NOTA TÉCNICA COE SAÚDE Nº 47 DE 03 ABRIL DE 2020
(ATUALIZADA EM 24 DE JUNHO DE 2020)
ESTA NOTA TÉCNICA TEM POR OBJETIVO ORIENTAR AS UNIDADES DE SAÚDE E SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE DO ESTADO DA BAHIA EM RELAÇÃO A PROTEÇÃO À SAÚDE DAS GESTANTES, PUÉRPERAS E CRIANÇAS MENORES DE 2 ANOS NO CONTEXTO DA EPIDEMIA POR COVID – 19, DE MODO A CONTROLAR A DISSEMINAÇÃO DO SARS-COV-2 NO ESTADO DA BAHIA.
Considerando a Lei Federal nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020, que dispõe sobre medidas a
serem adotadas para o enfrentamento da emergência de saúde pública de importância
internacional decorrente do SARS-CoV-2;
Considerando a Nota Técnica nº 7 DAPES/SAPS/MS de 18 de março de 2020, que trata de
orientações a serem adotadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para a amamentação em
eventuais contextos de transmissão de síndromes gripais;
Considerando o Decreto nº 19.529 de 16 de março de 2020 que regulamenta, no Estado da
Bahia, as medidas temporárias para enfrentamento da emergência de saúde pública de
importância internacional decorrente do SARS-CoV-2;
Considerando que a Organização Mundial da Saúde – OMS classifica como grupo de risco
para complicações na eventualidade de uma infecção pelo SARS-CoV-2, a gestante em
qualquer idade gestacional, puérperas em até duas semanas após o parto e mulheres que
apresentaram quadro de abortamento ou perda fetal;
Considerando que a literatura científica traz que as mudanças fisiológicas no organismo da
gestante levam a uma predisposição por infecções graves, inclusive respiratórias, e que as
alterações anatômicas reduzem sua tolerância à hipóxia;
Considerando a importância da atenção humanizada na gravidez, ao parto e ao puerpério,
bem como à criança o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e ao desenvolvimento
saudável.
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Recomendam-se as seguintes medidas abaixo:
Orientações Gerais
As unidades de saúde devem garantir que as políticas e as boas práticas na
assistência materna e ao recém-nascido sejam mantidas, ao tempo que as medidas de
prevenção da transmissão do SARS-Cov-2 sejam implementadas durante toda a
assistência prestada.
Os serviços de saúde devem elaborar e disponibilizar normas e rotinas de forma escrita
sobre os procedimentos envolvidos na assistência aos casos suspeitos ou confirmados
de infecção pelo Coronavírus e promover treinamentos de forma sistemática entre os
profissionais, incluindo equipe assistencial, de higienização, de vigilância e etc.
As unidades devem disponibilizar Equipamentos de Proteção Individual - EPIs
necessários para o atendimento aos casos suspeitos ou confirmados de Covid-19 nos
diversos locais de atendimento na Unidade, em conformidade com o recomendado na
Nota Técnica COE Saúde nº 17. Todos os casos suspeitos ou confirmados de COVID -
19 devem ser comunicados às autoridades de Saúde Pública.
Atendimento Ambulatorial e Hospitalar
A exposição das gestantes, acompanhantes e profissionais de saúde deve ser
minimizada com a redução no número de consultas clínicas para as gestações de risco
habitual, com a reorganização do calendário, adequando o intervalo a partir das
demandas individuais e a introdução do atendimento remoto das gestantes por
profissionais de saúde das unidades em que as mesmas estão vinculadas.
Na fase atual da pandemia, todas as gestantes assintomáticas devem utilizar as
máscaras caseiras durante o atendimento ambulatorial e quando houver necessidade
de deslocamento.
As gestantes com quadro de síndrome gripal ou outros sintomas e sinais que remetam
a suspeita de COVID-19, devem empregar máscara cirúrgica durante a consulta pré-
natal, a ser fornecida pela Unidade.
