Download - Monografia Mario
FACULDADE ÁREA 1
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
MÁRIO DOS SANTOS BULHÕES
APRECIAÇÃO ERGONÔMICA NO PROCESSO DE
PINTURA E ACABAMENTO EM UMA FÁBRICA DE MÓVEIS
SALVADOR
2010
MÁRIO DOS SANTOS BULHÕES
APRECIAÇÃO ERGONÔMICA NO PROCESSO DE
PINTURA E ACABAMENTO EM UMA FABRICA DE MÓVEIS
Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Engenharia de Produção da Faculdade ÁREA 1 – como parte dos requisitos necessários para obtenção de grau de Bacharel em Engenharia de Produção
Orientador: Profª. Suzi Mariño. Drª.
SALVADOR
2010
TERMO DE APROVAÇÃO
MÁRIO DOS SANTOS BULHÕES
APRECIAÇÃO ERGONÔMICA NO PROCESSO DE PINTURA E ACABAMENTO EM UMA FABRICA DE MÓVEIS
Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia de Produção com Ênfase em Gestão Empresarial, Faculdade Área 1, pela seguinte banca examinadora:
Aprovada em __ de __________ de 2010.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________
Profa. Suzi Maria Mariño, Pós Doutora
Faculdade ÁREA 1
__________________________________________________
Profa. Célia Correia, MestreUNEB
____________________________________________________
Prof. André Veiga, EspecialistaFACULDADE ÁREA 1
FICHA CATALOGRÁFICA
Agradeço a DEUS, por mais uma etapa da minha vida sendo
alcançada no momento em que faço a conclusão do curso de
graduação, algo tão sonhado, e representativo, almejado por
muitos, mas conquistado por poucos. E agora? Como vou fazer
com as informações transformadas em conhecimento nesse
período fantástico de 5 anos. Então essa é a minha profissão, e vou
contribuir depositando mais trabalho e afinco para a melhora da
qualidade de vida do ser humano, seja direta ou indiretamente.
AGRADECIMENTOS
A minha querida mãe Maura Bulhões, minha irmã e irmão Márcia e Marcos, acredito que sem a ajuda deles não teria concretizado tal objetivo.
A minha orientadora Suzi, pela sua orientação, apoio e incentivo durante a realização deste trabalho.
Ao Professor e Orientador temático Tomm Joe Elliott. Prof. Dr, pela sua orientação, apoio e incentivo durante as disciplinas de Planejamento Estratégico e Monografia I.
Ao Professor Dourival Junior, que contribuiu para a conclusão desta graduação.
E “aos mestres com carinho”, agradeço a todos do Curso, que contribuíram muito na realização de um grande sonho.
Aos meus verdadeiros amigos presentes sempre em minha vida, agradeço pelo apoio e pelo incentivo nos momentos de dificuldades.
A todos os meus colegas de curso, pelo companheirismo e união.
RESUMO
Levantar quais ações trará a minimização das disfunções presentes no
setor de pintura e acabamento, verificando os transtornos posturais, de forma a
possibilitar maior fluidez nos processos e a principal tarefa deste projeto. As
disfunções ergonômicas no ambiente de trabalho geram uma série de problemas
que acarretam o desempenho dos profissionais nos mais variados segmentos do
mercado de trabalho. É de se entender a que a apreciação ergonômica é utilizada
de forma sistemática visando a diminuição do desconforto e o aumento da
produtividade nos setores de trabalho, foi justamente através desta metodologia
que pode-se analisar, identificar e tratar dos problemas de natureza ergonômica
ocorridos no setor de pintura da fábrica em estudo, onde o reflexo desta ação é
expresso em inúmeros benefícios para a empresa, podendo se citado; a redução
do número de afastamentos por doenças ocupacionais, a diminuição do
absenteísmos e dos custos de retrabalho, bem como o aumento da eficiência e da
produtividade no processos de pintura e acabamento dos móveis garantindo a
qualidade dos produtos e serviços oferecidos da unidade produtiva.
Palavras-chave: Ergonomia, Produtividade, atividades repetitiva, posturas.
ABSTRACT
What actions will raise the minimization of the dysfunctions present in the field of
painting and finishing, checking for postural disorders in order to allow more fluidity in
the processes and the main task of this project. The ergonomic disorders in the
workplace generate a series of problems that involve the performance of professionals
in various segments of the labor market. It is to understand that the ergonomic
assessment is used consistently in order to decrease the discomfort and increased
productivity in the sectors of work, it was precisely through this methodology that can
analyze, identify and deal with ergonomic problems were occurring in the industry paint
factory in a study where the effect of this action is expressed in numerous benefits for
the company and may be cited; reducing the number of removals for occupational
diseases, reduced absenteeism and costs of rework, as well as increased efficiency
and productivity in the processes of painting and finishing of furniture ensuring the
quality of products and services of the plant.
Key words: Ergonomics, Productivity, repetitive activities, postures.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 – Sistema de Alavanca 1º grau 26
Figura 02 – Sistema de Alavanca 2º grau 26
Figura 03 – Modelo Biomecânico do corpo humano composto 28
Figura 04 - O músculo opera em condições desfavoráveis de irrigação sanguínea... 32
Figura 05 – Deformações da coluna vertebral 38
Figura 06 – Fatores de carga considerados na equação de NIOSH 42
Figura 07 – As pegas tipo “pinça” devem ser substituídas por manuseios de agarrar 46
Figura 08 – A carga sobre a coluna vertebral 47
Figura 09 – Levantamento de cargas 48
Figura 10 – A postura de Cócoras 51
Figura 11 – Mecanismo de equilíbrio 52
Figura 12 – Área de alcance das mãos para o trabalho de pé 55
Figura 13 - Áreas de alcance das mãos para o trabalho de pé 56
Figura 14 - Ângulos de Visão Recomendados 56
Figura 15 - Estações com altura proporcional 57
Figura 16 - Bancada com altura regulável 58
Figura 17 - Caracterização e posição serial do sistema 79
Figura 18 - Caracterização do sistema 80
Figura 19 - Expansão do sistema 81
Figura 20 - Modelagem comunicacional do Sistema 82
Figura 21 - Fluxograma funcional Ação – Decisão 83
Figura 22 - Regiões e níveis de dor/desconforto 94
Figura 23 - Lay Out Sistema Alvo: Setor de pintura e acabamento 95
FIGURAS PROBLEMATIZAÇÃO
Figura 01 à 8: Problemas interfaciais/posturais 86
Figura 09 à 11: Problemas movimentação materiais 89
Figura 12 à 13: Problemas acionais manuais e pedisos 90
Figura 14 à 17: Espaciais arquiteturais e interiores 90
Figura 18 à 20: Problemas interfaciais posturais 91
Figura 21: Manuais e pediosos 92
Figura 22: Problemas químicos ambientais 93
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01 - Relação entre o grau de contração muscular e o tempo suportável. 61
Gráfico 02- Variações do rendimento e da fadiga visual em função do nível de iluminamento 65
Gráfico 03 – Redução do tempo necessário à exposição visual, com o aumento do nível de iluminamento 67
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 - Força máxima das pernas, braços e costas para diferentes percentis da população feminina e masculina 43
Tabela 02 - Qualidade da pega (C) para a equação de NIOSH 43
Tabela 03 - Valores de F para a equação de NIOSH multiplicadores de Frequência (F) 48
Tabela 04 - Definição das principais variáveis usadas na iluminação 65
Tabela 05- Tabela GUT – gravidade x urgência x tendência 97
LISTA DE TERMOS TÉCNICOS
Lux – Iluminamento de uma superfície de área igual a 1(m2) recebendo na direção
normal um fluxo luminoso de um Lúmen, uniformemente distribuído.
Lúmen – Fluxo Luminoso emitido segundo um ângulo sólido de um esfereo
radiano, por fonte puntiforme de intensidade invariável, de igual valor em todas as
direções.
Reprodutibilidade cromática - É a variação dos resultados entre pessoas diferentes
fazendo medição ou inspeção dos mesmos itens, usando os mesmos métodos ou
equipamentos. Também indica a variação entre instrumentos de medição idênticos.
Avalia a iluminação de lâmpadas de acordo com a distribuição do nível de
iluminamento, baixa ou alta.
dB(A) – (dê-bê-a) - indicação do nível de intensidade sonora medida com
instrumento de nível de pressão sonora operando no circuito de compressão "A". O
dB (A) é usado para definir limites de ruídos contínuos ou intermitentes;
ABREVIATURAS
EPI- Equipamento de Proteção Individual
NR – Normas Regulamentadoras
ISO – Organização Internacional para Normalização (International Organization for
Standardization)
MMSS – Membros Superiores
MMII – Membros Inferiores
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 19
1. APRECIAÇÃO ERGONÔMICA NO PROCESSO DE PINTURA E ACABAMENTO EM UMA FÁBRICA DE MÓVEIS 19
2. ERGONOMIA 21
2.1 RISCOS ERGONÔMICOS 21
2.2 TIPOS DE RISCOS ERGONÔMICOS 21
2.3 QUANTO À INTERDISCIPLINARIDADE 23
2.4 FATORES CONSIDERADOS PARA PROJETO DE UM SISTEMA DE TRABALHO 24
3. ETAPAS DA INTERVENÇÃO ERGONOMICA 25
3.1 APRECIAÇÃO ERGONÔMICA 25
3.2 DIAGNOSE ERGONÔMICA 25
3.3 PROJETAÇÃO ERGONÔMICA 25
3.4 AVALIAÇÃO, VALIDAÇÃO E/OU TESTES ERGONÔMICA 26
3.5 PROJEÇÃO ERGONÔMICA 26
4. A PREDOMINÂNCIA DAS ALAVANCAS 27
4.1 O CORPO HUMANO COMO UM SISTEMA DE ALAVANCAS 29
5. BIOMECÂNICA OCUPACIONAL 31
5.1 CONTRAÇÕES ISOTÔNICAS (OU DINÂMICAS) X CONTRAÇÕES ISOMÉTRICAS (OU ESTÁTICAS) 31
5.2TRABALHOS ESTÁTICO E DINÂMICO 32
5.3TRABALHO ESTÁTICO 32
5.4TRABALHO DINÂMICO 33
5.5SITUAÇÕES BIOMECANICAMENTE INCORRETAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS 34
6. POSTURAS DO CORPO 36
6.1 COUNA VERTEBRAL 36
6.2 NUTRIÇÃO DA COLUNA 37
6.3 DEFORMAÇÃO DA COLUNA 37
6.4 POSTURAS DO CORPO 39
6.5 LEVANTAMENTO DE CARGAS 42
6.6 TRANSPORTE DE CARGAS 45
6.7 RESISTÊNCIA DA COLUNA 48
6.8 CAPACIDADE DE CARGA MÁXIMA 48
6.9 POSIÇÃO SENTADA 48
7 POSTURA DE CÓCORAS 49
7.1 POSTURA DE PÉ 50
8. POSTOS DE TRABALHO 52
8.1 ÁREAS DE ALCANCE DAS MÃOS PARA O TRABALHO DE PÉ 52
8.2 DIMENSÕES RECOMENDADAS PARA POSTO DE TRABALHO DE PÉ 54
8.3 REGRAS BÁSICAS DE ERGONOMIA PARA A ORGANIZAÇÃO BIOMECÂNICA DO TRABALHO 55
9.ORGANISMO HUMANO 58
9.1 TRABALHO MUSCULAR 58
9..2 INICIO DA ATIVIDADE 58
9.3 FADIGA MUSCULAR 59
10. AMBIENTES DE ILUMINAÇÃO 60
10.1 EFEITOS FISIOLÓGICOS DA ILUMINAÇÃO 60
10.2 QUANTIDADE DE LUZ 60
10.3 TEMPO DE EXPOSIÇÃO 63
10.4 PREVENÇÃO DE FADIGA VISUAL 64
10.5 PLANEJAMENTO DE ILUMINAÇÃO 65
10.5.1 Agentes químicos 66
10.5.2 Aerodispersoídes 66
10.5.3 Principais agentes químicos 70
11. DELINEAMENTO DA PESQUISA 69
11.1JUSTIFICATIVA 69
11.2 OBJETIVOS 71
11.2.1 Geral 71
11.2.2 Específicos 71
11.3 METODOLOGIA 72
11.3.1 Contexto e participantes 72
11.3.2 Procedimentos e instrumentos de coleta de dados 72
11.3.3 Métodos e técnicas 72
12 RESULTADOS DA APRECIAÇÃO ERGONÔMICA 73
12.1 RESULTADOS DA SISTEMATIZAÇÃO DO SISTEMA HOMEM – TAREFA – MÁQUINA 72
12.2 RESULTADO DA PROBLEMATIZAÇÃO DO SISTEMA HOMEM – TAREFA – MÁQUINA 72
12.2.1 Reconhecimento do problema 72
12.2.2 Delimitação do problema 77
12.2.3 Formulação do problema 79
12.2.4 Custos humanos do SHTM 91
12.2.5 Parecer ergonômico 91
12.2.6 Tabela GUT – gravidade x urgência x tendência 92
13. ANÁLISE DE DADOS 93
14. SUGESTÕES PRELIMINARES DE MELHORIAS 95
CONCLUSÃO 98
REFERÊNCIAS 99
18
INTRODUÇÃO
1. APRECIAÇÃO ERGONÔMICA NO PROCESSO DE PINTURA E ACABAMENTO EM UMA FABRICA DE MÓVEIS.
A constatação de que se produz mais e melhor, quando nossas
necessidades estão satisfeitas no ambiente em que trabalhamos, é o motivo pelo
qual desenvolvo este estudo.
A aplicação da ergonomia como metodologia para soluções de problemas
ocorridos na interação homem-máquina, é citada por Moraes (2000), como forma
eficaz para a solução desta problemática que circundar a ação do homem em sua
atividade laboral.
Os problemas de natureza postural/interfacial apresentam uma maior
gravidade durante a execução das atividades, interferindo na saúde e bem-estar
dos trabalhadores. As tarefas realizadas exigem movimentos excessivos do corpo
exercendo forças desnecessárias. Atividades como lixar e polir os móveis requer
um dispêndio muito grande de energia, provocando sobrecarga nos músculos e
articulações, o que podem segundo Iida (2005), provocar contrações isométricas
ou (estática), quando a contração muscular estiver entre 15 a 20% da força máxima
do músculo, a circulação continua a ocorrer normalmente. Quando essa contração
chegara 60%, o sangue deixa de circular no interior dos músculos. Um músculo
sem irrigação sanguínea fatiga-se rapidamente, não sendo possível mantê-Io
contraído por mais de 1 ou 2 minutos . A dor que se segue, provoca uma
interrupção obrigatória do trabalho, por conseguinte gerando perda da qualidade e
produtividade das tarefas realizas pelos funcionários.
19
Problemas de natureza espacial, químico/ambiental e acional/pediosos,
também influenciam diretamente na capacidade de produção dos funcionários,
gerando assim um déficit operacional, bem como problemas do tipo: Lesões por
esforços repetitivos, mal estar, cefaléia, alergias e complicações devido à
exposição aos gases e vapores insalubres. Será através da apreciação ergonômica
que se poderá analisar, identificar e tratar dos problemas de natureza ergonômica,
ocorridos nos ambientes de produção; com isso pode-se espera a ocorrência de
uma melhoria da eficiência nos sistemas abordados.
