PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
ROSA ALUOTTO DE OLIVEIRA
Potencialidades e dificuldades no uso dos
tablets como ferramenta didática:
O estado da arte das pesquisas
MESTRADO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
SÃO PAULO
2014
ROSA ALUOTTO DE OLIVEIRA
Potencialidades e dificuldades no uso dos tablets como
ferramenta didática: O estado da arte das pesquisas
Dissertação apresentada à Banca
Examinadora da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, como exigência
parcial para a obtenção do título de
Mestre em Educação Matemática, sob
orientação da Profa. Dra. Maria José
Ferreira da Silva.
PUC/SP
2014
Banca Examinadora
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____________________________________________
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou
parcial desta Dissertação por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos.
Assinatura: _________________________________ Local e Data:______________
DEDICATÓRIA
Aos meus pais Antonio e Rosaria, por tudo o que sou.
Ao meu marido Carlos, pelo amor, apoio e companheirismo.
Às minhas amadas Júlia e Laura, pela paciência e compreensão.
Às minhas irmãs Assunta e Ana Lucia, pelo carinho e pela amizade.
Aos meus amigos sinceros, próximos ou distantes, pelo auxílio constante.
AGRADECIMENTOS
Inicialmente agradeço a Deus, pela minha vida e por toda a proteção.
Durante a realização de meu mestrado, muitas pessoas ajudaram de formas
diferentes, com contribuições inestimáveis. Certamente, se hoje posso redigir esta
página, foi devido ao imenso apoio recebido nessa jornada. Na impossibilidade de
citar todos os envolvidos, expresso meus mais profundos agradecimentos aos
amigos, colegas e familiares.
Minha especial gratidão ao Sr. Mauro de Salles Aguiar, diretor presidente do Colégio
Bandeirantes, pela crença nos seus professores e também por estimular e
proporcionar todas as condições necessárias para que eu pudesse realizar meu
Mestrado.
Agradeço à Professora Doutora Maria José Ferreira da Silva, pelo carinho, pela
atenção, pelo empenho e pela disponibilidade durante todo o processo de
elaboração desta dissertação.
Aos Professores Doutores Nilson José Machado e Saddo Ag Almouloud, pela
disponibilidade em participar de minha banca examinadora e pelas preciosas
contribuições ao trabalho. Meu carinho e minha admiração aos meus dois grandes
exemplos de Professores.
Aos queridos amigos do Mestrado pelos momentos preciosos que passamos juntos.
A todos os professores, diretores, coordenadores, colegas e alunos que contribuíram
para a minha formação profissional e me tornaram digna de concluir esse Mestrado.
Seria impossível citar todos, mas tenham a certeza da minha eterna gratidão por
poder participar de suas vidas.
Oliveira, Rosa, Aluotto. Potencialidades e dificuldades no uso dos tablets como ferramenta didática: O estado da arte das pesquisas. 2014. Dissertação (Mestrado). Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação Matemática. Pontifícia Universidade católica de São Paulo. PUCSP.
RESUMO
A tecnologia invadiu nossas vidas de forma intensa e ubíqua. Os equipamentos móveis - smartphones e tablets - estão chegando às salas de aula, seja de maneira informal, trazidos pelos alunos, seja de forma institucional, com o aval dos diretores das escolas. No entanto, o fato é que, apesar de especialistas afirmarem que os equipamentos móveis têm potencial significativo para transformar a aprendizagem, pais e professores não estão convencidos disso. Assim, quando se trata de incorporar as novas tecnologias no processo de ensino, parece haver uma imensa barreira a ser ultrapassada. Acreditando que ainda faltam pesquisas nessa área, decidimos por fazer um trabalho bibliográfico para verificar o estado em que se encontram e refletir sobre algumas questões apresentadas nos trabalhos. Após a pesquisa do tipo estado da arte dessa temática, destacamos, ao final, quais as principais observações e conclusões, além de possíveis lacunas de pesquisa como sugestões para trabalhos futuros. Sem a pretensão de esgotarmos o assunto, selecionamos 39 trabalhos entre artigos nacionais e internacionais, dissertações e teses para realizarmos a análise, apontando ao final as principais questões tratadas. Desse análise concluímos que as pesquisas sobre o uso do tablet em sala de aula ainda não avançaram muito e temos poucos resultados concretos, principalmente no que diz respeito à melhora do desempenho acadêmico dos alunos. Se o tablet será ou não uma ferramenta que ajudará a mudar a Educação ainda é uma questão sem resposta, o que podemos inferir é que essa ferramenta tem potencial para apoiar trabalhos colaborativos, possibilitar uma aprendizagem dentro e fora da sala de aula e aumentar a autonomia do aluno na busca de informações e na construção de seu conhecimento.
Palavras chave: Tablets. Equipamentos móveis. Tecnologia na educação.
Oliveira, Rosa, Aluotto. Possibilities and difficulties in the use of tablets as a teaching tool: The state of the art research. 2014. Dissertation (Master). Postgraduate Studies Program in Mathematics Education. Pontifical Catholic University of São Paulo. PUCSP.
ABSTRACT
Technology has invaded our lives in an intense and ubiquitous way. Mobile devices - smartphones and tablets - are reaching the classrooms, either in an informal way, brought by the students, or in an institutional way, supported by school principals. However, the fact is that although experts assert that mobile devices have a meaningful powerful tools to transform learning, parents and teachers are not fully convinced of it. Thus, when it comes to integrate new technologies in the teaching process, there seems to be a huge barrier to be overcome. In the belief that there is a lack of research in this area, we have decided to do a bibliographical work in order to verify the position in which they stand and reflect on some questions present in these papers. After the research of this kind of state of the art, we highlight, at the end, what the main observations and conclusions are, and also the possible research gaps as suggestions for future papers. Aiming at bringing further discussions, we have selected 39 papers among national and international articles, dissertations and theses to carry out the analysis, indicating towards the end the main questions which were raised. From this analysis we conclude that the researches on the use of tablet in the classroom have not made much progress yet and we have few concrete results, mainly regarding the improvement of students´ academic performance. If the tablet will be a tool to help change education, it is still a question to be answered; what we can infer is that this tool has the capability to support collaborative work, learning in and outside classroom and to increase student´s autonomy in the search of information and knowledge construction.
Keywords: Tablets. Mobile devices. Education tecnology
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Página inicial do site Periódicos da CAPES ................................... 44
Figura 2 - Página inicial da Nuteses ............................................................... 45
Figura 3 - Apresentação de um resultado de busca ....................................... 45
Figura 4 - Vantagens na aprendizagem com os equipamentos móveis ....... 116
Figura 5- Desvantagens na aprendizagem com os equipamentos móveis ... 120
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Pesquisas encontradas na Biblioteca Virtual da PUC-SP ............ 46
Quadro 2 - Artigos científicos, teses e dissertações ....................................... 47
Quadro 3 - Artigos científicos nacionais.......................................................... 50
Quadro 4 - Artigos científicos internacionais ................................................... 51
Quadro 5 - Dissertações ................................................................................. 52
Quadro 6 - Teses ............................................................................................ 52
Quadro 7- Pesquisas que trataram de conteúdos matemáticos ................... 103
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................13
1 – O CONTEXTO..............................................................................................................................19
1.1 UM BREVE HISTÓRICO DOS COMPUTADORES NAS ESCOLAS ......................................................................... 19
1.2 COMO CHEGAMOS AO M-LEARNING ..................................................................................................... 23
1.3 INFORMAÇÃO, CONHECIMENTO, COMPETÊNCIAS E DISCIPLINAS ................................................................... 27
1.4 A ERA DAS CONEXÕES ......................................................................................................................... 31
1.5 GERAÇÃO POLEGAR ............................................................................................................................ 36
2 – PROBLEMÁTICA ...........................................................................................................................40
2.1 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA ................................................................................................................. 40
2.2 QUESTÃO DE PESQUISA E OBJETIVOS ...................................................................................................... 41
2.3 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS ........................................................................................................ 42
3 - A PESQUISA ..................................................................................................................................47
3.1 CRITÉRIOS DE ESCOLHA DOS TRABALHOS ................................................................................................. 47
3.2 ORGANIZAÇÃO DOS DADOS .................................................................................................................. 47
3.3 FICHAMENTOS E RESENHAS CRÍTICAS DOS ARTIGOS NACIONAIS .................................................................... 53
3.4 FICHAMENTOS E RESENHAS CRÍTICAS DOS ARTIGOS INTERNACIONAIS ............................................................ 77
3.5 FICHAMENTOS E RESENHAS CRÍTICAS DAS DISSERTAÇÕES ........................................................................... 93
3.6 FICHAMENTOS E RESENHAS CRÍTICAS DAS TESES ....................................................................................... 97
4 – ANÁLISES ................................................................................................................................... 105
4.1 QUANTO AOS SUJEITOS DAS PESQUISAS ................................................................................................ 106
4.1.1 – Artigos Nacionais ............................................................................................................. 106
4.1.2 – Artigos Internacionais ...................................................................................................... 106
4.1.3 – Dissertações ..................................................................................................................... 106
4.1.4 – Teses ................................................................................................................................. 107
4.2 QUANTO AO TEMA COLABORAÇÃO ...................................................................................................... 107
4.2.1 – Artigos Nacionais ............................................................................................................. 108
4.2.2 – Artigos Internacionais ...................................................................................................... 108
4.2.3 – Dissertações ..................................................................................................................... 108
4.2.4 – Teses ................................................................................................................................. 108
4.3 QUANTO AO TEMA FORMAÇÃO DE PROFESSORES .................................................................................... 110
4.3.1 – Artigos Nacionais ............................................................................................................. 110
4.3.2 – Artigos Internacionais ...................................................................................................... 110
4.3.3 – Dissertações ..................................................................................................................... 110
4.3.4 – Teses ................................................................................................................................. 110
4.4 QUANTO A CONTEÚDOS MATEMÁTICOS ................................................................................................ 112
4.4.1 – Artigos Nacionais ............................................................................................................. 112
4.4.2 – Artigos Internacionais ...................................................................................................... 112
4.4.3 – Dissertações ..................................................................................................................... 112
4.4.4 – Teses ................................................................................................................................. 112
4.5 QUANTO ÀS VANTAGENS E DESVANTAGENS ........................................................................................... 114
4.5.1 – Artigos Nacionais ............................................................................................................. 114
4.5.2 – Artigos Internacionais ...................................................................................................... 114
4.5.3 – Dissertações ..................................................................................................................... 115
4.5.4 - Teses ................................................................................................................................. 115
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................. 122
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 126
“Ensinaremos melhor se mantivermos uma atitude inquieta, humilde e confiante para com a vida, com os outros e conosco, tentando sempre aprender, comunicar e praticar o que percebemos até onde nos for possível em cada momento.”
José Manuel Moran
13
INTRODUÇÃO
Os educadores, assim como os empregadores e políticos, estão começando a perguntar que mudanças precisarão fazer para preparar as futuras gerações para uma nova era política e econômica.
Jeremy Rifkin
A tecnologia invadiu nosso cotidiano e vivemos rodeados de aparatos digitais.
Os computadores estão por toda parte: nos bancos, supermercados, consultórios
médicos e nas instituições de ensino. Na escola também utilizamos computadores,
ainda que de forma mais tímida, principalmente quando estamos tratando do uso
didático, verifica-se muito mais um uso conservador do que um emprego voltado às
transformações didáticas relevantes. Embora a sociedade se aproprie da tecnologia
em tarefas cotidianas, nem sempre existe uma transferência desse conhecimento
quando o assunto é ensinar por meio de tecnologia.
Quando utilizamos a palavra tecnologia, normalmente, pensamos em
computadores. É preciso destacar, porém, que existem diversas tecnologias que já
foram incorporadas à sala de aula, como a caneta esferográfica, o caderno e o
próprio giz, que ainda são tecnologias muito úteis para a Educação.
Embora nós, professores, não saibamos muito claramente o que fazer com os
smartphones e tablets trazidos à escola, nossa geração de alunos está imersa em
um ambiente tecnológico e é constantemente bombardeada por informações. Na
verdade, de acordo com Vieira Pinto (2005), a “natureza” onde esta geração está
vivendo encontra-se repleta de aparatos tecnológicos, ou seja, a tecnologia faz parte
da realidade atual dos nossos alunos. Eles lidam com celulares, mp3, mp4, Ipod,
computadores, videogames etc.
O homem é um ser destinado a viver necessariamente na natureza. Apenas, o que se entende por “natureza” em cada fase histórica corresponde a uma realidade diferente. Se no início era o mundo espontaneamente constituído, agora que o civilizado consegue cercar-se de produtos fabricados pela arte e pela ciência, serão estes que formarão para ele a nova “natureza”. (IBID, 2005, v.1, p. 37)
14
Mais do que a invasão tecnológica, o que nos deixa bastante surpresos é a
velocidade com que esses equipamentos tecnológicos evoluem. Para nós, nascidos
no século passado, essa velocidade causa estranheza e nos deixa perplexos. Já
para os nativos digitais - termo cunhado por Marc Prensky em 2001 para
caracterizar os nascidos em um tempo que o mundo já era digital – a habilidade para
navegar e ter acesso a inúmeros conteúdos, em diferentes meios e fazendo tudo ao
mesmo tempo é natural.
Quando o tema é o uso de tecnologias na Educação, encontramos várias
estudos sobre o assunto, mas nos interessaremos nesta pesquisa pelos que
enfocam as tecnologias móveis e sem fio, em especial os tablets, por tratar-se de
uma tecnologia relativamente nova, criada em 20101, já utilizada em algumas
escolas particulares e que começa a fazer parte de projetos de Educação pública.
Os tablets são equipamentos móveis semelhantes a “pequenos computadores”,
leves e com tecnologia que utiliza uma tela sensível a toques para digitar e
comandar o aparelho. De acordo com Lima Filho e Waechter (2013), nos primeiros
tablets, a principal interface de entrada e edição de texto se dava por uma caneta
especial; o lançamento do iPad e dos demais dispositivos com tela de toque
alteraram essa lógica, incorporando o uso de teclados virtuais como o principal meio
de entrada de texto. A tecnologia de “multitoque”, presente na maioria dos tablets do
mercado, é um importante componente na experiência desses equipamentos. A
partir de 20122 é possível notar a maior popularização dessa tecnologia e não é raro
encontrar crianças utilizando tablets, porém, nos intriga a facilidade com que a
“geração digital” (termo cunhado por Tapscott, 1999) utiliza e incorpora esses
equipamentos em seu dia a dia. Apenas três anos se passaram a partir da criação
dos tablets e notamos que as mudanças estão ocorrendo em um ritmo cada vez
mais acelerado. Mesmo assim, ainda não temos resposta para a seguinte questão:
utilizar essa tecnologia (tablets) modifica algo em sala de aula?
1 http://www.tecmundo.com.br/apple/3534-conheca-o-ipad-o-tao-esperado-tablet-da-
apple.htm#ixzz2TNk1qtJD
2http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/vendas-de-tablets-no-brasil-crescem-267
15
A intensidade e a velocidade com que a tecnologia invadiu nosso cotidiano
merecerão destaque no trabalho, pois, se estamos na era da conexão, devemos
saber o que fazer para trabalhar com alunos “conectados” quase que 24 horas por
dia.
Alguns pesquisadores (VIVANCOS, 2008; WEISER, 1991, apud LEMOS,
2005) utilizam o termo tecnologia transparente ou tecnologia que desaparece para
enfatizar que o foco do trabalho deverá ser sempre nas atividades didáticas e não na
tecnologia. Assim, os tablets surgem como uma potencial tecnologia transparente
com possibilidades promissoras de uso didático. São utilizados de maneira natural
pelos estudantes, ou seja, o destaque está na atividade, no conteúdo trabalhado e
não na tecnologia. A geração digital praticamente não precisa ser ensinada a utilizar
o aparelho, ao contrário, é ela que, na maioria das vezes, dá consultoria aos pais. É
uma geração que vai “mexendo” até descobrir como funciona. Porém, embora
quase todos os alunos saibam utilizar as tecnologias para realizarem tarefas
cotidianas, temos dúvidas se os estudantes sabem como tirar proveito dessas
ferramentas em prol de sua aprendizagem. O mesmo ocorre com relação aos
professores. Não é raro encontrar professores que adoram “consumir” produtos
tecnológicos, estão sempre atentos aos novos lançamentos de smartphones,
computadores e outros aparelhos, mas, quando se trata de incorporar as tecnologias
no processo de ensino, parece haver uma barreira imensa a ser ultrapassada. Por
que isso ocorre? Como fazer para que as tecnologias sejam utilizadas de maneira
adequada e no momento oportuno em sala de aula? Será o tablet a ferramenta que
faltava para uma mudança de paradigmas educacionais? São questões a que
gostaríamos de responder, mas que ainda estão sem resposta e são lançadas
apenas para nossa reflexão.
O fato é que, apesar de especialistas afirmarem que os equipamentos móveis
têm potencial significativo para transformar a aprendizagem, pais e professores não
estão convencidos disso.
Diante da inevitável chegada dos equipamentos móveis às salas de aula,
como aponta o relatório realizado pela Horizon Report (JOHNSON et al, 2013),
pretendemos lançar luz sobre esses dispositivos para proporcionar uma reflexão
sobre o uso dos tablets e celulares em sala de aula. O NMC Horizon Project, que
16
está atualmente em seu 11º ano, detalha as tendências tecnológicas sobre as quais
os 55 membros do conselho consultivo tinham forte concordância. Esses
especialistas (escritores, pensadores, tecnólogos e futuristas da Educação) foram
propositadamente escolhidos pela diversidade de experiências e de locais de
trabalho. Apesar da diversidade, compartilham a ideia de que as tecnologias
elencadas no relatório têm ou terão um impacto significativo na prática da Educação
Básica no mundo todo e concordam com ela. Sobre a chamada “aprendizagem
móvel”, encontramos no relatório, como previsão de implantação significativa nas
escolas, o prazo de um ano ou menos, ou seja, já é realidade em muitas escolas do
mundo.
A aprendizagem dentro e fora da sala de aula é destacada no documento,
sendo chamada de “aprendizagem híbrida”. Tal aprendizagem pode ocorrer tanto na
forma presencial como online e, de acordo com o relatório, nós, professores,
devemos conhecer e descobrir como tirar proveito de cada um dos ambientes. Com
relação ao papel da escola e do professor em um mundo no qual há abundância de
informações, os especialistas afirmam que o professor deverá passar do papel de
transmissor de conteúdo/informações para o papel de orientador. Sua função será
ensinar seus alunos a acessar e filtrar as informações primordiais.
Também consta no documento Horizon Report (JOHNSON et al, 2013) a
tendência, cada vez mais comum, do BYOD (Bring Your Own Device) que, em
tradução livre, significa “traga seu próprio dispositivo”. Essa tendência possibilita que
o dinheiro economizado pela instituição seja aplicado em outras necessidades,
tecnológicas ou não. Concordamos que os equipamentos móveis devem ser sempre
do próprio aluno, auxiliando-o na personalização de seu aparelho, de acordo com os
seus interesses e as suas necessidades.
Quando o assunto é tecnologia e sua aplicação na Educação, é sempre muito
importante elencar os desafios a serem superados. Nesse sentido, os membros do
conselho consultivo do Horizon Report não se omitiram e apresentaram uma lista de
dificuldades. Algumas delas são:
- O desenvolvimento profissional contínuo precisa ser valorizado e integrado
na cultura das escolas.
17
- A resistência a mudanças, por parte do professor, muitas vezes limita a
absorção mais ampla das novas tecnologias.
- O ensino na escola básica precisa discutir a mistura cada vez maior entre
aprendizado formal e informal.
Como potencialidades, o relatório destaca a ubiquidade, isto é, encontrar-se
presente em toda parte; o estímulo à exploração, ou seja, durante uma aula,
enquanto o professor cita um fato, o aluno pode aprofundar-se no conteúdo fazendo
sua própria pesquisa; e as possibilidade de trabalhos colaborativos entre os alunos.
Intriga-nos saber que, embora as tecnologias tenham modificado as formas
de comunicação, de busca pelas informações e das relações humanas, sua
interferência na escola ainda é tímida, principalmente no que diz respeito às
mudanças de paradigmas.
Muitas dúvidas e incertezas existem sobre o uso dos tablets na Educação,
mas concordamos com Moran (2011, p.145) com relação aos avanços da sociedade
e à velocidade das mudanças em nossas vidas.
Caminhamos aceleradamente rumo a uma sociedade muito diferente que em parte vislumbramos, mas que nos reserva inúmeras surpresas. Será uma sociedade muito mais conectada, móvel, com possibilidades de comunicação, interação e de aprendizagem muito mais fascinantes ainda.
Diante desse cenário, o interesse pela pesquisa a respeito do uso dos tablets
na escola foi aumentando e delimitando-se ao lermos mais sobre o assunto. Uma
vez que os tablets, assim como a maioria das tecnologias, foram criados para
atender a uma demanda da sociedade e não especificamente a uma demanda da
escola, pretendemos investigar como estão as pesquisas sobre o uso dos
dispositivos móveis em sala de aula. Realizar esse levantamento bibliográfico nos
possibilitará alcançar uma visão mais ampla sobre o que foi produzido nessa área, e
descobrir se, com o passar dos anos, existem mais pesquisas sobre o tema, quais
as suas características e, além disso, identificar possíveis lacunas para
investigações futuras.
Ao longo deste trabalho vamos apresentar um panorama de estudos e
experiências nos quais alunos e professores usaram equipamentos móveis para
auxiliar a aprendizagem; destacar as potencialidades didáticas dos equipamentos
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móveis, em particular os tablets; e refletir sobre a finalidade/utilidade da tecnologia
em sala de aula.
Utilizaremos uma metodologia de pesquisa qualitativa, de caráter
bibliográfico, com o objetivo de compreender e expor as principais discussões
presentes nas pesquisas a respeito do uso de tablets nas escolas.
Vale destacar a introdução de Ortega Y Gasset (1991, p. 5) que, em 1939,
chamou a atenção para um debate que surgiria nos próximos anos sobre o sentido,
as vantagens, os danos e limites da técnica. O autor afirmava que era função do
escritor prever, com folgada antecipação, o que, anos mais tarde, poderia tornar-se
um problema para seus leitores. Assim, haveria tempo para refletir sobre as
implicações da técnica na vida humana. Mais adiante, expõe que a humanidade
costuma sentir um misterioso terror cósmico em relação aos descobrimentos, como
se, nesses, juntamente com seus benefícios, se escondesse um terrível perigo.
Nesse sentido, pretendemos discutir no presente trabalho sobre uma “nova” técnica:
os equipamentos móveis e suas implicações na escola, pois não podemos mais
negar que a sociedade como um todo apropriou-se da tecnologia e nós, professores,
devemos refletir constantemente sobre o seu uso em sala de aula.
A presente pesquisa está organizada da seguinte forma: no primeiro capítulo,
apresentamos o contexto da pesquisa, citando um pequeno histórico sobre os
computadores nas escolas, como chegamos ao M-Learning, e diferenciamos
informação de conhecimento. Finalizamos o capítulo mostrando algumas
características da geração atual de alunos e de nossa era.
No segundo capítulo, elencamos a justificativa da pesquisa, apresentando
nossa principal questão de estudo, nossos objetivos, assim como a metodologia e os
procedimentos utilizados.
O terceiro capítulo foi constituído com a organização dos dados e o
fichamento dos trabalhos escolhidos.
No quarto capítulo, apresentamos a análise dos dados, com reflexões a
respeito do uso de tecnologias na escola.
19
1 – O CONTEXTO
A principal meta da Educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da Educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo o que a elas se propõe.
Jean Piaget
Antes de tratarmos especificamente dos tablets, acreditamos ser necessária
uma reflexão mais ampla sobre o uso de tecnologias em sala de aula. Para tanto,
neste capítulo, trataremos de assuntos que contextualizarão nossa pesquisa. Faz-se
necessário apresentar fatos importantes no que diz respeito à área: quando os
computadores chegaram às escolas? Quais propostas pedagógicas de uso de
tecnologia nas escolas foram relevantes? Quais são os principais termos e siglas
relacionados com as tecnologias? Qual o perfil do estudante atual? São
questionamentos que pretendemos elucidar ao longo do presente capítulo.
1.1 Um breve histórico dos computadores nas escolas
Os computadores chegaram à escola no final da década de 1970, mas sua
presença ainda era tímida na década de 1980 e sua popularização ganhou força a
partir da década de 1990. Porém, de acordo com Cysneiros (1999), o uso de
tecnologia na escola nunca aconteceu de forma plena, ou seja, embora professores
e estudantes utilizem tecnologia na escola, ainda não se vivenciou uma real
inovação, apenas uma inovação conservadora. Fazemos o velho utilizando os novos
equipamentos tecnológicos.
Ainda assim a indústria de computadores e os entusiastas sempre procuram
nos convencer de que a utilização de computadores será a panaceia para todos os
males da Educação. Na década de 1990, algumas escolas, ávidas por usarem
computadores, resolveram ministrar cursos de informática para os alunos, mas
poucas propostas didáticas consistentes surgiram ao longo desses anos. Sem tais
propostas pedagógicas, o que acontecia de fato era que muitos professores
adotavam a técnica da tentativa e erro, fazendo experiências até que um bom uso
20
do computador fosse encontrado. Ainda hoje presenciamos escolas que trabalham
assim, ou seja, adotam imediatamente a nova tecnologia e vão descobrindo aos
poucos, por meio de experiências, se é boa ou ruim.
Infelizmente muitos de nós ficamos envolvidos com a ideia de que, por
princípio, o novo é sempre desejável e melhor do que o velho. E nos engajamos
nessa busca do novo para fazer melhor do que fazíamos e, sem a necessária
reflexão, adotamos a tecnologia na esperança de que o novo traga algo melhor para
a Educação. Esse pensamento tem bases nas ideias da Modernidade e refletem
características citadas por Heidegger (Costa, 2002, p.142). Assim sendo, não é raro
encontrar professores afirmando que usam as tecnologias para motivarem os
alunos, pois elas representam a modernidade. Para nós, esse é um dos piores
argumentos para defender o uso de equipamentos móveis, pois acreditamos que
motivação, por si só, não é suficiente para justificar o uso de tecnologia na escola.
Antes é preciso que a tecnologia auxilie os alunos na aprendizagem e seja utilizada
para tarefas que não seriam possíveis de serem feitas apenas com giz e lousa, que
ajudem a mudar paradigmas educacionais e a fazer com que o aluno participe mais
ativamente da construção de seus conhecimentos.
Acreditamos que está bastante claro para a maioria dos educadores que não
basta equipar as escolas com tecnologia sem que haja uma proposta pedagógica
que estruture e encaminhe o trabalho em busca de uma aprendizagem mais efetiva.
Nesse sentido, uma das poucas propostas consistentes do uso de computadores
nas escolas foi a linguagem LOGO, de Seymour Papert, criada no final da década
de 1960, que tinha como objetivo uma mudança de paradigmas na Educação.
Papert foi influenciado pelas teorias do construtivismo, uma vez que trabalhara com
Piaget. Na década de 1970, começou a ser utilizada em escolas dos Estados Unidos
e, na década de 1980, as pesquisas e os trabalhos com o LOGO tiveram início no
Brasil.
De acordo com Roszak (1988, p.118 - 119), diante de tantas confusões a
respeito do uso de computadores nas escolas, a linguagem LOGO foi uma exceção
notável, com uma filosofia educacional consistente.
Para Papert, a tarefa que melhor o computador faz pelo aluno é proporcionar
um ambiente virtual no qual o aluno pode pensar sobre o seu pensamento. Por meio
21
da linguagem de programação LOGO, o estudante vivencia as ideias poderosas do
planejar, executar, depurar, pensar, refletir e replanejar.
De acordo com Brasão (2010, p.2)
Fundamentado no construtivismo de Piaget, o Logo é uma linguagem simples e poderosa, capaz de ser utilizada por pessoas de qualquer idade. Nela, o aluno é quem controla todo o processo da maneira como ele deseja, não com padrões preestabelecidos pelo professor. No Logo, o aluno aprende princípios, técnicas e habilidades que o ajudam no aprendizado e na resolução de problemas. Com esta ferramenta, é possível criar simulações, animações, apresentações, jogos gráficos, textos, controlar dispositivos externos (robótica), com a vantagem de proporcionar a integração curricular. Outro aspecto importante é que, no ambiente Logo, o aluno aprende com o erro, o que lhe possibilita compreender por que errou e buscar uma nova resolução para o problema. O Logo procura resgatar o conhecimento por intermédio da interação do aluno com objetos do ambiente, o desenvolvimento espontâneo da inteligência e a aquisição de ideias intuitivas sobre um determinado conceito. Nessa ótica, a aprendizagem que decorre do uso do Logo na Educação é por exploração e por descoberta, sendo dado ao aluno, nesse processo, o papel ativo de construtor de sua própria aprendizagem.
Embora estejamos convencidos das possibilidades de uma aprendizagem por
descoberta proporcionada pelo ambiente LOGO, Roszak (1988, p.127-137) lança
uma crítica ao afirmar que, com o uso do LOGO, algumas ideias humanas não são
realizáveis: “se o computador não pode se elevar ao nível do sujeito, então o sujeito
deve abaixar-se até o nível do computador”. Isso ocorre porque os “computadores
pensam processivamente porque é o melhor que eles podem fazer. As pessoas que
os programam têm, portanto, que pensar desta forma”. Para o autor, o ambiente
LOGO não é capaz de dar vazão à fantasia e à imaginação humana, por isso, é
limitado e mais adequado a jogos geométricos.
