INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI
FACULDADES IDEAU
A EDUCAÇÃO INFANTIL SOB A ÓTICA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
CENTENARO, Katiúcia Lemos Sandri, ¹[email protected];
COLOMBO, Naiara Paula,¹[email protected]; EVANGELISTA, Jéssica, ¹
[email protected];POZZER, Mariana Louise, ¹
[email protected];LONGO, Patrícia Di Francesco, ²
[email protected]; FABIANI, Nadine Teixeira Pilotto, ²
[email protected];CALCING, Jordana,²
[email protected];COSTA, Gisele M. Tonin²,
[email protected];SCOLARI, Lidinara, ²
¹ Discentes do Curso (Psicologia), Nível IV 2016/2- Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS.² Docentes do Curso (Psicologia), Nível IV 2016/2 - Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS.
RESUMO: O presente artigo foi embasado na teoria das inteligências múltiplas proposto por Gardner, por esta apresentar uma visão multidimensional da inteligência, fornecendo assim, um melhor entendimento das diferenças existentes entre os indivíduos. Este trabalho objetivou identificar quais são as inteligências estimuladas atualmente no ambiente de educação infantil, com foco em crianças de 4 a 6 anos de idade, além de propor algumas intervenções com o intuito de estimular o desenvolvimento das inteligências múltiplas dos estudantes. A escola é um importante agente no desenvolvimento cognitivo, intelectual e social da criança, por isso torna-se importante buscar formas de ensino que contemplem a diversidade do intelecto humano. Na observação do meio escolar percebeu-se que as escolas precisam estar centradas no perfil cognitivo do aluno, visando o seu desenvolvimento através de propostas de ensino diferentes e até mesmo por meio de passatempos adequados a cada aspecto particular de inteligência, gerando aumento significativo no aprendizado. Também ficou evidente que a escola em análise já vem abordando o desenvolvimento de algumas inteligências, porém sem nenhum planejamento com relação às mesmas, ou seja, utiliza-se de métodos pluralistas, que buscam estimular o aprendizado de forma geral. Porém, a escola sob a ótica das inteligências múltiplas baseia-se na pluralidade do intelecto, demonstrando que a forma de ensino precisa ir muito além do que o simples lápis e papel, sendo necessária a revisão dos métodos e objetivos educacionais.
Palavras-chave: Inteligência múltipla, desenvolvimento, escola, criança.
ABSTRACT: This article was based on the theory of multiple intelligences proposed by Gardner, for this presents a multidimensional view of intelligence, thus, providing a better understanding of the differences between individuals. This study aimed to identify what are the intelligences currently stimulated in the children's education environment, focusing on children 4-6 years of age, and to propose some interventions in order to
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stimulate the development of individual intelligence of students. The school is an important player in cognitive, intellectual and social development of the child, so it is important to seek ways of teaching that consider the diversity of the human intellect. In observation of the school environment, it was observed that schools need to be centered on the cognitive profile of the student, aiming its development through different teaching proposals and even through hobbies appropriate to each particular aspect of intelligence, generating significant increase in learning . It was also evident that the school in question is already addressing the development of some intelligences, but without any planning in relation to the same, or makes use of pluralistic methods, which seeks to encourage the general learning. However, the school from the perspective of multiple intelligences is based on the plurality of intellect, showing that the forms of teaching must go beyond the simple pencil and paper, requiring the review of the methods and educational goals.
Key words: Multiple intelligence, development, school, child.
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A pluralidade do intelecto mostra que as pessoas são dotadas de habilidades,
relacionadas a fatores genéticos, neurobiológicos, fatores ambientais e ao conjunto de
estímulos recebidos durante as várias etapas da vida. A teoria das inteligências múltiplas
proposta por Gardner (2000) mostra que o intelecto organiza-se de forma diferenciada,
podendo ser definido como a composição de diversas faculdades mentais relativamente
autônomas. Assim por meio de seus estudos apresentou uma lista contendo dez tipos de
inteligências que abrangem diferentes áreas do conhecimento e habilidades do ser humano,
sendo elas: linguística, lógica matemática, espacial, musical, interpessoal, intrapessoal,
naturalista, corporal cinestésica, emocional e existencial.
O objetivo desde estudo foi identificar quais são as inteligências estimuladas atualmente
no ambiente escolar, com foco em crianças de 4 a 6 anos de idade, além de propor algumas
intervenções com o intuito de estimular o desenvolvimento das inteligências múltiplas dos
estudantes. Na observação do meio escolar percebeu-se que as escolas precisam estar
centradas no perfil cognitivo do aluno, visando o seu desenvolvimento através de propostas de
ensino diferentes e até mesmo por meio de passatempos adequados a cada aspecto particular
de inteligência, gerando aumento significativo no aprendizado.
A fundamentação teórica deste artigo mostra a importância dos vínculos na
aprendizagem e no julgamento moral, o behaviorismo aplicado no aprimoramento das
inteligências múltiplas, a atuação do psicólogo escolar considerando o código de ética
profissional, o envelhecimento humano, as projeções populacionais e seu impacto no futuro
infantil.