Metodologias como a que foi citada acima entre outras, são responsáveis
por tornarem as atividades humanas mais confortáveis e mais seguras,
repercutindo positivamente nos processos de manufatura.
20
2. ERGONOMIA
Conforme Moraes e outros (1989), o termo ergonomia é derivado das
palavras gregas ergon (trabalho) e nomos (regras). De fato, na Grécia antiga o
trabalho tinha um duplo sentido: ponos que designava o trabalho escravo de
sofrimento e sem nenhuma criatividade e, ergon que designava o trabalho arte de
criação, satisfação e motivação. Tal é o objetivo da ergonomia, transformar o
trabalho ponos em trabalho ergon.
Os primeiros estudos sobre o homem em atividade profissional foram
realizados por engenheiros, médicos do trabalho e pesquisadores de diversas
áreas de conhecimento. O termo ergonomia foi utilizado pela primeira vez, em
1857, pelo polonês W. Jastrzebowski, que publicou um artigo intitulado “Ensaio de
ergonomia ou ciência do trabalho baseada nas leis objetivas da ciência da
natureza”.
No sentido etimológico do termo: Ergonomia significa estudo das leis do
trabalho.
Murrel -1949 – época que iniciou a concepção sobre a Ergonomia: É
conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem e necessário para os
engenheiros conceberem ferramentas, máquinas e conjuntos de trabalhos que
possam ser utilizados com máximo conforto, segurança e eficiência.
Singleton (1972) é a tecnologia do projeto de trabalho.
Laville (1977) é o conjunto de conhecimentos relativos ao comportamento
do homem em atividade, a fim de aplicá-los á concepção das tarefas, dos
instrumentos, das máquinas e dos sistemas de produção.
21
Aurélio: Estudo científico dos problemas relativo ao trabalho humano e que
devem ser levados em conta na projeção de máquinas e equipamentos e
ambiente de trabalho.
Research Society (U.K.) - Sociedade Nacional de Ergonomia:·é o estudo
do relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente e,
particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e
psicologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento.
International Ergonomics Association (IEA): é o estudo científico da
relação entre o homem e seus meios, métodos e espaços de trabalho. Seu
objetivo é elaborar, mediante a contribuição de diversas disciplinas científicas que
a compõem, um corpo de conhecimentos que, dentro de uma perspectiva de
aplicação, deve resultar em uma melhor adaptação ao homem dos meios
tecnológicos e dos ambientes de trabalho e de vida
Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO): “A ergonomia é o estudo
da adaptação do trabalho às características fisiológicas e psicológicas do ser
humano”.
Definição da OIT “é a aplicação das ciências biológicas humanas e o
ajustamento mútuo ideal entre o homem e seu trabalho, cujos resultados se
medem em termos de eficiência humana e bem estar no trabalho”. É um conjunto
de ciências e tecnologias que procura o ajuste confortável e produtivo entre o ser
humano e o seu trabalho.
De acordo com Mariño (1989) dizem que "a ergonomia seja no enfoque
Francês, ou no Americano, lança mão de métodos e técnicas de pesquisa já
consagrados por outras ciências e disciplinas tecnológicas, seu objeto o
trabalhador no seu local de trabalho também é o foco da engenharia de produção
e do estudo de métodos. A ergonomia divide seu objetivo, quer seja, adaptar o
trabalho a maquinaria e equipamentos às características e capacidades humanas,
ou seja, melhorar as condições específicas do trabalho humano, como a higiene,
conforto e segurança do trabalho.
22
2.1RISCOS ERGONÔMICOS
São os fatores psico-fisiológicos relacionados ao trabalho que o ser
humano fica exposto durante o desenvolvimento de suas atividades.
2.2TIPOS DE RISCOS ERGONÔMICOS
Trabalho físico pesado, posturas incorretas, treinamento
inadequado/insistente, trabalhos em turno, trabalho noturno, monotonia,
repetitividade, ritmo excessivo, pressão explícita ou implícita para manter este
ritmo, metas estabelecidas sem a participação dos empregados e colaboradores,
patamares de metas de produção crescentes sem a adequação das condições
2.3QUANTO À INTERDISCIPLINARIDADE:
A ergonomia caracteriza-se por reunir diversos campos do conhecimento
humano; portanto, diferentes profissionais atuarão nas empresas, buscando a
adequação do ambiente de trabalho:
Médico de trabalho: ajuda na identificação dos locais que provocam
acidentes ou doenças ocupacionais, e realiza acompanhamento de saúde;
Psicólogo: envolvido no recrutamento, seleção e treinamento de pessoal;
auxilia na implantação de novos métodos de trabalho;
23
Engenheiro: contribui nos aspectos técnicos e tecnológico, modificando
máquinas ambientes e processo.
Desenhista industrial: auxilia na concepção e adaptação de máquinas,
equipamentos, ferramentas, postos de trabalho e sistemas de comunicação
Enfermeiro do trabalho: contribui nas recuperações de trabalhadores e na
prevenção de doenças ocupacionais; acidentados, e na de Segurança
Engenheiro/Técnico de segurança: ajuda na identificação e correção de
condições salubres e perigosas;
Programador de produção: contribui para criar um fluxo de trabalho mais
uniforme, evitando fadiga e sobrecarga;
2.4FATORES CONSIDERADOS PARA PROJETO DE UM SISTEMA DE
TRABALHO.
Trabalhador: levam-se em conta as características físicas, fisiológicas,
sociais e de, treinamento e motivação;
Máquinas: são todas as ajudas materiais que o homem utiliza no seu
trabalho, englobando os equipamentos e instalações e mobiliários;
Ambiente: todas as características do ambiente físico que envolve o
trabalhador durante a realização de seu trabalho como temperatura, ruídos,
vibração, iluminação, presença de poeiras, gases, radiação;
Informação: formas de comunicação existentes entre os elementos de um
sistema, a transmissão de informações e tomada de decisão; alimentação
e tomada de decisão;
Organização: conjunto dos fatores anteriores no sistema produtivo,
envolvendo processo e pessoas e a administração dos mesmos alem da
administração da empresa.
24
3. ETAPAS DA INTERVENÇÃO ERGONÔMICA
3.1APRECIAÇÃO ERGONÔMICA
Segundo Moraes (2000, citado por PEQUINI, 2007), a apreciação
ergonômica mapeia os problemas ergonômicos de determinado posto de trabalho,
ou seja, analisa o sistema máquina-tarefa-homem, assim os itens observados são:
Posturais, informacionais, acionais, cognitivos, comunicacionais, interacionais, de deslocamento, movimentacionais, operacionais, espaciais, físico ambientais, biológicos. Fazem-se observações no local de trabalho e entrevistas com supervisores e trabalhadores, (MORAES, citado por PEQUINI, 2005).
3.2DIAGNOSE ERGONÔMICA
Moraes (2000, citado por PEQUINI, 2007), mostra uma sequência para
desenvolvimento de ações ergonômicas. Logo a diagnose permite um maior
aprofundamento dos itens que são observados em uma análise ergonômica,
sempre comparando com a demanda. A autora indica que o ambiente físico,
tecnológica e o ambiente organizacional da tarefa devem ser levados em
consideração nessas fases da análise ergonômica. A metodologia para essa etapa
pode utilizar-se de vídeos, fotos, entrevistas e questionários.
3.3 PROJETAÇÃO ERGONÔMICA
E segundo Moraes (2000, citado por PEQUINI, 2007), a etapa de
mudanças, ou seja, a recomendação identificada nas etapas anteriores e são
colocadas em prática com objetivo de analisar seus resultados propostos.
25
A projetação ergonômica trata de adaptar as estações de trabalho, equipamentos e ferramentas às características físicas, psíquicas e 27 cognitivas do trabalhador / operador / usuário/ consumidor / manutenidor / instrutor. Compreende o detalhamento do arranjo e da conformação das interfaces, dos subsistemas e componentes instrumentais, informacionais, acionais, comunicacionais, interacionais, instrucionais, movimentacionais, espaciais e físico-ambientais. Termina com o projeto ergonômico.
(MORAES citado por PEQUINI 2009 p. 29).
3.4 AVALIAÇÃO, VALIDAÇÃO E/OU TESTES ERGONÔMICO
Nessa etapa Moraes (2000 citado por PEQUINI, 2007) solicita mais a
participação dos colaboradores envolvidos no processo. E é a resposta de
simulações e teste para as melhorias sugeridas nos postos de trabalho. A
finalidade é reproduzir o mais próximo possível de uma nova realidade que será
implementada no ambiente, seja ele organizacional, físico ou de processo. Sempre
em busca da aprovação e da validação das pessoas envolvidas no processo.
3.5 DETALHAMENTO ERGONÔMICO E OTIMIZAÇÃO
Para finalizar a sequência sugerida por Moraes (2000 citado por PEQUINI,
2007) a última etapa passa por um processo continuo de avaliação, assim, tem-se
a possibilidade de revisar as mudanças sugeridas conforme diz os autores:
[...] compreendem a revisão do projeto, após sua avaliação pelo contratante e validação pelos operadores, conforme as opções do decisor, segundo as restrições de custo, as prioridades tecnológicas da empresa solicitante, a capacidade instalada do implementador e as soluções técnicas disponíveis. Termina com as especificações ergonômicas para os subsistemas e componentes interfaciais, instrumentais, informacionais, acionais, comunicacionais, interacionais, instrucionais, movimentacionais, espaciais e físico-ambientais, (MORAES, citado por PEQUINI 2009).
26
4. A PREDOMINÂNCIA DAS ALAVANCAS
Conforme Apostila Ergonomia Industrial – Engenheiro de Produção (2009),
todas as vezes que se coloca um segmento rígido, girando sobre um ponto de
apoio ou fulcro, submetido à ação de uma força ou potência que age contra uma
resistência, temos uma alavanca
Pode se fazer raciocínio semelhante para interpretar as funções do sistema
osteomuscular do ser humano: o segmento rígido é o osso, o ponto de apoio ou
fulcro é a articulação, a potência é exercida pelos músculos e a resistência é o
peso do segmento corpóreo, ou mesmo um peso que esteja sendo levantado.
Na mecânica são descritos três tipos de alavancas, dependendo da
posição relativa dos diversos componentes:
Alavanca de 1o grau: neste tipo, o ponto de apoio se encontra entre a
potência e a resistência. É fácil compreender que quanto maior for à distância da
potência ao ponto de apoio, tanto menor que ser a potência necessária para vencer
uma determinada resistência. Surge assim, um conceito extremamente importante
em biomecânica, qual seja, o braço de potência e de braço de resistência . Braço
de potência é à distância da potência ao ponto de apoio, e braço de resistência, é à
distância da resistência ao ponto de apoio. Assim, quanto maior o braço de
potência, tanto menor terá que ser a força para equilibrar ou vencer uma
determinada resistência.
27
Figura 01 – Sistema de alavanca 1º grau
Alavanca de 2o grau: aqui, como o braço de potência é sempre maior que
o braço de resistência, a intensidade da força necessária para vencer uma
determinada resistência é sempre menor que o valor nominal da resistência. Este
tipo de alavanca não é praticamente encontrado nos segmentos do nosso corpo.
Quando o ser humano tiver que fazer força ao executar uma tarefa, deve-se
propiciar-lhe a existência de uma boa alavanca de 2o grau, aumentando-se ao
máximo o braço de potência.
Figura 02 – Sistema de alavanca 2º grau
Alavanca de 3o grau: sua característica básica, é que o braço de potência
é sempre menor que o braço de resistência. Em outras palavras, para vencer uma
determinada resistência, há sempre necessidade de se desenvolver um esforço
físico bem maior do que o valor nominal da resistência a ser vencida. Este é o tipo
de alavanca predominante no nosso sistema osteomuscular. Se por um lado este
tipo de alavanca apresenta grande desvantagem mecânica
28
Mas existe outra situação em que o sistema pode estar estático sem
sobrecarga muscular: é quando houver uma anulação dos efeitos da resistência
sobre a articulação. Neste caso, não haverá atuação muscular simplesmente
porque não haverá resistência a vencer. Este é o caso da posição de pé: quando
os antebraços e os braços estão na vertical, quando o tronco está na vertical,
quando as coxas e as pernas estão na vertical, e quando a cabeça está na vertical,
toda a tendência de giro nas grandes articulações fica anulada, e o indivíduo não
tem necessidade de qualquer ação muscular para equilibrar o organismo. A única
exceção existe ao nível da articulação dos tornozelos, na qual, devido ao
alinhamento do organismo um pouco mais para frente, faz com que o corpo tenha
uma tendência a cair para frente, o que é sustentado pela contração prolongada
dos músculos da panturrilha.
Um aspecto complementar sobre a boa tolerância do ser humano à posição
de pé: uma vez tendo assumido a postura de pé, o indivíduo não precisa mais
utilizar suas áreas cerebrais para manter este estado, pois as áreas inferiores do
sistema nervoso central se encarregam deste tipo de atuação, liberando os centros
superiores para as tarefas não posturais associadas ao trabalho (pensar, comando
primário de ações motoras coordenadas), Apostila Ergonomia Industrial –
Engenheiro de Produção (2009).
4.1 O CORPO HUMANO COMO UM SISTEMA DE ALAVANCAS
Um músculo só tem dois estados possíveis: desenvolver tensão dentro de si
mesmo ou relaxar-se. Quando a tensão do músculo for suficiente para superar
certa resistência, há um encurtamento, que é chamado de contração concêntrica.
O caso inverso, em que a resistência supera a tensão, é chamado de contração
excêntrica e, mesmo tenso, pode haver um alongamento do músculo. Quando um
músculo desenvolve, uma tensão sem provocar movimentos do corpo, chama-se
contração estática ou isométrica, (IIDA, 2005).
29
Segundo Iida (2005), a estrutura biomecânica do corpo humano pode ser
vista como um conjunto de alavancas formado pelos ossos maiores que se
conectam nas articulações e são movimentados pelos músculos (Figura 16).
Figura 3 – Modelo biomecânico do corpo humano, composto
Para cada movimento, há pelo menos dois músculos que trabalham
antagonicamente quando um se contrai, outro se distende. O que se contrai
chama-se protagonista e o que relaxa antagonista. Por exemplo, ao fazer a flexão
antebraço sobre o braço há contração do bíceps e distensão do tríceps. Para
estender o antebraço, há inversão, com distensão do bíceps e contração do
tríceps.
30
Para evitar movimentos bruscos, a contração e a distensão do par de
músculos antagônicos devem ocorrer de forma coordenada, de modo que um deles
vá se contraindo e outro se distendendo. Afirma Iida (2005), que os trabalhadores
treinados conseguem fazer esses movimentos com mais facilidade, resultando em
movimentos harmônicos. Os músculos também podem funcionar de forma mais
complexa, fazendo parte de um conjunto maior, permitindo várias combinações de
movimentos, como as translações associadas a movimentos rotacionais.
5. BIOMECÂNICA OCUPACIONAL
5.1 CONTRAÇÕES ISOTÔNICAS (OU DINÂMICAS) X CONTRAÇÕES
ISOMÉTRICAS (OU ESTÁTICAS).