Mesmo assim, a proposta pedagógica que embasou o uso da linguagem
LOGO é digna de nota e acreditamos que seja possível a transferência dessa
filosofia de trabalho para outras práticas que utilizam tecnologias, principalmente no
que diz respeito às posturas de alunos e professores. Alunos mais ativos no
processo de aprendizagem, professores que utilizem menos o papel de transmissor
de conteúdos e o ciclo pedagógico (ação – reflexão – depuração – ação) são
fundamentais para formamos alunos críticos e reflexivos.
Mais recentemente, podemos citar o Projeto UCA (Um Computador por
Aluno) ou OLPC (One Laptop Per Child) como foi chamado mundialmente. Seymour
Papert também esteve envolvido nesse projeto. A ideia era entregar um laptop por
22
criança e promover atividades que favorecessem o desenvolvimento de habilidades
computacionais, de comunicação e interação. No Brasil o projeto UCA foi proposto
pelo Governo Federal em 2005, objetivando a inclusão digital, permitindo que
professores e alunos de escolas públicas tivessem acesso às novas tecnologias da
informação. De 2008 a 2011 algumas escolas públicas brasileiras receberam os
equipamentos e cada estado ficou responsável por dar continuidade ao projeto.
Sabe-se que pouco foi feito e, segundo Silva e Neto (2012), embora o objetivo de
inclusão digital tenha sido atingido nas escolas envolvidas, há falta de evidência
empírica sobre seus efeitos na Educação.
Um fato incontestável é que todo bom uso de tecnologia depende da
formação do professor. De acordo com Bernardete Gatti, em palestra proferida na
PUC-SP em 2013, as políticas públicas são um grande problema da formação de
professores no Brasil, pois a cada nova gestão, normalmente, ocorre uma ruptura
dos programas em andamento e os novos dirigentes lançam mão de “grandes”
novas ideias. Por exemplo, o Projeto UCA, no qual foi investido muito dinheiro, está
praticamente acabado, sem nunca ter começado de verdade, e a nova proposta é a
compra de tablets pelo Governo Federal. Mais uma vez, estamos iniciando uma
nova fase, com uma nova “grande” ideia de “auxílio” à Educação de nossos jovens:
a chegada de tablets às escolas públicas.
Destacamos o que foi dito por Ortega Y Gasset (1991): devemos propiciar a
discussão sobre o uso das tecnologias, refletindo sobre seus aspectos positivos e
negativos. No caso da Educação, o ideal seria que essa discussão viesse antes da
chegada dos equipamentos, pois um professor consciente do uso que deverá fazer
da tecnologia em prol da aprendizagem é mais importante do que a simples entrega
de computadores nas mãos dos alunos. Lévy (1996, apud SILVA E NETO, 2012)
afirma que antes de aderir às cegas à realidade virtual ou de condená-la
veementemente, devemos estudá-la, pensá-la, aprendê-la e, principalmente,
compreendê-la, para que possamos ter uma opinião formada a respeito. Arriscamos
dizer que muitos desses projetos fracassam porque não investem o tempo
necessário na formação e reflexão do professor sobre as novas práticas.
Nos anos 1990, os computadores chegaram às escolas de forma mais intensa
e atualmente a maioria delas têm laboratórios de informática.
23
No Brasil, uma pesquisa realizada para conhecer a realidade das escolas
públicas com relação ao uso dos computadores e o acesso à Internet3 nos mostrou
que há laboratórios de informática em 73% das escolas entrevistadas e a maioria
delas possui, em média, 20 computadores, que são utilizados em duplas de alunos.
Entre as atividades mais realizadas estão produção de textos, pesquisa de
conteúdo, produção dos próprios conteúdos pelos alunos, uso dos portais
educativos e de redes sociais. Com o avanço tecnológico e a popularização dos
equipamentos, os computadores não ficaram restritos às escolas, mas também
surgiram nas casas das pessoas. Mais recentemente, os celulares com acesso à
internet (smartphones) deixaram de fazer parte apenas da rotina de grandes
executivos para tornarem-se equipamentos presentes no dia a dia da grande maioria
da população. Essa ubiquidade dos smartphones nos oferece um novo cenário de
aprendizagem: o chamado M-Learning ou aprendizagem móvel, do qual trataremos
a seguir.
1.2 Como chegamos ao M-Learning
Com a popularização da Internet no final dos anos 1990 e a criação de
aparelhos celulares com acesso à Internet, muitas mudanças foram acontecendo e
de forma bastante rápida. Os primeiros smartphones, criados em 2003, tinham como
principais consumidores executivos que precisavam estar conectados com a
empresa durante suas viagens de negócios e tinham como desvantagem os
pequenos visor e teclado, que dificultavam seu uso. A partir do lançamento do
iPhone, em 2006, esse panorama mudou completamente e pessoas comuns,
principalmente jovens, deixaram seus celulares antigos e compraram aparelhos que
lhes permitiriam a conexão a qualquer tempo e lugar. Criava-se assim o panorama
para a aprendizagem móvel (M-Learning).
Porém, essa história de invenções e avanços tecnológico teve sua semente
lançada bem antes dos anos 1990.
Parece-nos difícil imaginar que a palavra cibernética tenha surgido em 1948,
no trabalho de Norbert Wiener (1949, apud ROSZAK, 1988, p. 25), que viria a ser
3http://www.fvc.org.br/estudos-e-pesquisas/avulsas/estudos1-7-uso-computadores.shtml?page=3
24
um dos teóricos da tecnologia da informação. De acordo com Roszak (1988, p.25), a
palavra cunhada por Wiener para a nova tecnologia de automação trazia consigo
traços de uma segunda revolução industrial, embora, nas páginas de seu estudo, o
computador fosse ainda uma invenção exótica, sem nome estabelecido ou imagem
precisa.
Em 1948, Claude Shannon publicou um trabalho, reconhecido como uma das
maiores realizações intelectuais sobre a Teoria da Informação do século XIX,
intitulado “A Mathematical Theory of Comunication”. Shannon foi um dos primeiros a
diferenciar a palavra informação do sentido do senso comum.
Roszak apresenta que, por volta dos anos 1950, começou o debate sobre os
sistemas de informação e essa palavra (informação) atingiu o status de quase
divina, devido à sua importância na sociedade. Nessa teoria, a informação não é
mais ligada ao conteúdo semântico das afirmações. Ao contrário, a informação
passa a ser considerada uma medida apenas quantitativa de trocas comunicativas,
especialmente aquelas que ocorrem através de algum canal mecânico que exige
que a mensagem seja codificada e, a seguir, descodificada em impulsos eletrônicos.
Os dados estão por toda parte e os computadores representam um papel importante
nesse processo de armazenamento e processamento de dados.
O UNIVAC I (UNIVersal Automatic Computer), primeiro computador comercial
fabricado nos Estados Unidos, só seria criado em 1951, ou seja, três anos após o
trabalho de Shannon, mas era muito grande e vagaroso para executar programas
sofisticados. Graças ao trabalho de Shannon, o computador encontrou seu caminho
na rede de telecomunicações mundial que germinava, de forma que poderia
estender-se além do uso local.
Nesses anos, muita coisa foi feita no que concerne à computação e ao
desenvolvimento das telecomunicações. Com a miniaturização, já citada em 1988
por Roszak, os equipamentos móveis tornaram-se “minicomputadores” conectados
em rede e que se comunicam com máquinas de todo o planeta.
Com o crescimento e desenvolvimento acelerado das inovações tecnológicas,
em pouco mais de 60 anos passamos de computadores gigantescos, que ocupavam
salas inteiras, para os microcomputadores pessoais, depois para os
25
microcomputadores portáteis e, mais recentemente, para tablets e smartphones.
Nesse novo contexto, surge um conceito chamado M-Learning.
Em trabalho realizado em Portugal, Moura (2010, p.39) traz algumas
definições de Mobile Learning ou M-Learning. Mobile Learning ou aprendizagem
móvel é a expressão didático-pedagógica usada para designar um novo “paradigma”
educacional, baseado na utilização de tecnologias móveis. Em se tratando da
mudança de paradigmas educacionais, encontramos outra definição de M-Learning,
um pouco mais ampla. Segundo Georgiev et al. (2004, p.2, apud MOURA 2010,
p.40) a definição de M-Learning não é apenas baseada na tecnologia, mas deve
contemplar:
A possibilidade de aprender em todo lugar e a todo momento sem conexão física permanente à rede por meio de cabos. Isso pode ser alcançado por meio do uso de dispositivos móveis, como palmtops, celulares, computadores portáteis e tablets. Eles precisam ser passíveis de serem conectados a outros dispositivos eletrônicos para oferecerem informações educativas e para concretizarem a troca bilateral de informação entre os alunos e o professor. (Tradução nossa)
4
Essa possibilidade de aprendermos em diferentes locais e a qualquer hora
resulta em alterações significativas de comportamentos dos estudantes. A esse
respeito, de acordo com o relatório da UNESCO (2012), a aprendizagem por meio
de dispositivos móveis envolve mais do que simplesmente a incorporação de novas
tecnologias para apoiar as estratégias pedagógicas vigentes, ela requer uma
mudança de paradigma instrucional que esteja comprometida com mudanças na
forma como os estudantes aprendem.
Concordamos com Moura quando afirma que “a tecnologia móvel provocou
diferenças radicais na maneira como a sociedade trabalha, aprende e se diverte”.
Nesse sentido, para Weinberger (apud MOURA, 2009), estamos vivendo a era da
conexão, as tecnologias móveis estão em toda a parte e se espalham rapidamente.
Lemos (2005) apresenta como a era da informação passou para a era da
conexão e como ocorreram as mudanças nas práticas sociais a partir da mobilidade
4 The ability to learn everywhere at every time without permanent physical connection to cable
networks. This can be achieved by the use of mobile and portable devices such as PDA, cell phones, portable computers and Tablet PC. They must have the ability to connect to other computer devices, to present educational information and to realize bilateral information exchange between the students and the teacher.
26
que os equipamentos (celulares, tablets etc) nos proporcionam. Uma característica
muito importante da chamada era da conexão é o fato de não precisarmos nos
deslocar até a rede, pois a rede está se tornando ubíqua, envolvendo-nos em uma
conexão generalizada e tudo isso é efetivamente sem fio.
Segundo o autor, passamos da tecnologia baseada nos PCs (personal
computers) dos anos 1970 para a baseada nos CCs (computadores coletivos) com o
crescimento da Internet nos anos 1990 e agora temos os CCms (computadores
coletivos móveis), devido aos avanços tecnológicos e à disponibilidade de conexão
em diferentes locais. Nessa era dos computadores coletivos móveis, temos um
ambiente generalizado de conexão, de ubiquidade, que foi previsto por Weiser em
1991, quando, em seu trabalho, lançou as bases da computação ubíqua.
Para Weiser, a “Ubicomp” “leva em consideração o ambiente humano natural e permite que os computadores se dissolvam no pano de fundo”. (LEMOS, 2005, p.2 e p.5)
Quando o assunto é uso de computadores, um dos primeiros termos
utilizados foi a sigla TIC – Tecnologias da Informação e Comunicação. Algumas
iniciativas com discurso modernizante atribuíram à escola a função de desenvolver
habilidades técnicas nos alunos para torná-los aptos ao manuseio de novas
ferramentas tecnológicas no mercado de trabalho. Nas décadas de 1980 e 1990
grandes programas governamentais surgiram concebendo as tecnologias como
“ferramentas” que deveriam ser ensinadas aos alunos.
Mais recentemente, outros pesquisadores começaram a se referir às NTICs –
Novas Tecnologias da Informação e Comunicação.
Atualmente encontramos diversos termos para designar as tecnologias
digitais:
TIMS – Tecnologias da Informação Móveis e Sem fio.
TMSF - Tecnologias Móveis e Sem Fio.
TDEs - Tecnologias Digitais Emergentes.
Essas três últimas, TIMS, TMSF e TDEs podem ser consideradas
praticamente sinônimas e designam exatamente o foco de nossa pesquisa: os
equipamentos móveis e sem fio (basicamente os celulares e tablets).
27
Apesar de não apresentar um uso didático do celular, Lemos (2005) mostra
que os telefones celulares têm sido utilizados com vários propósitos e foram
definitivamente transformados em um “teletudo” devido às variedades de uso que
têm apresentado (além de fazer e receber chamadas, é possível ouvir músicas, tirar
fotos, acessar a Internet etc.). Para o autor, é característica da pós-modernidade a
vontade de conexão a todo o momento e lugar e isso favorece, além da troca de
informações rápida e intensa, a possibilidade de organização de movimentos
políticos e sociais por meio da Internet (chamados de swarm ou smart mobs).
Nesse novo contexto de conexão ubíqua, temos o desafio de
compreendermos as características da era da conexão e suas implicações, pois
acreditamos que não seja possível refletir sobre o uso dos equipamentos móveis no
contexto didático sem antes reconhecer e compreender como estão as relações dos
usuários com a mobilidade. Se o M-Learning mostra-se como mais uma
possibilidade de aprendizagem, potencializado pelos novos celulares e tablets, é
imprescindível ter claro como professores e estudantes devem comportar-se diante
de um cenário no qual as informações são obtidas facilmente e por diferentes meios.
Para discutirmos um pouco mais sobre esse assunto, iremos agora diferenciar
informação de conhecimento e tratar rapidamente de disciplinas e competências que
são, respectivamente, os meios e os fins fundamentais da Educação.
1.3 Informação, conhecimento, competências e disciplinas
De acordo com Charlot (2008) o professor é convidado a utilizar as
tecnologias no ensino, mas, muitas vezes, não recebe formação para tanto e não há
espaço para a devida reflexão sobre a diferença entre informação e saber e as
estruturas escolares (quantidade de alunos por turma, formato das avaliações,
proposta pedagógica etc) não combinam com o uso pedagógico das tecnologias.
Por esse motivo pensamos ser necessária esta discussão antes de darmos início à
nossa pesquisa. Embora alguns estudiosos diferenciem saber de conhecimento, não
trataremos dessa diferença no presente trabalho. Vamos considerar os termos como
conceitos sinônimos e, portanto, iremos distinguir apenas informação de
conhecimento.
28
Há muitas pessoas que ainda confundem acumular informação com ter
conhecimento. Alguns acreditam que quanto mais informações conseguirmos
acumular, mais conhecimento teremos adquirido. Nesse sentido, de maneira
provocadora, Roszak (1988, p.13/14) apresenta uma característica bastante singular
dos computadores: a capacidade de armazenar grandes quantidades de informação
e a compara com a memória dos seres humanos:
Uma vez que a capacidade de armazenar dados corresponde, de certo modo, àquilo que chamamos de memória nos seres humanos, e uma vez que a capacidade para seguir procedimentos lógicos corresponde, de certo modo, àquilo que chamamos de raciocínio nos seres humanos, muitos membros desse culto concluíram que aquilo que fazem os computadores corresponde, de certo modo, ao que chamamos pensamento [...] Meu argumento consiste justamente em insistir que há uma distinção fundamental entre aquilo que faz a máquina [...] e o que faz a mente, quando pensa.
Felizmente, já está claro para muitos que ter conhecimento é muito mais do
que organizar um punhado de informações adequadas. Para Valente et al (2007)
conhecimento é o que cada indivíduo constrói atribuindo significado às informações
que tem, de acordo com sua experiência.
De acordo com Roszak (1988), o problema dessa confusão entre
conhecimento e informação deve-se aos empiristas que ajudaram a criar em nossa
cultura concepções fortemente reducionistas sobre o conhecimento. Isso nos levou a
subestimar o papel da imaginação na produção do conhecimento, fazendo com que
algumas pessoas chegassem a acreditar que bastava acumular um número
suficiente de informações, para que elas se transformassem em conhecimento. Essa
concepção foi questionada e atualmente acredita-se cada vez mais no poder das
ideias, das intuições e da criatividade para estimular a pesquisa e a descoberta.
Criar ambientes de aprendizagem onde os estudantes possam desenvolver
habilidades criativas deve ser a meta. De acordo com Crockett (2012), devemos
estimular contextos nos quais a aprendizagem ocorra através de projetos de criação
utilizando áudio, vídeo e imagens.
Há outros tantos mal-entendidos em Educação que valem a pena ser
explorados, como, por exemplo, o dos conceitos de disciplina e competência. Para
Machado (2002), a meta principal da escola não é o ensino de conteúdos
disciplinares, mas o desenvolvimento de competências pessoais. Em outras
29
palavras, “nossas” disciplinas deveriam servir de pretexto para auxiliar nossos
estudantes a desenvolverem competências.
Para o autor (MACHADO, 2002, p.139):
O Trivium (lógica, retórica e gramática) não visava qualquer formação específica ou à preparação para o trabalho, destinando-se a todos os cidadãos; aliás, não é outra a origem da expressão “isto é trivial”. A subversão das funções das disciplinas, com a transformação do meio em fim, é uma corrupção moderna da ideia original. [...] Aos poucos, o processo de fragmentação do conhecimento caminhou no sentido da crescente subdivisão da própria ciência em múltiplas disciplinas e a supervalorização do conhecimento disciplinar.
Mas, à medida que buscamos definir competências, esbarramos em outro
conceito, o de habilidades e, novamente, as disciplinas escolares deverão ser meios
para desenvolvê-las, sendo estas consideradas microcompetências.
Concordamos com Machado (2002, p. 153) que o que deverão permanecer
no aluno, depois que o tempo apagar da memória alguns conteúdos vistos na
escola, são as competências pessoais desenvolvidas tacitamente por meio das
disciplinas.
Muitas discussões acontecem quando os professores devem definir quais são
os conteúdos essenciais a serem ensinados e isso poderá levar a decisões de
eliminar alguns conteúdos do currículo na crença de que são desnecessários para a
formação do estudante. O que também é deixada de lado é a ideia de que os
conteúdos, quaisquer que sejam, são meios para atingirmos um fim maior: o
desenvolvimento de habilidades e competências, cada vez mais necessário na
formação dos alunos no atual contexto. Assim sendo, o desenvolvimento de
habilidades e competências vai além dos conteúdos disciplinares. Acreditamos que
o professor de Matemática poderá utilizar, por exemplo, o conteúdo de PA e PG
para desenvolver nos alunos a capacidade de construir e interpretar gráficos e
também habilidades de argumentação, ou seja, ao “ler” um gráfico de uma função
linear e outro de uma função exponencial, deverá explicar qual dos dois “cresce”
mais rapidamente e por que isso ocorre. Assim, ao final desse processo, o que ficará
de mais valioso para o aluno não serão as fórmulas e os cálculos de PA e PG, mas
as habilidades e competências pessoais que foram desenvolvidas por meio dos
conteúdos.
30
Outra expressão utilizada em Educação e que vem ganhando destaque é a
“aprendizagem ao longo da vida” (lifelong learning), que merece maiores
explicações, pois nos levará a outros conceitos de informação “empurrada” e
informação “puxada” que utilizaremos em nossas análises.
Para explicar tal termo, José Armando Valente lançou mão de ideias de
Delval (2000 apud VALENTE et al, 2007), discípulo de Piaget, sobre a nossa
capacidade de aprender e ensinar ao longo da vida, e afirmou que o fazemos sem
muitas vezes nos darmos conta disso, na maioria das vezes, em situações
prazerosas.
De acordo com Freire (1970, apud VALENTE et al, 2007) quando as pessoas
estão no pico da capacidade de aprender, durante o período escolar e de trabalho,
na maior parte das vezes elas são ensinadas, no sentido de que a informação é
depositada no aprendiz pelo professor.
Embora saibamos que podemos aprender tanto no sistema de ensino dito
tradicional quanto no construtivista, Valente et al (2007) define de maneira bastante
esclarecedora essas duas formas de aprendizagem. De acordo com o autor, ao
longo de nossa vida, aprendemos tanto em situações de “puxar” a informação
quanto em situações em que a informação é “empurrada” e, nesse caso, temos que
ter flexibilidade para transformar uma informação “empurrada” em conhecimento.
Essa habilidade de converter informação em conhecimento depende de cada
indivíduo.
Cabe a nós decidirmos se utilizaremos as tecnologias para proporcionar uma
aprendizagem “empurrada” ou “puxada”. Novamente, qualquer projeto de utilização
de tecnologia em sala de aula deverá colocar a questão da proposta pedagógica
para seu uso em primeiro plano, assim como a formação do professor e o papel do
aluno nessa nova configuração escolar.
Entendemos que o professor é um dos elementos-chave na visualização de
novos cenários educativos. Para Almeida e Moran (2005), os professores precisam
ter conhecimento técnico para que seja possível implantar soluções didáticas
inovadoras e um conhecimento didático para explorar os recursos técnicos
disponíveis de maneira adequada.
31
A experiência pedagógica do professor é fundamental. Conhecendo as técnicas de informática para a realização dessas atividades e sabendo o que significa construir conhecimento, o professor deve indagar se o uso do computador está ou não contribuindo para a construção de novos conhecimentos. (ALMEIDA e MORAN, 2005, p. 23).
Nesse sentido, também Prensky (2010) nos chama atenção para a
responsabilidade do professor. Segundo o autor, um professor conhecedor das
especificidades de cada tecnologia e suas potencialidades de uso didático será
fundamental no planejamento e na condução das atividades em sala de aula.
Assim, devemos ter claro que as tecnologias são apenas meios/ferramentas
na construção de conhecimento e nunca um fim em si mesmas, pois, como já
apresentamos, elas são ótimas fornecedoras de informações, mas será o professor
que deverá auxiliar seus alunos a construírem conhecimento e a desenvolverem
habilidades e competências. Nesse sentido, para que a tecnologia não seja utilizada
apenas para reproduzir o sistema de ensino dito tradicional e perpetuar a ideia de
uma inovação conservadora, a discussão sobre o uso das mesmas deverá ser
realizada antes da sua implantação e os professores deverão ter claro a verdadeira
razão da utilização das tecnologias e qual o sentido real da Educação. Sem essa
reflexão, os computadores, ou quaisquer equipamentos, por mais modernos que
sejam, continuarão a sustentar um ensino baseado no acúmulo de informações em
detrimento do desenvolvimento de habilidades e competências. Mas, como atingir
tais objetivos em um contexto em que o aluno é bombardeado com informações,
uma vez que vivemos na era das conexões? Sem a pretensão de responder à
presente questão, vamos apresentar, a seguir, algumas características da era das
conexões.
1.4 A era das conexões
Alguns autores como Lemos (2005) e Oliveira (2010) classificam nosso
momento atual como a era das conexões, pois, com as tecnologias móveis e sem fio
somadas à ubiquidade da Internet, as pessoas querem estar conectadas o tempo
todo e o smartphone está se transformando em uma prótese humana, causando
inclusive síndrome de abstinência quando o aparelho quebra ou é esquecido em
casa.
32
Uma vez que já citamos a era das conexões durante o trabalho, apenas para
ilustrar e reforçar ainda mais as grandes mudanças nessa nova era, vamos nos valer
de uma divisão da história da humanidade em cinco períodos feita por Oliveira
(2010). Esses cinco períodos são:
Era da Agricultura (até 1776) – O principal valor atribuído ao ser humano nesse período estava associado à posse da terra. Assim, quem possuía terra tinha mais importância e poder nessa sociedade. Era do Artesanato (1776 até 1860) – Suas características ficaram mais acentuadas com os movimentos de libertação dos escravos em diversos países. Nessa era, o valor era a força de trabalho. Era Industrial (1860 até 1970) – Tempo de muitas transformações na sociedade, marcado pelas invenções tecnológicas. Uma grande depressão econômica e duas guerras mundiais promoveram a transição de valor do “trabalho” para a posse do capital. No final do século 20, devido aos avanços tecnológicos tão expressivos, a informação transformou-se no principal valor. Era do conhecimento (1970 até 2000) – a informação passou a ser o único valor de fato. Vale destacar que grande parte dessas informações são virtuais e intangíveis. Era das conexões (a partir de 2000) – É uma era alavancada por toda a tecnologia proporcionada pelo crescimento dos meios de comunicação, sobretudo telefonia e Internet. O principal valor agora não é a posse de informação, mas o que vale nesse momento é a capacidade de fazer conexões, sejam elas sociais ou entre as informações obtidas. (OLIVEIRA, 2010, p.23 - 25).
Recordemos de um desenho da década de 1960: “Os Jetsons”. Criado por
Hanna-Barbera, a família do futuro, que vive no ano de 2062, inundou nossa mente
com possibilidades inimagináveis para a época, como conceber o seu chefe
telefonando para sua casa e a conversa ocorrendo face a face, um vendo o que o
outro fazia. Pois bem, talvez a intenção dos criadores fosse apenas a de serem
engraçados, mas muitas das “invenções” criadas no desenho existem atualmente,
por exemplo, as videoconferências.
As crianças de hoje não se surpreendem com esses avanços tecnológicos
como nós, adultos. Enxergam todas as mudanças com a naturalidade de uma
geração que nasceu nesse tempo digital e de rápidas mudanças. Mas, nessa atitude
existe um problema que precisamos destacar: o descolamento da técnica do técnico.
Segundo Ortega y Gasset (1991), há uma fase da técnica em que o técnico não
domina mais todo o processo de fabricação e isso lhe dá a impressão de que a
máquina é a peça importante.
Essa sensação de naturalidade com que muitos enxergam as novas
invenções pode esconder o problema de estarmos nos esquecendo de que todas as
33
novas tecnologias são criações humanas, ou seja, somos nós, os humanos, que
planejamos e construímos as máquinas e não o contrário. Talvez, diante desse
cenário intensamente tecnológico, seja função da escola e dos professores chamar
a atenção dos alunos para o que realmente importa: nós somos os criadores de toda
a tecnologia que existe ao nosso redor. Ou seja, ela não existe por uma magia, mas
é produto da mente humana. Embora, devido aos avanços tecnológicos, muitas
vezes utilizemos tecnologias sem saber exatamente como elas funcionam, devemos
deixar claro aos estudantes que é possível compreender toda a tecnologia que está
envolvida em novas invenções humanas. Certamente, para isso teremos que
entender e aprender matemática, física, química e outras “disciplinas” que estão
envolvidas nessas invenções.
De acordo com Ortega y Gasset (1991) a técnica não se limita apenas a
satisfazer as necessidades básicas humanas, mas também a criar o bem-estar do
homem, pois ele não se contenta apenas em viver, mas quer alcançar estados de
prazer e bem-estar. É por meio dessa busca do prazer e do bem viver que o homem
aproveita seus momentos “livres” para criar novas tecnologias que lhe proporcionam
o melhor viver no mundo, e, para alcançar o bem viver, são criados os supérfluos.
Em nosso contexto, o aparelho celular pode ser considerado um supérfluo sem o
qual muitos não conseguem mais viver.
O pensamento do filósofo espanhol é bem retratado na canção: “a gente não
quer só comer, a gente quer comer e quer fazer amor. A gente não quer só comer, a
gente quer prazer para aliviar a dor”. Essa busca pelo prazer está se tornando cada
vez mais impaciente, principalmente pelos jovens. Essa é mais uma das
características da era das conexões.
Segundo Bauman e May (2010), estamos vivenciando um mundo fluido,
frenético. A velocidade das transformações não nos permite viver como
antigamente, planejando tranquilamente nosso futuro. Essa inquietude das
mudanças também é vista no mercado de trabalho. Há alguns anos, um profissional
era formado para realizar tarefas muito específicas e relacionadas estritamente com
sua área de formação. Atualmente, as empresas esperam cada vez mais um
profissional polivalente, ou seja, que saiba aprender e adaptar-se às necessidades
do mercado.
34
Dessa forma, se as novas tecnologias e esse mundo frenético de mudanças
nos trouxeram facilidades, também algumas desvantagens surgiram nesse caminho.
Complicações que não existiam agora fazem parte do cotidiano das pessoas e
chegam às escolas. Com o uso dos dispositivos móveis, a atenção e concentração
do estudante são desviadas para os aparelhos. Em público, o excesso do uso dos
smartphones causa constrangimentos ao tocarem em momentos inadequados e
serem utilizados sem o necessário bom senso. Pais têm utilizado os tablets para
entreterem seus filhos em restaurantes e poderem comer sem estresse. Com isso, o
diálogo e a interação familiar ficam prejudicados.
De acordo com Rifkin (2011, p.268)
É lamentável que hoje as crianças entre oito e dezoito anos nos Estados Unidos gastem seis horas e meia por dia interagindo com mídia eletrônica – televisão, computadores, vídeo games e outros. No curto período entre 1997 e 2003, houve uma queda de 50% na proporção de crianças de nove a doze anos que brincavam com outras crianças passeando, caminhando, trabalhando no jardim e brincando na praia. Menos de 8% dos jovens agora passam tempo nessas atividades tradicionais ao ar livre.
5
Esse aspecto de as crianças optarem por jogos eletrônicos ao invés de por
brincadeiras ao ar livre é bem ilustrado na frase: “Gosto mais de brincar em casa,
porque é lá que estão todas as tomadas” Louv (apud RIFKIN, 2012, p.268).
