Lógica e metodologia para produção de artigos acadêmicos
Prof.: Rodrigo Cantu
• Texto expositivo
• Texto dissertativo
• Texto narrativo
Gazeta do Povo – 29/5/2016Promotoria defende afastar delegado de caso de estupro no Rio - Ministério Público pede que a Delegacia da Criança e Adolescente Vítima assuma a apuração
O Ministério Público do Estado do Rio é favorável à retirada do delegado Alessandro Thiers, titular da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), do comando da investigação de estupro coletivo de uma adolescente de 16 anos.
O parecer foi dado na madrugada deste domingo (29), após pedido da defesa da vítima. A Promotoria pede ao Judiciário do Rio que a investigação de estupro seja transferida para a Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV), deixando sob responsabilidade da DRCI somente a apuração da divulgação do vídeo em que a menina aparece nua e desacordada.
Até o início da tarde deste domingo, o Tribunal de Justiça do Rio ainda não havia divulgado a decisão. A advogada da adolescente, Eloísa Samy, disse, por uma rede social, que o delegado já foi afastado da investigação. A informação não foi confirmada oficialmente.
Ela alega que Thiers investigava o caso com machismo e misoginia, colocando o estupro como crime menor. Em entrevista, o delegado disse que investigava “se houve consentimento dela, se ela estava dopada e se realmente os fatos aconteceram”. Até agora, a polícia não prendeu nenhum dos envolvidos.
CasoA adolescente foi estuprada na madrugada do dia 21 no complexo de favelas São José
Operário, zona oeste do Rio. O caso só se tornou público após jovens postarem fotos e vídeos dela nua e desacordada. Segundo depoimento da vítima, ela encontrou num baile funk na comunidade um rapaz de 19 anos com quem estava “ficando”.
A jovem disse que foi parar numa casa com o rapaz e, a partir daí, só se lembra de ter acordado pela manhã em outra casa. De acordo com a adolescente, ela estava dopada, nua e sendo observada por 33 homens.
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Modelo de fichamento
Resenha
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O parágrafo
• Tópico frasal: uma ou duas frases iniciais,
em que se expressa de maneira sumária e sucinta a ideia-núcleo do parágrafo
• Desenvolvimento: explanação da ideia-núcleo
• Conclusão (facultativa): reforço do tópico frasal
Estrutura do parágrafo
Escrita
• Tópico frasal
Os seres humanos estão entre os animais mais adaptáveis do mundo. NosAndes da América do Sul, as pessoas acordam em vilarejos a mais de 4877metros acima do nível do mar e depois caminham cerca de 500 metrosmais acima para trabalhar nas minas de estanho. Tribos do desertoaustraliano adoram animais e discutem filosofia. Nos trópicos, as pessoassobrevivem à malária. O homem andou na Lua. O modelo da LISSEnterprise no Instituto Smithsonian em Washington simboliza o desejo de"buscar novas vidas e civilizações, audaciosamente indo onde nenhumhomem jamais esteve". O desejo de conhecer o desconhecido, controlar oincontrolável e criar ordem a partir do caos encontram expressão em todasas pessoas. Criatividade, adaptabilidade e flexibilidade são atributoshumanos básicos e a diversidade humana é o objeto de estudo daantropologia.
Desenvolvimento do parágrafo – pp.231-245
Desenvolvimento do parágrafo
• Exemplificação
• Enumeração ou descrição de detalhes
• Definição
• Confronto
• Analogia e comparação
• Causação e motivação
Enumeração ou descrição de detalhes
Definição
Muitas vezes, os estudantes são surpreendidos pela amplitude da antropologia,
que é o estudo da espécie humana e de seus ancestrais imediatos. Antropologia é
uma ciência excepcionalmente comparativa e holística. O holismo se refere ao
estudo de toda a condição humana: passado, presente e futuro; biologia,
sociedade, língua e cultura. A maioria das pessoas acha que os antropólogos
estudam fósseis e culturas não industriais, não ocidentais, e muitos o fazem. Mas a
antropologia é muito mais do que o estudo de populações não-industriais: é um
campo comparativo que analisa todas as sociedades antigas e modernas, simples e
complexas. As outras ciências sociais tendem a se concentrar em uma única
sociedade, geralmente uma nação industrial como os Estados Unidos ou o Canadá.