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As gestantes e puérperas suspeitas e portadoras de comorbidades como diabetes
gestacional, hipertensão, lúpus, entre outras patologias, devem ter os seus testes
diagnósticos para Sars-CoV-2 priorizados em consequência das comorbidades
observadas.
A consulta do pré-natal deverá funcionar em regime de atendimento por horário
marcado de maneira a evitar aglomeração nas salas de espera. No momento da
consulta a presença de acompanhantes deve ser restrita às gestantes de até 16 anos
incompletos ou com deficiências ou patologias que dificultem o seu deslocamento
ou entendimento das orientações.
A gestante ao chegar ao ambulatório deve ser rastreada quanto à presença de
sintomas gripais, febre, quadros gastrintestinais como diarreia, dores abdominais e
perda do olfato ou do paladar. Ao ser identificada uma gestante suspeita e/ou
diagnosticada pelo SARS-Cov-2 o profissional que realizou a triagem deverá informar
imediatamente sobre o caso à equipe que fará o atendimento.
A rotina de atendimento incluindo exames e vacinação deverão ser mantidas, seguindo
os protocolos estabelecidos para cada caso e em todas as consultas devem ser
realizadas orientações sobre a COVID-19, incluindo precauções de rotina e sintomas
relevantes que requerem avaliação.
A coleta do swab para pesquisa do estreptococo do grupo B deve ocorrer conforme
indicado, durante o período gestacional entre 35 a 37 semanas, assim como o uso de
antibiótico profilático para diminuição do risco de sepse neonatal.
Durante o transporte interinstitucional de gestantes, especialmente aquelas suspeitas
ou com diagnostico confirmado pelo SARS-Cov-2, deve ser evitado a utilização de
veículo onde exista o compartilhamento com outros passageiros além do condutor do
veículo.
O pré-natal deve ser mantido em funcionamento assim como a captação precoce da
gestante. As gestantes de risco habitual ou mesmo aquelas com algum fator de risco
de menor gravidade continuarão sendo acompanhadas na Atenção Primária à Saúde,
devendo ser garantidos a realização dos exames de imagem e laboratoriais, conforme
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período gestacional para evitar retorno adicional da gestante.
Grávidas em qualquer idade gestacional, puérperas que estão em consulta puerperal
até duas semanas após o parto e as mulheres que tiveram abortamento ou perda fetal
devem ser avaliadas dentro do fluxo estabelecido de investigação de quadros gripais,
sinusite, febre, quadros gastrintestinais como diarreia, dores abdominais e perda do
olfato ou do paladar. Caso seja detectada alguma destas condições, a consulta de pré-
natal e avaliação puerperal deve ser adiada em 14 dias, mantendo-se o seguimento
remoto da gestante e puérpera pela unidade ambulatorial a qual ela estiver vinculada
com a orientação sobre indicações para comparecer à emergência, na presença de
sinais de agravamento do quadro. Para a gestante com infecção pelo SARS-CoV-2
deve-se viabilizar a realização de ultrassonografia morfológica no 2º trimestre.
O registro na Caderneta da Gestante deve ser mantido, mesmo os dados obtidos em
consulta remota, assim como os contatos remotos devem ser registrados em
prontuário.
O internamento clínico por questões obstétricas ou doenças intercorrentes à gestação
deve ser exceção e o tempo de internamento deve ser encurtado após análise
individual dos riscos da desospitalização e avaliada individualmente a possibilidade de
transição da terapêutica empregada no hospital para uma prescrição que possa ser
utilizada a nível domiciliar e a manutenção do seguimento ambulatorial sistemático.
As gestantes com quadros leves de COVID19 e sem indicação obstétrica de
internamento deverão ser liberadas para seguimento domiciliar/ambulatorial, os
quadros moderados deverão ser internados para seguimento da evolução e os quadros
graves devem ser internados e solicitado imediatamente a sua transferência para uma
unidade de referência terciária, através da Central de Regulação do Estado.
