Download - Nielsen PNR sustentavel
MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
(Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho – 1792)
SEÇÃO DE ENGENHARIA DE FORTIFICAÇÃO E CONSTRUÇÃO
(SE/2)
DISCIPLINA: PROJETO DE FINAL DE CURSO
PROJETO DE INSTALAÇÃO PREDIAL AMBIENTALMENTE AUTOSSUSTENTÁVEL
DE PRÓPRIOS NACIONAIS RESIDENCIAIS SUSTENTAVEIS PARA CAP/TEN COM 6
PAVIMENTOS
Orientador: Maj Marcelo Reis, Maj Vasconcellos.
Autor:
Ten Otto Araujo Nielsen
RIO DE JANEIRO
AGOSTO DE 2010
1
MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
PROJETO DE INSTALAÇÃO PREDIAL AMBIENTALMENTE
AUTOSSUSTENTÁVEL DE PRÓPRIOS NACIONAIS RESIDENCIAIS
SUSTENTAVEIS PARA CAP/TEN COM 6 PAVIMENTOS
Otto Araujo Nielsen
Monografia de graduação apresentada à Seção de Engenharia de Construção e Fortificação, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Fortificação e Construção.
Orientador: Prof. Dr. Marcelo de Miranda Reis
Prof. Dr. Carlos Alexandre Bastos de Vasconcellos
Rio de Janeiro/ RJ 2010
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PROJETO DE INSTALAÇÃO PREDIAL AMBIENTALMENTE
AUTOSSUSTENTÁVEL DE PRÓPRIOS NACIONAIS RESIDENCIAIS
SUSTENTAVEIS PARA CAP/TEN COM 6 PAVIMENTOS
Otto Araujo Nielsen
Trabalho apresentado à SEÇÃO DE ENGENHARIA DE FORTIFICAÇÃO E CONSTRUÇÃO, como requisito parcial para a obtenção do grau de BACHAREL EM ENGENHARIA DE FORTIFICAÇÃO E CONSTRUÇÃO pelo INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA.
Aprovado por
_______________________________________________ Prof. Dr. Marcelo de Miranda Reis – orientador
_______________________________________________ Prof. Dr. Luiz Augusto Cavalcante Moniz de Aragão Filho
_______________________________________________ Prof. Dr. Ben-Hur de Albuquerque e Silva
Aprovada em:
Grau:
Rio de Janeiro/ RJ 2010
3
Nielsen, Otto Araujo.
Projeto de instalação predial ambientalmente autossustentável de Próprios Nacionais Residenciais/ Otto Araujo Nielsen – Rio de Janeiro; INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA, 2010
93 f.
Monografia (graduação em Engenharia) – INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA, 2010.
Orientação: Marcelo de Miranda Reis e Carlos Alexandre Bastos de Vasconcellos
1. Sustentabilidade. 2. Próprios Nacionais Residenciais. 3. Exercito. I. REIS, Marcelo de Miranda e VASCONCELLOS, Carlos Alexandre Bastos de II. INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho primeiramente à minha mãe Fernanda Valéria, ao meu pai Jorgen Allan e a minha irmã Danielle pelo incentivo e apoio. À minha noiva Camille pela paciência e companheirismo.
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AGRADECIMENTO
Obrigado
Prof. Marcelo de Miranda Reis, por mesmo em meio a todas suas tarefas disponibilizar seu tempo para emprestar um pouco de seu conhecimento.
Prof. Carlos Alexandre Bastos de Vasconcellos, por incentivar, acreditar, e disponibilizar meios para a realização deste trabalho.
Meus pais, por terem me dado recursos acadêmicos e toda a educação que não se tem em escolas.
Camille, por te abdicado de suas atividades para me ajudar e incentivar, estando sempre presente e empenhada.
Aos amigos que sempre estiveram presente ouvindo minhas ideias e expondo suas opiniões a respeito. Em especial a amiga Letícia Soares por te revisado a monografia.
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Você precisa fazer aquilo que pensa que não é capaz de fazer. Eleanor Roosevelt
7
NIELSEN, Otto Araujo. Projeto de instalação predial ambientalmente autossustentável de Próprios Nacionais Residenciais Sustentáveis para Cap/Ten com 6 pavimentos Orientador: Marcelo de Miranda Reis e Carlos Alexandre Bastos de Vasconcellos . Rio de Janeiro, 2010. Monografia (Graduação em Engenharia de Fortificação e Construção) – INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA, IME. 93f.
RESUMO
A busca da sustentabilidade nas edificações é uma constante cada vez mais presente no
mundo todo, e no Brasil está se mostrando como um paradigma que adquire cada vez
mais força, despertando o interesse de todos os setores ligados à área da construção
civil; que nele veem nele benefícios tanto ecológicos, quanto sociais e econômicos. O
Brasil ainda carece de um sistema de certificação ambiental próprio, razão pela qual são
tomados modelos de outros países ao querer-se uma edificação reconhecida como sendo
realmente mais sustentável. Inserido neste contexto o Exército Brasileiro deve atualizar
seus projetos de Próprios Nacionais Residenciais adequando-os aos novos padrões de
desempenho e aproveitamento climático.
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NIELSEN, Otto Araujo. Setup Project building environmentally sustainable houses for
national sustainable for Cap/Ten with 6 floors.. Advisor: Marcelo de Miranda Reis e Carlos
Alexandre Bastos de Vasconcellos . Rio de Janeiro, 2010. Monograph (Engineer of Fortification
and Construction) – INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA, IME. 93. Final paper.
ABSTRACT
The quest for sustainability in buildings is a constant ever-present throughout the world,
and Brazil are showing up as a paradigm that is gaining increasing strength, arousing
the interest of all sectors linked to the construction area, who see it feel ecological
benefit, the social and economical. Brazil still lacks an environmental certification
system itself, which is why models are taken from other countries wanting to be
recognized as a building actually more sustainable. Within this context the Brazilian
Army must update their projects of National Equity Residential adapting them to new
standards of performance and recovery climate.
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Sumário
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 12
1.1. Motivação .............................................................................................................................. 15
1.2. Objetivos Gerais .................................................................................................................... 16
1.3. Objetivos Específicos ............................................................................................................ 17
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................... 18
2.1. Uso efetivo d água ................................................................................................................. 18
2.1.1. Reuso da água................................................................................................................ 19
2.1.2. Captação de água de chuva ........................................................................................... 23
2.1.3. Equipamentos Hidráulicos Economizadores ................................................................. 28
2.2. Uso eficiente da energia ........................................................................................................ 29
2.3. Uso eficiente de resíduos: ..................................................................................................... 39
3.0. CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL ............................................................................................... 48
3.1. Certificados ................................................................................................................................ 48
3.2. Escolha da metodologia de certificação ..................................................................................... 48
3.3. Critérios da LEED ...................................................................................................................... 50
4. ESTUDO DE CASO ........................................................................................................................ 66
4.1. Projeto Original .......................................................................................................................... 66
4.2. Escolha do local de emprego ...................................................................................................... 67
4.3. Aplicação dos Conhecimentos Sustentáveis no caso estudado .................................................. 72
4.4. Avaliação das mudanças conforme os critérios da LEED.......................................................... 81
4.5. Análise econômica ..................................................................................................................... 86
6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS .......................................................................................... 92
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Índice de Figuras
Figura 1 - Número de registros LEED no Brasil ................................................................................... 14
Figura 2 - Exemplo de sistema de reuso de água .................................................................................. 23
Figura 3 - Esquema dos elementos de um sistema de aproveitamento de água de chuva ..................... 25
Figura 4 - Clorador de água desenvolvido pela Embrapa (2004) .......................................................... 27
Figura 5 - Carta bioclimática de GIVONI com as diversas áreas identificadas .................................... 31
Figura 6 - Rosa dos ventos da cidade de Florianópolis. Programa SOL-AR ........................................ 33
Figura 7 - Efeito Light Shelf criado pelo teto claro .............................................................................. 35
Figura 8 – Selo PROCEL e a etiqueta com a classificação do aparelho. .............................................. 37
Figura 9 - Modelo de etiqueta do Programa PROCEL com os dados mais relevantes sobre o produto. ............................................................................................................................................................... 38
Figura 10 - Esquema da gestão de consumo de materiais em empreendimentos. ................................. 43
Figura 11 - Subfases da produção. ........................................................................................................ 43
Figura 12- Visão geral do consumo de materiais no empreendimento. ................................................ 44
Figura 13 - Peso e critérios analisados pelos diversos sistemas de certificação pelo mundo ................ 49
Figura 14 - LEED no Brasil .................................................................................................................. 49
Figura 15 - Plano de prevenção da poluição das atividades da construção ........................................... 51
Figura 16 - Parte de carta de potencial eólico do norte e nordeste do Brasil ........................................ 68
Figura 17 - carta eólica da região norte, com as velocidades médias dos ventos. ................................. 69
Figura 18 - Localização de Belém no mapa do Brasil .......................................................................... 69
Figura 19 - Rosa dos ventos, com a frequência dos ventos em Belém ao longo do ano. ...................... 71
Figura 20 - Rosa dos ventos com a velocidade predominante dos ventos em Belém ao longo do ano. 71
Figura 21 - Carta Solar de Belém. ......................................................................................................... 72
Figura 22- Pavimento Tipo do PNR padrão. ......................................................................................... 73
Figura 23 - Apartamento tipo mobiliado do PNR atual ........................................................................ 74
Figura 24 - Carta psicrométrica de Belém............................................................................................. 75
Figura 25 - Esquema para o desenvolvimento do projeto arquitetônico. .............................................. 76
Figura 26 - Desenvolvimento do projeto arquitetônico do PNR. .......................................................... 77
Figura 27 - Esboço do edifício para visualização dos volumes e áreas envidraçadas. .......................... 78
Figura 28 - Planta do pavimento tipo do novo edifício em Belém. ....................................................... 79
Figura 29 - Meio pavimento tipo com dois apartamentos. .................................................................... 80
11
Índice de Tabelas
Tabela 1- Classificação da qualidade da água para reuso ..................................................................... 22
Tabela 2 - Tabela de pontuação para avaliação LEED. ........................................................................ 65
Tabela 3- Tabela Climática de Belém. .................................................................................................. 70
Tabela 4 - Checklist do projeto atual de PNR. ...................................................................................... 83
Tabela 5 - Checklist com o projeto do PNR de Belém, com a avaliação aspirada. ............................... 85
Tabela 6 - Tabelas de impacto Ambiental x custo de implantação de estratégias autossustentáveis. ... 88
12
1. INTRODUÇÃO
“Um desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem colocar em risco a
possibilidade de satisfação das necessidades das gerações futuras.” (Relatório Brundtland,
1978) Esta foi forma com que o desenvolvimento sustentável foi definido e amplamente
divulgado pela Comissão de Brundtland1 a fim de iniciar a conscientização do mundo para o
desenvolvimento econômico e social que ocorre de modo ambientalmente sustentável.
Em 1992, na conferência das Nações Unidas, realizada no Rio de Janeiro (ECO 92)2,
foi aprovada a Agenda 213, que consiste no consenso entre representantes de 178 países com a
finalidade de assegurar a sustentabilidade mundial a partir do século XXI e, ainda, apresentar
a indústria da construção e o ambiente construído em si como focos de fundamental
importância para o desenvolvimento sustentável das sociedades, uma vez que os
empreendimentos da construção civil figuram entre os maiores causadores de impactos ao
meio ambiente. Posto que todas as atividades relacionadas à construção, operação e
demolição de edifícios, rodovias, barragens, portos interagem diretamente com o meio
ambiente e, em sua maioria, promovem degradação e alteração ambiental pelo consumo de
recursos naturais e da geração de resíduos. Desta forma, a necessidade de minimização dos
impactos ambientais gerados pelas construções e a difusão dos conceitos de desenvolvimento
sustentável levaram o setor a buscar novas práticas para construções. Indo além, os edifícios
(residenciais, comerciais etc.) são responsáveis por grande parcela do impacto ambiental da
construção civil.
Nesse contexto, os Green Building são edificações nas quais foram aplicadas medidas
construtivas e procedimentais que visam ao aumento da eficiência no uso de recursos, com
foco na redução dos impactos sócio-ambientais o que deve ser feito por um processo que
1 Elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, faz parte de uma série de iniciativas, anteriores à Agenda 21, as quais reafirmam uma visão crítica do modelo de desenvolvimento adotado pelos países industrializados e reproduzido pelas nações em desenvolvimento, e que ressaltam os riscos do uso excessivo dos recursos naturais sem considerar a capacidade de suporte dos ecossistemas. O relatório aponta para a incompatibilidade entre desenvolvimento sustentável e os padrões de produção e consumo vigentes. 2 É o nome da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD). 3 É o principal documento produzido na ECO`92, o Agenda 21 é um programa de ação que viabiliza o novo padrão de desenvolvimento ambientalmente racional.
13
envolva todo o ciclo de vida da edificação, conforme demonstra a figura 1, resultado da
pesquisa do estudo de impacto ambiental dos edifícios nos EUA.
Figura 1 - Impactos ambientais de edificações nos Estados Unidos.
O resultado apresentado torna-se ainda mais impressionante quando se leva em
consideração a quantidade de edifícios existentes no país referido frente a outros tipos e
construção.
Com o aprimoramento dos diversos métodos construtivos, surgiu a necessidade de
avaliar as diversas soluções empregas em cada nova construção, visando auxiliar o
cumprimento das metas ambientais locais estabelecidas a partir da ECO 92. Foi quando, na
década de 1990, Inglaterra, França, Portugal, EUA, Austrália, Japão e Canadá desenvolveram
as primeiras metodologias de avaliação ambiental, principalmente em construções de
edifícios. Consagrando a difusão dos conceitos de desenvolvimento sustentável as novas
metodologias de gestão de resíduos em obras civis, sendo conhecidas pelos nomes de
“projetos ecológicos” (Green Design) ou construções verdes (Green Building).
Com objetivo de estimular ainda mais o desenvolvimento de construções sustentáveis
e atuando, ainda, como mecanismo de retribuição e justificativa ao maior investimento nas
14
construções verdes, teve início a cultura da certificação ambiental dos projetos e
empreendimentos que apresentassem bons padrões de desempenho, levando a um menor
consumo dos recursos ambientais.
Nos EUA foi criado a LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) que
consiste na certificação para edifícios sustentáveis, concebidas e concedidas pela organização
não governamental americana U.S. Green Building Council (USGBC), de acordo com os
critérios de racionalização de recursos (energia, água etc.) a serem atendidos por um edifício.
Enquanto nos EUA, em torno de mil construções já são certificadas na LEED e outras
de 11 mil devem conseguir o selo em breve, o Brasil ainda não possui números
representativos de imóveis certificados, mas segue a tendência de investimento, apresentando
um rápido crescimento no número de empreendimentos contempladas com certificados, como
apresenta a figura 1.
Figura 1 - Número de registros LEED no Brasil
Essa tendência comprova que novos tempos da construção civil chegaram com força, e
que a gestão dos recursos, alto desempenhos das estruturas e de aproveitamento enérgico se
tornaram indispensáveis para os empreendimentos reafirmando a importância da preocupação
ambiental e da sustentabilidade no mercado interno, e sinalizando a confiança dos
investidores imobiliários na consagração da metodologia desenvolvida de gestão de recursos e
da validade da certificação nos padrões da LEED.
Atrelado a esta preocupação ambiental, o forte aumento dos preços nos insumos
fundamentais à construção, com destaque ao: aço, areia, cimento e madeira, além do
encarecimento da mão-de-obra, agravado pelos altos impostos agregados à contratação de
funcionários e ainda, pelo aperto nas margens de lucratividade das empresas ocasionado pelo
15
aumento da concorrência como consequência da globalização. Todo esse contexto forçou uma
grande modernização não só nas tecnologias de construção, mas, também, da completa
reformulação dos métodos de gestão e controle do processo construtivo como um todo.
1.1. Motivação
Inserido neste contexto, está o Exército Brasileiro, instituição possuidora de 18,5
milhões de m2 construídos, 19.740 PNR’s (Próprio Nacional Residencial) e 648 OM’s
(Organizações Militares), com a finalidade de atender a um efetivo de 178 mil homens,
incumbido do compromisso de proteção ambiental e da preservação dos recursos naturais.
Associado a esses números ainda há o histórico conhecimento de vanguarda na área da
construção e fortificação, que se faz extremamente importante na inserção definitiva das
novas metodologias nos projetos, obras e consciência administrativa interna.
Apresentando assim grande motivação para que sejam realizados estudos não só na
área de edificações sustentáveis, mas também em toda a área de gestão de recursos naturais.
Como principais heranças de estudos nas áreas de edificações sustentáveis, podem ser
citados:
• Edifícios que afetem cada vez menos o meio ambiente: para cumprimento de sua
finalidade, muitas vezes o Exército Brasileiro está inserido em um ambiente próximo à
natureza e regiões intocadas pelo homem, nas quais a redução da interferência causada
por edificações é extremamente importante;
• Edifícios mais econômicos: com o avanço da tecnologia construtiva é possível, cada
vez mais, adequar edifícios ao uso racional das condições naturais do ambiente em que
aquele edifício está ou será inserido, proporcionando a longo prazo economia no
consumo de recursos naturas e em médio prazo economia nos gastos da própria
edifícação como, por exemplo: redução do consumo de luz, água e no custo de
manutenção;
• Conforto para os moradores: edifícios com estudos de desempenho térmico
apresentam ambienteis confortáveis por um período maior de tempo no ano, se
comparado às construções convencionais, proporcionando maior tempo de conforto ao
morador;
• Desenvolvimento de conhecimento de vanguarda para utilização do Exército;
16
• Capacitação não apenas dos quadros envolvidos no estudo e pesquisa dessas novas
tecnologias, mas de todos os moradores e funcionários envolvidos direta ou
indiretamente na execução da obra;
• Obtenção de incentivos: como esta é uma área ainda pouco explorada pelas
construtoras tradicionais e está intimamente ligada à gestão de recursos naturais,
existem diversos incentivos do Governo Federal para o desenvolvimento de projetos;
• O Exército possui, atualmente4, quase 20.000 “edifícios residenciais” e 700 “edifícios
comerciais” apresentando um patrimônio que, por si só, já justifica o investimento em
pesquisa de edifícios de alto desempenho obtendo dessa forma redução de gastos com
manutenção de suas instalações.