Afirma Couto (1994), a contração muscular predominante deve ser do tipo
dinâmico, devendo-se evitar, por todos os meios a contração estática, que é
ocasionadora de alto grau de fadiga muscular. A carga de trabalho físico pode ser
bem expressa numa relação entre as duas variáveis.
O esforço é predominantemente dinâmico quando um músculo está
executando uma contração de intensidade menor que 50% de sua força máxima; é
misto (estático e dinâmico) quando a contração for maior que 50% da força
máxima, e à medida que se aproxima de 100% da força máxima, o esforço se torna
apenas estático.
5.2 TRABALHOS ESTÁTICO E DINÂMICO
Seguindo Iida (2005), a irrigação sangüínea dos músculos é feita pelos
vasos capilares. Através desses capilares, o sangue transporta oxigênio até os
músculos e retira os subprodutos do metabolismo. A pressão sanguínea chega a
31
120 mm de Hg próximo do coração, mas vai diminuindo, à medida que se distancia
do mesmo e chega ao interior dos músculos com cerca de 30 mm de Hg, sendo
maior nas partes inferiores do corpo e menor nas mãos, quando os braços se
esticam para cima.
Quando um músculo está contraído, há um aumento da pressão interna, o
que provoca um estrangulamento dos capilares. Isso acontece com certa
facilidade, porque as paredes dos capilares são muito finas e a pressão sanguínea
nos músculos é baixa. Enquanto a contração muscular estiver entre 15 a 20% da
força máxima do músculo, a circulação continua a ocorrer normalmente. Quando
essa contração chegara 60%, o sangue deixa de circular no interior dos músculos.
Um músculo sem irrigação sanguínea fatiga-se rapidamente, não sendo
possível mantê-Io contraído por mais de 1 ou 2 minutos . A dor que se segue,
provoca uma interrupção obrigatória do trabalho.
5.3 TRABALHO ESTÁTICO
O trabalho estático é aquele que exige contração contínua de alguns
músculos, para manter uma determinada posição, afirma Iida e (2005). Esse tipo
de contração, que não produz movimentos dos segmentos corpóreos, é chamado
de contração isométrica. Isso ocorre, por exemplo, com os músculos dorsais e das
pernas para manter a posição de pé, músculos dos ombros e do pescoço para
manter a cabeça inclinada para frente, músculos da mão esquerda segurando a
peça para se martelar com a outra mão e assim por diante.
Um trabalho estático com aplicação de 50% da força máxima pode durar no
máximo 1min, enquanto que aplicações com menos de 20% da força máxima
permitem manter as contrações musculares estáticas durante um tempo maior.
32
Muitos autores recomendam que a carga estática não deva superar aos 8%
da força máxima quando os esforços precisam ser realizados diariamente, durante
varias horas (Grandjean, 1998). Se essa carga estática chegar a 15 a 20% da força
máxima e for executada durante dias e semanas a fio, provoca dores e sinais de
fadiga.
5.4 TRABALHO DINÂMICO
O trabalho dinâmico ocorre quando há contrações e relaxamentos
alternados dos músculos, como nas tarefas de martelar, serrar, girar um volante ou
caminhar, afirma Iida e outros (2005). Esse movimento funciona como uma bomba
hidráulica, ativando a circulação nos capilares, aumentando o volume do sangue
circulado em até 20 vezes, em relação à situação de repouso (Figura 04). O
músculo passa a receber mais oxigênio, aumentando a sua resistência à fadiga.
Figura 04 - O músculo opera em condições desfavoráveis de irrigação sanguínea durante o trabalho estático, com a demanda superando o suprimento, enquanto há equilíbrio entre a demanda e o suprimento nas condições de repouso ou trabalho dinâmico. (Lehmann, 1960)
Segundo Couto (1994), um indivíduo estará executando atividade física:
muito leve ou leve quando estiver usando até 25% de sua capacidade
aeróbica
33
moderadamente pesada, de 25 a 37,5% de sua capacidade aeróbica;
pesada, de 37,5 a 50%;
pesadíssima, de 50 a 62,5%;
extremamente pesada, acima de 62,5% de sua capacidade aeróbica.
5.5 SITUAÇÕES BIOMECANICAMENTE INCORRETAS E SUAS
CONSEQUÊNCIAS
Conforme Couto (1994) são inadequados às características da máquina humana:
1 Todas as situações em que o trabalhador tenha que fazer força física mesmo
entre aqueles indivíduos dotados de maior capacidade de força muscular, contar
com a máquina humana fazendo força física é inadequado e anti-ergonômico; seus
resultados são:
Distensões músculo-ligamentares mais comuns nos músculos que se
inserem nos ossos através de fáscias (tecidos frágeis), e não através de
tendões (estruturas mais preparadas para fazer força); Exemplo: músculos
das costas;
Compressão de estruturas nervosas bem marcante é o caso das mãos, em
que o esforço repetitivo e intenso de pressão ocasiona compressão das
ramificações do nervo mediano, que emerge para a mão exatamente na
região de sua base;
Desinserção da extremidade de fixação do tendão no osso é o caso do
músculo extensor radial do carpo, que se insere no cotovelo, numa região de
inserção muito pequena, desproporcional para o calibre da força do
músculo; esforços repetitivos e intensos com este músculo poderão
ocasionar o quadro de epicondilite lateral.
34
2 Todas as situações de esforço estático, ou isométrico. A consequência
primária chama-se fadiga muscular, em que ocorre dor no segmento afetado
devido ao acúmulo do ácido lático. A fadiga pode acarretar também o
aparecimento de tremores, que contribuem para ocorrência de erros na execução
das atividades.
As Dez situações de esforço estático, mais comuns no trabalho segundo
Couto (1994), são:
Trabalhar com o corpo fora do eixo vertical natural;
Sustentar cargas pesadas com os membros superiores;
Trabalhar rotineiramente equilibrando o corpo sobre um dos pés, enquanto o
outro aperta um pedal;
Trabalhar com os braços acima do nível dos ombros;
Trabalhar com os braços abduzidos de forma sustentada (posição de "asas
abertas");
Realizar esforços de manusear, levantar ou transportar cargas pesadas;
Manter esforços estáticos de pequena intensidade, porém durante um
grande período de tempo; por exemplo, trabalhar com terminal de vídeo de
computador muito elevado leva a esforço estático e fadiga dos músculos
trapézios;
Trabalhar sentado, porém sem utilizar o apoio para o dorso, sustentando o
tronco através de esforço estático dos músculos das costas;
Trabalhar sem apoio para os antebraços, e tendo que sustentá-los pela ação
dos músculos dos braços;
Trabalhar de pé, parado.
3 Todas as situações em que, ao fazer um esforço físico, a distância da potência
ao ponto de apoio esteja muito pequena e a distância da resistência ao ponto de
apoio esteja muito longa.
4 Todas as situações de desagregação do esforço muscular, isto é, quando o
indivíduo tem que fazer um esforço lento, sob controle, de sentido contrário ao que
35
seria a ação motora natural. Por exemplo, colocar uma caixa pesada no chão, de
forma lenta.
5.Todas as situações de esforço estático, ou isométrico. A consequência
primária chama-se fadiga muscular, em que ocorre dor no segmento afetado
devido ao acúmulo do ácido lático. Segundo Couto (1994), a fadiga pode acarretar
também o aparecimento de tremores, que contribuem para a ocorrência de erros
na execução das atividades.
6.POSTURAS DO CORPO
6.1 COLUNA VERTEBRAL
Segundo Iida (2005), coluna vertebral é uma estrutura óssea constituída de
33 vértebras empilhadas, uma sobre as outras. Classificam-se em cinco grupos. De
cima para baixo: 7 vértebras se localizam no pescoço e se chamam cervicais; 12
estão na região do tórax e se chamam torácicas ou dorsais; 5 estão na região no
abdômen e se chamam lombares; abaixo, 5 estão fundidas e formam o sacro e as
4 da extremidade inferior são pouco desenvolvidas e constituem o cóccix. Estas 9
últimas vértebras fixas situam-se na região da bacia e se chamam também de
sacrococcigeanas . Portanto, apenas 24 das 33 vértebras são flexíveis e, destas,
as que têm maior mobilidade são as cervicais (pescoço) e as lombares
(abdominais). As vértebras torácicas estão unidas a 12 pares de costela, formando
a caixa torácica, que limitam os movimentos. Cada vértebra sustenta o peso de
todas as partes do corpo situadas acima dela. Assim sendo, as vértebras inferiores
são maiores, porque precisam sustentar maiores pesos. Para equilibrar-se, a
coluna apresenta três curvaturas: a lordose (concavidade) cervical, cifose
(convexidade) torácica e a lordose lombar.
A coluna tem duas propriedades: rigidez e mobilidade. A rigidez garante a
sustentação do corpo, permitindo a postura ereta. A mobilidade permite rotação
36
para os lados e movimentos para frente e para trás. Isso possibilita grande
movimentação da cabeça e dos membros superiores. Entre uma vértebra e outra
existe um disco cartilaginoso, composto de uma massa gelatinosa. As vértebras
também se conectam entre si por ligamentos. Os movimentos da coluna vertebral
tornam-se possíveis pela compressão e deformação dos discos e pelo
deslizamento dos ligamentos. A coluna vertebral contém um canal formado pela
superposição das vértebras, por onde passa a medula espinhal, que se liga ao
encéfalo. A medula funciona como uma grande "avenida" por onde circulam todas
as informações sensitivas, que transitam da periferia para o cérebro e retomam,
trazendo as ordens para os movimentos motores. A ruptura da medula interrompe
esse fluxo, causando paralisia, afirma Iida (2005).
6.2 NUTRIÇÃO DA COLUNA
Os discos cartilaginosos da coluna não possuem vasos sanguíneos. Assim
sendo, dependem de um processo de difusão dos tecidos vizinhos, para receber
substâncias nutritivas. É semelhante a uma esponja molhada que é comprimida e
diminui de volume, perdendo água. Com a descompressão, aumenta novamente
de volume, absorvendo água com os nutrientes. Portanto, as compressões e
descompressões alternadas dos discos funcionam como uma bomba hidráulica,
que os irrigam. Uma contração prolongada dos discos, que ocorre, por exemplo,
em cargas estáticas, é muito prejudicial, porque interrompe esse processo
nutricional e pode provocar a sua degeneração, (IIDA, 2005).
6.3DEFORMAÇÕES DA COLUNA
A coluna é uma das estruturas mais fracas do organismo. Ela se
assemelha a um jogo de armar que fica na posição vertical, sustentado por
diversos músculos, que também são responsáveis pelos seus movimentos. Ela
apresenta maior resistência para forças na direção axial, sendo mais vulnerável
para forças de cisalhamento (perpendiculares ao eixo). Sendo uma peça muito
delicada, está sujeita a diversas deformações. Estas podem ser congênitas
37
(existem desde o nascimento das pessoas) ou adquiridas durante a vida, por
diversas causas, como esforço físico, má postura no trabalho, deficiência da
musculatura de sustentação, infecções e outras. Quase sempre, esses casos estão
associados a processos dolorosos. As principais anormalidades da coluna são a
lordose, cifose e escoliose (Figura 05).
Figura 05- Deformações típicas da coluna vertebral
Lordose - Corresponde a um aumento da concavidade posterior da
curvatura na região cervical ou lombar, acompanhado por uma inclinação
dos quadris para frente. E a postura que assume, por exemplo,
temporariamente, um garçom que carrega uma bandeja pesada com os
braços mantidos na frente do corpo.
Cifose - É o aumento da convexidade, acentuando-se a curva para frente
na região torácica, correspondendo ao corcunda. A cifose acentua-se nas
pessoas muito idosas.
Escoliose - É um desvio lateral da coluna. A pessoa vista de frente ou de
costas, pende para um dos lados, para direita ou para esquerda. As
pessoas portadoras dessas normalidades não estão impedidas de
trabalhar, mas dependendo do grau em que elas ocorrem, devem evitar
esforços físicos exagerados.
Evidentemente, é melhor prevenir para que essas deformações não
apareçam. Isso é feito com exercícios para fortalecer a musculatura
dorsal, e evitando-se cargas pesadas ou posturas inadequadas,
38
principalmente se estas forem prolongadas, sem permitir mudanças
frequentes.
Lombalgia – É "dor na região lombar". É provocada pela fadiga da
musculatura das costas. O tipo mais simples ocorre quando se
permanece durante muito tempo na mesma postura, com a cabeça
inclinada para frente. Pode ser aliviada com mudanças frequentes de
postura, levantando e sentando-se.
6.4POSTURAS DO CORPO
Conforme Iida (2005) postura é o estudo do posicionamento relativo de
partes do corpo, como cabeça, tronco e membros, no espaço. A boa postura é
importante para a realização do trabalho sem desconforto e estresse. A importância
da boa postura no trabalho tem sido recomendada desde o início do século
XVIII,quando Ramazzini (1999), descreveu, em 1700, as conseqüências danosas
de "certos movimentos violentos e irregulares e posturas inadequadas para o
artesão". Desde então, muitos pesquisadores tem descrito as conseqüências
danosas das condições severas de trabalho, ao corpo humano.
Muitas vezes, o trabalhador assume posturas inadequadas devido ao projeto
deficiente das máquinas, equipamentos, postos de trabalho e também, às
exigências da tarefa. O redesenho dos postos de trabalho para melhorar a postura
promove reduções da fadiga, dores corporais, afastamentos do trabalho e doenças
ocupacionais. Um exemplo típico é quando o trabalhador precisa inclinar-se para
levantar cargas a partir de uma superfície baixa ou precisa inclinar a cabeça para
fazer fixações visuais, como na operação do torno mecânico.
Afirma Iida (2005), existir três situações principais em que a má postura
pode produzir conseqüências danosas:
Trabalhos estáticos que envolvem uma postura parada por longos períodos;
Trabalhos que exigem muita força; e
39
Trabalhos que exigem posturas desfavoráveis, como o tronco inclinado e
torcido.
É na postura inadequada que as lesões são acentuadas. Por isso tratamos
aqui de alguns pontos fundamentais para a prevenção de problemas relacionados
à Ergonomia:
O levantar peso;
O sentar-se;
O transporte de cargas;
O agacha-se;
O estar em pé.
Segundo apostila Ergonomia Industrial - Engenheiro de Produção (2009), o
Ser humano, em diversos aspectos, pode ser comparado a uma máquina. Muito do
conhecimento da ergonomia aplicada ao trabalho advém do estudo da mecânica da
máquina humana. Os engenheiros mecânicos têm desenvolvido estudos
analisando as características mecânicas desta máquina, e com isso deduzindo
uma série de conceitos importantes na adaptação do ser humano ao trabalho.
A máquina humana tem pouca capacidade de desenvolver força física no
trabalho. O sistema osteomuscular do ser humano o habilita a desenvolver
movimentos de grande velocidade e de grande amplitude, porém contra pequenas
resistências.
6.5LEVANTAMENTO DE CARGAS
Conforme apostila Ergonomia Industrial - Engenheiro de Produção (2009)
não há qualquer problema em levantar cargas do chão agachando e levantando
com as pernas (posição agachada), desde que sejam observados os cuidados
complementares. Para cargas volumosas, deve ser utilizada a posição semifletida:
dobra-se as pernas um certo tanto, e encurva-se o tronco um certo tanto.
