Download - Métodos

Transcript
Page 1: Métodos

MétodosMétodos

Top-down & Botton-upTop-down & Botton-up

Page 2: Métodos

Texto dissertativo é um tipo de texto que permite interpretar, analisar, relacionar fatos, informações e conceitos gerais, a fim de construir argumentos sócio-culturais historicamente constituídos, cujos objetivos comunicativos estão vinculados a situações interpretativas de uso.Todo texto dissertativo tem suas especificidades. Uma delas é o modo como as idéias e os argumentos aparecem no corpo do texto.

Page 3: Métodos

Top-down

Você apresenta sua idéia central (tese) na introdução e, no desenvolvimento, você arrola argumentos que comprovem essa tese. Desse modo, sua conclusão não poderia deixar de ser a ratificação da afirmação contida na introdução.

Introdução teseDesenvolvimento argumentos e/ ou exemplos que demonstram a veracidade da tese introdutória.Conclusão retomada da tese, reforçando-a.

Page 4: Métodos

Botton-up

Você demonstra uma verdade final, isto é, esses fatos e exemplos vão-se repetindo e se somando para convencer, finalmente, o leitor de que sua conclusão é verídica. O desenvolvimento de seu texto deve, então, ser construído a partir de um raciocínio de enumeração (de argumentos, fatos, exemplos ou dados estatísticos).

Introdução rápida “pincelada” sobre o assunto, a partir de elementos correlatos ao principal.Desenvolvimento argumentos e/ ou exemplos que demonstram a afirmação da conclusão.Conclusão explicitação clara da sua posição.

A conclusão de um texto no estilo botton-up é importantíssima: ela ‘fecha’ as suas idéias e as liga ao tema. A conclusão, neste estilo, é o “fio da navalha” que separa sua redação da fuga ao tema.

Page 5: Métodos

Glamour e miséria no país onde tudo podeRoberto Pompeu de Toledo

"Moralista! Eis ofensa pior do que xingar a mãe. Desde 1968, ser

classificado de moralista, em especial em assuntos sexuais, é ser

atingido pela ignomínia. O sexo virou tabu - não porque não se possa

falar nele, nem porque não se possa praticá-lo nas modalidades que

fogem às mais ortodoxas, mas, ao contrário, porque é imprescindível falar

nele, alardeá-lo o mais possível, escancará-lo no cinema, nas letras de

música, nas revistas e na TV, e incentivar a sua prática seja em que

modalidade for, homo ou hetero, por cima ou por baixo, sozinho ou

acompanhado - é tudo normal, normalíssimo, reza a cartilha do nosso

tempo. Sexo virou tabu ao contrário. É proibido proibir. Tentar conter seus

sagrados impulsos é coisa de velho, atrasado, ‘careta’. É repressão.

Censura.

ASPAS

Page 6: Métodos

É bem possível que tal atitude, presente mais ou menos no

mundo todo, mas talvez em parte alguma como no Brasil, terra

inzoneira, de sol tropical e Carnaval, onde à ardência da carne

corresponde uma festiva filosofia do deixa estar, deixa fazer,

tenha relação com certos atributos muito típicos do presente

panorama brasileiro. Somos um dos campeões mundiais de

prostituição infantil. Transformamo-nos numa das mecas do

turismo sexual. Somos um dos maiores, talvez o maior,

exportadores mundiais de travestis. Ocupamos lugar de

destaque nas estatísticas de incidência da Aids. Enfim,

apresentamos números de embasbacar em matéria de gravidez

na adolescência. Setecentas mil meninas entre 10 e 19 anos

deram à luz no ano passado em hospitais do SUS, segundo o

Ministério da Saúde. Dessas, 32.mil tinham entre 10 e 14 anos.

Não entram nesses totais as que recorreram a hospitais

particulares ou clínicas clandestinas.

Page 7: Métodos

A gravidez na adolescência é o tema de uma campanha de

prevenção lançada na semana passada pelo Ministério da Saúde.

Na ocasião, o ministro José Serra causou rebuliço ao sugerir que

o exemplo da apresentadora Xuxa, orgulhosa protagonista de

uma ‘produção independente’, como se diz - a opção de criar

filhos sozinha, sem marido -, pode ter exercido influência nociva

sobre as meninas. Xuxa respondeu que ninguém tem nada com

sua vida, que não lhe faltam recursos para criar a filha, que mau

exemplo dão os políticos etc., mas a referência à apresentadora,

tenha-a feito o ministro de caso pensado ou não, foi

providencial. Tudo tem de passar pelo show no Brasil. Sem a

polêmica com a famosa loura da TV, a campanha contra a

gravidez precoce teria passado despercebida.

Page 8: Métodos

A referência a Xuxa, além de providencial, é pertinente. Ela é

pioneira nesse fenômeno tão característico do Brasil de hoje que

é a erotização das crianças. Faz anos que, consciente ou

inconscientemente, lhes dá aulas de sedução. Outras a seguiram

na TV, entre louras que a imitam e reboladoras profissionais,

mas Xuxa detém a palma do pioneirismo. Merece ser

considerada um símbolo da permissividade da televisão

brasileira. Junte-se a essa qualidade a da sacerdotisa do

consumo que sempre foi, com a especialidade de dirigir sua

pregação às crianças, e chega-se à conclusão de que as

campanhas contra os efeitos perniciosos da TV, ao centrar fogo

contra Ratinho, como têm feito ultimamente, talvez estejam

incorrendo numa injustiça. Afinal, Ratinho não se dirige ao

público infantil.

Page 9: Métodos

Ressalve-se em favor de Xuxa que ela só existe em função de um contexto. O contexto é uma televisão sem freios, só comércio e busca de audiência, mais voltada para a formação de consumidores que de seres humanos. Ressalve-se igualmente que a TV - e a mídia em geral - não é a causa profunda de tragédias brasileiras como a prostituição infantil e a gravidez precoce. A causa profunda é a pobreza e a ignorância. O que a mídia faz - e não é pouco - é ampliá-las, ao propagar comportamentos e valores para os quais crianças e jovens não estão amadurecidos e tratá-los não só como naturais mas mitificá-los como próprios de uma vida solta, prazerosa e ‘moderna’.

Page 10: Métodos

É aí que entram a gravidez e a maternidade de Xuxa. Grávida e, depois, jovem mãe, ela virou a grávida e a jovem mãe mais celebrada do país, por efeito do conluio de interesses entre uma mídia tão sequiosa dela quanto ela da mídia. Quando Xuxa diz que ninguém tem nada a ver com suas opções pessoais tem razão. Ninguém tem nada a ver com uma produção independente quando a produtora é pessoa adulta e capaz de sustentar o produto. O problema é expor essa opção na vitrina e revesti-la de glamour.

Page 11: Métodos

O contraste entre a vitrina e a vida real, neste país onde não se

vê nada de mais em ensinar às crianças a dança da garrafa, é

imenso. Com Xuxa, assim como nas novelas, outra área da

televisão onde o sexo é livre como o vento, natural como o ar

que se respira, tudo é bonito e acaba bem. Na vida real as mães

adolescentes têm a saúde debilitada, abandonam a escola,

geram bebês malformados, trazem um encargo a mais à família

- quando há família - e agravam a própria pobreza. O contraste

entre a vitrina e a vida real torna o Brasil ainda mais miserável."

copyright Veja


Top Related