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2 DESENVOLVIMENTO
Nesta fase será abordado o embasamento teórico, englobando os temas utilizados ao
longo do desenvolvimento desta pesquisa, contendo assuntos relacionados aos vínculos
presentes na aprendizagem e julgamento moral, o behaviorismo aplicado no aprimoramento
das inteligências múltiplas, a atuação do psicólogo escolar, e o envelhecimento humano
envolvendo as projeções populacionais e seu impacto no futuro infantil.
2.1 A importância dos vínculos na aprendizagem e no julgamento moral
O processo de aprendizagem difere dos fatores inatos do ser humano, como a digestão,
por exemplo, pois utiliza a interdependência das relações existentes entre os indivíduos
envolvidos no contexto (VIEIRA et al., 2011).
Vygotsky (apud VIEIRA et al., 2011) explica a aprendizagem por meio de três zonas
de desenvolvimento, a primeira contempla as capacidades já adquiridas pela criança sem a
necessidade de intervenções para desenvolvê-las, sendo chamada de zona de desenvolvimento
real. Já o segundo nível é chamado de zona de desenvolvimento potencial, que envolve a
capacidade em potencial da criança, que com o auxílio do adulto transforma seu potencial em
desenvolvimento real.
De acordo com Rolim et al (2008), o elo entre essas duas zonas de desenvolvimento é
chamado de proximal, onde quem ensina precisa buscar conhecer quem aprende, para se
tornar capaz de provocar avanços no conhecimento, tornando a criança independente em
relação ao novo conteúdo proposto, além de auxiliar na interação com as pessoas, que
também contribuirão com acréscimo de conhecimento.
Para Vygotsky (apud HERMETO & MARTINS, 2012) existem algumas habilidades
para raciocinar, compreender e memorizar que fazem parte da vivencia da criança com pais
professores e colegas. Também entendia que o desenvolvimento humano acontece em três
níveis, sendo o nível cultural, interpessoal e individual, no entanto com maior interesse nos
níveis cultural e interpessoal, uma vez que as nossas experiências formativas são sociais.
Vygotsky (apud VIEIRA et al, 2011) também enfatiza a importância da relação com o
outro no processo de aprendizagem, pois o relacionamento, seja entre o sujeito ou ambiente
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cultural e social, carregam o individuo de informações pertinentes para construção de seus
próprios conceitos, gerando um aprendizado que move-se .
Desse modo deve-se enfatizar a importância da atenção dos professores com relação
aos seus alunos, principalmente com relação à contextualização das brincadeiras aplicadas.
Afinal tudo que esta se passando pela mente da criança determina as atividades lúdicas a
serem desempenhadas, mostrando que o brincar constitui a linguagem da criança. Assim, por
meio da observação do brincar, os professores podem compreender o nível de
desenvolvimento, além de outras necessidades das crianças (ROLIM et al., 2008).
Piaget dedicou sua vida a investigação de um problema central: a formação e o
desenvolvimento do conhecimento. A ideia central de sua teoria mostra que o conhecimento
não procede da experiência única dos objetos, nem de uma programação inata pré-formada no
sujeito, mas de construções sucessivas com elaborações constantes de estruturas novas. Assim
trabalha com o conceito de assimilação e acomodação, onde o primeiro mostra que o sujeito
age sobre os objetos que o rodeiam aplicando esquemas já constituídos; enquanto o segundo é
um termo complementar da relação sujeito/ objeto, e representa o momento da ação do objeto
sobre o sujeito (GIUSTA, 2013).
Dessa forma o individuo constrói seu conhecimento a cerca do mundo a sua volta por
meio da interação com os objetos que lhe são propostos, elaborando não apenas diferentes
associações, mas edificando gradativamente sua moral. Pois para vivermos em uma sociedade
somos submetidos a um conjunto de regras e valores compartilhados, ou seja, uma moral, que
se utiliza de diferentes regras compartilhadas visando evitar que a sociedade mergulhe em
uma intensa crise de valores morais e éticos (MONTOYA et. al, 2011).
Piaget por meio de seus estudos preocupou-se com a construção da moral e neste
aspecto observou o julgamento moral apresentado em diferentes faixas etárias e definiu 3
estágios do desenvolvimento moral. O primeiro estágio encontra-se dos 2 aos 7 anos de idade
e corresponde ao estágio baseado na obediência rígida à autoridade. O segundo abrange o
período dos 7 a 11anos e caracteriza-se pela crescente flexibilidade de opinião, onde devido à
interação com os demais desenvolve seu próprio senso de justiça baseado no tratamento justo
e igual para todos. E no terceiro estágio a criança torna-se capaz de um raciocínio rígido
formal, onde leva em consideração as circunstâncias específicas, abrangendo os 11 aos 12
anos de idade (PAPALIA & FELDMAN, 2013).
