MODELO SISTÊMICO E PROCESSUAL DE PLANEJAMENTO EGESTÃO DE TERRITÓRIOS TURÍSTICOS
APLICADO AO CENTRO DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ (SC)
Daniella Haendchen SANTOSProf. Dr. Francisco Antônio dos ANJOS
Universidade do Vale do Itajaí, Balneário Camboriú, SC
1 INTRODUÇÃO
Planejamento e Gestão: O planejamento nos remete ao futuro porque as informações originárias neste processo são previsões sobre a evolução de determinado fenômeno com intuito de precaver-se de situações maléficas ou, então, de aproveitar-se das benéficas. A gestão, por sua vez, nos remete ao tempo presente porque se refere à administração das situações de acordo com os recursos disponíveis para atender as necessidades mais imediatas (SOUZA, 2006).
Desenvolvimento Sustentável: Fundamenta-se na relevância social, prudência ecológica e viabilidade econômica (SACHS, 2000).
2 ESTUDO DE CASO COM ENFOQUE SISTÊMICO
O estudo de caso é “uma investigação empírica sobre um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos” (YIN, 2005, p.32).
Um macrossistema é constituído por vários sistemas, que estão interligados uns aos outros de forma não-linear e relacionam-se entre si de forma complexa. Estes sistemas, por sua vez, são integrados por subsistemas, que também mantêm relações estreitas entre eles de modo a sustentar o todo (BERTALANFFY, 2008).
No sistema social, Capra (2002) acrescenta a perspectiva do significado às outras três perspectivas já estudadas por ele nas ciências naturais: forma, matéria e processo, as quais são interdependentes.
3 PLANEJAMENTO E GESTÃO DO TURISMO
O sistema turístico é composto por seis subsistemas (meios de transporte; alojamento e alimentação; organização e agenciamento de viagens; e equipamentos de animação turística), os quais são postos em funcionamento pelo turista, que é o elemento dinâmico e dominante do sistema (ACERENZA, 2002).
Ao deslocar-se, o turista põe em movimento os subsistemas da região emissora até a região receptora, por meio de uma rota de trânsito (ACERENZA, 2002).
Modelo sistêmico e processual de planejamento e gestão de territórios turísticos, de Anjos (2004).
Políticas Públicas: “para zelar pelo bem-estar da população residente e de turistas, a elaboração e/ou execução de políticas públicas é função primordial do poder público instituído”.
Territorialização: “estimular o aprendizado permanente e a autonomia coletiva e individual dos agentes que participam da tomada e administração das decisões relevantes à vida em sociedade”.
Monitoramento e avaliação: “ocorrem constantemente em todos os outros processos para obtenção do feedback necessário à retroalimentação do sistema”. Fonte: ANJOS, 2008, p.09.
Leitura e compreensão do sistema: “facilitar o entendimento sobre a dinâmica de determinado sistema territorial turístico, desenvolver um sistema de informação geográfico, a ser atualizado constantemente pelos agentes”.
Estratégias de perturbação: “provocar mudanças qualitativas no sistema territorial turístico, alterar as relações internas e externas devido aos impactos sócio-econômicos e ambientais”.
Implantação e viabilização: “os agentes do sistema elaboram e executam planos específicos, transferindo ações gerenciais para operacionais”.
Fonte: ANJOS, 2008, p.09.
Leitura e compreensão de um sistema territorial turístico
Fixos: “permitem ações que modificam o próprio lugar, fluxos novos ou renovados que recriam as condições ambientais e as condições sociais, e redefinem cada lugar” (SANTOS, 1999, p.50).
Fluxos: “um resultado direto ou indireto das ações e atravessam ou se instalam nos fixos, modificando a sua significação e o seu valor, ao mesmo tempo em que, também, se modificam” (SANTOS, 1999, p.50).
Fonte: ANJOS, 2004, p.164.
4 CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA BALNEÁRIO CAMBORIÚ (SC)
Localização Geográfica
Mesorregião do Vale do Itajaí
Microrregião de Itajaí
Litoral centro-norte
80Km de Florianópolis
46Km2
Itajaí (N), Itapema (S), Oceano Atlântico (L) e Camboriú (O).
26o59’26’’ latitude sul
48o38’05’’ latitude oeste
Fonte: IBGE, 2009.
Vegetação: Mata Atlântica, Restingas, Arbustos e Manguezais;
Relevo: Planície Litorânea e Serras do Leste Catarinense;
Hidrografia: Rio Camboriú, Canal do Marambaia e Rio Peroba;
Clima: Subtropical, Mesotérmico Úmido;
Temperatura: No inverno, varia de 03 a 18oC. No verão, ultrapassa os 25oC;
Atrativos: Nove praias, Ilha das Cabras e o Morro do Careca.