No entanto, a antropologia oferece uma perspectiva transcultural única, ao
comparar constantemente os costumes de uma sociedade com as de outras.
Confronto
Analogia e comparação
Vê-se que um fato só pode ser qualificado de patológico em relação a uma
espécie dada. As condições da saúde e da doença não podem ser definidas in
abstracto e de maneira absoluta. A regra não é contestada em biologia; jamais
ocorreu a alguém que o que é normal para um molusco o é também para um
vertebrado. Cada espécie tem sua saúde, porque tem seu tipo médio que lhe é
próprio, e a saúde das espécies mais baixas não é menor que a das mais
elevadas. O mesmo princípio aplica-se à sociologia, embora freqüentemente
ele seja ignorado aí. É preciso renunciar a esse hábito, ainda muito difundido,
de julgar uma instituirão, uma prática, uma máxima moral, como se elas
fossem boas ou más em si mesmas e por si mesmas, para todos os tipos sociais
indistintamente.
Durkheim, E. As regras do método sociológico.
Causação e motivação
Os empregadores optam racionalmente por recrutar os indivíduos com maior
capacidade produtiva, sobretudo quando em causa está o preenchimento de postos de
trabalho que requerem qualificações elevadas (empregos bem remunerados). A força de
trabalho feminina é, em geral, percepcionada como mais dispendiosa, o que resulta
fundamentalmente dos custos indiretos associados à maternidade. As mulheres
faltam mais do que os homens, por força das obrigações familiares; estão menos
disponíveis para determinados horários; e, frequentemente, interrompem ou abandonam
o percurso laboral. Estabelece-se, desta forma, um ciclo vicioso que reproduz a
divisão sexual: a especialização das mulheres em tarefas domésticas conduz à sua
desvalorização no mercado de trabalho e, consequentemente, ao desencorajamento da
sua participação naquele sector. As decisões daqui consequentes atuam no sentido
de perpetuar o maior investimento dos homens em capital humano e a sua situação mais
privilegiada no mercado de trabalho.
Casaca, S. 2009. Revisitando as teorias sobre a divisão sexual do trabalho.
Esquema do texto
com base nos
tópicos frasais
§1 Argumento geral – apesar das práticas de apadrinhamento, funcionalismoevoluiu muito
§2 Tópico frasal não explícito: prática do apadrinhamento é antigaExemplificação
§3 Pergunta de partida (Problematização) – “Não teríamos avançado nessamatéria?”
