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Page 1: Lesão Pulmonar Aguda Associada à Transfusão  (TRALI)

Lesão Pulmonar Aguda Associada à Transfusão (TRALI)

Antonio Fabron JrFaculdade de Medicina de Marília

Efeitos adversos da transfusãoUNICAMP

2006

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Escala de Risco TransfusionalEscala de Risco Transfusional(S. Dzik, 2002)(S. Dzik, 2002)

101088 101077 101066 101055 101044 101033 101022 101011 101000

HIV

HCV

HBV

BACTERIA

ERRO TRANSFUSIONAL

TRALI

TA-GVHD

CARDÍACO

REAÇÃO FEBRIL

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Lesão Pulmonar Aguda

• Dispnéia, taquipnéia, taquicardia

• Hipoxemia:

– PaO2/FIO2 < 300mmHg ou SpO2 90%

• Infiltrado pulmonar bilateral

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Lesão Pulmonar Aguda Fatores de Risco

• Pulmonar

– Aspiração

– Pneumonia

– Inalação tóxica

– Contusão pulmonar

– Afogamento

• Não pulmonar– Sepsis severa– Choque– Trauma múltiplo– Queimados– Pancreatite aguda– Bypass cardiopulmonar– Overdose

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Edema Pulmonar Agudo Associado à Transfusão

AlérgicaAnafilactóideHemólise intravascularContaminação bacteriana

TACO TRALI Sobrecarga de volume Lesão pulmonar aguda associada à transfusão

Aumento da pressão hidrostática

Aumento da permeabilidade vascular pulmonar

Hipertensão PVC/PCP

Moderada hipotensão ou Normal PCV/PCP

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Donor blood products with α-leukocyte antibodies implicated in TRALI cases

1 %Cryoprecipitate

31 %Packed red blood cells

13 %Not reported

1 %Cryo-poor plasma

3 %Apheresis platelets

4 %Whole blood

18 %Fresh frozen plasma

29 %Random donor platelets

PercentageProduct transfused

Bang et al, Blood 2003,102:558a

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TACO X TRALI

• Dificuldades no diagnóstico diferencial– pode ocorrer no mesmo paciente– um pode preceder o outro ou ser concomitante– acomete indivíduos criticamente doentes com

múltiplas comorbidades– aspectos clínicos e Rx similares– baseado no curso clínico e resposta terapêutica

Não ou mal diagnosticadas

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TACO - Epidemiológico

• Relativamente comum, pouco diagnosticada• Incidência > pacientes em risco: < 3 e > 60 anos

– Idosos em cirurgias ortopédicas: 1% a 8% Popovisky, 2004 e Bierbaum, 1999

– Unidade de terapia intensiva• retrospectivo: 25/1351(2%)• prospectivo: 16/142 (11%)

Rana e col, 2005

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Importância

“ Em edema pulmonar após transfusão, a diferenciação entre TACO e TRALI é importante não somente de uma perspectiva de tratamento mas também para determinar quando desencadear o diagnóstico laboratorial de TRALI e a possível exclusão de doadores”

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TACO X TRALI

• Concentração protéica do fluído do edema/plasma > 0,65* ou• Pressão de oclusão da artéria pulmonar < 18 mmHg* ou• BNP < 250 ou BNP pre/postransfusão < 1,5 ou• Não melhora rápida com redução do volume (precarga)**• 2 dos seguintes:

• Fração de ejeção sistólica > 45 sem valvulopatia severa• Pressão sistólica < 160 mmHg• Diâmetro do pedículo vascular < 65 mm e relação cardio/torácica < 0,55

Não Sim

Edema pulmonar hidrostático

Edema pulmonar permeabilidade

Clara relação com outros fatores de risco para lesão pulmonar

(sepsis, aspiração)

Não SimTRALIPossível

TRALI

TACO

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Maisel AS et al, N Engl J Med 2002;347:161-7

Rapid Measurement of B-Type Natriuretic Peptide in the Emergency Diagnosis of Heart Failure in 1586 patients.

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TRALI

• Publicações

– 1985 - 2000 - 34

– 2001 - 2006 - 126

• 2005 - 32

• 2006 - 28

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TRALI

• Pobremente entendida e controvérsia

• Definição não é universalmente aceita

• Patogênese e incidência incertas

• Desacordo como manejar doadores

envolvidos em TRALI

• Como reduzir o risco de TRALI em

receptores de componentes sangüíneos

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Como TRALI poderia ser definida?

