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Lisboa, 8 Julho 2010
4ª Sessão Pública
Grupo Comunitário da Alta de Lisboa
João Wengorovius Meneses
I – Misturando os ingredientes
Gestão eficaz de projectos comunitários
INTRODUÇÃO: UM POUCO DE HISTÓRIA
A importância do associativismo
e dos movimentos de cidadãos
O melhor Estado é aquele que está ao serviço das pessoas e a
melhor sociedade é aquela em que as pessoas estão ao serviço
umas das outras.
Até hoje, nenhuma nação conseguiu concretizar o ideal de Lincoln*
de um governo “de, através e para as pessoas”(of, by, and for the
people).
Porquê? Por falha do governo ou das pessoas?
*1809-1865, 16º Presidente dos EUA
O ideal democrático e o desafio das pessoas
A importância do associativismo
e dos movimentos de cidadãos
A a concretização do ideal democrático depende de uma cultura cívica
dinâmica – a única alternativa a uma democracia pacificada, composta
por observadores passivos cujo papel é escolher entre elites dominantes.
Porém, só nos últimos 200 anos se tornou legítima a associação de
cidadãos em larga escala, em associações de membros (bem como
marchar, gritar e fazer reivindicações).
O direito à associação foi conseguido com base em regras de
comportamento. Por ex., os trabalhadores tiveram de prescindir de
danificar as máquinas quando as associações laborais foram reconhecidas
(demasiada paixão, som e fúria poderia ser desastroso para a democracia).
Alexis de Tocqueville* elogiou o associativismo nos EUA (sec. XIX) e
declarou a sua contribuição para o fortalecimento da democracia, visto
possibilitar a agregação de interesses individuais, permitindo a
educação dos cidadãos para a prática e o convívio democráticos.
Robert Putnam*: «As associações civis contribuem para a eficácia e a
estabilidade do governo democrático, não só por causa dos seus efeitos
“internos” sobre o indivíduo, mas também por causa dos seus efeitos
“externos” sobre a sociedade. Ao nível interno, sobre os indivíduos, as
associações incutem nos seus membros hábitos de cooperação,
solidariedade e cidadania (...)»
*1805-1859, francês
* 1941, sociólogo americano
“There is existing in man a mass of sense lying in a dominant
state and which, unless something excites it into action, will
descend with him in that condition to the grave.”
Thomas Paine*
*1737-1809, inglês, um dos Pais Fundadores dos EUA, influenciou bastante a Revolução Francesa, tendo participado na Revolução Americana
O desafio do Estado
A importância do associativismo
e dos movimentos de cidadãos
“To be GOVERNED is to be watched, inspected, spied upon, directed, law-
driven, numbered, regulated, enrolled, indoctrinated, controlled, checked,
estimated, valued, censured, commended, by creatures who have neither
the right nor the wisdom nor the virtue to do so.”
Pierre-Joseph Proudhon*
The two funniest sentences in english are: “I’m from the government” and
“I can help”.
Ronald Reagen*
*1809-1865, filósofo francês, anarquista
* 1911-2004, 40º presidente dos EUA
Como pode organizar-se o Estado, de modo a melhor reflectir o
espírito da democracia? De que modo podem as pessoas partilhar
poder e responsabilidade com o Estado, transferindo este o poder
sem o perder?
De que modo se pode converter o Estado num potenciador ou
orquestrador do potencial das pessoas – i.e. do conhecimento, da
inteligência, energia, da solidariedade e da criatividade colectivos?
Nelson Mandela* descreve na sua autobiografia as tradições
africanas de deliberação pública a que ele assistiu em criança:
‘Everyone who wanted to speak did so. The foundation of self-
government was that all men were free to voice their opinions and
equal in their values as citizens.”
Dinastia Ming (China, séc. XIV-XVII) implementou reuniões mensais
com distribuição de comida, durante as quais as pessoas discutiam
assuntos de interesse público, geralmente em resposta a editais do
imperador.
*1918, 10º presidente da África do Sul
A História mostra-nos quão difícil é os governos liderarem processos
de mudança ou de inovação social. As estratégias mais ambiciosas de
mudança das sociedades geralmente falharam.
Da falência do comunismo, ao falhanço de projectos como o do
presidente Lyndon Johnson*, de uma “Grande Sociedade”, programa
que incluía direitos civis, sistema público de saúde e “guerra à
pobreza”, ou ao de reposição dos valores de uma moral conservadora,
nos EUA e Inglaterra, na década de 1980.
*1908-1973, 36º presidente dos EUA
As tentativas de mudança que resultaram foram aquelas que
emergiram de movimento sociais ou aquelas em que os governos se
envolveram com movimentos sociais. A razão é simples: as mudanças
sociais exigem que as pessoas sintam ou se apropriem dos motivos
para mudar.
«The good leader is the one that the people admire; the weak leader
is the one that the people dispise; the great leader is the one that
the people say: ‘We did it ourselves’.»
Lao Tzu (séc. IV a.c.)
Os Estados podem ajudar ao sucesso dos movimento sociais mas
raramente iniciam ou provocam a mudança.
Com a desvalorização da política e o esvaziamento aparente de poder do
Governo, vislumbra-se um cenário propício ao surgimento de formas
substitutivas da política tradicional, que se podem traduzir pelo surgimento
de novos movimentos e grupos sociais.
As decisões e inovações têm cada vez mais origem na sociedade, longe da
esfera de poder tradicional: “Só quando uma ideia se torna uma banalidade
passa para o âmbito da responsabilidade dos partidos políticos.” (Giddens)
As associações, grupos comunitários e movimentos de cidadãos, de âmbito
local, regional ou global, possibilitam a participação das pessoas no processo
de construção de novos valores e na concepção e implementação de formas
inovadoras de resolução de problemas sociais.
Conclusão
A importância do associativismo
e dos movimentos de cidadãos
I – Misturando os ingredientes
Gestão eficaz de projectos comunitários
O GCAL E A GESTÃO EFICAZ DE PROJECTOS COMUNITÁRIOS
Os ingredientes gerais de sucesso:
Acção em parceria/rede – do diagnóstico, ao planeamento e gestão
integrados dos recursos endógenos
Intervenção holística/multidimensional
De base local/territorial – “space is place”
“De baixo para cima” (subsidiariedade)
Com horizontalidade e informalidade
Os ingredientes individuais de sucesso:
De parcerias pontuais às comunidades de prática e ao planeamento e
gestão integrados dos recursos – as questões do protagonismo, da
sobrevivência económica, da partilha de conhecimento, do
reconhecimento da ignorância, etc.
Papel da Rede Social vs Proliferação de grupos locais
Para debate:
Núcleos Executivos da Rede SocialConselhos Sociais de Freguesia (CSF)
Grupos Comunitários (ex: GCAL, GABIP)Núcleos Locais de Inserção (NLI)
Gestão equipamentos sociaisCPCJ
Saúde…
O papel da CML: facilitador vs interveniente / facilitador: J.F. vs 3º sector
II – Debate e Conclusões