Para as gestantes assintomáticas devem ser adotadas as precauções preventivas de
rotina e mantida a condução habitual. A exposição das gestantes, acompanhantes e
profissionais de saúde deve ser minimizada e desta forma as visitas, durante o
internamento das gestantes, puérperas e dos recém-nascidos, devem ser suspensas e
empregada a equipe mínima nos atendimentos, conforme Nota Técnica COE Saúde nº
69.
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A acomodação das pacientes suspeitas ou com quadro confirmado de infecção pela
COVID-19 deve ser realizada, preferencialmente em um quarto privativo com porta
fechada e bem ventilado (com janelas abertas), devendo haver uma preocupação de se
restringir ao máximo o número de acessos a essa área, com o objetivo de se conseguir
um maior controle da movimentação de pessoas.
Caso o serviço de saúde não possua quartos privativos disponíveis em número
suficiente para o atendimento de todos os casos, deve ser estabelecida a acomodação
dos pacientes em coorte, ou seja, separar esses pacientes em uma mesma enfermaria
ou área. Essa coorte pode ser realizada em todas as unidades ou setores que forem
receber pacientes suspeitas ou confirmadas de infecção pelo Sars-CoV-2. É
fundamental que seja mantida uma distância mínima de 1,5 metro entre os leitos das
pacientes e que sejam mantidas, neste local, todas as diretrizes de prevenção e
manejo da infecção descritas no parágrafo anterior, sobre alojamento individual.
Os profissionais de saúde que atuam na assistência direta às gestantes suspeitas ou
confirmadas de infecção pelo coronavírus e profissionais de apoio devem ser
organizados para trabalharem somente na área específica de atuação durante todo o
seu turno de trabalho, não devendo circular por outras áreas da Unidade e nem prestar
assistência a outros pacientes, se possível.
Os serviços de saúde devem manter um registro de todas as pessoas que prestaram
assistência direta ou entraram nos quartos ou áreas de assistência dos pacientes
suspeitos ou confirmados de infecção pelo coronavírus, buscando facilitar uma possível
identificação futura de eventuais contaminados.
A alta hospitalar deve ser o mais precoce possível, respeitando as condições clínicas
do recém-nascido e da puérpera, podendo ser em 24 horas para parto vaginal e 48
horas para cesariana.
Assistência ao Parto
Embora a infecção pelo SARS-CoV-2 não seja, na atualidade, isoladamente uma
indicação para antecipação do parto ou determine a via de parto, a gestante deve ser
avaliada quanto as repercussões maternas ou fetais decorrentes da infecção,
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principalmente aquelas geradas pelas alterações respiratórias na mulher e
consequente comprometimento da oxigenação materna que pode se associar a
alteração da vitalidade fetal e ampliam o risco materno. Neste sentido, a via de parto e
o momento da sua realização devem ser individualizados, na dependência da condição
clínica da gestante, idade gestacional e/ou condição fetal.
Nos casos de parturiente positiva para SARS-CoV-2 e que apresentam evolução sem
intercorrência, a via vaginal deve ser preferencial, devendo ser avaliado
individualmente a redução do segundo período através do parto instrumental,
considerando a possível dificuldade da gestante manter os puxos ativos quando em
uso da máscara.
Não há restrição de indução do parto quando o colo estiver favorável, entretanto a
equipe deve estar vigilante para a possibilidade de abreviação do trabalho de parto na
vigência de alteração da vitalidade fetal e/ou deterioração da condição materna.
Durante a assistência ao parto está indicada a vigilância rigorosa, com ausculta
intermitente dos batimentos cardíacos fetais e o emprego da cardiotocografia quando
necessária e disponível. Deve-se atentar para as alterações no padrão da frequência
cardíaca fetal que podem ser um indicador precoce de piora da condição respiratória
materna.
A analgesia axial pode ser empregada, entretanto a anestesia geral deve ser evitada já
que a intubação gera aerossóis que aumenta o risco de contaminação da equipe. A
analgesia farmacológica pode ser utilizada, ressaltando a necessidade de vigilância
rigorosa com o uso de medicações potencialmente depressoras do sistema
respiratório.