40
Para peças que possam ser pegas apenas com uma mão no interior de
caixas ou caçamba: apoiar um dos braços na borda da caçamba e levantar com a
outra; isto alivia a força de compressão nos discos intervertebrais.
Aplicar a técnica correta de levantamento Naturalmente a posição incorreta
e/ou peso excessivo tem alguns inconvenientes, como: dores Lombares, entorses e
deslocamento de discos. A necessidade de utilizar EPI; de peso avaliando sempre
o peso da carga; na posição agachada, a carga a ser pega do chão é 15Kg, na
posição fletida a carga a ser pegado chão é 18Kg, Nas melhores condições: 23 Kg
(carga elevada, próxima do corpo).
O manuseio de cargas segundo lida (2005), é responsável por grande parte
dos traumas musculares entre os trabalhadores. Aproximadamente 60% dos
problemas musculares são causados por levantamento de cargas e 20%, puxando
ou empurrando-as (BRIDGER, 2003).
Isso tem ocorrido principalmente devido à grande variação individual das
capacidades físicas, treinamentos insuficientes e freqüentes substituições de
trabalhadores homens por mulheres. Torna-se, então, necessário conhecer ai
capacidade humana máxima para levantar e transportar cargas, para que as
tarefas e as máquinas sejam corretamente dimensionadas dentro desses limites.
As situações de trabalho quanto ao levantamento de pesos podem ser
classificados em dois tipos. Um deles refere-se ao levantamento esporádico de
cargas, que está relacionado com a capacidade muscular. O outro, ao trabalho
repetitivo com levantamento de cargas, onde entra o fator de duração do trabalho.
Nesse caso, o fator limitativo será a capacidade energética do trabalhador e a
fadiga física.
41
EQUAÇÃO DE NIOSH PARA LEVANTAMENTO DE CARGAS
A equação de NIOSH (National Institute for Occupational Sajety and Health
EUA), para levantamento de cargas foi desenvolvida para calcular o peso limite
recomendável em tarefas repetitivas de levantamento de cargas. Essa equação foi
desenvolvida inicialmente em 1981 e revisada em 1991 tendo o objetivo de
prevenir ou reduzir a ocorrência de dores causadas pelo levantamento de cargas.
Ela refere-se apenas à tarefa de apanhar uma carga e desloca-Ia para deposita-Ia
em outro nível, usando as duas mãos. Foi desenvolvida por uma comissão de
cientistas que se baseou em critérios biomecânicos, fisiológicos e psicofísicos
(WALTERS et al., 1993).
Figura 06 - Fatores de carga considerados na equação de NIOSH.
A equação de NIOSH é expressa pela fórmula:
PRL = 23 X (25/H) X (1 - 0,003/[v - 75]) X (0,82 + 4,5/D) X (1 - 0,0032 X A) X F X C
TABELA 01 Qualidade da pega (C) para a equação de NIOSH
Qualidade de pegaCoeficiente de pega
V < 75 V ≥ 75
Boa 1,00 1,00
Média 0,95 1,00
Ruim 0,90 0,90
v = Altura inicial do levantamento, cm.
42
TABELA 02 Valores de F para a equação de NIOSH multiplicadores de frequência (F)
Frequência
Levantamentos/min
Duração do trabalho
≤ 1h ≤ 2h ≤ 8h
0,2 1,00 1,00 0,95 0,95 0,85 0,85
0,5 0,97 0,97 0,92 0,92 0,81 0,81
1 0,94 0,94 0,88 0,88 0,75 0,75
2 0,91 0,91 0,84 0,84 0,62 0,65
3 0,88 0,88 0,79 0,79 0,55 0,55
4 0,84 0,84 0,72 0,72 0,45 0,45
5 0,80 0,80 0,60 0,60 0,35 0,35
6 0,75 0,75 0,50 0,50 0,27 0,27
7 0,70 0,70 0,42 0,42 0,22 0,22
8 0,60 0,60 0,35 0,35 0,18 0,18
9 0,52 0,52 0,30 0,30 0,00 0,15
10 0,45 0,45 0,26 0,26 0,00 0,13
11 0,41 0,41 0,00 0,23 0,00 0,00
12 0,37 0,37 0,00 0,21 0,00 0,00
13 0,00 0,34 0,00 0,00 0,00 0,00
14 0,00 0,31 0,00 0,00 0,00 0,00
15 0,00 0,28 0,00 0,00 0,00 0,00
>15 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
V=Altura inicial do levantamento, cm.
6.6 TRANSPORTE DE CARGAS
Segundo Iida e outros (2005), a carga provoca dois tipos de reações
corporais. Em primeiro lugar, o aumento de peso provoca uma sobrecarga
fisiológica nos músculos da coluna e dos membros inferiores. Segundo, o contato
entre a carga e o corpo pode provocar estresse postural. As duas causas podem
provocar desconforto, fadiga e dores. O segundo ponto é estudado pela ergonomia,
43
com o objetivo de projetar métodos mais eficientes para o transporte de cargas,
reduzindo os gastos energéticos e os problemas músculo-esquelético.
Durante o transporte manual de cargas, a coluna vertebral deve ser
mantida também, ao máximo possível, na vertical. Deve-se também evitar pesos
muito distantes do corpo ou cargas assimétricas, que tendem a provocar momento
(no sentido da Física), exigindo um esforço adicional da musculatura dorsal para
manter o equilíbrio. Esses pontos podem ser resumidos nas seguintes
recomendações:
Mantenha a carga próxima do corpo - Para o transporte'!de carga com os
dois braços, deve-se mantê-Ia o mais próximo possível junto ao corpo, na altura da
cintura, conservando-se os braços estendidos. O transporte de cargas com os
braços flexionados (fazendo ângulo no cotovelo) aumenta a carga estática dos
músculos e cria momento em relação ao centro de gravidade do corpo, que se
situa à altura do umbigo.
Caixas grandes devem ser transportadas com os braços esticados, bem
próximos do corpo, ou com o braço e antebraço formando ângulo reto, com o corpo
ligeiramente inclinado para trás, de modo que o centro de gravidade da carga se
aproxime da linha vertical do corpo, reduzindo-se assim o momento. As mulheres
grávidas adotam posturas semelhantes.
Adote um valor adequado para cargas unitárias - De acordo com a
equação de NIOSH, a carga unitária deve ter peso máximo de 23 kg. Essa carga
deve ser reduzida de acordo com a ocorrência dos fatores desfavoráveis, já
apresentados.
Entretanto, também não se recomendam cargas unitárias muito leves,
porque isso estimularia o carregamento simultâneo de vários volumes, podendo
ultrapassar os 23 kg. Além disso, é preferível fazer poucas viagens com cargas
44
maiores do que muitas viagens com cargas menores (DUL e WEERDMEESTER,
2004).
Use cargas simétricas - Sempre que possível, deve ser mantida uma
simetria de cargas, com os dois braços carregando aproximadamente o mesmo
peso. No caso de cargas grandes, compridas ou desajeitadas, devem ser usados
dois carregadores para facilitar essa simetria. Se a carga for composta de diversas
unidades, ela pode ser dividida (colocadas em caixas) para que possam ser
transportadas com o uso das duas mãos.
Providencie pegas adequadas - O manuseio do tipo "pinça" (pressão com
o polegar e os dedos) dever ser substituído por manuseios do tipo agarrar (Figura
02). Para isso, as caixas devem ser dotadas de alças ou furos laterais. Enquanto
os manuseios do tipo pinça suportam 3,6 kg com o uso das duas mãos, aquela do
tipo agarrar suporta 15,6 kg. Além disso, a superfície de contato entre a pega e as
mãos deve ser rugosa ou emborrachada, para aumentar o atrito.
FIGURA 07 – As pegas tipo “pinça” devem ser substituídas por manuseios de agarrar.
Trabalhe em equipe - O trabalho em equipe deve ser usado quando a carga
for excessiva ou volumosa para uma só pessoa. Assim se evitam lesões no
trabalhador ou danos à carga. Para casos mais complexos, envolvendo o trabalho
de diversas pessoas, deverá haver um deles para orientar e coordenar os esforços
dos demais. Isso se torna importante quando a carga impede a visão dos
45
carregadores ou quando há obstáculos no percurso, por exemplo, atravessar uma
rua movimentada de carros.
Defina o caminho - O caminho a ser percorrido deve ser previamente
definido. Todos os obstáculos nessa rota devem ser removidos. No caso do
trabalho em equipe, os membros dessa equipe devem ser previamente informados
sobre o caminho a seguir.
Supere os desníveis do piso - Os desníveis do piso devem ser
transformados em rampas de pequena inclinação, de até 8%, revestido de material
antiderrapante e com corrimões nas laterais. Essa rampa torna-se obrigatória para
as pessoas portadores de deficiências.
Elimine desníveis entre postos de trabalho - Os postos de trabalho
devem ter o mesmo nível para que o material não perca energia potencial de um
posto para outro. Assim evitam-se os freqüentes abaixamentos e elevação dos
materiais.
6.7RESISTÊNCIA DA COLUNA
Afirma Iida (2005), ao levantar um peso com as mãos, o esforço é
transferido para a coluna vertebral, descendo pela bacia e pernas, até chegar ao
piso. A coluna vertebral é composta de vários discos superpostos, sendo capaz de
suportar uma grande força no sentido axial (vertical), mas é extremamente frágil
para as forças que atuam perpendicularmente ao seu eixo (cisalhamento).
Portanto, na medida do possível, a força sobre a coluna vertebral deve ser aplicada
no sentido vertical.
Essa situação é ilustrada na (Figura 08). O trabalhador, na posição ereta,
recebe carga (C) no sentido axial. Entretanto, na posição inclinada, essa carga
46
produz duas componentes: uma na direção axial (C1) e outra na direção
perpendicular (C2).
Figura 08 - A carga sobre a coluna vertebral deve incidir na direção do eixo vertical.
Na situação ideal, então, C1 deve coincidir com um C, ou seja, anulando-se
a componente C2. Desse modo, recomenda-se que o levantamento de cargas seja
realizado sempre com a coluna na posição vertical, usando-se a musculatura das
pernas (Figura 03), que são mais resistentes.
Figura 09 - Levantamento de cargas.
47
6.8CAPACIDADE DE CARGA MÁXIMA
Segundo Iida (2005), a capacidade de carga máxima varia bastante de
uma pessoa para outra. Varia também conforme se usa as musculaturas das
pernas, braços ou dorso. As mulheres possuem aproximadamente metade da força
dos homens para o levantamento de pesos (Tabela 01).
TABELA 03 Força máxima das pernas, braços e costas para diferentes percentis das populações feminina e masculina (CHAFFIN IN GARG, 1980).
Forca para movimento-
s não repetitivos (kgf).
Mulheres Homens
95% 50% 5% 95% 50% 5%
Força das pernas 15 39 78 39 95 150
Força dos braços 7 20 36 20 38 60
Força do dorso 10 24 58 21 50 105
6.9 POSIÇÃO SENTADA
Iida (2005), afirma que a posição sentada exige atividade muscular do
dorso e do ventre para manter esta posição. Praticamente todo o peso do corpo é
suportado pela pele que cobre o osso ísquio, nas nádegas. O consumo de energia
é de 3 a 10% maior em relação à posição horizontal. A postura ligeiramente
inclinada para frente é mais natural e menos fatigante do que aquela ereta. O
assento deve permitir mudanças freqüentes de posturas, para retardar o
aparecimento da fadiga.
A posição sentada, em relação à posição de pé, apresenta ainda a
vantagem de liberar as pernas para tarefas produtivas, permitindo grande
48
mobilidade desses membros. Além disso, o assento proporciona um ponto de
referência relativamente fixo. Isso facilita a realização de trabalhos delicados com
os dedos. Na posição em pé, além da dificuldade de usar os pés para o trabalho,
frequentemente necessita-se também do apoio das mãos e braços para manter a
postura e fica mais difícil fixar um ponto de referência.
7. A POSTURA DE CÓCORAS
Figura 10 - A postura de cócoras representa a posição de escolha quando o indivíduo tem que tocar o nível do chão com as mãos, permanecendo muito tempo no mesmo local.
Discute-se muito sobre eventuais prejuízos circulatórios da posição de
cócoras; por outro lado, não se pode negar as vantagens da tolerância (e mesmo
preferência) de muitas pessoas para esta postura. Sabe-se ser a postura de
cócoras uma posição de bom equilibro para as pessoas acostumadas, bem como
ser uma posição que favorece um alongamento dos músculos do dorso, diminuindo
a incidência de dores lombares e dorsais (COUTO, 1994).
De acordo com Couto (1994), na grande contra-indicação está em
movimentar-se nesta postura, o que teria como resultado a possibilidade de ruptura
dos ligamentos colaterais do joelho. Em outras palavras, esta postura somente
seria recomendada para pessoas que trabalham com pouquíssima movimentação,
49
com o cuidado de serem alertadas para se levantarem ao terem que mudar de
posição.
7.1 POSTURA DE PÉ
Segundo Couto (1994), os aspectos biomecânicos podem ser bem
entendidos quando verificamos que, apesar de se apoiar apenas sobre dois pés, e
apesar de possuir um centro de gravidade mais elevado que os quadrúpedes, ao
ficar de pé sobre dois pés o ser humano consome relativamente menos energia
que aqueles. A explicação para este fato está em alguns detalhes de nossa
anatomia:
A postura em que a atividade é realizada, define o grau de conforto do
trabalhador. A distribuição do peso do corpo é desigual entre suas partes, desde a
cabeça, tronco e membros; conforme a postura, este peso pode ser fator de
cansaço.
Figura 11 – Mecanismo de equilíbrio de corpo na posição de pé
Os testes com metabolimetria nos mostram que quando o indivíduo fica de
pé, parado, o acréscimo do consumo energético é muito pequeno em relação à
O ponto de maior equilíbrio do ser humano é quando a tendência de giro nas diversas articulações é zero, ou seja, na posição vertical.
50
posição deitada. Por que deste acréscimo mínimo? A resposta é porque, assim
como na posição deitada, quando de pé parado a tendência geral de giro das
articulações é zero.
Para um melhor entendimento deste ponto, devemos introduzir o conceito de
momento, ou torque, ou tendência de giro. Em toda alavanca, o sistema pode estar
em estado estático ou em estado dinâmico; se estiver estático, é porque potência
e resistência se equilibraram em seus efeitos sobre a articulação; se estiver
dinâmico, é porque ou o efeito da potência se tornou maior que o efeito da
resistência (e neste caso teremos torque positivo) ou porque o efeito da resistência
se tornou maior que o efeito da potência (e neste caso teremos torque negativo).
51
8. POSTOS DE TRABALHO
Fluxograma para definição da postura de trabalho, segundo Couto
(1994).
52
8.1ÁREAS DE ALCANCE DAS MÃOS PARA O TRABALHO DE PÉ
Figura 12 – Áreas de alcance das mãos para o trabalho de pé.