Além do notável poder de distração gerado pelos aparelhos móveis, há
também o fenômeno do excesso de informações disponíveis. Nossos jovens estão
consumindo informações de maneira expressa, com extrema facilidade na sua
obtenção, mas vale lembrar que, muitas vezes, senão na maioria delas, de maneira
superficial. Segundo Ascott (apud LÉVY, 2009, p.13-15) o momento em que vivemos
é caracterizado como o “segundo dilúvio”, o das informações, gerado pelo avanço
das telecomunicações. Para o autor:
A quantidade bruta de dados disponíveis se multiplica e se acelera. A densidade dos links entre as informações aumenta vertiginosamente nos bancos de dados, nos hipertextos e nas redes. [...] O dilúvio informacional jamais cessará. A arca não repousará no topo do monte Ararat. O segundo dilúvio não terá fim. Não há nenhum fundo sólido sob o oceano das informações. Devemos aceitá-lo como nova condição. Temos que ensinar nossos filhos a nadar, a flutuar, talvez a navegar.
5 St. George, D. (19 de junho, 2007). Getting Lost in the Great Outdoors. Washington Post. Acessado
de http://www.washingtonpost.com/wp- dyn/content/article/2007/06/18/AR2007061801808.html.
35
Uma vez que o “segundo dilúvio” não cessará, torna-se mais do que
necessário ensinarmos nossos alunos a buscar e filtrar as informações na rede. Na
era das conexões, o professor deverá se comportar como um design do
conhecimento (CHINALLI, 2013). De acordo com a pesquisadora, a Internet se
apresenta como uma interface com recursos multidimensionais poderosos e terá
participação expressiva na construção do novo modelo de Educação no século XXI.
Além do acesso facilitado às informações na rede, um novo modelo de cursos on-
line está ganhando força, são os MOOCS (Massive Open Online Courses). São
cursos elaborados por professores ligados a grandes universidades e que
pretendem difundir o conhecimento em grande escala e a qualquer parte do mundo
em que as pessoas tenham acesso à Internet. Certamente, são soluções
tecnológicas que causarão grande impacto na Educação.
Para Charlot (2008, p.20):
O acesso fácil a inúmeras informações, graças à Internet, faz com que o docente já não seja para o aluno, como foi outrora, a única, nem sequer a principal fonte de informações sobre o mundo. Sendo assim, é preciso redefinir a função do professor, para que este não seja desvalorizado. Mas este trabalho de redefinição ainda não foi esboçado.
Atualmente, o poder e a responsabilidade dos professores será escolher
como e quando a tecnologia será útil em sala de aula. Isso significa que devemos
conhecer suas potencialidades e também os problemas gerados devido ao uso
inadequado para que sejam utilizadas como mais uma ferramenta importante na
aprendizagem, pois, de acordo com Lévy (2009), nem a salvação nem a perdição
residem na técnica. Os instrumentos são construídos pelos homens e são eles os
responsáveis, coletivamente, pelo seu uso adequado.
Além do grande dilúvio de informações característico da era conexão, existe
outro fenômeno jamais visto na história da humanidade: cinco gerações diferentes
convivendo em uma mesma realidade, devido ao aumento da expectativa de vida do
ser humano (OLIVEIRA, 2010, p. 11). Essa convivência implica um aumento de
conflitos de gerações: entre pais e filhos, chefes e empregados, professores e
alunos etc. Se esses conflitos também chegaram à escola, acreditamos ser
importante conhecermos um pouco mais sobre a geração de alunos atual, chamada
de geração polegar por Moura (2009), da qual trataremos a seguir.
36
1.5 Geração polegar
Esse termo “geração polegar” foi utilizado por Moura (2009) para designar a
atual geração de jovens. O termo representa o dedo mais utilizado por nossos
alunos para comandar os aparelhos celulares que já são presença constante nas
escolas. Porém, de acordo com a pesquisadora, enquanto a tecnologia avança e se
populariza, os conflitos entre pais, filhos e educadores aumentam. Os pais
presenteiam seus filhos com celulares (muitas vezes as crianças têm menos de dez
anos de idade) com a intenção de ter mais controle sobre eles. Porém, o que ocorre
é exatamente o contrário. Com o uso de celulares e tablets conectados à Internet, o
mundo dessas crianças se abre, as possibilidades de conexão aumentam
substancialmente e consequentemente, ao invés de aumentar, o controle dos pais
sobre os filhos fica reduzido.
A autora expõe que esse avanço extremamente rápido nos trouxe alguns
problemas, entre eles a falta de uma cultura digital de comunicação e de uso dos
aparelhos. Não é raro encontrar alunos que não conseguem abandonar o celular no
momento de prestar atenção às explicações do professor. Outras vezes, os próprios
pais decidem telefonar para os filhos em horário escolar, atrapalhando assim o
andamento das aulas. Pesquisas apontam (EDUTOPIA, UNESCO, 2012) que a
maior das preocupações entre pais e professores é que os estudantes distraiam-se
demais se estiverem com equipamentos móveis durante as aulas. Embora esse seja
um grande problema a ser enfrentado, especialistas na área orientam que o melhor
caminho não é banir os equipamentos, mas negociar políticas de uso e, assim, tirar
proveito das ferramentas e facilidades proporcionadas pela tecnologia, conseguindo
engajar os estudantes nas tarefas da escola.
Mesmo sabendo que a solução mais simples é a proibição do uso dos
equipamentos e que algumas escolas tenham optado por esse caminho,
acreditamos que essa não seja a melhor saída. Não podemos perder de vista que as
tecnologias móveis estão cada vez mais presentes em nosso cotidiano, com maior
intensidade na vida das gerações mais jovens, e que esse contato intenso com a
tecnologia afeta nossos hábitos, nossa comunicação e nossa cultura.
37
Para nós, professores, é importante entender melhor alguns dos
comportamentos das novas gerações, principalmente as chamadas Y e Z. Saber
como é a dinâmica de suas vidas, como aprendem e como lidam com o excesso de
informações causado pela tecnologia torna-se fundamental para pensar em novas
estratégias para ensinar. Embora não haja consenso entre os autores, destacamos
os nomes dados a algumas das gerações. São elas: Belle Époque (nascidos entre
1920 e 1940), Baby Boomers (nascidos entre 1945 e 1960), Geração X (nascidos
entre 1960 e 1980), Geração Y e Geração Z. Vamos destacar algumas
características das gerações Y e Z, ou geração polegar como Moura (2009) a
designou devido à grande habilidade de escrever em pequenos dispositivos móveis
utilizando os polegares. Para compreendermos melhor as mudanças na sociedade e
também na Educação quando o assunto é o uso de tecnologias, é necessário, pois,
compreender como o jovem de hoje se comporta, quais são algumas de suas
crenças, alguns de seus hábitos e algumas de suas ações.
Nascidos entre 1980 e 1999, os jovens da geração Y estão agora no mercado
de trabalho e possuem algumas características muito peculiares. São extremamente
informados, embora muitas vezes as informações fiquem em um nível bem
superficial. Nasceram em uma organização familiar bem diferente das gerações
anteriores, muitas vezes em famílias de pais ausentes na Educação dos filhos. Essa
ausência foi amenizada com computadores, videogames, cursos extracurriculares
de línguas, que, além de substituir a presença dos pais, aumentaram a
competitividade desses jovens no mercado de trabalho. A tecnologia, muito presente
na vida dessas crianças, determinou algumas características da geração Y: são
individualistas, competitivos e adoram desafios (pois se sentem como em um jogo e
querem “passar para outras fases”).
Fazer questionamentos constantemente, demonstrar ansiedade e impaciência em quase todas as situações, desenvolver ideias e pensamentos com superficialidade, buscar viver com intensidade cada experiência, ser transitório e ambíguo em suas decisões e escolhas – essas são algumas das principais características atribuídas à Geração Y. (OLIVEIRA, 2010, p. 63).
A geração Z nasceu após os anos 1990. Outros autores consideram os
nascidos a partir de 2000. Ao contrário das gerações anteriores, a geração Z não é
formada pelos filhos da geração Y; o que a caracteriza é que ela já nasceu digital, ou
38
seja, não sabe o que significa viver sem Internet, computadores, celulares etc. Outra
característica dessa geração é o fato de realizar várias coisas ao mesmo tempo.
Certamente são multitarefas. Assim, diferentemente dos migrantes digitais (todos
que nasceram antes do advento das tecnologias digitais – Marck Prensky, 2001) os
membros dessa geração não precisam aprender como viver em um ambiente de
imersão digital, pois já nasceram nele.
Ao contrário da geração X, que aprendeu a jamais contestar seus
“superiores”, as gerações Y e Z fazem do questionamento e da diferente concepção
de hierarquia (ou da falta dela) características marcantes. Muitas vezes, como
professores pertencentes à Geração X, não compreendemos o motivo desses
comportamentos e acusamos o aluno de rebelde ou até mesmo de mal educado.
Essas características estão muito relacionadas ao fato de que na Web tudo se
encontra no mesmo plano e todos podem contribuir para produção de conhecimento
sem hierarquia alguma.
De acordo com Oliveira (2010, p.26) “atualmente, há mais informação
publicada na Internet em uma semana do que todo o conteúdo gerado até o século
XIX”.
O autor cita algumas etapas do comportamento humano frente a algo novo.
São elas: negação, resistência, exploração, aceitação, envolvimento e
comprometimento.
Muitas vezes, ao enfrentarmos uma situação de mudanças, nem sempre
podemos adotar uma posição resistente às mesmas. Assim, levianamente adotamos
um discurso de aceitação, mas não nos envolvemos de fato, deixando as mudanças
a uma distância segura e controlável. Acreditamos que essa seja uma postura muito
comum entre os professores: mudamos o discurso mas não mudamos nossa prática.
Isso talvez porque, segundo Oliveira (2010, p.34), o tempo que alguém leva para
aderir a qualquer mudança varia de pessoa para pessoa. Algumas vão da negação
ao comprometimento em segundos; outras precisam de anos. Ousamos afirmar que
o professor lança mão do que Peter Woods (1990 apud CHARLOT, 2008, p.22, 23)
chamou de “estratégias de sobrevivência”. Segundo o autor,
o primeiro objetivo do professor, explica ele, é sobreviver, profissional e psicologicamente, e só a seguir vêm os objetivos de formação dos alunos.
39
Quanto mais difíceis as condições de trabalho, mais predominam as estratégias de sobrevivência.
Para Charlot (2008, p.23)
São essas estratégias de sobrevivência, e não uma misteriosa “resistência à mudança”, que freiam as tentativas de reforma ou inovação pedagógica. Quem propõe uma mudança significativa desestabiliza as estratégias de sobrevivência do professor e este não recusa a mudança, mas a reinterpreta na lógica de suas estratégias de sobrevivência – o que, muitas vezes, acaba por esvaziar o sentido da inovação.
Acreditamos que com a chegada dos dispositivos móveis à sala de aula, mais
especificamente com a utilização dos tablets, o “laboratório de informática” estará à
disposição de professores e alunos a todo o momento, o que, para o bem e para o
mal, implicará uma mudança na dinâmica da sala de aula e a postura passiva do
aluno poderá mudar, levando-o à possibilidade de puxar as informações e de ser
mais ativo em sua aprendizagem, fazendo o professor mudar sua prática. Ocorre
que, esses contextos estão se modificando de forma frenética, com a geração
polegar utilizando cada vez mais seus celulares e tablets em sala de aula. Sendo
essa situação inevitável e tendo claro que a escola deverá estar atenta para não ser
apenas transmissora de informações e que deveremos utilizar as tecnologias móveis
para ajudar os alunos na construção de sua aprendizagem e no desenvolvimento de
habilidades e competências que o auxiliarão por toda a sua vida, vamos iniciar
nossa pesquisa.
40
2 – PROBLEMÁTICA
“Todo fato surge a partir de uma ideia; é a resposta a uma questão que não poderíamos ter formulado, se em primeiro lugar uma ideia não tivesse sido inventada; esta, ao isolar uma porção do mundo, a torna importante, chamando nossa atenção e estimulando a pesquisa”
Theodore Roszak
Neste capítulo explicitaremos a problemática que motivou a pesquisa.
2.1 Justificativa da Pesquisa
Em quase 24 anos de magistério, vivenciei as mais diferentes realidades
escolares: escolas públicas e particulares, centralizadas e de periferia; curso regular
e suplência, aula para estudantes e também professores. Desde 1995, trabalhando
com Informática em Educação, presenciei o surgimento da Internet no Brasil, que,
inicialmente, estava presente em poucas escolas e restrita a poucas residências,
sendo o seu uso bastante esporádico. Em alguns anos o panorama mudou
completamente: atualmente são poucos os que não têm acesso à Internet. Os
celulares, em aproximadamente dez anos, tornaram-se aparelhos que fazem “quase
tudo”. Gostaríamos de compreender como a escola se comporta diante dessa
revolução tecnológica.
Moura (2010) relata como os jovens portugueses estão utilizando as
tecnologias móveis e a introdução dessas tecnologias na Educação, apresentando
uma visão da mudança de paradigma, passando do que chamou de sedentarismo à
mobilidade educacional. Esse fato tem nos chamado muito a atenção, pois, se até
pouco tempo atrás era o professor decidia se queria levar seus alunos ao laboratório
de informática, agora, com os smartphones e tablets, o laboratório já está na própria
sala de aula, “levado” pelos alunos. O que fazer com o “laboratório” que está nas
mãos dos alunos?
A pesquisa se justifica devido à inevitável chegada dos equipamentos móveis
às salas de aula, como aponta o relatório realizado pela Horizon Report (JOHNSON
et al, 2013). As tendências apresentadas pelo NMC Horizon Project mostram que as
tecnologias, em particular os tablets, têm ou terão um impacto significativo na prática
41
da Educação Básica no mundo todo com previsão de implantação significativa nas
escolas em um ano ou menos, ou seja, já é realidade em muitas escolas do mundo.
Os smartphones e tablets redefiniram o que chamamos de computação móvel, e nos últimos quatro ou cinco anos, os aplicativos se tornaram um viveiro de desenvolvimento, resultando em uma pletora de aplicativos de aprendizagem e produtividade... Tablets, smartphones e aplicativos móveis se tornaram poderosos demais, ubíquos demais e úteis demais para serem ignorados. (JOHNSON et al, 2013, p.16)
Realizar esse levantamento bibliográfico nos possibilitará alcançar uma visão
mais ampla sobre o que foi produzido nessa área, como estão as pesquisas que
tratam de matemática e equipamentos móveis, quais as principais características
dos equipamentos móveis e, além disso, identificar possíveis lacunas para
investigações futuras.
2.2 Questão de pesquisa e objetivos
Realizando a compilação e análise dos trabalhos de pesquisa selecionados,
pretendemos traçar um panorama do estado da arte sobre os usos de equipamentos
móveis, em particular os tablets, na Educação, e encontrar respostas para nossa
questão de pesquisa: qual é o estado atual das pesquisas que tratam de tablets
inseridos na Educação?
Outras questões menores, mas que estruturarão o trabalho, são:
Quais as características dos tablets?
Quais as principais vantagens do uso de equipamentos móveis na sala de
aula?
Quais as desvantagens do uso de equipamentos móveis na sala de aula?
Que reflexões podemos destacar sobre o uso das novas tecnologias móveis
na escola? São elas meios ou fins?
Para tanto, o presente estudo se propõe a:
Sistematizar a produção científica a respeito do uso de dispositivos
móveis (em particular dos tablets) em sala de aula.
Refletir sobre o uso de tablets: seus potenciais e suas limitações.
42
Sobre as possibilidades de contribuição da pesquisa, objetivamos elencar
trabalhos realizados com os equipamentos móveis nas escolas para lançar luz sobre
o fenômeno aparentemente inevitável da utilização dos mesmos nas salas de aula e,
a partir das experiências, refletir sobre suas potencialidades e seus entraves, sobre
nossas crenças e proporcionar maior compreensão do fenômeno da tecnologia
inserida na prática de sala de aula, levando-nos a ampliar nossa experiência com
relação ao uso didático dos tablets.
Nesse sentido, relataremos, ao final do trabalho, quais são as
potencialidades, as limitações e também as principais dificuldades encontradas
durante o uso dos tablets em sala de aula.
2.3 Metodologia e procedimentos
Utilizaremos a metodologia de pesquisa qualitativa de caráter bibliográfico.
Inicialmente, almejávamos conhecer e compreender os avanços relativos ao uso dos
equipamentos nas escolas mas, ao longo da revisão bibliográfica, notamos que se
trata de um campo recente de investigação, o que nos fez repensar a pesquisa e
optar por traçar um panorama dos trabalhos realizados até o momento. De acordo
com Fiorentini e Lorenzato (2009, p.69):
Dizemos que uma pesquisa é exploratória ou diagnóstica quando o pesquisador, diante de uma problemática ou temática ainda pouco definida e conhecida, resolve realizar um estudo com o intuito de obter informações ou dados mais esclarecedores e consistentes sobre ela.
Esse estudo pretende inventariar e organizar os principais resultados das
produções encontradas e refletir sobre eles. Segundo Fiorentini e Lorenzato (2009),
podemos dizer que a pesquisa enquadra-se na modalidade de estado da arte. De
acordo com Ferreira (2002, s/p):
Nos últimos quinze anos tem se produzido um conjunto significativo de pesquisas conhecidas pela denominação “estado da arte” ou “estado do conhecimento”. Definidas como de caráter bibliográfico, elas parecem trazer em comum o desafio de mapear e de discutir uma certa produção acadêmica em diferentes campos do conhecimento, tentando responder que aspectos e dimensões vêm sendo destacados e privilegiados em diferentes épocas e lugares, de que formas e em que condições têm sido produzidas certas dissertações de mestrado, teses de doutorado, publicações em periódicos e comunicações em anais de congressos e de seminários.
43
A presente pesquisa também é chamada de bibliográfica ou de revisão por
Fiorentini e Lorenzato (2009), pois é a modalidade de estudo que se baseia em
análises de documentos históricos, revisão de trabalhos acadêmicos e material
encontrado em bancos de dados oficiais. Para esse tipo de pesquisa, a coleta de
dados é realizada por meio das leituras e dos fichamentos dos documentos, que
podem ser encontrados em diferentes suportes: revistas, entrevistas, dissertações,
artigos, relatórios etc.
Esse tipo de pesquisa depende da quantidade de trabalhos analisados e por
vezes recebe críticas quando a amostra é considerada pequena. Nesse sentido,
entendemos que a proposta do presente trabalho é lançar mão dessa técnica de
investigação para, a partir das pesquisas analisadas, refletir a respeito do uso da
tecnologia na escola, em particular das tecnologias móveis. Para tanto, deveremos
criar categorias de análise dos trabalhos que nos sejam úteis na exploração dos
dados apresentados.
De acordo com Ferreira (2002) as pesquisas do tipo “estado da arte” não
podem ser compreendidas apenas como um levantamento catalográfico de
trabalhos. Pretendemos ir um pouco além da simples descrição dos trabalhos,
analisando aspectos como: os sujeitos envolvidos, as vantagens e desvantagens do
uso dessa tecnologia, entre outros.
Com base nos dados obtidos temos por finalidade traçar um pequeno cenário
sobre as pesquisas com tecnologias móveis, em particular os tablets, assim como
indicar sugestões de futuras pesquisas nesse campo de conhecimento. Além disso,
no decorrer de todo o trabalho adotaremos uma postura reflexiva com relação à
tecnologia em sala de aula com o intuito de discutir o real propósito dos aparatos
tecnológicos na Educação, seus benefícios e seus prejuízos. Dito de outra forma,
refletiremos sobre ganhos e perdas quando o assunto for o uso dos equipamentos
móveis em sala de aula por professores e alunos.
Para conseguirmos responder aos questionamentos, realizamos um
levantamento dos trabalhos que se relacionavam com a temática.
Primeiramente fizemos uma seleção de trabalhos sobre o uso de
equipamentos móveis na Educação, apresentados em congressos dos quais
participamos. No congresso SBIE 2011 (Simpósio Brasileiro de Informática em
44
Educação), realizado em novembro de 2011, no Brasil, quase nada foi apresentado
sobre o uso do tablets. Em compensação, no ISTE 2012 (International Society for
Technology in Education), realizado no final de junho de 2012, nos EUA,
encontramos uma grande variedade de trabalhos e experiências utilizando os tablets
na Educação. É possível inferir que, apesar dos eventos não terem acontecido
simultaneamente (são sete meses de diferença), nos Estados Unidos essa
tecnologia está sendo largamente utilizada, enquanto que no Brasil o uso do recurso
em sala de aula ainda é bastante tímido.
A participação nesse congresso internacional sobre tecnologias na Educação
(ISTE 2012) nos orientou imensamente, pois a grande maioria dos artigos e das
pesquisas consultados foi de trabalhos realizados nos Estados Unidos e na
Austrália.
A partir dos trabalhos encontrados nos anais do ISTE sobre o tema, iniciamos
nossa leitura.
Elencaremos agora alguns dos procedimentos de busca realizados na
Internet para obter os trabalhos científicos que serão citados na presente pesquisa.
Inicialmente o levantamento pelo banco de teses e dissertações da CAPES
(figura 1) não nos trouxe muitos resultados, o que gerou grande frustração e também
desconforto. Realizamos então uma rota alternativa.
Figura 1 - Página inicial do site Periódicos da CAPES
FONTE: http://www.periodicos.capes.gov.br/
Durante a busca no site da CAPES, utilizamos diversas palavras-chave, entre
elas Tablets; Tablets+Educação; Tablets+sala de aula; Tablets+escola;
Equipamentos móveis; Mobilidade; Mobilidade+Educação. Apesar das tentativas,
45
nenhum resultado foi encontrado para as buscas. Realizamos então uma busca na
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (figura 2).
Figura 2 - Página inicial da Nuteses
FONTE: http://www.nuteses.ufu.br/
Na busca com a palavra mobilidade, o sistema retornou 27 resultados, mas
nenhum relativo a equipamentos móveis na Educação.
Ao procurarmos usando as palavras “equipamentos móveis”, o sistema
retornou 27 resultados, dos quais apenas um era relacionado a equipamentos
móveis em Educação. Devido à data de publicação (figura 3), o trabalho não foi
considerado, pois estávamos interessados em trabalhos publicados a partir de 2009.
Figura 3 - Apresentação de um resultado de busca
FONTE: http://www.nuteses.ufu.br/
Outras fontes consultadas para realizar a pesquisa foram a Biblioteca Virtual
da PUC São Paulo e o site de busca Google Acadêmico.
Na Biblioteca virtual da PUC encontramos cinco pesquisas cujos temas estão,
de alguma forma, como mostra o quadro 1, relacionados ao nosso trabalho.
46
Quadro 1 - Pesquisas encontradas na Biblioteca Virtual da PUC-SP
Título do trabalho Autor Área Ano
A calculadora do celular na sala de aula: uma proposta para a exploração da divisão inexata no Ensino Médio
Nhoncance, Leandro Mestrado Profissional em Ensino De Matemática
2009
O processo de construção do conhecimento por meio das novas tecnologias no contexto da conexão sem fio
Ono, Arnaldo Turuo Doutorado em Educação: currículo
2010
Expandindo a sala de aula: recursos tecnológicos ubíquos em processos colaborativos de ensino e aprendizagem
Gomes, Celso Augusto dos Santos
Mestrado em Tecnologias da Inteligência e Design Digital
2011
Uso do computador portátil na escola: perspectivas de mudanças na prática pedagógica
Mandaio, Claudia Mestrado em Educação: currículo
2011
Indicadores de mudanças nas práticas pedagógicas com o uso do computador portátil em escolas do Brasil e de Portugal
Weckelmann, Valeria Faria
Doutorado em Educação: currículo
2012
FONTE: produção da autora
Ao pesquisarmos no Google Acadêmico encontramos 26 trabalhos realizados
no Brasil. Embora a quantidade tenha sido significativamente maior, a maioria deles
não tratava de tecnologias móveis na Educação, além disso, ao lermos esses
trabalhos, notamos que alguns deles não se referiam ao uso de tecnologias móveis
na escola, embora o título ou mesmo os mecanismos de busca indicassem o
contrário. Ao final dessa etapa, selecionamos 19 artigos nacionais para serem
analisados.
Outra forma encontrada para realizar a busca de trabalhos foi por meio de
referências nos anais do Congresso ISTE 2012. A busca nos levou ao site EdITLib,
onde encontramos a maioria das pesquisas listadas a seguir, totalizando dez
artigos/relatórios que foram analisados.
Ao final, temos um total de 39 trabalhos, sendo 19 artigos científicos
nacionais, 12 artigos/relatórios internacionais, 4 dissertações e 4 teses.
47
3 - A PESQUISA
Assim como o programa Vila Sésamo introduziu crianças e suas famílias para o potencial da televisão como um meio educacional duas gerações atrás, as crianças de hoje serão beneficiadas se os benefícios das tecnologias móveis forem a força para a aprendizagem e descoberta na próxima década.
Carl Shuler
Neste capítulo apresentamos a organização dos dados coletados por meio
dos fichamentos, dos quadros e das resenhas, a fim de organizar os registros e
favorecer a posterior análise.
3.1 Critérios de escolha dos trabalhos
Os critérios usados na escolha dos trabalhos foram:
(i) mais recentes (realizados entre 2009 e 2013)
(ii) cujo tema tratou de dispositivos móveis na Educação.
Com a utilização desses critérios, encontramos uma pequena quantidade de
trabalhos e decidimos analisar todos eles.
3.2 Organização dos dados
Após termos realizado todas as opções de busca de trabalhos e termos
selecionado 39 trabalhos para a análise, elaboramos o quadro 2.
Quadro 2 - Artigos científicos, teses e dissertações
Nome do trabalho Autor (es) Ano
01. Mobile Learning no Ensino de Matemática: um framework conceitual para uso dos tablets na Educação Básica
Araujo Jr, C. F.; Dias, E. J.; Cerri, M. S.; Cenatti, A.
2012
02. Análise sobre utilizações de tecnologias na Educação
Silva, H. C. da; Neto, R. de F. B.
2012
03. Aprendizagem com mobilidade: experiências com o uso de tecnologias móveis envolvendo crianças e adolescentes em tratamento oncológico
Barbosa, D. N. F.; Bassani, P. B. S.; Miorelli, S. T.
2013
04. Novas tecnologias aliadas à Educação Jardim, L. C. 2013
48
05. Benefícios da Computação Pervasiva na Educação e mobUS. Um sistema Móvel no Auxílio à Aprendizagem
D’Oliveira, R. B. D.; Costa, D. P.
2012
06. Dispositivos móveis em sala de aula: uma revisão bibliográfica
II Congresso Internacional TIC e Educação
Santos, D. M. B.; Duram, A. A.; Burnham, T. F.
2012
07.Dispositivos móveis digitais na incrementação do processo de ensino e aprendizagem: mobile learning no rompimento de paradigmas
Bernardo, J. C. O. 2013
08. Apoiando o processo de Ensino/Aprendizado da lógica formal usando tablets
Cavalcante, R. C.; Oliveira, E. A.; Ayres, P. A. A.
2011
09. Jogos educativos em dispositivos móveis como auxílio ao ensino de Matemática
Neto, J.F.B.; Fonseca, F.S.da 2013
10. O uso de tablets e o Geogebra como ferramentas auxiliadoras no Ensino de Matemática
Oliveira, J. B.; Santana, A. M. Reali, G. A.; Oliveira, M. C. D.; Silva, D. L.; Queiroz, F. N.
2012
11. Nexialistas: os designers do conhecimento e a nova era da Tecnologia da Educação
Chinalli, D. V. F. 2013
12. O uso de tecnologia na Educação, priorizando a tecnologia móvel
Pereira, L. R.; Schuhmacher, V. R. N.; Schuhmacher, E.; Dalfovo, O.
2012
13. Celulares, smartphones e tablets na sala de aula: complicações ou contribuições?
Matheus, M. C.; Brito, G. S. 2011
14. Desenvolvimento de conteúdos hipermidiáticos para tablets aplicados à Educação a Distância na empresa Delinea
Olsen, C. A.; Ribeiro, C. N.; Pereira, L. K.; Kleis, M. L.; Cortellini, R. C.
2012
15. O uso de tablets educacionais no Ensino Médio Fahl, D.; Sakis, M. A.; Martins, S. M.; Pereira, T. M.; Avi, P. C.; Brizzi, M. L. S.
2013
16. Do computador ao tablet: vantagens pedagógicas na utilização de dispositivos móveis na Educação
Bottentuit Junior, J. B. 2012
17. Tecnologias digitais na Educação: uma análise das políticas públicas brasileiras
Maia D. L.; Barreto, M. C. 2012
18. Tecnologias assistivas presentes no tablet e seu potencial para uma Educação inclusiva de pessoas com deficiência visual
Lima filho, M. A.; Waechter, H. N.
2013
19. Tecnologias em sala de aula: explorando as possibilidades do tablet na Educação
Domingues, N. S.; Heitmann, F. P.; Chinellato, T. G.
2013
20. Geração Móvel: um ambiente de aprendizagem suportado por tecnologias móveis para a “Geração Polegar”
Moura, A.M.C. 2009
21. Educating Teachers in ICT: from Web 2.0 to Mobile Learning
Carvalho, Ana A. A. 2011
22. Pockets of potencial: Using Mobile Technologies to Promote Children's Learning
Shuler, Carl. 2009
23. Using tablets for collaborative problem-based learning in Mathematics specialist program
Hunger, G.; Hodges, C. 2009
49
24. I am a 21st Century teacher: If you teach me with
technology, I will use technology to teach my students Bull, Prince H. 2010
25. Roundtable horizons of Educational Innovations: 8 pratical and live demonstrations of the new technologies that will have the most impact in education in the next few years and that teachers can use
Genesi, André G.; Assumpção, C. M.