Os métodos não farmacológicos de alívio da dor podem ser ofertados, mantendo-se o
cuidado para que não ocorra o compartilhamento de instrumentos como “bolas,“
“cavalinhos” ou “banquinhos” com outras pacientes, e com a higienização dos materiais
com álcool a 70% antes e após o uso de cada instrumento.
O parto na água não deve ser realizado, estando liberado o banho de aspersão
(chuveiro) para higiene, alívio da dor e relaxamento.
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Em mulheres com suspeita ou confirmação de covid-19, a tocólise deve ser
individualizada conforme quadro clínico da gestante, idade gestacional e viabilidade
fetal.Os tocolíticos de escolha são a nifedipina ou atosibam.
O uso de corticosteroides em fetos entre 24 e 34 semanas, com risco de parto pré-
termo dentro de 7(sete) dias, devem continuar a ser administrados e os casos devem
ser individualizados, pesando os riscos eventuais à gestante e benefícios neonatais.
O sulfato de magnésio deve ser usado conforme suas indicações habituais na
presença de hipertensão grave e como forma de profilaxia da eclâmpsia e para
neuroproteção do recém-nascido na prematuridade extrema. A equipe deverá ficar
atenta para as possíveis complicações respiratórias com o seu uso nos casos de
gestantes sintomáticas respiratórias.
Considerando que a literatura traz evidências quanto à eliminação do Sars-CoV-2 nas
fezes, indica-se a ampliação do cuidado por parte de quem assiste o parto vaginal no
sentido de evitar o contato com as fezes pelo feto e pelos profissionais que prestem a
assistência.
Situações de Abortamento
Os casos de abortamento devem ser cuidadosamente analisados e individualizados
para que a paciente não corra riscos desnecessários ao ter seu tratamento postergado,
mas também tenha a menor exposição possível ao ambiente hospitalar. Quando for
necessária a realização de procedimentos como aspiração intrauterina ou curetagem a
alta deverá ser a mais precoce possível. Em mulheres suspeitas ou com diagnóstico
confirmado de SARS-CoV-2, a anestesia geral deve ser evitada já que a intubação gera
aerossóis, e amplia o risco de contaminação da equipe.
RECOMENDAÇÕES PARA O CUIDADO E ASSISTÊNCIA AO RECÉM-NASCIDO
COM SUSPEITA OU DIAGNÓSTICO DA COVID-19
Definição de casos suspeitos:
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I – Recém-nascido (RN) de mães com histórico de infecção suspeita ou confirmada por
COVID-19 entre 14 dias antes do parto e 28 dias após o parto OU
II – RN diretamente exposto a pessoas infectadas pelo COVID-19: familiares,
cuidadores, equipe médica e visitantes.
1. SALA DE PARTO
Os procedimentos de assistência ao RN deverão ser realizados conforme as diretrizes
vigentes do Programa de Reanimação Neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria
(PRN-SBP), reforçando e observando algumas peculiaridades descritas a seguir.
1.1 Equipe Multiprofissional
•A equipe neonatal deve ser comunicada tão logo se tenha conhecimento da
internação de caso suspeito ou confirmado de SARS- CoV 2;
•Todos os profissionais de saúde que forem participar da recepção e cuidados com o
RN devem utilizar EPI para precauções de contato, gotículas e aerossol (risco de
aerossol no cuidado com a mãe e/ou RN). Isso implica o uso de avental descartável e
impermeável, luvas, máscara (N95 ou PFF2), óculos de proteção, gorro. Se atentar
para os cuidados na desparamentação, conforme orientação da ANVISA (Nota técnica
CVIMS/GGTES/ANVISA N˚ 04/2020 atualizada em 21 de março de 2020).