Segundo Couto (1994) as três curvas descrevem o alcance à frente do corpo
para ambos os braços juntos a diferentes alturas das mãos acima do chão.
Nenhuma inclinação à frente foi permitida. As três curvas descrevem a capacidade
de alcance a 15, 30 e 46 cm à direita da linha central do corpo. Alcances maiores
que 46 cm à direita não podem ser feito porque o braço esquerdo não pode
alcançar tão longe. A linha escura aos 112 cm ilustra, na sua interseção com as
três curvas, como o alcance à frente diminui ã medida que o braço move
lateralmente; este cai de 51 cm para 36 cm com um movimento de 46 cm para a
direita da linha central. O alcance à frente é ligeiramente mais curto para tarefas
realizadas com as duas mãos, do que para tarefas realizadas com apenas uma das
53
mãos num limite lateral de 46 cm (veja figura 10), exceto nos pontos mais baixos e
mais altos acima do chão.
8.2DIMENSÕES RECOMENDADAS PARA POSTO DE TRABALHO DE PÉ,
Figura 13 – Áreas de alcance das mãos para o trabalho de pé.
Ângulos de Visão Recomendados
A e C dependem de dados antropomé-trieos e do tipo de serviço B = 25 a 30 em O = 203 cm E = 10 cm F = 13 cm G = 10 cm
54
Figura 14 – Ângulos de Visão Recomendados
8.3 REGRAS BÁSICAS DE ERGONOMIA PARA A ORGANIZAÇÃO
BIOMECÂNICA DO TRABALHO
1. O corpo deve trabalhar, de forma desejável, com torque zero.
Isto quer dizer, nenhuma articulação deve estar em postura de tendência de giro.
Em termos práticos,
O corpo deve estar na vertical (exceção feita apenas para quando a pessoa
estiver sentada);
Os braços devem estar na vertical;
Os antebraços devem estar na vertical (no máximo na posição horizontal);
Devem ser minimizados os torques sobre a coluna vertebral;
Devem-se evitar os braços acima do nível dos ombros e os ombros em
abdução;
Os cabos das ferramentas que atingem o chão devem ser alongados.
A= Linha Horizontal de visão B= Posição de repouso dos olhos C= Leitura sentado Trabalho em pé Trabalho sentado D= Trabalho sentado
55
Figura 15 – Estações com altura proporcional
2. As bancadas de trabalho devem ser estruturadas de tal forma que o
corpo trabalhe na vertical, sem encurvamento do tronco e sem elevação
dos membros superiores.
Quando o trabalho exigir força física, a bancada deve estar à altura do osso
púbis;
Quando o trabalho não exigir força física, a bancada deve estar à altura do
cotovelo do trabalhador; Quando o trabalho exigir empenho visual, a
bancada deve estar a 30 em dos olhos
56
Figura 16 – Bancada com altura regulável
Observação: Não se deve trabalhar com bancadas mais próximas que 30 cm dos
olhos, pois neste caso os músculos ciliares desenvolverão esforço muscular
estático, com fadiga visual. Quando houver necessidade de maior precisão visual,
recomenda-se a instalação de lupa.
3. Transformar força em movimento.
Deve-se, na medida do possível, mudar a situação de trabalho, de tal forma
que, ao invés do indivíduo executar esforço físico intenso, ele execute maior
movimentação, de maior freqüência e maior amplitude, porém contra pequena
resistência.
4. Reduzir a força que o trabalhador tem que fazer
se necessário, usar torquímetro para definir esforço máximo para aquela
tarefa;
melhorar alavancas (vide recomendação 6);
mecanizar, quando o esforço exigir mais que 50% da capacidade máxima
de esforço voluntário daquele grupamento muscular.
5. Aumentar o braço de potência do movimento a ser feito e diminuir o
braço de resistência do mesmo.
57
Ao desenhar uma ferramenta ou situação de trabalho, considerar a
alavanca existente na mesma e procurar melhorar sua eficácia. Aumentar o braço
de potência significa aumentar a distância da aplicação da força até o ponto de giro
do movimento; diminuir o braço de resistência significa diminuir a distância da
resistência até o ponto de giro do movimento.
6. Eliminar os esforços estáticos.
Os esforços físicos executados no trabalho devem ser dinâmicos, devendo
ser evitados os esforços estáticos, Quando existirem esforços estáticos, devem-se:
7. Altura útil do posto de trabalho: entre o púbis e o ombro da pessoa.
Procurar manter os objetos a serem manuseados ou pegos sempre em
bancadas, numa altura oscilando entre a altura do cotovelo e a altura do ombro; a
colocação em níveis mais inferiores deve ser evitada, pois compromete a coluna;
em nível mais elevado também deve ser evitada, pois compromete os ombros.
8. Ao pegar um objeto, o mesmo deve estar a uma altura na qual o
antebraço esteja praticamente na vertical.
Nesta altura, o esforço pode ser feito com mais facilidade, pois será
preservado o princípio do corpo na vertical e os músculos do dorso e dos próprios
braços serão pouco forçados.
9. Eliminar as situações de desagregação muscular.
Deve-se procurar evitar as situações em que a força é exercida no sentido
contrário ao do movimento, por exemplo, colocação lenta de uma caixa pesada no
chão.
9. ORGANISMO HUMANO
58
9.1 TRABALHO MUSCULAR
De acordo com Iida (2005), o corpo humano assemelha-se a um sistema de
alavancas movido pela contração muscular. São esses movimentos que permitem
realizar diversos tipos de trabalho. Contudo, essa "máquina humana" possui
diversos tipos de limitações e fragilidades, que devem ser consideradas no projeto
e dimensionamento do trabalho.
9.2INÍCIO DA ATIVIDADE
O nosso organismo nunca se "desliga". Ele continua funcionando e
consumindo energia, mesmo em repouso, para manter a temperatura corporal mais
ou menos constante, durante o metabolismo basal. Ao realizar um trabalho, como
caminhar ou correr, a taxa de metabolismo vai aumentando. Segundo Kroemer
(1999), ele precisa de algum tempo (cerca de 2 a 3 minutos) para fazer a adaptação
do metabolismo às exigências da tarefa (Gráfico 01). Afirma Iida (2005), se o
esforço começar repentinamente, os músculos trabalham em desvantagem, com
débito de oxigênio. Nessas condições, realizam contrações anaeróbicas, usando
uma pequena reserva de energia das células, disponível por pouco tempo, cerca
de 20 segundos, no máximo. Durante um esforço físico, os músculos funcionam
como um motor térmico, oxidando o glicogênio liberando ácido lático e ácido
racêmico, que aumentam o teor de acidez do sangue. Essa acidez estimula a
dilatação dos vasos e aumenta o ritmo da respiração, que contribuem para levar
mais oxigênio aos músculos. O equilíbrio entre a demanda e suprimento de
oxigênio é restabelecido ao cabo de 2 a 3 minutos. Terminada a atividade, o
organismo retoma aos níveis fisiológicos anteriores, demorando cerca de 6 minutos
para alcançar o equilíbrio
59
Gráfico 01 Relação entre o grau de contração muscular e o tempo suportável. (Kroemer, 1999).
9.3FADIGA MUSCULAR
Fadiga muscular é a redução da força, provocada pela deficiência da
irrigação sanguínea do músculo. Ela é um processo reversível, que pode ser
superada por um período de descanso. Se houver deficiência de irrigação
sanguínea, o oxigênio não chega em quantidade suficiente, e começa a haver,
dentro do músculo, um acúmulo de ácido lático e potássio, assim como calor,
dióxido de carbono e água, gerados durante o metabolismo, (IIDA, 2005).
Quanto mais forte for a contração muscular, maior será o estrangulamento
da circulação sanguínea, reduzindo o tempo em que poderá ser mantida. A
contração máxima pode ser mantida apenas durante alguns segundos. A metade
da contração máxima pode ser mantida durante 1 minuto. Iida (2005), afirma que
para longos períodos, a contração não pode superar a 20% da contração máxima
(Gráfico 01). Se esses tempos forem ultrapassados, podem surgir dores intensas,
exigindo relaxamento para restabelecer a circulação sanguínea. Deve-se
proporcionar um período de descanso, para que a circulação tenha tempo para
remover os produtos do metabolismo, acumulados no interior dos músculos.
60
10.AMBIENTE: ILUMINAÇÃO.
10.1 EFEITOS FISIOLÓGICOS DA ILUMINAÇÃO
De acordo com Iida (2005), o nível de iluminamento interfere diretamente
no mecanismo fisiológico da visão e também na musculatura que comanda os
movimentos dos olhos. O olho humano possui dois tipos de células fotossensíveis:
os cones e os bastonetes. Possui também musculaturas internas para promover
mudanças na forma do cristalino e musculaturas externas, para movimentar os
globos oculares.
Existem muitos fatores que influem na capacidade de discriminação visual,
como a faixa etária e as diferenças individuais, mas aqui vamos considerar apenas
os três fatores julgados mais importantes e controláveis em nível de projeto dos
locais de trabalho: a quantidade de luz; o tempo de exposição; e contraste entre
fIgura e fundo.
10.2 QUANTIDADE DE LUZ
Por muito tempo, os sistemas de iluminação nos ambientes de trabalho
foram dimensionados de modo a poupar, ao máximo possível, a energia elétrica.
Os valores recomendados até a década de 1950 oscilavam em torno de 10 a 50
lux, muito abaixo dos níveis atualmente utilizados.
Hoje, com o desenvolvimento de lâmpadas mais eficientes e o
planejamento de luzes localizadas, as recomendações são para luzes até dez
vezes mais intensas. A iluminação deficiente: e a consequente fadiga visual causa
20% de todos os acidentes (Grandjea, 1998). Uma fábrica de tratores dos EUA
conseguiu reduzir em ~3% o índice de acidentes na linha de montagem,
aumentando o nível geral de lluminamento de 50 para 200 lux.
61
O rendimento visual tende a crescer, a partir de 10 lux, com o logaritmo do
iluminamento, até cerca de 1 000 lux, enquanto a fadiga visual se reduz nessa faixa
(Figura 19). Afirma Iida (2005), a partir desse ponto, os aumentos do iluminamento
não provocam melhoras sensíveis do rendimento, mas a fadiga visual começa a
aumentar. Dessa forma, recomenda-se usar 2 000 lux praticamente como o
máximo. Em alguns casos excepcionais, para montagens ou inspeções de peças
pequenas e complicadas, com pouco contraste, pode-se chegar a10 000 luxo.
Existem diversas tabelas de níveis de iluminamento recomendadas para
cada tipo de ambiente, mas quase todas recaem nas faixas apresentadas na
Tabela 15.2. De um modo geral, para as áreas não-produtivas como almoxarifados,
passagens e corredores, pode-se manter níveis em torno de 100 luxo Para as
áreas produtivas, com a presença contínua de trabalhadores, são recomendados
níveis de 200 a 600 lux. Se houver necessidade de um iluminamento maior,
aconselha-se usar uma iluminação localizada de até 2 000 lux, complementando a
iluminação geral do ambiente. Com essa providência, além de economizar energia,
pode-se ter a vantagem de poder direcionar o foco da luz sobre os detalhes
desejados ou eliminar sombras, reflexos e ofuscamentos, (IIDA 2005).
Esse foco dirigido também ajuda a aumentar a concentração do
trabalhador sobre a tarefa, devido ao efeito fototrópico, pois os olhos são atraídos
para os pontos mais brilhantes do campo visual. A proporção recomendada entre o
nível no centro da tarefa, e o iluminamento geral do ambiente e de 3:1, ou seja, a
intensidade do foco e o triplo daquela do ambiente geral.
62
Gráfico 02 - Variações do rendimento e da fadiga visual em função do nível de iluminamento (Ho-pkinson e Collins,1970).
Tabela 04 Níveis de iluminamento recomendados para algumas tarefas típicas.
Tipo
Iluminamento
recomendado
(lux)
Exemplos de aplicação
Iluminação geral
de ambientes
externos
5 - 50
Iluminação externa de locais públicos, como ruas,
estradas e pátios.
Iluminação geral
para locais de
pouco uso.
20 - 50Iluminação mínima de corre-dores e almoxarifados,
zonas de estacionamento.
100 - 150Escadas, corredores, banheiros, zonas de circulação,
depósitos e almoxarifados.
Iluminação geral
em locais de
trabalho
200 - 300
Iluminação mínima de serviço. Fábricas com maquina-
ria pesada. Iluminação geral de escritórios, hospitais,
restaurantes.
400 - 600
Trabalhos manuais pouco exigentes. Oficinas em
geral. Montagem de automóveis, indústria de confec-
ções. Leitura ocasional e arquivo Sala de primeiros
socorros.
1 000* - 1 500* Trabalhos manuais precisos. Montagem de Pequenas
peças, instrumentos de precisão e componentes
eletrônicos. Trabalhos com revisão e desenhos
63
detalhados.
Iluminação
localizada1 500 - 2 000
Trabalhos minuciosos e muito detalhados. Manipula-
ção de peças pequenas e complicadas. Trabalhos de
relojoaria.
Tarefas
especiais3 000 - 1 0000
Tarefas especiais de curta duração e de baixos
contrastes, como em operações cirúrgicas.
(*) Pode ser combinado com a iluminação local.
10.3 TEMPO DE EXPOSIÇÃO
Segundo Lida e outros (2005), o tempo de exposição, para que um objeto
possa ser discriminado, depende do seu tamanho, contraste e nível de
iluminamento. Na maioria dos casos, é suficiente o tempo de 1 segundo para que
haja urna boa discriminação. Se os objetos forem pequenos e o contraste for baixo,
o tempo necessário poderá crescer sensivelmente. Por exemplo, para objetos
pequenos, se o contraste for reduzido de 70 para 50%, o tempo necessário
aumentará em 4 vezes.
Os olhos têm dificuldade em fixar os objetos em movimento. Por exemplo,
no caso de inspeção, em que o produto se move continuamente numa esteira
transportadora, os olhos fazem várias fixações, aos "pulos". Se a velocidade
aumentar, alguns objetos passarão despercebidos, diminuindo a eficiência da
inspeção. Nesse caso, é preferível que os objetos se movam de forma intermitente,
em pequenos lotes, de modo que as fixações visuais se' processem sobre os
objetos parados.
64
Gráfico 03 – Redução do tempo necessário à exposição visual, com o aumento do nível de iluminamento. Acima de 200 lux não há melhorias significativas.
Em um experimento de laboratório, a mesma tarefa foi realizada com
diferentes níveis de iluminamento, na faixa de 10 a 2000 lux (Grafico 03). 10s
tempo necessário para realizar essa tarefa foi-se reduzindo com o aumento do
iluininamento. A partir de 90s para 10 lux, reduziu-se para 35s (39% do inicial)
quando o iluminamento passou para 200 lux. A partir desse ponto, não foram
observadas melhorias consideráveis, mesmo que o iluminamento tenha chegado a
2000 lux. Portanto, pode-se considerar que o aumento do nível de iluminamento,
acima de certo nível crítico, é desnecessário, representando desperdício de
energia, sem um aumento correspondente da produtividade. Além disso, como já
foi visto, níveis acima de 1 000 lux favorecem o aparecimento da fadiga visual, Lida
(2005).