2011
26. Examining implementation strategies, goals, and impacts of Apple Ipad tablets in K-12 educational settings
Jones, S.; Strudler, N. 2012
27. Media tablets in Educational practice: what can we learn?
Zijdeman-Boudreau, Anita 2012
28. A whole-school approach to technological literacy: mobile learning and the Iphone
Herrington, J.; McKenzie, S. ; Pascoe, R.; Woods-McConey, A.; MacCallum, J.; Wright, P.
2010
29. Building mobile apps to support sense-making in Mathematics
Pelton, T. W.; Pelton, L. F. 2012
30. Project – Mobile Devices for Learning – What you need to know
Robledo, J. 2012
31. Mobile IT Higher Education Dobbin, Gregory; Dahlstrom,E.; Arroway, P.
2011
32. Tecnologias móveis na Educação
Higuchi, A. A. da S. 2011
33. A Calculadora do celular na sala de aula: uma proposta para a exploração da divisão inexata no Ensino Médio
Nhoncance, L. 2009
34. Expandindo a sala de aula: recursos tecnológicos ubíquos em processos colaborativos de ensino e aprendizagem
Gomes, C. A. dos S. 2011
35. Uso do computador portátil na escola: perspectivas de mudanças na prática pedagógica
Mandaio, C. 201
36. Apropriação do telemóvel como ferramenta de mediação em Mobile Learning. Estudos de caso em Contexto Educativo.
Moura, A. M. C. 2010
37. M-LearnMat: Modelo pedagógico para atividades de M-Learning em Matemática
Batista, Sílvia C. F. 2011
38. O processo de construção do conhecimento por meio das novas tecnologias da conexão sem fio
Ono, A. T. 2010
39. Indicadores de mudanças nas práticas pedagógicas com o uso do computador portátil em escolas do Brasil e de Portugal
Weckelmann, V. F. 2012
FONTE: produção da autora
A partir do Quadro 2, com o total de trabalhos encontrados, separamos as
pesquisas em grupos menores, para melhor visualização e análise. Os trabalhos
foram agrupados por níveis acadêmicos (Artigos, Mestrados e Doutorados).
50
Os dados foram organizados de forma que, na primeira coluna, destacamos
os autores, pois futuramente serão citados em nossas análises.
Quadro 3 - Artigos científicos nacionais
Autor (es) Nome do trabalho Ano
Araujo Jr, C. F. Dias, E. J. Cerri, M. S. Cenatti, A.
Mobile Learning no Ensino de Matemática: um framework conceitual para uso dos tablets na Educação Básica
2012
Silva, H. C. da Neto, R. de F. B.
Análise sobre utilizações de tecnologias na Educação 2012
Barbosa, D. N. F. Bassani, P. B. S. Miorelli, S. T
Aprendizagem com mobilidade: experiências com o uso de tecnologias móveis envolvendo crianças e adolescentes em tratamento oncológico
2013
Jardim, L. C. Novas tecnologias aliadas à Educação 2013
D’Oliveira, R. B. D. Costa, D. P.
Benefícios da Computação Pervasiva na Educação e mobUS, Um sistema Móvel no Auxílio à Aprendizagem
2012
Santos, D. M. B.Duram, A. A.Burnham, T. F.
Dispositivos móveis em sala de aula: uma revisão bibliográfica
2012
Bernardo, J. C. O. Dispositivos móveis digitais na incrementação do processo de ensino e aprendizagem: mobile learning no rompimento de paradigmas
2013
Cavalcante, R. C. Oliveira, E. A. Ayres, P. A. A.
Apoiando o processo de Ensino/Aprendizado da lógica formal usando tablets
2011
Neto, J.F.B. Fonseca, F.S.da
Jogos educativos em dispositivos móveis como auxílio ao ensino de Matemática
2013
Oliveira, J. B. Santana, A. M. Reali, G. A. Oliveira, M. C. D. Silva, D. L. Queiroz, F. N.
O uso de tablets e o Geogebra como ferramentas auxiliadoras no Ensino de Matemática
2012
Chinalli, D. V. F. Nexialistas: os designers do conhecimento e a nova era da Tecnologia da Educação
2013
Pereira, L. R. Schuhmacher, V. R. N. Schuhmacher, E. Dalfovo, O.
O uso de tecnologia na Educação, priorizando a tecnologia móvel
2012
Matheus, M. C. Brito, G. S.
Celulares, smartphones e tablets na sala de aula: complicações ou contribuições?
2011
Olsen, C. A. Ribeiro, C. N. Pereira, L. K. Kleis, M. L. Cortellini, R. C.
Desenvolvimento de conteúdos hipermidiáticos para tablets aplicados a Educação a Distância na empresa Delinea
2012
Fahl, D. Sakis, M. A. Martins, S. M. Pereira, T. M. Avi, P. C. Brizzi, M. L. S.
O uso de tablets educacionais no Ensino Médio 2013
Bottentuit Junior, J. B. Do computador ao tablet: vantagens pedagógicas na utilização de dispositivos móveis na Educação
2012
Maia D. L. Barreto, M. C.
Tecnologias digitais na Educação: uma análise das políticas públicas brasileiras
2012
51
Lima filho, M. A. Waechter, H. N.
Tecnologias assistivas presentes no tablet e seu potencial para uma Educação inclusiva de pessoas com deficiência visual
2013
Domingues, N. S. Heitmann, F. P. Chinellato, T. G.
Tecnologias em sala de aula: explorando as possibilidades do tablet na Educação
2013
FONTE: produção da autora
No quadro 3 elencamos todos os artigos nacionais encontrados no período de
2009 a 2013. Uma primeira observação que deve ser feita é a nossa surpresa ao
encontrarmos uma quantidade de trabalhos maior do que a esperada. Foram 19
artigos nacionais, quantidade superior ao número de artigos internacionais
analisados, contrariando nossa hipótese de que haveria mais trabalhos
internacionais na área.
Abaixo destacamos o quadro 4 com todos os artigos internacionais
encontrados. Diferentemente dos artigos nacionais que começaram a serem
publicados a partir de 2011, os trabalhos internacionais foram realizados com dois
anos de antecedência. Isso pode indicar que a preocupação com o uso didático dos
equipamentos móveis iniciou-se um pouco mais cedo nos outros países,
principalmente em Portugal e nos Estados Unidos.
Quadro 4 - Artigos científicos internacionais
Autor (es) Nome do trabalho Ano
Moura, A.M.C. Geração Móvel: um ambiente de aprendizagem suportado por tecnologias móveis para a “Geração Polegar”
2009
Carvalho, Ana A. A. Educating Teachers in ICT: from Web 2.0 to Mobile Learning
2011
Shuler, Carl. Pockets of potencial: Using Mobile Technologies to Promote Children's Learning
2009
Hunger, G. Hodges, C.
Using tablets for collaborative problem-based learning in Mathematics specialist program
2009
Bull, Prince H. I am a 21
st Century teacher: If you teach me with
technology, I will use technology to teach my students 2010
Genesi, André G. Assumpção, C. M.
Roundtable horizons of Educational Innovations: 8 pratical and live demonstrations of the new technologies that will have the most impact in education in the next few years and that teachers can use
2011
Jones, S. Strudler, N.
Examining implementation strategies, goals, and impacts of Apple Ipad tablets in K-12 educational settings
2012
Zijdeman-Boudreau, A. Media tablets in Educational practice: what can we learn? 2012
Quadro 3: Artigos científicos internacionais
52
Herrington, J McKenzie, S. Pascoe, R. Woods-McConey, A. MacCallum, J. Wright, P.
A whole-school approach to technological literacy: mobile learning and the Iphone
2010
Pelton, T. W. Pelton, L. F.
Building mobile apps to support sense-making in Mathematics
2012
EDUTOPIA.org/ Projeto – Mobile Devices for Learning – What you need to know
2012
FONTE: produção da autora
Embora tenhamos encontrado uma quantidade expressiva de artigos
internacionais que trataram do uso dos equipamentos móveis na Educação, o
quadro 5 nos mostra que não foram encontradas dissertações internacionais sobre o
assunto. Certamente, não podemos concluir que não tenha havido pesquisas de
mestrado internacionais na área, mas infelizmente não conseguimos encontrá-las
para analisá-las no presente trabalho.
Quadro 5 - Dissertações
Autor (es) Nome do trabalho ANO
Higuchi, A. A. da S. Tecnologias móveis na Educação 2011
Nhoncance, L. A Calculadora do celular na sala de aula: uma proposta para a exploração da divisão inexata no Ensino Médio
2009
Gomes, C. A. dos S. Expandindo a sala de aula: recursos tecnológicos ubíquos em processos colaborativos de ensino e aprendizagem
2011
Mandaio, C. Uso do computador portátil na escola: perspectivas de mudanças na prática pedagógica
2011
FONTE: produção da autora
Com relação às teses, notamos que duas delas foram realizadas inteiramente
no Brasil, uma em Portugal e outra em parceria Brasil e Portugal. No quadro 6
destacamos as pesquisas encontradas que serão analisadas no presente trabalho.
Quadro 6 - Teses
Autor(es) Nome do trabalho ANO
Moura, A. M. C.
Doutorado - Braga
Apropriação do telemóvel como ferramenta de mediação em Mobile Learning. Estudos de caso em Contexto Educativo.
2010
Ono, A. T. O processo de construção do conhecimento por meio das novas tecnologias da conexão sem fio
2010
Batista, S. C. F. M-LearnMat: modelo pedagógico para atividades de M-Learning em Matemática
2011
Weckelmann, V. F. Indicadores de mudanças nas práticas pedagógicas com o uso do computador portátil em escolas do Brasil e de Portugual
2012
FONTE: produção da autora
53
3.3 Fichamentos e resenhas críticas dos artigos nacionais
De acordo com Fiorentini e Lorenzato (2007), em uma pesquisa bibliográfica,
a coleta de informações é realizada por meio de fichamentos de leituras. Esperamos
que essas fichas de anotações nos auxiliem na organização sistemática das
informações contidas em cada um dos trabalhos elencados. Para tanto, elaboramos
um ficha composta dos seguintes itens: Título do trabalho, Autor, Programa ou
Instituição, Objetivos, Sujeitos, Vantagens, Desvantagens (ou problemas
enfrentados) e a Resenha Crítica.
Título do trabalho 1: Mobile Learning no Ensino de Matemática: um
framework conceitual para uso dos tablets na Educação Básica
Autor(es): Araujo Jr, Carlos F.; Dias Eduardo J.; Cerri, Maria S.; Cenatti,
Ademir
Programa/ Instituição: Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul) – SP
Objetivo(s): Usar os tablets para promover o ensino de Ciências, Tecnologia
e Matemática.
Promover o domínio e a confiança por parte dos docentes no uso do tablet no
ensino de conteúdos específicos.
Avaliar possíveis problemas de infraestrutura existentes no ambiente escolar.
Avaliar situações e dinâmicas de aprendizagem em sala de aula.
Sujeitos: Dois projetos-pilotos envolvendo 51 alunos do 2.o ano do ensino
médio de uma escola particular SP.
Vantagens/ facilidades: O tablet tem potencial para promover a interação e
colaboração entre os alunos. É importante para organizar atividades colaborativas.
Desvantagens/ problemas: Receio da dependência com a tecnologia. “O
tablet resolve tudo e os alunos ficam sem conhecimento.”
Resenha crítica: Os autores afirmam que os dispositivos móveis têm trazido
possibilidades de uso na Educação. Entre as possibilidades destacadas na pesquisa
estão a ampliação do espaço da escola e do tempo de aprendizagem e o
desenvolvimento de aprendizagem ativa, interativa e colaborativa.
54
Apresentam uma problemática: o ensino de Ciências, Tecnologia e
Matemática na Educação básica tem sido um grande desafio a ser vencido em
vários países, apesar de várias políticas governamentais terem sido criadas para
isso.
As conclusões do trabalho, apesar de positivas, foram baseadas mais no
ponto de vista dos alunos do que a partir das percepções dos professores. Faltam
medidas mais objetivas sobre o quanto o uso dos dispositivos móveis afeta
verdadeiramente o aprendizado dos alunos.
Algumas lacunas apontadas para futuras pesquisas são:
A falta de foco na coletividade, pois os autores estão muito centrados
nas questões de aprendizagem individual.
Nenhum trabalho apresentou uma pesquisa envolvendo diferentes
tipos de instrumentos portáteis.
As pesquisas não tratam das vantagens e desvantagens de forma
equilibrada, focam apenas vantagens ou então apenas desvantagens.
Poucas pesquisas seguem o viés mais qualitativo, concentrando-se em
abordagens quantitativas.
A maioria dos trabalhos trata de realidades de países desenvolvidos
(na Europa, no Canadá e a grande maioria nos EUA). Há uma
demanda por pesquisas que investiguem o contexto brasileiro.
Os trabalhos consultados foram analisados de uma única ótica, sendo
necessária uma visão multidisciplinar nesses estudos (unindo
psicologia, educação, sociologia, filosofia entre outras).
Título do trabalho 2: Análise sobre utilizações de tecnologias na Educação
Autor: Silva, Hellen Corrêa da; Neto, Renato de Freitas Bulcão
Programa/ Instituição: Universidade Federal de Goiania (UFG) – Goiânia
Objetivo: Apontar a necessidade de cada instituição construir sua própria
metodologia para utilizar as TICs.
Sujeitos: 9.o ano EF de escola particular em Anápolis.
55
Vantagens/ facilidades: Impactos positivos em habilidades cognitivas e nas
competências relacionadas ao uso de computadores.
Os equipamentos móveis podem agregar desempenho e dinamicidade ao
processo diário das aulas.
Desvantagens/ problemas: Embora a escola tenha deixado claro que o uso
dos telemóveis está atrelado à sua finalidade pedagógica, muitos pais ainda não
acreditam no uso benéfico desse equipamento.
Resenha crítica: O trabalho traz uma investigação sobre as tecnologias na
escola e sobre como elas contribuem com as práticas pedagógicas. O estudo foi
realizado a partir da observação de aulas em salas interativas. Os professores estão
sendo habilitados para trabalhar com esses recursos tecnológicos e com
metodologia diferenciada.
Os autores citam uma experiência realizada no Peru sobre o programa OLPC
(One Laptop Per Child) implantado em 319 escolas primárias rurais. O estudo
mostrou que, embora tenha aumentado a proporção de estudantes com acesso aos
computadores, nenhuma evidência dos efeitos sobre os desempenhos em
Matemática e Linguagem foi encontrada. Como saldo positivo destacaram um
desenvolvimento de habilidades cognitivas gerais e de competências relacionadas
ao uso de computadores.
A matéria do jornal The Economist apontou que o retorno do investimento
peruano ao dar notebooks aos alunos desapontou, pois as crianças que receberam
os aparelhos não mostraram nenhuma melhora de desempenho em Matemática ou
leitura e não foi encontrada evidência de que o acesso ao laptop tenha aumentado a
motivação ou o tempo dedicado às tarefas de casa.
O estudo compara o projeto UCA (do Brasil) com o OLPC (do Peru),
mostrando que no UCA os alunos e professores foram estimulados a utilizarem os
conteúdos educacionais disponíveis (vídeos da Khan Academy, objetos de
aprendizagem e aulas criadas por educadores e aprovadas pelo MEC). Concluindo
que, além de dar os laptops aos estudantes, é necessário investir em formação de
professores.
56
Embora a pesquisa tenha obtido um grau de aprovação elevado pelos alunos
para o uso de equipamentos tecnológicos durante as aulas, não apresentou
resultados da eficácia do uso desses aparatos em termos de desempenho
acadêmico.
Os resultados obtidos favoreceram a ótica dos alunos. Esse estudo, em
princípio, reforça que o foco na tecnologia, sem formação adequada dos professores
para sua incorporação à Educação e sem objetivos alinhados com o currículo, não
gera resultados positivos de aprendizagem.
Título do trabalho 3: Aprendizagem com mobilidade: experiências com o uso
de tecnologias móveis envolvendo crianças e adolescentes em tratamento
oncológico.
Autor: Barbosa, Débora Nice Ferrari; Bassani, Patrícia B. Scherer;
Miorelli, Sandra Teresinha;
Programa/ Instituição: Universidade Feevale - Novo Hamburgo - RS
Objetivo: Construir uma Comunidade Virtual de Aprendizagem (CVA) para
auxiliar no reforço escolar e na aprendizagem de pacientes com câncer.
Sujeitos: Pacientes de oncologia com idades entre 6 e 18 anos.
Vantagens/ facilidades: A aprendizagem lúdica por meio dos tablets poderá
influenciar no prazer de estudar e aprender Matemática e Português. O tablet é um
artefato cultural ubíquo e colaborativo.
Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens do uso
de equipamentos móveis.
Resenha crítica: Os autores apresentam uma experiência de uso de
tecnologias móveis para auxiliar o estudo de crianças hospitalizadas que estão em
tratamento oncológico na região do Vale dos Sinos (RS).
No trabalho, o foco do uso de tecnologias móveis foi no reforço aos conteúdos
do currículo escolar e no tratamento de temas relacionados à informática.
57
É interessante observar que as autoras relataram que os estudantes
costumavam desistir do aplicativo quando enfrentavam dificuldades cognitivas. O
motivo, segundo os mesmos, é que tinham preguiça de pensar.
Concluem o artigo afirmando que os sujeitos da pesquisa não encontraram
dificuldades com o uso do tablet, mas desanimavam rapidamente quando
encontravam dificuldades com o conteúdo. Mesmo assim, os sujeitos perceberam
que a aprendizagem e a diversão podem andar em conjunto. Ao final, sinalizaram
que seria interessante desenvolverem mais pesquisas com a utilização de
tecnologias móveis.
Título do trabalho 4: Novas tecnologias aliadas à Educação
Autor(es): Jardim, Lucas Costa
Programa/ Instituição: Revista Universo Acadêmico
Objetivo(s): Mostrar como a tecnologia pode, em sala de aula, auxiliar “a
manter o foco dos alunos no professor e no conteúdo que ele transmite”.
Sujeitos: Não existem sujeitos na presente pesquisa.
Vantagens/ facilidades: Aula mais interessante, melhor elaborada,
facilitando o entendimento e motivando o aluno.
Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens do uso
de equipamentos móveis.
Resenha crítica: O autor defende que, em uma época de várias evoluções
tecnológicas, as mesmas podem e devem auxiliar professores na melhoria do ensino
e assim aumentar o rendimento escolar dos alunos.
O resultado da pesquisa mostra que as novas tecnologias estão sendo
integradas à Educação e que as resistências dos professores com relação ao uso
das TICs estão diminuindo.
Título do trabalho 5: Benefícios da Computação Pervasiva na Educação e
mobUS, Um sistema Móvel no Auxílio à Aprendizagem
58
Autor(es): D’Oliveira, Ricardo B. D.; Costa, Diego P.
Programa/ Instituição: Simpósio Brasileiro de Informática na Educação
(SBIE) 2012 - RJ
Objetivo(s): Mostrar que o uso das tecnologias móveis em sala de aula pode
ser benéfico.
Sujeitos: Não existem sujeitos na presente pesquisa.
Vantagens/ facilidades: Mobilidade e colaboração. Facilitar a criação de uma
rede para todos os usuários auxiliarem-se mutuamente na resolução de problemas.
Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens do uso
de equipamentos móveis.
Resenha crítica: Os autores destacam que a computação móvel vem
ganhando destaque, tornando-se uma tecnologia acessível e possibilitando cenários
ubíquos com vários usuários conectados e interligados. Isso nos mostra que o
cenário previsto por Weiser - os computadores se tornarão invisíveis à percepção
comum (1991 apud D’Oliveira e Costa, 2012) - se concretizou.
Para atingirem seus objetivos, os autores do artigo apresentam as
possibilidades de um sistema computacional com a pretensão de construir um
ambiente explorando abordagens sensíveis ao contexto para construção de
conhecimento. Relatam também que cada vez mais os usuários preferem sistemas
que disponibilizem leitura, facilidade de uso e customização, a qualquer momento e
em qualquer lugar.
Concluem afirmando que o avanço e a difusão tecnológica potencializarão a
modificação do cenário físico de ensino e de aprendizagem.
Título do trabalho 6: Dispositivos móveis em sala de aula: uma revisão
bibliográfica
Autor(es): Santos, David Moises B.; Duram, Adolfo A.; Burnham, T.F.
Programa/ Instituição: II Congresso Internacional TIC e Educação
Objetivo(s): O artigo traz uma revisão bibliográfica sobre a convergência
tecnológica (proliferação de equipamentos móveis que se comunicam entre si em
59
escala mundial) de forma não sistematizada (uso de forma livre, não sistematizado),
apontando as principais questões tratadas nos trabalhos consultados e mostrando
seis lacunas de pesquisa.
Sujeitos: Estudantes universitários
Vantagens/ facilidades: Os dispositivos móveis já estão presentes nas
escolas, trazidos pelos alunos.
Desvantagens/ problemas: O uso dos equipamentos de forma não
sistematizada, sem orientação pedagógica.
Resenha crítica: Os autores apresentam uma problemática bastante comum
nas escolas: cada vez mais estudantes universitários utilizam dispositivos móveis
em sala de aula sem necessariamente ter uma orientação pedagógica, criando um
cenário desafiador para a Educação Superior.
Para tratar do assunto, o artigo traz uma revisão bibliográfica da temática,
apontando as principais questões relatadas nos treze trabalhos consultados (entre
elas, a relação entre o uso dos dispositivos e o desempenho acadêmico) e
mostrando seis lacunas para futuras pesquisas.
Os autores apontam para um fenômeno interessante que é o fato de os
alunos tomarem a iniciativa de uso dos equipamentos móveis na sala de aula e não
o contrário, ou seja, em vez de o incentivo à tecnologia partir das instituições, são os
estudantes que “forçam” o uso dos equipamentos em sala de aula de maneira
informal, espontânea e não sistematizada, muito menos institucionalizada.
Concluem elencando as lacunas como sugestões para trabalhos futuros:
pesquisas com foco na coletividade;
pesquisas que considerem outros ciberinstrumentos que não apenas
laptops;
pesquisas que ponderem vantagens e desvantagens;
pesquisas com uso de técnicas qualitativas;
pesquisas que abordem realidades fora do eixo dos países
desenvolvidos;
60
pesquisas que levem em consideração a necessidade de análises
multidisciplinares.
Título do trabalho 7: Dispositivos móveis digitais na incrementação do
processo de ensino e aprendizagem: mobile learning no rompimento de paradigmas
Autor(es): Bernardo, Júlio César O.
Programa/ Instituição: Revista EDAPECI - Vol. 13 - N. 01 – SE – Mestrando
em Educação da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)
Objetivo(s): Evidenciar que o uso de equipamentos móveis em processos
formativos de professores poderá conduzir à revisão da atitude e da prática
pedagógica, sintonizando o ensino com a cultura digital.
Sujeitos: Não existem sujeitos na presente pesquisa.
Vantagens/ facilidades:
Ter mobilidade.
Anotar ideias.
Consultar informações na Internet.
Fazer registros por meio da câmera e gravar sons.
Ser suporte à aprendizagem formal e informal.
Ter conectividade.
Ser touchscreen – facilidade com a interface intuitiva.
Haver segmentação dos textos interconectados entre si.
Facilitar a leitura e escrita digitais, que poderão ser simultâneas,
coletivas e interativas. Estimular a colaboração.
Possibilitar o acesso a materiais de aprendizagem a qualquer hora e
em qualquer lugar. Transcender as paredes da sala de aula.
Desvantagens/ problemas: Risco de fraudes que a Internet pode gerar.
Resenha crítica: O autor inicia trazendo a problemática da resistência dos
professores com relação às tecnologias na escola.
61
Faz uso de uma pesquisa bibliográfica para investigar as potencialidades e os
desafios do MLearning, repensando a formação docente e a gestão do ensino. O
pesquisador expõe que, diante dos crescentes avanços tecnológicos, devemos
repensar a Educação e a prática pedagógica conservadora. De acordo com o
pesquisador, tentar inovar, reenquadrar e aprimorar metodologias para essa nova
clientela é imprescindível. Nesse sentido, vale lembrar que o novo contexto da
tecnologia tornará acessível, conveniente e simples, para um número muito maior de
estudantes, aprender em formatos que sejam customizados (CHRISTENSEN, 2012,
P.71).
A realização de dois eventos pela UNESCO (UNESCO Mobile Learning
Week) reforça a crença das possibilidades de utilizar os equipamentos móveis em
processos formativos. No estudo realizado pela UNESCO, encontram-se programas
experimentais bem-sucedidos, como é o caso do projeto realizado pelo Ministério da
Educação do Paraguai que envolveu 18000 alunos de Educação secundária e
mostrou um índice de aproveitamento de 60% em conteúdos como Matemática,
Língua Espanhola e Literatura.
Em oposição ao estudo no Paraguai, no Brasil, temos iniciativas
governamentais proibindo o uso de celulares nas escolas. Mesmo assim, existem
ações que visam à inclusão digital dos estudantes brasileiros, mas de forma tímida.
No Brasil, os incentivos governamentais concentram-se em equipar escolas e
entregar equipamentos para os professores, mas sem uma cuidadosa formação e
acompanhamento durante os projetos.
O autor nos mostra o quanto a gestão escolar e os docentes são importantes
no processo de mudança. Para questionar o aluno, desafiá-lo e instigá-lo a construir
e reconstruir conhecimento com o uso articulado de tecnologias, o professor precisa
saber quais mídias são tratadas pelos dispositivos móveis e o que elas podem
oferecer à prática no processo de ensino e de aprendizagem. De acordo com Demo
(2010, p. 115), o problema do equacionamento adequado encontra-se na figura do
professor, que deverá definir o que, nesta história, é motivação da aprendizagem e o
que é saber pensar. Finaliza afirmando que muito há de ser observado e analisado
nos cenários de M-Learning, sobretudo no Brasil, onde é nítida a necessidade de
mais pesquisas sobre o tema.
62
Título do trabalho 8: Apoiando o processo de Ensino/Aprendizado da lógica
formal usando tablets.
Autor(es): Cavalcante, Rodolfo C.; Oliveira, Elthon A. da S.; Ayres, Pedro A.
A.
Programa/ Instituição: Universidade Federal de Alagoas (UFAL)
Objetivo(s): Apoiar o ensino e o aprendizado da lógica formal por meio de
uma ferramenta tecnológica desenvolvida para ser utilizada em tablets de uma forma
mais dinâmica e divertida.
Sujeitos: Alunos universitários da disciplina de lógica no curso de
computação.
Vantagens/ facilidades: auxiliar o aluno no processo de ensino/aprendizado
dessa disciplina de uma forma mais dinâmica.
Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens do uso
de equipamentos móveis.
Resenha crítica: Para os autores, disciplinas teóricas de cursos de
computação são responsáveis pela retenção dos alunos no curso. Isto se deve ao
fato de o aluno ter que manipular muitos conceitos matemáticos abstratos.
Os pesquisadores citam que levaram em consideração uma das
potencialidades dos tablets: a mobilidade (poder ser utilizado em qualquer lugar e a
qualquer momento) para a criação da ferramenta que seria concebida para ser um
jogo.
No trabalho os autores relatam com bastante cuidado aspectos técnicos da
ferramenta criada, mas não apresentam resultados da aplicação do “jogo” com os
estudantes. Apenas argumentam que a ferramenta se propõe a auxiliar o ensino e a
aprendizagem.
Título do trabalho 9: Jogos educativos em dispositivos móveis como auxílio
ao ensino de Matemática
Autor(es): Neto, J. F. B.; Fonseca, F. S. da
63
Programa/ Instituição: Centro de Informática – Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE)
Objetivo(s): Utilizar jogos educativos para dispositivos móveis como meio de
estimular o aprendizado da Matemática.
Sujeitos: 16 alunos de escolas do Recife, sendo quatro do 8.o ano de uma
escola particular e 12 alunos do 1.o ano EM de escola pública.
Vantagens/ facilidades: Mobilidade, motivação e interesse dos alunos.
Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens do uso
de equipamentos móveis.
Resenha crítica: Os autores defendem que as novas tecnologias, em
particular os jogos educativos, estão fornecendo novas possibilidades para as
práticas docentes, o que pode resultar na melhoria da qualidade do processo
educativo.
Um mês depois da utilização do jogo, 86% dos participantes estavam mais
motivados e participativos nas aulas.
Os autores concluem o artigo expondo os resultados positivos da avaliação
feita com os alunos e complementam que, apesar de ter sido detectada pelos
professores uma melhoria de rendimento escolar dos participantes, não foi possível
comprovar cientificamente que tal melhoria se deu em virtude do uso dos jogos.
Título do trabalho 10: O uso de tablets e o Geogebra como ferramentas
auxiliadoras no Ensino da Matemática
Autor(es): Oliveira, J. B.; Santana, A. M.; Reali, G. A.; Oliveira, M. C. D.;
Silva, D. L.; Queiroz, F. N.
Programa/ Instituição: Faculdade de Tecnologia (FATEC)
Objetivo(s): Esclarecer e conscientizar os docentes sobre a necessidade de
atualização e capacitação para a utilização dos recursos tecnológicos e
objetos de aprendizagem disponíveis.
Sujeitos: alunos universitários.
64
Vantagens/ facilidades: facilitar o acesso à informação e tornar as aulas
mais dinâmicas
Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens do uso
de equipamentos móveis.
