29
INTRODUÇÃO
É surpreendente que em uma fazenda
localizada numa cidadezinha do interior
paulista seja possível encontrar
manifestações culturais de alto nível,
conviver com pessoas de diversas partes do
mundo, vivenciar e criar a arte em sua
plenitude.
Em Mirandópolis, município do
noroeste do Estado de São Paulo, uma
pequena comunidade de imigrantes japoneses
denominada Yuba, promove diariamente
diversas manifestações culturais como
teatro, dança, música, cerâmica e coral
entre outras. Povos de diversas partes do
Brasil e do mundo visitam a pequena
comunidade e participam do seu cotidiano
numa constante permuta cultural. Artistas
de diversos segmentos também chegam para
vivenciar e garimpar o fazer cultural
promovido pelas pessoas que vivem na
Comunidade Yuba.
Essas manifestações culturais
aplaudidas por povos de todo o mundo,
acontecem principalmente em um galpão de
madeira construído precariamente na década
de 1960, denominado “Teatro Yuba”.
O presente trabalho acadêmico tem
como objetivo o desenvolvimento deum
projeto de um novo teatro para a
Comunidade Yuba.
Verificada a estrutura improvisada do
teatro existente, único do múnicípio, o
que se contrapõeà qualidade da arte ali
apresentada, indagou-se aos moradores da
comunidade se almejavam um novo teatro, ou
uma intervenção que trouxesse melhorias ao
espaço hoje utilizado como teatro. Em
entrevista com o Sr. Masakatsu Yazaki,
professor de música,maestro e responsável
por manter a memória da comunidade viva
através de fotos e relatos, foi revelado o
30
desejo dos membros da comunidade:Erguer um
novo e estruturado teatro com um palco
maior e competente, camarins e toda a
estrutura necessária que um teatro deve
proporcionar aos artistas e expectadores.
Tornou-se então concreta a proposta de
elaboração de um projeto para o novo
teatro que possa ir aoencontro das
pretensões desses moradores-artistas.
Refletir de forma direta o sentimento
desses artistas e a profundidade de sua
arte, através de estudo da história da
comunidade, do uso do atual teatro, bem
como,a escolha de referências para a
execução do projeto é o desafio a ser
vencido, uma vez que várias gerações
utilizam o velho palco e se adptaram
completamente a ele. O novo teatro precisa
ser oferecido com a difícil missão de se
apresentar íntimo e familiar.
31
1. FUNDAMENTAÇÃO
1.1 Mirandópolis
Conhecida como a “altaneira cidade
labor”, Mirandópolis está localizada no
noroeste paulista (Figura 01) a
uma altitude 21º08'01"sul e a
uma longitude 51º06'06" oeste. Foi fundada
em 24 de junho de 1934 pelo nordestino
Manoel Alves de Ataíde. O município
(Figura 02) possuía 27.483 habitantes,
segundo o Censo de 2010 (IBGE).
Figura 01: Localização de Mirandópolis no
Estado de São Paulo
Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:SaoPaulo_Municip_
Mirandopolis.sv
Segundo o site oficial da Prefeitura
de Mirandópolis, o início da história do
município é atrelado ao desenvolvimento
ferroviário na região.
Por volta de 1920, a Estrada de Ferro
Noroeste do Brasil, deu início à construção
de sua variante Araçatuba-Juquiá,
promovendo o surgimento de vários núcleos
populacionais, no local que ficou conhecido
por “Região da Variante”. Nessa época,
32
Manoel Alves de Atayde desmatou uma gleba
de terras, entre as cabeceiras do Ribeirão
Claro e do córrego da Saudade (de São
João), na vertente do rio Feio. A
construção de algumas cabanas, deu início
ao primeiro núcleo populacional, que ficou
conhecido por São João da Saudade. Em 1934,
Atayde doou à Ferrovia, os terrenos
necessários à implantação de uma estação.
Auxiliado por outros povoados, elaborou o
plano da cidade e construiu uma rústica
capela. Dois anos depois, foi inaugurada a
estação, ficando a povoação denominada
Mirandópolis, em homenagem ao Senador
Rodolfo Miranda, ativo colaborador da
comunidade. Quando da elevação a Distrito
de Paz, em 1937, foi-lhe conferido o nome
Comandante Árbues. Nessa ocasião, o Sr.
Raul da Cunha Bueno traçou um loteamento
urbano na Fazenda São Joaquim, da qual era
proprietário. Esse loteamento, que ficava
de frente a Mirandópolis (Comandante
Árbues), recebeu o nome de Nova Paulicéia.