4.1 FIXOS NATURAIS DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ (SC)
Fonte: Arquivo Pessoal.
Sistema de circulação: BR-101; aeroportos de Navegantes (SC) e de Florianópolis (SC); e Porto de Itajaí (SC). Na cidade, são seis vias principais.
Sistema de comunicação: jornais impressos; rádios AM, FM e comunitária; canais de televisão retransmissores, sinal livre e por assinatura; correios; telefonias fixa e móvel, acesso à Internet.
4.2 FIXOS CONSTRUÍDOS DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ (SC)
Fonte: Arquivo Pessoal.
Sistema de saneamento básico: Empresa Municipal de Água e Saneamento (água e esgoto); Ambiental Saneamento e Concessões (lixo sujo e limpo).
Sistema de energia: Centrais Elétricas de Santa Catarina S/A.
Fonte: Arquivo Pessoal.
População: 94.344 habitantes
IDH-Municipal: 0,867
IDH-Educação: 0,940
IDH-Longevidade: 0,803
IDH-Renda: 0,859
Índice de Gini: 0,59
4.3 FLUXOS SOCIAIS DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ (SC)
Fonte: Arquivo Pessoal.
Turismo: Na temporada 2007-2008, 685.946 turistas (PR, SC, RS, SP, MS, Argentina, Paraguai, Chile, Uruguai e Estados Unidos) visitaram a cidade.
Indústria: De transformação (turismo e hotelaria) e de extração (lenha).
Agropecuária: banana, aves, mel, ovos de galinha e leite de vaca.
4.4 FLUXOS ECONÔMICOS DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ (SC)
Fonte: Arquivo Pessoal.
5 LEITURA E COMPREENSÃO DO SUBSISTEMA CENTRO
Entorno da Praça Almirante Tamandaré: Rua 2500 até Av. Alvin Bauer.
Fixos naturais: A praia é o principal atrativo turístico e recreativo; Espaço vulnerável à degradação ambiental; Consumo desenfreado do território por um grande contingente populacional; Uso e ocupação do solo exacerbado pela construção civil.
Fixos construídos: Calçadão da Central - marco zero, comércio de bens e serviços, proximidade com a praia, conflito
entre pessoas e carros, acessibilidade comprometida; Praça Almirante Tamandaré - logradouro, marco, pontuação, ponto nodal; Calçadão da Avenida Atlântica - mobiliário urbano, quiosques, comércio informal etc.; Praça Higino João Pio - artesanato e apresentações artísticas.
Fluxos sócio-econômicos 10 equipamentos para hospedagem e 66 para alimentação; Nos anos 2006-2008, 75 eventos foram realizados nesta praça. A maioria esportivo.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Balneário Camboriú (SC) é um sistema territorial turístico aberto no qual está inserido o subsistema Centro;
Este espaço representa o todo maior em função da circulação intensa de pedestres e de meios de transporte, além da grande quantidade de empreendimentos turísticos;
É, portanto, uma área relevante se comparado aos outros subsistemas da orla marítima (Barra Sul e Pontal Norte);
Os empreendimentos e os eventos favorecem a dinamicidade sócio-econômica devido à diversidade de atrativos, temáticas e público participante;
Os eventos realizados no subsistema Centro são estratégias de perturbação importantes para o sistema Balneário Camboriú (SC);
Não há monitoramente e avaliação sobre estes eventos; portanto, não há feedback do público participante.
REFERÊNCIAS
ACERENZA, M. A. Administração do turismo: conceituação e organização. Bauru: EdUSC, 2002.ANJOS, F. A. dos. Processo de planejamento e gestão de territórios turísticos: uma proposta sistêmica. 2004. 256f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção), Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. 2004.ANJOS, F. A. dos. A abordagem sistêmica no processo de planejamento e gestão do espaço turístico. Balneário Camboriú, 2008. Digitado.BERTALANFFY, L. von. Teoria Geral dos Sistemas: fundamentos, desenvolvimento e aplicações. 3.ed. Petrópolis: Vozes, 2008.CAPRA, F. As conexões ocultas: ciência para uma vida sustentável. 4.ed. São Paulo: Cultrix, 2002.IBGE.SACHS, I. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2000. SANTOS, M. A natureza do espaço: espaço e tempo, razão e emoção. 3.ed. São Paulo: Hucitec, 1999. Cap.2, p.50-71.SOUZA, M. L. de. Mudar a cidade: uma introdução crítica ao planejamento e gestão urbanos. 4.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3.ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.
OBRIGADA PELA ATENÇÃO!