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Com relação às influências na construção moral, Fini (1991) mostra que o julgamento
moral é estimulado pela interação social, onde os familiares e professores desempenham
papéis fundamentais na argumentação moral. As famílias que inserem as crianças em um
ambiente onde são ouvidas e consideradas para resolução de problemas comuns,
proporcionam oportunidades valiosas para o desenvolvimento moral.
De acordo com Piaget o papel do professor na sala de aula vai além de ser apenas um
instrutor, pois desempenha os papéis de mentor e facilitador centrado nas crianças. Desta
forma os professores precisam analisar o nível atual de desenvolvimento de cada aluno,
propondo situações de desequilíbrio cognitivo para ajudá-los a atingir o próximo estágio de
desenvolvimento. Acima de tudo os professores precisam criar um espaço colaborativo onde
as crianças ensinam e aprendem umas com as outras (HERMETO & MARTINS, 2012).
2.2 O Behaviorismo aplicado no aprimoramento das inteligências múltiplas
A meta do behaviorismo sempre foi à construção de uma psicologia cientifica livre da
introspecção e fundada em uma metodologia materialista que lhe garantisse à objetividade das
ciências a natureza. A psicologia se define como uma ciência do comportamento (observável)
e o comportamento é entendido como produto das pressões do ambiente, significando o
conjunto e reações a estímulos, reações essas que podem ser medidas, previstas e controladas
(GIUSTA, 2013).
Bock (2002) explica que Watson defendia a tendência teórica que encaminhava a
psicologia para observação do comportamento, pois acreditava que este era resultado das
variáveis do meio. Assim, mostrava que os estímulos do meio levam o organismo a
determinadas respostas devido ao ajuste desempenhado por equipamentos hereditários e pela
formação de hábitos. Desta forma podemos dizer que “[...] o objetivo do behaviorismo é
eliminar todo tipo de coerção, transformando o ambiente e ajustando o que nos controla”
(HERMETO & MARTINS, 2012, p. 80).
De acordo com Giusta (2013), nas primeiras formulações do behaviorismo Watson
apoia-se nos trabalhos de Pavlov acerca do condicionamento respondente ou condicionamento
clássico (E-R), que trata-se da relação entre um estimulo antecedente e uma resposta que é
consequente. Com o passar do tempo o condicionamento respondente revelou-se insuficiente
para a explicação de aprendizagens complexas, sendo superado pelo condicionamento
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operante Skineriano, o qual desloca a ênfase do estimulo antecedente para o estimulo
consequente.
Tais conceitos são nomeados como reforçamento positivo e negativo, e ambos têm
como objetivo ensinar e reforçar um determinado comportamento, onde o indivíduo aprende o
comportamento desejável para alcançar determinado objetivo. No entanto são aplicados de
diferentes formas; no reforço positivo quando o comportamento desejado é alcançado um
elemento de recompensa é adicionado. Enquanto no reforço negativo um elemento aversivo
ao indivíduo é retirado do ambiente como reforço para a continuação do comportamento
(HERMETO & MARTINS, 2012).
Skinner (apud HENKLAIN & CARMO, 2013) afirma que o sistema educacional foi
criado com o objetivo de partilhar com os novos membros práticas sociais que constituem
uma determinada sociedade. Pois o indivíduo ao longo de sua vida por si próprio aprende
apenas uma pequena parte do conhecimento existente em sua cultura, no entanto sob a
orientação de alguém, aprende com melhor performance.
De acordo com Vasconcelos et al (2003), as teorias behavioristas de aprendizagem
escolar têm o objetivo principal de alcançar comportamentos apropriados, entendidos como
apropriação e modificação de resposta. Nesse meio, o conhecimento é passado por
transmissão da parte do professor, que controla todo o processo e distribui recompensas e
eventualmente as punições. Enquanto o aluno desempenha um papel cognitivo passivo,
tornando-se acrítico e mero reprodutor de informações.
Contudo a contribuição da análise do comportamento faz com que muitas das teorias
sejam reformuladas e atualizadas de acordo com as necessidades percebidas. Neste contexto
Vasconcelos et al (2003) mostra que a corrente neobehaviorista sugere o modelo de
aprendizagem por descoberta, que envolve a interação do aluno para construção de sua
compreensão. Neste modelo cabe ao professor promover uma aprendizagem pela descoberta
em atividades exploratórias e questões que lhes despertem a curiosidade. Pode ser um
processo de aprendizagem difícil e demorado, no entanto promove um aprendizado baseado
na compreensão e no significado, diferentemente da memorização.
O profissional que modifica o seu próprio comportamento para facilitar a
aprendizagem do outro é constituído professor. E de acordo com Skinner (apud MOROZ &
LUNA, 2013), no desempenho de sua função, o professor deve se preocupar com algumas
questões que envolvem os seguintes tópicos:
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Quais serão as mudanças que devem ser produzidas no aprendiz, voltando-se ao
esperado pelo professor no desempenho de seus alunos;
Quais são as características do aluno com quem trabalhará, onde fica implícita a
importância de conhecer a diversidade existente nos grupos de ensino;
O que deve ser ensinado para o aluno, enfatizando a coerência do currículo e a
integração das diferentes áreas do conhecimento;
Delimitar a melhor forma de facilitar a aprendizagem daquilo que deve ser ensinado,
escolhendo os procedimentos mais adequados a serem utilizados.