Resenha crítica: Este trabalho tem como objetivo apresentar alguns
aspectos e algumas questões inerentes às tecnologias móveis como apoio didático
no processo de ensino e aprendizagem. Destaca que o acesso à informação está
cada vez facilitado pelos avanços tecnológicos e pela popularização dos dispositivos
móveis nas Instituições de Ensino, possibilitando o Mobile Learning (Aprendizado
Móvel). Também são tecidas considerações sobre as características do discente,
reflexões sobre a importância da socialização do saber com o uso dessas
tecnologias e sobre como as tecnologias móveis tendem a facilitar o processo de
aprendizagem na sociedade moderna. Propor um melhor esclarecimento para os
docentes e conscientizá-los da necessidade de se atualizar e capacitar para a
utilização dos recursos tecnológicos e objetos de aprendizagem disponíveis
atualmente também são aspectos deste trabalho. Por último, os autores apresentam
como se deu a inserção do software Geogebra em tablets pelos alunos da
Faculdade de Tecnologia de Ourinhos (Fatec), São Paulo – Brasil, e as futuras
pretensões com essa metodologia a favor do ensino e da aprendizagem dos
diversos saberes científicos ensinados no contexto educacional.
Segundo os autores, para ser positiva, a adoção dessa tecnologia depende
da adaptação de professores e alunos, uma vez que nenhum recurso garante o
aprendizado, mas pode auxiliar na construção do conhecimento, formando cidadãos
reflexivos, dinâmicos, críticos e capazes de construir o seu próprio conhecimento
através de experiências e vivências.
Finalizam citando Valente (2003, p.22 apud OLIVEIRA et al, 2012): O domínio
das técnicas acontece por necessidade e exigência do pedagógico e as novas
possibilidades técnicas criam novas aberturas para o pedagógico.
Título do trabalho 11: Nexialistas: os designers do conhecimento e a nova
era da Tecnologia da Educação
65
Autor(es): Chinalli, Didiane. V. F.
Programa/ Instituição: Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP)
Objetivo(s): Sintetizar as mudanças nos processos educacionais que
emergiram impulsionadas pelo acelerado desenvolvimento tecnológico e apontar as
vertentes dominantes da Educação no século XXI ante a inclusão das novas
tecnologias nos processos de ensino-aprendizagem; os novos modelos educativos
que estão sendo propostos e implantados ao redor do mundo e a mudança de
abordagem na construção da interdisciplinaridade para a construção dos conteúdos
curriculares.
Sujeitos: O presente artigo não apresentou sujeitos.
Vantagens/ facilidades: o tablet é uma ferramenta de interação,
predominantemente visual, com seu sistema touch screen. O ensino é colaborativo e
interativo. Há flexibilidade do ponto de vista espacial-temporal.
Desvantagens/ problemas: O trabalho não apresentou desvantagens no uso
dos equipamentos móveis.
Resenha crítica: A autora se propôs a sintetizar as mudanças nos processos
educacionais que emergiram impulsionadas pelo acelerado desenvolvimento
tecnológico e na esteira da mudança comportamental e cognitiva vivenciada pelas
atuais gerações Y e Z. Apontou também as vertentes dominantes da Educação no
século XXI ante a inclusão das novas tecnologias nos processos de ensino-
aprendizagem; os novos modelos educativos que estão sendo propostos e
implantados ao redor do mundo; e a mudança de abordagem na construção da
interdisciplinaridade para a construção dos conteúdos curriculares. Por derradeiro,
discorreu sobre as características dos profissionais nexialistas que, como agulhas de
marear, deverão apontar para o Norte, para a construção do conhecimento a partir
de agora, arquitetando um novo arranjo dos saberes.
Apresentou algumas constatações:
Quase a totalidade desses novos modelos educativos joga por terra a
concepção da segmentação do currículo escolar e universitário em
disciplinas estanques.
A tendência de se valorizar a autonomia de escolha do estudante.
66
A presença da flexibilidade na transmissão do conhecimento do ponto
de vista espacial-temporal e a ideia do ensino colaborativo e interativo.
A pesquisadora defende que, diante de tantos avanços tecnológicos e
mudanças na sociedade, a Educação não poderá se manter estática unicamente
replicando as metodologias usadas há anos. Nesse cenário será necessária a
postura do professor como um profissional que a autora define como nexialista (a
palavra vem da literatura de ficção: nexialista era o tripulante responsável por
estabelecer os nexos entre as diferentes áreas do saber, para interpretar situações
complexas e solucioná-las). Na Educação, o nexialista não é somente um
solucionador de problemas como ocorre em outras áreas, mas sim um criador de
conteúdos e um criador de novos arranjos para o conhecimento. Ele constrói, como
um designer de currículos, os nexos entre os saberes por meio de “estruturas
macro” como eixos temáticos, por exemplo, arquitetando a interdisciplinaridade entre
as grandes áreas do conhecimento e chegando até os subníveis de composição de
conteúdos obrigatórios, facultativos e de inferências.
A conclusão deste trabalho de pesquisa bibliográfica foi que a entrada e o
aprimoramento das novas tecnologias na área educacional são irreversíveis, bem
como as mudanças cognitivas nas novas gerações de estudantes decorrentes da
assimilação da informação e do conhecimento pela via predominantemente visual.
Também se constatou que a nova face da Educação requer um rearranjo da
construção e transmissão dos saberes, sendo esta mediada a partir de agora pelos
profissionais nexialistas, requerendo-se, para tanto, uma mudança na construção
das políticas educacionais no Brasil e no mundo.
Título do trabalho 12: O uso da tecnologia na Educação, priorizando a
tecnologia móvel
Autor(es): Pereira, L. R.; Schuhmacher, V. R. N.; Schuhmacher E.; Dalfovo
O.
Programa/ Instituição: Universidade do Sul de Santa Catarina e
Universidade Regional de Blumenau
67
Objetivo(s): Desenvolver um Objeto de Aprendizagem (OA) para dispositivos
móveis, como ferramenta de apoio ao processo de Ensino de Matemática no
conteúdo de Aritmética, para os anos iniciais do Ensino Fundamental.
Sujeitos: Alunos do quarto ao sétimo ano do EF.
Vantagens/ facilidades: Mobilidade, colaboração e interatividade
(conectividade).
Desvantagens/ problemas: O uso inadequado dos equipamentos móveis
pode prejudicar o rendimento escolar dos alunos.
Resenha crítica: Trazendo à tona o fato de que a geração de estudantes
nasceu submersa na tecnologia móvel, os autores argumentam que fazer uso dos
recursos disponíveis pode ser produtivo e eficiente no ambiente escolar. E defendem
que, embora o uso inadequado possa prejudicar o rendimento dos alunos, esses
equipamentos, quando utilizados com objetivos educacionais específicos e
definidos, são capazes de promover a interação e auxiliar no processo de ensino-
aprendizagem.
É mais um trabalho no qual encontramos a necessidade de o professor
possuir conhecimento sobre esta ferramenta e de dominá-la, além de dever ser
criativo para desenvolver atividades e entretenimentos para os alunos.
Este trabalho trata da construção do objeto de aprendizagem (OA)
denominado de “PACMATE”, da sua concepção e disponibilização, com o objetivo
de incentivar professores a fazer uso das Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC) em ambiente escolar. O jogo passou ainda por um processo de
validação junto ao público-alvo proposto, sendo considerado adequado para os seus
propósitos. O OA se encontra disponível no Observatório da Educação Básica
(OBEB), projeto financiado pelo INEP/CNPq, que disponibiliza em seu ambiente
outros Objetos de Aprendizagem tais como mapas, cadernos temáticos e jogos a
serem utilizados por professores do Ensino Básico. Além disso, o OBEB promove a
formação didático/pedagógica de professores no uso das TIC por meio de cursos de
formação.
Embora a pesquisa trate de novas tecnologias aplicadas à Educação,
notamos que existe uma concepção de ensino com enfoque mais tradicional. De
68
acordo com os pesquisadores, “a sociedade necessita de ferramentas que
agreguem valor ao processo de ensino, de modo que os conteúdos sejam facilmente
absorvidos pelos alunos”. E, mais adiante, complementam: “assim, o principal
objetivo de incorporar as tecnologias de informação, nesse processo, é minimizar as
dificuldades, proporcionando o entendimento dos temas apresentados com
ferramentas alternativas”.
Título do trabalho 13: Celulares, smartphones e tablets na sala de aula:
complicações ou contribuições?
Autor(es): Mateus, M. C.; Brito, G. S.
Programa/ Instituição: Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Objetivo(s): Pesquisar a presença de dispositivos móveis em sala de aula
para então visualizar possíveis contribuições.
Sujeitos: Nove professores de uma escola pública estadual.
Vantagens/ facilidades: Possibilitar pesquisas na Internet, uso da câmera e
de aplicativos específicos.
Desvantagens/ problemas: Dispersão dos estudantes.
Resenha crítica: Os autores lançam várias questões ao longo do artigo, entre
elas: celulares, smartphones e tablets em sala de aula podem contribuir para a
aprendizagem dos alunos?
Nos últimos tempos, novos aparelhos têm surgido no espaço escolar. São os
celulares, que, em versão mais completa, são chamados de smartphones e, de
forma ainda tímida, os tablets. Reclamações surgem de todos os lados e o que se
dissemina é o malefício desses aparelhos à sala de aula, por dificultarem a
concentração e atrapalharem a aprendizagem. Mas será que não é possível
encontrar contribuição alguma? Muitas vezes a proibição aumenta a vontade de
utilizar esses equipamentos, o que gera ainda mais conflitos. Para esse estudo
foram ouvidos professores do centro da cidade de Curitiba – Paraná. Os resultados
indicam que é possível aproveitar essas tecnologias em aulas, aliando-as ao
conteúdo e ao planejamento.
69
Muitas pesquisas já comprovam que não é suficiente apenas a
disponibilização de aparatos tecnológicos, que é importante entender como utilizá-
los a favor da mediação do conhecimento e da informação e também como
possibilidade de interação e de colaboração entre integrantes do cotidiano escolar.
Sobre o papel do professor, os pesquisadores apontam que será
fundamental, pois o “professor é quem direciona os trabalhos, provoca a curiosidade
e instiga o debate, a crítica e a pesquisa”.
Os sujeitos foram convidados a responderem à seguinte questão: Você
acredita que celulares, smartphones e tablets podem ser utilizados como recursos
pedagógicos em suas aulas? Como?
As respostas se dividem em três categorias: há os que se posicionam
completamente contra a utilização desses dispositivos em sala de aula e ressaltam
todos os possíveis pontos negativos; alguns não se importam com a presença dos
equipamentos, mas também não veem nenhum potencial pedagógico; e há também
os que utilizam os aparelhos, mesmo que de forma tímida, em explicações, em
apresentações de trabalho e até mesmo para pesquisas rápidas durante a
explanação do conteúdo.
A maior parte dos professores afirma não ver qualquer finalidade pedagógica
nesses aparelhos e ressalta a dificuldade em dar aulas, e explicar o conteúdo, com
alunos utilizando tais equipamentos.
Os autores concluem o artigo afirmando que existem complicações, mas
também possibilidades de contribuição que podem e devem ser exploradas,
reforçando que a presença do professor como estimulador, incentivador e
provocador da aprendizagem, nunca foi tão importante e necessária.
Título do trabalho 14: Desenvolvimento de conteúdos hipermidiáticos para
tablets aplicados à Educação a Distância na empresa Delinea
Autor(es): Olsen, C. A.; Ribeiro, C. N.; Pereira L. K.;Kleis M. L.; Cortellini R.
C.
Programa/ Instituição: Delinea - Florianópolis
70
Objetivo(s): Definir um padrão para o desenvolvimento de conteúdos
hipermidiáticos aplicados aos tablets.
Sujeitos: clientes da empresa Delinea.
Vantagens/ facilidades: Quebra de paradigmas da aprendizagem
organizacional presencial.
Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens do uso
de equipamentos móveis.
Resenha crítica: Os autores apresentam um cenário de mudanças nas
escolas do mundo todo e consideram a tecnologia parte integrante dos processos de
ensino e de aprendizagem. Uma característica importante é que as informações não
se apresentam mais de forma hierarquizada, mas sim de maneira “rizomática” (termo
utilizado por Deluze e Guattari por analogia à vegetação aquática que se desenvolve
na superfície da água, sem tronco e sem caule, totalmente ramificada. Assim, um
rizoma, em tese, pode se conectar a qualquer outro ponto, oferecendo muitos
começos e muitos fins). O presente trabalho pautou-se pela necessidade de se
definir um padrão de desenvolvimento de conteúdos hipermidiáticos aplicados aos
tablets, visando acompanhar as iniciativas na implantação dessa tecnologia nas
Instituições de Ensino e a utilização dos tablets por parte dos alunos. O objetivo foi
buscar uma solução abrangente envolvendo hardware, softwares, jogos, conteúdo
interativo e ferramentas para os professores e gestores. Para isso criou-se um grupo
de pesquisa a fim de reunir informações e conhecimentos. A equipe responsável
pela pesquisa investigou cerca de 21 ferramentas até chegar a seu primeiro
protótipo da solução de conteúdos interativos para tablet, encontrando vantagens e
desafios em cada uma destas ferramentas.
Título do trabalho 15: O uso de tablets educacionais no Ensino Médio
Autor (es): Fahl, D.; Sakis, M. A.; Martins, S. M.; Pereira, T. M.; Avi, P. C.;
Brizzi, M. L. S.
Programa/ Instituição: Departamento de Ciências Exatas e Engenharia –
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ)
71
Objetivo(s): Produzir materiais virtuais interativos, disponibilizando–os para
download e uso facilitado (em quaisquer dispositivos eletrônicos, mesmo que não
possuam acesso remoto).
Sujeitos: Professores da rede pública em formação que receberam os tablets
do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Vantagens/ facilidades: Os materiais produzidos apresentam aos alunos
métodos de aprendizagem mais interessantes, que ajudam no aprendizado e na
fixação de conteúdos.
Desvantagens/ problemas: A falta de infraestrutura das escolas, de acesso
à Internet e principalmente os problemas com a rede WiFi.
Resenha crítica: Atualmente, dispositivos móveis estão sendo inseridos no
meio educacional, professores da rede pública estão recebendo tablets para auxiliá-
los no processo de ensino e esses profissionais têm sido inseridos nessa nova era
tecnológica, porém, mesmo com todos os incentivos para a incorporação de novas
tecnologias no ensino, ainda existe resistência de muitos professores, pois grande
parte deles tem dificuldades na utilização desses meios de ensino.
Novamente, o tema formação de professores está presente em mais um dos
trabalhos consultados. Os autores finalizam o artigo com a constatação de que um
dos grandes desafios para o uso de novas tecnologias pelos professores é a
integração dos recursos tecnológicos com a prática do ensino. Para o ensino ser
eficaz o professor precisa ter domínio sobre as ferramentas que vai utilizar e bons
conteúdos para apresentar aos alunos, incentivando assim a participação deles nas
aulas, promovendo pesquisas e debates.
Título do trabalho 16: Do computador ao tablet: vantagens pedagógicas na
utilização de dispositivos móveis na Educação.
Autor(es): Bottentuit Junior, J. B.
Programa/ Instituição: Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
72
Objetivo(s): Apresentar um breve histórico sobre a evolução dos
computadores, passando pela concepção da Internet até chegarmos ao
aparecimento dos dispositivos móveis.
Sujeitos: A pesquisa não envolveu sujeitos.
Vantagens: Mobilidade; menor custo, se comparado aos dos desktops;
estímulo ao trabalho cooperativo/colaborativo e ao desenvolvimento de múltiplas
competências cognitivas (ler, escrever, pesquisar, sintetizar, analisar, interpretar,
aplicar etc); diminuição do uso de papel.
São leves, podendo ser carregados facilmente e ser utilizados em
diferentes ambientes.
Podem manter uma verdadeira biblioteca ao alcance das mãos.
Tornam imediata a comunicação entre professores e alunos e entre os
pares.
Quando conectados à Internet, podem favorecer a criação de
atividades mais ricas, inclusive com acesso direto a um mundo de
informações atualizadas.
Permitem que seus usuários descarreguem vários aplicativos que
fazem com que o aparelho se torne mais completo e funcional.
Permitem que um texto ou uma imagem possam ser visualizados com
maior detalhe, ou seja, com a abertura dos dedos sobre qualquer área
da tela pode-se ver em maior tamanho tudo o que se deseja.
Se cada aluno tiver seu próprio tablet, a escola não precisa manter
diversos laboratórios de informática para atender a várias turmas em
laboratórios, evitando-se, inclusive, os famosos rodízios. Com os
tablets os investimentos mudam: em vez de adquirir muitas máquinas,
a escola irá investir em conexão de alta velocidade.
Desvantagens/ Problemas:
Resistência dos professores.
Não substitui totalmente o computador, uma vez que nem todos os
aplicativos foram desenvolvidos para funcionar no tablet.
A digitação de textos mais longos torna-se cansativa.
73
O preço do dispositivo ainda não é acessível a todos.
Torna o contato físico entre os seres humanos cada vez mais restrito.
Resenha crítica: Contextualizando o surgimento dos computadores, da
Internet e, mais recentemente, dos dispositivos móveis, o autor do presente artigo
tem como objetivo apresentar algumas possibilidades para o uso dessa nova
tecnologia, a serem implementadas em contexto de sala de aula. Além disso, cita
alguns estudos realizados no Brasil e na Europa com estes dispositivos e, por fim,
comenta sobre o tablet, suas características, vantagens e desvantagens.
De acordo com o autor, uma vez que a utilização desses dispositivos pelos
jovens é incontornável, os professores precisam vislumbrar as potencialidades
desses aparelhos a fim de utilizá-los a favor das suas práticas pedagógicas, caso
contrário, os alunos continuarão utilizando os dispositivos durante as aulas para
outras finalidades, e o professor perderá a grande oportunidade de criar diversas
situações didáticas fazendo uso desses recursos.
O autor cita também algumas experiências do projeto UCA, cujo maior
objetivo alcançado foi promover a universalização de acesso à tecnologia a partir da
meta de garantir que todos os estudantes e professores tivessem o seu próprio
computador.
São citadas algumas estratégias de utilização dos dispositivos, dentre elas o
uso da câmera fotográfica para o ensino de línguas, com o registro de erros de
ortografia nas placas da cidade; o uso das gravações em áudio para incentivar a
oralidade e o aperfeiçoamento da pronúncia; a produção de vídeos educacionais.
O autor reforça que a postura do professor estimulando a criação do novo e a
aprendizagem pela descoberta contribuirão para a Educação em sintonia com o
século XXI.
Título do trabalho 17: Tecnologias digitais na Educação: uma análise das
políticas públicas brasileiras
Autor(es): Maia, Denis L.; Barreto, Marcília C.
74
Programa/ Instituição: Universidade. Estadual do Ceará (UECE)
Objetivo(s): Analisar como se deu a inserção das tecnologias digitais no
espaço escolar brasileiro.
Sujeitos: A presente pesquisa não apresentou sujeitos.
Vantagens/ facilidades: recursos que podem favorecer a criação de espaços
mais significativos e atraentes para a construção de conhecimentos. Inclusão digital
dos alunos.
Desvantagens/ problemas: falta de investimento na formação de
professores.
Resenha crítica: De acordo com os autores, diante da disseminação das
tecnologias digitais em diversas atividades na sociedade moderna, a Educação não
deve ficar alheia a esse processo. A partir da década de 1990, são encontrados
documentos oficiais que recomendam a inserção e o incentivo ao uso das
tecnologias digitais em Educação, por serem consideradas ferramentas que
viabilizam a criação de espaços mais significativos de aprendizagem.
Os pesquisadores ressaltam que há um descompasso entre a aquisição dos
recursos tecnológicos e a preparação docente para a utilização das tecnologias,
citando também o projeto UCA e, mais recentemente, a compra de quase 600 mil
tablets para serem distribuídos em aproximadamente 58 mil escolas brasileiras. É
interessante destacar a informação fornecida pelos autores de que no início do
projeto da compra dos tablets não estava prevista nenhuma capacitação dos
professores, pois julgavam que eles aprenderiam a explorar pedagogicamente os
recursos na prática de sala de aula, reforçando-se a ideia de que os governantes se
preocupam muito mais com os equipamentos do que com a formação dos
professores.
Ao fim desse estudo, evidencia-se uma desarticulação entre a inserção das
tecnologias digitais em Educação e a formação docente para o uso, sugerindo-se
uma atuação mais intensa na formação inicial de professores para o uso pedagógico
de tecnologias. Os autores defendem que alguns recursos podem favorecer a
criação de espaços mais significativos e atraentes para a construção de
conhecimentos, mas que só promoverão uma mudança positiva quando professores
75
estiverem qualificados para fazer uso pedagógico efetivo dessas ferramentas. Tal
perspectiva vislumbra alterações significativas no âmbito da gestão pedagógica e,
consequentemente, da qualidade do ensino.
Os autores concluem o trabalho afirmando que é inegável que a implantação
de laboratórios de informática educativa ou a adoção de computadores portáteis
individuais contribuem para a inclusão digital dos alunos, em especial das classes
menos favorecidas. Afirmam que, entretanto, por serem utilizados em um espaço
educativo, devem propiciar aos alunos e professores condições de ensino e
aprendizagem mais significativas. Além disso, o estudo sugere uma atuação mais
contundente na formação inicial de professores para o uso das tecnologias digitais.
Entende-se que essa frente de ação possibilita a articulação entre a recomendação
de utilização, a inserção das tecnologias digitais nas instituições de ensino e a
formação docente.
Título do trabalho 18: Tecnologias assistivas presentes no tablet e seu
potencial para uma Educação inclusiva de pessoas com deficiência visual
Autor(es): Lima Filho, Marcos A.; Waechter, Hans N.
Programa/ Instituição: Departamento de Design - Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE)
Objetivo(s): Identificar recursos de acessibilidade visual presentes em
tablets, descrever os respectivos objetivos, sua natureza e as instruções básicas
dessas ferramentas.
Sujeitos: A pesquisa não envolveu sujeitos.
Vantagens/ facilidades: tecnologias assitivas: slide ruler, leitura automática,
digitação falada, monitor Braille, autodescrição, reconhecimento de voz, zoom, texto
aumentado e cores invertidas.
Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens do uso
de equipamentos móveis.
Resenha crítica: Os autores nos mostram que a produção dos livros
didáticos está centrada na tecnologia do papel. No contexto da acessibilidade visual
76
em sala de aula, os livros didáticos dividem espaço com suas respectivas versões
impressas em Braille ou com fontes de tamanho ampliado. Até então, não foi
possível a produção de um design universal que contemplasse o suporte a todos os
usuários.
Com a adoção e invasão dos equipamentos móveis na sala de aula, os
educadores são chamados a avaliarem os méritos e limites das novas tecnologias.
Este estudo, do tipo exploratório e descritivo, identificou os recursos de
acessibilidade visual presente em tablets. A pesquisa concluiu que as tecnologias de
acessibilidade presentes nos tablets propiciam um acesso mais democrático aos
livros hipermidiáticos, suportando um projeto mais universal no acesso ao currículo e
à Educação.
Título do trabalho 19: Tecnologias em sala de aula: explorando as
possibilidades do tablet na Educação.
Autor(es): Domingues, N. S.; Heitmann, F. P.; Chinellato, T. G.
Programa/ Instituição: Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR)
Objetivo(s): Apresentar aplicativos que possam ser utilizados em aulas de
Matemática, gerar discussões sobre tecnologias em sala de aula e trabalhar em
grupos.
Sujeitos: O presente trabalho não envolveu sujeitos.
Vantagens/ facilidades: A potencialidade do tablet em prol da Educação.
Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens.
Resenha crítica: Os autores apresentam o cenário de investimentos públicos
para equipar escolas e professores com tecnologias, mostrando assim que tais
tecnologias estão ganhando espaço nas salas de aula. Porém, para que a presença
da tecnologia, em particular dos tablets, seja produtiva na escola, é necessário um
bom preparo dos profissionais, de forma que esses se sintam aptos a lidar com as
diversas possibilidades que podem ser exploradas em prol da Educação.
A preocupação com a formação dos professores para o uso de tecnologias
está bastante presente no texto. Nesse sentido, a proposta do minicurso foi deixar
77
os professores explorarem os tablets e depois pedir que eles elaborassem uma
proposta de uso didático dessa tecnologia em aulas de Matemática. Ao final
esperava-se discutir sobre as tecnologias e motivar os professores a utilizarem o
recurso.
3.4 Fichamentos e resenhas críticas dos Artigos Internacionais
Título do trabalho 20: Geração Móvel: um ambiente de aprendizagem
suportado por tecnologias móveis para a “Geração Polegar”
Autor(es): Moura, Adelina
Programa/ Instituição: Universidade do Minho - Portugal
Objetivo(s): Apresentar uma reflexão sobre o potencial das tecnologias
móveis em contexto educativo e suas implicações no processo de ensino e de
aprendizagem e investigar tal potencial.
Sujeitos: A pesquisa não envolveu sujeitos.
Vantagens: O conceito “geração polegar” implica novos cenários educativos
e a mudança de paradigma do sedentarismo à mobilidade educacional dos
estudantes
Desvantagens: Não foram apresentadas desvantagens do uso de
equipamentos móveis.
Resenha crítica: Com o argumento de que o telemóvel é um “canivete
suíço”, a pesquisadora acredita que não podemos desperdiçar as possibilidades
oferecidas por essa tecnologia e defende a ideia de que o mau uso do equipamento
decorre da falta de uma cultura digital. Para usufruir das potencialidades dos
equipamentos móveis é necessário que os professores passem por uma “reciclagem
tecnológica” e é preciso conscientizar os alunos de que telemóvel, além de ser uma
ferramenta de comunicação, pode servir também para a construção do
conhecimento.
78
Título do trabalho 21: Educating Teachers in ICT: from Web 2.0 to Mobile
Learning
Autor(es): Carvalho, Ana A. A.
Programa/ Instituição: Department of Curriculum Studies and Educational
Technology, Institute of Education, University of Minho - Portugal
Objetivo(s): Mostrar como o governo Português está promovendo a
capacitação dos professores para o uso de novas tecnologias em sala de aula.
Sujeitos: 17 professores em serviço que cursam mestrado na Universidade
do Minho.
Vantagens/ facilidades: Leveza e portabilidade dos equipamentos móveis.
Aprendizagem em qualquer hora e em qualquer lugar.
Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens do uso
de equipamentos móveis.
Resenha crítica: Segundo a pesquisadora, os professores devem ter
habilidades para criarem atividades interativas para equipamentos móveis de tal
forma que os estudantes possam aprender em qualquer hora e em qualquer lugar. O
governo Português está incentivando o uso de novas tecnologias e criando vários
programas tanto para professores quanto para estudantes. No início dos programas
de formação, nos anos 1990, os professores eram incentivados a utilizarem a Web
1.0 e aprendiam a construir seus próprios websites. Mais tarde, foram introduzidas
no curso WebQuests, seguidas pelas ferramentas da Web 2.0 como, por exemplo, a
criação de blogs e redes sociais. Atualmente os programas estão investindo na
capacitação dos professores para o uso de tecnologias móveis, já que as mesmas
são uma consequência natural de uma nova sociedade de comunicação global.
Além disso, os professores notaram que os alunos optaram pelos celulares e tablets
e não levavam seus notebooks para a escola por serem pesados demais.
Nesse contexto, a autora elenca cinco tópicos que podem ser enfatizados nos
programas de formação: ensinar no século XXI, avaliar as informações disponíveis
na Internet, criar recursos que favoreçam a exploração da Internet, publicar e
interagir com a Web 2.0 e aprender com equipamentos móveis.
79
Sobre as tecnologias móveis, a autora afirma que, sejam os equipamentos
bem recebidos pelos professores ou não, a realidade é que eles chegam às salas de
aula levados pelos alunos e que é preciso garantir que essa tecnologia seja utilizada
de forma produtiva pelos estudantes.
No curso de formação citado no presente artigo, 71% dos entrevistados
respondeu que queriam aprender como trabalhar com equipamentos móveis na sala
de aula, mas ninguém respondeu que já sabia como trabalhar com essa tecnologia,
reforçando-se a necessidade de haver investimento em formação de professores
para o uso da tecnologia em sala de aula.
Título do trabalho 22: Pockets of potential – Using Mobile Technologies to
promote Children´s Learning
Autor(es): Shuler, Carly
Programa/ Instituição: The Joan Ganz Cooney Center at Sesame Workshop
Objetivo(s): Estimular o debate da sociedade e também da escola sobre as
potencialidades dos dispositivos móveis. Aprender a produzir, desenvolver,
promover e preparar um plano de ação para transformar a aprendizagem móvel.
Sujeitos: A pesquisa não envolveu sujeitos.
Vantagens/ facilidades: Encorajar a aprendizagem a qualquer hora e em
qualquer lugar. Possibilitar a equidade digital. Fomentar a comunicação e
colaboração. Ubiquidade
Desvantagens/ problemas: Foram apresentados como desvantagens: o
potencial de distração; os comportamentos antiéticos; as questões sobre a
privacidade; o descrença de pais e professores no potencial das ferramentas; a não
existência, até o momento, de uma teoria de aprendizagem com essas tecnologias;
o aumento do "tempo de tela", que já está tão comum na vida das crianças; a
dificuldade de monitoramento do conteúdo acessado pelas crianças; a crescente
utilização de abreviaturas e gírias na escrita dos estudantes; o cyberbulling; a
preocupação, em grande parte especulativa, sobre o fato de o uso do celular poder
gerar problemas de saúde nas crianças. No caso específico dos celulares, o estudo
80
apontou ainda como desvantagens a pouca duração da bateria e o pequeno
tamanho da tela.