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TRALI

“Um novo episódio de lesão pulmonar aguda que ocorre durante ou dentro de 6 horas de completada uma transfusão, a qual não é no momento associada a uma etiologia ou fator de risco para ALI”

Concensus Conference - Toronto 2004

Transf Med Rev, 2005

, com uma clara relação temporal com a transfusão”

Toy P et al, Crit Care Med, 2005

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Qual a magnitude do risco de TRALI?

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TRALI Consensus Panel - Transfusion 2004

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Causas de morte relacionadas à

transfusão - FDA (2001-2003)

• TRALI - 16,3%

• Reação transfusional hemolítica ABO - 14,3%

• Contaminação bacteriana - 14,1%

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TRALI

• Working Group on TRALI - NIH (USA)– incidência: 1 : 5.000 hemocomponentes

Popovisky et al 1.985

– transfusão nos USA: 25 milhões/ano– casos de TRALI: 5.000/ano– mortalidade: 6% - 300/ano– casos reais reportados: 12/ano– sub-diagnosticada

• pouco reconhecida pelos clínicos

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Reações Transfusionais ImunesReações Transfusionais Imunes

BRASIL BRASIL / ANO / ANO (Transfusões em 2002 = 5.597.312)(Transfusões em 2002 = 5.597.312)

Hemolítica Aguda 1:25.000 121

Hemolítica Tardia 1:5.000 607

Febril não Hemolítica (Hemácias) 1:100 25.615

Febril não Hemolítica (Plaquetas) 1:4 640.391

TRALI 1:5.000 607

Total de Reações Imunológicas / Ano .…….…….. 667.341

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Quais os potenciais mecanismos

fisiopatológicos?

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Silliman et al - Blood 2005

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Brian R. Curtis, Janice G. McFarland

Crit Care Med 2006; 34[Suppl.]:S118–S123

Frequency of human leukocyte antigen (HLA) and neutrophil reactive antibodies

in donors implicated in TRALI.

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Blood Donor HNA-3a Antibody Reactivity

HLA Neutrophil

Patient Fatal Blood

Donor

Blood

Product

Flow

PRA

LCT EIA GIFT-

FC

GAT Specificity Reference

1 No Femalea Plasma NT — NT — + HNA-3a 12

2 Yes Femalea Plasma — + — + + HNA-3a 18

3 Yes Femalea Plasma Class II

(65%)

16% — + + HNA-3a 19

4 Yes Femalea Plasma — — — + + HNA-3a 19

5 No Femalea Plasma Class I

(35%)

— — + + HNA-3a b

6 No Femalea Plasma — — — + + HNA-3a b

7 No Femalea Plasma Class II

(54%)

NT — + NT HNA-3a b

Anti-HNA-3a (5b) cases of Transfusion-related acute lung injury

a - multiparous female blood donorsb - unpublished cases

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Donor antibodies detected in suspected TRALI cases

16 % 33 %% with α-leukocyte antibody

163153Donors tested

224190Total donors involved

MaleFemale

Frequency of donor antibodies:

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%

-PMN

class I + II

class II

class I

-HLA

femalee male

Bang et al, Blood 2003,102:558a

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Anticorpos sempre causam TRALI em pacientes com provável correspondente antígeno?

• Doadora, 54a, G3P2A1, implicada em TRALI

• presença anti-5b alto título no plasma

• 73 doações nos 2 últimos anos (72 PF e 1 ST)

• retrospectiva feita nos últimos 2 anos

– 36/50 pacientes avaliados

– 6/36 (16%) - reação leve a moderada (5 relatados)

– 8/36 (22%) - reação severa (2 relatados)

Conclusão: TRALI foi subdiagnosticada e subrelatada.

Kopko et al. 2002

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Anticorpos sempre causam TRALI em pacientes com provável correspondente antígeno?

• Doadora, 34a, G3P3

• anti-HLA classe I em alto título (PRA > 99%)

• 16 plaquetaférese e 4 plasmaférese - 3 anos

• 20 receptores

• 3 tiveram TRALI

Cooling, 2003

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Anticorpos sempre causam TRALI em pacientes com o correspondente antígeno?

• Conclusões:– Doadores implicados em TRALI podem

causar TRALI em outros receptores

– anticorpos anti-HLA, com correspondente Ag no receptor, não é suficiente para causar TRALI em todos os receptores

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Testes laboratoriais para a detectar anticorpos

em TRALI?