1.2. Objetivos Gerais
O presente projeto tem como objetivo a realização do estudo de uma remodelagem dos
PNR’s do Exército Brasileiro, a fim de atender a diversos aspectos ambientais, e melhor
atender aos seus moradores além de iniciar os estudos de desempenho térmico de edificações
no âmbito do Exército.
Devendo, ainda, contribuir para tornar as atividades envolvidas nas diversas fases de
vida do PNR (com destaque às fases de, projeto, execução, uso e manutenção) mais
econômicas, respeitando as diversas legislações e normatizações de habitações sustentáveis, e
finalmente, atender às novas metas de aproveitamento dos recursos naturais, e desempenho de
conforto para construções.
Dessa forma, no capítulo 2 será apresentada revisão bibliográfica realizada acerca do
uso eficiente de água, uso eficiente de energia e gestão de resíduos em edificações.
No capítulo 3, será apresentando um estudo a respeito dos critérios de avaliação
existentes no mundo e o que deve ser adotado para adaptar estes critérios para a realidade
nacional.
4 Dados referentes ao ano de 2009
17
1.3. Objetivos Específicos
Como objetivo específico para este projeto de conclusão de curso, no capítulo 4, será
realizado estudo completo de caso para uma cidade brasileira da Região Norte, levando em
conta a diretriz do Exército para área de maior prioridade.
Por fim, será apresentado um projeto básico como solução viável a ser empregada na
cidade escolhida para execução de PNR’s atendendo além das normas federais, às normas
internas regulamentadoras do Exército como o IG 50-01.
18
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Neste capítulo, foi realizada uma revisão das novas tecnologias e estratégias adotadas
nos empreendimentos sustentáveis, adequando-as aos interesses e peculiaridades do uso e
manutenção dos edifícios por parte da força terrestre.
Para tal, foi dividido todo o conjunto de técnicas em três partes: água, energia e
resíduos.
2.1. Uso efetivo d água
A água é fundamental para o planeta. Nela, surgiram as primeiras formas de vida, e a
partir dela, ao longo de milênios, os seres vivos foram evoluindo até o momento em que se
tornaria possível o surgimento dos seres humanos, dessa feita a água é o insumo indispensável
para a existência humana.
Existe, ainda hoje, uma falsa ideia de que os recursos hídricos são infinitos, talvez pelo
fato de cobrirem a maior parte da superfície do planeta. Realmente, há grandes contingentes
de água no planeta, mas menos de 3% dessa água é doce, e mais de 99% deste contingente
está sob a forma de gelo, nas regiões polares ou, ainda, em rios e lagos subterrâneos, o que
inviabiliza sua utilização.
Portanto, a maior eficiência na gestão e conservação da água dentro dos sistemas
prediais, iniciado ainda na fase de construção é imprescindível ao desenvolvimento de um
projeto verde.
Segundo Oliveira (1999), o controle do uso da água a fim de preservar os recursos
hídricos deve ser realizado em três níveis: macro, representado pelos sistemas hidrográficos;
meso, representado pelos sistemas públicos urbanos de abastecimento de água e de coleta de
esgoto sanitário; e micro, ao qual pertencem os sistemas prediais.
Nesse sentido o autor complementa:
A implementação do uso racional da água consiste em sistematizar as intervenções que podem ser realizadas em uma edificação, de tal forma que as ações de redução do consumo sejam resultantes de amplo conhecimento do sistema, garantindo sempre a qualidade necessária para a realização das atividades consumidoras, com o mínimo desperdício. Assim, o conceito de uso racional da água tem como princípio básico a atuação na demanda de água da edificação. (Sautchúk et al, 2005)
19
Dessa maneira, deve-se adotar um conjunto de ações voltadas à gestão da oferta e
demanda de água em edificações existentes, denominando Programa de Conservação de Água
(PCA), no qual várias ações de gestão de recursos hídricos podem ser adotadas ainda na fase
de projeto da edificação, trazendo esta consciência para edifícios que ainda não foram
construídos.
O Programa de Conservação de Água (PCA) deve ser implantado de forma
sistemática, otimizando o consumo da água com a consequente redução do volume de
efluentes gerados, a partir da otimização do uso e da utilização de água com diferentes níveis
de qualidade para que todas as necessidades existentes sejam atendidas, resguardado-se a
saúde publica e os demais usos envolvidos.
Oliveira (1999) conceitua desperdício como toda a água disponível em um sistema
hidráulico que é perdida ou utilizada de forma irresponsável. Para o autor, a perda é o volume
de água que escapa do sistema antes mesmo de ser utilizada para sua atividade fim, podendo
ser causada por vazamento (furos em tubulações, conexões mal executadas), parco
desempenho do sistema (como ocorre no sistema de recirculação de água quente operando em
longos períodos de espera), negligência do usuário, e o uso excessivo que ocorre quando a
água é utilizada de modo perdulário em sua atividade fim, este último fator pode ser causado
por procedimentos inadequados como banhos prolongados varredura de passeio público com
água etc. e, finalmente, mal-desempenho dos sistemas hidráulicos, como aqueles projetados
para vazões superiores à necessidade, por exemplo no caso de uma torneira com vazão
elevada que além de gerar desperdício, causa desconforto por parte do usuário com respingos.
Para redução do desperdício de água nos edifícios, devem ser implementadas ações
econômicas por meio de incentivos e desestímulos financeiros, ações sociais mediante
campanhas educativas e ações tecnológicas que venham a substituir os componentes dos
sistemas por equipamentos de melhor desempenho.
2.1.1. Reuso da água
É o sistema que possibilita com que a água seja reutilizada por mais de uma vez até o
seu descarte final. Seu início se deu em residências onde os usuários armazenavam a água
eliminada no enxágue das máquinas de lavar roupa para, posteriormente, ser utilizada como
limpeza de pisos, rega de jardins ou lavagem da roupa.
20
Com a evolução do sistema e visando a melhor eficiência e desempenho dos
procedimentos de reuso da água foram desenvolvidos outros mecanismos, ainda mais
complexos, que passaram a integrar os sistemas prediais hidráulicos sanitários. Nestes casos,
o sistema hidráulico e sanitário predial é concebido de forma a realizar a separação das águas
servidas (águas que já foram utilizadas pela atividade humana) adequadas para a reutilização e
fazer o descarte para o sistema público dos efluentes impróprios para o reuso.
Em geral, classifica-se como água adequada ao reuso, também denominada água
cinza, o efluente de chuveiros, tanques, maquinas de lavar roupa e de banheiras. Por sua vez,
os efluentes de bacias sanitárias, lava-louças e pias de cozinhas são considerados inadequados
ao reuso e são denominadas águas negras.
A água servida, aquela adequada ao reuso, é tratada e armazenada, para
posteriormente ser utilizada em atividades que não exijam a demanda de água potável. É de
extrema importância que o sistema de reuso de água em hipótese alguma propicie a mistura
por meio de conexões cruzadas com água tratada disponibilizada pela concessionária. A
ocorrência não intencional dessa mistura poderia ocasionar a contaminação de todo o sistema
predial de água da edificação, tornando-a imprópria para as demandas de consumo humanas.
A NBR 13969 (ABNT, 1997) estabelece que todo o sistema de reuso deva ser identificado de
modo claro e inconfundível para evitar o uso inadequado e, também, a mistura com o sistema
de água potável.
Apesar de ser um sistema que solicite precações quanto à instalação, operação e
manutenção, os sistemas prediais de reuso de águas cinza tratadas tem papel fundamental no
planejamento de edificações sustentáveis e na gestão de disponibilidade de recursos hídricos.
Esse sistema substitui parte do consumo de água potável por água de menor qualidade para
utilização em atividades que não envolvam o consumo, ou seja, atividades consideradas
menos nobres. Desta forma, ao proporcionar a redução do consumo de água dentro das
edificações, os resultados são refletidos pela preservação de uma série de outros recursos
naturais que seriam gastos para a disponibilização de um maior volume de água tratada.
Embora no Brasil ainda não exista uma normalização específica e completa quanto aos
requisitos necessários para a implementação de sistemas prediais de reuso de água, a norma
NBR 13969 preconiza alguns aspectos básicos que devem ser observados quanto à concepção
dos sistemas, são eles:
21
• O sistema de reuso deve ser dimensionado para atender por, pelo menos, duas horas o
pico da demanda diária de água da edificação;
• Todo o sistema deve ser claramente identificado, por meio de simbologias de
advertência nos pontos de utilização;
• O grau de tratamento necessário para a água do sistema de reuso múltiplo, com um
único reservatório, deve ser definido pelo uso mais restritivo quanto à qualidade do
efluente a ser tratado;
Para além desses critérios, a mesma norma ressalta a necessidade do monitoramento
contínuo da qualidade da água de reuso, com a finalidade de determinar a eficácia do sistema
de tratamento. Ela sugere que na fase inicial de operação do sistema de reuso deva haver, no
mínimo, um acompanhamento quinzenal até que o sistema entre em regime de equilíbrio.
Entende-se que, para o sistema ser considerado em equilíbrio, pelo menos três resultados
consecutivos de avaliação da qualidade da água de reuso devem apresentar valores positivos,
constantes, ou que haja uma melhora progressiva dos padrões analisados. Constatado o
equilíbrio dos padrões de qualidade, recomenda-se que o monitoramento da qualidade a água
de reuso seja feito, no mínimo, trimestralmente.
A tabela 1 mostra a classificação dos parâmetros de qualidade da água segundo os
reusos previstos pela norma NBR 13696 (ABNT, 1997).
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Tabela 1- Classificação da qualidade da água para reuso
De maneira geral os sistemas prediais de reuso de água são constituídos pelas
seguintes partes:
• Sistemas de coleta de esgoto sanitário;
• Sistema de tratamento;
• Sistema de reservação;
• Sistema de distribuição;
23
A figura 2, apresentada a seguir, exemplifica os diversos subsistemas do sistema de
reuso de água.
Figura 2 - Exemplo de sistema de reuso de água
2.1.2. Captação de água de chuva
Os sistemas de aproveitamento de água de chuva em edificações consistem na
captação, armazenamento e posterior utilização da água precipitada sobre superfícies
impermeáveis de uma edificação, tais como: telhados, lajes e pisos. Como nos sistemas
prediais de reuso de água, sua aplicação é restrita à atividades que não necessitem da
utilização de água potável.
Atualmente, o interesse pelo aproveitamento da água de chuva é crescente. Segundo
Gouvello et al. (2004), na França entre os anos de 2000 e 2003 houve um aumento em torno
de 450% na elaboração e execução de projetos de sistemas de aproveitamento de água da
chuva. Esse fenômeno tem contribuído para a realização de estudos mais criteriosos que estão
ajudando a definir regulamentações e aspectos técnicos mais precisos sobre os sistemas
prediais de aproveitamento de água de chuva.
24
O aproveitamento de água de chuva para sistemas hidráulicos prediais requerem a
introdução de uma série de elementos essenciais a esses sistemas que possibilitem a captação,
o transporte, o tratamento, o armazenamento e o aproveitamento da água de chuva precipitada
sobre as superfícies permeáveis de uma edificação.
Segundo Fewkes (1999), os sistemas de aproveitamento de água de chuva podem ser
implantados nos sistemas hidráulicos prediais por meio de soluções tecnicamente simples que
visem reduzir significativamente o consumo de água potável. Para regiões com períodos
chuvosos frequentes e bem distribuídos durante todo o ano, esse sistema é amplamente viável.
Em regiões de estiagem a adoção desse sistema requer a implantação de unidades de
reservação de um sistema integrado de aproveitamento de água de chuva e de reuso de
efluentes domésticos, de forma a tornar o sistema funcional durante todo o ano, ampliando
seu potencial de sustentabilidade.
Como no sistema de reuso de água, o sistema de aproveitamento de água de chuva não
deve ser misturado ao sistema de água potável evitando a contaminação deste. O
monitoramento e controle de qualidade da água de chuva destinada ao aproveitamento,
também, deve ser contínuo, pois nem sempre a água de chuva possui qualidade apropriada
que garanta segurança de manuseio ao usuário.
Por outro lado, cabe ressaltar que os benefícios proporcionados pelos sistemas de
aproveitamento de água de chuva não se restringem apenas à conservação da água, mas
também, no controle do excesso de escoamento superficial e de cheias urbanas. Nesse caso, os
reservatórios de armazenamento de água de chuva, também, funcionam como tanques de
detenção impedindo que parte do volume do escoamento superficial seja descarregado
diretamente no sistema de drenagem urbana.
Na figura 2.2 podem ser vistos os principais elementos dos sistemas prediais de
aproveitamento de água de chuva. Cujos elementos em destaque são:
• Sistema de captação: constituído pelas áreas impermeáveis que contribuem com a
interceptação da água de chuva que será conduzida para um reservatório de
armazenamento;
• Sistema de transporte: constituído as calhas, condutores verticais e horizontais,
responsáveis pela condução do fluxo de água de chuva;
• Sistema de descarte: que tem como objetivo descartar, automaticamente, o volume de
água coletado nos primeiros minutos de chuva, volume este, que escoa sobre as
25
superfícies de captação e que geralmente carrega grande concentração de carga
poluidora. Este sistema apresenta um by pass introduzido nos condutores.
Figura 3 - Esquema dos elementos de um sistema de aproveitamento de água de chuva
• Sistema de gradeamento: composto por elementos utilizados para reter materiais
sólidos em suspensão, tais como folhas, gravetos, penas, papéis etc. Atualmente,
existem disponíveis no mercado vários modelos industrializados de “filtros” que
cumprem a função de gradeamento.
• Sistema de reservação: que tem a função de armazenar a água captada que será
utilizada posteriormente para fins não potáveis. É recomendada a adoção de
reservatórios de fibra de vidro, plástico, poliéster ou similar, pois sofrem menos
agressão da decomposição de matéria orgânica e da variação dos índices físicos e
qualidade da água.
• Sistema de tratamento e desinfecção: tendo em vista a obtenção de água com a
qualidade desejada para o uso, recomenda-se a instalação de um sistema de tratamento
e desinfecção da água de chuva armazenada.
26
Segundo May (2004), além do sistema de tratamento e desinfecção proporcionar a
disponibilidade de água com padrões de qualidade adequados a um sistema seguro à saúde
pública, a definição do tipo de tratamento necessário ao sistema de aproveitamento de água de
chuva é um fator de extrema importância para a verificação da viabilidade econômica de
implantação desse sistema. Apesar da qualidade da água de chuva ser distinta de região para
região, a utilização de filtros de múltiplas camadas ou filtros de areia são soluções adequadas
ao tratamento eficiente da maioria dos sistemas prediais de aproveitamento de água de chuva.
Segundo Macêdo (2000), esse tipo de filtração além de reduzir o grau de contaminação
microbiana, também melhora as características físicas da água, removendo a turbidez e
partículas em suspensão. Como complementação do tratamento procede-se a desinfecção da
água de chuva, que pode ser realizada por meio de cloração, radiação ultravioleta, ionização,
entre outros. Este sistema será abordado mais a frente.
• Sistema de distribuição: constituído por um conjunto de ramais que distribuem a água
de chuva tratada para os pontos de utilização. Devem conter identificação e restrição
de acesso.
• Sistema de sinalização e informação: este sistema é de extrema importância para que
não haja utilização inadequada do sistema e nem contaminação do sistema público de
distribuição de água. É constituído de avisos de alerta em todas as unidades do sistema
(tubulações, reservatórios, unidades de tratamento e pontos de utilização) informando
sobre a proveniência da água.
Quanto ao sistema de desinfecção, a Embrapa (2004) desenvolveu um sistema simples
de introdução de cloro na água, por meio da execução de um pequeno barrilete que pode ser
montado facilmente com conexões comuns disponíveis no mercado especializado. Este
sistema é simples e de baixo custo podendo ser utilizado com grande eficiência na
desinfecção da água de chuva.
A figura 2.3 mostra como construir o sistema de introdução de cloro desenvolvido pela
Embrapa, nele usa-se cloro granulado estabilizado que é vendido no comércio especializado
em vendas de produtos para piscina.
27
Figura 4 - Clorador de água desenvolvido pela Embrapa (2004)
Apresentando o especificado na imagem, inicialmente fecha-se o registro (A) de
entrada de água par ao reservatório; abre-se a torneira (B) para esgotar a água remanescente
na tubulação; para reservatórios de 500 a 1.000 litros prepara-se uma solução de cloro
adicionado em ½ copo de água uma colher rasa (de café) de cloro granulado – a solução deve
ser bem misturada a fim de diluir o cloro; em seguida é aberto o registro (C) e colocada
vagarosamente a solução de cloro no receptor (D). Após esta operação, deve se lavar o
receptor com água limpa e fechar o registro (C); em seguida abre o registro de entrada (A) –
para levar a solução até o reservatório. Uma hora após este procedimento a água estará
descontaminada. Essa operação deve ser repetida diariamente.
A fim de garantirmos o desempenho do sistema devemos atentar para alguns itens,
durante a fase de projeto, execução e manutenção:
• Ter um sistema de reservação dimensionado para suprir as demandas de água de chuva
durante todo o período de estiagem;
• Fornecer água com qualidade adequada à atividade de destino, assegurar a integridade
dos equipamentos hidráulicos e preservar a saúde dos usuários;
• Proporcionar fácil operação, monitoramento e manutenção;
28
• O sistema não deve possibilitar acúmulo de água parada em calhas, telhados ou
qualquer ponto vulnerável a proliferação de insetos e outros vetores de doenças;
• Nenhum elemento do sistema deve propiciar retorno de odores devido à decomposição
de matéria orgânica, gotejamento ou aumento do teor de umidade dentro da
edificação.
2.1.2.1 Cuidados com o reuso:
Tanto o sistema de reuso de água quanto o de aproveitamento de água da chuva devem
ser monitorados e mantidos de forma rigorosa. Os parâmetros físico-químicos e biológicos da
qualidade da água de chuva armazenada devem ser sempre monitorados de modo sistemático.
Periago et al. (2002) afirmam que a água pluvial apresenta níveis distintos de
poluentes a cada nova precipitação e localização. Em muitos casos, os índices de
contaminação são bastante elevados. Para Luca e Vásquez (2000), a qualidade do ar
atmosférico influencia consideravelmente na qualidade da água precipitada nas regiões
urbanas. De acordo com os autores, a precipitação é um dos mecanismos utilizados pela
natureza para a descontaminação do ar atmosférico. Ao analisar os padrões da água de chuva
na região metropolitana de Porto Alegre, os autores supracitados se depararam com elevados
teores de amônia, fosfato, cromo e mercúrio, que transformam a chuva em uma fonte de
contaminação natural.