Tendo como base estas questões, afirmam Moroz & Luna (2013), o professor mostra-
se preparado para atuar de forma eficiente e focada na relação interligada existente entre as
ações indutoras emitidas pelo professor e as ações do aluno que são consequência das ações
indutoras.
A maior fonte de ineficiência na educação é a desconsideração das diferenças entre os
alunos, pois de nada adianta analisar apenas o desempenho médio dos alunos em sala de aula.
Afinal cada aluno deve ser avaliado individualmente, uma vez que têm capacidades diferentes
que envolvem o comportamento motor, sensorial, verbal, motivacional e emocional. Portanto
o profissional de ensino deve utilizar alternativas para realização de um trabalho mais
individualizado possível, de acordo com as necessidades dos alunos (HENKLAIN &
CARMO, 2013).
2.3 A atuação do psicólogo escolar, considerando o código de ética profissional
Os códigos de ética em geral buscam expor princípios e valores juntamente com os
direitos e deveres que devem ser praticados pelas pessoas inseridas em determinada classe
profissional. No caso do código de ética profissional do psicólogo, são estabelecidos padrões
esperados quanto às práticas aplicadas, visando fomentar a autoreflexão exigida de cada
individuo acerca de seus atos, responsabilizando-o de forma pessoal e coletiva por suas ações
e consequências no seu exercício profissional (BERNARDES et al, 2013).
O psicólogo atua em diferentes áreas e contextos profissionais, entre eles na educação
escolar, podendo atuar de formas diferenciadas, por exemplo, na formação do educador,
desenvolvendo programas voltados ao treinamento dos professores visando desenvolver
habilidades específicas. Neste contexto, também se deve estar atento à comunicação entre o
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psicólogo e os pais, pois é fundamental para que dividam informações sobre a criança visando
possibilitar uma boa comunicação entre o aluno e o professor. Contudo a principal
contribuição do psicólogo no ambiente escolar é o desenvolvimento de atividades que
estimulem a autoestima e a eliminação do medo, a segurança e principalmente auxiliando o
professor a identificar as diferenças individuais de cada aluno, pois isso impacta na formação
da personalidade e da autoestima do individuo (VALLE, 2003).
A psicologia escolar pretende facilitar o desenvolvimento humano, porém o psicólogo
escolar encontra grandes dificuldades em sua função, como sua inclusão na escola e a sua
participação com o corpo docente em programas para juntos promoverem o desenvolvimento
infantil. Enquanto problemas como repetência, diferenças sociais levam o psicólogo a ter uma
diferente preocupação com o processo de desenvolvimento infantil (VALLE, 2003).
De acordo com Martinez (2009), o compromisso com a educação pode evidenciar-se
de diferentes formas, porém dados os limites deste espaço, considera-se como aspecto central
o compromisso dos psicólogos com a transformação dos processos educativos e com a
efetivação das mudanças necessárias que demanda a melhoria da qualidade da educação.
Pasqualini et al (2013) afirma que a psicologia é vista como um campo que irá
contribuir de algum modo para a Educação e consequentemente para a sociedade como um
todo, porém a atuação desta permanece predominantemente focada no indivíduo e vinculada a
uma concepção instrumental de Educação. A presença dos psicólogos no meio escolar esta
ligada ao fato destes serem formados para atuar auxiliando individualmente participantes do
ambiente escolar cujos problemas de ordem individual, biológica e/ou familiar estejam
dificultando o processo de aprendizagem.
Martinez (2009) também acredita ser importante discutir a noção do compromisso
social do psicólogo, pois da mesma forma que acontece com os conceitos de ética e cidadania,
são usados com tanta freqüência que podem ser definidos como palavras “vazias”, contudo,
quando usados da verdadeira forma, mostrando o seu real alcance podem fugir da nossa
compreensão. Infelizmente, tais conceitos muitas vezes formam parte de uma espécie de
modismo que os coloca como parte de um discurso politicamente correto, porém que pouco
tem a ver com as práticas sociais reais de quem os utiliza.
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2.4 O envelhecimento humano, as projeções populacionais e seu impacto no futuro
infantil
O envelhecimento é visto de diferentes formas, no Japão, por exemplo, velhice é
símbolo de status, enquanto outras culturas entendem que envelhecer é algo indesejável, onde
se percebe o idoso como afetuoso e carinhoso, porém incompetente e de baixo status. A
população esta envelhecendo, pois em 2008 quase 56 milhões de pessoas no mundo tinham 65
anos ou mais, contudo, com o aumento anual maior de 870 mil por mês, projeta-se que até o
ano de 2040 a população total dessa faixa etária seja de 1,3 bilhões de pessoas (PAPALIA &
FELDMAN, 2013).
