LeishmanioseLeishmaniosess
Profa. Dra. Irene SoaresDisciplina Parasitologia Clínica, FCF/USP
1°semestre/2005
Taxonomia
• Filo: Sarcomastigophora
• Classe: Zoomastigophorea
• Ordem: Kinetoplastida
• Família: Trypanosomatidae
• Gêneros:
Leishmania → leishmanioses cutânea e visceral
Trypanosoma: T. cruzi → Doença de Chagas
Biologia do parasita(formas evolutivas)
Classificação das espécies
Complexo mexicana: L. (L.) mexicana L. (L.) amazonensis *L. (L.) pifanoi
• Causam lesões cutâneas (leishmaniose cutânea)• Crescem bem em meios de cultura• São altamente virulentos em hamsters e
camundongos BALB/c• Os promastigotas desenvolvem-se no intestino
médio e anterior dos vetores flebotomíneos• L. (L.) amazonensis é o agente etiológico da
lesihmaniose cutânea difusa no Brasil
Complexo braziliensis: L. (V.) braziliensis *L. (V.) guyanensisL. (V.) panamensis
• Causam lesões cutâneas e mucosas (leishmaniose cutânea e mucocutânea)
• Crescem lentamente em meios de cultura• São pouco virulentos para animais de laboratório• No vetor, os promastigotas desenvolvem-se no
intestino anterior, médio e posterior
Classificação das espécies
Complexo tropica (leishmaniose cutânea)
L. tropica (V. M.)L. major (V. M.)L. aethiopica (V. M.)
Complexo donovani (leishmaniose visceral)
L. (L.) donovani (V. M.)L. (L.) infantum (V. M.) L. (L.) chagasi (N. M.) *
Classificação das espécies
Classificação atual
LAINSON e SHAW (1987): Com base em critérios clínicos, epidemiológicos e biológicos
Organização das espécies que parasitam o homem em dois subgêneros:
Subgênero Leishmania: espécies pertencentes aos Complexos Donovani, Mexicana e Tropica.Ex. Leishmania (Leishmania) amazonensis
Subgênero Viannia: espécies pertencentes ao Complexo Braziliensis. Ex. Leishmania (Viannia) braziliensis
Morfologia do parasita(formas evolutivas)
Amastigota(no hospedeiro vertebrado)
• Intracelular, arredondada, cinetoplasto em forma de bastão e ausência de flagelo livre
• Parasitas exclusivos de células do sistema fagocítico mononuclear (preferencialmente macrófagos)
• Multiplicam-se por divisão binária
Morfologia do parasita(formas evolutivas)
Promastigota(no inseto vetor)
Extracelular, alongadae presença de flagelo
Procíclico: forma de divisãoMetacíclico: forma infectiva
núcleo
cinetoplasto
A doença é transmitidapor insetos flebotomíneos(Phlebotomus sp., Lutzomyia sp.) que inoculam promastigotasmetacíclicos durante o repasto sanguíneo
Mecanismo de Transmissão
No Brasil: gênero Lutzomya(mosquito palha, cangalhinha
ou birigui)
Ciclo Biológico
Trato digestivo anteriorou estômagoDivisão binária
4 a 8 horasPromastigotas são
fagocitados por macrófagos
Divisão no estômago e migraçãopara probóscide
Transformação de amastigota
em estágio promastigotas no estômago
Ingestão de células
parasitadasIngestão de macrófagos infectados com amastigotas
pela fêmea durante respasto sanguíneo
Inoculação do estágio
promastigota na pele
Transformação de promastigotas
em amastigotas dentro dos macrófagos
d
Multiplicação de amastigotas em células (incluindo macrófagos)
d
Ciclo no vetor Ciclo no vertebrado
Hospedeiro acidental
Reservatórios
Doméstico Silvestre
Leishmaniose CutâneaLeishmaniose Cutâneaou Tegumentarou Tegumentar
Formas clínicas
•• Leishmaniose cutânea: Leishmaniose cutânea: L. braziliensis, L. amazonensis, L. guyanensis
•• Leishmaniose Leishmaniose mucocutâneamucocutânea: : L. braziliensis
•• Leishmaniose cutânea difusa: Leishmaniose cutânea difusa: L. amazonensis
Leishmaniose Cutânea - LC
Lesão inicial Formação de pápula Auto-cura
Lesões disseminadas (não ulceradas)
(Leishmaniose Cutânea Difusa - LCD)
Úlcera // Comprometimento de mucosas e cartilagens(única ou (Leishmaniose Mucocutânea - LMC)múltiplas)
Auto-cura
LeishmanioseCutânea
Lesão não ulcerada
LeishmanioseCutânea difusa
Lesão ulcerada
Leishmaniose mucocutânea(Úlcera de Bauru)
Quadro clínico
Leishmaniose VisceralLeishmaniose Visceral
ou ou CalazarCalazar
Sinais gerais1 Sinais viscerais2
óbito1. Febre, anemia, leucopenia, enfraquecimento, etc. (detecção de
amastigotas na medula óssea)2. Hepatomegalia e esplenomegalia.