Portanto, a qualidade da água de chuva armazenada deve ser constantemente avaliada
a fim de evitar problemas à saúde dos usuários deste sistema. A NBR 13969 (ABNT, 1997)
recomenda, para sistemas de reuso, que ao iniciar a operação do sistema de aproveitamento de
água de chuva devam ser avaliados os padrões de qualidade da água no mínimo a cada 15
dias, até que os parâmetros avaliados se apresentem constantes após três ou mais leituras.
Em regiões com longo período de estiagem recomenda-se a avaliação quinzenal,
também no inicio do período chuvoso, pois este é o período em que as águas carreiam maior
quantidade de carga poluidora proveniente da lavagem das superfícies de captação.
2.1.3. Equipamentos Hidráulicos Economizadores
O uso racional da água dentro de uma edificação pode ser alcançado, por meio do
emprego de equipamentos hidráulicos e componentes economizadores, tais como restritores
de vazão, bacias sanitárias de volume reduzido, arejadores, entre tantos outros componentes e
29
ações. Esses equipamentos podem ser classificados, de acordo com sua forma de atuação para
otimização do consumo de água em: controle da vazão de utilização e controle do tempo de
uso ou de combinação dessas variáveis.
Embora atualmente, seu uso esteja bem difundido, não necessitando de maiores
explanações e seu emprego esteja cada vez mais frequente nos edifícios residenciais
modernos, ainda não foram introduzidos nos PNR’s.
2.2. Uso eficiente da energia
Para tornar um edifício autossustentável é fundamental o bom desempenho energético,
pois, se for desagradável termicamente, ou seja, se não apresentar conforto térmico, seus
usuários, certamente, usarão de equipamentos elétricos para alcançar o conforto, são
aparelhos como os de ar condicionado, aquecedores, ventiladores etc.
O inicio deste conceito de avaliação se dá em 1923 quando a ASHVE5 publicou o
trabalho de HOUGHTEN & YAGLOU (1923) que estabelecia “linhas de igual conforto”,
definidas depois como de temperatura efetiva, e determinava a “zona de conforto”.
Os experimentos que originaram esse índice foram desenvolvidos em laboratório com
duas câmaras climatizadas com controles independentes de temperatura e umidade e eram
interligadas por uma porta.
Na câmara de controle, a temperatura era fixada em um determinado valor e a
umidade relativa mantida em 100%, enquanto que na câmara de teste as temperaturas de
bulbo seco e úmido eram alteradas, enquanto homens despidos até a cintura andavam de uma
câmara para outra.
A cada entrada na câmara de testes eles reportavam qual das câmaras estava mais
quente. O ar nas duas câmaras foi mantido praticamente parado.
A temperatura na câmara de teste era alterada progressivamente, desde uma sensação
de leve frescor em relação à câmara de controle, até o de leve calor. O objetivo dos testes foi
determinar as combinações das temperaturas de bulbo seco e de bulbo úmido que provocavam
a mesma sensação térmica.
Essas combinações originaram as chamadas linhas de igual conforto, que foram
plotadas em uma carta psicrométrica e chamadas de temperatura efetiva6 (ET). Essas linhas
5 American Society of Heating and Ventilation Engineers, fundada em 24/01/1895.
30
foram identificadas pelo correspondente valor da temperatura de bulbo seco no ponto o seu
cruzamento com a linha de umidade relativa de 100%.
Dessa forma a “zona de conforto”, ou o intervalo de conforto, foi estabelecida com
experiência envolvendo 126 pessoas que usavam diferentes vestimentas, de ambos os sexos
quee representavam diferentes profissões.
Os testes foram realizados em uma câmara climatizada onde as pessoas ficavam
sentadas lendo, escrevendo ou jogando cartas. A sensação térmica era obtida mediante as
seguintes perguntas:
• Essa condição é confortável ou desconfortável?
• Você deseja alguma mudança?
• Se desejar, você prefere mais quente ou mais frio?
Foram utilizados tempos distintos de exposições às condições de teste para cada grupo
de pessoas.
Finalmente, para se definir o intervalo de conforto foram incluídas as temperaturas
efetivas em que pelo menos 50% das pessoas sentiam-se confortáveis.
Novas experiências foram realizadas em 1929, onde não foram feitas restrições quanto
às vestimentas. Já em 1932, VERNON & WARNER propuseram uma correção para o índice
das temperaturas efetivas para incluir o efeito da radiação térmica. Assim foi determinada a
temperatura efetiva corrigida (CET), obtida nos ábacos de temperatura efetiva, substituindo a
temperatura de bulbo seco pela temperatura do termômetro de globo.
Foi quando em 1947, verificou-se que a escala de temperatura efetiva superestimava o
efeito da umidade nas baixas temperaturas e subestimava o efeito da umidade nas altas
temperaturas. Desse momento em diante, diversas modificações foram feitas até que, em
1967, o dinamarquês Povl Ole Fanger publicou seu trabalho conhecido Método de Fanger, no
qual, com ajuda de um computador, obteve uma série de combinações das várias pessoais e
ambientais que satisfaziam a sua equação, ou seja; resultavam em conforto térmico, e as
representou através de linhas de conforto, em gráficos.
Tendo todo esse embasamento passado Olyguay elaborou a primeira carta bioclimática
para ambientes externo, apresentando-a como uma tentativa de associar dados climáticos
concretos com a sensação de conforto.
6 MCINTYRE (1980) define temperatura efetiva como um índice arbitrário que combina num único número efeito da temperatura de bulbo seco, umidade e velocidade do ar na sensação térmica humana.
31
Assim, finalmente, em 1969, Givoni concebeu uma carta bioclimática para edifícios
que corrigia algumas limitações do diagrama proposto por Olyguay. Em 1977, Konigsberg e
Givoni elaboraram uma carta adaptada a países quentes, baseando-se em estudos realizados na
Austrália.
Givoni (1992) reavalia o conforto em edifícios sem condicionamento, ou seja,
naturalmente ventilados. Os moradores destas edificações aceitam mais facilmente uma
grande variação térmica como sendo normal, o que leva à necessidade de ser desenvolvida
uma nova carta bioclimática, exclusiva para países em desenvolvimento.
Por conta dos fatores apresentados anteriormente, o Brasil adota, ainda hoje, as cartas
bioclimáticas de Givoni, que trabalha com as variáveis de temperatura de bulbo seco7 e
umidade do ar, e sobre a qual foi definido o limite da zona de conforto e as zonas com as
principais estratégias bioclimáticas a serem usadas para o projeto que agora apresento.
Figura 5 - Carta bioclimática de GIVONI com as diversas áreas identificadas
Dessa forma, conforme nos mostra a figura 5, as zonas demarcadas na carta
bioclimática indicam as medidas a serem adotadas de acordo ao local. Temos portanto:;
Zona 1 – Zona de Conforto: considera-se zona de conforto aquela que é agradável
para o ser humano.;
7 Conforme define a NBR 15.220-1: A umidade do ar é o quociente da umidade absoluta do ar pela umidade absoluta do ar saturado para mesma temperatura e pressão atmosférica.
32
Zona 2 – Zona de Ventilação: nesta é recomendado o emprego de ventilação natural,
tema que será abordado mais a frente;
Em locais onde a velocidade do vento é estável e superior a 3m/s a estratégia da Zona
2 se torna a mais simples e eficiente, mas a temperatura do vento deve ser inferior a 34°C,
sendo, nesses casos, importante considerar o uso de ventilação mecânica.
A ventilação cruzada é a técnica mais empregada de ventilação, ela se dá quando o
vento entra por um lado do ambiente e sai pelo ouro lado. Vale ressaltar que, para o emprego
desta técnica, quanto maior a abertura de entrada e de saída e quanto mais perpendicular em
relação à direção predominante do vento, mais eficiente será o sistema de ventilação.
Outra técnica facilmente empregada é a ventilação pelo efeito chaminé, para esta
considera-se que a ventilação aumenta com a diferença de temperatura do ar, e como o ar
interno está mais quente tende a sair nas aberturas mais altas das edificações, sendo
substituído por ar mais frio que entra pelas aberturas mais baixas. A distância vertical entra as
aberturas influencia aumentando a taxa de ventilação quanto maior a distancia na altura entre
as aberturas.
Alem dessas, existem outras formas de obtençaõ da ventilação natural como:
ventilação noturna, ventilação por baixo do edifício, ventilação pela cobertura, ventilação
através de espaços intermediários (como pátios, espaço entre lajes no caso de laje dupla),
fachada dupla ventilada, ventilação com efeito chaminé balanceada etc.
Para a eficácia da ventilação deve ser considerado todo o conjunto de fatores como
relevo, construções vizinhas e não apenas a edificação, já que elementos que representem
obstruções externas ao fluxo de vento como muros, cercas, vegetação, etc. Para aperfeiçoar o
desempenho da ventilação da construção devem ser considerados muros afastados, mais
baixos e permeáveis como o uso de elementos vazados, e vegetação que permita a passagem
do fluxo de ar.
No interior, é importante o uso de portas com venezianas, ambientes
compartimentados para melhorar a circulação do vento, e, ainda, considerar que o uso de telas
protetoras nas janelas diminui o fluxo de ar.
Como estudo prévio, pode-se fazer uso de software como SOL-AR (2005)
desenvolvido pelo LABEEE/UFSC, para obter informações sobre o vento de algumas cidades
brasileiras, pois ele permite, além da obtenção da carta solar de acordo com a localização
geográfica da cidade estudada o que ajudao no projeto de proteções solares, a obtenção da
33
rosa dos ventos, mostrando a velocidade predominante dos ventos por direção e por
frequência como exemplificado na figura abaixo.
Figura 6 - Rosa dos ventos da cidade de Florianópolis. Programa SOL-AR
Zona 3 – Zona de Resfriamento Evaporativo: método que faz uso da evaporação da
água, adotado em locais quentes e secos;
Zona 4 – Zona de Massa Térmica para Resfriamento: faz-se uso de material de
maior inércia térmica no exterior do edifício para diminuir a perda do calor em seu interior;
Zona 5 – Zona de Ar condicionado: como o nome sugere, faz-se necessário o uso de
aparelhos de ar condicionado;
Zona 6 – Zona de Umidificação: estratégia usada em áreas onde a umidade relativa é
bem baixa, mas possui temperaturas amenas;
Zona 7 – Zona de Massa Térmica e Aquecimento Solar: – uso combinado de
matérias de grande inércia térmica no exterior do edifício e sua correta orientação em relação
ao sol, pode manter seu interior aquecido no inverno;
Zona 8 – Zona de Aquecimento Solar Passivo: lança-se mão deste artifício na
tentativa de diminuir a utilização do aquecimento artificial, para isso, faz-se a captação direta
do sol por meio de aberturas ou espaços intermediários a edificação;
Zona 9 – Zona de aquecimento artificial: assim como na zona 5, é necessário o
condicionamento do ar, que aqui deve ser aquecido, a fim de tornar o ambiente agradável;
Além da questão do condicionamento do ar, também devemos considerar neste item, o
uso eficiente da energia, bem como o aproveitamento da iluminação natural que tem por
objetivo reduzir o número de horas de iluminação artificial, aquela que consume energia
34
elétrica. É importante lembra, também, dos benefícios relativos à saúde que a iluminação
natural proporciona quando comparada à iluminação artificial.
Segundo o projeto de normas de desempenho mínimo para edificações do
COBRACON/ABNT para os ambientes onde for ser utilizada a iluminação natural, o projeto
deve considerar os seguintes itens:
• disposição dos cômodos;
• orientação geográfica da edificação;
• dimensionamento e posição das aberturas;
• tipo de janela e de envidraçamento;
• rugosidade e cor das paredes, tetos e piso;
• poços de ventilação e de iluminação;
• domos de iluminação;
• influência de interferências externas;
Considerando todos os itens supracitados, devem ser previstas as aberturas da
edificação de acordo com a trajetória solar do local para beneficiar o aproveitamento da
iluminação natural, e mediante a carta solar é possível determinar um sombreamento ótimo
para cada abertura, permitindo assim iluminação sem ganho solar.
Como o Brasil é um país de grandes dimensões, as diversas localidades apresentam
muitas discrepâncias em relação à trajetória solar e mais divergências ainda no que diz
respeito ao comportamento do sol em cada fachada da edificação. Isto influencia diretamente
no tamanho das aberturas adotadas, e consequentemente, na própria fachada do edifício.
Nas cidades mais ao norte do país, por estarem praticamente sobre a linha do equador,
o sol se apresenta em iguais proporções nas fachadas Norte e Sul, enquanto nas cidades mais
ao Sul do país, o sol só incide na fachada Sul no começo e no final dos dias no verão, tendo
uma grande deficiência de iluminação.
Para obter-se uma melhor iluminação no interior da edificação podem ser usadas
diversas estratégias no projeto, como: Light-Shelf, átrio, duto com espelhos, persianas
flexíveis, parede transparente, poço de luz, telhado com Sheldy, refletor externo e claraboia.
Como medidas práticas recomenda-se:
• Utilizar iluminação direta em todos os ambientes, incluindo a cozinha, banheiros e
áreas de serviço.
35
• Utilzar de cores claras no interior dos ambientes, principalmente. Adotar, sempre
que possível, o branco como cor predominante do teto, a fim de obter um melhor
aproveitamento da luz que entra pela abertura por um efeito semelhante ao Light
Shelf, conforme a figura a seguir esquematiza, espalhando uma luz homogênea e
difusa por todo o cômodo.
Figura 7 - Efeito Light Shelf criado pelo teto claro
• evitar ambientes subdivididos, para garantir maior iluminação do ambiente e
ventilação.
A estratégia contrária também é valida, projetos nos quais a fachada recebe iluminação
direta com temperaturas superior a 20°C devem levar em consideração o sombreamento, que
pode ser obtido através de elementos da própria geometria da edificação ou por de protetores
solares como brises, fachada dupla, pergolados horizontais ou verticais, persianas externas ou
internas e espaços intermediários como varandas.
Vale lembrar que a iluminação natural deve ser projeta para integrar-se com a
iluminação artificial garantindo assim uma maior eficiência energética na edificação.
Dessa feita, o acionamento da iluminação artificial deve permitir ao usuário utilizar, de
forma complementar, a iluminação natural insuficiente em dado momento e também com seu
uso pleno em momentos em que a luz natural não está presente.
De maneira prática deve-se buscar um projeto luminotécnico que apresente baixo
consumo de energia, mas não deixe de atender às necessidades de seus usuários. Para isso,
sugere-se o uso de:
• lâmpadas e luminárias mais eficientes (como as modernas fluorescentes compactas);
• eficiência do sistema, por meio da separação em diferentes circuitos de acordo ao uso
dos espaços;
36
• - luz de tarefa para complementação de atividades visuais mais específicas.
Sempre tendo em mente o atendimento à taxa de iluminação mínima estabelecida
pelas normas ABNT.
Alem das medidas já descritas pode-se lançar mão de recursos renováveis de energia
com objetivo de melhorar o desempenho energético da edificação. Dentro do setor residencial
de renda média, o principal recurso utilizado é a energia solar, em substituição, na grande
maioria dos lares, ao uso do chuveiro elétrico, um dos maiores consumidores de energia.Este
assunto, no entanto, não será aprofundado no presente trabalho por não fazer parte de seus
objetivos, já que o custo de instalação de sistemas de energia solar ainda é alto para o padrão
das construções do Exército.
Uma última questão a ser abordada é sobre o uso de aparelhos energeticamente
eficientes, não apenas as lâmpadas de melhor relação consumo-desempenho, conforme foi
abordado anteriormente, mas em todos os aparelhos.
O PROCEL (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica) criado em 1985,
sob a coordenação da Eletrobrás, tem por objetivo desenvolver programas para o uso racional
da energia elétrica, diminuindo dessa forma as emissões de Green Houses Gases – GHG,
tanto no fornecimento quanto na demanda de energia.
Dentre os diversos programas da PROCEL, destaca-se o Programa PROCEL Edifica
onde se promove o uso eficiente da energia elétrica nas edificações, patrocinando diversos
projetos relacionados ao tema, como a certificação de materiais e equipamentos.
Neste sentido, conta-se também com a Lei nº 10.295 de 2001, que dispõe sobre a
Política Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia; que além de sancionar que o
poder executivo desenvolverá mecanismos que comprovam a eficiência energética nas
edificações construídas no país, estabelece que as máquinas e aparelhos consumidores de
energia fabricados ou comercializados nacionalmente devem atingir níveis máximos de
consumo específicos de energia, ou níveis mínimos de eficiência energética, com base em
indicadores técnicos pertinentes, sendo a fiscalização desses critérios responsabilidade do
INMETRO.
Sendo assim, o Programa Brasileiro de Etiquetagem da INMETRO fornece
informações sobre o consumo de energia de equipamentos eletrodomésticos, classificando-os,
de acordo ao seu consumo, desde a letra A, demonstrando a maior eficiência energética, até a
letra G, como mostrado na figura a seguir.
37
Figura 8 – Selo PROCEL e a etiqueta com a classificação do aparelho.
Atualmente, participam deste programa: geladeiras, freezers, chuveiros, aparelhos de
ar condicionado, motores elétricos trifásicos, máquinas de lavar roupas, sistemas de
aquecimento solar de água, lâmpadas fluorescentes compactas, lâmpadas incandescentes,
reatores, fornos e fogões. Inicialmente, o uso de etiquetas era por adesão voluntária, mas
tornou-se obrigatória para refrigeradores e aparelhos de ar condicionado, tornando-se uma
constante nos demais aparelhos. (INMETRO).
Com destaque, ema imagem a seguir, podemos identificar as informações importantes
ao consumidor como: tipo de equipamento, nome do fabricante, marca comercial, letra que
indica a eficiência energética e o consumo de energia em KWh/mês.
38
Figura 9 - Modelo de etiqueta do Programa PROCEL com os dados mais relevantes sobre o produto.