Bee (1997), também afirma que as populações envelhecidas são o resultado do
declínio da fertilidade, somado do avanço econômico, de estilos de vida saudáveis e do
avanço das ciências e da tecnologia. Segundo a autora existem dois principais processos de
envelhecimento, o primário, que é um processo gradual e inevitável de deterioração física que
ocorre ao longo da vida. E o processo de envelhecimento secundário, que é resultado de
doenças e maus hábitos, que podem muitas vezes ser evitados.
Carvalho & Wong (2008) afirmam que o Brasil, entre os anos 40 e 60 sofreu um
significativo declínio da mortalidade, porém mantendo os índices da fecundidade em níveis
altos, gerando uma população quase estável. No entanto, foi a partir da década de 60 que
houve o desencadeamento do processo de transição de estrutura etária, devido à redução da
fecundidade que teve início nas classes mais privilegiadas e seguiu para as demais. Assim, a
população terá um perfil mais envelhecido.
Contudo, devido o declínio dos mesmos fatores, a partir dos anos 70 se iniciou um
rápido processo de desestabilização da estrutura etária brasileira, onde algumas projeções
preveem que entre 2000 e 2050 a população com menos de 15 anos deverá decrescer em
aproximadamente cinco milhões, enquanto a população idosa aumentaria anualmente a 2,4%,
chegando em 2050 a representar cerca de 19% da população (CARVALHO & WONG, 2008).
No processo do envelhecimento, o idoso passa por diversas alterações, como
mudanças físicas, orgânicas e sistêmicas, envelhecimento cerebral, alterações nas funções
sensoriais e psicomotoras, alterações de sono e alterações na função sexual. Esse conjunto de
fatores ocasiona o declínio no bem estar emocional e psíquico dos idosos em geral, no entanto
essa situação pode ser melhorada se estes conseguirem manter vínculos com amigos, onde os
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relacionamentos são consensuais e com possibilidade de escolha. Além dos relacionamentos
com vizinhos, onde é possível montar uma rede solidária, juntamente com o convívio com a
família, onde possuirá vínculos muito fortes (CÔRTE et al, 2009).
De acordo com Fontaíne (2010), muitas vezes a importância que a família tem para o
idoso, nem sempre corresponde à importância do idoso para a mesma. A vida social das
gerações mais jovens é organizada em torno das pessoas da mesma idade em função dos
mesmos interesses e meios nos quais se está inserido. Enquanto os idosos acabam por ter uma
vida social mais restringida e aguardam sempre a visita da família, que muitas vezes pode
demorar.
Os idosos de forma geral impactam a nova geração por meio da intergeracionalidade,
que se refere à transmissão psíquica entre as gerações, ou seja, o legado psíquico que cada
criança da família recebe ao nascer e sobre o qual estruturará sua vida psíquica, foi
transmitido geracionalmente (FONTAÍNE, 2010).
Côrte et al (2009) também explica que a avosidade mediatizada pelos pais opera na
estruturação do psiquismo infantil, ou seja a função do avô está sempre presente e independe
do indivíduo aceitá-la ou não. Ainda que ausentes, podem ter marcado ideais e colaborado na
montagem de representações sobre a vida, a morte, a sexualidade e outras áreas nas quais
repassaram um pacote de anseios e desejos marcando condutas.
A construção da função do avô requer uma elaboração do questionamento do próprio
papel como filho e como pais, com o objetivo de não repetir os mesmos erros e procurar
compensar as faltas. Assim o que define um avô não é uma imagem e muito menos a idade
cronológica, mas é uma função ligada intimamente a maternidade e a paternidade vivida
(CÔRTE et al, 2009).
A partir do ano de 2000 o número de publicações a respeito do envelhecimento
humano começou a aumentar muito, sendo muito significativo entre os anos de 2006 e 2009,
afinal o tema envelhecimento passou a ser citado em revistas nacionais e internacionais. No
Brasil e em outros países da América Latina, também houve um aumento de artigos
relacionados ao tema, a partir do ano 2000, porém com maior relevância no mesmo período.
O interesse de estudar sobre o envelhecimento deve-se ao crescimento populacional,
decorrente de vários avanços dentro da medicina e da tecnologia. A população acima dos 60
anos de idade teve um aumento considerável e é esperado um aumento de até 300% na
população idosa nos países da América Latina nos próximos 30 anos (BEZERRA, 2012).
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Como houve um grande aumento da expectativa de vida torna-se necessário no que se
refere ao envelhecimento, muitos estudos em diversas áreas da saúde, partindo de um
processo interdisciplinar, com objetivo de promover a saúde e a prevenção de doenças. Com
relação ao envelhecimento, as publicações atuais não tratam mais de alguns temas como
câncer de mama, colo de útero e próstata, que seriam os casos de prevenção. Por outro lado
houve um aumento nos trabalhos relacionados a estados de saúdes, como atividades e doenças
cardiovasculares. No entanto seria de extrema importância à realização de estudos em temas
que existem poucas publicações do que naqueles que já são abordados com maior frequência
(BEZERRA, 2012).