• Agente etiológico no Brasil: Leishmania (L.) chagasi• Período de incubação: 10 dias a 24 meses (média 2 a
6 meses• Visceralização das amastigotas para órgãos linfóides
Leishmaniose Visceral
Fase Inicial (aguda)
Quadro clínico
Fase final
Mecanismos de invasão da célula hospedeira
• Célula hospedeira Macrófago, outras células (?)
• Mecanismo de entrada Fagocitose
• Ligantes do parasita gp63, LPG
• Receptores CR3, FnR, MFR
Promastigota
• Célula hospedeira Macrófago
• Ligantes do parasita ?
• Receptores ?
• Vacúolo intracelular Presente
• Fusão com lisosomas Pode ou não ocorrer
Amastigota
Resposta imune
Resposta imune inata: produção de IL-12 por macrófagos com posterior ativação de células NK (atividade lítica direta e produção de IFN-γγγγ)
Resposta imune
• A resistência à infecção está associada aativação de células T CD4 do tipo Th1
Camundongos C57BL/6, C3H, CBA
• A susceptibilidade à infecção está relacionadaa resposta de células T CD4 do tipo Th2
Camundongos BALB/c
Citocinas que agem na diferenciação dos linfócitos Th1durante a resposta imune
APC (CD?)
IFN-αααα/ ββββIL-12
IL-12
IFN-γγγγ
NK MØinfectado
IL-2IFN-γγγγTNF-ββββ
Th1CD4naive
⇔
IL-12
Ativação de MØ
Promastigota (LPG)L. Major
Th2
IFN-γγγγ ((((−−−−))))
Camundongos C57BL/6 e C3H(resistentes)
Resolução da infecção:envolve a produção de IFN-γγγγ com posterior ativação de macrófagos e síntese de óxido nítrico (NO)
Citocinas que agem na diferenciação dos linfócitos Th2durante a resposta imune
IL-4 (+)IL-4IL-5IL-10IL-13
LT Vαααα8Vββββ4APC
CD4naive
Th2⇔
LB
Ativação de LB
L. major
Camundongos BALB/c (susceptíveis)
AgLACK
Th1↓↓↓↓ IL-12Rββββ2↓↓↓↓ IFN-γγγγ↓↓↓↓ NO IL-4 (-)
Droga de primeira escolha:
Antimoniais pentavalentes (Glucantime, Pentostam)
Aplicação: i.v. ou i.m. diária (20 a 28 dias)
Mecanismo de ação: inibem a via glicolítica e a oxidação
de ácidos graxos� amastigota
Contra-indicações: mulheres gestantes e pacientes cardíacos
Efeitos colaterais
Tratamento
Drogas de secunda escolha:
Anfotericina B (fungizona):
Aplicação: i.v. Mecanismo de ação: altera síntese de fosfolípides de membranaContra-indicações: mulheres gestantes, cardiopatas, nefropatase hepatopatasEfeitos colaterais: diversos
Pentamidina:
Aplicação: i.m.Mecanismo de ação: altera a estrutura do cinetoplasto e síntesede poliaminasMenos eficazes e de maior toxicidade
Tratamento
Epidemiologia
• 88 países são considerados regiões endêmicas (Américas, África, Ásia e sul da Europa).
• 350 milhões de pessoas estão sob risco de infecção;
• Cerca de 15 milhões de pessoas estão infectadas;
• Estima-se que ocorram aproximadamente de 1.5 - 2 milhões de novos casos por ano.