Resenha crítica: A autora nos mostra um panorama alarmante no ensino nos
EUA: em várias escolas americanas, mais de 50% dos estudantes desistem antes
de obterem seus diplomas de conclusão do Ensino Médio. Ao mesmo tempo, sabe-
se que mais da metade da população mundial possui celulares e que crianças com
mais de 12 anos correspondem ao segmento de usuários que mais cresce nos EUA.
Como as tecnologias móveis tornam-se cada vez mais presentes na vida das
crianças em todo o mundo e com o intuito de estimular o debate da sociedade e
também da escola sobre as potencialidades dos dispositivos móveis, a Instituição
Cooney apresentou este relatório em 2009. A pesquisa traz evidências e exemplos
de como os equipamentos móveis podem redefinir a aprendizagem e o ensino na
próxima década. Este relatório apresenta um inventário de mais de 25 projetos de
aprendizagem utilizando equipamentos móveis nos EUA. Ele mostra como
dispositivos móveis podem ajudar a promover o conhecimento e desenvolver
habilidades em crianças que terão de competir e cooperar no século XXI.
O projetou focou no domínio necessário da língua materna; em outras línguas
internacionais; no quarteto ciência, tecnologia, engenharia e Matemática; na
colaboração e no desenvolvimento de habilidades de pensamento crítico em
atividades dentro e fora da escola.
O relatório também apontou problemas bem semelhantes à realidade
brasileira, tais como falta de financiamento aos projetos inovadores que utilizam
tecnologias móveis na Educação, falta de políticas públicas de incentivo e pouco
investimento na formação de professores.
O relatório destacou oportunidades para melhorar a Educação, aproveitando
as características da aprendizagem móvel:
Incentivar a aprendizagem "em qualquer lugar e a qualquer hora". Os
dispositivos móveis permitem que os alunos se reúnam e acessem as
informações dentro e fora da sala de aula.
Atingir crianças carentes. Devido ao seu custo relativamente baixo, os
dispositivos portáteis auxiliam na equidade digital, atingindo crianças
81
de comunidades economicamente desfavorecidas e de países em
desenvolvimento.
Melhorar as interações sociais do século 21. As tecnologias móveis
têm o poder de promover e fomentar a colaboração e comunicação.
Facilitar uma experiência de ensino personalizado. Uma vez que nem
todas as crianças são iguais, a instrução deve ser adaptável para cada
aluno.
Porém, apesar de especialistas afirmarem que os equipamentos móveis têm
potencial significativo para transformar a Educação, pais e professores ainda não
estão convencidos disso.
Título do trabalho 23: Using tablets for collaborative problem-based learning
in a mathematics specialist program
Autor(es): Hunger, G.; Hodges, C.
Programa/ Instituição: University of Virginia
Objetivo(s): Verificar como aulas on-line bem planejadas e usando tecnologia
podem ser criadas para comunidades de aprendizagem virtuais nas quais a
interação entre os estudantes seja necessária.
Sujeitos: alunos e corpo docente de um programa de especialização
profissional de Matemática do Estado da Virginia.
Vantagens/ facilidades: Interação e colaboração entre estudantes
Desvantagens/ problemas: A dificuldade de exibir conteúdo matemático
(com muitos símbolos, equações e expressões) restringia a colaboração on-line.
Resenha crítica: Até pouco tempo, a dificuldade de digitarmos expressões
matemáticas na Internet com rapidez e agilidade era entrave em atividades
colaborativas e de comunicação em tempo real para alunos e professores. Até
recentemente, a colaboração a distância era difícil, levando ao insucesso de
diversos projetos. Com o passar do tempo, devido ao desenvolvimento tecnológico,
as frustrações tendem a diminuir.
82
No presente estudo, os autores descrevem esforços recentes no uso de
tablets e outros dispositivos móveis para promover a colaboração e a integração
durante o processo de resolução de problemas matemáticos no programa de
especialização. Embora a discussão tenha sido fundamentada na experiência com
Matemática, poderá ser relevante em outras áreas ou situações nas quais a
comunicação com conteúdo matemático se fizer necessária.
As novas tecnologias têm contribuído para movimentar discussões a respeito
do sistema dito tradicional de ensino, no qual o professor é considerado como o
“recurso” principal de aprendizagem. Certamente, essa situação apresentava
coerência há alguns anos, mas não se sustenta nos dias atuais.
Aspectos da aprendizagem matemática devem ter foco nos conceitos
matemáticos e na exploração dos mesmos na resolução de problemas. A ênfase
deve ser na participação do aluno em atividades de formulação e avaliação de
questões, nas quais os estudantes expliquem suas perguntas, soluções e seus
exemplos com argumentos válidos.
A intenção das instruções no programa era incentivar a participação ativa em
resolução de problemas (com o conteúdo dos números racionais) e proporcionar
estratégias diferentes de resolução. Assim, cada estudante deveria ser capaz de
submeter seu trabalho para discussão em pequenos grupos e também em grupos
maiores.
Ao final do estudo, os alunos foram capazes de ouvir, ver e manipular seus
trabalhos em um ambiente on-line ao vivo. Para eles, criar as expressões
matemáticas necessárias e símbolos era tão natural quanto é possível quando se
usa papel e lápis.
Título do trabalho 24: I Am a 21st Century Teacher: If You Teach Me with
Technology, I Will Use Technology to Teach My Students
Autor(es): Bull, Prince H.
Programa/ Instituição: North Carolina Central University, Educational
Technology, U.S.A
83
Objetivo(s): Analisar as percepções dos sujeitos a respeito da integração das
novas tecnologias em sala de aula.
Sujeitos: 18 pós-graduandos que lecionam para os alunos do 1.o ano da
universidade.
Vantagens/ facilidades: O estudo revelou a eficácia de encorajar os
indivíduos a aprenderem novas habilidades.
Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens no uso
de equipamentos móveis no presente trabalho.
Resenha crítica: Este estudo incidiu sobre as percepções dos sujeitos em
relação à integração da tecnologia em seus cursos do primeiro ano, o uso de
tecnologia fora da sala de aula, a percepção da integração de tecnologia em 2012 e
os fatores que influenciaram a sua eficiência para essa integração. Entre o outono
de 2008 e a primavera de 2009, dois levantamentos sobre os instrumentos
tecnológicos foram aplicados: (1) atitudes dos professores com relação ao uso
Tecnologia e (2) competências computacionais básicas para os professores que
irão utilizar novas tecnologias. Os resultados revelam atitudes positivas para a
integração de tecnologia na escola.
Os sujeitos também participaram de um grupo de discussão no final do
semestre da primavera de 2009. Houve resultados significativos desse estudo com
relação à influência do estado afetivo em relação à tecnologia, à influência do
conhecimento prévio, aos usos sociais da tecnologia e aos níveis de habilidades
desses instrutores (sujeitos da pesquisa). Os resultados desse estudo são
encorajadores para as possibilidades de integração futura da tecnologia no século
21 nas salas de aula.
Título do trabalho 25: Roundtable horizons of Educational Innovations: 8
Pratical and live demonstrations of the new technologies that will have the most
impact in education in the next few years and that all teachers can use
Autor(es): Assumpção, Cristiana M.; Genesini, André G.
Programa/ Instituição: Educamos on line e Colégio Bandeirantes - Brasil
84
Objetivo(s): Indicar como decidir qual tecnologia deve ser integrada no
currículo e, principalmente, quais ferramentas têm o potencial para serem adotadas
nas escolas nos próximos cinco anos.
Sujeitos: Não houve envolvimento de sujeitos no presente trabalho.
Vantagens/ facilidades: Mobilidade e interatividade
Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens no uso
de equipamentos móveis.
Resenha crítica: Os autores do artigo basearam-se no Horizons Report,
relatório produzido anualmente que apresenta as potenciais tecnologias que estarão
nas escolas nos próximos cinco anos. Nesse relatório, uma das tecnologias citadas
são os tablets.
Os autores apresentam na publicação um panorama tecnológico: o iPad
vende, em média, um milhão de unidades por mês; cem mil smartphones Android
são ativados por dia; a TV digital está se espalhando por todo o Brasil e pelo mundo;
o conteúdo que foi produzido em 50 anos de programas de TV equivale a dois
meses de filmes enviados para o YouTube; demorou 13 anos para a televisão
chegar a 50 milhões de espectadores, enquanto o Facebook atingiu 100 milhões de
usuários em nove meses. As principais características de todas essas tecnologias
são a mobilidade e a interação. Já que os jovens interagem entusiasticamente com
essas tecnologias, dizem os autores, é hora de trazer esse mesmo entusiasmo para
o currículo. O mundo está mudando rapidamente e a Educação não pode ficar para
trás. Mas como saber o que adotar ou qual padrão será usado na Educação com
todas essas opções?
Dezenas de tecnologias têm surgido nos últimos anos e têm crescido
exponencialmente. Entre todas estas tecnologias, as que mais provavelmente
afetarão a Educação em um futuro próximo são: realidade aumentada, smartphones,
tablets, Web 2.0 (Facebook, Twitter), cenas e objetos em 3D (feitos pelos alunos),
realidade aumentada, conteúdo aberto etc.
Este artigo tinha como objetivo apenas a apresentação da proposta de
trabalho para uma mesa redonda, por isso não mostrou maiores discussões ou
conclusões.
85
Título do trabalho 26: Examining implementation strategies, goals, and
impacts of apple Ipad tablets in K-12 educational settings
Autor(es): Jones, Sherwood; Strudler, Neal
Programa/ Instituição: University of Nevada - USA
Objetivo(s): Examinar a implantação dos tablets no K-12 educational setting.
Cada escola deverá desenvolver seu próprio plano de implantação de uso e
gerenciamento dos Ipads.
Sujeitos: Educadores de quatro escolas de um distrito escolar no sudoeste
dos EUA (uma escola elementar, duas escolas de Ensino Fundamental e uma de
Ensino Médio).
Vantagens/ facilidades: possibilidades educativas dos tablets devido ao seu
tamanho e às facilidades de uso. Favorece a criatividade.
Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens no uso
de equipamentos móveis.
Resenha crítica: Os autores deixam claro que este artigo apresenta o
contexto e os principais aspectos e resultados de um estudo ainda em andamento
até a data da publicação do mesmo. Baseados em ferramentas de diagnóstico,
fornecidas pela Apple, foram examinados estratégias, procedimentos e políticas que
podem ser usados para facilitar as atuais implantações dos tablets e auxiliar futuros
projetos.
Segundo os pesquisadores, os tablets têm tamanho e poder para proverem
os educadores com possibilidades educativas e criativas que antes, com os
computadores desktop, eram limitadas. É importante lembrar que, de acordo com
Hall (2010), no início da implantação de uma nova tecnologia é muito comum que os
professores tentem utilizá-la da mesma forma que faziam com as ferramentas
antigas.
Os teóricos têm nos ensinado que a introdução e o sucesso de qualquer
inovação pode ser uma tarefa dolorosa e difícil para os envolvidos. Fullan (2001)
afirmou que não importa quão honrados sejam os motivos, cada indivíduo envolvido
86
na efetiva implementação irá experimentar algumas preocupações sobre o
significado de novas práticas, dos objetivos, das crenças e dos meios de
implementação.
A proposta dos autores é apresentar as mudanças e difusões das inovações
descritas nas pesquisas realizadas para que esses resultados nos ajudem a
organizar perspectivas. Eles ressaltam que cada escola deverá desenvolver seu
próprio plano de ação e ter seus próprios objetivos.
O presente estudo procura responder às seguintes perguntas relativas à
aplicação iPad em salas de aula (Na escola básica americana, chamada de K-12):
1. Como é que a implementação de iPads em escolas K-12 pode ser facilitada
para atingir altos níveis de uso nas salas de aula em uma escola e em um grande
distrito?
2. Quais estratégias, procedimentos e práticas podem ser aplicados nas
implementações para atingir um uso generalizado e eficaz de iPads nas salas de
aula?
3. Qual é o grau de efetiva implantação dos Ipads em todas as salas de aula e
escolas identificadas, e como as diferenças afetam os resultados esperados?
Os resultados deste estudo serão utilizados para ajudar os educadores a
compreender e superar os desafios envolvidos na implementação de iPads e outros
dispositivos móveis em suas escolas, aumentando as chances de sucesso.
Os resultados apresentados são parciais uma vez que a pesquisa não estava
concluída até a data da publicação do presente artigo, mas é possível afirmar que as
implementações variam não só de escola para escola, mas também dentro de cada
escola.
Título do trabalho 27: Media tablets in Educational practice: what can we
learn?
Autor(es): Zijdemans-Boudreau, Anita
Programa/ Instituição: College of Education – Pacific University - USA
87
Objetivo(s): Descobrir quais ações são necessárias para criar e apoiar a
comunidade na sua busca de desenvolver habilidades e aulas para a adoção de
novas tecnologias móveis para a aprendizagem.
Sujeitos: O estudo envolveu estudantes, professores e profissionais de
programas de especialização em uma pequena universidade.
Vantagens/ facilidades: Potencial didático dos tablets.
Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens no uso
de equipamentos móveis.
Resenha crítica: De acordo com a autora, algumas habilidades e
competências adequadas aos profissionais na economia do conhecimento são
apoiadas pelo uso das TICs e muitas vezes os jovens só têm oportunidade de
desenvolverem tais competências nas escolas.
Com a preponderância de tecnologias emergentes, as instituições de ensino
terão que auxiliar professores, estudantes e profissionais a desenvolverem
habilidades, aptidões e experiências baseadas em tecnologia como requisito para
alcançar a Educação em um mundo digital. Este estudo visa promover essa agenda,
engajando os interessados em uma comunidade de prática para explorar o impacto
de uma recente geração de dispositivos móveis - o tablet - sobre a aprendizagem e
prática de ensino. Esta apresentação compartilha as fases iniciais desta
investigação, na esperança de envolver mais colegas com interesses ou projetos
similares.
Título do trabalho 28: A whole-school approach to technological literacy:
mobile learning and the iPhone
Autor(es): Herrington, Jan; McKenzie, Susan; Pascoe, Robin; Woods-
McConey, Aamanda; MacCallum, Judith; Wright, Peter
Programa/ Instituição: School of Education, Faculty of Arts and Education,
Murdoch University - Austrália
Objetivo(s): Instigar a aprendizagem móvel em uma Faculdade de Educação
a partir de uma mudança cultural.
88
Sujeitos: Professores do Ensino Superior
Vantagens/ facilidades: Ajuda os alunos a melhorarem suas competências
na Matemática e na língua materna e a reconhecerem suas capacidades.
Pode ser usado para incentivar experiências tanto independentes quanto
colaborativas de aprendizagem.
Ajuda os alunos a identificarem as áreas em que eles precisam de assistência
e apoio.
Ajuda a reduzir a formalidade da experiência de aprendizagem e a engajar os
alunos mais relutantes.
Ajuda os alunos a permanecerem mais concentrados nas atividades por
períodos mais longos.
Ajuda a elevar a autoestima e a autoconfiança.
Desvantagens/ problemas: “Invasão” do trabalho nos horários de descanso
dos professores.
Resenha crítica: Os autores afirmam que a aprendizagem móvel não é
generalizada no ensino superior e que seu potencial é enorme. Este artigo descreve
um projeto que teve como objetivo instigar a aprendizagem móvel em uma Escola de
Educação para a alfabetização tecnológica e fomentar a aprendizagem profissional
dos docentes. O projeto se propôs a apoiar cada acadêmico na Escola no uso do
iPhone ou iPodTouch na sua vida pessoal e também pesquisar o uso do dispositivo
em contextos pedagógicos. O artigo descreve o processo de planejamento e as
iniciativas de desenvolvimento profissional para serem implementadas, além de
questões relacionadas com a aquisição e o uso de telefones celulares no contexto
profissional. Neste projeto, a Universidade ofereceu apoio para os professores, com
o objetivo de aumentar a consciência das possibilidades didáticas do uso desses
dispositivos e o desenvolvimento de atividades pessoais.
A necessidade de preparar os professores de ensino superior para o M-
Learning é um desafio crítico de aprendizagem profissional. Algumas estratégias
apontadas pelos pesquisadores para apoiar esse desenvolvimento profissional:
89
1. Desenvolver um entendimento compartilhado dos quadros teóricos e das
filosofias de abordagem.
2. Desenvolver de compreensão das qualidades das tecnologias à mão, e que
os profissionais têm tempo para desenvolver essas habilidades tecnológicas antes
de utilizar os equipamentos móveis com os alunos.
3. Proporcionar ciclos de trocas de experiências e reflexões sobre as
implicações das novas práticas.
Os pesquisadores investigaram também quais são as crenças e atitudes dos
membros da Escola de Educação que optaram por não serem envolvidos, e suas
razões, porém, esses dados não foram fornecidos no presente artigo.
Concluíram que a introdução do iPhone e iPodTouch em uma Escola Superior
de Educação é um catalisador para a mudança que vai ajudar a "reorganizar a
ordem social" no ensino e na pesquisa da Escola.
Título do trabalho 29: Building mobile apps to support sense-making in
Mathematics
Autor(es): Pelton, Timothy W.; Pelton, Leslee F.
Programa/ Instituição: Department of Curriculum and Instruction, University
of Victoria - Canada
Objetivo(s): Apresentar aplicativos para dispositivos móveis para a
aprendizagem de Matemática.
Sujeitos: A pesquisa não envolveu sujeitos.
Vantagens/ facilidades: Os dispositivos móveis possibilitam uma interface
direta e útil de apoio às crianças na exploração e compreensão de conteúdos
matemáticos.
Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens no uso
de equipamentos móveis.
Resenha crítica: Os autores projetam aplicativos móveis para ajudar as
crianças a construir a sua compreensão matemática. O objetivo é criar uma coleção
abrangente de aplicativos gratuitos para apoiar a aprendizagem da Matemática nos
90
ensinos Fundamental e Médio. Os dispositivos móveis com tecnologia touch
fornecem uma interface direta e muito útil que pode ajudar as crianças a explorar e
compreender a Matemática enquanto jogam. Para garantir sua utilidade educacional,
os modelos visuais são integrados em cada um dos aplicativos MathTappers para
ajudar as crianças a darem sentido à Matemática que estão aprendendo.
Os autores citam apps criados para o ensino de Matemática: Clockmaster,
MathTappers (find sums, multiplex, estimate fractions, equivalents, carbono choices,
numberline) e concluem afirmando que todas as crianças podem aprender
Matemática e que uma maneira de conseguir isso é por meio da criação de simples
aplicativos de fácil utilização para os dispositivos que já estão em suas mochilas.
Título do trabalho 30: EDUTOPIA – Mobile devices for learning: What you
need to know
Autor(es): Robledo, Jhoanna
Programa/ Instituição: EDUTOPIA - George Lucas Educational Foundation
Objetivo(s): Ajudar os estudantes, que são íntimos da tecnologia, a
utilizarem-na em prol de seu aprendizado.
Sujeitos: Alunos do 9.o ano e seus professores.
Vantagens/ facilidades: Colaboração e maior envolvimento dos estudantes.
Desvantagens/ problemas: Distração dos estudantes.
Resenha crítica: Um desafio atual é ajudar os estudantes, que já estão
familiarizados com as tecnologias, a utilizarem-nas em prol de seu aprendizado. O
relatório aponta a necessidade de mudança de paradigmas.
Os equipamentos móveis tornaram-se tão essenciais na vida dos estudantes
quanto o café da manhã. De acordo com Pew Internet Project, em 2011, 77% dos
jovens de idades entre 12 e 17 anos tinham celulares. Uma porcentagem bem maior
do que em 2004, que era de 45%.
Muitas escolas americanas optaram por não permitir o uso de celulares em
sala de aula. De acordo com pesquisa realizada pela United Nations Educational,
91
Scientific and Cultural Organization (UNESCO), somente Illinois e New Hampshire
implementaram iniciativas utilizando equipamento móveis.
Encontramos também a menção aos prós e contras no uso desses
equipamentos em sala de aula. A maior das preocupações é que os estudantes irão
se distrair demais se estiverem com equipamentos móveis durante as aulas.
Especialistas na área orientam que o melhor caminho não é banir os equipamentos,
mas negociar políticas de uso e assim tirar proveito das ferramentas e facilidades
proporcionadas pela tecnologia e engajar os estudantes nas tarefas da escola. O
projeto piloto K-Nect, na Carolina do Norte, mostrou que os equipamentos móveis
podem efetivamente melhorar o desempenho nas notas dos testes de Matemática.
Alunos do 9.o ano que não tinham acesso a computadores e Internet em casa
receberam smartphones para poderem acessar materiais suplementares sobre
Matemática e também entrarem em contato com seus professores e colegas por
intermédio do aparelho. De acordo com a Organização Project Tomorrow,
aproximadamente 2/3 desses alunos tiveram notas melhores em Matemática e 50%
estão pensando em seguir carreira em Matemática. Os professores participantes
demonstraram uma maior responsabilidade com o ensino e em trabalhar de maneira
mais colaborativa com os alunos. Relataram também que seus alunos ficaram mais
ativos nas salas de aula.
De acordo com a pesquisa da UNESCO realizada na América do Norte,
trabalhar com os equipamentos móveis envolve muito mais do que incorporar a
tecnologia nas práticas pedagógicas. É preciso um novo paradigma que
fundamentalmente mude a forma como os estudantes aprendem.
Título do trabalho 31: Mobile IT in Higher Education
Autor(es): Dobbin, Gregory; Dahlstrom, Eden; Arroway, Pam
Programa/ Instituição: EDUCASE – Center for applied research
Objetivo(s): Fornecer uma visão atual sobre a tecnologia e um mapa das
diferentes perspectivas e abordagens que as instituições envolvidas adotaram para
trabalhar com as tecnologias móveis.
Sujeitos: Alunos, professores e funcionários de 209 instituições americanas.
92
Vantagens/ facilidades: Colaboração, mobilidade e comunicação.
Desvantagens/ problemas: Problemas com a infraestrutura tecnológica.
Resenha crítica: A introdução do trabalho de Dobbin et al (2011, p.06) nos
traz uma curiosa história de 1877 sobre o telefone. Ao assistir à demonstração do
que o aparelho era capaz de fazer, o presidente dos EUA Rutherford B. Hayes disse:
“It’s a great invention, but who would want to use it anyway?”
O que a história nos mostra é que novas tecnologias nos oferecem novas
formas de fazer coisas que antes nem sequer imaginávamos. Com as palavras dos
autores (DOBBIN et al, 2011, p.06 - 07):
Novas tecnologias muitas vezes nos desafiam a repensar pressupostos básicos que temos sobre como fazemos determinadas coisas. No caso do telefone, isso ocorreu assim que foi inventado e voltou a ocorrer mais de uma vez desde então. A computação móvel (mobile computing) foi considerada a terceira revolução digital (logo depois da internet banda larga e das redes sociais). Para muitos, there’s an app for that (tem um aplicativo para isso) não é apenas um slogan de propaganda, mas sim uma doutrina para a vida no século XXI – nós esperamos que nossos dispositivos móveis possibilitem a execução de qualquer tarefa que executaríamos em outros computadores. (tradução nossa)
6
Tecnologias que há algum tempo poderiam parecer pura ficção científica
tornaram-se acessórios indispensáveis na vida moderna. Basta olharmos nossos
alunos, eles carregam consigo uma combinação de equipamentos móveis: celulares,
ipod, tablets etc. Atualmente, os tablets mudaram como, onde e quando nós
interagimos com as pessoas ao nosso redor.
Além de apresentarem reflexões sobre o papel da tecnologia em nossas
vidas, os autores destacam os resultados da pesquisa também do ponto de vista
mais técnico, mostrando as demandas e necessidades dos estudantes com relação
à infraestrutura tecnológica das instituições, revelando inclusive a preocupação com
políticas de segurança dos dados acessados pelos estudantes.
6 New Technologies often challenge us to rethink basic assumptions about how we do certain things.
With the phone, this happened at its invention and more than once since then… Mobile computing has been described as the third digital revolution (following broadband Internet and social networking) For many, “there’s an app for that” is not just a marketing slogan but a tenet of life in the 21
st century – we
expect to be able to do anything on our mobile devices that we can do on any other computer.
93
De acordo com os autores, provavelmente não existe uma única estratégia
que seja perfeita para a implantação dos tablets em todas as instituições, cada uma
das faculdades ou universidades deverá seguir seu próprio caminho, conforme suas
necessidades e prioridades. É certo que muitas instituições ainda estão refletindo
sobre o tema e analisando como incorporar as novas tecnologias em seu campus,
quer seja administrativa, quer seja pedagogicamente.
3.5 Fichamentos e resenhas críticas das Dissertações
Título do trabalho 32: Tecnologias móveis na Educação
Autor(es): Higuchi, Adriane A. da S.
Programa/ Instituição: Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura -
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Objetivo(s): Identificar se e como o aparelho celular está sendo incorporado
pelo ambiente escolar.
Sujeitos: 10 profissionais (coordenadores e professores) de quatro escolas
públicas e uma particular de Mogi das Cruzes e Suzano – Região metropolitana de
São Paulo.
Vantagens/ facilidades: Disponibilidade de câmera fotográfica para apoiar
atividades em sala de aula. Participação mais ativa e criativa no desenvolvimento de
projetos. Interação e colaboração entre alunos e entre professor e aluno. Mobilidade
(física, temporal e contextual)
Desvantagens/ problemas: Resistência dos educadores. Possibilidade de
distração do aluno com o aparelho.
Resenha crítica: De acordo com a pesquisadora, o uso da tecnologia móvel
tem provocado mudanças em vários segmentos da sociedade, que se apropria cada
vez mais da linguagem digital e imprime novas características às relações humanas.
Embora a atual geração demonstre habilidades para navegar em movimento nas
inúmeras informações e para fazer tudo ao mesmo tempo, de que maneira ocorre a
apropriação desta tecnologia nas escolas? Quais são os desafios para essa prática?
A proposta da pesquisa é realizar uma reflexão interdisciplinar envolvendo Educação
94
e tecnologias da informação e comunicação, buscando compreender se e como a
escola incorpora as tecnologias móveis no processo educacional.
A pesquisa buscou captar de que forma o aparelho celular é utilizado dentro
do ambiente escolar e como o professor e aluno lidam, percebem, sentem e se
comportam diante da experiência. O estudo mostrou que o aparelho celular vem
sendo utilizado de maneira informal e em situações de improviso, a partir de
iniciativas de professores ou dos alunos. O tema “aprendizagem móvel” ainda é
desconhecido para a maioria dos sujeitos envolvidos e a maioria dos educadores
mostrou-se contrária ao uso dos celulares durante as aulas. Outros professores
admitiram nunca terem pensado na possibilidade de utilizar o celular como auxiliar
de práticas pedagógicas.
A autora conclui seu estudo afirmando que os resultados demonstraram que,
apesar da popularização dos aparelhos celulares, a utilização dos mesmo em
atividades educacionais foi considerada incompatível com o ambiente escolar
tradicional.
Título do trabalho 33: A calculadora do celular na sala de aula: uma
proposta para a exploração da divisão inexata no Ensino Médio
Autor(es): Nhoncance, Leandro
Programa/ Instituição: Mestrado Profissional em Ensino de Matemática –
PUC - SP
Objetivo(s): Retomar conceitos básicos de Matemática, em especial a divisão
de números naturais.
Sujeitos: 15 alunos da 3.a série do Ensino Médio de uma escola pública
estadual.
Vantagens/ facilidades: Motivou os alunos
Desvantagens/ problemas: Não foram citadas desvantagens do uso dos
equipamentos móveis no trabalho.
Resenha crítica: O pesquisador propôs uma sequência de atividades que
auxiliasse os alunos a obterem o resto natural em uma divisão inexata utilizando a
95
calculadora do celular. O autor justifica sua pesquisa relatando que os alunos da 3.a
série do Ensino Médio têm dificuldades em resolver uma operação de divisão e
acrescenta que utilizou a ferramenta da calculadora do celular porque observou que
nem todos os alunos carregavam consigo calculadoras, mas que todos possuíam
celulares e poderiam fazer uso desse aplicativo sem maiores problemas.
Por meio da pesquisa foi constatado que o algoritmo da divisão havia sido
esquecido pelos alunos, mas que, diante das propostas de atividades realizadas, as
dificuldades apresentadas foram sanadas. Embora o autor cite algumas
características da aprendizagem com equipamentos móveis, mesmo que de maneira
tímida, não apresentou maiores argumentos que diferenciassem o uso da
calculadora de um celular do uso de uma calculadora simples e portátil.
Título do trabalho 34: Expandindo a sala de aula: recursos tecnológicos
ubíquos em processos colaborativos de ensino e aprendizagem
Autor(es): Gomes, Celso A. dos S.
Programa/ Instituição: Mestrado em Tecnologias da Inteligência e Design
Digital – PUC - SP
Objetivo(s): Vislumbrar algumas potencialidades de recursos tecnológicos
em atividades educacionais contextualizadas.
Sujeitos: A pesquisa não envolveu sujeitos.
Vantagens/ facilidades: Colaboração. Ubiquidade. Extensão da sala de aula.
Transgressão de limites temporais e espaciais do ambiente escolar. Autonomia do
aluno.
Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens do uso
de equipamentos móveis.
Resenha crítica: A partir de duas evidências, a emergência do ciberspaço
para além dos desktops e a urgente necessidade de as práticas educacionais
acompanharem a ecologia comunicacional pluralista, o autor propõe a pesquisa.
Assim, foram elaboradas atividades educacionais que fazem uso da ubiquidade de
recursos comunicacionais. Um dos objetivos é contribuir para a integração das
96
práticas cotidianas tecnológicas dos estudantes em prol do processo de ensino e
aprendizagem em que se inserem.
