online e cursos, al-guns deles oferecidos gratui-tamente pelas corretores.

A Bovespa é uma boa fontede informação. A Bolsa vem,desde 2002, estimulando aformação do pequeno inves-tidor. Além dos cursos pre-senciais, o site da instituiçãooferece cursos on-line, simu-ladoreseumapáginaespecialpara as crianças, a Turma daBolsa, com o intuito de en-siná-las a lidar com dinheirodesde cedo. “A ideia é desmi-tificar a Bolsa, que não é sópara a elite”, diz o professor deeducação financeira da Bo-vespa, José Netto Filho.

Na última década, o núme-ro de CPFs cadastrados na Bol-sa subiu de 70 mil para 630mil. Até 2014, a Bolsa preten-de ampliar esse número paracinco milhões. Muitos são osfatores apontados para essesalto. Um deles é a estabili-zação da moeda.

Estudante dádicas para quemquer investirem ações

O estudante de administra-ção de empresas BernardoPinchemel, de 24 anos, garan-te que investir na Bolsa deValores não é bicho de setecabeças. Há três anos, quandorecebeu uma herança, viu-seàs voltas com o desafio de rea-lizar um investimento finan-ceiro que fosse capaz de po-tencializar seu capital. “Mi-nha tia, que trabalha no Ban-co Central, já investia e eu co-mecei a trocar informaçõessobre isso com ela e fui meinteressando”, recorda.

Desde então, o jovem temsido um investidor habitualdo mercado de ações. O fu-turo administrador já conse-guiu aumentar seu capitaloriginal em média 55% apos-tando no mercado de ações.

“As aplicações de longo pra-zo tendem a render mais”,avalia Pinchemel. Mas nemsempre houve ganhos: “Perdium pouco de dinheiro no co-meço, mas considero que issofoi um aprendizado válido

para ter sucesso”, pondera oestudante.

IniciantesBernardo Pinchemel reco-menda aos investidores ini-ciantes que troquem infor-mações com outros investi-dores. “Faço isso com osmeus amigos”, conta.

Pesquisar sobre as empre-

sas cujas ações pretende ad-quirir é outra dica. “Elas sãoobrigadas a publicar, trimes-tralmente, seus balanços fi-nanceiros, nos quais dá paraver se a empresa é rentável”,ensina. “Se esse balanço é fei-to regularmente, direitinho,significa que a empresa étransparente”, ressalta.

O estudante de administra-

ção de empresas diz preferirinvestir em negócios que,além de estarem rentáveis nomomento, têm a possibilida-de de continuar crescendo alongo prazo. Entre os seus in-vestimentos estão ações daPetrobras, Vale do Rio Doce,de bancos e empresas de con-sumo, como as grandes lojasde departamento.

Lúcio Távora / Ag. A TARDE

Bernardo: “Perdi um pouco de dinheiro no começo, mas isso foi um aprendizado”

A Bolsa deValores é uminvestimentorentável, porémde risco

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