10.4 PREVENÇÃO DA FADIGA VISUAL
Para evitar a fadiga visual, deve haver um cuidadoso planejamento da
iluminação, assegurando a focalização do objeto a partir de uma postura
desconfortável. A luz deve ser planejada também para não criar sombras,
ofuscamento ou reflexos indesejáveis. Além da iluminação adequada do objeto, a
iluminação do fundo deve permitir um descanso visual durante as pausas e aliviar o
mecanismo de acomodação. Recomendam-se pausas frequentes, mesmo que
sejam de curta duração. Estas podem ser de 5min a cada 1 hora ou até mais curtas
e mais freqüentes, de 1min a cada 10min de trabalho,( LIDA, 2005).
65
10.5 PLANEJAMENTO DA ILUMINAÇÃO
A iluminação dos locais de trabalho deve ser cuidadosamente planejada
desde as etapas iniciais de projeto do edifício, fazendo-se aproveitamento
adequado da luz natural e suplementando-a com luz artificial, sempre que for
necessário. A luz natural, além de ter boa qualidade, proporciona economia com
gastos energéticos. Entretanto, incidência direta da luz solar deve ser evitada, pois
provoca perturbações visuais, lê se ela incidir sobre paredes envidraçadas tende a
aquecer o ambiente pelo "efeito estufa".
A claridade do ambiente é determinada não apenas pela intensidade da
luz, mas também pelas distâncias das fontes e pelo índice de reflexão das paredes,
tetos, piso,máquinas e mobiliário.
Um bom sistema de iluminação, com o uso adequado de cores e a criação
dos contrastes, pode produzir um ambiente de fábrica ou escritório agradável, onde
as pessoas trabalhem confortavelmente, com pouca fadiga, monotonia e acidentes,
e produzam com maior eficiência, Lida e outros (2005).
10.5.1 Agentes químicos
A indústria moderna, particularmente, a química, usa atualmente cerca de
50 000 compostos e cerca de 2 000 novos compostos são criados a cada ano.
Apenas uma pequena parcela deles foi estudada quanto aos aspectos nocivos à
saúde. Para estes, existem tabelas que apresentam as concentrações máximas
toleradas pelo organismo humano e os respectivos tempos máximos permissíveis à
exposição, sem causar doenças. Essas tabelas são elaboradas e atualizadas
periodicamente por organismos internacionais e convertidos em normas e
regulamentos (ver os anexos da norma NR-15 - Atividades e Operações
Insalubres, in Manuais de Legislação Atlas, 2004). Aqui apresentaremos apenas
alguns exemplos, a título ilustrativo, (IIDA, 2005).
66
Segundo informações do TRT, a NR-15 Norma Regulamentadora 15,
referente as atividades e operações Insalubres: Descreve as atividades, operações
e agentes insalubres, inclusive seus limites de tolerância, definindo, assim, as
situações que, quando vivenciadas nos ambientes de trabalho pelos trabalhadores,
ensejam a caracterização do exercício insalubre, e também os meios de proteger
os trabalhadores de tais exposições nocivas à sua saúde. A fundamentação legal,
ordinária e específica, que dá embasamento jurídico à existência desta NR, são os
artigos 189 e 192 da CLT.
10.5.2 Aerodispersoides
Segundo Lida e outros (2005), os agentes químicos nocivos à saúde
atingem o organismo por via da ingestão, contato com a pele e inalação. Este
último é o mais frequente em ambientes de trabalho e é chamado genericamente
de aerodispersoides, e classificam-se em:
Poeiras - São aerodispersoides sólidos com granulações invisíveis
(menores de 0,2 mícrons) ou visíveis (1O a 150 mícrons). Aqueles menores
que 5 mícrons flutuam no ar durante muito tempo, sendo que os menores a
3 rnÍcrons atingem os alvéolos pulmonares. Resultam de operações de
trituração, moagens, explosões e polimentos. Exemplo: poeiras de granito,
sílica, algodão e fósforo.
Fumos - São partículas resultantes da condensação de vapores, com
dimensões menores a 1 mícron. Ocorrem em processos de solda com ferro,
alumínio e outros. Produzem sintomas de curta-duração, semelhantes a
uma. gripe, como tosse, febre, dor de garganta c dores no corpo.
Gases - Gases são partículas muito pequenas, que se difundem no ar,
tendendo a ocupar todo o volume do espaço de trabalho. Exemplos de
gases: monóxido de carbono, gás sulfídrico, anidrido sulforoso, gás
cianídrico e cloro.
Vapores - Os vapores são semelhantes aos gases e difundem-se facilmente
no ar. Diferem-se dos gases porque, em condições normais de temperatura
67
e pressão, encontram-se em estado líquido ou sólido. Exemplos: gasolina,
benzeno, dissufleto de Carbono e mercúrio).
Neblinas - São partículas líquidas resultantes de um processo de dispersão
mecânica. São produzidas pela passagem de ar ou de gás através de um
líquido ou processos mecânicos com a aspersão. Ocorrem, por exemplo, em
processos de irrigação e aplicação de agrotóxicos. Elas não se difundem no
ar e apresentam tendência à deposição. As gotículas condensadas das
neblinas e vapores chamam-se nevoas.
10.5.3 Principais agentes químicos
De acordo com Iida (2005), apresentaremos, a seguir, alguns exemplos de
agentes químicos frequentemente encontrados em ambientes de trabalho, e que
podem produzir danos à saúde do trabalhador.
Monóxido de carbono - O monóxido de carbono apresenta uma afinidade
com a hematologia, até 300 vezes maiores que o oxigênio. Portanto, ele
ocupa o lugar do oxigênio no sangue, prejudicando o transporte e
suprimento do oxigênio para os tecidos. Assim, concentrações muito
pequenas do monóxido já produzem sintomas de "falta de ar", tontura,
confusão mental, dores de cabeça, inconsciência e morte. Esse gás está
presente nos locais onde ocorre a combustão, como os fornos, aquecedores
e incêndios.
Metais pesados - Os metais pesados, com o chumbo, mercúrio e cádmio
estão presentes em muitos produtos industriais. O organismo exposto a
esse tipo de produtos, mesmo em baixas concentrações, corre riscos,
porque eles persistem por longo tempo dentro do organismo e seus efeitos
vão se acumulando. O chumbo, em particular, provoca a doença do
saturnismo, de caráter irreversível.
Solventes - Os solventes são particularmente nocivos, porque são voláteis e
penetram facilmente no organismo, provocando efeitos tóxicos de diversos
níveis. Uma das substâncias mais prejudiciais é o benzeno, que causa
anemia plástica e leucemia, devendo ser substituído pelo tolueno, que é
menos nocivo.
68
Sílica - A sílica, quando penetra pelas vias respiratórias, provoca lesões
crônicas irreversíveis nos pulmões, chamada desilicose. As partículas com
diâmetros inferiores a 5 mícrons são aquelas mais prejudiciais.
Fumaças, gases e vapores tóxicos - Os automóveis e muitas fábricas
expelem fumaças, gases e vapores tóxicos. Além do aspecto prejudicial à
saúde, essas substâncias provocam um aumento gradual da temperatura do
globo terrestre, com consequências previsíveis a longo prazo pelo aumento
da temperatura dos oceanos e a fusão gradual da calota polar, ao cabo de
alguns séculos.
Agrotóxicos - Os agrotóxicos são produtos químicos usados para eliminar
plantas daninhas, insetos ou fungos, mas também podem provocar efeitos
nocivos sobre o homem e outras espécies animais. Alguns tipos de
agrotóxicos são bastante persistentes, podendo ser carregados pela água
da chuva e contaminar rios e mares. Também acabam atingindo o
consumidor final dos produtos agrícolas. Dessa forma, os agrotóxicos
interferem fortemente no equilíbrio ecológico, quebrando o delicado balanço
da vida animal e vegetal. Os insetos desenvolvem uma resistência natural e
obrigam a indústria a usar formulações cada vez mais fortes desses
produtos químicos. Os trabalhadores industriais e os agricultores que
manejam esses produtos devem tomar todos os cuidados possíveis para
reduzir o contato com os mesmo quer através da pele como pelas vias
respiratórias e digestivas.
Radiações ionizantes - O uso crescente da energia nuclear e de materiais
radioativos em laboratórios tem aumentado cada vez mais, os riscos da
radiação. Existem vários tipos de radiação e cada um tem características
próprias de penetração no organismo e efeitos nocivos, que podem provocar
doenças, incluindo a leucemia, doenças de pele, perdas de cabelo,
alterações na composição sanguínea, úlceras e outros.
Os locais onde existem esses produtos devem receber cuidados especiais.
A primeira recomendação é eliminá-los ou substituí-los por outras substâncias e
processos menos agressivos. Por exemplo, um processo de trituração de rochas,
que levanta muito pó, pode ser substituído por outro de via úmida. Outra
recomendação, no caso de poeiras, é providenciar uma exaustão, junto à fonte,
69
retirando os elementos nocivos, antes que se espalhem pelo ar. Se isso não for
possível, pode-se fazer uma ventilação forçada, para diminuir a concentração deles
no ar, principalmente nas proximidades das vias respiratórias.
Em áreas muito abertas e desprotegidas, como na agricultura e mineração,
os trabalhadores devem ser protegidos com equipamentos de proteção individual,
como luvas e máscaras de gases. Essas máscaras devem ter filtros compatíveis
com a granulometria dos aerospersoides (máscaras para poeiras não são
eficientes para gases). Alem disso, deve-se fazer um acompanhamento médico
periódico nos casos de exposição aos agentes de risco.
11. DELINEAMENTO DA PESQUISA
11.1 JUSTIFICATIVA
As disfunções ergonômicas no ambiente de trabalho geram uma série de
problemas que acarretam o desempenho dos profissionais nos mais variados
segmentos do mercado de trabalho. É de se entender a que a apreciação
ergonômica é utilizada de forma sistemática visando a diminuição do desconforto e
o aumento da produtividade nos setores de trabalho, foi justamente através desta
metodologia que pode-se analisar, identificar e tratar dos problemas de natureza
ergonômica ocorridos no setor de pintura da fábrica em estudo, onde o reflexo
desta ação é expresso em inúmeros benefícios para a empresa, podendo se
citado; a redução do número de afastamentos por doenças ocupacionais, a
diminuição do absenteísmos e dos custos de retrabalho, bem como o aumento da
eficiência e da produtividade no processos de pintura e acabamento dos móveis
garantindo a qualidade dos produtos e serviços oferecidos da unidade produtiva.
A abordagem sistêmica dos ambientes e dos espaços onde as atividades
laborais estão sendo desenvolvidas é a forma mais apropriada para se descobrir
quais intervenções serviriam para tratar dos problemas de natureza ergonômica.
70
Segundo Lida (2005) os transtornos de coluna se constituem numa das maiores
causas de afastamento prolongado do trabalho e de sofrimento humano. A dor é
forte e incapacitante, pois piora com os mínimos movimentos executados pela
pessoa. Sua incidência é impressionantemente alta, a ponto de se poder dizer que
cada 100 pessoas, 50 a 70 irão apresentar lombalgia em alguma fase de suas
vidas.
A utilização biomecânica incorreta das “maquina humana” pode ser
considerada como fator primário das precipitações das lombalgias, o que se agrava
com o desconhecimento da coluna vertebral.
Em decorrência da ma postura os problemas das contrações isotônicas (ou
dinâmicas) e das isométricas (ou estáticas) passam a ser uma questão importante
no processo da intervenção ergonômica, devido as decorrentes dores que os
funcionários do setor de pintura apresentam apos as jornadas de trabalho, Iida
(2005) explica que as contrações isométricas ou estáticas o músculo irá se contrair
e permanecer contraído, deixando de receber seu aporte sanguíneo. Dessa forma
os processos metabólicos que, deveriam se passar por via aeróbica passam a
ocorrer por via anaeróbica, com a produção e acúmulo de ácido lático, que irrita as
terminações nervosas do músculo ocasionando dor. O que agrava os problemas
relacionados a lombalgia as quais podem ser de pouca gravidade ou de muita
gravidade onde nos casos tido como menos grave o indivíduo após uma atividade
onde em que a coluna não foi muito requisitada sente-se o alivio das dores após
um período curto de repouso, já nos casos mais graves segundo Linda (2005) o
individuo pode torna-se incapaz para o trabalho pesado, com problemas de atrofia
muscular e até mesmo paraplegia, onde este último tipo de conseqüência
atualmente é raro devido à intervenção médica precoce, quando o caso começa a
aparentar tal gravidade.
Aspectos relacionados aos efeitos fisiológicos da iluminação são
considerados com importantes, isso porque segundo Lida (2005) o rendimento
visual tende a crescer, a partir de 10 lux, com o logaritimo do iluminamento, até
71
cerca de 1000 lux, enquanto a fadiga visual se reduz nessa faixa. A partir desse
ponto, os aumentos do iluminamento não provocam melhoras sensíveis do
rendimento, mas a fadiga visual começa a aumentar. Dessa forma, recomenda-se
usar 2000 lux praticamente com o máximo.
11.2 OBJETIVOS
11.2.1 Geral
Levantar quais ações trará a minimização das disfunções presentes no
setor de pintura e acabamento da presente fábrica em estudo, verificando os
transtornos posturais, de forma a possibilitar maior fluidez nos processos.
11.2.2 Específicos
•Verificar o grau de desconforto/dor dos funcionários durante a execução de
suas atividades profissionais;
•Sugerir melhorias nas instalações de máquinas e equipamentos afim de
tornar o ambiente de trabalho mais seguro, limpo, e agradável.
• Levantar a opinião dos funcionários através da aplicação de: escala de avaliação de dor/desconforto
• Verificar o grau de desconforto dos funcionários ao trabalharem em ambientes insalubres e com fluxo de ventilação reduzido
72
11.3 METODOLOGIA
11.3.1. Contexto e participantes
O trabalho de apreciação restringiu-se a análise do ambiente/espaço de
trabalho onde os funcionários desenvolvem suas atividades a fim de descobrir
quais futuras intervenções irão melhorar as disfunções presentes. O ambiente de
estudo se da no setor de pintura e acabamento de uma pequena fabrica de móveis,
mais especificamente no setor de pintura e acabamento da unidade produtiva.
11.3.2 Procedimentos e instrumentos de coleta de dados
Observações assistemática no local de trabalho, foi aplicada a escala de
dor/desconforto. A utilização de equipamentos fotográficos também se fez presente
como ferramenta para a elaboração da apreciação.
11.3.3 Métodos e técnicas
Levantamento bibliográfico;
Registros fotográficos;
Análise das fotos para definição do recorte (posto de trabalho) para
apreciação ergonômica;
Aplicação de escala de avaliação com operários,
Tabulação e tratamento dos dados;
Análise e interpretação dos dados.
Analise do lay out atual.
7
73
12. RESULTADOS DA APRECIAÇÃO ERGONÔMICA
12.1 RESULTADOS DA SISTEMATIZAÇÃO DO SISTEMA HOMEM-TAREFA-MÁQUINA
A atividade de pintura e acabamento encontra-se no último estágio do
processo de fabricação de móveis, tratar do aspecto estético dos produtos requer
profissionais deste setor muita atenção e utilização de sentidos como visão e tato,
bem como esforços biomecânicos nas etapas de polimento e acabamento final.