Somente por ocasião da elevação à categoria
de Município, o topônimo Mirandópolis ficou
oficializado, em atendimento à vontade da
comunidade local. (Mirandópolis.
Htpp://www.mirandopolis.sp.gov.br/historia,
2015).
Figura02: Foto área do centro da cidade de
Mirandópolis
Fonte:
http://fotoshistoricasmirandopolis.blogspot.com.br/2012
/04/lembrancas-em-fotos.html
1.1.1 Imigração Japonesa e Distrito de
Alianças
Antes do surgimento do município de
Mirandópolis, imigrantes japoneses
33
enfrentaram as matas virgens das terras
devolutas da alta noroeste paulista a fim
de conquistarem um novo lar em uma terra
tão distante. Clareiras foram abertas na
mata e pequenas construções formaram um
povoado denominado Alianças. Os bravos
pioneiros japoneses que enfrentaram a mata
virgem e todos os seus perigos são
reverenciados em todas as manifestações da
colônia japonesa no município.
Os japoneses participaram da colonização e
do desenvolvimento do município de
Mirandópolis aos instalarem nessas terras,
um núcleo de colonização, dez anos antes da
fundação da cidade que viria a ser a sede
da comuna. (FALLEIROS, 2000, p.73).
Um dos princípios dos imigrantes
instalados no Distrito da Aliança foi a
preservação de sua cultura, que por vários
anos não sofreu consideráveis influências
brasileiras.
A colônia das alianças tinha todas as
características de uma província japonesa.
O idioma era o japonês; os usos e costumes
eram japoneses; a arquitetura, sempre que
possível, copiava o estilo oriental; a
religião praticada pela maioria era o
budismo e o ensino nas escolas ministrado
em língua japonesa. (FALLEIROS, 2000,
p.79).
1.2 Comunidade Yuba, o sonho de um
jovem
A história da comunidade Yuba, inicia-
se no sonho de seu fundador, Isamu Yuba
(Figura 03), inspirado principalmente nas
idéias iluministas de Rousseau.
No início, Isamu Yuba queria mesmo ser
marinheiro. Capitão de preferência. Desde
criança já suspeitava que o destino não lhe
daria uma vida ordinária. Por um momento,
achou que seu lugar poderia ser o mar. E
três tentativas fracassadas de ingressar na
escola naval não foram suficientes para
demovê-lo dessa idéia. Até que conheceu
Jean-Jacques Rousseau. Foi na casa de um
primo,em Kobe, Isamu tinha 19 anos e havia
ido à cidade para tentar, pela quarta vez,
ser aceito como marinheiro. Sobre a cama,
viu um exemplar em japonês de Emílio,
clássico do Iluminismo em que o filósofo
34
francês apontava os caminhos para preservar
a bondade natural do homem numa sociedade
corrupta (KANZAWA, 2010, p10).
A possibilidade de ida ao Brasil
surgiu através de um cartaz o qual Isamu
Yuba, teve acesso.
Mais tarde, enquanto aguardava o trem que o
levaria de volta à aldeia natal, por uma
dessas imponderáveis contingências que nos
assaltam de vez em quando, um cartaz saltou
aos olhos do rapaz. “Vá para a terra
prometida”, livre e sagrada da América do
Sul, dizia. Naquela noite, Isamu já não
sonhava mais com o mar (KANZAWA, 2010,
p.10).
Em 1926, estando sua família com
problemas financeiros, Isamu consegue
convencer seu pai a buscar no Brasil uma
nova possibilidade de recomeço para sua
família, como relata Kanzawa,(2010).
Empobrecido e com sete filhos para
sustentar, o velho Tamenosuke logo se
deixou convencer pelo primogênito, naquela
altura já embriagado pelas idéias de
Rosseaue ansioso por plantá-las em solo
virgem. No primeiro dia de abril daquele
ano, Isamu, acompanhado de seus pais, seus
seis irmãos e sua avó, embarcaram no navio
Hawai-Maru com destino a Santos (KANZAWA,
2010, p.11).
Ao se fixar na Primeira Aliança,
IsamuYubadividia-se entre derrubadas da
mata virgem e a leitura da Bíblia e de
filósofos como Rousseau e Tolstói.
Nutrindo-se de ensinamentos cristãos,
somados aos de Rousseau e de Tolstói, o
jovem Isamu não via a hora de botar em
prática seu projeto pessoal, ainda mais
audaz que o de Nagata: construir uma
sociedade igualitária, apegada aos valores
nipônicos, mas não ao dinheiro, em que
todos vivessem próximos à natureza e se
dedicassem a cultivar as artes com o mesmo
empenho com que cultivassem a terra
(KANZAWA, 2010, p.15).