Trata-se de uma pesquisa que busca estudar tais recursos tecnológicos como
ferramentas eficazes para a extensão ubíqua de processos colaborativos de ensino
e de aprendizagem e pretende-se verificar se tais recursos, como extensores da sala
de aula, podem ser eficientes para o processo de ensino e aprendizagem de forma
contextualizada à utilização da estratégia com temas transversais. Conjectura-se
que, com tal estratégia, a utilização de recursos ubíquos de comunicação pode ser
vista como um caminho promissor para a ressignificação dos tempos, dos espaços e
das relações em contextos educacionais, com a complexidade da configuração das
sociedades contemporâneas sob o paradigma informacional.
Na conclusão o pesquisador ressalta que as potencialidades dos
equipamentos móveis poderão estreitar a relação entre a Educação formal e
informal. O trabalho se edifica em propostas que visam, antes de tudo, à construção
de valores e éticas para a formação da consciência moral autônoma dos estudantes.
Título do trabalho 35: Uso do computador portátil na escola: perspectivas de
mudanças na prática pedagógica
Autor(es): Mandaio, Cláudia
Programa/ Instituição: Mestrado em Educação: Currículo – PUC/SP
Objetivo(s): Identificar os indícios de mudanças nas práticas que professores
do Ensino Fundamental I de uma escola estadual e de uma escola municipal do
interior de São Paulo desenvolvem com o uso de computador portátil em sala de
aula.
Sujeitos: alunos e professores de escolas estadual e municipal do interior de
São Paulo.
Vantagens/ facilidades: Desenvolvimento de habilidades no uso da
tecnologia e de comunicação. Promoção de atividades contextualizadas,
colaborativas e responsáveis. Experiências de aprendizagem individualizada.
Mobilidade.
97
Desvantagens/ problemas: O predomínio da reprodução de práticas de
caráter instrucionista ou de exercitação, mesmo no uso do computador e da Internet.
A falta da cooperação entre os pares. O acesso à Internet em casa não ser padrão
para os alunos. A inexistência de propostas de projetos colaborativos.
Resenha crítica: De acordo com a pesquisadora, as pesquisas na área
apontam para a necessidade de novas práticas pedagógicas para que os recursos
tecnológicos disponíveis sejam efetivamente usados e aproveitados para uma
aprendizagem mais significativa. Como resultados apresentam-se indícios de
mudanças nas práticas dos professores com o uso do computador portátil, das quais
se destacam: o foco nos objetivos de desenvolver a autonomia dos alunos,
promover atividades colaborativas e reflexivas e buscar desenvolver competências
no uso da tecnologia. A inovação tecnológica pode impulsionar a inovação
pedagógica, embora esta seja mais difícil de ser implementada do que a primeira.
Merece destaque um dado citado na tese de que na escola municipal
pesquisada a característica da mobilidade dos equipamentos já está sendo
aproveitada, embora não na sua totalidade: os professores e alunos saem do
ambiente do laboratório de informática e atuam com a tecnologia móvel em sala de
aula, embora ainda se encontrem muito presos à ideia de uma sala específica para o
trabalho com tecnologia. Embora essa atitude represente um avanço significativo, há
entraves a serem superados, como, por exemplo, o ensino com tecnologia, mas
pautado nas práticas pedagógicas mais tradicionais.
Para a pesquisadora este trabalho trouxe a confirmação de que o uso de
computadores portáteis promove mudanças na prática dos professores, mesmo que
essas mudanças estejam ainda nos estágios iniciais e longe de alcançar a
relevância que poderiam ter os computadores no processo de aprendizagem das
crianças.
3.6 Fichamentos e resenhas críticas das Teses
Título do trabalho 36: Apropriação do Telemóvel como Ferramenta de
Mediação em Mobile Learning. Estudos de Caso em Contexto Educativo
Autor(es): Moura, Adelina M. C.
98
Programa/ Instituição: Doutorado em Ciências da Educação, na
Especialidade de Tecnologia Educativa - Instituto de Educação - Universidade do
Minho - Portugual
Objetivo(s): Analisar como os alunos se apropriam do telemóvel como
ferramenta de aprendizagem; avaliar como o telemóvel medeia (molda) as
atividades de aprendizagem; estudar as implicações das tecnologias móveis em
atividades de aprendizagem; propor um quadro referencial teórico para integração
de tecnologias móveis (telemóvel) num contexto de M-Learning que oriente o aluno
para a aprendizagem autônoma e ao longo da vida; analisar as potencialidades e
limitações da integração de tecnologias móveis no processo de ensino e
aprendizagem, em particular, de línguas.
Sujeitos: 68 alunos do ensino secundário geral e profissional, diurno e
noturno, de duas escolas urbanas, uma pública e outra semiprivada.
Vantagens/ facilidades: Colaboração, maior atividade do aluno, ubiquidade,
aprendizagem em qualquer tempo e em qualquer espaço, motivação e concentração
dos alunos, aumento a diversidade de propostas, possibilidade de o aluno melhorar
aorganização e o armazenamento da informação.
Desvantagens/ problemas: Professores não querem sair da zona de
conforto.
Resenha crítica: Os dispositivos móveis têm sido usados como ferramentas
de aprendizagem em mobile learning. A emergência de novos cenários educativos
levou a pesquisadora a tentar compreender os desafios e as oportunidades da
integração de dispositivos móveis, como o telemóvel, no processo de ensino e
aprendizagem.
Segundo Sharples et al. (2005, apud MOURA, 2010, p.43), em virtude da
utilização de uma tecnologia pessoal, centrada no utilizador, móvel, potencializadora
do trabalho em rede, ubíqua e durável, a aprendizagem tornar-se-á personalizada,
centrada no estudante, situada, colaborativa, ubíqua e ao longo da vida. Essas
previsões de Sharples muito nos chamaram a atenção e nos provocaram reflexões
sobre o futuro da Educação e sobre a utilização dos equipamentos móveis em sala
de aula. De acordo com Gagnon (2009, apud MOURA 2010, p.83), a penetração dos
99
equipamentos móveis é aproximadamente três vezes maior do que a dos
computadores fixos e portáteis.
O estudo analisou como os alunos se apropriaram do telemóvel como
ferramenta de aprendizagem, avaliou o telemóvel como ferramenta de mediação em
atividades de aprendizagem e analisou as potencialidades e limitações da sua
integração no processo de ensino e aprendizagem.
A análise dos dados obtidos permitiu concluir que os alunos aceitaram usar os
seus próprios telemóveis, que incorporaram naturalmente nas suas práticas de
estudo, explorando as várias funcionalidades durante as atividades curriculares,
realizadas dentro e fora da sala de aula, de forma individual e colaborativa. O
telemóvel usado como ferramenta mediadora de aprendizagem possibilitou tirar
dúvidas e aprender quando era mais conveniente, permitiu contato permanente com
os conteúdos curriculares, aumentou a motivação do aluno pela disciplina e
aperfeiçoou a leitura em língua estrangeira. Os dados revelaram ainda grande
satisfação dos alunos pelas tarefas realizadas, que tornaram o processo de ensino e
aprendizagem mais atrativo, e o reconhecimento do potencial educacional do
telemóvel para apoio ao estudo. Porém, seu uso obriga o professor e o aluno a
definirem um papel novo tanto, ao impor a ambos os desafios renovados e
constantes. O objetivo é que o aluno participe do jogo da aprendizagem e que essa
participação seja efetiva, tanto na resolução de tarefas, como na sugestão de
atividades. A implementação de um contexto de aprendizagem móvel deve
proporcionar a concretização de um sistema de ensino mais flexível, em que o
estudante possa gerir com responsabilidade a aquisição de conhecimentos e
compreender melhor as dificuldades acadêmicas e os modos de agir sobre elas num
contexto de natureza não avaliativa. Deve tornar possível a criação de uma
comunidade escolar móvel, um espaço virtual escolar gratuito, fácil e ubíquo.
Quando todos os alunos tiverem Internet no seu telemóvel, poderão facilmente
continuar conectados aos colegas, professores, outros elementos da comunidade
educativa e conteúdos curriculares, sem precisarem estar num local fixo.
Título do trabalho 37: M-LearnMat: Modelo pedagógico para atividades de
M-Learning em Matemática
100
Autor(es): Batista, Silvia C. F.
Programa/ Instituição: Doutorado no Programa de Pós-Graduação em
Informática na Educação. Centro de Estudos Interdisciplinares em Novas
Tecnologias da Educação. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Objetivo(s): Verificar como o M-LearnMat pode contribuir para o
planejamento de atividades de M-Learning em Matemática, no Ensino Superior.
Sujeitos: Alunos do curso de Cálculo I do Ensino Superior
Vantagens/ facilidades: Autonomia na exploração de conteúdos.
Colaboração. Acesso aos materiais de acordo com a necessidade individual do
estudante.
Desvantagens/ problemas: Custo dos aparelhos. Tamanho da tela (nos
celulares). Falta de aparelhos adequados à atividade. Presença de diferentes
aparelhos com diferentes plataformas.
Resenha crítica: A autora propôs um modelo pedagógico para atividades de
M-Learning em Matemática. Tal modelo tem por objetivo orientar práticas educativas
que envolvam o uso de dispositivos móveis no Ensino Superior. A revisão
bibliográfica, a pesquisa exploratória e um estudo de caso piloto forneceram dados
para melhor compreensão do uso educacional dos celulares.
A experimentação sinalizou que o M-LearnMat tem potencial para orientar as
atividades a que se destina, colaborando para que as mesmas sejam desenvolvidas
segundo estratégias definidas.
Quando questionados se o uso de diversos recursos tecnológicos no apoio à
disciplina contribuiu para a aprendizagem, um percentual superior a 90% respondeu
afirmativamente.
A pesquisadora conclui seu trabalho mostrando que utilizar celulares para fins
educativos ainda implica enfrentar algumas dificuldades, que tendem a diminuir com
os avanços tecnológicos e com a diminuição dos preços dos aparelhos. Afirma
também que na Matemática, em geral, as tecnologias digitais possibilitam
simulações, visualizações, experimentações, levantamento de hipóteses entre
outros. Como M-Learning, adicionam-se possibilidades extras, tais como praticidade,
101
mobilidade, alcance ao maior número de pessoas, aprendizagens em contextos
reais etc. Nesse sentido, o uso de dispositivos móveis pode contribuir para que o
processo de ensino e de aprendizagem de Matemática se torne mais acessível e
próximo da realidade do aluno. Como sugestões a pesquisadora propôs: a
realização de novas experimentações em diferentes contextos envolvendo outros
professores; a adaptação do M-LearnMat para outros níveis de ensino; a ampliação
do escopo da pesquisa, incluindo questões relacionadas ao tema sensibilidade ao
contexto e Educação ubíqua; o desenvolvimento de aplicativos para Matemática,
gratuitos, para dispositivos móveis; e a elaboração de uma metodologia de avaliação
da qualidade de aplicativos para dispositivos móveis, direcionados à Matemática.
Título do trabalho 38: O processo de construção do conhecimento por meio
das novas tecnologias no contexto da conexão sem fio
Autor(es): Ono, Arnaldo Turuo
Programa/ Instituição: Doutorado em Educação: Currículo/ PUC - SP
Objetivo(s): Entender como os indivíduos constroem conhecimento por meio
das novas tecnologias, à luz da proposta de inter-relação da Espiral da
Aprendizagem e da Teoria de Criação do Conhecimento.
Sujeitos: 65 sujeitos (participantes do Campus Party, profissionais da
Business School São Paulo e especialistas em Educação de uma Comunidade
Virtual).
Vantagens/ facilidades: Potencializar as oportunidades de construção do
conhecimento.
Desvantagens/ problemas: As tecnologias móveis ainda são caras e não
acessíveis a todos.
Resenha crítica: Segundo o autor, entender como os indivíduos estão se
apropriando das novas tecnologias é questão importante para o desenvolvimento de
projetos educacionais que considerem esses recursos.
102
Por melhor que seja o ambiente de aprendizagem virtual, é fundamental o
interesse pela participação, pela interação e pelo compartilhamento, para que os
indivíduos construam o conhecimento.
As novas tecnologias, quando reconhecidas como agregadoras de valor para
determinada atividade, são integradas às estruturas existentes e sua “existência”
passa a ser transparente para esta comunidade, compondo o meio onde as
interações ocorrem e os conhecimentos são construídos.
Em suas conclusões o pesquisador ressalta que as novas tecnologias não
substituem as anteriores, são integradas e muitas vezes utilizadas de maneiras mais
criativas do que as originalmente pensadas. E sugere a realização de uma pesquisa-
ação sobre tecnologias móveis e sem fio, além de uma pesquisa experimental com
estudantes utilizando smartphones e realizando atividades em um ambiente virtual.
Título do trabalho 39: Indicadores de mudanças nas práticas pedagógicas
com o uso do computador portátil em escolas do Brasil e de Portugal.
Autor(es): Weckelmann, Valéria Faria
Programa/ Instituição: Doutorado em Educação: Currículo/ PUC – SP
Objetivo(s): Identificar mudanças nas práticas pedagógicas de professores
com o uso de computadores portáteis em escolas do Brasil e de Portugal. Apreender
se a integração do computador portátil nas práticas pedagógicas implica mudanças
no relacionamento entre os alunos e destes com os professores e se ocorreram
alterações nas estratégias didáticas. Identificar os aspectos que as dificultam e as
contribuições da utilização deste dispositivo móvel na Educação, buscando constatar
as condições necessárias para que os professores se sintam motivados e seguros
para utilizar esta tecnologia em suas práticas pedagógicas.
Sujeitos: 17 alunos do 4.o ano (9 a 10 anos) de uma escola pública do 1.o
ciclo da Educação Básica de Portugal e a professora da turma mencionada. No
Brasil, uma turma de 21 alunos do 4.o ano do EF (8 a 9 anos) em uma escola
municipal no Interior de São Paulo e sua respectiva professora.
103
Vantagens/ facilidades: Reorganização do espaço e do tempo de sala de
aula. A horizontalização das relações entre professores e alunos. A percepção do
erro como hipótese de reflexão e o aumento da motivação dos alunos e professores.
O desenvolvimento do trabalho colaborativo, do pensamento crítico e reflexivo. A
iniciativa para a pesquisa e a inclusão digital das famílias. O aumento da autoestima
dos alunos.
Desvantagens/ problemas: Falta de conexão com Internet. Fragilidade do
computador portátil adotado. Falta de estrutura na formação de professores.
Dificuldades de aprendizagem nos fundamentos da língua Portuguesa e Matemática.
Ausência de articulação entre as instâncias política, administrativa, de gestão da
escola, da escola e da comunidade.
Resenha crítica: De acordo com a pesquisadora, a integração de novas
tecnologias ao currículo e, portanto, às práticas pedagógicas provoca tensões
(VALENTE, 2011 apud WECKELMANN, 2012), pois implica uma nova perspectiva
de ensino e de aprendizagem que modifica o trabalho docente (WECKELMANN,
2006, 2008). Tais mudanças não acontecem repentinamente, são um processo
lento, do qual faz parte a conscientização dos professores sobre as transformações
sociais e os reflexos destas nas práticas de ensino e aprendizagem,
contextualizando os docentes em um novo cenário, fomentando nele a vontade de
construir algo novo a partir do compartilhamento das dúvidas, angústias,
questionamentos e incertezas de maneira reflexiva, com o objetivo de reconstruir
novos referenciais pedagógicos.
Além de todos os quadros já apresentados, optamos pela realização de um
último quadro com os trabalhos mais relacionados com o ensino de Matemática.
Como, desde o início, gostaríamos de identificar as pesquisas que tratavam
de equipamentos móveis no ensino e na aprendizagem de Matemática, decidimos
realizar o quadro 7 para dar destaque aos trabalhos encontrados. Vale destacar que
apenas 8 dos 39 trabalhos selecionados para análise trataram de conteúdos
matemáticos.
Quadro 7- Pesquisas que trataram de conteúdos matemáticos
104
Autor (es) Nome do trabalho Ano
Araujo Jr, C. F.; Dias, E. J.; Cerri, M. S.; Cenatti, A.
Mobile Learning no Ensino de Matemática: um framework conceitual para uso dos tablets na Educação Básica
2012
Bernardo, J. C. O. Dispositivos móveis digitais na incrementação do processo de ensino e aprendizagem: mobile learning no rompimento de paradigmas
2013
Cavalcante, R. C.; Oliveira, E. A.; Ayres, P. A. A.
Apoiando o processo de Ensino/Aprendizado da lógica formal usando tablets
2011
Neto, J.F.B.; Fonseca, F.S.da
Jogos educativos em dispositivos móveis como auxílio ao ensino de Matemática
2013
Oliveira, J. B.; Santana, A. M. Reali, G. A.; Oliveira, M. C. D.; Silva, D. L.; Queiroz, F. N.
O uso de tablets e o Geogebra como ferramentas auxiliadoras no Ensino de Matemática
2012
Hunger, G.; Hodges, C. Using tablets for collaborative problem-based learning in Mathematics specialist program
2009
Pelton, T. W.; Pelton, L. F. Building mobile apps to support sense-making in Mathematics
2012
Batista, Sílvia C. F. M-LearnMat: Modelo pedagógico para atividades de M-Learning em Matemática
2011
FONTE: produção da autora
105
4 – ANÁLISES
Introduzir novas tecnologias na sala de aula não melhora o aprendizado automaticamente, porque a tecnologia dá apoio à pedagogia, e não vice-versa. Infelizmente, a tecnologia não serve de apoio para a velha aula expositiva, a não ser da forma mais trivial, como passar fotos e filmes. Para que a tecnologia tenha efeito positivo no aprendizado, os professores precisam primeiro mudar o jeito de dar aula.
Marck Prensky
Tínhamos como objetivo responder às questões: como se encontra o estado
atual das pesquisas sobre os equipamentos móveis na Educação? Quais as
principais vantagens do uso de equipamentos móveis na sala de aula? Quais as
desvantagens do uso de equipamentos móveis na sala de aula? Quais os principais
aspectos que devem ser levados em conta quando tratamos do uso das novas
tecnologias móveis na escola? São elas meios ou fins?
Para tanto, organizamos as informações obtidas após a leitura e o fichamento
dos trabalhos e vamos apresentar algumas conclusões que nos auxiliarão na análise
e nas reflexões sobre como os dispositivos móveis têm sido utilizados no contexto
educacional.
Vale destacar que a quantidade de artigos (nacionais e internacionais)
encontrada sobre o tema foi expressivamente maior do que a de teses e
dissertações. Arriscamos dizer que esse fato é devido à novidade do tema, uma vez
que as tecnologias móveis são bastante recentes. Assim sendo, é natural que haja
mais artigos publicados do que teses e dissertações, uma vez que as mesmas
exigem um maior tempo de pesquisa e maior aprofundamento teórico.
A velocidade na qual surgem as tecnologias é consideravelmente superior à
necessária para a realização das pesquisas e a destas estas, por sua vez, superior à
aplicação dessas tecnologias em sala de aula. De acordo com Mandaio (2011), a
inovação tecnológica pode impulsionar a inovação pedagógica, embora esta seja
mais difícil de ser implementada do que a primeira.
Optamos por realizar a análise inicial dividindo os trabalhos em artigos
nacionais, artigos internacionais, dissertações e teses.
106
4.1 Quanto aos sujeitos das pesquisas
Antes de iniciarmos a presente pesquisa, acreditávamos que encontraríamos
um grande número de trabalhos tratando da formação de professores, uma vez que
está bastante claro que são eles que comandam a dinâmica das aulas e são
considerados fundamentais na mudança do cenário educativo. Para confirmar nossa
suposição, optamos por investigar quais os principais sujeitos envolvidos nas
pesquisas. Dentre os trabalhos, procuramos classificá-los em trabalhos cujos alunos
eram os sujeitos da pesquisa, trabalhos cujos professores eram os sujeitos,
trabalhos que envolveram ambos como sujeitos e trabalhos bibliográficos, sem
sujeitos envolvidos. Dos 39 trabalhos, apenas dois não se encaixaram nessa
classificação.
4.1.1 – Artigos Nacionais
Nessa categoria, a grande maioria optou por realizar pesquisas de caráter
bibliográfico ou então por investigar os alunos, somando 16 trabalhos, divididos
igualmente, ou seja, oito deles tinham como sujeitos da pesquisa os alunos e outros
oito não apresentaram sujeitos. Nesse caso, apenas dois dos trabalhos realizaram
pesquisas cujos sujeitos foram os professores.
4.1.2 – Artigos Internacionais
É na análise dos dados deste segmento que encontramos o maior número de
pesquisas envolvendo a formação de professores: foram quatro trabalhos que
tiveram como sujeitos os professores. Outros quatro trabalhos foram bibliográficos e,
portanto, sem sujeitos envolvidos e, por fim, mais quatro artigos optaram por
investigar tanto os alunos quantos os professores.
4.1.3 – Dissertações
Curiosamente, cada uma das dissertações consultadas optou por uma das
categorias elencadas, ou seja, uma pesquisa investigou os alunos, uma os
professores, uma analisou o tema sob a óptica de ambos e outra optou por uma
pesquisa bibliográfica.
107
4.1.4 – Teses
Das quatro teses encontradas sobre o tema, metade delas investigou os
alunos; uma, os alunos e professores; e outra delas optou por outros sujeitos que
não se encaixam nas categorias escolhidas. Certamente, foram as teses que
focaram com maior intensidade os estudantes. Em contrapartida, nenhuma pesquisa
desse segmento optou por investigar mais intensamente a formação de professores.
Diante desses dados, notamos que há sim uma demanda grande por
pesquisas que envolvam a formação de professores. Pesquisas essas que
considerem os professores como sujeitos e analisem a implantação de novas
tecnologias móveis do ponto de vista dos professores.
4.2 Quanto ao tema colaboração
O tema trabalho colaborativo esteve presente em quase metade do total dos
trabalhos elencados, apontando para uma forte tendência atual. Embora a
potencialidade de criar ambientes colaborativos de aprendizagem tenha sido citada
com frequência, poucos exemplos práticos de como fazer isso foram descritos nas
pesquisas.
A maioria dos trabalhos apresentou a colaboração entre os alunos como uma
das vantagens do uso dos equipamentos móveis na Educação, mas chamou-nos
atenção o fato de poucos trabalhos citarem a colaboração entre professores, tão
necessária no uso de tecnologias em sala de aula.
Nossos alunos estão muito mais acostumados a trabalhar em ambientes
colaborativos e isso se deve, em grande parte, à Internet. Essa constatação vai ao
encontro do pensamento de Rifkin (2011, p. 256):
Novos modelos de ensino destinados a transformar a educação de uma forma competitiva para uma experiência de aprendizagem colaborativa e solidária estão surgindo à medida que escolas e faculdades tentam alcançar uma geração que cresceu na internet e está habituada a interagir em redes sociais abertas onde a informação é compartilhada em vez de ser guardada. O pressuposto tradicional de que “conhecimento é poder” a ser usado para ganho pessoal está sendo substituído pela noção de que conhecimento é uma expressão das responsabilidades compartilhadas para o bem-estar coletivo da humanidade e do planeta como um todo.
Mais adiante o autor completa:
108
O mais importante é que, ao aprenderem a pensar e agir de forma distribuída e colaborativa, os estudantes passam a se ver como seres solidários, envolvidos em relações compartilhadas, em comunidades cada vez mais inclusivas que eventualmente se estendem por toda a biosfera. (RIFKIN, p. 262).
Concluindo, a maioria dos trabalhos focou a colaboração entre os alunos,
deixando de lado pesquisas que deem enfoque à colaboração entre professores,
abrindo assim mais um campo de investigações futuras: analisar como se dá a
colaboração entre os professores quando tratamos de tecnologias móveis na
Educação.
4.2.1 – Artigos Nacionais
Em um total de 19 trabalhos, seis citaram a possibilidade de realização de
trabalhos colaborativos como uma das vantagens da utilização dos equipamentos
móveis na Educação.
4.2.2 – Artigos Internacionais
Nos trabalhos internacionais foi encontrada, proporcionalmente, quase a
mesma quantidade dos estudos que citaram a colaboração como uma das
potencialidades dos equipamentos móveis. Em quatro dos artigos, esteve presente a
proposta de trabalhos e aprendizagem colaborativos.
4.2.3 – Dissertações
Os trabalhos colaborativos apareceram com mais destaque nas dissertações
analisadas. Das quatro dissertações elencadas, três delas citaram a colaboração na
aprendizagem como uma das vantagens dos equipamentos móveis.
4.2.4 – Teses
Fechando esse ciclo de análise, todas as teses consultadas mostraram ser
mesmo uma grande tendência educativa a necessidade de realizarmos mais
trabalhos colaborativos na escola. Nesses trabalhos, entre as vantagens, a
colaboração passa a ser o tema mais citado sobre os equipamentos móveis na
atualidade. Isso nos indica que devemos olhar para ambientes de aprendizagem que
considerem as experiências baseadas na interação dos sujeitos em grupo e não
para os que priorizem o ensino e a aprendizagem como processos individualizados.
Complementando essa análise gostaríamos de citar Rifkin (2011, p. 262):
109
A perspectiva distribuída e colaborativa começa com o pressuposto de que aprender é sempre uma experiência profundamente social. Aprendemos por participação. Embora nossa educação convencional encoraje a noção de que o aprendizado é uma experiência particular, na realidade “pensar ocorre tanto entre indivíduos quanto dentro deles”. Embora todos nós aproveitemos momentos de reflexão privada, mesmo assim, a substância de nossos pensamentos acaba sendo ligada, de uma maneira ou de outra, a nossas experiências anteriores compartilhadas com os outros, das quais internalizamos significados compartilhados. Os novos reformadores da educação enfatizam a derrubada de paredes e o engajamento das mais diversas pessoas em comunidades de aprendizado mais distribuído e colaborativo, tanto no espaço virtual quanto real. A proliferação de redes sociais e formas colaborativas de participação na Internet estão levando a educação para além dos confins da sala de aula, para um ambiente de aprendizagem global no ciberspaço. [...] Quando estudantes de culturas completamente diferentes participam de atividades acadêmicas conjuntas e de projetos de sala de aula em tempo real no espaço virtual, o aprendizado transforma-se em uma experiência lateral que se alastra pelo mundo.
Segundo o próprio Rifkin (2011, 267-268), as experiências em escolas que
utilizaram um sistema baseado em aprendizagem colaborativa e distribuída foram
bem-sucedidas e
as primeiras avaliações dos programas de reforma educacional colaborativa e distribuída são encorajadoras. As escolas relatam uma redução marcante da agressão, da violência e de outros comportamentos antissociais, a diminuição de ações disciplinares, maior cooperação entre estudantes, comportamento mais social, mais atenção em sala de aula, um desejo maior de aprender e o aprimoramento da capacidade de pensamento crítico.
Sendo assim, esse item colaboração merece ser vivenciado nos novos
modelos educacionais. Vale destacar que, embora tenha aparecido com grande
ênfase o potencial dos equipamentos móveis de favorecer trabalhos colaborativos,
praticamente nenhuma experiência concreta e mais detalhada foi citada nos artigos
ou pesquisas consultados. Assim sendo, nos parece que existe uma demanda por
pesquisas mais experimentais que descrevam e analisem como se deu o trabalho
colaborativo e quais os resultados verificáveis na aprendizagem dos alunos. Não
basta apenas citar que a colaboração é fundamental para que ocorra a
aprendizagem, mas sim investigar a fundo e constatar cientificamente que houve
avanço na construção de conhecimento pelos alunos quando os mesmos
trabalharam em um ambiente colaborativo de aprendizagem.
110
4.3 Quanto ao tema formação de professores
Embora já tenhamos citado nossa preocupação com a formação dos
professores para o uso das novas tecnologias, os trabalhos consulados nos
mostraram dados bastante interessantes. Enquanto os artigos nacionais e
internacionais citaram o tema formação de professores com índices quase idênticos
e próximos a 50%, nas teses e dissertações esse tema apareceu apenas uma vez
em oito trabalhos.
Mesmo com essa discrepância, analisando todas as 39 pesquisas, obtivemos
um total de 16 trabalhos que apresentaram a preocupação com a formação de
professores para o uso das novas tecnologias móveis e sem fio.
4.3.1 – Artigos Nacionais
Dos 19 artigos, nove destacaram a urgente necessidade de formação de
professores para o uso das novas tecnologias.
4.3.2 – Artigos Internacionais
Novamente, o índice obtido com a análise dos artigos nacionais se manteve
ao conferirmos quantos trabalhos internacionais mencionaram a importância do
investimento na formação de professores quando o tema é o uso dos dispositivos
móveis em sala de aula. Nesse caso, foram cinco dos 11 trabalhos que observaram
ou avaliaram a necessidade de formação de professores para o uso das novas
tecnologias.
4.3.3 – Dissertações
Nenhum dos trabalhos citou a formação de professores no trabalho. Uma vez
que nossa pesquisa mostra indícios de que o professor bem preparado e consciente
do uso das novas tecnologias é fundamental na mudança de paradigmas
educacionais, torna-se necessária a realização de pesquisas que deem maior
importância à formação de professores com esse enfoque tecnológico.
4.3.4 – Teses
Apenas uma das quatro pesquisas citou o tema formação de professores.
Mais uma vez se mostra presente essa lacuna de estudos na área.
111
Ao analisar os trabalhos notamos que existe uma demanda por pesquisas
acadêmicas que tratem do tema formação de professores com o uso de novas
tecnologias móveis e sem fio.