§4 “progredimos: de forma lenta, é certo, mas concreta”.Descrição de detalhes
§5 “A consolidação de uma estrutura burocrática federal avançaria nas décadasseguintes no Brasil”Descrição de detalhes
§6 “assistimos nos últimos vinte anos a um crescimento inédito das carreiras deEstado no Governo Federal, consolidando uma elite burocrática”Enumeração / ExemplificaçãoRetomada do argumento central
Cargos em comissão: mito e realidade – Daniel de Bonis
§7 “É neste contexto que cabe analisar a realidade atual dos cargoscomissionados no Governo Federal”Descrição de detalhes
§8 “Há quem olhe para estes números como se estivéssemos lidando comum arquipélago de clientelismo, um grande câncer a ser extirpado daadministração pública federal. A visão é enganosa.”Causa
§9 “o sistema abriga ainda grandes bolsões de patrimonialismo eineficiência”
§10 “A primeira é a fragilidade da governança das entidades dachamada administração indireta”.Causa“A seleção dos seus corpos diretivos poderia ser bastante fortalecidacom um modelo semelhante ao adotado no Chile”Descrição de detalhes
Cargos em comissão: mito e realidade – Daniel de Bonis
§11 “O segundo problema diz respeito à estruturação bastante desigualda máquina federal”Causa“concursos deveriam ser realizados” / “estabelecer um limite máximopara a proporção de cargos comissionados”
§12 “é preciso tornar toda a estrutura dos cargos em comissão maistransparente e meritocrática, com o cuidado de não engessá-la emexcesso.”Exemplificação
§13 Conclusão – reforço do argumento central
Cargos em comissão: mito e realidade – Daniel de Bonis
Técnicas contra a
tela branca
Delimitação do temaMundo é vasto, texto só pode tratar de aspectos muito limitados dele
PreparaçãoColeta dos dados e análisePesquisa bibliográfica
Plano geral de trabalhoEsquema do texto
Redação não linearA partir do esquema, você pode começar por qualquer parte do texto
Divisão em tarefas menoresTrabalho completo pode parecer enorme. Separar em etapas menos e exequíveis
Interação texto-ideiasA escrita estimula as ideias. Não espere até ter a forma perfeita na cabeça
Diagramas, gráficos, tabelasColoque o argumento em forma gráfica. Depois é só redigir o que está na representação gráfica
Equilíbrio entre leitura e escritaLer o suficiente, mas não ler para sempre
Imagine um público-alvo determinadoPara dar clareza à argumentação, imagine que você está explicando sua tese para sua avó
CronogramaEstabeleça um cronograma (mesmo que flexível) para a redação das diferentes partes do texto
Técnicas de
organização de textos
I - Introdução
M - Métodos
R - Resultados
D - Discussão
Motivação
Métodos
Resultados
Discussão
Introdução
Revisão da literatura
Métodos
Resultados
Discussão
Variantes
• O que se sabe sobre o assunto?
• O que não se sabe?
• Pergunta de partida
• Problematização
Introdução /motivação /revisão de literatura
Problematização – “criar um enigma”
1/ Enunciar crença partilhada ou constataçãoreconhecida sobre o objeto de estudo
2/ Realizar inferências lógicas ou predições derivadas
3/ Mencionar elementos empíricos que contradizemas inferências ou predições
4/ Emergência do problema: como, se a crença ou constatação forem verdadeiras, as evidências podem existir?
Introdução /motivação /revisão de literatura
Problematização – “criar um enigma”
Émile Durkheim – O Suicídio (1897)
Introdução /motivação /revisão de literatura
Problematização – “criar um enigma”
1/ O suicídio é uma questão pessoal, depende da personalidade e da biografia, é um fenômeno psicológico
2/ Coletivamente, o suicídio é inexplicável. As taxas de suicídio de um país devem ser aleatórias e imprevisíveis
3/ As taxas de suicídio na França são relativamente constantes: em 1856, 11,6 habitantes sobre 100 000 se suicidaram; em 1857, 10,9; em 1858, 10,7; em 1859, 11,1; em 1860, 11,9.
4/ Se o suicídio é um fenômeno individual e, portanto, imprevisível, como ele pode ser tão previsível?
Introdução /motivação /revisão de literatura
• Descrição dos materiais: • Dados• Fontes• Materiais e maquinário• Bibliografia
• Método de análise• Técnicas de inferência estatística• Experimento• Comentários bibliográficos• Análise das fontes
Métodos
• Tabelas com estatísticas resultantes
• Narrativa com base nas fontes
• Comentários sobre a bibliografia
• Saídas do experimento
Resultados
• Como os resultados respondem à pergunta de partida?
• Como os resultados esclarecem o problema?
• No que os resultados contribuem para a literatura da área?
• Contraste com resultados semelhantes ou contraditórios em outros textos
• Delinear questões futuras suscitadas pelos resultados da pesquisa
• Recomendações
Discussão