Em 1935, Isamu Yuba, adquire 40
alqueires no distrito de Guaraçaí (atual
distrito de Formosa, município de
Guaraçaí-SP) e dá inicio ao seu projeto
pessoal da criação de uma sociedade
melhor.
Tal projeto germinou no outono de 1935, sob
o nome de Fazenda Yuba, num terreno de
quarenta alqueires no então distrito de
Guaraçaí, pertinho da Primeira Aliança. No
35
começo era, apenas Isamu, meia dúzia de
amigos e suas respectivas famílias.
Dedicavam-se à avicultura e, de vez em
quando, reuniam-se na cozinha para cantar
(KANZAWA, 2010, p.15).
Com o passar dos anos, a Comunidade
Yuba, prosperou, chegando a possuir 300
moradores e ser considerada a maior granja
avícola da América Latina, até ocorrer seu
declínio e a falência, no ano de 1956
Dez anos depois, a comunidade somava mais
de trezentas pessoas. Muitos nikkeis vieram
pedir asilo depois que a guerra estourou,
para escapar da repressão. Isamu nunca
negava. Quando gente do governo veio
investigar como é que podia haver tanto
japonês junto, ele argumentou que estavam
trabalhando para o crescimento do país. O
governo autorizou. Nos anos da guerra,
aquele pedaço do Brasil foi um dos raros
lugares onde a língua japonesa pôde ser
usada.
Tamanha mão de obra transformou a Fazenda
Yuba na maior granja da América Latina,
dona de 220 mil aves. Em 1951, ganhou até
reportagem na revista O Cruzeiro, onde seu
fundador figurava como “O Rei das
Galinhas”. Isamu Yuba ficou famoso; rodou o
Brasil, virou amigo de gente como Getúlio
Vargas e Assis Chateaubriand. Então,
quebrou (KANZAWA, 2010, p.15).
Figura 03:Isamu Yuba
Fonte: Acervo da Comunidade
Mesmo após a falência, Isamu Yuba não
desistiu de seu sonho e com ajuda de
amigos, adquiriu um novo local para
reiniciar o modelo cooperativista de sua
comunidade, local onde seus descendentes e
novos moradores estão instalados até os
dias atuais.
Em junho de 1956, graças à ajuda de amigos,
Isamu obteve um terreno de dez alqueires na
Primeira Aliança, agora parte do município
de Mirandópolis. E lá começou a reerguer a
fazenda Yuba, ainda com um terço do tamanho
36
que tem hoje. Quando por fim o dinheiro
começou a entrar de novo na comunidade,
Isamu logo pegou estrada para São Paulo.
Todo mundo achava que ele chegaria com um
trator ou algo do tipo. Voltou com um piano
de cauda(KANZAWA, 2010, p.15).
1.3 Comunidade Yuba: onde a arte brota
da terra
Os anos se passaram e as atividades
culturais e artísticas produzidas pela
comunidade foram ficando cada vez mais
conhecidas. Falleiros (2000), enfatiza o
destaque obtido pela Comunidade Yuba
através de suas atribuições culturais
(Figuras 04 e 05).
Entre as atividades desenvolvidas pela
colônia japonesa no município, destacam-se
as da Comunidade Yuba. Sabiamente
implantada pelo grande líder Isamu Yuba, lá
as famílias de agricultores laboram o
regime de que, além de suas atividades na
lavoura, cultivam belíssima atividade
cultural que inclui artes marciais, teatro,
balé clássico e artes plásticas, seus
artistas divulgam o nome de Mirandópolis
através do Brasil e do mundo (FALLEIROS,
2000, p.82).
Figura 04:Arte sendo passada por gerações
:
Fonte: Foto extraída do livro “Yuba”, Lucilene Kanzawa,
Ed. Terra Virgem
Figura 05: Coral Yuba
Fonte: Acervo cedido pela Comunidade Yuba
37
1.3.1 Balé Yuba
A vinda do casal Hisao e Akiko Ohara
transformou profundamente a rotina
cultural da comunidade. Hisao, ou Shoosan
como era conhecido, era escultor e Akiko,
bailarina e coreógrafa. Akiko (Figura 06)
foi a inspiração para a construção do
Teatro Yuba. Reunindo diariamente o corpo
de dança da comunidade em um páteo,
aprimorava suas técnicas e desenvolvendo
novas e belas coreografias. Assistindo
esses ensaios, Isamu Yuba decidiu derrubar
centenas de pés de café e em poucos dias o
Teatro Yuba, tal qual se apresenta hoje,
estava erguido e a professora de balé
tinha então um palco para ensinar suas
alunas. Assim surgiu o respeitado Balé
Yuba.