2.5 Metodologia
Após anterior observação e identificação de quais são as inteligências estimuladas no
atual ambiente escolar, o objetivo proposto para o presente estudo foi à aplicação de práticas
que visem o estímulo de algumas inteligências específicas no ambiente escolar, em crianças
com idade de 4 a 6 anos. A prática foi efetivada em uma escola localizada no interior do Rio
Grande do Sul, com aproximadamente quatro mil habitantes, na data de 12 de maio de 2016.
Para tanto, no segundo semestre do ano de 2015 foi efetivada uma visita para
observação direta do local em geral e de forma mais específica o acompanhamento da turma
do jardim, pois abrange a faixa etária estabelecida para o estudo. Após esta prática foram
identificadas algumas necessidades de estímulo em inteligências específicas, o que ocasionou
no desenvolvimento de um projeto de intervenção escolar.
Antes da aplicação da intervenção, foi realizada uma nova observação no ambiente
escolar e entrevista semiestruturada com a direção da escola, onde se objetivou identificar
possíveis alterações na turma observada anteriormente, qual foi o quadro de professores
organizado para o novo ano letivo e identificações sobre possíveis mudanças no plano
pedagógico da escola. Durante a entrevista também foi apresentado o plano de intervenção
que o grupo se propôs a fazer na turma observada; este foi aceito com grande satisfação pela
diretoria, onde agendou a data para a prática do mesmo. Quanto a prática realizada, esta teve
duração de 3 horas e meia, contou com o acompanhamento da professora da turma e foi
realizada na sala de aula e também no refeitório da escola.
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A estruturação do trabalho foi realizada em duas etapas, a observação do ambiente
escolar foi efetivada durante o segundo semestre do ano de 2015, enquanto a prática realizou-
se no primeiro semestre do ano de 2016. A pesquisa organizada no ano de 2016 prosseguiu
inicialmente com a pesquisa bibliográfica em fevereiro e março, visita a escola no mês de
maio e finalização do processo de análise em junho, podendo ser caracterizada como pesquisa
bibliográfica, exploratória e estudo de caso.
As pesquisas exploratórias têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e
modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais precisos ou
hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. Envolvem levantamento bibliográfico e
documental, entrevistas não padronizadas e estudos de caso (GIL, 2008).
A pesquisa bibliográfica segundo Cervo e Bervian,
Procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos. Pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental. Em ambos os casos, busca conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existente sobre um determinado assunto, tema ou problema (CERVO E BERVIAN, 2007, p.65).
Segundo Yin (2010), o estudo de caso pode ser tratado como importante estratégia
metodológica para a pesquisa em ciências humanas, pois permite ao investigador um
aprofundamento em relação ao fenômeno estudado, revelando nuances difíceis de serem
enxergadas “a olho nu”. Além disso, o estudo de caso favorece uma visão holística sobre os
acontecimentos da vida real, destacando-se seu caráter de investigação empírica de
fenômenos contemporâneos.
3 RESULTADOS E ANÁLISE
Por meio da entrevista realizada com a direção da escola ficaram claras algumas
mudanças no ambiente escolar. Inicialmente a escola passou a funcionar em uma estrutura
nova, que foi projetada pelo Governo Federal para o estado do Nordeste e reaproveitada nos
demais estados. A escola de educação infantil então, passou a funcionar de forma
independente da escola na qual estava alocada no ano anterior, assim a diretora iniciou suas
atividades no presente ano, contudo o quadro de professores manteve-se o mesmo, apenas
com algumas trocas de turma. A turma observada no ano anterior passou para o pré e está sob
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a responsabilidade de outra professora, já com relação a quantidade de alunos, esta diminuiu
para 07, ou seja houve a redução de apenas um aluno.
Com relação ao ambiente escolar, observou-se que a estrutura apesar de ser nova já se
encontra com grandes problemas de infiltração e rachaduras. No entanto, o novo ambiente
escolar possui um espaço apropriado para as crianças da educação infantil, havendo refeitório,
sala de brinquedos, parque de brinquedos externos, pátio com areia, espaço com um pequeno
palco para apresentações de atividades escolares, salas bem estruturadas com aparelhos de
som novos, ar condionado, carteiras e cadeiras novas, brinquedos específicos para cada turna
e espaços com tatame de EVA para contação de histórias.
Contudo pôde-se notar que a estrutura da escola não foi planejada para o estado do Rio
Grande do Sul, pois têm todos os corredores abertos e sem proteção alguma para dias de
chuva e com vento, e sem nenhuma proteção contra o frio. Até mesmo o refeitório estava
disposto em um local totalmente aberto, porém a direção ao perceber que as crianças estavam
passando frio neste local buscou apoio do município e proporcionou a construção de uma
proteção de vidro de um dos lados do refeitório e a confecção de uma cortina para o outro
lado.