Os modelos da sistematização, (Figura 17), descrevem o comportamento do
sistema a fim de que se haja uma apreciação deste. Dessa forma foram
observados trabalhadores executando atividades nos etapas de lixamento,
polimento, envernizamento e pintura.
Os modelos elaborados na sistematização, segundo Moraes (2000), são
apresentados na seguinte ordem:
Na primeira etapa, a seguir, tem-se a delimitação do sistema-alvo, o recorte
do sistema, que é o de pintura e acabamento onde, a Setor Moveleiro configura-se
como supra-supra sistema e a Fábrica de móveis como supra-sistema; o sistema-
alvo é o setor de pintura; seus subsistemas são a etapa de pintura, etapa de
polimento, etapa de lixamento. A ilustração do sistema pode ser vista nas Figuras
20, 21, 22, 23 que se seguem nas páginas adiante. Todas as atividades, operações
e funções podem ser analisadas sequencialmente no fluxograma funcional ação-
decisão (Figura 23).
74
Figura 17 – Caracterização e posição serial do sistema.
75
Figura 18 – Caracterização do sistema.
.
76
.
Figura 19 – Expansão do sistema
77
Figura 20 – Modelagem comunicacional do Sistema.
78
Figura 21 – Fluxograma funcional Ação - Decisão.
12.2 RESULTADO DA PROBLEMATIZAÇÃO DO SISTEMA HOMEM-TAREFA-MÁQUINA
12.2.1 Reconhecimento do problema
O processo de pintura de moveis é composto de varias etapas podendo ser
citadas como: lixamento, emassamento, envernizamento, selamento e pintura,
sendo que a execução destas atividades exigem grande esforço físico por parte
dos funcionários, alem da exposição deliberada à gases e vapores insalubres,
mesmo na condição de uso dos devidos EPIs.
Início 1
31
2
Polidor recebe móveis, partes e componentes.
Identifica e seleciona prioridades
Separa itens que irão ser lixados
Separa itens que irão ser emassados
Separa itens que irão receber base.
Lixar itens selecionados
Emassar itens selecionados
Aplicar base/fundo Lixar novamente itens após receber base
e/ou
Envernizar
Selar
Pintar
Aplicar 1º mão verniz
Aplicar 2º mão verniz
Lixar novamente após receber 1º mão
Secagem das peças
Acabamento satisfatório?
S
N
Expedição
Estufa
Aplicar 1º mão seladora
Aplicar 2º mão seladora
Secagem da peças
Acabamento satisfatório?
S
S
Expedição
Estufa
Lixar novamente após receber 1º mão
3
Expedição
Estufa
N
Acabamento satisfatório?
2
4
Fim
Aplicar 1º mão de tinta.
Efetua polimento das peças
4
N
Lixar novamente após receber 1º mão
Aplicar 2º mão de tinta.
79
11.2.2 Delimitação do problema
O sistema alvo (setor de pintura e acabamento) foi analisado de forma a
observar as atividades laborais de seus funcionários, durante as etapas de
acabamento e pintura as quais podem ser citadas: lixamento, emassamento,
envernizamento, selamento, pintura e polimento, de forma a identificar os
problemas os quais os funcionários estão expostos, estes podendo ser
caracterizados como: interfaciais/posturais, químico-ambientais e acionais:
manuais e pediosos.
Os problemas de natureza postural/interfacial apresentam uma maior
gravidade durante a execução das atividades, interferindo na saúde e bem-estar
dos trabalhadores. As tarefas realizadas exigem movimentos excessivos do corpo
exercendo forças desnecessárias. Atividades como lixa e polir os móveis requer um
dispêndio muito grande de energia, provocando sobrecarga nos músculos e
articulações, o que podem segundo Lida (2005), provocar contrações isométricas
ou (estática), quando a contração muscular estiver entre 15 a 20% da força máxima
do músculo, a circulação continua a ocorrer normalmente. Quando essa contração
chegara 60%, o sangue deixa de circular no interior dos músculos. Um músculo
sem irrigação sanguínea fatiga-se rapidamente, não sendo possível mantê-Io
contraído por mais de 1 ou 2 minutos . A dor que se segue, provoca uma
interrupção obrigatória do trabalho, por conseguinte gerando perda da qualidade e
produtividade das tarefas realizadas pelos funcionários.
12.2.3 Formulação do problema
Para que se tornem claros os problemas específicos da atividade, estes
serão agora aprofundados em termos de explicitação e do detalhamento
problemático, como orientam Moraes e outros (1998).
a) Categorização e taxionomia dos problemas ergonômicos do SHTM
80
Local N° Imagem Problemas Observados
INTERFACIAIS/POSTURAISPosturas prejudiciais resultantes de inadequações do campo de visão/tomada de informações, do envoltório acional/alcances, do posicionamento de componentes comunicacionais, com prejuízos para os sistemas muscular e esquelético.
Co
rte
de
peç
as n
a s
erra
ci
rcu
lar
01
1
Figura 01 à 8: Problemas interfaciais/posturais
Fonte: Propria.
Na serra circular de operação manual, ausente de dispositivos automáticos e proteção da serra, o Operador 1, necessita flexionar o pescoço e rotacioná-lo para a direita, tencionando a musculatura dos ombros e braços para manter a peça firme a fim de que não ocorra acidente no processo de corte das peças, causando fadiga e dores musculares.
Co
rte
de
peç
as n
a s
erra
ci
rcu
lar
02
2
Fonte: Propria.
Na serra circular de operação manual, ausente de dispositivos automáticos e proteção da serra, o Operador 2, necessita flexionar o pescoço e rotacioná-lo para a direita, tencionado a musculatura dos ombros e braços para manter a peça firme a fim de que não ocorra acidente no processo de corte das peças, causando fadiga e dores musculares
Co
rte
de
peç
as n
a s
erra
ci
rcu
lar
02
3
Fonte: Propria.
Para o corte das peças nas serras circulares 01 e 02 existe alto risco para os membros superiores, principalmente para as mãos, exigindo muita atenção do operado durante a operação.
81
Pre
ns
age
m d
as
peç
as n
a
pre
ns
a m
an
ual
3
Fonte: Propria.
Para prensagem das peças o Operador 1 rotaciona o pescoço, contrai ombros e braços, executando movimentos de tensão e tração para aperto e folga de rosca da prensa manual causando fadiga e dores musculares.
De
sbas
tes
da
s p
eças
na
m
aq
uin
a d
e d
ese
ng
ross
o.
4
Fonte: Propria.
Para desbastes das peças no desengrosso de ajuste manual o Operado 1, necessita contrair ombros e braços, executando movimentos circulares para ajuste da maquina causando fadiga e dores musculares.
Fu
raç
ão d
a p
eças
no
fu
rad
or
vert
ica
l
5
Fonte: Propria.
Para furação das peças o Operado 2, necessita tencionar os ombros e flexionar o braço, executando movimentos oscilatórios, elevando e baixando a alavanca de apoio presente no furador manual causando fadiga e dores musculares.
Tra
ba
lho
s d
e m
arce
na
ria
so
b
ban
ca f
ixa
6
Fonte: Propria.
Sob a bancada de trabalho com altura estática o marceneiro necessita tencionar os ombros e flexionar o braço, realizando uma leve torção do tronco, a fim de ganhar apoio e assim aparafusar as peças, causando fadiga dores musculares
82
Tra
ba
lho
s d
e m
arce
na
ria
so
b
ban
ca f
ixa
7
Fonte: Propria.
Sob a bancada de trabalho com altura estática o marceneiro necessita tencionar bastante os ombros e flexionar o braço, devido á posição em que encontra-se os pontos de fixação das peças, a fim de ganhar apoio e executar as fixações, causando fadiga dores musculares
Tra
ba
lho
s d
e m
arce
na
ria
8
Fonte: Propria.
O marceneiro adota postura comprometedora com movimentos: flexão das pernas, a fim de acomodar-se e esquadrinhar o móvel, causando e fadiga dores musculares
DE MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS
Excesso de peso, distância do curso da carga, freqüência de movimentação dos objetos a levantar ou transportar.
Tra
ns
po
rte
Ma
nu
al d
e ch
ap
as
9
Figura 09 à 11: Problemas movimentação
materiais.
Fonte: Propria.
O Operador 1 adota postura inadequada com movimentos: flexão do tronco, pescoço e pernas, ao separar as chapas que estão distribuídas nos 06 (seis) níveis da estante com prateleiras fixas para posterior transporte, causando fadiga e dores musculares.
83
Tra
ns
po
rte
Ma
nu
al d
e ch
ap
as
10
Fonte: Propria.
O Operador 1 necessita tencionar os ombros, contrair musculatura do abdômen e flexionar os braços, objetivando elevar as chapas transportando-as para posterior corte, causando fadiga e dores musculares.
Tra
ns
po
rte
Ma
nu
al d
e ch
ap
as
11
Fonte: Propria.
O marceneiro necessita tencionar os ombros, contrair musculatura do abdômen e flexionar os braços, objetivando transportar a peça para outra localização, causando fadiga e dores musculares
ACIONAIS: MANUAIS E PEDIOSOS
Constrangimentos biomecânicos no ataque acional a comandos e empunhaduras; ângulos, movimentação e aceleração, que agravam as lesões por traumas repetitivos.
Tra
ba
lho
s d
e m
arce
na
ria
12
Figura 12 à 13: Problemas acionais
manuais e pedisos.
Fonte: Propria.
O marceneiro precisa assumir postura comprometedora com movimentos: de pé, com abdução do braço, flexão frontal do tronco e pescoço objetivando alcançar os pontos de fixação, causando fadiga e dores musculares
84
Tra
ba
lho
s d
e m
arce
na
ria
13
Fonte: Propria.
O marceneiro necessita disparar o gatilho da pistola de forma repetitiva e seqüenciada por longo período, objetivando fixar as peças, causando fadiga e dores musculares
SISTEMA ALVO: SETOR DE POLIMENTO E PINTURA
ESPACIAIS/ARQUITETURAIS/INTERIORES
Deficiência de fluxo, circulação, isolamento, má aeração, insolação, iluminação, isolamento acústico, térmico, radioativo.
Pin
tura
e a
cab
amen
to
de
p
eças
14
Figura 14 à 17: Espaciais arquiteturais e
interiores.
Fonte: Propria.
Zonas 01 de circulação de ar, com acesso ao setor de pintura e acabamento.
Pin
tura
e a
cab
amen
to
de
p
eças
14
Fonte: Propria.
Zonas 02 de circulação de ar, com acesso ao setor de pintura e acabamento.
85
Pin
tura
e a
cab
amen
to
de
p
eças 15
Fonte: Propria.
Zonas 03 de circulação de ar, com acesso ao setor de pintura e acabamento.
Pin
tura
e a
cab
amen
to
de
p
eças 16
Fonte: Propria.
Zonas 04 de circulação de ar, com acesso ao setor de pintura e acabamento.
Pin
tura
e a
cab
amen
to
de
p
eças 17
Fonte: Propria.
Zonas 05 de circulação de ar, com acesso ao setor de pintura e acabamento.
86
INTERFACIAIS/POSTURAISPosturas prejudiciais resultantes de inadequações do campo de visão/tomada de informações, do envoltório acional/alcances, do posicionamento de componentes comunicacionais, com prejuízos para os sistemas muscular e esquelético
Pin
tura
e a
cab
amen
to
de
p
eças
18
Figura 18 à 20: Problemas interfaciais
posturais.
Fonte: Propria.
O polidor precisa assumir postura inadequada com movimentos: agachado, realizando torção do tronco, pescoço e tornozelo devido a ausência de uma bancada de apoio COM AJUSTE DE ALTURA objetivando visualizar os pontos de superfície existentes na parte inferior do móvel para acabamento, causando fadiga e dores musculares.
Pin
tura
e a
cab
amen
to
de
p
eças 19
Fonte: Propria.
O polidor precisa assumir postura inadequada: flexão do tronco tencionando ombros e braços devido a ausência de uma bancada de apoio COM AJUSTE DE ALTURA onde será polida a superfície do móvel executando, movimentos circulares de forma repetitiva, aplicando muita pressão sobre a superfície em polimento, causando fadiga e dores musculares.
Pin
tura
e a
cab
amen
to
de
p
eças 20
Fonte: Propria.
O polidor precisa assumir postura comprometedora com movimentos: agachado, realizando torção do tronco, pescoço e tornozelo devido a ausência de uma bancada de apoio COM AJUSTE DE ALTURA, objetivando visualizar os pontos de superfície existentes na parte inferior do móvel e executar movimentos circulares uniforme sobre a superfície em polimento, causando fadiga e dores musculares.
87
ACIONAIS: MANUAIS E PEDIOSOS
Constrangimentos biomecânicos no ataque acional a comandos e empunhaduras; ângulos, movimentação e aceleração, que agravam as lesões por traumas repetitivos
Pin
tura
e a
cab
amen
to
de
p
eças
21
Figura 21: Manuais e pediosos.
Fonte: Propria.
O Polidor necessita disparar o gatilho da pistola de forma repetitiva e seqüenciada por longo período, objetivando aplicar os matérias de polimento e pintura nos móveis, causando fadiga e dores musculares.
QUÍMICOS AMBINTAIS/INTERFACIAIS
Partículas, elementos tóxicos e aéreo-dispersóides em concentração no ar.
Pin
tura
e a
cab
amen
to
de
p
eças
22
Figura 22: Problemas químicos
ambientais.
Fonte: Propria.
Exposição excessiva a particulados sólidos e vapores químicos, decorrentes das atividades de acabamento e pintura.
12.2.4 Custos humanos do SHTM
Os custos humanos bem como a carga cognitiva, psíquica e física do
usuário, são gerados pela falta do atendimento aos requisitos ergonômicos que
possibilitam maximizar o conforto, a satisfação e o bem-estar, garantir a segurança,
minimizar constrangimentos e otimizar o desempenho da tarefa, o rendimento do
trabalho e a produtividade do sistema homem-máquina.
88
a) ESPACIAIS/ARQUITETURAIS/INTERIORES
De acordo com Lida (2005), um bom sistema de iluminação, com o uso
adequado de cores e a criação dos contrastes, pode produzir um ambiente de
fábrica ou escritório agradável, onde as pessoas trabalhem confortavelmente, com
pouca fadiga, monotonia e acidentes, e produzam com maior eficiência.