O ano é 1961 e o lugar é Tóquio, a capital
japonesa. O jovem escultor Hisao Ohara, de 29
anos, e sua esposa, a bailarina e coreógrafa
Akiko Ohara (foto abaixo), de 26 anos,
preparam suas malas para uma viagem
inesquecível ao Brasil. Mas não iriam fazer
turismo. Haviam decidido morar na Fazenda
Yuba, em Mirandópolis/SP, onde o patriarca
Isamu Yuba, visualizava uma nova fase
cultural em sua comunidade, com a construção
do teatro e o ensino da arte da escultura.
O casal chegou no dia 14 de dezembro daquele
ano, e a comunidade começava a construir o
seu teatro, onde a experiência de Hisao,
formado em Belas Artes e com vivência em
atuação, cenografia e iluminação, seria muito
útil. Enquanto isso, as crianças ensaiavam as
peças que seriam apresentadas na festa de
Natal, e Akiko, com experiência em
coreografia para televisão, começou a
orientá-las. Logo, Akiko passou a ensinar
balé moderno a esse grupo, formando o famoso
balé de Yuba, que divulgaria o nome da
fazenda comunitária para todo o mundo. Em
1974, o balé Yuba se apresentou ao então
primeiro ministro Kakuei Tanaka, e em
1997,foi visto pelocasalimperial japonês em
sua visita pelo Brasil
(Cultura Japonesa.
http://www.culturajaponesa.com.br/?tag=akiko-
ohara, 2015).
38
Figura 06: Coreógrava Akiko Ohara
Fonte: http://www.culturajaponesa.com.br/wp-
content/uploads/2014/08/Tomodachi-Biritiba-Yuba-Akiko-
Ohara.jpg
2. TEATROS
2.1 Teatro
“Um espaço, um homem que ocupa este
espaço, outro homem que o observa”.
Peixoto (1995, página 9).
Existem várias teorias sobre o
surgimento do teatro. De acordo com o
volume6, Teatro 1, de Raymundo Magalhães
Júnior, a origem do teatro é tida como
egípcia (Figura 07).
Antes mesmo do florescimento do teatro
grego da antiguidade (Figura 08), a
civilização egípcia tinha nas
representações dramáticas uma das
expressões de sua cultura. Essas
representações tiveram origem religiosa,
sendo destinadas a exaltar as principais
divindades da mitologia egípcia,
principalmente Osíris e Ísis. Três mil e
duzentos anos antes de Cristo, já existiam
tais representações teatrais. E foi do
Egito que elas passaram para a Grécia, onde
o teatro teve um florescimento admirável,
graças à genialidade dos dramaturgos
gregos. Para o mundo ocidental a Grécia é
considerada o berço do teatro, ainda que a
precedência seja do Egito
(JUNIOR,1980,p.3).
39
Figura 07: Deuses Osíris e Ísis
Fonte: http://historias-
fantasticas.blogs.sapo.pt/2090.html
Figura 08: Teatro Grego (350-300 A.C)
http://sesi.webensino.com.br/sistema/webensino/aulas/re
pository_data//SESIeduca/ENS_MED/ENS_MED_F01_PORT/660_P
OR_ENS_MED_01_04/imagens/ref/FIG_008.png
2.2 Teatro no Japão
O surgimento do teatro no Japão
(Figura 09) dá-se durante a Idade Média.
“O primeiro dramaturgo japonês, o
sacerdote Kwanamy Kyotsugu, viveu entre os
anos de 1333 e 1184 da era cristã”
(Junior,1980, p.4).
40
Figura 9: Palco do Teatro Nacional de Nô,
Tóquio.
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Noh-
stage.jpg
3. RECORTE ESPACIAL
3.1 Marcas da comunidade japonesa no
município de Mirandópolis
Mirandópolis, recebeu e recebe
influência cultural de seus moradores
descentes de japoneses. Essa cultura foi
absorvida por grande parte dos moradores
do município: comer sushi, jogar beisebol,
frequentar templos de religiões orientais,
participar da festa do Bon Odori, são
vistos como algo rotineiro no dia-a-dia da
sociedade.