Com relação à aplicação do plano de intervenção visando estimular algumas
inteligências específicas, segue abaixo as observações feitas durante a aplicação das
atividades propostas:
Inteligência naturalista: São as habilidades de reconhecimento da flora e da fauna,
utilizadas de maneira produtiva na identificação do meio ambiente e diversidade
(ANTUNES, 2006a). Para estímulo desta inteligência utilizou-se um jogo de boliche
feito com materiais reciclados, e por meio deste as crianças aprenderam a respeito da
separação do lixo com a associação da cor e a figura do tipo respectivo tipo de lixo.
Durante essa atividade as crianças interagiram muito, mostraram respeito uns pelos
outros quando esperavam por sua vez de brincar. Também foi observado que todos
tiveram grande facilidade em gravar as cores e seus respecitivos tipos de lixo; com
certeza essa será uma atividade repetida com frequência em sala de aula.
Inteligência interpessoal: É a capacidade de compreender outras pessoas, ou seja,
habilidade de perceber as distinções existentes entre os outros, diferenciando suas
emoções, temperamentos e motivações, permitindo conhecer e trabalhar com o outro
(GARDNER, 2000). Com relação a esta inteligência foi proposta a montagem de um
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quebra cabeça em conjunto com toda a turma. A entrega das peças foi feita juntamente
com a entrega de balões contendo peças dentro, após estourarem os balões as crianças
uniram as peças e se propuseram a montar o quebra cabeça. Neste momento observou-
se que alguns alunos tinham grande capacidade de concentração e encontravam
soluções rápidas, outros ainda encontravam peças e dividiam com outros colegas para
continuarem a montagem do quebra cabeça. No entanto também foi percebido que um
dos alunos demonstrou dificuldade em trabalhar em equipe, pois queria montar as
peças sozinho e como os demais precisavam de suas peças ele simplesmente
desmontava tudo que os outros já haviam organizado. Outra criança também
demonstrou total desinteresse em encontrar a solução para o jogo, apenas pegava as
peças e entregava para o professor, para que este fizesse em seu lugar a atividade. Já o
aluno cadeirante precisava de ajuda para conseguir estourar os balões, mas cada vez
que conseguia ele demonstrava bastante alegria por poder participar.
Inteligência intrapessoal: Envolve a capacidade de perceber os aspectos internos de
uma pessoa, podendo acessar os sentimentos e as emoções mais escondidas
(GARDNER, 2000). A atividade proposta para esta inteligência envolvia um cartaz
com diferentes rostos mostrando diferentes sentimentos, onde as crianças deveriam
colocar seus nomes abaixo do rosto que representava a forma como estavam se
sentindo. Neste momento também foram feitas importantes observações, por exemplo,
no inicio as crinanças mostram-se confusas então diziam que estavam alegres e
quando questionadas sobre o porquê, elas repetiam o que os colegas haviam dito, mas
sempre demonstravam de maneiras diferentes suas emoções. No entanto uma das
crianças quando questionada disse estar alegre, mas começou a chorar, então se
questionou o motivo do choro e a criança respondeu que estava com saudade da avó.
Após confortar a criança explicou-se então a diferença do que este colega estava
sentindo em relação aos demais, assim notou-se que gradativamente as crianças foram
entendendo o significado das palavras relacionadas aos sentimentos. Essa atividade
mostrou-se muito importante para prática em sala de aula, pois os professores podem
identificar como a criança esta se sentindo e também se ocorreu algo que a esta
chateando.
Inteligência espiritual ou existencial: Esta inteligência diz respeito à capacidade de se
colocar sobre os limites do cosmos e a relação com elementos da condição humana,
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como o significado da vida e da morte além de outras reflexões relacionadas à filosofia
e metafísica (ANTUNES, 2006b). No ambiente observado, as crianças são estimuladas
a fazerem orações de agradecimento no inicio das aulas, então apenas foi proposto
fazer o mesmo antes do lanche. Essa atividade foi prática e as crianças não
demonstraram dificuldade de entendimento, visto que já estão familiarizadas, no
entanto onserva-se uma grande repetição nos agradecimentos. Ainda foi observado
que duas crianças não fizeram agradecimento, e talvez a repetição tenha ocorrido por
não estarem acostumados a fazer isso antes do lanche, ou por vergonha dos colegas.
Inteligência cinestésica-corporal e musical: A habilidade de elaborar produtos simples
ou complexos utilizando o corpo inteiro, ou partes dele refere-se a inteligência
cinestésica-corporal. E a capacidade musical envolve a inteligência de reagir frente à
recepção de um som buscando o empenho em aprender a emitir estes mesmos sons
(GARDNER, 2000). Neste momento foi proposto que as crianças de organizassem em
um círculo e cantassem as músicas colocadas no aparelho de som, mas quando o som
parasse quem soubesse cantar a contnuidade da canção venceria. A turma mostrou-se
muito interessada, interagiam com muita animação e em alguns momentos se
disperssavam com facilidde devido tamanha empolgação. Neste momento
observaram-se questões de interação em grupo, equilíbrio, autoestima e
autoconhecimento. Todos demonstraram conhecer as canções, ficando claro que esta
inteligência já era estimulada no ambiente escolar, contudo também foi observada a
competitividade demonstrada por alguns alunos, que com objetivo de vencer
concentravam-se muito para não errar a letra da música.
