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CLUBE DO JORNAL ESCOLAR: UM PROJECTO ENGLOBANTE
Memórias e hábitos de leitura A opção pela participação em equipas de coordenação do Clube do
Jornal Escolar (CJE), enquanto aluno e professor, deve-se, certamente, aos
hábitos de leitura promovidos pelo meu pai, que diariamente adquiria e
comentava um jornal. A minha motivação pelas letras foi incentivada pelo
contacto com a imprensa e pela oportunidade de acompanhar os
acontecimentos nas páginas dos jornais.
Na escola do século XXI, a formação de cidadãos conscientes e activos
é um objectivo fundamental dos projectos educativos. O texto informativo (em
qualquer suporte ou registo) e o fotojornalismo podem desencadear
aprendizagens e processos de motivação na sala de aula e nas actividades de
enriquecimento. Os hábitos de leitura de jornais, dentro e fora da escola, são
um alicerce para a construção de uma visão pertinente e de uma análise crítica
da sociedade.
A importância do Clube do Jornal Escolar na dinâmica da comunidade educativa O contributo da imprensa para a promoção da leitura, da literacia e da
cidadania plena é inegável, bem como a análise mais ou menos aprofundada
(de acordo com o nível etário dos alunos) da influência dos media na “aldeia
global” é vital para uma interpretação fundamentada da actualidade. Uma
escola capaz de interagir com a comunidade tem de sair da sala de aula e
dotar-se de espaços, como os clubes, que não “ocupem” os alunos nos tempos
livres, mas lhes permitam desenvolver as suas competências didactica e
ludicamente.
A construção de um projecto no âmbito das Actividades de
Enriquecimento Curricular (AEC) tem como pressupostos as orientações
curriculares da política educativa, o projecto educativo do estabelecimento ou
agrupamento de ensino e a interacção do meio sociocultural envolvente. O
CJE, nesse sentido, é entendido como um órgão fulcral no conhecimento e na
exploração da criatividade, da autonomia e das mais diversificadas vivências.
Assim, o CJE, quer na sua vertente de imprensa escrita (em papel e/ou na
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página web da escola) quer alargado aos Clube da Rádio e Clube da
Fotografia, entender-se-á como um projecto dinamizador e motivador da vida
escolar.
Os desafios da época contemporânea não se compadecem com uma
escolaridade “enclausurada” na sala de aula ou com visões tradicionalistas do
processo de ensino-aprendizagem. Daí que o CJE não deva ser delineado
como uma mera “ocupação de tempos livres”, mas como um espaço lúdico de
conhecimento e de formação. A concretização do projecto do CJE não se
esgota na publicação periódica do jornal e respectiva colaboração na página
web do estabelecimento de ensino (actividades já de si louváveis pelo esforço
que exigem dos intervenientes), mas, na perspectiva perfilhada, ultrapassa
essa dimensão, pois pode motivar vocações e caminhos profissionais.
Um projecto educativo de escola e/ou de agrupamento escolar que
consagre o CJE como actividade dinâmica tem de assumir as AEC como uma
vertente de aprendizagem. Abrem-se, desta forma, portas para uma inter-
relação entre diversos clubes e a criação do “Repórteres em Movimento”. A
conjunção de três clubes, Jornal Escolar, Fotografia e Rádio, estruturados
como partes de um todo, pode resultar numa aliciante experiência pedagógica
e constituir-se como uma pertinente oferta de escola.
Se, à partida, os objectivos do CJE são a redacção, a edição e a
publicação do jornal escolar com a indispensável colaboração das TIC, o Clube
da Fotografia (CF) e o Clube da Rádio (CR) poderão torná-los,
pedagogicamente, mais “ambiciosos”, por exemplo:
CF – a dimensão do fotojornalismo, a reportagem dos acontecimentos
da comunidade educativa, as exposições dos repórteres escolares ou outros,
etc.;
CR – a dinamização cultural de espaços e momentos da escola, as
entrevistas, um serviço noticioso, a descoberta de talentos entre alunos,
professores ou funcionários para a locução, etc..
Nesta dimensão, o CJE, o CF e o CR, num projecto comum e “orgânico”,
estimularão a comunidade educativa para um maior conhecimento da
realidade envolvente e do mundo da comunicação social. Além da formação de
indivíduos críticos e intervenientes, possibilitará combater a indiferença à
escola. Estes três clubes estruturados no projecto denominado como o
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“Repórteres em Movimento” permitirão a compreensão do papel da imprensa,
dos órgãos da comunicação social e do universo jornalístico como factores
fundamentais da sociedade contemporânea e a interactividade, numa escola
e/ou agrupamento, dos seus diversos elementos. Este projecto, em situações
correntes e até em alunos com Necessidades Educativas Especiais e/ou
Currículos Alternativos, poderá constituir-se como oferta de escola.
De uma forma mais ou menos implícita (de acordo com o grupo etário e
a literacia dos alunos envolvidos) a equipa de coordenação do CJE pode
desenvolver estratégias para uma compreensão gradual do papel da imprensa,
dos órgãos de comunicação social, dos “opinion makers” e do universo do
audiovisual na “aldeia global” em que vivemos. Se os alunos estiverem
envolvidos nessa mesma dinâmica compreenderão o seu papel (activo) e não
como meros espectadores.
Potencialidades de um projecto Uma possibilidade de intercâmbio do “Repórteres em Movimento” com a
comunidade educativa é a relação com outros clubes e com os departamentos
disciplinares, a nível de criação de secções específicas do jornal com uma
colaboração permanente ou pontual. Vários estabelecimentos de ensino
promovem um tema aglutinador para o seu projecto educativo e para suas as
actividades anuais, pelo que o CJE poderá publicar artigos, entrevistas e outro
tipo de trabalhos
Os Conselhos de Turma, por vezes, na planificação das Áreas
Curriculares Não-Disciplinares (especialmente Formação Cívica e Área de
Projecto) deparam-se com dificuldades na escolha, selecção e definição de
temas e de estratégias. A pesquisa e a elaboração de trabalhos para
publicação no jornal escolar ou para dinamização de um momento radiofónico
(por exemplo, a recolha de dados sobre grupos musicais ou músicas sobre
determinado tema ou época pode dar origem a um programa de rádio de uma
turma) podem incentivar um grupo de alunos para uma actividade que
“marque” a escola. Da mesma forma, um debate ou uma conferência no CR
pode ser precedida pela publicação de uma entrevista ou reportagem no jornal
escolar. Muitas ideias surgirão se a equipa de coordenação do CJE estiver
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atenta aos interesses socioculturais da comunidade educativa e se os alunos
participarem activamente.
Considerando as premissas educativas actuais, o CJE (ou o “Repórteres
em Movimento”) serve como veículo para a formação de uma cidadania plena
e consciente e para o uso correcto da Língua Portuguesa (escrita e oral). Os
alunos envolvidos, principalmente, desenvolverão capacidades de trabalho com
as TIC e outras tecnologias (fotografia e rádio).
João V. Faria
P.Q.N.D. 300