3.1.1 Religião
Parte dos moradores da Comunidade Yuba
e das três Alianças frequentam a igreja
evangélica que realiza cultos no idioma
japonês (Figura 10) situada no bairro
Primeira Aliança. Na cidade de
Mirandópolis existem ainda a Igrejas
Messianica Mundial do Brasil (Figura 11) e
também um templo da Seicho-No-Ie do Brasil
(Figura 12), frequentadas por japoneses e
seus descendentes e também por brasileiros
sem nenhuma descendencia japonesa.
41
Figura 10: Igreja Evangélica Aliança
Fonte: Do autor, 2015.
Figura 11:Igreja Messiânica Mundial do Brasil
Fonte: Do autor, 2015
Figura 12: Templo da Seicho-No-Ie do Brasil
Figura: Do autor, 201
42
3.1.2 Monumentos e Praças
No município é comum encontrar
monumentos com características japonesas
erguidos (Figuras 13 a 18) para marcar uma
data ou ainda para comemorar um momento
histórico como a “Aliança Eterna” (figura
16) escultura produzida pelo escultor
Ohara (morador da Comunidade Yuba).
Algumas praças da cidade possuem nomes e
características típicas japonesas.
Figura 13: Monumento comemorativo 40 anos das
cidades co-irmãs Mirandópolis-Takaoka
Fonte: Do autor, 2015
43
Figura 14: Praça Brasil-Japão
Fonte: Do autor, 2015
Figura 15: Monumento comemorativo 30 anos
cidades co-irmãs, Mirandópolis-Takaoka
Fonte: Do autor, 2015
44
Figura 16: Monumento Aliança eterna
Fonte: Do autor, 2015
Figura 17: Praça Takaoka, batizada com o nome
da cidade japonesa co-irmã de Mirandópolis
Fonte: Do autor, 2015
45
Figura 18: Bosque Chikazu Kitahara (homenagem
a um dos primeiros imigrantes japonês das
Aliança)
Fonte: Do autor, 2015
3.1.3 Educação e esporte
Mirandópolis recebe grande influência
japonesa na educação e no esporte
(Figuras 19 a 22). O município conta com
escolas de língua japonesa onde o
professor é cedido e parcialmente
custeado pelo governo japonês cabendo a
colônia japonesa de Mirandópolis arcar
com um complemento salarial e acomodações
para o mestre japonês, que é substituido
a cada dois anos. Tanto a cidade de
Mirandópolis como os bairros das Alianças
possuem campos de beisebol e de
atletismo.
Figura 19: Escola de Língua Japonesa de
Mirandópolis
Fonte: Do autor, 2015
46
Figura 20: Escola de língua japonesa do bairro
Primeira Aliança
Fonte: Do autor, 2015
Figura 21: Kaikan e centro de atletismo
Fonte: Do autor, 2015
47
Figura 22: Campo de Beisebol (esporte
difundido em Mirandópolis por Isamu Yuba)
Fonte: Do autor, 2015
3.1.4 Lazer e Gastronomia
A cidade conta com clubes nipônicos
(Figuras 23 a 25) que reunem a colônia
japonesa e não descendentes através de
reuniões e festivais culturais. Feiras
com produtos japoneses (Figura 26) são
bastante comuns em Mirandópolis. Jantares
com objetivos de arrecadar fundos para
esportes e educação ocorrem frequentemente
nos Nipos.
Figura 23: Clube Nipo do Bairro Primeira
Aliança
Fonte: Do autor, 2015
48
Figura 24: Clube Nipo do Bairro Segunda
Aliança
Fonte: Do autor, 2015
Figura 25: Clube Nipo da cidade de
Mirandópolis
Fonte: Do autor, 2015
Figura 26: Feirante de culinária típica
Fonte: Do autor, 2015
3.1.5 Construções
Percorrendo as ruas da cidade e dos
bairros Amandaba e Alianças é comum
encontrar construções erguidas pelos
pioneiros imigrantes japoneses (Figura
27). As casas apresentam uma arquitetura
peculiar com forte relação com o país de
origem. Era a maneira que os imigrantes
tinham de implantar no solo brasileiro as
linhas das construções japonesas.
49
Figura 27: Exemplo de construção típica de
imigrante japonês no bairro Segunda Aliança
Fonte: Do autor, 2015
3.2 Fazenda Yuba
O Ponto Cultural Comunidade Yuba
localiza-se na zona rural de Mirandópolis,
defronte à Vicinal Shikazu Kitahara, a 2,5
km do Distrito de Primeira Aliança e 20 km
da sede do município de Mirandópolis
(Figuras 28 e 29).