1.2 Cuidados Específicos
•O clampeamento do cordão deverá ser realizado em momento oportuno, de acordo
com as diretrizes de reanimação neonatal;
•Não realizar o contato pele-a-pele;
•A rotina do banho do RN deverá seguir as normas de cada serviço;
•Enviar a placenta para exame anatomopatológico, sempre que possível;
•O transporte do recém-nascido para as unidades neonatais (UTI, UCI ou alojamento
conjunto) deve ser realizado em incubadora de transporte, sempre que possível;
• A amamentação deve ser adiada para após o momento dos cuidados de higiene e da
implementação das medidas de proteção ao RN, como limpeza da parturiente (banho
no leito), troca de máscaras, touca, camisola e lençóis.
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2. ALOJAMENTO CONJUNTO
•Manter o RN prematuro tardio e o nascido a termo clinicamente bem junto à mãe em
regime de alojamento conjunto, com restrição de visitas. Os pais não são
considerados visitas.
•Quarto privativo, quando possível, com precaução de contato e gotículas, procurando
manter distanciamento de dois metros entre o leito materno e o berço do RN. Em caso
de não disponibilidade de quarto privativo, recomenda-se coortes de mulheres
sintomáticas;
•Uso de máscara cirúrgica e higienização das mãos pela mãe antes e após os
cuidados com o RN;
•Durante a amamentação a mãe deverá utilizar máscara cirúrgica e higienizar as mãos
antes e após tocar no RN;
•A equipe de saúde deve utilizar precaução de contato e de gotículas para cuidar do
binômio. Recomenda-se, também, o uso de luvas para realização das trocas de fraldas,
pelo potencial risco de eliminação do vírus pelas fezes;
•De acordo com o Ministério da Saúde, até o momento, não está indicada a triagem
laboratorial para investigação de SARS-CoV-2 em RN assintomático cuja mãe tenha
diagnóstico suspeito ou confirmado de COVID-19. Em casos individualizados, se
houver disponibilidade, a testagem poderá ser realizada;
•Em caso de impossibilidade do cuidado do RN pela mãe, outro responsável poderá
assumir a função de cuidador, evitando assim a necessidade de internação do RN em
outra unidade;
•Alta domiciliar segura, com estabilidade clínica no RN, sem distermia (febre ou
hipotermia) e sem sinais respiratórios há pelo menos 72 horas, bem como de achados
radiológicos de tórax sem alterações;
•Está indicado o isolamento domiciliar durante 14 dias para os casos confirmados após
a alta.
3. UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA-UTIN/ UNIDADE DE CUIDADOS
INTERMEDIÁRIOS CONVENCIONAL – UCINCo
•Internar o RN prematuro abaixo de 34 semanas na UTI neonatal para monitorização,
em quarto preferencialmente privativo, e seguindo as precauções de contato e
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gotículas, e acomodando o RN em incubadora. Nos procedimentos que geram aerossol
(intubação, passagem de sonda naso/orogástrica, coleta de “swab” de nasofaringe e
orofaringe, aspiração de vias aéreas e cânula e nos pacientes em ventilação não
invasiva ou cânula de alto fluxo ou cateter nasal), o profissional deverá usar a máscara
N95 ou PFF2;
•Seguir a rotina de manejo clínico adotada pelo serviço para investigação diagnóstica e
assistência ventilatória ao RN e considerar como caso suspeito aquele que não
responde aos cuidados de rotina;
•As vistas deverão ser suspensas durante o internamento dos recém-nascidos e ser
empregada à equipe mínima nos atendimentos.
Recomendações para o RN sintomático
Os sintomas no período neonatal geralmente são insidiosos e inespecíficos. Os
critérios diagnósticos sugeridos para o diagnóstico são apresentados a seguir:
Critérios diagnósticos para suspeita de COVID-19
- Pelo menos um dos sintomas clínicos:
•Instabilidade térmica, hipoatividade, recusa alimentar, taquipnéia;
•Achados no RX de tórax como opacidade em vidro fosco uni ou bilateral, múltiplas
áreas lobulares ou subsegmentares de consolidação. Ressalta-se que não há
indicação para realização de tomografia de tórax para os recém-nascidos.