De forma complementar foi criado o Selo PROCEL (mostrado na figura 8) de
Conservação de Uso Racional da Energia, que desde 1994, é outorgado aos equipamentos que
apresentem melhores índices de eficiências energéticas (Categoria A pelo INMETRO). Com
isso, além de instigar aos fabricantes a desenvolverem produtos sustentáveis, induzem ao
consumidor à compra dos aparelhos energeticamente mais eficientes. (ELETROBRÁS).
O importante dentro desses diversos programas é conscientizar e demonstrar para o
consumidor que aparelhos energeticamente mais eficientes (como aqueles classificado como
A pelo INMETRO), consomem menos energia, o que resulta em importante economia do
orçamento doméstico e, mais importante, do setor de maneira geral.
Se, apenas a título de exemplo, comparamos o mesmo consumo de aparelhos básicos
com eletrodomésticos e iluminação eficientes, de um lado um refrigerador convencional com
consumo médio de energia de 72 kW/mês do outro, um refrigerador como Selo PROCEL, que
pode variar de 17kW/mês a 27kW/mês, considerando meso consumo máximo desse
refrigerador, a família ainda teria uma economia de 45 kW/mês no uso daquele
eletrodoméstico.
39
Agora considerando a iluminação eficiente com lâmpadas fluorescentes compactas
(cinco lâmpadas de 15W) passarei a ter um consumo de 75kWh para 11,25 kWh em
iluminação, o que faria uma poupança de mais 63,75 kWh/mês.
Se considerarmos o ferro elétrico (usado por uma hora em oito dias no mês),
chegaríamos a 8kWh/mês do ferro elétrico. Ao somarmos o consumo da geladeira, iluminação
e ferro elétrico, considerando o uso do aquecimento solar no lugar do chuveiro elétrico, como
fora antes comentado, a família passaria de um consumo de, aproximadamente, 229 kWh/mês
para um consumo de 46 kWh/mês, representando uma redução substancial em sua tarifa e,
consequentemente, uma grande economia na conta de energia todo mês, já que, além de estar
consumido menos, possivelmente a residência seria enquadrada em outra faixa de preço pela
concessionária de energia.
Com essa pequena comparação, demonstra-se a importância do uso de aparelhos
energeticamente eficientes nas habitações de baixa renda, razão pela qual é considerada como
uma das estratégias de ação de políticas nacionais para um uso racional da energia nas
edificações, fornecer junto com a habitação de interesse social equipamentos que tenham uma
maior eficiência.
2.3. Uso eficiente de resíduos:
Conforme abordamos anteriormente, o consumo de recursos físicos é extremamente
relevante e tem sido tema de vários estudos em diferentes partes do mundo, especialmente sob
o aspecto dos resíduos gerados.
Sabe-se que os recursos financeiros aplicados em materiais representam,
aproximadamente, 50% do custo da obra. No entanto, além dos recursos financeiros a
construção de habitações no Brasil envolve o consumo de grandes quantidades dos recursos
do nosso planeta, haja vista que um metro quadrado de construção utiliza, grosseiramente,
uma tonelada de materiais. Este número, em termos da construção como um todo, pode
ultrapassar 200 milhões de tonelada por ano.
Segundo SOUZA (2005), a indústria da construção civil consome de 100 a 200 vezes
mais material que a indústria automobilística. A cadeia produtiva da construção é responsável
pelo consumo de 14% a 50% dos recursos naturais extraídos no planeta. No Japão responde
por 50% dos materiais circulantes na economia e, nos EUA, relaciona-se 75% dos materiais.
40
Outro exemplo da expressividade desses dados encontra-se na taxa de extração de
madeira e agregados, em que a construção é responsável pelo consumo de dois terços da
madeira natural extraída e, somente no Brasil, é responsável pelo consumo de 220 milhões de
toneladas de agregados naturais por ano (JOHN, home page PCC).
Portanto, diante de sua influencia na macroeconomia e de seus impactos em termos
sociais e ambientais estudar o consumo de materiais de construção, bem como sua gestão
adequada no empreendimento, é de suma importância para que seja alcançando o patamar da
sustentabilidade do subsetor.
Ao se falar em consumo de material na construção normalmente vem à mente a
imagem de uma operação de produção, como, por exemplo, a execução de um revestimento
de argamassa, para o qual o pedreiro lança, despreocupadamente, o material sobre a base de
constituição do revestimento. No entanto, há que se perceber que outras fases do
empreendimento podem significar locais de consumo ou causas para se ter maiores ou
menores consumos de tais insumos. Portanto, para se compreender melhor os níveis de
consumo vigentes e as razões para que tais patamares precisam ser estabelecidos,
primeiramente é necessário compreender quais as etapas de um empreendimento e a relação
das mesmas com o consumo.
Posto isso, de maneira simplista, um empreendimento pode ser considerado como
contemplando três grandes etapas:
Concepção, na qual, além de uma séria de outras decisões, definem-se: o produto que
será executado;
Produção, na qual o produto é constituído;
Utilização, na qual o produto é usado e mantido/reparado até o final de sua vida útil.
No que concerne à etapa de concepção, embora não haja consumo propriamente dito
de material no que diz respeito ao produto (já que, neste momento, o produto está ainda no
nível das ideias), existe uma influencia grande quanto à definição do futuro consumo de
materiais por metro quadrado de obra a ser produzida. Assim, maiores ou menores
compacidade de um andar tipo podem influenciar a quantidade de revestimento de fachada
por unidade de área construída, refletindo na demanda por argamassa para tal serviço.
Decisões simples como quanto à forma da estrutura podem influenciar a quantidade de
argamassa para compor um contra piso que leve à obediência dos desníveis finais pretendidos
pelo arquiteto para os pisos de um apartamento. A concepção também pode influenciar outras
41
eficiências no consumo de materiais nas etapas seguintes do empreendimento; assim, a falta
de uma postura modular, para a conjugação dos componentes que visem a geração de um
elemento de construção, favorece a quebra de peças ao serem cortadas para a adequação
geométrica.
A etapa de produção, por sua vez, é a grande responsável pelo consumo, já que nela
todo o material que irá constituir o produto concebido e demandado. Cabe notar, que é esta
fase em que se associam as reclamações quanto ao gasto de mais material que o esperado e
onde surgem os problemas com resíduos gerados. Erros durante a produção podem ser, por
exemplo, responsáveis por aumentar o consumo para além do já determinado pelo projeto.
Exemplificando, um erro no nivelamento de uma laje de concreto pode ocasionar o
aumento da espessura média do contra piso de um pavimento, induzindo a uma demanda
maior de argamassa para sua execução.
Esta etapa, além de estar associada ao maior ou menor consumo de materiais dentro do
seu momento, pode ser associada a possíveis maiores consumos na etapa seguinte do
empreendimento (assim tem-se que, um serviço executado fora da conformidade com a
prescrição e as boas práticas, pode ser motivo para maiores intervenções durante o uso da
obra entregue).
E, por fim, a etapa de utilização, há diversos motivos que podem fazer com que haja
um consumo de materiais não desprezíveis. Em primeiro lugar há de se lembrar que os
diversos produtos (a película de pintura, o revestimento cerâmico de piso etc.) que constituem
o edifício possuem vida útil. Atividades de manutenção e recuperação podem demandar o
consumo de materiais. Por exemplo, uma falha detectada no contra-piso executado,
diagnosticada após a entregada obra, demandou a necessidade de que fosse refeito um trecho
do mesmo.
Mais que isso, algumas vezes, embora o produto ainda cumpra com os requisitos de
utilização inicialmente previstos decide-se, por outras razões, eliminá-lo (total ou
parcialmente), substituí-lo ou adicionar um novo elemento, implicando em consumo adicional
de materiais, efeito conhecido como “absolescência funcional”. Exemplo disso é a decisão
pela repintura de um ambiente tendo como objetivo apenas a mudança da cor, ou a troca de
um revestimento cerâmico em bom estado com o intuito de atender a um novo padrão estético
mais valorizado pelos usuários.
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Tendo visto as diversas fases do empreendimento, tem-se que perda na produção é
toda quantidade de material consumida, além da quantidade teoricamente necessária, que é
aquela indicada no projeto e seus memoriais, ou demais prescrições do executor, para o
produto sendo executado.
Para que se tenham controle da perda de material no empreendimento, deve-se ter a
correta gestão do consumo de materiais no empreendimento. O que transcende à relação
comercial entre fornecedor e consumidor. Para entender sua abrangência, é necessário
entender a gestão da produção, bem como do empreendimento.
Segundo CARDOSO (1998), sintetizando as principais linhas do pensamento
administrativo, a gestão da produção envolve uma pluralidade de ações, cuja natureza pode
ser de quantificação com a organização das atividades no tempo, previsão, ocupação; de
organização, identificando as competências necessárias para a realização das atividades que
têm de ser desenvolvidas ao longo do processo, com a previsão das respectivas interfaces de
informações; de controle, que exige a criação e a observância de indicadores para garantir a
obtenção dos resultados perseguidos e corrigir desvios que possam ocorrer.
Entende-se o empreendimento como se tratando de um agrupamento temporário de
competências que têm por objetivo desenvolver um projeto, da forma mais interessante para
cada agente, e sua gestão, ocorre desde a concepção até a fase de entrega da obra
(eventualmente atuando na fase de uso e manutenção), atendendo às exigências técnicas,
arquitetônicas, econômicas e normativas às quais são condicionadas aquele projeto (HENRY,
1994).
Assim, a gestão do consumo de materiais no empreendimento pode ser definida como
o conjunto das ações relacionadas ao uso apropriado dos insumos desde a concepção,
passando pela produção e chegando até a utilização de um empreendimento. Abrange o
estabelecimento de referencias para sua adequada quantificação durante a concepção, a
organização das atividades desenvolvidas ao longo do processo visando à otimização no trato
dos recursos na produção e uso, o exercício do controle contínuo para perseguição das metas e
correção dos desvios (perdas), atendendo essencialmente às exigências técnicas, econômicas e
normativas.
Considerando de forma prática, envolve a definição dos materiais, considerações
quanto à construtibilidade, modularidade, escolha do fornecedor, compra expedição,
43
recebimento, estocagem, utilização, cuidados, pós-processamento etc., além da própria
avaliação e atuação sobre as perdas.
A gestão do consumo de materiais pode incidir sobre cada etapa do empreendimento,
na medida em que, como já foi comentado e conforme exemplificado na figura 10, decis ões
do gestor e ações relativas aos materiais podem ocorrer em vários momentos.
Figura 10 - Esquema da gestão de consumo de materiais em empreendimentos.
Não existem ainda análises do consumo de materiais especificadas durante a fase de
utilização, ou uso e manutenção. Sendo um bom ponto de partida para estudos futuros.
Para gestão do consumo, a etapa mais expressiva é a da produção, sendo essa a etapa
em que ocorre a maior incidência de utilização dos recursos para compor o produto. Sob um
aspecto mais amplo, partindo da visão do empreendimento, a produção se divide nas fases
mostradas na figura 11.
Figura 11 - Subfases da produção.
Para uma gestão aplicada a cada fase da produção, é comum expressar o consumo em
termos da unidade de área construída, como m3 de concreto por m2 construído, ou, também,
em unidade de serviço executado, como litros de argamassa por m2 de alvenaria, Kg de aço
por m3 de estrutura e assim sucessivamente.
44
Surge, dessa forma, um conceito que pode ser um poderoso subsídio para a gestão do
consumo de materiais, o conceito de consumo unitário de materiais (CUM) que é a quantidade
de material necessária para se produzir uma unidade de produto resultante em que ele está
sendo utilizado.
Na gestão do consumo de materiais, relacionando o consumo unitário e as perdas,
enquanto o consumo unitário mede o desempenho ocorrido quanto ao consumo de materiais
teoricamente definido pelo projeto, o indicador de perdas avalia a discrepância do
desempenho real com relação a um desempenho de referência (considerando perda nula).
Assim, a adoção do uso do consumo unitário como ferramenta para gestão do
consumo de materiais possui uma grande vantagem, uma vez que um menor consumo não
significa perda reduzida.
A gestão de consumo de materiais no empreendimento deve considerar, além das fases
em que pode haver maior ou menor utilização do recurso, a natureza das perdas originadas em
cada uma das fases e sua origem. Dessa maneira, segundo a natureza, as perdas no canteiro de
obras podem ser definidas de três formas, conforme ilustra a figura 12.
Figura 12- Visão geral do consumo de materiais no empreendimento.
O furto ou extravio costuma ser pouco significativo em obras de maior porte. Existe
um controle maior sobre materiais de baixo peso e alto custo unitário. Além do furto
propriamente dito, há casos de divergência entre entrega de material contratada e a realizada.
45
O entulho, ou “lixo que sai da obra”, pode ser gerado nos vários serviços e com
diferentes materiais que integram a obra, podendo, por exemplo, significar quantidades não
desprezíveis de entulho nos casos de gesso, argamassa, madeira serrada etc. Diz respeito aos
chamados RCD – resíduos sólidos de construção e demolição –, que causam, hoje em dia,
grandes impactos por sua gestão inadequada e figuram com freqüência como tema das
principais legislações ambientais relacionadas à construção civil.
A perda incorporada, ou “lixo que fica na obra”, embora menos perceptível
visualmente que a perda por entulho, muitas vezes tem representado o tipo de perda mais
significativa na construção. Atividades de baixo grau de industrialização, como algumas
moldagens in loco, levam à quantidades superiores as, teoricamente, necessárias devido à
ineficiência do processo utilizado. Um exemplo que ilustra esse desperício é o de uma laje
nivelada apenas com guias de madeira e sarrafeada, que pode ter, em média, 1cm a mais do
que o especificado.
Vale lembrar que o consumo ocorre e torna-se visível nas fases da produção e
utilização, mas o projeto merece atenção enquanto principal fonte indutora do consumo.
Assim, a gestão eficaz do consumo de materiais pode atuar individualmente em cada etapa do
empreendimento e em, ao mesmo tempo, em todas as suas respectivas fases, sob a ótica da
melhoria contínua, neste caso atuaria como ferramenta para se atingir o resultado almejado
em termos de vários aspectos e, especialmente, da sustentabilidade do empreendimento.
Entendido como se comporta o consumo de materiais, será apresentado sobre a gestão
de resíduos, de maneira prática, apresentando o caso do Siduscon SP.
Sob coordenação do COMASP – Comitê de Meio Ambiente, Segurança e
Produtividade – no Siduscon de São Paulo, em caráter experimental, foi desenvolvido um
programa para a implantação de uma metodologia para gestão de resíduos com 11
construtoras. A implantação dessa metodologia foi iniciada pelo grupo-piloto de construtoras
em janeiro de 2003 e concluída em agosto de 2004.
O exemplo dos sistemas de gestão da qualidade aplicados por grande parte das
construtoras, o programa de gestão ambiental de resíduos em canteiro de obras é uma método
que parte igualmente do desenvolvimento de um planejamento. Do planejamento, o passo
seguinte é a tomada de ações práticas – a implantação, concentrando o foco na informação, no
treinamento e na capacitação das pessoas envolvidas. Faz-se, então, o acompanhamento da
evolução do processo por meio de relatório ou checklists. E, finalmente, as avaliações
46
efetuadas redirecionam a tomada de ações corretivas e retroalimentam o sistema de gestão. Os
objetivos do programa compreendem: Em primeiro lugar, a rganização do canteiro de obras e
segregação dos resíduos para:reduzir desperdícios; permitir a reutilização ou reciclagem;
destinação compromissada;
2) Atendimento aos requisitos ambientais e legislativos, agindo preventivamente, buscando
soluções adequadas ao nosso setor e assumindo atitude pró-ativa para promover aspectos
positivos.
As construtoras participantes do grupo-piloto conseguiram facilmente, não longo do
experimento, incorporar aos procedimentos operacionais os novos conceitos ambientais da
metodologia – como buscar a redução de desperdícios, eliminando-os quando possível,
promover a segregação dos materiais para reutilização no próprio canteiro, encaminhar os
resíduos para reciclagem ou dar destinação dedicada para as áreas licenciadas com a
utilização de transportadores (caçambeiros) credenciados.
Para um projeto experimental, o programa de gestão ambiental de resíduos em
canteiros de obras foi considerado bastante favorável, conforme mostrado por pesquisas que
uma empresa especializada e independente aplicou nas construtoras participantes do grupo-
piloto, abordando um universo amplo de pessoas envolvidas. A pesquisa constatou, no grupo
entrevistado, alto grau de sensibilização, conscientização e interesse pelo assunto. Percebeu-se
expressiva redução de resíduos gerados, embora a quantificação nos canteiros não estivesse
ainda sistematizada.
Conclui-se, enfim, que a implantação do programa proporcionou uma interessante
redução dos custos operacionais das obras, ao contrário do que alguns previam. Foi
verificado, também, o aperfeiçoamento da logística da obra, mudança de cultura entre as
equipes, com funcionários e fornecedores valorizando mais a empresa.
O Brasil ainda engatinha nesses métodos, mas a indústria da construção na Europa, já
está passando por uma transformação completa com relação à gestão e minimização de perdas
de materiais, pelo menos em termos de desenvolvimento sustentável. Em essência, as perdas
que recebem maior atenção são aquelas ao entulho nos canteiros de obras.
Inclusive, em alguns países já foram criadas auditorias como o BRE (building
research establishment), que vem aplicando em algumas construções um sistema de gestão de
resíduos conhecido como SmartWaste, desenvolvido pelo próprio instituto. Esse sistema
47
consiste, essencialmente, em um Software, com base na internet, que disponibiliza um campo
de informações interativas e dispositivos geradores de gráficos e relatórios.
O software contém a fonte, quantidade, causa custo e proporção do resíduo global
gerado, bem como sua identificação por grupo de resíduos ou grupo de materiais. A intenção
principal é subsidiar a definição de estratégias para gestão dos resíduos sólidos produzidos, e
que são monitorados através de indicadores de desempenho ambiental e planos de ação
desenvolvidos.
Os objetivos do BRE, na aplicação do SmartWaste em diversos canteiros, são:
• gerar benchmarks mais detalhados para diferentes tipo e dimensões de canteiros
(construção, demolição, reformas e produção de manufaturados); criação de um
banco de dados nacional;
• estabelecer estratégias de gestão de resíduos, monitorados por meio dos
indicadores de desempenho e plano de ação.
Como aspectos interessantes deste programa, destacam-se:
• - abordagem dos resíduos como produtos;
• - aplicação em pré-auditorias para atividades de demolição, permitindo
planejamento da gestão dos resíduos;
• - oportunidade para identificar o potencial de economia em custos;
• - oportunidade para o desenvolvimento de mercado para estes produtos.