De clima tropical, o vento
predominante vem da direção sudeleste
(Figura 30).
Figura 28: Demonstrativo distância Yuba – Sede
do Município
Fonte: Adaptado de Google Map
50
Figura 29: Demonstrativo distância Yuba -
Distrito
Fonte: Adaptado de Google Maps
Figura 30: Ventos predominantes
Fonte: Adaptado de Google Maps
51
Figura 31: Vista aérea das edificações da
comunidade
Fonte: Acervo cedido pela Comunidade Yuba
3.2.1 Em Yuba
“Comunidade Yuba, onde a arte brota da
terra”. Com este slogan YUBA K. (2014), 68
anos, filha do fundador da comunidade
Isamu Yuba, escritora, cantora lírica e
bailarina do Balé Yuba, define seu lar
(Figura 31) e apresenta a “alma” dos
aproximadamente 88 moradores da
comunidade.
“Ao chegar à comunidade o visitante
depara-se com uma fazenda como outra
qualquer, mas na medida em que o carro vai
se aproximando e as casas vão surgindo
diante dos olhos percebe-se que existe
algo maior ali naquele espaço. Um grande
galpão de madeira revela-se com uma imensa
árvore (flamboyant) ao lado. Logo mais
adiante à esquerda o refeitório e em torno
do mesmo, as casas dos moradores sem
banheiros e cozinha privativa” (YAMAZAKI,
2014).
Foi assim com este olhar, traduzido para
o português por um morador da comunidade,
que Minako Yamazaki, uma turista japonesa
que visitou recentemente a comunidade,
definiu seu ponto de vista a respeito
daquele lugar e daquelas pessoas.
52
Poucas obras existem sobre a
Comunidade Yuba e uma entrevista com os
moradores, tornou-se imprescindível para o
melhor entendimento das possibilidades de
uso de um teatro naquele espaço.
YUBA K.(2014) informa que a rotina da
comunidade é simples: “Logo de manhã, ao
som de um antigo berrante, os moradores e
turistas são convidados a chegar até o
refeitório para o café da manhã. Antes de
se alimentarem, um minuto de silêncio para
uma oração de agradecimento pelo alimento
e pelo dia que se inicia (Figura 32).
Assim, os dias se sucedem aqui em nossa
casa, onde cada morador tem uma história
incrível para contar. Um deles, por
exemplo, o Sr. Tsuji, saiu do Japão em sua
juventude, de bicicleta rumo ao Canadá,
com o objetivo de cruzar o mundo, passou
por diversos países e lugares, até chegar
aqui na Comunidade e encontrar a garota
que viria ser sua futura esposa.” Katsue
Yuba informa que entre os diversos
moradores muitas histórias existem para
serem colhidas e ela mesma já escreveu
dois livros a respeito dos habitantes de
Yuba e agora está finalizando o terceiro,
com publicação prevista para o próximo
ano.
Figura 32: Momento oração silenciosa
Fonte: foto extraída do livro “Yuba”, Lucilene
Kanzawa, Ed. Terra Virgem
Katsue explica que hoje avô, o Sr.
Tsuji ainda vive na comunidade Yuba e é
responsável pelo cultivo de cogumelos
53
Shitake. Detalhe importante, ainda guarda
a velha e guerreira bicicleta com a qual
cruzou boa parte do mundo. Katsue conta
que cada pessoa que ali se encontra tem a
liberdade de expressar sua arte e de dar
forma aos seus desejos criativos. Porém,
todos também possuem suas tarefas
relacionadas ao campo.
YUBA T.(2014), sobrinho do fundador
Isamu Yuba e atual líder da comunidade,
explica: “se você gosta de trabalhar com a
terra, pode ir e desenvolver sua vocação
de semear o solo, se você gosta de lidar
com porcos, tudo bem também, a comunidade
precisa de porcos e você pode iniciar sua
cultura de suínos”. Tsuni Yuba conclui que
basicamente é isso, ninguém é obrigado a
nada, mas todos tem a iniciativa de
produzir algo que venha a ser importante
para oferecer ao restante do grupo. Com
isso, todos ganham, todos dividem, todos
sentam à mesma mesa e partilham os
resultados de seus trabalhos (Figuras 33 e
34).
