Contos, de Vergílio Ferreira “Palavra Mágica”
Este conto, inserido na obra Contos, de Vergílio Ferreira, narra uma história passada numa vila onde Silvestre, um homem viúvo, sem filhos, bastante bondoso e solidário com toda a população, se envolve numa discussão com o Ramos da loja. Silvestre apenas defende a ideia de que o trabalho de um homem de enxada não era de forma alguma bem pago e Ramos, com ideias opostas, chama-lhe inócuo. Ora o pobre viúvo desconhecia o verdadeiro significado da palavra e tomou o termo como uma ofensa.
Dois homens que assistiram ao sucedido, também estes desconhecedores do significado da palavra “inoque”, espalharam-na pela vila como a maior ofensa que alguma vez existira. Primeiro, foi a mulher de Paulinho, que a utilizou com o sentido de “bêbedo”; o perdigão de cabritos foi também ofendido com a mesma, mas já com a conotação de “ladrão” e até o Rainha, que matara o amante da mulher num arraial da vila, foi chamado de “noque” que já significava “assassino”. Assim, esta palavra que todos tomaram como “excomungada” se alastrou, ecoando todo o ódio da população. O caso chegou mesmo ao tribunal e, se quiserem saber a decisão do juiz, têm mesmo de ler este texto tão interessante de Vergílio Ferreira.
Aconselho a leitura do conto a todos os que o não conhecem, pois ele mostra-nos como o uso de uma palavra desconhecida pode gerar confusões, mal-entendidos e até zangas entre as pessoas. Como dizia Aristóteles, “o ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete “ . Assim, questionarmos os significados de algo novo aos nossos ouvidos só nos torna pessoas mais cultas e talvez mais... pacíficas perante qualquer tipo de controvérsias num diálogo.
Lígia Fernandes, 11ºD