A proposta do sistema SmartWaste é estar constantemente em desenvolvimento, tendo
suas bases de informação aferidas e atualizadas conforme mais e mais usuários o aplicam em
seus empreendimentos. Futuramente, espera-se que o sistema possa identificar com segurança
as fontes principais geradoras de resíduos em cada empreendimento e as formas de atuação
para minimizá-lo, indicando constantemente o cumprimento ou não das metas estabelecidas.
Dessa forma, a prática mais comum em diversas outras propostas acadêmicas é
desenvolver um checklist para avaliação da gestão de resíduos. Diversas pesquisas neste
sentido estão em andamento e tem como objetivo propor uma estrutura de banco de dados de
boas práticas quanto à gestão de resíduos, compilando as ações mais interessantes encontradas
nos estudos de caso que serão realizados.
48
3.0. CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL
3.1. Certificados
Na busca pela sustentabilidade não só nas edificações, mas, de maneira geral, na
construção civil, é uma constante cada vez mais presente na arquitetura e engenharia no
mundo todo. O Brasil se mostra como um grande paradigma que, em médio, prazo só tende a
crescer, despertando o interesse de todos seus setores ligados à área da construção civil; os
quais veem nele benefícios tanto ecológicos, quanto sociais e econômicos. E, mesmo assim,
carece de um sistema de certificação ambiental próprio, razão pela qual são tomados modelos
de outros países ao querer-se uma edificação reconhecida como sendo realmente sustentável.
Atualmente no mundo existem diversas instituições que certificam construções
sustentáveis, onde os principais certificadores são:
• LEED (leadership in energy and environmental design) nos Estados Unidos;
• HK BEAM (Hong Kong building environmental assessment method) na China;
• BREEAM (building research establishment environmental assessment method) na
Inglaterra;
• - HQE (haute qualité environinmentale) na França.
3.2. Escolha da metodologia de certificação
Cada uma dessas instituições define a metodologia a ser utilizada no país que a adota
para a certificação de suas construções como sustentável. Embora tenham suas origens bem
distintas, como podemos reparar na figura 13, elas analisam, basicamente, as mesmas
categorias, mudando apenas o peso de cada uma delas dentro da nota utilizada para classificar
o edifício como sustentável.
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Figura 13 - Peso e critérios analisados pelos diversos sistemas de certificação pelo mundo
Dito isto foi escolhida a certificação americana, LEED, parâmetro com
reconhecimento mundial e presente em alguns países na America Latina, como norteador para
o processo de projeto de um edifício residencial mais sustentável para PNR do Exército
Brasileiro.
Além de ser reconhecida no mundialmente a LEED, conforme foi demonstrado na
figura 1 deste trabalho, já está certificando edifícios no Brasil e apresentando constantes
palestras e cursos, nos parecendo que será a que o Brasil adotara como padrão de certificação.
Na figura 14 pode-se ver o símbolo e o nome que a LEED adota nacionalmente.
Figura 14 - LEED no Brasil
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Atualmente no Brasil (Junho/2010) existem 180 edifícios com certificados de
sustentabilidade pela LEED.
3.3. Critérios da LEED
Já em sua terceira versão a LEED possui seis critérios de avaliação, sendo eles:
• - Espaço sustentável (SS);
• - Eficiência do uso da água (WE);
• - Energia e atmosfera (EA);
• - Materiais e recursos (MR);
• - Qualidade ambiental interna (EQ);
• - Inovação e processo (IN).
Para que ocorra a certificação de um empreendimento, o mesmo deve atender, ao
menos, à pontuação mínima, passando assim a acumular pontos e ao final da análise será
enquadrado em categorias chamadas de Certificada (26 a 32 pontos), Prata (33 a 38 pontos),
Ouro (39 a 51 pontos) e Platina (52 a 69 pontos).
Do total de 69 pontos 14 são de SS, 5 de WE, 17 de EA, 13 de MR, 15 de EQ e 5 de
IN e o empreendimento deve ter como pontuação mínima 1 de Espaço Sustentável, 3 de
Energia e Atmosfera, 1 de materiais e Recursos e 2 de Qualidade ambiental interna. Atingindo
este pré-requisito o prédio pode solicitar a certificação.
A categoria Espaço Sustentável (SS) é composta por:
Pré-requisito: A prevenção da poluição na atividade da construção.Tem como objetivo
criar e implementar o controle de erosão e sedimentação para o período associado de
construção do empreendimento, evitando a degradação do local e do seu entorno.
Para cumprir este pré-requisito, o deve existir um plano de controle de sedimentação e
erosão (ESC) que deve estar em conformidade com a licença geral de construção EPA de
2003 que descreve as provisões do programa NPDES (national pollutant discharge
elimination system – sistema nacional de eliminação de descargas poluentes) ou de acordo
com os códigos e padrões de controle locais de erosão e sedimentação, que são mais exigentes
que o NPDES. Abaixo, na figura 15, pode-se ver um plano de prevenção da poluição das
atividades da construção no padrão a ser apresentado.
51
Figura 15 - Plano de prevenção da poluição das atividades da construção
Crédito 1: Seleção do local do empreendimento.Tem por objetivo evitar o uso de
locais não apropriados e reduzir o impacto da locação do prédio no terreno.
Para cumprir este crédito o empreendimento não pode ser desenvolvido em terras
cultiváveis de primeira qualidade, conforme definido pelo Ministério da Agricultura no
código de regulamentações federais, não pode ser desenvolvido em terras cuja elevação
anterior ao empreendimento era menor que 5 pés acima da linha de elevação de enchentes
dentro de 100 anos, não pode ser desenvolvido em terras que são especificamente
identificadas como habitat para quaisquer espécies em extinção ou ameaçada que constem em
listas federais ou estaduais, não podem ser desenvolvido dentro de área distante 100 pés de
quaisquer área de alagado, não pode ser desenvolvido em terras previamente não
desenvolvidas que estejam a menos de 50 pés de um corpo aquático (mares, lagos, rios,
riachos) e não pode ser desenvolvido em terras que, antes da aquisição pelo empreendimento
52
foram parques públicos, a não ser que terras de igual ou maior valor ao parque sejam aceitas
em troca.
Crédito 2: Densidade de desenvolvimento e conectividade da comunidade.Tem por
objetivo desenvolver um canal das áreas urbanas com a infraestrutura existente. Proteger áreas
verdes, habitat e fontes naturais.
Para atender a este crédito pode-se adotar a: densidade de desenvolvimento que
consiste em selecionar um espaço em um empreendimento que esteja localizado num raio de
800 metros de uma zona residencial ou vizinhança, com uma densidade média de 2,5
unid/100m2 livre.Ou na conectividade da comunidade no qual o empreendimento tenha
acesso para pedestres com pelo menos 10 dos serviços básicos listrados a seguir em um raio
de 800 metros: banco; igreja; mercado; lavanderia; livraria; farmácia; restaurante; escola;
supermercado; escritórios comerciais; loja de material de construção.
Crédito 3: Recuperação de áreas contaminadas.Tem por objetivo utilizar áreas
recuperadas ou promover a recuperação de áreas contaminadas.
Para atender ao crédito deve-se atender a norma documentada pela ASTM E 1093-97
fase 2 Environmental Site Assessment ou utilizar locais classificados como brownfield por um
órgão estatal com contaminação solucionada.
Crédito 4.1: Transporte alternativo, acesso ao transporte público.Tem por objetivo
reduzir a poluição e impactos provenientes do uso de veículos.
Para atender ao crédito deve-se ter acesso a um serviço de transporte de passageiros
sobre trilhos ou a serviço de ônibus, sendo que num raio de 400 metros deve se ter dois ou
mais pontos de ônibus de linhas convencionais.
Crédito 4.2: Transporte alternativo, bicicletários e vestiários.Tem por objetivo
reduzir a poluição e impactos provenientes do uso individual de veículos.
Para atender este crédito deve-se incluir ao empreendimento espaço para guarda de
bicicletas e vestiários para banho dos ocupantes do empreendimento.
Crédito 4.3: Transporte alternativo veiculo de baixa emissão e consumo
eficiente.Tem por objetivo reduzir a poluição e impactos provenientes do uso individual de
veículos.
Para atender a este crédito é necessário que veículos de baixa emissão e consumo
eficiente sejam adotados, ou deve haver estacionamento preferencial para veículos de baixa
53
emissão e consumo eficiente ou ainda, ter postos de abastecimento de combustíveis
alternativos.
Crédito 4.4: Transporte alternativo, capacidade de estacionamento (vagas para
vans).Tem por objetivo reduzir a poluição e impactos provenientes do uso individual de
veículos.
Para atender a este crédito o empreendimento residencial deve ter estacionamento
próprio, e 5% das vagas devem ser destinadas a vans.
Crédito 5.1: Proteção ou restauração do babitat.Tem por objetivo evitar o
desmatamento e degradação de áreas verdes.
Para atender a este crédito o empreendimento deve conversar áreas naturais e restaurar
áreas danificadas, provendo e promovendo o habitat e a biodiversidade.
Crédito 5.2: Desenvolvimento do local do empreendimento, maximizar espaço
aberto.Tem por objetivo promover a ocupação de áreas já ocupadas ou desmatadas,
reduzindo distúrbios no terreno, maximizando espaços abertos.
Para atender este crédito deve-se exceder os requisitos de zoneamento local para
espaço aberto em 25%, ou no caso de não haver requisitos de zoneamento local, destinar um
espaço aberto maior que a projeção da construção, ou ainda, quando existe o requisito, mas
este não legisla sobre espaço aberto mínimo, adota-se espaço aberto com vegetação igual à
pelo menos 20% da área do local do empreendimento.
Crédito 6.1: Projeto de águas pluviais, controle de quantidade.Tem por objetivo
promover a não diminuição ou aumento da área permeável do empreendimento.
Para atender este crédito a taxa de escoamento pós-empreendimento e o volume
precisam ser iguais ou menores do que os valores pré-empreendimento ou deve ser tomadas
medidas e controles implementados para prevenir velocidades excessivas da corrente de água
e a erosão daí decorrente.
Crédito 6.2: Projeto de águas pluviais, controle de qualidade.Tem por objetivo
promover o tratamento do volume de água precipitado no local.
Para ter este crédito o sistema deve ser projetado para remover 80% da média anual de
sólidos em suspensão despejados sobre a área e 40% da média anual de fósforo.
Crédito 7.1: Efeitos ilha de calor, áreas não telhado.
Tem por objetivo reduzir a carga térmica e índice de refletância dos empreendimentos.
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Para atender a este crédito deve-se fazer uso de pavimentos reflexivo, sombreamento
ou pavimento intertravado, para isso, deve-se selecionar os materiais de pavimento da lista
padrão de materiais reflexivos ou indicar o valore de reflexão do pavimento, ou ainda ter
estacionamento coberto, para fazer jus ao crédito deve-se ter um estacionamento coberto de
pelo menos 50% do número total de espaços para estacionamento.
Crédito 7.2: Efeitos ilha de calor, telhado.Tem por objetivo reduzir a carga térmica e
índice de refletância dos empreendimentos.
Para fazer jus a este crédito deve-se lançar mão de materiais reflexivos de telhado em
no mínimo 75% da cobertura ou fazer adoção de telhado verde/eco-telhado em 50% no
mínimo da cobertura ou ainda um sistema combinado de telhado reflexivo e telhado verde.
Crédito 8: Redução da poluição luminosa.Tem por objetivo reduzir o índice
luminotécnino do empreendimento, visando o ofuscamento nos demais empreendimentos do
entorno.
A iluminação interior máxima do empreendimento não deve ultrapassar o limite do
terreno, qualquer luminária a uma distancia de 2,5 vezes a altura do empreendimento deve ter
uma proteção de maneira que a iluminação não saia do limite da propriedade.
Já a categoria de uso eficiente de água é composta por:
Crédito 1.1 e 1.2: Paisagismo com uso eficiente de água, redução 50% e não
potável.Tem o objetivo de maximizar a eficiência no suprimento de água no espaço de
locação de modo a reduzir a sobrecarga (fornecimento e água servida) do sistema de águas e
esgoto da concessionária.
Para ter acesso a este crédito os sistemas de paisagismo e irrigação foram projetados
para reduzir o consumo de água de irrigação a partir de um caso de referencia calculado, ou
fornecer a água de irrigação usada no local a partir de uma fonte não potável, ou fazer com
que os sistemas de paisagismo e irrigação sejam projetados para reduzir o consumo de água
de irrigação a partir de um caso de referencia calculado e a água de irrigação usada no local é
fornecida a partir de uma fonte não potável, ou ainda, o paisagismo instalado não requer
sistemas de irrigação, sistemas temporários de irrigação, usados para que as plantas se
estabeleçam, serão retirados em um ano da instalação.
Crédito 2: Tecnologias inovativas de água servidas.Tem por objetivo maximizar a
eficiência no suprimento de água no espaço de locação de modo a reduzir a sobrecarga
(fornecimento e água servida) do sistema de águas e esgoto da concessionária.
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Para angariar este crédito deve-se mostrar os cálculos de economia de água, indicando
o sistema utilizado e as vazões de descarga para cada aparelho, ou deve apresentar tratamento
de águas servidas no empreendimento, onde deve passar no mínimo 50% da água servida no
local.
Crédito 3.1 e 3.2: Redução do uso de água, 20% e 30% de redução.Tem por
objetivo maximizar a eficiência no suprimento de água no espaço de locação de modo a
reduzir a sobrecarga (fornecimento e água servida) do sistema de água e esgoto da
concessionária.
Para fazer jus ao crédito, deve-se documentar os aparelhos sanitários de descarga e de
fluxo e apresentar o consumo diário por pessoa para cada tipo de aparelho deverão ser iguais
àqueles listados para o tipo de aparelho comparável no caso de referencia.
Na categoria Energia e atmosfera temos:
Pré-requisito 1: Comissionamento8 fundamental dos sistemas de energia da
construção.Tem por objetivo verificar se os sistemas e projetos relacionados com energia
estão instalados, calibrados desempenhando conforme projetados.
Para atender ao pré-requisito deve-se completar os requisitos do projeto do
proprietário e a documentação das bases do projeto, incorporar os requisitos de
comissionamento dentro dos documentos de construção, desenvolver e utilizar um plano de
comissionamento, verificar a instalação e desempenho de sistema de comissionamento e ter
completado o seu relatório.
Pré-requisito 2: Desempenho com consumo mínimo de energia.Tem por objetivo
estabelecer um nível mínimo de eficiência energética para os sistemas no espaço dos
locatários.
Para tal o projeto deve ter utilizado um modelo de simulação computacional para
documentar a melhoria do desempenho energético.
Pré-requisito 3: Gerenciamento fundamental de refrigerantes.Tem por objetivo a
redução da destruição da camada de ozônio na atmosfera, assim como o aquecimento global.
Para atender a este pré-requisito não se pode fazer uso de fluidos refrigerantes a base
de CFC, nos sistemas de base de aquecimento, ventilação, ar condicionado e refrigerantes do
8 Comissionamento é o processo de assegurar que os sistemas e componentes de uma edificação ou unidade industrial sejam projetados, instalados, testados, operados e mantidos de acordo com as necessidades e requisitos operacionais do proprietário. O comissionamento pode ser aplicado tanto a novos empreendimentos quanto a unidades e sistemas existentes em processo de expansão. Modernização ou ajuste.
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projeto ou se for utilizado em algum dos sistemas deve-se ter um plano abrangente de
substituição do CFC s e estar se executando-o.
Crédito 1: Otimizar desempenho energético.Tem por objetivo aumentar os níveis de
conservação de energia por meio das normas referidas para reduzir os impactos ambientais
associados ao uso excessivo de energia em pelo menos 10,5% para novas construções.
Para isso deve-se seguir o método de classificação por desempenho, ASHRAE 90.1-
2004 Apêndice G.
Crédito 2: Uso de energia renovável.Tem por objetivo promover a utilização das
fontes de energias renováveis.
Para angariar o crédito deve-se fazer uso do fontes de energias renováveis e
dependendo do percentual de utilização em relação ao total necessário pelo empreendimento
será pontuado o crédito. Mas o empreendimento é pontuado a partir de 2,5% de energia
renovável.
Crédito 3: Melhorias no comissionamento.Tem por objetivo promover a revisão do
comissionamento tendo como meta a melhoria do desempenho energético do
empreendimento.
Para tal, a entidade de comissionamento deve ter conduzido pelo menos uma revisão
dos desenhos de comissionamento (as built) dos requisitos do projeto do proprietário e os
documentos dos projetos anteriores à primeira fase documentados da metade da construção e
rechecagem dos comentários de revisão após o envio do projeto.
Crédito 4: Gerenciamento intensificado de refrigerantes.Tem por objetivo a
redução de destruição da camada de ozônio na atmosfera, assim como o aquecimento global.
Para ele deve haver o dimensionamento do impacto dos gases refrigerantes para o
projeto e o impacto total do refrigerantes por tonelada deve ser menos ou igual a cem para
fazer jus a pontos por este crédito.
Crédito 5: Medição e verificação.Tem por objetivo garantir o desempenho do
sistema.
Para isso deve-se desenvolver um plano de medição e verificação para avaliar a
desempenho do sistema de energia, nesta apresentação devem constar quais os sistemas que
se possui para a medição e verificação.
Crédito 6: Energia verde.Tem por objetivo promover a utilização de fontes de energia
renováveis.
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Para isso deve-se prover a utilização de fontes de “energia verde” oriundas de fontes
renováveis pelo engajamento em contratos com pelo menos dois anos de duração.
Na categoria de materiais e recursos temos:
Pré-requisito 1: Estocagem e coleta de materiais recicláveis.Tem por objetivo
estimular a estocagem e segregação dos resíduos recicláveis, evitando o envio destes materiais
a aterros sanitários.
Para fazer jus a este crédito deve-se prover área para estocagem e segregação dos
materiais recicláveis, conforme especificados a seguir: plásticos, papel, papelão e vídeo. E o
empreendimento deve ter locais adequados e dimensionados para atender a todo o mesmo.
Crédito 1.1: Reuso da construção, mantendo 75% das paredes, pisos e coberturas
existentes.Tem por objetivo manter a primeira construção existente, reduzindo a geração de
resíduos e poluentes oriundos das novas construções e preservação dos recursos naturais.