Figura 33: Mosaico de atividades diárias da
Comunidade
Fonte: Acervo cedido pela Comunidade Yuba
Katsue Yuba explica que o livro de
receitas da Comunidade possui mais de 70
54
anos, teve origem com sua mãe e com as
primeiras mulheres integrantes da
comunidade e é seguido à risca pelos
atuais moradores. “As antigas receitas são
escolhidas e realizadas pelas mulheres da
comunidade. No final da tarde as crianças
recebem aulas de culinária para poderem ir
se acostumando com a rotina da grande
cozinha coletiva. Caso o cardápio do dia
contenha frango, então haverá necessidade
que antes aproximadamente 50 aves sejam
abatidas e limpas, visto que as aves como
a maioria dos alimentos utilizados são
produzidos na própria comunidade”, conta
YUBA K.(2015).
Figura 34: Parte dos moradores da Comunidade
Fonte: www1.folha.uol.com.br
YAZAKI(2014), responsável por manter
viva a memória da comunidade, professor de
música e maestro, informa que um ponto
muito inusitado da vida dos moradores é
que eles possuem duas salas de banho. Uma
destinada aos homens e outra às mulheres.
Assim diferentes gerações tomam banho
juntas, o momento do banho é considerado
muito especial para eles, diz Masakatsu:
55
“assim avôs e netos, filhos e pais podem
dialogar de forma pura, simples e sem
reservas”.
Sobre a rotina das artes (Figura 35 a
39), Katsue Yuba em entrevista conta que
todos os dias depois do jantar o palco do
teatro se acende e as atividades culturais
iniciam-se. YUBA K.(2014) diz: “sempre é
assim, no inicio da noite, após um dia
inteiro de trabalho no campo, os moradores
se reúnem para outra maratona de
atividades, seja na sala de balé, ou na
sala de musica onde recebem aulas de
violino, violoncelo, piano, flauta, violão
e outros instrumentos”.
Todas as aulas são ministradas por
algum morador. Eventualmente algum outro
artista, músico ou escritor que venha se
hospedar ou transitar pela comunidade
realiza algum tipo de intercâmbio
cultural, ensinando novas técnicas ou
apresentando suas particularidades aos
moradores.
Figura35: Cenas de Apresentações do Balé Yuba
Fonte: Acervo cedido pela Comunidade Yuba
A comunidade recebe turistas do mundo
todo e essas visitas distribuem-se quase
que regularmente por todos os meses. As
pessoas chegam, na maioria das vezes sem
avisar, mesmo assim logo são recebidas e
já participam da vida dentro da
comunidade. Quando partem levam consigo a
experiência inédita do convívio com
pessoas que vivem em função da arte e da
cultura semeando o solo durante o dia e
56
produzindo arte com maestria durante a
noite
Figura 36: Galpão adaptado
Fonte: Acervo cedido pela Comunidade Yuba
Figura 37: Apresentação de orquestra na
Comunidade
Fonte: Acervo cedido pela Comunidade Yuba
3.2.2 Teatro Existente
“O velho teatro de madeira (Figuras 42
a 44), embora rústico e improvisado, foi
edificado em uma semana pelos próprios
membros da comunidade para receber a
ilustre bailarina japonesa Akiko Ohara que
viera do Japão com o marido, o escultor
Hisao Ohara”, relata YUBA K.(2015) com os
olhos brilhantes.
Sobre o casal, Katsue explica que
eles chegaram na comunidade na década de
57
60 e se encantaram com os moradores do
local. Ali se instalaram e tiveram seus
filhos que hoje vivem na comunidade
juntamente com seus netos.
“A grande bailarina observou o rústico
palco improvisado no meio do cafezal e se
surpreendeu quando as luzes se acenderam e
iluminaram o palco. O som, embora simples,
também lhe era agradável e bem
estruturado. O que a fez sentir que era
possível desenvolver a arte do balé
naquele espaço e assim formar um corpo de
balé que logo mais seria conhecido como
Balé Yuba,desde então até os dias atuais
encanta platéias por onde se apresenta
emocionando pela beleza das coreografias e
pelo sentimento profundo de cada movimento
que minuciosamente apresentam”, YUBA
K.(2014).
Figura 38: Apresentações Balé Yuba
Fonte: Acervo cedido pela Comunidade Yuba
“Tudo em Yuba se relaciona com a
natureza, com Deus e com o universo”
explica YUBA T.(2014). “Dessa forma
construímos nossa arte e nossa cultura,”
conclui.
Cerâmica, móveis, instrumentos
musicais; tudo é produzido dentro da
própria comunidade. Praticamente nada é
comprado; esta proposta é mantida de
geração para geração, assim como a
manutenção do idioma oficial, o japonês,
língua fluente entre os moradores.
