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Metodologia de Dissertação II

Renata Lèbre La Rovere

IE/UFRJ

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Bibliografia desta aula e da aula anterior

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, LDA, 2009

ECO, U. Como se Faz uma Tese. São Paulo: Perspectiva, 1977

MOZZATO, A.R; GRZYBOVSKI, D. Análise de Conteúdo como Técnica de Análise de Dados Qualitativos no Campo da Administração: Potencial e Desafios. RAC, Curitiba, v. 15, n. 4, pp. 731-747, Jul./Ago. 2011 . Disponível em: http://www.anpad.org.br/rac

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Processo da análise temática- recapitulando

• Durante a etapa da exploração do material, o pesquisador busca encontrar categorias que são expressões ou palavras significativas em função das quais o conteúdo de uma fala será organizado.

• A categorização consiste num processo de redução do texto às palavras e expressões significativas.

• Inicialmente, a análise temática trabalha esta fase, recortando o texto em unidades de registro que podem constituir palavras, frases, temas, personagens e acontecimentos, indicados como relevantes para pré-analise. Posteriormente, o pesquisador escolhe as regras de contagem por meio de codificações e índices quantitativos. Finalmente, o pesquisador realiza a classificação e a agregação dos dados, escolhendo as categorias teóricas ou empíricas, responsáveis pela especificação do tema (BARDIN, 2009).

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Limitações da Análise de Conteúdo

Falta de profundidade na análise (uso de paráfrases)

Questionamentos sobre neutralidade – falta de distanciamento crítico

Privilegia formas de comunicação oral e escrita

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Distanciamento crítico

A pesquisa qualitativa pode levar a análise do observador a se impregnar de seus pré-conceitos, o que acaba por refletir no objeto estudado.

Isto se deve à proximidade do observador com os fenômenos relacionados.

Corre-se o risco de o ponto de vista do pesquisador sobrepor-se aos fenômenos a serem explicados nas análises

Outro risco é o pesquisador repetir o conteúdo das entrevistas sem reflexão =>paráfrases

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O uso de paráfrases

Falsas paráfrases podem ser escritas inadvertidamente e interpretadas como plágio

Em vez de paráfrases quase textuais, melhor citar o texto diretamente.

Exemplos a seguir extraídos de Umberto Eco (1977, cap.5)

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O texto original de Norman Cohn…..

A vinda do Anticristo deu lugar a uma tensão ainda maior. Sucessivas gerações viveram uma constante expectativa do demônio destruidor, cujo reino seria de fato um caos sem lei, uma era voltada à rapina e ao saque, à tortura e ao massacre, mas também o prelúdio de um termo ansiado, a Segunda Vinda e o Reino dos Santos.

As pessoas estavam sempre alerta, atentas aos

sinais que segundo a tradição profética, anunciariam e acompanhariam o último “período de desordem”; e já que os “sinais” incluíam maus governantes, discórdia civil, guerra, fome, carestia, peste, cometas, mortes imprevistas de pessoas eminentes e uma pecaminosidade geral, nunca houve dificuldade em detectá-los.

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A falsa paráfrase…..

Segundo Cohn, (lista de opiniões expressas em outro capítulo). Por outro lado, cumpre não esquecer que a vinda do Anticristo deu lugar a uma tensão ainda maior. As gerações viveram na constante expectativa do demônio destruidor, cujo reino seria de fato um caos sem lei, uma era voltada à rapina e ao saque, à tortura e ao massacre, mas também o prelúdio à Segunda Vinda e o Reino dos Santos. As pessoas estavam sempre alerta, atentas aos sinais que segundo os profetas, anunciariam e acompanhariam o último “período de desordem”; e já que os “sinais” incluíam maus governantes, discórdia civil, guerra, fome, carestia, peste, cometas, mortes imprevistas de pessoas importantes (e uma crescente pecaminosidade geral, nunca houve dificuldade em detectá-los.