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Donors in suspect TRALI cases• Antibody testing:

– PMN:flow cytometric immunofluorescence test against normal granulocytes

and granulocyte agglutination assay

– HLA: LCT (v 20 cell panel, HLA class I only), HLA enzime-linked immnosorbent

assay

and flow panel-reactive antibody (PRA) assay

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Testes para anticorpos anti-PMN em doadores/pacientes em TRALI

• Complexos, trabalhosos e caros• células sejam isoladas de sangue fresco• disponibilidade de doadores tipados• Ac HLA classe I no soro dificulta identificação• processados em laboratórios com experiência

e controles apropriados• Tipagem de Ag granulocitários (DNA) HNA-

1a,-1b,-1c: especificidade• Ac HNA-3a (5b) melhor detectados por testes

de aglutinação

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Testes para anticorpos anti-HLA em doadores/pacientes em TRALI

• PRA: padrão

– citometria de fluxo

– painel de microbeads com Ag HLA purificados

– detecta ambos Ac HLA Classe I e II

– permite detectar Ac não citotóxicos (LCT)

– especificidade: beads com Ag específicos

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LABScreen PRAClasses + %PRA

LABScreen Single AntigenClasses + especificidadeAmostra

ELISA+ CF

(classes)I II I II

L21 II - +(20%)

A11,A26,A66 DR7

L66 I +(24%)

+(34%)

B41,B44,B45,B47,B50,B76 DR4,DR15,DR16,DQ7

L76 I + II +(44%)

+(57%)

A30,A31,A80,B7,B18,B35,B49,B51,B52,B53,B62,B63,B72,B75,B78,B4005

DR8,DR11,DR13,DR14,DR18,DR52,DP2,DP10,DQ7,DQ8,DQ9

L111 II - +(91%)

A80,B75,B82DR4,DR9,DR10,DR11,DR15,DR53,DR103,DP4,DP10,DQ2,DQ4,DQ7,DQ8,DQ9

L127 I+

(62%)- A23,A24,A25,A32,B38,B44

,B49,B51B52,B53,B57,B58,B59,B63,B77

-

Fabron e col, 2006

Pesquisa de anticorpos anti-HLA em doadoras de sangue.

CF - Citometria de fluxo (painel de 3 células)PRA - % de reatividade contra painel de antígenos

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Baseado em dados epidemiológicos e na fisiopatologia, que estratégias poderiam ser implementadas para

reduzir o risco de TRALI?

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TRALI - Prevenção

• “ Devido TRALI não ter uma etiologia e fisiopatologia bem definidas e não ter um teste diagnóstico rápido, recomendações no momento não existe”

Concensus Conference - Toronto 2004

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Suspected TRALI patients: Outcome

Not reported (13%)

Deceased (17%)

Recovered (70%)

Outcome N %Treatment

3 23 %not reported

3 5 %not reported

7 54 %with mechanical ventilation

10not reported

3 23 %without mechanical ventilation

23 42 %with mechanical ventilation

29 53 %without mechanical ventilation

Bang et al, Blood 2003,102:558a

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Estratégia para prevenir TRALI - doador

• Impedir a doação de indivíduos com risco para desenvolver ou que sabidamente tenham anticorpos (mulheres multíparas ou doadores transfundidos)

• excluir da doação doadores previamente implicados em:– confirmados casos de TRALI– em 2 ou + casos suspeitos de TRALI– em um caso fatal de TRALI

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Porcentagem de aloimunização HLA

Transfusion 1999; 39:

103–106

(332 doadoras)

Prevalência de anticorpos anti-

HLA em doadoras brasileiras

(178 doadoras)

1 Gestação 7,8% 15,2%

2 Gestações 14,6% 28,3%

Multíparas 26,3% 40,9%

Lopes LB e col , 2005

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Estratégia para prevenir TRALI - Hemocomponentes

• Produtos de doadores com Acs ou com probabilidade de ter Acs: fracionamento, depletado de plasma e somente para transfusão de glóbulos.

• Leucorredução para prevenir reatividade com Acs do receptor.

• Leucorredução para diminuir a produção de MRB em componentes celulares.

• Reduzir o tempo de estocagem dos componentes celulares para rteduzir acumulo de citocinas e MRB.

• Componentes celulares lavados.

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Conclusão

“Medidas rigorosas no sentido de proteger contra TRALI devem ser pesadas contra o aumento de custos e contra os potenciais procedimentos desnecessários ou ineficazes que possam aumentar erros e potencialmente reduzir o suprimento de sangue”.


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