Embora os equipamentos móveis estejam cada vez mais presentes em sala
de aula, muitos professores ainda não acreditam plenamente no potencial
pedagógico desses pequenos dispositivos. Arriscamos afirmar que o motivo dessa
descrença seja a incompatibilidade dos tablets com o ambiente escolar dito
tradicional, baseado na aula expositiva e no professor como única fonte de
informações. Essa resistência por parte dos professores só será vencida quando
cada escola oferecer momentos de reflexões e trocas de experiências para seus
docentes compartilharem angústias, ideias e avanços no uso das novas tecnologias.
Em se tratando de uso de novas tecnologias para auxiliar a estrutura
tradicional de ensino, encontramos três trabalhos nos quais a inovação proposta é
bastante conservadora. Vamos apresentar alguns exemplos.
De acordo com Jardim (2013, p. 25-26)
Estamos vivenciando uma época de transformações e evoluções tecnológicas e estas novas tecnologias podem e devem auxiliar professores e profissionais da educação na melhoria da qualidade do ensino, aumentando assim o nível de compreensão dos alunos, melhorando o rendimento escolar dos mesmos. [...] Um dos desafios da atualidade é manter o foco dos alunos voltado para o professor e o conteúdo que ele transmite. Uma das alternativas encontradas para auxiliar os professores neste objetivo é o uso de alguns recursos tecnológicos que visam dar uma clareza maior no conteúdo que está sendo transmitido e, consequentemente, melhorando a compreensão dos alunos.
Notamos claramente a postura de “empurrar as informações”, citada por
Valente et al (2007). Nesse caso, as tecnologias só têm utilidade para ilustrar a aula
e fazer com que o conteúdo seja mais facilmente “empurrado” ou até mesmo
“despejado na cabeça” dos estudantes.
No artigo de Pereira et al (2012) encontramos a seguinte frase: “assim, fica
claro que a sociedade necessita de ferramentas que agreguem valor ao processo de
ensino, de modo que os conteúdos sejam facilmente absorvidos pelos alunos”. Essa
frase parece bastante contraditória com outros trechos do artigo, nos quais os
autores citam as possibilidades de aprendizagem a qualquer hora e em qualquer
112
lugar proporcionadas pelos equipamentos móveis, além do desenvolvimento de
atividades colaborativas entre alunos e também entre os professores.
4.4 Quanto a conteúdos matemáticos
De acordo com Amorim (2012, p.105)
Ao pensar em estratégias que promovam a aprendizagem, o emprego de tecnologias no ensino de Matemática é visto por alguns pesquisadores como uma importante estratégia didático-pedagógica. [...] Oliveira (2009) salienta que as novas dinâmicas de ensinar e aprender Matemática com o uso intensivo de tecnologias digitais possibilita interações, trocas, colaboração em projetos coletivos, em tempo e em lugares diferentes, porém não substituem o papel do professor.
Nesse sentido, esperávamos encontrar uma grande quantidade de trabalhos
que mostrassem a estreita relação entre o uso de equipamentos móveis e o ensino
de Matemática. Ao final de nossa busca, notamos que essa hipótese estava
equivocada, pois encontramos apenas oito pesquisas, em 39 trabalhos consultados.
4.4.1 – Artigos Nacionais
Foi nos artigos nacionais que encontramos o maior índice de pesquisas
relacionadas com a Matemática: cinco artigos num total de 19.
4.4.2 – Artigos Internacionais
Foram encontrados dois artigos que trataram de Matemática e Equipamentos
móveis na Educação.
4.4.3 – Dissertações
Não encontramos nenhuma dissertação relacionando o uso dos dispositivos
móveis e o ensino e a aprendizagem Matemática, mostrando uma lacuna nas
pesquisas.
4.4.4 – Teses
Das quatro teses consultadas, uma delas abordou o ensino de Matemática e
o uso de equipamentos móveis. Trata-se da tese de doutorado de Batista (2011).
No trabalho intitulado M-LearnMat: modelo pedagógico para atividades de M-
Learning em matemática, a pesquisadora desenvolveu um modelo para atividades
113
de M-Learning em Matemática no Ensino Superior e os resultados foram bastante
animadores, podendo ser concluído que os equipamentos móveis têm potencial para
serem utilizados nas práticas educativas. Outra afirmação importante encontrada na
pesquisa diz respeito às potencialidades das tecnologias para a Matemática.
Segundo Batista (2011, p.106), em geral, as tecnologias digitais possibilitam
simulações, visualizações, experimentações, levantamento de hipóteses, entre
outras.
Na maioria dos trabalhos com algum conteúdo matemático, os autores
desenvolveram ferramentas que, de alguma forma, auxiliassem no ensino de
conteúdos, seja por meio de jogos, com a utilização de Objetos de Aprendizagem,
seja por meio do uso de aplicativos prontos ou do Geogebra. Entre todas as
pesquisas, a que mais nos chamou a atenção foi a de Batista (2011), pelo seu
aprofundamento e completude.
Tratando especificamente do ensino de Matemática, merece destaque
também um projeto bem-sucedido, tanto para aumentar as notas dos alunos em
matemática, quanto para desenvolver competências de colaboração. Trata-se do
Project K-Nect, desenvolvido em escolas da Carolina do Norte, nos EUA. De acordo
com Lucy Gray, diretora do Consortium for School Networking’s Leadership for
Mobile Learning, o programa-piloto mostrou que o uso de equipamentos móveis
pode efetivamente melhorar a aprendizagem em matemática. Foram escolhidos
estudantes do 9º. ano (ninth grade) que não possuíam acesso a computadores e
Internet em casa. Eles ganharam smarthphones com os quais poderiam ter acesso a
materiais suplementares de matemática e também conectarem-se com os
professores e colegas utilizando mensagens instantâneas.
Ao final do projeto, quase 2/3 dos alunos estavam fazendo cursos extras de
matemática e mais da metade desses 2/3 estavam pensando em seguir uma
carreira no campo da matemática como consequência de participarem do Projeto K-
Nect7.
7 “almost two-thirds of the students are taking additional math courses, and over 50 percent are now
thinking about a career in the math field as a result of participating in Project K-Nect”. Site: projectknect.org.
114
Além disso, os professores afirmaram que os estudantes envolvidos no
projeto demonstraram mais responsabilidade pela própria aprendizagem e tornaram-
se mais colaborativos e mais ativos na sala de aula.
4.5 Quanto às vantagens e desvantagens
Em algumas pesquisas sobre o estado da arte a respeito do uso de
tecnologias na Educação, os pesquisadores revelaram que a maioria delas destacou
fortemente os aspectos positivos em detrimento dos negativos e das dificuldades
enfrentadas quando o assunto é o uso das novas tecnologias. Motivamos-nos a
fazer esse mesmo levantamento com a amostra de trabalhos selecionada e
observamos um maior equilíbrio, ou seja, 50% de todos os trabalhos apresentaram
apenas vantagens no uso de tecnologias móveis na Educação, mas outros 50%
trouxeram à tona tanto aspectos positivos quanto negativos quando fazemos uso
dos dispositivos em sala de aula. Esses dados nos dão indícios de que os
pesquisadores estão mais atentos a essa necessidade de equilíbrio entre os prós e
os contras quando o objetivo é promover uma reflexão sobre os novos
equipamentos. Mesmo assim, são poucos os trabalhos que se empenharam em
destacar muitos problemas ou dificuldades quando o tema é tecnologia na
Educação. Nesse caso, merece destaque a pesquisa de Shuler (2009) que
mencionou diversas desvantagens ou problemas na área.
A grande maioria dos trabalhos citou a preocupação com a distração dos
alunos ao utilizarem os equipamentos móveis durante as aulas como a principal
desvantagem.
4.5.1 – Artigos Nacionais
Observando as informações nos artigos nacionais, notamos que mais da
metade das pesquisas citaram apenas vantagens no uso das tecnologias móveis,
perfazendo um total de dez trabalhos.
4.5.2 – Artigos Internacionais
A tendência de apontar apenas os aspectos positivos do uso das novas
tecnologias se mostrou maior na leitura dos artigos internacionais, já que sete deles
apontaram apenas vantagens.
115
4.5.3 – Dissertações
Nas dissertações escolhidas, o percentual se manteve igual, ou seja metade
dos trabalhos optou por elencar apenas aspectos positivos do uso das novas
tecnologias móveis na Educação e a outra metade das pesquisas apresentou tanto
as vantagens quanto as desvantagens do uso das mesmas.
4.5.4 - Teses
Já na análise das teses encontradas, observamos que todos os
pesquisadores mostraram vantagens e desvantagens do uso das novas tecnologias.
Das vantagens citadas, consideramos importante apresentar as que mais
foram citadas nos trabalhos. São elas:
possibilidades de trabalhos colaborativos;
mobilidade;
maior interatividade;
facilidade de acesso às informações;
ubiquidade;
aprendizagem em qualquer hora e lugar.
Nossa intenção, desde o início, sempre foi apresentar e discutir algumas das
potencialidades dos tablets e, por isso, optamos por realizar uma apresentação de
todas as vantagens citadas nos trabalhos em uma nuvem de palavras, como mostra
a figura 4: recurso gráfico para apresentar os termos mais utilizados em
determinados textos. Acreditamos ser uma ferramenta visual bastante interessante
para destacar algumas das vantagens e potencialidades desses equipamentos.
Nesse tipo de imagem, as palavras mais citadas aparecem proporcionalmente
maiores e com maior destaque. Embora já houvesse a intenção de utilizar esse
recurso visual no trabalho, por uma feliz coincidência encontramos essas nuvens de
palavras também na dissertação de Mandaio (2011). A autora optou por iniciar cada
um dos capítulos de sua pesquisa com uma nuvem de palavras bastante
significativa para o leitor compreender o desenvolvimento das ideias fundamentais
em questão.
116
Figura 4 - Vantagens na aprendizagem com os equipamentos móveis
FONTE: produção da autora
Observando esse recurso gráfico, notamos que a palavra com maior destaque
é “colaborativa”. Isso indica que ela foi a mais citada nos trabalhos analisados e dá
indícios de que se trata de uma tendência educacional para os próximos anos: cada
vez mais proporcionar trabalhos colaborativos entre alunos e também entre os
professores. Por outro lado, a palavra “competências” mostra-se em tamanho
bastante reduzido se comparada às outras. Embora tenhamos discutido e
apresentado que uma das grandes funções da escola seja proporcionar, por meio
dos conteúdos e das disciplinas, o desenvolvimento de habilidades e competências,
seu tamanho na nuvem de palavras não demonstrou ser essa uma das
preocupações quando o assunto é o uso das tecnologias móveis na Educação. Da
mesma forma, podemos observar que as palavras “quebra” e “paradigmas” também
apareceram em tamanho reduzido. Embora necessária, talvez a quebra de
paradigmas educacionais esteja longe de tornar-se uma realidade.
As palavras “mobilidade”, “qualquer”, “hora” e “lugar” destacam uma das
principais características dos tablets: potencializar a aprendizagem dentro e fora da
escola, a qualquer tempo e lugar.
117
Não podemos deixar de mencionar outro aspecto a ser levado em conta: a
necessidade de uma mudança curricular para que as reais potencialidades dos
equipamentos móveis sejam colocadas em prática.
É praticamente senso comum que a escola tem a função de preparar seus
alunos para a cidadania e, para isso, somente as disciplinas acadêmicas, como
estão no currículo hoje, são insuficientes. Na opinião de Leadbeater (2000, apud
MOURA 2010, p.130), temos que deixar de olhar para a educação como um ritual de
passagem que envolve a aquisição de conhecimentos e qualificações suficientes
para entrar na vida adulta. De acordo com o guia realizado pela organização não
governamental EDUTOPIA, os estudantes também precisam adquirir um conjunto de
habilidades e competências que lhes servirão para a vida toda. São os chamados “4
Cs”, (Parthership for 21st Century Skills):
- Colaboração
- Criatividade
- Comunicação
- Pensamento Crítico
Essas competências não excluem outras já desenvolvidas na escola, tais
como leitura, escrita e interpretação de textos, resolução de problemas etc. Vale
destacar Moura (2010, p.131) sobre a relação entre as competências e os
conhecimentos:
Para a ciência cognitiva as competências e os conhecimentos são interdependentes. Por isso, possuir uma base de conhecimento é fundamental para aquisição de mais conhecimento e também de competências. Isto quer dizer que as competências não podem ser adquiridas ou aplicadas de forma eficaz sem conhecimentos prévios, numa ampla gama de assuntos, e a escola tem de estar atenta a isto.
O relatório (EDUTOPIA) menciona que o mais ambicioso dos objetivos é
integrar as competências do século 21 com os conteúdos tradicionais da escola.
Nesse sentido, foi bastante interessante encontrar no trabalho de Moura (2010) a
menção a alguns projetos que, utilizando tecnologias móveis, centravam seus
objetivos no desenvolvimento de diferentes competências, entre as quais:
colaboração, lidar com situações problemas e desenvolvimento do pensamento
crítico.
118
Também Rifkin (2011, p.250-252) aponta para essa preocupação com o novo
currículo:
As universidades e as escolas precisarão começar a treinar a força de trabalho da Terceira Revolução Industrial. O currículo precisará focar cada vez mais em tecnologia da informação, nano e biotecnologia, ciências da Terra, ecologia e teoria de sistemas, bem como em habilidades vocacionais, incluindo o desenvolvimento e o marketing de tecnologias de energia renovável, transformar edifícios em miniaturas de energia, instalar tecnologia de armazenamento de hidrogênio e outras, instalar redes inteligentes de serviços públicos, fabricar transporte movido a célula de combustível de hidrogênio e a eletricidade, implantar redes de logística verdes e outros. [...] Assim como as escolas na década passada eram equipadas com computadores pessoais e conexões da internet de modo que os estudantes pudessem gerar suas próprias informações e compartilhá-las uns com os outros no espaço virtual, a atual geração de estudantes precisará estar equipada com tecnologias da TRI (Terceira Revolução Industrial) de modo a poder captar sua própria energia renovável e compartilhá-la em espaços de energia de fonte aberta.
Portanto, deve ficar claro para todos nós que não podemos pensar em
estratégias inovadoras de ensino em um modelo curricular ultrapassado. Para tanto,
não basta dotar as escolas de novos equipamentos tecnológicos, devemos sim,
assumir uma postura de orientadores da aprendizagem e auxiliar os alunos na busca
de informações e na construção de seus conhecimentos.
Com relação às desvantagens, os maiores problemas ainda estão
relacionados com a resistência dos professores ou com o descrédito deles na
ferramenta. Dois trabalhos citaram a falta de investimento na formação dos
professores como uma das grandes dificuldades para a boa implantação dos
equipamentos móveis em sala de aula.
Embora não seja uma desvantagem, mas sim um problema a ser enfrentado
por professores e diretores das escolas, a falta de infraestrutura técnica é um
entrave a ser vencido. É notório que muitas escolas, principalmente as públicas,
sofrem com a falta de apoio técnico e também com dificuldades relativas à conexão
de Internet. Claramente, os equipamentos móveis só poderão ser utilizados com
todo o seu potencial se houver uma infraestrutura de acesso à rede de
computadores eficiente. Quanto ao apoio técnico, podemos inferir que, sem a ajuda
e o suporte de pessoas especializadas, os professores sentem-se solitários e
inseguros no uso das tecnologias em sala de aula.
119
Outro grande problema ou desvantagem no uso desses equipamentos é o
risco de distração dos alunos durante as aulas. De acordo com Rifkin (2011, p. 271-
272):
Jovens estão crescendo em um mundo altamente mediado por estimulação eletrônica de todos os tipos e constantemente bombardeados por um fluxo de informação estão perdendo a capacidade de se concentrar, de acordo com inúmeros estudos conduzidos nos anos recentes. Em salas de aula onde várias tarefas se tornaram a norma e as distrações são a regra, a capacidade de refletir, organizar os pensamentos e perseguir uma ideia até sua conclusão torna-se cada vez mais fugaz. Muitas crianças sentem-se sobrecarregadas e esgotadas quando chegam ao ensino médio.
Algumas pesquisas observaram também que os pais dos alunos não estão
completamente convencidos do potencial de aprendizagem dos equipamentos
móveis.
Um problema apontado na pesquisa de Herrington et al (2009) é a
preocupação dos professores com a privacidade e com a “invasão” dos momentos
de descanso através dos e-mails enviados e lidos nas horas de folga do professor.
O problema de a tecnologia aumentar a quantidade de trabalho não é
encontrado apenas na área da Educação, mas afeta a sociedade como um todo.
Carr (2010) expõe como esse problema nos influencia e diz que, normalmente, a
tecnologia nos proporciona uma “sobra” de tempo que será utilizada para realizar
outro trabalho. Na era da conexão, o trabalho, que antes era realizado apenas no
escritório, na fábrica ou na escola, está entrando em nossas casas, em nosso
horário “livre”, de maneira bastante intensa. Quantas vezes, nos finais de semana,
recebemos e-mails tratando de trabalho e já iniciamos a tarefa mesmo estando em
nossos momentos de descanso?
Para destacar e analisar os principais problemas do uso de equipamentos
móveis, recorremos novamente ao recurso gráfico da nuvem de palavras, como é
mostrado na figura 5. Essa figura mostra as palavras recorrentes e destaca-as de
acordo com sua incidência: quanto maior o tamanho, mais vezes ela apareceu entre
as desvantagens observadas nos trabalhos analisados.
Para nós é muito importante destacar e refletir sobre alguns dos principais
entraves para a adoção dos tablets e acreditamos que esse recurso visual será
significativo e nos ajudará nas análises.
120
Figura 5- Desvantagens na aprendizagem com os equipamentos móveis
FONTE: produção da autora
Como era esperado, após nossa discussão ao longo do trabalho, a palavra
com maior destaque é “distração”, indicando ser essa a maior preocupação de pais
e professores quando se trata de entregar tablets nas mãos dos estudantes. Embora
essa questão cause muita preocupação, existem algumas alternativas para
minimizar o problema, sendo a criação de uma cultura de uso adequado entre os
estudantes a solução mais adequada para o momento. Além disso, outra opção é
proporcionar mais atividades nas quais os estudantes sejam engajados na
construção de seus conhecimentos, “puxando” as informações necessárias e sendo
auxiliados pelos professores na sistematização de conteúdos.
Outras palavras com médio destaque são “formação”, “professores” e
“infraestrutura”, mostrando que, sem a infraestrutura adequada, o bom uso de
tecnologias móveis é prejudicado. Além disso, a formação dos professores para o
uso dos tablets em sala de aula é importante..
Finalizando, quando o assunto é o que não devemos fazer ao utilizar os
tablets em sala de aula, Daccord (2012) aponta uma lista de erros mais comuns
cometidos por professores:
1) Foco em aplicativos de conteúdo – O erro mais comum cometido com Ipads é se concentrar em aplicativos específicos para determinado assunto... Em vez disso, devemos nos concentrar na gama incrível de consumo, curadoria e criatividade possível em níveis de ensino e disciplinas, utilizando apenas quatro aplicações gerais: um aplicativo de
121
anotações, um aplicativo screencasting, um aplicativo para criação de áudio, e um aplicativo de criação de vídeo... O conteúdo vem de uma ampla gama de materiais disponíveis em toda a Web e em nossas salas de aula, e não de apps. 2) Falta de formação do Professor na Gestão de Ipads - Um dos erros óbvios é não fornecer aos professores formação profissional adequada. Antes de entregar os Ipads aos alunos, muitas vezes as escolas entregam o equipamento aos professores, assumindo que o uso dos tablets em um ambiente pessoal vai, naturalmente, traduzir a experiência para o ambiente de trabalho. Isso não acontece. Os professores precisam de instruções sobre como incorporar os dispositivos no processo de aprendizagem, o que é bastante diferente do que experimentar algumas apps. Décadas de pesquisa mostraram que, quando os professores têm acesso às novas tecnologias, seu instinto é usar as novas tecnologias para estender as práticas existentes... Os professores precisam de tempo para a colaboração profissional (e muitas vezes apoio externo) para aprender a cultivar a leitura, escrita, fala e compreensão oral e desenvolver estratégias para diferenciar o ensino usando uma variedade de aplicações e também utilizar algumas das ferramentas da Web. 3) Tratar o iPad como um computador, esperando que ele sirva como um laptop - Fazer comparações iPad versus laptop sufoca a capacidade de ver como o iPad facilita a aprendizagem centrada no aluno. Ipad não substitui o computador. Além disso, a mobilidade dos tablets significa que os alunos podem tirar fotos, gravar áudio e vídeo filmagens, em qualquer lugar... Então, coloque os Ipads nas mãos de professores que entendem que os alunos aprendem melhor ativos. 4) Tratar Ipads como dispositivos multiusuário - Os Ipads foram concebidos como dispositivos de um único usuário. Portanto, não se destina a ser compartilhado. As restrições financeiras obrigaram muitas escolas a abandonar 1 por 1 (um computador por aluno) ... Em vez de compartilhar Ipads em várias salas de aula, as escolas devem alocá-los apenas para algumas salas de aula participantes de um projeto-piloto. Assim, as escolas devem documentar os sucessos e fracassos do grupo-piloto para extrair as melhores práticas que servirão de base para a expansão dos tablets no futuro. 5) A falta de uma resposta convincente para a questão "Por que utilizar Ipads na escola?" - Muitos administradores escolares simplesmente não conseguem apresentar à comunidade escolar o motivo da compra dos Ipads. Como resultado, terão que enfrentar a resistência de professores, pais - e até mesmo dos alunos - que não entendem por que esses dispositivos estão sendo introduzidos em suas salas de aula. (DACCORD, 2012, s/p. tradução nossa).
Certamente, ainda não temos a resposta mais convincente para a questão
proposta por Daccord: Por que utilizar os tablets na escola? Mas, sem termos a
pretensão de termos esgotado o assunto, esperamos ter conseguido trazer a
reflexão sobre o uso dos equipamentos móveis para outro patamar.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
“O uso de tecnologia não é o alvo, mas sim um meio para permitir práticas pedagógicas que favoreçam a aprendizagem”
Mike Sharples
Se, no início da implantação de uma nova tecnologia, é muito comum que os
professores tentem utilizá-la da mesma forma que faziam com ferramentas antigas,
a proposta do trabalho foi lançar luz sobre o potencial dos equipamentos móveis na
elaboração de propostas didáticas diferenciadas, mostrando também as principais
dificuldades e os maiores desafios enfrentados para que possamos refletir a respeito
de sua utilização nas escolas. O importante é observar as outras possibilidades
oferecidas pelas novas tecnologias e utilizá-las para fazer coisas que antes nem
sequer imaginávamos.
A pesquisa nos mostra que estamos vivenciando um período de transição
entre o conhecimento das tecnologias móveis e sem fio para a efetiva adoção
desses dispositivos em práticas educativas mais adequadas à sociedade atual, na
qual o professor já deixou de ser a fonte exclusiva de informações dos estudantes.
Assim sendo, almejamos que os tablets, potencializadores de trabalhos em rede, de
uma aprendizagem personalizada, ubíquos e cada vez mais populares, sejam uma
das molas propulsoras de mudanças nas práticas didáticas, favorecendo a
aprendizagem ativa, a colaboração entre os estudantes, entre os professores e entre
os alunos e os professores.
As possibilidades de aprendermos a qualquer hora e em qualquer lugar
oferecidas pelas novas tecnologias devem ser consideradas, sem esquecermos o
papel do professor como mediador de todo o processo. O professor estabelecerá
metas, fará questionamentos, instigará a pesquisa e garantirá o rigor e a qualidade
dos trabalhos. Com relação à visão dos professores nos trabalhos que mencionaram
essa questão, observamos também o desconhecimento sobre as possibilidades de
aplicação do dispositivo em aulas e ainda a resistência por parte de alguns
profissionais, indicando, mais uma vez, a urgência de haver capacitação contínua
dos professores, seja na formação inicial, seja na formação em serviço.
123
Criar ambientes de aprendizagem em que os estudantes possam desenvolver
habilidades criativas é o papel do professor. Como profissionais da área da
educação, devemos estimular a criação de contextos nos quais a aprendizagem
ocorra através de projetos de criação utilizando áudio, vídeo e imagens.
As novas tecnologias possibilitam a Educação em uma nova dimensão, em
que um novo conhecimento e outras habilidades são priorizados, como já citamos.
Entre essas habilidades, a necessidade de desenvolver e priorizar o pensamento
criativo como aspecto fundamental da cognição humana. De acordo com Roszak
(1998, p.143), “a mente pensa com ideias e não com informação. E acrescenta: a
principal tarefa da Educação é ensinar os jovens a lidar com ideias: como avaliá-las,
expandi-las e adaptá-las a novos usos”. Na verdade, para o autor, as ideias é que
organizam as informações e não o contrário.
Uma vez que estamos tratando desse novo contexto, os estudos indicaram
que a integração da tecnologia na sala de aula é um processo que envolve a
mudança no sistema educacional e não acontece instantaneamente, ou seja,
demanda um longo período de tempo e envolvimento de professores e alunos,
investimento na formação dos professores e também na infraestrutura tecnológica
da escola. Nesse processo, deve haver uma mudança na cultura da escola, e a
tecnologia servirá para apoiar o trabalho pedagógico em sala de aula.
Sendo assim, um novo contexto se instala em sala de aula no momento em
que, a partir de um celular ou de um tablet conectado à Internet, o estudante tem
acesso a quase tudo a que teria se estivesse em frente a um computador pessoal.
Vale destacar que, embora o tablet seja praticamente um minicomputador, seu uso
não o substituiu, pois nem todas as tarefas que antes eram feitas nos computadores
ou laptops podem ser realizadas nos tablets. O que deverá ocorrer é o incentivo à
criação de outras atividades, em que os maiores potenciais da ferramenta sejam
significativos para a aprendizagem dos alunos: a mobilidade e grande autonomia da
bateria. Arriscamos dizer que é um equívoco substituir os computadores por tablets
na escola toda. O cenário ideal é que os equipamentos convivam em harmonia e
que professores e alunos possam decidir quando é o melhor momento de utilizar
cada um deles. Um exemplo bem simples é a digitação de longos textos. Apenas
para citar um exemplo, para quem está acostumado com o teclado de um
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computador pessoal, a tarefa transferida para o tablet torna-se cansativa e muitas
vezes verdadeiramente trabalhosa.
Sobre a promessa de os tablets revolucionarem a Educação nos próximos
anos, ainda é cedo para responder a essa questão, mas acreditamos que analógico
e digital deverão conviver em harmonia, um complementando o outro. Em outras
palavras, quando o giz e a lousa se fizerem necessários - e certamente teremos
momentos em que o uso dos mesmos será de grande valia - continuaremos com
eles, por outro lado, no momento em que a tecnologia realmente trouxer um ganho
para a aprendizagem ou mesmo para que os alunos desenvolvam outras habilidades
necessárias à nova era, lançaremos mão dos aparatos tecnológicos com clareza de
que são meios úteis para aquele tipo de trabalho. Atualmente, os pesquisadores nos
fazem refletir sobre o "pensar fora da caixa", isso quer dizer que devemos utilizar o
novo em tarefas verdadeiramente diferentes das tradicionais. Caso contrário, as
novas tecnologias serão apenas um fim em si mesmas. Se lançarmos mão das
novas tecnologias para "informatizar" o ensino tradicionalmente expositivo e
centrado no professor, nossos alunos digitais pedirão unanimemente para
retornarmos ao velho e bom quadro negro.
Finalizamos reforçando algumas lacunas de pesquisa, deixando-as como
sugestões de futuros trabalhos:
01. Faltam pesquisas que analisem a implantação das novas tecnologias sob
o ponto de vista dos professores.
02. Faltam pesquisas que tratem especificamente dos tablets no ambiente
educacional.
03. Faltam pesquisas que relacionem o uso dos tablets com o Ensino de
Matemática.
04. Faltam pesquisas que se proponham a discutir, com equilíbrio e isenção,
os pontos fortes e os pontos fracos do uso dos tablets na sala de aula.
Desse análise concluímos que as pesquisas sobre o uso do tablet em sala de
aula ainda não avançaram muito e temos poucos resultados concretos,
principalmente no que diz respeito à melhora do desempenho acadêmico dos
alunos. Se o tablet será ou não uma ferramenta que ajudará a mudar a Educação
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ainda é uma questão sem resposta, o que podemos inferir é que essa ferramenta
tem potencial para apoiar trabalhos colaborativos, possibilitar uma aprendizagem
dentro e fora da sala de aula e aumentar a autonomia do aluno na busca de
informações e na construção de seu conhecimento.
Certamente, este estudo é apresentado com grande dose de incompletude,
devido ao tempo e também à inexperiência da pesquisadora. O que nos consola é
que:
O bom artífice deve evitar a busca inflexível da solução de um problema até torná-lo perfeitamente isolado e autossuficiente; [...] A alternativa positiva a essa compulsão de resolver está em aceitar um certo grau de incompletude no objeto, decidindo deixá-lo sem solução. [...] O bom artífice aprende a identificar quando é o momento de parar. Persistir no trabalho pode levar a uma degradação. (SENNETT, 2013, p. 292)
Ao final de um trabalho como este, existe sempre a esperança de que ele caia
nas mãos de professores extremamente competentes e que digam: “ Mas isso eu já
estou fazendo com meus alunos”. Esperamos que a maioria dos profissionais da
Educação já esteja buscando alternativas aos antigos métodos educativos e
preparando a próxima geração para viver em uma sociedade conectada,
colaborativa, responsável e crítica.
.
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