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Uma paráfrase honesta….. A este respeito, Cohn é bastante explícito.

Debruça-se sobre a situação de tensão típica desse período, em que a expectativa do Anticristo é, ao msemo tempo, a do reino do demônio, inspirado na dor e na desordem, mas também prelúdio da chamada Segunda Vinda, a Parusia, a volta do Cristo triunfante. Numa época dominada por acontecimentos sombrios, saques, rapinas, carestia e pestes, não faltavam às pessoas os “sinais” correspondentes aos sintomas que os textos proféticos haviam sempre anunciado como típicos da vinda do Anticristo.

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Uma paráfrase quase textual que evita o plágio…..

O próprio Cohn, já citado, recorda ainda que “a vinda do Anticristo deu lugar a uma tensão ainda maior”. As diversas gerações viviam em constante expectativa do demônio destruidor, “cujo reino seria de fato um caos sem lei, uma era consagrada à rapina e ao saque, à tortura e ao massacre, mas também o prelúdio de um termo ansiado, a Segunda Vinda e o Reino dos Santos”. As pessoas estavam sempre alerta e atentas aos sinais que segundo os profetas, acompanhariam e anunciariam o “período de desordens”. Ora, sublinha Cohn, uma vez que estes sinais incluíam “maus governantes, discórdia civil, guerra, seca, fome, carestia, peste, cometas, mortes imprevistas de pessoas eminentes e uma crescente pecaminosidade geral, nunca houve dificuldade em detectá-los” (Cohn, 1965, p.128)

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Como evitar paráfrases?

Elaborar um texto com todas as citações dos códigos que encontrar relevantes

Verificar o que pode ser transformado em texto

Manter apenas aquelas citações que reforçam a argumentação do texto

Ou seja, fazer o mesmo procedimento sucessivamente até se chegar a um texto analítico e não descritivo

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Regras para citações:

• Os textos objeto de análise interpretativa são citados com razoável amplitude

• Os textos da literatura crítica só são citados quando corroboram ou confirmam afirmação nossa

• A citação pressupõe que a ideia do autor seja compartilhada, a menos que seja precedida de críticas

• Todas as citações devem identificar claramente o autor e a fonte, na lista de referências bibliográficas

• Nas citações de entrevistas, utilizar aquelas que reforçam a argumentação do texto

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Exemplo de uma citação ruim

O entrevistado 1 afirma que a atividade inovadora no município cresceu exponencialmente após a vinda da nova fábrica e trouxe benefícios:

De fato cresceu. Cresceu exponencialmente,

e o município se beneficiou com isso.(Entrevista 1, p.9, 2017)

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Exemplo de uma boa citação (Matos, 2016, p.164-65)

Por outro lado, parece não haver sobreposição das leis estaduais e federais, ou mesmo regulamentos, mas aumenta a margem de interpretação das leis e normativas estaduais e federais, pois existem três tipos de certificações para as três esferas de governo, municipal, estadual e federal. Quanto mais elevado o alcance de mercado, maior o grau de dificuldade em se adequar, como pode ser visto nesta afirmação abaixo:

Quem se enquadra somente nas leis estaduais não pode vender fora de MG. Por enquanto isto continua. A "ordem de grandeza" funciona assim: Quem tem selo SIM, só pode vender dentro do seu município, quem tem selo IMA vende somente dentro do estado, quem tem SISBI, dentro de todo o país. São os absurdos criados pela fraqueza de nossas legislações (P70- EMATER).

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O uso de notas de rodapé

• Notas de rodapé não devem ser usadas para informar referências bibliográficas. As referências bibliográficas devem ser inseridas no texto usando o sistema Autor-data, conforme Manual de Teses e Dissertações da UFRJ

• Notas servem para informações acessórias. Por exemplo: número de participantes de uma reunião observada pelo autor, detalhes específicos de um programa de governo, detalhes técnicos sobre equipamentos de determinado processo produtivo, datas de promulgação de leis etc.


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