- Alto risco de infecção por COVID-19:
•Familiares ou cuidadores diagnosticados com infecção por COVID-19;
•Contato próximo com alguém suspeito ou confirmado para COVID-19;
•Contato próximo com alguém com pneumonia de causa desconhecida.
A comprovação diagnóstica do RN será feita após resultado positivo para a
COVID-19, através de RT-PCR, em amostra do trato respiratório com coleta de
“swab” (1 amostra de cada nasofaringe).
Até o momento, a coleta de material está indicada apenas para o RN com
sintomas respiratórios, configurando caso suspeito para o SARS- CoV 2 (vínculo
epidemiológico materno ou na comunidade, nos casos de readmissão). Deve-se
atentar ao Vírus Sincicial Respiratório - VSR e H1N1, pela sazonalidade. Todos os
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casos suspeitos (critérios acima) ou confirmados devem ser internados na UTI neonatal
e isolados por 14 dias.
Os casos suspeitos de COVID-19 devem ser notificados em até 24 horas pelo
profissional de saúde responsável pelo atendimento para a Comissão de Controle de
Infecção Hospitalar ou Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Unidade, que é o
responsável por formalizar a notificação ao Serviço de Vigilância em Saúde do
município. A notificação é compulsória.
Garantir a realização da Triagem Neonatal na alta da maternidade, com adequada
identificação da amostra, constando informações de quando foi feita a coleta e
implementando as medidas de prevenção frente ao SARS-CoV-2.Caso a coleta tenha
sido precoce (com menos de 48h), a família deverá ser orientada a fazer nova coleta
na Unidade Básica de Saúde após o término da pandemia.
Observações:
•Idealmente a internação deveria ser feita em quarto com pressão negativa. Porém,
como essa não é a realidade da maioria das unidades neonatais, é muito importante
que todos os recursos possíveis sejam utilizados para minimizar a contaminação do
ambiente, dos profissionais de saúde e das demais pacientes.
•Na ausência de quarto privativo na UTI a assistência poderá ser organizada no
modelo de coorte sendo uma coorte de recém-nascidos sintomáticos respiratórios
(filhos de mãe com suspeita ou diagnóstico de COVID-19) e outra de recém-nascidos
assintomáticos com suspeita ou diagnóstico de COVID-19.
•Mãe e/ou pai sintomáticos ou contactantes não devem entrar na UTIN/UCINCo até
que se tornem assintomáticos e tenha passado o período de transmissibilidade da
COVID-19 (14 dias). Informações sobre o recém-nascido deverão ser fornecidas pela
Unidade aos pais por meio telefônico ou virtual;
•Preferencialmente a alta da UTI deve ser feita diretamente para o domicílio, onde o
RN terminará os 14 dias indicados como o período de isolamento (contados a partir do
início dos sintomas);
•Se a alta da UTI ocorrer para outra unidade neonatal, deverão ser mantidos os
cuidados de isolamento e precaução até que se cumpram os 14 dias de isolamento.
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4. UNIDADE DE CUIDADOS INTERMEDIÁRIOS CANGURU (UCINCa)
• Destacamos a importância da prática da Atenção Humanizada ao Recém Nascido-
Método Canguru, apesar da necessidade de restrições temporárias durante a
pandemia;
• O contato pele a pele, neste momento de crise, deve ser realizado exclusivamente pela
mãe assintomática e que sabidamente não tenha contato domiciliar com pessoas com
síndrome gripal ou infecção pelo SARS-CoV-2. A UCINCa não deve ser fechada nem
reduzida. Nesta fase de pandemia deve ser estimulada. As evidências têm mostrado a
importância do contato pele a pele e do aleitamento materno para mãe e recém-
nascido, inclusive nas infecções hospitalares que continuam sendo um problema de
saúde publica. Faz-se necessário que haja inquérito ocasional para a detecção de
sintomáticos ou suspeitos durante a internação na Unidade;
• Mães sintomáticas ou contactantes não poderão ser encaminhadas à UCINCa até que
se tornem assintomáticas e/ou tenham passado o período de transmissibilidade da
COVID-19 ( 14 dias). Faz-se necessário coletar exame para confirmação diagnóstica.