Situação Epidemiológica no Mundo - LC
Situação Epidemiológica no Mundo - LV
Situação Epidemiológica no Brasil - LV
Situação Epidemiológica no Brasil - LV
Reservatórios
Espécies que causam formas cutâneas de leishmaniose no homem:
���� Animais silvestres (pacas, tutus, capivaras,bichos preguiça e outros roedores silvestres)
���� Animal doméstico (cão)
Espécies que causam formas viscerais de Leishmaniose no homem:
���� Animal silvestre (raposa)���� Animal doméstico (cão)
Parasitas vivos atenuadosParasitas mortosSubunidades antigênicas:
Proteína recombinanteVírus recombinanteVacinas de DNAImunização com células dendríticas
Estratégias de vacinação
gp63LACKPSA2TSALmSTI1LeIF
Antígenos
Diagnóstico laboratorial - LCDiagnóstico Parasitológico:
• Exame direto de preparações coradas (Giemsa ou Leishman): Mais apropriado nos casos de leishmaniose cutânea causada pelaL. (L.) amazonensis � Amastigotas
As amostras de lesão podem ser obtidas por:- Escarificação- Biópsia com impressão por aposição- Aspiração (punção)
• Exame histopatológico � HE
• Cultura: Meios NNN ou LIT (27ºC), 1 semana � PromastigotasMétodos bioquímicos e imunológicos → identificação de espécie
• Inoculação de animais (hamsters) � observar aparecimento de lesões (~ 1 mês)
Diagnóstico laboratorial - LC
Diagnóstico Imunológico:
• Intradermorreação de Montenegro (IRM)
• Imunofluorescência indireta
• ELISA
� A IRM apresenta-se negativa nos casos de leishmaniosecutâneo-difusa
Diagnóstico laboratorial - LC
Intradermorreação de Montenegro (IRM)
Princípio: teste de hipersensibilidade tardia
Técnica: inoculação de um extrato antigênico de promastigotasna face anterior do antebraço
Leitura: após 48 horas medir o diâmetro da induração
Interpretação:
• Reação Negativa: ausência de qualquer sinal no local de inoculaçãoou presença de uma pápula com diâmetro < 5 mm
• Reação Positiva: presença de pápula ou nódulo com diâmetro > ou= 5 mm
Diagnóstico Parasitológico:
• Exame direto de preparações coradas (Giemsa ou Leishman): � Pesquisa de formas amastigotas
Amostras: punção aspirativa de medula óssea, linfonodos, fígado e baço
• Cultura: � Pesquisa de formas promastigotasMétodos bioquímicos e imunológicos → identificação de espécie
• Inoculação de animais (hamsters)
Diagnóstico laboratorial - LV
Diagnóstico laboratorial - LV
Diagnóstico Imunológico:
• Intradermorreação de Montenegro (IRM)
• Imunofluorescência indireta
• ELISA
� A IRM apresenta-se negativa nos casos avançados deleishmaniose visceral
Métodos para caracterização das espécies de Leishmania
• Utilização de anticorpos monoclonais
• Perfil de isoenzimas
• Hibridização de DNA de cinetoplasto
• PCR: detecta a presença de DNA de Leishmania a partir da utilização de oligonucleotídeos de sequências conservadas de determinadas espécies desse parasita
Doença de Chagas
Biologia do parasita(formas evolutivas)
Tripomastigota: (no hospedeiro vertebrado e em cultura de células)
• Forma alongada com cinetoplasto posterior ao núcleo
• O flagelo forma uma extensa membrana ondulante e torna-se livre na porção anterior da célula
Biologia do parasita(formas evolutivas)
Amastigota(no hospedeiro vertebrado e
em cultura de células)
• intracelular, arredondada ou oval, desprovida de flagelo livre
• Parasita grande variedade de células, incluindo macrófagos, fibroblastos, células endoteliais e musculares
• Multiplica-se por divisão binária
Biologia do parasita(formas evolutivas)
Epimastigota(no inseto vetor)
• Forma alongada com cinetoplasto anterior e próximo ao núcleo
• Possui pequena membrana ondulante lateralmente disposta
• Multiplica-se por divisão binária
Ciclo biológico
• Hospedeiros invertebrados: insetos da FamíliaReduviidae, sendo as espécies mais representativasTriatoma infestans, Panstrongylus megistus e Rhodniusprolixus
Conhecidos popularmente no Brasil como “barbeiros”
• Hospedeiros vertebrados: homem e outros mamíferos (gato, cão, porco doméstico, rato, macaco de cheiro,sagui, tatu, gambá, morcego)
Transmissão
Ocorre pela deposição na pelede formas tripomastigotas metacíclicos eliminados pelos triatomíneos através das fezes ou urina
Principal espécie vetora no Brasil: Triatoma infestans
Ciclo biológico do Trypanosoma cruzi
tripomastigota ← amastigota ← tripomastigota
tripomastigota → epimastigota → tripomastigota
Diagnóstico Parasitológico
Detecção de tripomastigotas sanguíneos em esfregaçocorado com Giemsa ou Leishman
T. cruzi (tripomastigota)