Para isto, deve-se garantir que 75% da edificação sejam mantidas como originalmente
concebida.
Crédito 1.2: Reuso da construção, mantendo 100%das paredes, pisos e coberturas
existentes.Tem por objetivo manter a primeira construção existente, reduzindo a geração de
resíduos e poluentes oriundos das novas construções e preservação dos recursos naturais.
Para isto, deve-se garantir que 100% da edificação sejam mantidas como
originialmente concebidas.
Crédito 1.3: Reuso da construção, mantendo 50% dos elementos não estruturais
internos.Tem por objetivo provera reutilização de construções existentes, reduzindo a
geração de resíduos e poluentes oriundos das novas construções e preservação dos recursos
naturais.
Para fazer jus a tal critério, deve-se garantir que 50% dos elementos não estruturais
internos sejam mantidos como originais.
Crédito 2.1 e 2.2: Administração do entulho da obra, desviar 50% ou 75% do bota
fora.Tem por objetivo desviar resíduos de construções, demolição e embalagens do aterro
sanitário e/ou deposito de lixo. Redirecionar recursos recuperados recicláveis ao processo de
fabricação, redirecionar materiais com reuso para finalidades apropriadas.
Para isto deve-se desenvolver e implementar um plano de gerenciamento de lixo de
construção e quantificar metas de reaproveitamento de material de modo a reciclar ou
recuperar pelo menos 50% dos resíduos de embalagens, construções e demolição.
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Para tal, deve-se fazer o calculo por peso ou volume devendo ser consistente ao longo
da construção.
Crédito 3.1: Reuso dos materiais, 5% dos materiais existentes.Tem por objetivo
prover a reutilização das construções existentes, reduzindo a geração de resíduos e poluentes
oriundos das novas construções e preservação dos recursos naturais.
Para tal deve-se garantir que 5% dos materiais existentes sejam reutilizados no
empreendimento.
Crédito 3.2: Reuso dos materiais, 10% dos materiais existentes.Tem por objetivo
prover a reutilização das construções existentes, reduzindo a geração de resíduos e poluentes
oriundos das novas construções e preservação dos recursos naturais.
Para tal deve-se garantir que 10% dos materiais existentes sejam reutilizados no
empreendimento.
Crédito 4.1: Materiais reciclados, 10% do material tem conteúdo reciclado (pré-
ou pós-consumo).Tem por objetivo prover a utilização dos materiais reciclados, reduzindo
extração dos recursos naturais e aumentando a vida útil dos materiais e insumos.
Para tal deve-se garantir que pelo menos 10% do insumo ou material utilizado sejam
oriundos da reciclagem ou pós-consumo dos mesmos.
Crédito 4.2: Materiais reciclados, 20% do material tem conteúdo reciclado (pré-
ou pós-consumo).
Tem por objetivo prover a utilização dos materiais reciclados, reduzindo extração dos
recursos naturais e aumentando a vida útil dos materiais e insumos.
Para tal deve-se garantir que pelo menos 20% do insumo ou material utilizado sejam
oriundos da reciclagem ou pós-consumo dos mesmos.
Crédito 5.1: Materiais regionais, 10% extraídos, processados e fabricados
regionalmente.Tem por objetivo aumentar a demanda por produtos e materiais de construção
que são extraídos, processados e manufaturados na região e com isto apoiando a economia
regional e reduzindo impactos ambientais resultantes de transporte.
Para fazer jus a esta pontuação deve-se garantir a utilização de 10% dos materiais, que forem
extraídos, processados e manufaturados regionalmente, em um raio máximo de 800Km de
distancia do empreendimento.
Crédito 5.2: Materiais regionais, 20% extraídos, processados e fabricados
regionalmente. Tem por objetivo aumentar a demanda por produtos e materiais de construção
59
que são extraídos, processados e manufaturados na região e com isto apoiando a economia
regional e reduzindo impactos ambientais resultantes de transporte.
Para fazer jus a esta pontuação deve-se garantir a utilização de 20% dos materiais, que
forem extraídos, processados e manufaturados regionalmente, em um raio máximo de 800Km
de distancia do empreendimento.
Crédito 6: Materiais rapidamente renováveis.Tem por objetivo reduzir o uso e o
descarte de matéria bruta finita e materiais de longo ciclo de reuso repondo os mesmo por
materiais de rápida renovação.
Para tal, deve-se usar materiais e produtos rapidamente renováveis de construção e
mobiliário, fabricadas de plantas que são tipicamente colhidas em ciclos de 10 anos ou menos.
Para se qualificar a obtenção de créditos, a percentagem dos materiais rapidamente renováveis
deve ser de pelo menos 2,5% do custo total de materiais usados no projeto. Para tais cálculos,
devem ser excluído os custos de mão-de-obra e equipamentos.
Crédito 7.1: Madeira certificada.Tem por objetivo encorajar o gerenciamento
florestal ambientalmente responsável.
Para fazer jus a esta pontuação deve-se verificar o percentual de madeira nova ou
usada de produtos e materiais (baseados em madeiras) são certificados de acordo com o
conselho brasileiro de manejo florestal.
Na categoria de qualidade ambiental interna temos:
Pré-requisito 1: Desempenho mínimo da qualidade do ar interior.Tem por objetivo
estabelecer o desempenho mínimo de qualidade do ar interior para melhorar a qualidade do ar
no espaço dos ocupantes e com isto contribuir para o conforto e o bem estar dos mesmos.
Para fazer jus a tal pontuação os edifícios ventilados de forma natural devem ter seu
projeto desenvolvido para atender as exigências de localização e tamanho de abertura de
janelas conforme a ASHRAE 62.1 -2004 seção 5.1.
Pré-requisito 2: Controle da fumaça de tabaco ambiental.Tem por objetivo prevenir
ou minimizar a exposição dos ocupantes do espaço de locação, superfícies internas e sistemas
a fumaça de cigarro no ambiente.
Para garantir a pontuação é necessária a proibição de fumar em todas as áreas comuns
dentro do edifício, como ordena a legislação brasileira, ou ainda ter salas destinadas a fumar.
60
Crédito 1: Monitoramento do ar externo entregue.Tem por objetivo prover
capacidade de monitoramento do sistema de ventilação para ajudar a sustentar o conforto e o
bem estar dos ocupantes a longo prazo.
Para tal deve-se instalar um sistema de monitoração e alarme com feedback da
performance do sistema de ventilação com ajuste operacional.
Crédito 2: Aumento da ventilação.Tem por objetivo prover ventilação adicional de ar
para melhorar a qualidade do ar interno de maneira a melhorar o conforto, bem estar e
produtividades dos ocupantes.
Para fazer jus a esta pontuação os espaços ventilados de forma natural deve ter um
sistema de ventilação natural projetado para atender as exigências do carbon trust “Good
Practices Guide 237”.
Crédito 3.1: Plano de Gerenciamento da qualidade do ar interior na obra, durante
a construção.Tem por objetivo prevenir problemas na qualidade do ar interno resultante do
processo de construção/renovação de maneira a ajudar a manter o conforto e o bem estar dos
trabalhadores da construção e ocupantes do empreendimento.
Para tal deve-se desenvolver um plano de gerenciamento de construção, este plano
deve ser elaborado de acordo com as abordagens de projetos recomendadas pelas normas da
Associação nacional de empreiteiros de ar condicionado e funilaria para prédios de construção
ocupados.
Crédito 3.2: Plano de gerenciamento da qualidade do ar interior na obram antes
da ocupação.Tem por objetivo prevenir problemas na qualidade do ar interno resultante do
processo de construção/renovação de maneira a ajudar a manter o conforto e o bem estar dos
trabalhadores da construção e ocupantes do empreendimento.
Para fazer jus a estes pontos deve-se desenvolver e implementar um plano de
gerenciamento de qualidade de interior para as fases de construção e pré-ocupação dos
espaços de locação.
Crédito 4.1: Materiais com baixa emissão, adesivos e selantes.Tem por objetivo
reduzir a quantidade de contaminantes do ar interior que possuam odor potencialmente
irritante, forte ou que possam causar lesão, desconforto ou mal-estar aos ocupantes do
empreendimento.
61
Os adesivos e selantes de interior aplicados na obra devem atender as limitações e
restrições que concerne a componentes químicos estabelecidos pelos seguintes padrões,
indicando o nível de COV9 dos produtos
Crédito 4.2: Materiais com baixa emissão, tintas revestimentos.Tem por objetivo
reduzir a quantidade de contaminantes do ar interior que possuam odor potencialmente
irritante, forte ou que possam causa lesão, desconforto ou mal-estar aos ocupantes dos
empreendimentos.
Para tal as tintas e revestimentos de interior aplicadas na obra devem atender as
limitações e restrições que concerne a componentes químicos estabelecidos por padrões
internacionais.
Crédito 4.3: Materiais com baixa emissão, sistemas de carpetes.Tem por objetivo
reduzir a quantidade de contaminantes do ar interior que possuam odor potencialmente
irritante, forte ou que possam causar lesão, desconforto ou mal-estar aos ocupantes do
empreendimento.
Para tal os sistemas de carpetes devem atender ou exceder as normas do Carpet and
rug Institute’s Green Label Plus testing and product requirements.
Crédito 4.4: Materiais com baixa emissão, adesivos de compensados e
laminados.Tem por objetivo reduzir a quantidade de contaminantes do ar interior que
possuam odor potencialmente irritante, forte ou que possam causar lesão, desconforto ou mal-
estar aos ocupantes do empreendimento.
Para tal deve-se adotar compensados de madeiras ou produtos de fibras agrícolas,
incluindo materiais de preenchimento que contenham resinas sem adição de ureia formol
aldeído. E adesivos laminados usados para fabricação na obra em montagens aplicadas nas
oficinas contendo estes adesivos laminados não devem conter a ureia formol aldeído.
Crédito 5: Controle de produtos químicos e de fontes de poluição internos.Tem por
objetivo minimizar a exposição dos ocupantes do empreendimento a potenciais partículas
agressivas, contaminantes biológicos e compostos químicos que poluem e impactam a
qualidade do ar e da água.
Para fazer jus a esta pontuação os sistemas de entrada permanentes foram instalados
em todos os pontos de entrada regulares do edifício.
9 Compostos orgânicos voláteis (COV) são compostos orgânicos que possuem alta pressão de vapor sob condições normais a tal ponto de vaporizar significativamente e entrar na atmosfera.
62
Crédito 6.1: Controlabilidade dos sistemas iluminação.Tem por objetivo prover um
alto nível de controle do sistema de iluminação para ocupantes individuais e grupos
específicos em espaços multiocupados para promover produtividade, bem-estar e conforto dos
ocupantes do prédio.
Para tal deve-se prover controle de iluminação de pelo menos 90% dos ocupantes,
permitindo ajustes para atendimento de tarefas, necessidades e preferências individuais e
todos os espaços multiocupados e compartilhados com grupos transientes devem compartilhar
os sistemas de controle de iluminação.
Crédito 6.2: Controlabilidade dos sistemas de temperatura e ventilação.Tem por
objetivo prover um alto nível de controle do sistema de ventilacão e térmico para ocupantes
individuais e grupo específicos em espaços multiocupados para promover produtividade,
bem-estar e conforto dos ocupantes do prédio.
Para tal deve-se prover controle de ventilação e térmico para pelo menos 50% dos
ocupantes, permitindo ajustes para atendimento de tarefas necessidades e preferências
individuais e todos os espaços multiocupados e compartilhados com grupos transientes devem
compartilhar os sistemas de controle de ventilação e térmico.
Crédito 7.1: Conforto térmico, projeto.Tem por objetivo prover um ambiente
confortável termicamente que apoie a produtividade e bem-estar dos ocupantes.
Para tal deve prover controle de temperatura e umidade.
Crédito 7.2: Conforto térmico, verificação.Tem por objetivo prover um ambiente
confortável termicamente que apoie a produtividade e bem-estar dos ocupantes.
Para tal deve-se prover um sistema de verificação permanente e processo de ações
corretivas para assegurar o desenvolvimento atendendo aos critérios de conforto desejados
como determinado por EQ Crédito 7.1
Crédito 8.1: Luz diurna e vista, luz diurna em 75% dos espaços.Tem por objetivo
prover os ocupantes de uma conexão com luz natural e vista, entre o exterior e o interior,
dentro das áreas regularmente ocupadas pelo pelos espaços de locação.
Para tal deve-se haver o cálculo do fator de área envidraçada, simulação por
computador do fato luz do dia e medidas da luz do dia.
Crédito 8.2: Luz diurna e vista, vista em 90% dos espaços.Tem por objetivo prover os
ocupantes de uma conexão com luz natural e vista, entre o exterior e o interior, dentro das
áreas regularmente ocupadas pelos espaços de locação.
63
Para tal deve-se haver o cálculo do fator de área envidraçada, simulação por
computador do fato luz do dia e medidas da luz do dia.
Na categoria de inovação e processo de projeto temos:
Crédito 1.1-1.4: Inovação em projeto.Tem por objetivo prover aos times de projetos a
serem distinguidas por pontos, devido ao desempenho excepcionais acima do conjunto de
requisitos do LEED Green Building Rating System.
Para angariar os pontos referentes a esse critério deve-se:
• identificar a intenção do credito inovador proposto;
• identificar requisitos de atendimentos propostos;
• identificar a demonstração de atendimento de submissão proposta;
• identificar enfoque do projeto (estratégias que foram usadas para atender aos
requisitos).
Crédito 2: Profissional acreditado LEED.Tem por objetivo disseminar o uso de
profissionais acreditados LEED Green Building Rating System.
Com o objetivo de promover o uso de profissionais acreditados.
Tendo analisado os diversos critérios, na tabela abaixo pode-se verificar a lista de
quesitos para avaliação do empreendimento.
LEED-NC Version 3.0 Registered Project Checklist << enter project name >> << enter city, state, other details >>
Yes ? No
Sustainable Sites 14 Points
Y
Prereq 1 Construction Activity Pollution Prevention Required
Credit 1 Site Selection 1
Credit 2 Development Density & Community Connectivity 1
Credit 3 Brownfield Redevelopment 1
Credit 4.1 Alternative Transportation , Public Transportation Access 1
Credit 4.2 Alternative Transportation , Bicycle Storage & Changing Rooms 1
Credit 4.3 Alternative Transportation , Low-Emitting and Fuel-Efficient Vehicles 1
Credit 4.4 Alternative Transportation , Parking Capacity 1
Credit 5.1 Site Development, Protect of Restore Habitat 1
64
Credit 5.2 Site Development, Maximize Open Space 1
Credit 6.1 Stormwater Design, Quantity Control 1
Credit 6.2 Stormwater Design, Quality Control 1
Credit 7.1 Heat Island Effect, Non-Roof 1
Credit 7.2 Heat Island Effect, Roof 1
Credit 8 Light Pollution Reduction 1
Yes ? No
Water Efficiency 5 Points
Credit 1.1 Water Efficient Landscaping , Reduce by 50% 1
Credit 1.2 Water Efficient Landscaping , No Potable Use or No Irrigation 1
Credit 2 Innovative Wastewater Technologies 1
Credit 3.1 Water Use Reduction , 20% Reduction 1
Credit 3.2 Water Use Reduction , 30% Reduction 1
Yes ? No
Energy & Atmosphere 17 Points
Y
Prereq 1 Fundamental Commissioning of the Building Energy Sy stems Required
Y Prereq 2 Minimum Energy Performance Required
Y Prereq 3 Fundamental Refrigerant Management Required
Credit 1 Optimize Energy Performance 1 to 10
Credit 2 On-Site Renewable Energy 1 to 3
Credit 3 Enhanced Commissioning 1
Credit 4 Enhanced Refrigerant Management 1
Credit 5 Measurement & Verification 1
Credit 6 Green Power 1
continued…
Yes ? No
Materials & Resources 13 Points
Y
Prereq 1 Storage & Collection of Recyclables Required
Credit 1.1 Building Reuse , Maintain 75% of Existing Walls, Floors & Roof 1
Credit 1.2 Building Reuse , Maintain 100% of Existing Walls, Floors & Roof 1
Credit 1.3 Building Reuse , Maintain 50% of Interior Non-Structural Elements 1
Credit 2.1 Construction Waste Management , Divert 50% from Disposal 1
Credit 2.2 Construction Waste Management , Divert 75% from Disposal 1
Credit 3.1 Materials Reuse , 5% 1
Credit 3.2 Materials Reuse ,10% 1
Credit 4.1 Recycled Content , 10% (post-consumer + ½ pre-consumer) 1
Credit 4.2 Recycled Content , 20% (post-consumer + ½ pre-consumer) 1
Credit 5.1 Regional Materials , 10% Extracted, Processed & Manufactured Regionally
1
65
Credit 5.2 Regional Materials , 20% Extracted, Processed & Manufactured Regionally
1
Credit 6 Rapidly Renewable Materials 1
Credit 7 Certified Wood 1
Yes ? No
Indoor Environmental Quality 15 Points
Y
Prereq 1 Minimum IAQ Performance Required
Y Prereq 2 Environmental Tobacco Smoke (ETS) Control Required
Credit 1 Outdoor Air Delivery Monitoring 1
Credit 2 Increased Ventilation 1
Credit 3.1 Construction IAQ Management Plan , During Construction 1
Credit 3.2 Construction IAQ Management Plan , Before Occupancy 1
Credit 4.1 Low-Emitting Materials , Adhesives & Sealants 1
Credit 4.2 Low-Emitting Materials , Paints & Coatings 1
Credit 4.3 Low-Emitting Materials , Carpet Systems 1
Credit 4.4 Low-Emitting Materials , Composite Wood & Agrifiber Products 1
Credit 5 Indoor Chemical & Pollutant Source Control 1
Credit 6.1 Controllability of Systems , Lighting 1
Credit 6.2 Controllability of Systems , Thermal Comfort 1
Credit 7.1 Thermal Comfort , Design 1
Credit 7.2 Thermal Comfort , Verification 1
Credit 8.1 Daylight & Views , Daylight 75% of Spaces 1
Credit 8.2 Daylight & Views , Views for 90% of Spaces 1
Yes ? No
Innovation & Design Process 5 Points
Credit 1.1 Innovation in Design : Provide Specific Title 1
Credit 1.2 Innovation in Design : Provide Specific Title 1
Credit 1.3 Innovation in Design : Provide Specific Title 1
Credit 1.4 Innovation in Design : Provide Specific Title 1
Credit 2 LEED® Accredited Professional 1
Yes ? No
Project Totals (pre-certification estimates) 69 Points
Certified 26-32 points Silver 33-38 points Gold 39-51 points Platinum 52-69 points Tabela 2 - Tabela de pontuação para avaliação LEED.