5 – AMAMENTAÇÃO
Tendo em vista as considerações e recomendações de órgãos oficiais (Organização
Mundial da Saúde, Centers for Disease Control and Prevention – EUA, Ministério da
Saúde do Brasil e Sociedade Brasileira de Pediatria) de que as mães infectadas pelo
coronavírus provavelmente já colonizaram seus bebês e dos benefícios do leite
materno quanto à passagem de anticorpos maternos protetores ao recém-nascido,
recomendam-se:
•Puérperas em bom estado geral devem manter a amamentação, utilizando máscaras
de proteção cirúrgica e realizando a higienização das mãos antes e após cada
mamada;
•Nos casos em que a mãe não tiver condições de amamentar, seu leite poderá ser
ofertado após a extração manual ou mecânica, preferencialmente por copinho, colher
ou xícara, observando os seguintes cuidados:
1-Higienização das mãos e uso de gorro e máscara para extração de leite humano.
NOTA TÉCNICA COE SAÚDE DE 03 ABRIL DE 2020 (ATUALIZADA EM 24 DE JULHO DE 2020)
2-A bomba para extração de leite humano deverá ser de uso exclusivo da mãe,
procedendo-se sua lavagem e desinfecção de acordo com as especificações do
fabricante.
7 - CRIANÇAS MENORES DE 2 ANOS
• Registrar o acompanhamento da criança na “Caderneta da Criança”.
• O município deverá garantir o acompanhamento da criança na Atenção Primária de
Saúde, mantendo a puericultura e assegurando a realização das triagens neonatal
(teste do pezinho, teste da orelhinha, teste do coraçãozinho e teste do olhinho) além do
calendário vacinal atualizado de acordo com cada faixa etária.Deve ser estabelecido
acompanhamento remoto das crianças de alto risco intercaladas com as consultas
presenciais, de acordo com a necessidade e critérios rigorosos de avaliação;
• Seguir Manejo Clínico Pediátrico na Atenção Especializada em anexo;
• Crianças com síndrome respiratória grave aguda (menores de 2 anos, especialmente
as menores de 6 meses) deverá ser considerada a prescrição o fosfato de Oseltamivir,
preferencialmente nas primeiras 48 horas após o início da doença, além dos
medicamentos para alívio dos sintomas e da importância da hidratação.
Reitera-se que estas são as recomendações informadas por evidências disponíveis até
a presente data e estão sujeitas a revisão mediante novas publicações técnicas e
estudos científicos, durante a vigência da PANDEMIA.
NOTA TÉCNICA COE SAÚDE DE 03 ABRIL DE 2020 (ATUALIZADA EM 24 DE JULHO DE 2020)
Anexo: Manejo Clínico Pediátrico e Manejo Clínico de Gestantes do Ministério da Saúde
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NOTA TÉCNICA COE SAÚDE DE 03 ABRIL DE 2020 (ATUALIZADA EM 24 DE JULHO DE 2020)
SBP, Departamento científico COVID-19: Pediatras divulgam recomendações sobre
amamentação em lactantes infectadas pelo vírus ou com suspeita, disponível em
https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/covid-19-pediatras-divulgam-recomendacoes-
sobre-amamentacao-em-lactantes-infectadas-pelo-virus-ou-com-suspeita/. Acessado em
16.03.2020.
Nota Técnica Gvims/Ggtes/Anvisa Nº 06/2020 Orientações Para A Prevenção E O Controle Das
Infecções Pelo Novo Coronavírus (SARS-CoV-2) Em Procedimentos Cirúrgicos
(COMPLEMENTAR À Nota Técnica Gvims/Ggtes/Anvisa Nº 04/2020).