Foi programada uma intervenção relacionada a questões do envelhecimento humano,
aonde as crianças iriam se imaginar passando por várias etapas da vida e no final iriam fazer
um desenho delas com uma idade já avançada, no entanto o tempo de aula terminou e não foi
possível aplicar a atividade programada, mas a professora demonstrou interesse e
provavelmente fará a aplicação em uma próxima aula.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através da análise bibliográfica e a relação com a prática escolar fica evidente a
necessidade do estabelecimento de vínculos na aprendizagem, pois as habilidades para
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raciocinar, compreender e memorizar fazem parte da vivencia da criança com pais,
professores, colegas e a sociedade em geral. Assim constrói-se um conhecimento a cerca do
mundo disposto à criança por meio da interação e associações que de forma crescente
edificam a moral do sujeito (VIEIRA et al., 2011).
Assim no meio educacional encontra-se aplicabilidade para várias técnicas
behavioristas que buscam o aprimoramento das inteligências individuais dos alunos, onde na
totalidade da turma objetiva-se o alcançe de comportamentos apropriados, transmitidos por
meio da interação dos alunos com o professor, que controla todo o processo e distribui
recompensas e eventualmente as punições (VASCONCELOS et al, 2003).
Para o avanço da proposta de trabalho voltada às inteligências múltiplas, torna-se
indispensável o desempenho do papel do psicólogo escolar, que deve preocupar-se com a
formação do educador desenvolvendo habilidades relacionais e de observação. Além de
preocupar-se com atividades que estimulem a autoestima, a segurança e principalmente
auxiliando o professor a identificar as diferenças individuais de cada aluno, pois isso impacta
na formação da personalidade e no desenvolvimento das inteligências latentes (VALLE,
2003).
Com relação ao envelhecimento humano, torna-se importante a análise das projeções
populacionais, pois estas certamente impactarão no futuro infantil por meio da
intergeracionalidade, que se refere à transmissão psíquica entre as gerações, ou seja, o legado
psíquico que cada criança da família recebe ao nascer e sobre o qual estruturará sua vida
psíquica, foi transmitido geracionalmente (FONTAÍNE, 2010).
A escola observada não possui nenhum projeto formal que vise à aplicação do trabalho
pedagógico no desenvolvimento das inteligências múltiplas, no entanto percebeu-se que na
prática em sala de aula o professor considera o estímulo de algumas inteligências, porém de
forma geral, faltando o enfoque no reconhecimento particular das capacidades de cada aluno
buscando desenvolvê-las, por meio de estímulos direcionados.
A realização prática da proposta de intervenção visando o estímulo de algumas
inteligências foi de grande importância, pois foi possível perceber que pode-se trabalhar sob a
ótica das inteligências múltiplas. Também foi evidênciado que através das atividades lúdicas
às crianças constroem e reconstroem conceitos, que resultam em um aprendizado prazeroso e
voltado de forma específica para algumas habilidades, podendo expandir seus limites por
meio da interação com o outro.
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Quanto ao quadro educacional, este com certeza é capaz de desenvolver atividades em
que os alunos demonstrem suas habilidades e possibilite-se a identificação dos estímulos a
serem abordados de acordo com a área cognitiva de cada aluno. Assim a verificação das
inteligências múltiplas no processo de ensino e aprendizagem possibilitará aos educadores um
caminho mais evidente para a construção do conhecimento, pois envolverá a coordenação de
um aprendizado que atenda as necessidades individuais.
Contudo, o processo de ensino aprendizagem sob a ótica das inteligências múltiplas,
considera aspectos mais amplos do que apenas a realização de algumas atividades lúdicas,
pois o ambiente escolar necessitaria de uma reestruturação para que este projeto seja
evidentemente colocado em prática. Por exemplo, Gardner (2000) mostra a necessidade de
alguns profissionais inseridos no meio educacional com objetivo de identificar as capacidades
individuais dos alunos, outro responsável pela adaptação das melhores formas de ensino a
serem abordadas de acordo com os perfis observados, e cita ainda a importância de um
profissional que faça a ligação dos alunos com a comunidade em geral, possibilitando a
descoberta do perfil profissional condizente com as particularidades de cada individuo.
No entanto tais mudanças no currículo educacional parecem distantes da realidade
vivenciada nas escolas atualmente, todavia não inviabilizam a inserção do conceito de
inteligências múltiplas nas atividades educacionais. Pois a escola pode trabalhar inicialmente
na implementação de projetos internos, investindo na construção do conhecimento do quadro
pedagógico a respeito da importância da identificação das inteligências. Mostrando caminhos
para identificação das capacidades individuais de seus alunos, além de solicitar que o repasse
dos conteúdos seja elaborado visando atender a todos da forma mais individualizada possível.
Assim trabalhando de forma conjunta entende-se que “a educação só funciona efetivamente
quando a responsabilidade é assumida ao longo do tempo” (GARDNER, 2000, p.72).
5 REFERÊNCIAS
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