66
4. ESTUDO DE CASO
4.1. Projeto Original
A fim de atender aos objetivos específicos inicialmente imposto, apresentar um projeto
básico como solução viável a ser empregada em uma cidade da região Norte, foi realizado um
estudo sobre o clima da região.
Com o desenvolvimento do estudo, adotou-se Manaus – AM como cidade onde
seriam aprofundados os estudos sobre o ambiente onde seria inserido o empreendimento.
4.1.1 Manaus:
4.1.1.1 Localização:
• Latitude 3 graus 4 min 29 seg.
• Longitude 60 graus 1 min. 16 seg.
4.1.1.2 Relevo:
Caracterizado por planícies, baixos planaltos e terras firmes, com uma altitude média
inferior a 100 metros. As planícies são constituídas por sedimentos recentes da Era
Antropozóica; tornam-se bastante visíveis nas proximidades dos rios. Alguns desses
sedimentos continuam a ser trazidos pelas correntezas, o que significa que a planície
Amazônica ainda está em formação.
4.1.1.3Clima:
O clima de Manaus é considerado equatorial (tipo Cwa, segundo Köppen), com
aumento de chuvas no inverno e temperatura média anual de 28,7°C, oscilando entre 14°C e
40°C, tendo uma umidade relativa elevada durante o ano, em torno de 80% a 90%. O mês
mais quente, junho, tem temperatura média de 34°C e o mês mais frio, outubro, de 22°C.
Devido à proximidade do rio, o calor é um constante do clima local, sendo responsável
por evitar dias de frio intenso no inverno ou de calor intenso no verão e tornar a cidade úmida.
A umidade tem índices considerados altos durante todo o ano, embora a poluição atinja níveis
críticos no inverno, devido ao fenômeno de inversão térmica e pela menor ocorrência de
chuvas de maio a setembro.
A precipitação anual média é de 1.376,2mm, concentrados principalmente no inverno.
As estações do ano são relativamente bem definidas: o inverno é ameno e estio, e o verão,
moderadamente quente e chuvoso. Geadas ocorrem esporadicamente em regiões mais
afastadas do centro, e em invernos rigorosos, em boa parte do município. Também ocorrem
freqüentemente em alguns municípios vizinhos.
67
Apesar do clima que evita maiores variações de temperatura, a altitude de Manaus faz
com que nos meses mais quentes, sejam aceitáveis as noites e madrugadas quentes na cidade,
sendo que as temperaturas mínimas na cidade raramente são superiores a 25°C em um período
de 24 horas. No inverno, porém, o ingresso de fortes massas de ar polar acompanhadas de
excessiva nebulosidade, às vezes, fazem com que as temperaturas permaneçam muito baixas
mesmo durante a tarde. Tardes com temperaturas máximas variando entre 26°C e 32°C são
comuns até mesmo durante o inverno e no início do verão. Durante o inverno, já houve vários
registros de tardes em que a temperatura sequer ultrapassou a marca dos 26°C, como em 27
de junho de 2004.
4.1.1.4 Conclusão:
Depois de um estudo sobre as condições em que o empreendimento seria submetido,
decidiu-se reavaliar a escolha da cidade onde seria implantado, uma vez que Manaus possui
fatores complicadores como a não existência de vento predominante ou em alguma direção
fixa, velocidade suficiente para refrigeração do edifício etc.
Preferiu-se então, como um primeiro estudo, abordar uma cidade onde as soluções
técnicas para implementação do edifico fossem menos complexas, deixando Manaus para
estudos posteriores.
4.2. Escolha do local de emprego
Depois da primeira tentativa frustrada na escolha da cidade para hospedar o
empreendimento, verificou-se que para emprego mais simples, deveria-se enfocar em um
local onde a ventilação pudesse ser aproveitada e eficiente no resfriamento do edifício.
Decidiu-se pesquisar nas cartas de potencial eólico do Brasil, locais que possuissem
direções predominantes de vento bem definidas. Na figura 16 podemos ver como são estas
cartas. Nelas existem diversos círculos, que representam o ponto de coleta de dados, em seus
centros, e linhas nas direções predominantes de vento proporcionais ao tempo de permanência
do vento na direção. Isto significa, de maneira simples, que quanto maior e perceptível uma
linha sobre o circulo maior é a predominância de vento na região e naquela direção.
68
Figura 16 - Parte de carta de potencial eólico do norte e nordeste do Brasil
Esses dados nos levaram a perceber que em direção do litoral e próximos aos grandes
rios da região da Amazônia teríamos maior probabilidade de encontrar um local que pudesse
sediar o empreendimento.
Por conseguinte, foi escolhido Belém-PA para verificar a viabilidade de instalação do
edifício nas situações atuais.
O próximo passo foi realizar consulta à carta com as velocidades médias de ventos na
região amazônica. Podemos ver pela figura 17, que Belém parece ter boas condições eólicas
para proporcionar uma ventilação eficiente no edifício, e, desta forma, diminuir
significativamente o tempo de uso do ar condicionado durante o ano o que leva a uma grande
economia de energia.
69
Figura 17 - carta eólica da região norte, com as velocidades médias dos ventos.
Com o desenvolvimento do estudo, adotou-se Belém-PA como cidade onde seriam
aprofundados os estudos sobre o ambiente.
4.2.1 Belém:
4.2.1.1 Localização:
• Latitude: 01°20'S
• Longitude: 48°30'W
Ocupando uma área de 1.065Km²,
Belém conta, atualmente, com 1.437.600
habitantes, é a segunda cidade mais
populosa da Amazônia. Limita-se ao
município de Ananindeua.
4.2.1.2 Relevo:
Figura 18 - Localização de Belém no mapa do Brasil
70
Planície amazônica
4.2.1.3 Vegetação:
Floresta Amazônica
4.2.1.4 Hidrografia:
Os rios que passam por Belém são: rio Amazonas, rio Maguari, rio Guamá. Onde se
tem que:
• rio Amazonas – é o maior da terra, tanto em volume de água quanto em comprimento.
Tem sua origem do Apurimac (alto da cordilheira dos Andes), ao sul do Peru, e
deságua no oceano Atlântico, junto ao rio Tocantins;
• rio Maguari – é o rio que banha a região metropolitana de Belém;
• rio Guarmá – é o Rio localizado ao nordeste do Pará. Sua bacia hidrográfica drena
uma área de quase 90.000Km2. A navegabilidade é viável nos últimos 160Km do rio.
4.2.1.5 Clima:
O clima em Belém é quente e úmido, tipicamente equatorial, influência direta da
floresta amazônica, onde as chuvas são constantes. O índice pluviométrico é de 2.889mm (ao
ano). As incontáveis mangueiras existentes nas ruas da cidade ajudam a amenizar o calor,
principalmente nos meses mais quentes de julho a novembro quando a temperatura pode
chegar a 40 C, porém a temperatura média anual é de 25 C.
Tabela climática de Belém - Pará
Temperatura
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Médi
a
Média Máxim
a °C
30,9 °C
30,5 °C
30,4 °C
30,8 °C
31,3 °C
31,7 °C
31,7 °C
32,1 °C
32,1 °C
32,2 °C
32,3 °C
31,9 °C
31,4 °C
Média mínima °C
22,1 °C
22,2 °C
22,4 °C
21,8 °C
22,6 °C
22,1 °C
21,7 °C
21,7 °C
21,7 °C
21,6 °C
21,9 °C
22 °C 21,9 °
C
Precipitação
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total
Total mm
366 417 436 360 304 140 152 131 140 116 111 216
2889
Tabela 3- Tabela Climática de Belém.
71
Figura 19 - Rosa dos ventos, com a frequência dos ventos em Belém ao longo do ano.
Figura 20 - Rosa dos ventos com a velocidade predominante dos ventos em Belém ao longo do ano.
72
Figura 21 - Carta Solar de Belém.
4.3. Aplicação dos Conhecimentos Sustentáveis no caso estudado
Como ponto de partida de projeto básico foi adotado o projeto padrão da DOM
(Diretoria de Obras Militares), utilizado atualmente como PNR padrão do Exército para
Capitães e Tenentes, além da planta o novo projeto atenderá todos os itens que a IG 50-
01(instruções gerais para a administração dos próprios nacionais residenciais no Ministério do
Exército) preconiza a certa do projeto.
Abaixo, na figura 22 podemos ver o pavimento tipo do projeto padrão hoje adotado
pela DOM. E na figura 23 temos o apartamento tipo mobiliado.
73
Figura 22- Pavimento Tipo do PNR padrão.
74
Figura 23 - Apartamento tipo mobiliado do PNR atual
A partir dos dados levantados no ítem 4.2, percebe-se que em Belém a umidade
relativa é bastante alta (normalmente acima dos 50%) e as temperaturas nunca são inferiores a
20°C.
Munidos desses dados climatológicos e com ajuda de um software foi possível plotar
os dados de temperatura e umidade das 8.760 horas sobre uma carta psicrométrica e
visualizar o comportamento climático da cidade ao longo do ano de referencia, alem de
calcular a percentagem de horas do ano em que o conforto e cada estratégia são mais
apropriadas. A figura 24 mostra a carta psicrométrica.
75
Figura 24 - Carta psicrométrica de Belém.
Pela carta pode-se verificar que o conforto térmico é quase ausente na capital
paraense, representando apenas 0,7% das horas do ano, e o desconforto é provocado
integralmente pelo calor (99,2% das horas do ano).
Baseado no conhecimento das zonas bioclimáticas das cartas de Givoni vemos que as
estratégias mais indicadas para amenizar o desconforto do calor são:
1. Ventilação (85,6%)
2. Ar condicionado (9,2%)
3. Zona de conforto (0,7%)
------------------------------------
Total (100%)
Com base neste estudo, a principal estratégia a ser adotada é a ventilação, que,
considerando as interseções entre as zonas de resfriamento, pode estabelecer conforto térmico
em até 89% das horas do ano. A adoção desta estratégia representa a quase totalidade da
solução do problema de desconforto térmico ao longo do ano. Então, se for feito um projeto
de maneira a valorizar a ventilação natural e não for preciso uso de ventilação mecânica,
aumentaremos em 89% o tempo de conforto térmico durante o ano, perfazendo um total de
quase 90% de horas de conforto térmico no ano. O que significa grande economia de energia
elétrica e mais conforto ao usuário da edificação.
76
Com as plantas do PNR atual em mãos e a tabela de áreas necessárias para PNR’s,
iniciou-se a modificação da planta do atual de maneira a otimizar a iluminação natural,
ventilação e o espaço interno.
Como linhas gerais para a arquitetura deve-se adotar aberturas generosas, de forma a
captar o vento e permitir a ventilação cruzada dos espaços internos. Também é importante o
emprego de proteções solares nas aberturas, principalmente árvores bem localizadas ou brises,
evitando os ganhos de calor solar. Outras estratégias de ventilação, como por exemplo, a
construção lanternins ou a instalação de aberturas zenitais, também serão bem vindas. Mas é
importante que as aberturas, embora priorizem a ventilação, sejam passiveis de isolamento e
estanqueidade à infiltração de ar nos períodos em que a refrigeração é desejável.
Com essas estratégias em mente tentou-se criar uma modulo padrão para cada uma das
unidades habitacionais (apartamentos) de maneira a valorizar ao máximo a ventilação e a
iluminação.
Assim, as áreas social e íntima ficaram nos lados mais favorecidas, , mais ventilados e
com menos incidência do sol da tarde, que trazem junto de si o calor mais forte. Como pode
ser visto na figura 25.
Figura 25 - Esquema para o desenvolvimento do projeto arquitetônico.
77
A partir desta ideia básica de como orientar cada uma das unidades habitacionais,
procurou-se uma forma de abrigar quatro apartamentos por andar, conforme no edifício do
projeto da DOM.
Mantendo a mesma ideia de colocar a área social e íntima nos lados mais nobres, mas
agora de maneira a conciliar este raciocínio com as diversas áreas de cada uma das unidades
habitacionais. Podemos ver na figura 26 a solução encontrada de maneira didática e com a
legenda.
Figura 26 - Desenvolvimento do projeto arquitetônico do PNR.
Enfocando na área arquitetônica do edifício, realizou-se um esboço bem grosseiro a
fim de verificar as proporções que estavam sendo tomadas. A figura 27 é um esboço grosseiro
dessa área. Nela podem ser verificados os grandes painéis envidraçados, e as aberturas
zenitais em áreas sociais do edifício, diminuindo a necessidade de iluminação artificial
durante o dia.
78
Figura 27 - Esboço do edifício para visualização dos volumes e áreas envidraçadas.
Depois do estudo desenvolvido, conseguiu-se chegar a um consenso sobre a
arquitetura mais adequada e as figuras 28 e 29 apresentam o pavimento do tipo. No apêndice
B apresenta as plantas da nova arquitetura.
79
Figura 28 - Planta do pavimento tipo do novo edifício em Belém.
Como podemos perceber com as plantas no anexo, o edifício é simétrico e adota
medidas padronizadas para portas e janelas, facilitando o processo de industrialização da
construção da edificação.
Além disso cada escada atende apenas a metade do prédio e ainda sim tem o
dimensionamento para atender ao prédio por inteiro, servindo perfeitamente em caso de
emergências, outra modificação é que a escada é mais ampla facilitado a realização da
mudança de seus usuários. E ainda possui um vão que perpassa todo o prédio na vertical,
servindo como ventilação e entrada de luz zenital.
80
Figura 29 - Meio pavimento tipo com dois apartamentos.
Os apartamentos são amplos e atendem a diversas fachas de PNR: Sub Ten – Sgt, Cap-
Ten e Of. Superiores.
O quarto de empregada é reversível, podendo se integrar ao restante do imóvel
transformando o apartamento de 3 quartos com dependência em um 4 quartos com 2 suítes.
Os shaft de manutenção para descida de tubulação dos banheiros e da cozinha pode ser
acessado pelo lado externo do prédio, não necessitando incomodar o inquilino para possíveis
reparos.
O apartamento possui entrada social e de serviço e a sala é ampla comportando
perfeitamente uma sala de jantar e sala de TV.
81
4.4. Avaliação das mudanças conforme os critérios da LEED
Inicialmente, Preenchendo a Tabela de Checklist para o registro do Projeto existente
na LEED.
LEED-NC Version 3.0 Registered Project Checklist PNR Cap/Ten de 6 pavimentos - Belém BELÉM, PARÁ, BRASIL
Yes ? No
Sustainable Sites 14 Points
Y
Prereq 1 Construction Activity Pollution Prevention Required
Y
Credit 1 Site Selection 1
Y
Credit 2 Development Density & Community Connectivity 1
Y
Credit 3 Brownfield Redevelopment 1
Y
Credit 4.1 Alternative Transportation , Public Transportation Access 1
Y
Credit 4.2 Alternative Transportation , Bicycle Storage & Changing Rooms 1
N
Credit 4.3 Alternative Transportation , Low-Emitting and Fuel-Efficient Vehicles 1
Y
Credit 4.4 Alternative Transportation , Parking Capacity 1
N
Credit 5.1 Site Development, Protect of Restore Habitat 1
N
Credit 5.2 Site Development, Maximize Open Space 1
Y
Credit 6.1 Stormwater Design, Quantity Control 1
N
Credit 6.2 Stormwater Design, Quality Control 1
N
Credit 7.1 Heat Island Effect, Non-Roof 1
N
Credit 7.2 Heat Island Effect, Roof 1
N
Credit 8 Light Pollution Reduction 1
Yes ? No
Water Efficiency 5 Points
N
Credit 1.1 Water Efficient Landscaping , Reduce by 50% 1
N
Credit 1.2 Water Efficient Landscaping , No Potable Use or No Irrigation 1
N
Credit 2 Innovative Wastewater Technologies 1
N
Credit 3.1 Water Use Reduction , 20% Reduction 1
Credit 3.2 Water Use Reduction , 30% Reduction 1
Yes ? No
Energy & Atmosphere 17 Points
82
Y Prereq 1 Fundamental Commissioning of the Building Energy Sy stems Required
Y N
Prereq 2 Minimum Energy Performance Required
Y Prereq 3 Fundamental Refrigerant Management Required
N
Credit 1 Optimize Energy Performance 1 to 10
N
Credit 2 On-Site Renewable Energy 1 to 3
N
Credit 3 Enhanced Commissioning 1
N
Credit 4 Enhanced Refrigerant Management 1
N
Credit 5 Measurement & Verification 1
N
Credit 6 Green Power 1
continued…
Yes ? No
Materials & Resources 13 Points
Y N
Prereq 1 Storage & Collection of Recyclables Required
N
Credit 1.1 Building Reuse , Maintain 75% of Existing Walls, Floors & Roof 1
N
Credit 1.2 Building Reuse , Maintain 100% of Existing Walls, Floors & Roof 1
N
Credit 1.3 Building Reuse , Maintain 50% of Interior Non-Structural Elements 1
N
Credit 2.1 Construction Waste Management , Divert 50% from Disposal 1
N
Credit 2.2 Construction Waste Management , Divert 75% from Disposal 1
N
Credit 3.1 Materials Reuse , 5% 1
N
Credit 3.2 Materials Reuse ,10% 1
N
Credit 4.1 Recycled Content , 10% (post-consumer + ½ pre-consumer) 1
N
Credit 4.2 Recycled Content , 20% (post-consumer + ½ pre-consumer) 1
N
Credit 5.1 Regional Materials , 10% Extracted, Processed & Manufactured Regionally
1
N
Credit 5.2 Regional Materials , 20% Extracted, Processed & Manufactured Regionally
1
N
Credit 6 Rapidly Renewable Materials 1
N
Credit 7 Certified Wood 1
Yes ? No
Indoor Environmental Quality 15 Points
Y
Prereq 1 Minimum IAQ Performance Required
Y N
Prereq 2 Environmental Tobacco Smoke (ETS) Control Required
N
Credit 1 Outdoor Air Delivery Monitoring 1
N
Credit 2 Increased Ventilation 1
N
Credit 3.1 Construction IAQ Management Plan , During Construction 1
N
Credit 3.2 Construction IAQ Management Plan , Before Occupancy 1
N
Credit 4.1 Low-Emitting Materials , Adhesives & Sealants 1
N
Credit 4.2 Low-Emitting Materials , Paints & Coatings 1
N
Credit 4.3 Low-Emitting Materials , Carpet Systems 1
N
Credit 4.4 Low-Emitting Materials , Composite Wood & Agrifiber Products 1
N
Credit 5 Indoor Chemical & Pollutant Source Control 1
83
Y
Credit 6.1 Controllability of Systems , Lighting 1
N
Credit 6.2 Controllability of Systems , Thermal Comfort 1
N
Credit 7.1 Thermal Comfort , Design 1
N
Credit 7.2 Thermal Comfort , Verification 1
N
Credit 8.1 Daylight & Views , Daylight 75% of Spaces 1
N
Credit 8.2 Daylight & Views , Views for 90% of Spaces 1
Yes ? No
Innovation & Design Process 5 Points
N
Credit 1.1 Innovation in Design : Provide Specific Title 1
N
Credit 1.2 Innovation in Design : Provide Specific Title 1
N
Credit 1.3 Innovation in Design : Provide Specific Title 1
N
Credit 1.4 Innovation in Design : Provide Specific Title 1
Y
Credit 2 LEED® Accredited Professional 1
Yes ? No
9 Project Totals (pre-certification estimates) 69 Points
Certified 26-32 points Silver 33-38 points Gold 39-51 points Platinum 52-69 points Tabela 4 - Checklist do projeto atual de PNR.