Existem diversas tabelas de níveis de iluminamento recomendadas para
cada tipo de ambiente, de um modo geral, para as áreas não-produtivas como
almoxarifados, passagens e corredores, pode-se manter níveis em torno de 100
luxo. Para as áreas produtivas, com a presença contínua de trabalhadores, são
recomendados níveis de 200 a 600 lux. Se houver necessidade de um
iluminamento maior, aconselha-se usar uma iluminação localizada de até 2 000 lux,
complementando a iluminação geral do ambiente. Com essa providência, além de
economizar energia, pode-se ter a vantagem de poder direcionar o foco da luz
sobre os detalhes desejados ou eliminar sombras, reflexos e ofuscamentos,
melhorando a visibilidade do ambiente, Lida (2005).
b) AMBIENTE: ILUMINAÇÃO, AGENTES QUÍMICOS
Segundo informações do TRT, a NR-15 Norma Regulamentadora 15,
referente as atividades e operações Insalubres: Descreve as atividades, operações
e agentes insalubres, inclusive seus limites de tolerância, definindo, assim, as
situações que, quando vivenciadas nos ambientes de trabalho pelos trabalhadores,
ensejam a caracterização do exercício insalubre, e também os meios de proteger
os trabalhadores de tais exposições nocivas à sua saúde. A fundamentação legal,
ordinária e específica, que dá embasamento jurídico à existência desta NR, são os
artigos 189 e 192 da CLT, afirma Lida (2005). Ratifica ainda o autor que os
(Solventes) - são particularmente nocivos, porque são voláteis e penetram
facilmente no organismo, provocando efeitos tóxicos de diversos níveis. Onde uma
89
das substâncias mais prejudiciais é o benzeno, que causa anemia plástica e
leucemia, devendo ser substituído pelo tolueno, que é menos nocivo
c) POSTURAIS
De acordo com Pequine (2007), as doenças ocupacionais geralmente
representam as afecções que podem lesar tendões, sinóvias, músculos, nervos,
fáscias, ligamentos, de forma isolada ou associada, com ou sem degeneração dos
tecidos, atingindo principalmente membros superiores, região escapular e coluna
vertebral. Podem ser ocasionadas de forma combinada ou não, pelo uso repetido e
forçado de grupos musculares e pela manutenção de postura inadequada.
Alguns dos principais distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho
são: tendinite e tenossinovite dos músculos dos antebraços; miosite dos músculos
lumbricais e fasciíte da mão; tendinite do músculo bíceps; tendinite do músculo
supra-espinhoso; inflamação do músculo pronador redondo com compressão do
nervo mediano; cisto gangliônico no punho; tendinite De Quervain; compressão do
nervo ulnar; síndrome do túnel do carpo; compressão do nervo radial; síndrome do
desfiladeiro torácico; epicondilite medial e lateral; bursite de cotovelo e ombro;
síndrome da tensão cervical e lombalgia.
A posição não ergonômica no trabalho é uma das causas mais freqüentes
para as lombalgias, especificamente as torções e distensões dos músculos e
ligamentos lombares, osteoartrose da coluna e os osteófitos. A coluna vertebral,
por seu aspecto biomecânico tridimensional (permite movimento nos três planos
espaciais: frontal, sagital e transverso), absorve os impactos externos com
propriedade, contudo, quando estes são excessivos ou inadequados, os prejuízos
são notórios, e muitas vezes irreversíveis.
12.2.5 Parecer ergonômico
90
O Parecer ergonômico compreende uma síntese dos problemas observados
no Quadro de Formulação do Problema, Sugestões Preliminares de Melhoria, a
Priorização e Consolidação do Problema, Predições e Conclusão (MORAES et al.,
2000).
De acordo com os resultados da sistematização e problematização do
SHTM, foi possível elaborar este parecer ergonômico.
Os problemas encontrados na problematização do SHTM foram: interfaciais,
movimentacionais (carga com peso excessivo transportada sem auxílio
mecanizado), acidentários (má concepção de equipamentos/ambiente para a
execução da tarefa), físico-ambientais (exposição a ruídos intensos) e
psicossociais (tensão causada pelo ritmo frenético da obra).
A análise da tarefa mostra o mau planejamento do ambiente do ponto de
vista de lay out, temperatura, iluminação, dimensionamento, impõem aos
funcionários a maioria das posturas incorretas que podem causar lesões e resultam
em fadiga pela necessidade de demasiado esforço físico e pelos índices de
temperatura e iluminação em desacordo com as recomendações.
O Quadro 01 a seguir contém os problemas selecionados entre aqueles
apresentados durante a problematização com as sugestões preliminares de
melhorias.
91
QUADRO 01: Parecer Ergonômico
92
12.2.6 Tabela GUT – gravidade x urgência x tendência
Tabela 5 – Tabela GUT – gravidade x urgência x tendênciaCategoria Problemas G U T GxUx
THIER
.
Químicos Ambientais Exposição excessiva a gases e vapores químicos
4 4 4 64 1
Interfaciais Tensões nos braços, ombros e costas
ocasionados pelos movimentos
circulares de forma repetitiva,
aplicando muita pressão sobre a
superfície em polimento, causando
fadiga e dores musculares.
3 4 4 48 2
Operacionais Trabalho de pé aplicando os produtos de polimento nas peças a serem pintadas.
3 3 4 36 3
Organizacionais O ritmo da atividade é imposto pela demanda de móveis a serem acabados.
3 3 4 36 4
Acionais: manuais e pediosos
Disparo o gatilho da pistola de forma repetitiva e seqüenciada por longo período, objetivando aplicar os matérias de polimento e pintura nos móveis, causando fadiga e dores nas mãos.
3 3 4 36 5
Espaciais/arquitetu-rais/ interiores
Circulação deficiente de ar, contribuindo com a formação de zonas carregadas de vapores e gases insalubres.
3 3 4 36 6
Visuais Verificar se os móveis estão bem pintados, envernizados e polidos.
3 2 2 12 7
A análise que pode ser feita deste quadro é que deve ser dada uma
atenção especial aos problemas químicos e interfaciais conforme observado acima,
devendo-se priorizar as sugestões de melhorias relacionadas aos sistemas de
aeração do sistema alvo, visando diminuir a concentração dos gases e vapores
presentes no ambiente, em seguida observar as questões ligada aos problemas
posturais. É importante salientar que os demais problemas devem ser tratados
com a devida importância que lhes cabe, de forma a não comprometer a saúde dos
funcionários à longo prazo.
93
13. ANÁLISE DOS DADOS
O nível de desconforto postural foi avaliado através do questionário
proposto por Corlett (1980 citado por IIDA 2005, p 173). Este questionário é uma
coleta das sensações de desconforto antes e depois da jornada de trabalho. Trata-
se uma escala subjetiva (sem números) para as diversas partes do corpo (pescoço,
costas, punho direito, punho esquerdo, etc) Figura 28, que varia de nenhum
desconforto a muito desconforto, adaptada para aplicação na empresa. A pessoa
avaliada efetua um traço na escala conforme a sensação do momento e na
avaliação posterior, este traço é convertido em número através de um gabarito
Segundo Pequini (2005), um dos principais critérios para avaliar a
ergonomia é utilizar uma escala de avaliação de desconforto/dor a partir da opinião
do usuário. Afirma ainda a autora que esta escala é considerada importante e
válida e frequentemente a avaliação de desconforto/dor é aplicada junto com um
mapa das regiões corporais. Com isso o indivíduo avaliado menciona as regiões
desconfortáveis / doloridas começando pela pior, e assim por diante, até que todas
as regiões sejam mencionadas.
94
13.1 NÍVEIS DE DESCONFORTO/ DOR DOS FUNCIONÁRIOS.
Figura 22: Regiões e níveis de dor/desconforto.
A (Figura 22) acima indica as regiões relatas pelo pintor através de
entrevista, onde o mesmo expôs seus níveis de desconforto presentes nestas
regiões. O grau de dor/desconforto está sendo representado pelas cores presentes
nas partes criticas espalhadas pelo corpo do pintor, a intensidade da
dor/desconforto pode ser aferida da seguinte forma:
LEGENDA: Nível de desconforto/dor.
REGIÃO COR GRAU
14, 15
1
0,6,7,24,25
4,20,21,26,27
MUITO FORTE
FORTE
MODERADA
4 -
3 -
2 -
1 - TÊNUE 2 -
1 -
3 - 4 -
95
No processo de acabamento dos móveis o polidor executa movimentos
repetitivos no processo de lixamento, emassamento exigindo grande dispêndio de
energia, fatigando a musculatura das regiões (6,7,14 e 15), provocando dores e
desconforto nestas regiões. Já no processo de pintura, envernizamento e
selamento, se faz necessário que o polidor assuma posturas inadequada para
conseguir dar o devido acabamento nas partes de difícil visualização provocando
dores nas articulações dos membros inferiores regiões (20,21,24,25), sendo que as
regiões (20, 21, 26, 27) segundo relatos do polidor apresentam um nível de
desconforto muito grande se agravando na região (4) com o aparecimento de
lombalgia após sua jornada de trabalho.
Os níveis de desconforto ocasionados pelos problemas de natureza
arquiteturais/espaciais e químicos ambientais ocasionados pela utilização de
produtos químicos e pelo sistema de aeração ineficiente, também foi exposto pelo
polidor. A existência de um sistema de aeração presente no sistema alvo, ameniza
tais problemas, sendo necessário melhorá-lo, visando eliminar a concentração de
gases insalubres presentes no ambiente. A questão da temperatura também está
associada ao sistema de aeração desta unidade, de forma que a melhoria deste
sistema também trará benefícios relacionados ao conforto térmico do trabalhador.
14. SUGESTÕES PRELIMINARES DE MELHORIAS
Após analise dos dados gerados pela apreciação do sistema alvo com seus
respectivos problemas foi possível determinar uma serie de sugestões para a
melhoria do sistema em estudo. As zonas de circulação de ar (01,02,03,04,05),
podem ser localizadas no Lay-Out abaixo.
96
Zonas 01 circulação de ar
Zonas 02 circulação de ar
Zonas 03 circulação de ar
Zonas 04 circulação de ar
Zonas 05 circulação de ar Estufa.
8,00
4,00
11,00
5,00
2,00
6,00
Lay Out Sistema Alvo: Setor de pintura e acabamento
Figura 23: Lay Out Sistema Alvo: Setor de pintura e acabamento
97
Zonas 01 de circulação de ar, com acesso ao setor de pintura e acaba-
mento: Para esta zona sugere-se que amplie a área de circulação de ar,
unificando as três janelas em um único vão gradeado, melhorando o
sistema de aeração do setor.
Zonas 02 de circulação de ar, com acesso ao setor de pintura e acaba-
mento: Para esta zona sugere-se que amplie a área de circulação de ar,
unificando as três janelas em um único vão gradeado, melhorando o
sistema de aeração do setor.
Zonas 03 de circulação de ar, com acesso ao setor de pintura e acaba-
mento: Para esta zona sugere-se que amplie a área de circulação de ar,
aumentando o vão de abertura da porta, prolongado os trilhos da mesma
possibilitando tal amplitude, melhorando o sistema de aeração do setor.
Zonas 04 de circulação de ar, com acesso ao setor de pintura e acaba-mento: Para esta zona sugere-se que amplie a área de circulação de ar, aumentando o vão de acesso a estufa de pintura, melhorando o sistema de aeração do setor.
Zonas 05 de circulação de ar da estufa de polimento: Para esta zona sugere-se a instalação de mais um exaustor o qual já se encontra na unidade aguardando apenas a instalação do mesmo, melhorando o sistema de exaustão/aeração do setor
Para os problemas de natureza interfaciais/posturais é sugerido que se construa uma bancada com altura regulável, possibilitando ao polidor ajustá-la quando necessário evitando que o mesmo assuma posturas inadequadas durante à execução de suas atividades laborais.
Para os problemas de natureza manuais/pediosos é sugerido que se intercale as atividades de pintura, envernizamento e selamento com outras atividades como lixamento, emassamento e polimento evitando lesões por esforço repetitivo; ou contratar mais um polidor a fim de que as atividades possam ser revezadas entre si.
Para os problemas de natureza químicos/ambientais sugere-se, além da melhoria do sistema de exaustão e areação do setor, a observação da composição química dos solventes, removedores, seladores, vernizes, primes se estes são a base de benzeno caso sim, devem ser substituídos por toluendo que é menos nocivo.
98
Adquirir uma maquina politriz angular com velocidade variável para polir os móveis, de forma a substituir a atividade braçal que se desempenha nesta atividade; reduzindo os constrangimentos biomecânicos sofridos pelo polidor.
99
CONCLUSÃO
O Engenheiro de Produção está capacitado à identificar e solucionar
problemas pertinentes aos sistemas produtivos, fundamentando-se no
desenvolvimento de inúmeras técnicas e metodologias relacionadas ao
planejamento e à gestão de sistemas de operações (manufatura e serviços),
discorrendo sobre a aplicabilidade destas ferramentas no contexto das
organizações.
Os problemas de natureza ergonômica são responsáveis por causarem
danos muitas vezes irreversíveis aos usuários dos equipamentos e máquinas
presentes nas linhas produtivas. Os conflitos homem-máquina vem sendo estudado
de forma interdisciplinar pelas mais variadas áreas do conhecimento humano
objetivando a diminuir de tais disfunções. O sistema alvo em estudo denominado
setor de pintura e acabamento de móveis foi observado e analisado de forma a
subsidiar o processo de apreciação ergonômica. Para este processo foram
utilizadas varias ferramentas de analise e apreciação como entrevistas in loco aos
funcionários do setor em estudo, preenchimento de questionários informando as
condições atuais dos níveis de dor/desconforto dos trabalhadores, fotografia das
áreas e dos profissionais em plena atividade labora, entre outros.
Portanto, conclui-se que, a baixa produtividade e a desconformidades de
itens como a qualidade aparente dos produtos, na maior parte dos casos esta
relacionada com os problemas gerados pelos conflitos homem-máquina. As
atividades de pintura e acabamento de móveis quase que de forma total exige em
suas atividades um grande dispêndio de energia muscular, como também a
sobrecarga das articulações, além dos problemas de natureza químico/ambiental
devido a utilização dos produtos químicos no processo de acabamento e pintura
gerando uma série de desconfortos e problemas respiratórios, comprometendo o
bem estar e a saúde dos trabalhadores .
100
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA. O que é a ergonomia. Disponível em:<http://www.abergo.org.br>. Acesso em: 4 out. 2006.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NR 15: (115.000-6): atividades e operações insalubres, Rio de Janeiro 2004.
______. NR17 (117.000-7): segurança e saúde no trabalho. Rio de Janeiro 2004.
DULL, Jan; WEERDMEESTER, Bernard. Ergonomia prática. São Paulo: Edgard
Blücher, 2004.
GRANDJEAN, E; KROEMER, K.H.E. Manual de ergonomia: adaptando ao trabalho do homem. Porto Alegre: Bookman 2005.
IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher, 2005
MORAES, Anamaria de. Aplicação dos dados antropométricos no dimensionamento da interface homem-máquina: manequins antropométricos bidimensionais. 1983. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção)–COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, 1983.
______; MONT’ALVÃO, Cláudia. Ergonomia conceitos e aplicações. 2. ed. Rio de Janeiro: 2AB, 2000.
PEQUINI, Paolo. Intervenção ergonômica e suas implicações na produtividade
e satisfação dos funcionários: estudo de caso de lavanderia industrial. 2007,
Salvador. ANAIS. Salvador: FACULDADE ÁREA 1, 2007.
PEQUINI, S. Mariño. Ergonomia aplicada ao design de produtos: Um estudo de caso
sobre o design de bicicletas. 2005. Tese (Doutorado) FAU/USP, São Paulo, 2005.
COUTO, Hudson de Araújo. Ergonomia aplicada ao trabalho. O manual
9
101
técnico da máquina humana. Belo horizonte: Ergo Editora, 1995.