Como se pode notar foi atingido 9 pontos de 69 no total, o que não classifica o projeto no critério de avaliação. E ainda não atende aos pré-requisitos da LEED, não tendo nenhuma certificação.
Fazendo uma simulação da avaliação do projeto proposto, preenchendo a Tabela de
Checklist para o registro do Projeto proposto na LEED.
LEED-NC Version 3.0 Registered Project Checklist PNR Cap/Ten de 6 pavimentos - Belém BELÉM, PARÁ, BRASIL
Yes ? No
Sustainable Sites 14 Points
Y
Prereq 1 Construction Activity Pollution Prevention Required
Y
Credit 1 Site Selection 1
Y
Credit 2 Development Density & Community Connectivity 1
84
Y
Credit 3 Brownfield Redevelopment 1
Y
Credit 4.1 Alternative Transportation , Public Transportation Access 1
Y
Credit 4.2 Alternative Transportation , Bicycle Storage & Changing Rooms 1
N
Credit 4.3 Alternative Transportation , Low-Emitting and Fuel-Efficient Vehicles 1
Y
Credit 4.4 Alternative Transportation , Parking Capacity 1
Y
Credit 5.1 Site Development, Protect of Restore Habitat 1
Y
Credit 5.2 Site Development, Maximize Open Space 1
Y
Credit 6.1 Stormwater Design, Quantity Control 1
N
Credit 6.2 Stormwater Design, Quality Control 1
Credit 7.1 Heat Island Effect, Non-Roof 1
Y
Credit 7.2 Heat Island Effect, Roof 1
Y
Credit 8 Light Pollution Reduction 1
Yes ? No
Water Efficiency 5 Points
Y
Credit 1.1 Water Efficient Landscaping , Reduce by 50% 1
Y
Credit 1.2 Water Efficient Landscaping , No Potable Use or No Irrigation 1
N
Credit 2 Innovative Wastewater Technologies 1
Y
Credit 3.1 Water Use Reduction , 20% Reduction 1
Credit 3.2 Water Use Reduction , 30% Reduction 1
Yes ? No
Energy & Atmosphere 17 Points
Y
Prereq 1 Fundamental Commissioning of the Building Energy Sy stems Required
Y Prereq 2 Minimum Energy Performance Required
Y Prereq 3 Fundamental Refrigerant Management Required
Y
Credit 1 Optimize Energy Performance 1 to 10
N
Credit 2 On-Site Renewable Energy 1 to 3
Y
Credit 3 Enhanced Commissioning 1
N
Credit 4 Enhanced Refrigerant Management 1
N
Credit 5 Measurement & Verification 1
N
Credit 6 Green Power 1
continued…
Yes ? No
Materials & Resources 13 Points
Y
Prereq 1 Storage & Collection of Recyclables Required
N
Credit 1.1 Building Reuse , Maintain 75% of Existing Walls, Floors & Roof 1
N
Credit 1.2 Building Reuse , Maintain 100% of Existing Walls, Floors & Roof 1
Y
Credit 1.3 Building Reuse , Maintain 50% of Interior Non-Structural Elements 1
Y
Credit 2.1 Construction Waste Management , Divert 50% from Disposal 1
N
Credit 2.2 Construction Waste Management , Divert 75% from Disposal 1
85
Y
Credit 3.1 Materials Reuse , 5% 1
N
Credit 3.2 Materials Reuse ,10% 1
Y
Credit 4.1 Recycled Content , 10% (post-consumer + ½ pre-consumer) 1
N
Credit 4.2 Recycled Content , 20% (post-consumer + ½ pre-consumer) 1
N
Credit 5.1 Regional Materials , 10% Extracted, Processed & Manufactured Regionally
1
N
Credit 5.2 Regional Materials , 20% Extracted, Processed & Manufactured Regionally
1
Y
Credit 6 Rapidly Renewable Materials 1
Y
Credit 7 Certified Wood 1
Yes ? No
Indoor Environmental Quality 15 Points
Y
Prereq 1 Minimum IAQ Performance Required
Y Prereq 2 Environmental Tobacco Smoke (ETS) Control Required
N
Credit 1 Outdoor Air Delivery Monitoring 1
Y
Credit 2 Increased Ventilation 1
N
Credit 3.1 Construction IAQ Management Plan , During Construction 1
N
Credit 3.2 Construction IAQ Management Plan , Before Occupancy 1
Y
Credit 4.1 Low-Emitting Materials , Adhesives & Sealants 1
Y
Credit 4.2 Low-Emitting Materials , Paints & Coatings 1
Y
Credit 4.3 Low-Emitting Materials , Carpet Systems 1
Y
Credit 4.4 Low-Emitting Materials , Composite Wood & Agrifiber Products 1
N
Credit 5 Indoor Chemical & Pollutant Source Control 1
Y
Credit 6.1 Controllability of Systems , Lighting 1
N
Credit 6.2 Controllability of Systems , Thermal Comfort 1
N
Credit 7.1 Thermal Comfort , Design 1
N
Credit 7.2 Thermal Comfort , Verification 1
Y
Credit 8.1 Daylight & Views , Daylight 75% of Spaces 1
N
Credit 8.2 Daylight & Views , Views for 90% of Spaces 1
Yes ? No
Innovation & Design Process 5 Points
N
Credit 1.1 Innovation in Design : Provide Specific Title 1
N
Credit 1.2 Innovation in Design : Provide Specific Title 1
N
Credit 1.3 Innovation in Design : Provide Specific Title 1
N
Credit 1.4 Innovation in Design : Provide Specific Title 1
Y
Credit 2 LEED® Accredited Professional 1
Yes ? No
34 Project Totals (pre-certification estimates) 69 Points
Certified 26-32 points Silver 33-38 points Gold 39-51 points Platinum 52-69 points Tabela 5 - Checklist com o projeto do PNR de Belém, com a avaliação aspirada.
86
Como se pode notar foi atingido 34 pontos de 69 no total, o que classifica o projeto
como Prata no critério de avaliação. Com o aprimoramento do edifício em novos estudos e o
desenvolvimento de conhecimentos mais profundos sobre o assunto será possível adquirir
níveis mais altos de certificações.
Mas em um primeiro empreendimento o certificado de Prata é um grande êxito. E
certamente é um bom ponto de partida para outros estudos.
4.5. Análise econômica
Mesmo na iniciativa privada, onde as estratégias sustentáveis em edificações tem sido
constantemente adotadas, ainda esbarra na resistência de muitos empresários da construção
civil e até dos compradores de imóveis quanto à viabilidade e vantagens do negócio.
Entretanto, o avanço de estudos de ecoeficiência no Brasil e a consolidação desses projetos no
exterior, principalmente na Europa e Estados Unidos, tem comprovado a inconsistência desse
receio: em comparação com edifícios convencionais, prédios reconhecidos como verdes são
mais valorizados no mercado, apresentam velocidade de venda e taxas de ocupação
superiores, além de oferecerem uma performance atrativa para compradores e vendedores.
Porém, em se tratando de próprios nacionais residenciais do Exército, o que realmente
importa é a economia de recursos ao longo dos anos dos edifícios. E nesse sentindo, um
estudo da Tishman Speyer do Brasil, que adota uma ótica pragmática, calcada exclusivamente
na economia de água e energia, os dois fatores de principal impacto ambiental e responsáveis
pelos maiores índices de gastos de um imóvel durante sua vida útil de 50 anos. De acordo
com o estudo, a partir do incremento de 5% no custo total da construção do empreendimento,
o edifício proporciona uma redução de gasto mensal de operação (somados condomínio e
concessionárias) de R$ 3/m2. Isso corresponde ao abatimento dos gastos do condomínio e de
manutenção em até 40% e redução das despesas de água e energia de até 50%. No fim das
contas, apenas 34 meses o comprador pagaria, por meio de suas economias com os custos de
operação, investimento diferencial no período de obras por conta dos investimentos em
produtos auto sustentáveis.
No longuíssimo prazo, os ganhos são ainda maiores: a economia gerada em 50 anos de
uso com a implementação de pequenas soluções é tão visível e considerável que paga de cinco
a seis vezes o valor investido. Se chegasse ao mesmo valor, já seria considerado lucro, ainda
mais em se tratando de gestão de recursos naturais.
87
É importante lembrar ainda que os processos construtivos e dispositivos tecnológicos
levados em conta para a realização desse estudo se restringem a soluções já conhecidas de
grande parte dos empreendedores e que atendem à relação atrativa de alto impacto ambiental
versus baixo/médio custo de implantação, conforme mostra a tabela 4. Para redução do
consumo energético, foram considerados no estudo medidores individuais, lâmpadas PL,
automação de elevadores e de iluminação, motores de frequência variável para elevadores e
bombas de aquecimento solar de água.
Já no racionamento de água, que impacta diretamente a emissão de esgoto, foram
incluídos medidores individuais, chuveiros de baixo consumo, vaso sanitário dupla descarga,
reaproveitamento das águas cinzas, reaproveitamento de águas de chuva na irrigação e
automação da irrigação. “O maior impacto ambiental das construções ocorre durante a fase de
uso e operação (80%) e, nessas fases os fatores preponderantes são a água e energia”.
Focando esse estudo, foram estabelecidas prioridades que o PNR autossustentável
deveria atender. Em uma segunda fase de estratégia, o estudo foi confrontado com a planilha
de créditos de LEED, podendo-se definir a que pontos seriam dado ênfase a este primeiro
projeto, de maneira, que obtivéssemos o melhor resultado na avaliação LEED, quem que
tivéssemos que revolucionar completamente o projeto padrão e PNR’s.
88
Impacto ambiental
Custo de implantação
Alto Médio Baixo
Alto - Tratamento total de esgoto;
- Energia solar para aquecimento de água.
- Aproveitamento de águas de chuva;
- Metais sanitários debaixo consumo;
- Medição individual de gás;
- Medição individual de água;
-Tratamento superficial no piso das garagens.
- Retenção de água de chuva;
-Reserva de água de chuva;
-Lâmpadas de alta eficiência;
-Peças sanitárias de baixa vazão;
- Separação de lixo para reciclagem.
Médio - Reciclagem de água de banho e lavatório para uso em bacias sanitárias.
- Automatização da irrigação de áreas verdes;
-Automação da iluminação nas áreas comuns;
-Vidro laminado.
-Fachadas de cores bem claras;
-Cobertura vegetal no térreo;
-Isolamento térmico de coberturas.
Baixo - Isolamento térmico de fachadas;
- Uso de vidro insulado.
- Automação de elevadores.
- Uso de madeira reciclada nos móveis e revestimentos;
- revestimentos de piso e paredes facilmente laváveis.
Tabela 6 - Tabelas de impacto Ambiental x custo de implantação de estratégias autossustentáveis.
89
5. CONCLUSÃO E SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS
Este capítulo apresenta e discute as principais conclusões, fornecendo resposta aos
questionamentos da pesquisa. Com base nesta discussão, são propostas diversos estudos para
desenvolvimento integração de questões bioclimáticas ao projeto arquitetônico e sugeridos
temas para pesquisas futuras a partir dos resultados obtidos na presente pesquisa.
A utilização de metodologia similar ao proposto como ferramenta de trabalho pode
auxiliar os projetistas no desenvolvimento de edificações de menor impacto ambiental e
incentivar construtores e futuros usuários no cumprimento e fiscalização de serviços terceiros
de medidas sustentáveis no planejamento do projeto.
O conhecimento de prática sustentáveis e a disseminação de informações relacionadas
à minimização de impactos ambientais podem melhorar a qualidade do ambiente construído.
Todos os agentes envolvidos no processo de construção devem se conscientizar e buscar uma
interação entre eles para que os princípios da sustentabilidade façam parte dos
empreendimentos.
A incorporação de diretrizes e metas sustentáveis pelo mercado poderá ocorrer por
diversas motivações e fatores, como: aspectos de responsabilidade social das empresas, busca
de oportunidades e de novos mercados, redução de custos a longo prazo e maior lucratividade
e de novos mercados, agregação de valor ao produto oferecido, melhoria de imagem
corporativa e reconhecimento dos esforços dispensados a sustentabilidade. Diante do cenário
atual, a competitividade e a permanência no mercado são fatores decisivos capazes de levar as
empresas do setor à adoção de novas práticas de construção.
E em particular no estudo de caso apresentado, embora o processo de projeto não
esteja concluído na sua totalidade, até o momento o resultado é o desenvolvimento de um
projeto de uma edificação de um projeto residencial (PNR no padrão do Exército) que segue
os requerimentos da certificação ambiental LEED, com características de sustentabilidade e
alto desempenho nos pontos básicos exigidos pela certificação, destacando-se os principais
pontos implementados no projeto, sendo os principais diferenciais frente ao projeto atual:
Implantação sustentável. Estratégias bioclimáticas usadas no projeto de acordo à
analise climática para Belém, sendo estas: ventilação natural com sombreamento para verão e
uso de isolamento térmico; implantação favorável aos ventos e à orientação solar para a
cidade; fechamento maior na fachada junto a utilização de materiais com melhor desempenho
térmico; favorecimento da ventilação cruzada e ventilação por efeito chaminé por meio das
90
escadarias quando as condições climáticas permitem o não isso do ar condicionado e
iluminação natural mediante aberturas tratadas com sombreamento de acordo à cada fachada e
com difusores para evitar ganho térmico indesejável na parte social; incentivo ao transporte
alternativo não poluente por meio da implantação de bicicletários com vestiários; superfícies
como estacionamento e acesso tratadas com materiais que permitem uma maior
permeabilidade do solo; gerenciamento da água de chuva para maior infiltração no próprio
local, redução do efeito ilha de calor mediante adoção de coberturas metálicas com maior
refletância.
Uso racional de água. Sistemas de irrigação com uso de água de chuva, uso de
plantas nativas com menores requerimento de água e maior adaptação local, coleta de água de
chuva, reuso de águas cinzas e o uso de tecnologias inovadoras para um menor uso de água
por meio dos aparelhos consumidores, garantem a independência do sistema da rede de água
municipal.
Eficiência energética. Redução do custo energético do edifício por intermédio da
redução do uso de ar condicionado com estratégia de ventilação e adoção de equipamentos de
maior desempenho térmico; iluminação com menor potência instalada geral complementada
com o uso de iluminação de tarefa e iluminação natural.
Materiais e recursos. Implantação de sistema de coleta seletiva de materiais na
edificação para fins de reciclagem, especificação de materiais locais, regionais e com
conteúdo reciclado de uso de madeira certificada.
O processo de projeto resultou em grande aprendizado multidisciplinar para a equipe,
que se manteve envolvida e motivada com o desafio de trazer esta nova metodologia de
projeto para o Exercito, alem do interesse em fazer uma edificação sustentável. As
dificuldades que se apresentaram no processo de busca da certificação ambiental foram
principalmente comparar-se parâmetros de desempenho de outros país (Estados Unidos) em
relação à realidade brasileira, já que o LEED se desenvolve muito em base a norma de
desempenho já existentes no país, o que não ocorre no Brasil. O projeto se apresenta, até o
momento, como um produto com características de sustentabilidade impar para Belém.Como
perspectiva de trabalhos futuros propomos estudos similares para as diversas regiões
climáticas do Brasil, pois pela grande extensão territorial apresenta climas bem diferentes em
toda sua extensão e pesquisas mais especificas para o desenvolvimento de novas tecnologias a
complementarem e melhorarem o desempenho dos edifícios sustentáveis, tais como
91
desenvolvimento de metodologia para controle da qualidade do ar internamente e
externamente aos edifícios, sistemas de tratamento de esgoto, águas cinzas, monitoramento da
qualidade da água de reuso e gestão de resíduos no âmbito do Exército. Todas estas pesquisas
são prontamente empregáveis nos edifícios e unidades do Exército.
92
6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
USGBC. LEED NC Versão 3.0. Rating System for New Constructions and Renovations,
User Manual. Versão 3.0 disponível em http://www.usgbc.org/.
BRUNTLAND, G. H. (editor). Our Common Future: The World Comission in
Environment and Development. Oxford: Oxford University Press, 1987.
CIB INTERNATIONAL COUNCIL FOR RESEARCH AND INNOVATON IN BUILDING
AND CONSTRUCTION (Ed.). Agenda 21 on Sustainble Construction. CIB Report
Publication 237. Rotterdam: CIB, 1999.
LAMBERTS, R; DUTRA, L.; PEREIRA, F.O.R. Eficiência Energética na Arquitetura. 2.
ed.. São Paulo: Editora ProLivros, 2004.
SIDUSCON-SP SINDICATO DA INDUSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL DO ESTADO
DE SÃO PAULO. Meio Ambiente – Construção sustentável – Avaliação de
Sustentabilidade nas Edificações . Disponível em http://www.sindusconsp.com.br
Projeto Tecnologias para construção habitacional mais sustentável, Projeto FINEP 2386/04.
São Paulo. 2007.