“As crianças aprendem o português
apenas quando passam a freqüentar a escola
58
estadual do bairro Primeira Aliança”,
conta YUBA T.(2014).
Figura 39: Apresentações variadas
Fonte: Acervo cedido pela Comunidade Yuba
O Sr. Masakatsu Yazaki explica que
moradores ilustres viveram na comunidade,
como o reconhecido pintor Manabu Mabe que
inclusive desenvolveu algumas obras dentro
da comunidade, deixando de presente uma
grande e bela tela para os moradores.
Takao Kusuno coreógrafo e precursor no
Brasil do balé Butô, uma dança onde os
gestos são repletos de significados e que
surgiu no Japão devastado pela guerra. Em
sua estadia Takao influenciou o corpo de
Balé Yuba e durante anos manteve
intercambio trazendo sua Companhia de
dança de São Paulo conhecida como “O Olho
do Tamanduá” para se apresentar no palco
da comunidade.
“No palco do nosso teatro grandes
nomes da música, do canto e da dança já se
apresentaram. Em visita a comunidade o
então ministro da Cultura Francisco
Weffort, na gestão do Presidente Fernando
Henrique Cardoso, disse ser inacreditável
59
que ali naquele sitio afastado de um
grande centro se produzisse cultura com
tamanha qualidade” relata YAZAKI(2014).
“O ator Sérgio Mamberti (Figura 40)
que interpretou grandes papéis na TV, no
cinema e no teatro ficou fascinado com o
que viu em sua visita e lutou bravamente
para transformar a comunidade em um Ponto
Cultural com a ajuda do ministro da
cultura Gilberto Gil” explica YAZAKI
(2014).
Figura 40: Sergio Mamberti
Fonte: www.sergiomambeti.com.br
“Laurita Castro, dançarina flamenca
(Figura 41); Kunico Kato, cantora lírica
japonesa; Jaime Jorge, violinista
naturalizado americano; Cecília Raab
Forastieri, pianista de Araçatuba;
orquestras; Grupos Folclóricos
Brasil/Portugal, Brasil/Espanha, o grande
bailarino Yoshito Onno e centenas de
outros grandes nomes utilizaram o palco do
velho teatro e se apresentaram para
platéias de centenas de pessoas acomodadas
em bancos de madeira sobre o chão de terra
batida”, YAZAKI(2014).
Figura 41: Grupo de dança Laurita Castro
Fonte: www.lauritacastro.com.br
60
“O contraste é incrível frente à
qualidade da arte apresentada e o espaço
físico de que os artistas dispõem para
realizar sua arte” KANZAWA (2015). “Sim,
em Yuba, a arte brota da terra.” Conclui.
Figura 42: Atual Teatro Yuba
Fonte: Acervo da Comunidade
Figura 43: Vistas do atual Teatro Yuba
Fonte: Acervo da Comunidade
Obs: Sem escala
61
Figura 44: Planta do Teatro
Fonte: Acervo da Comunidade
Obs: Sem Escala
3.2.3 Área destinada para construção
de novo teatro
O local destinado para a nova
edificação do Teatro Yuba, é o mesmo do
atual teatro, sendo necessária apenas
ampliação do espaço utilizado para o
desenvolvimento do novo projeto, uma vez
que o local é de fácil acesso aos turistas
e próximo das edificações anexas do
teatro, como sala de aula de dança, de
música e depósitos, como também de galpões
utilizados pela agricultura durante o
turno do dia (Figura 45).
Figura 45: Entorno da área do teatro
Fonte: Do autor, 2015
62
4. REFERÊNCIAS PROJETUAIS
4.1 Obras de Tadao Ando
Tadao Ando é um arquiteto autodidata
de nacionalidade japonesa, nascido em
1941, ganhador do Prêmio Pritzer de
Arquitetura no ano de 1995. Segundo o
site: www.arqbacana.com.br A escolha do
juri do Pritzer 1995, dá-se entre outros
aspectos pela sensibilidade artística de
Tadao Ando.
Tadao Ando é aquele arquiteto raro que
combina sensibilidade artística e
intelectual em um indivíduo único capaz de
produzir edifícios, grandes e pequenos, que
servem e inspiram. Sua poderosa visão
interior ignora qualquer movimento, escola
ou estilo atual, criando edifícios com
forma e composição relacionados com os
tipos de vidaque neles serão vividos.
Em uma idade na qual a maioria dos
arquitetos está começando a fazer seus
primeiros grandes trabalhos, Ando realizou
trabalhos mais simples, primeiramente em
sua terra nativa, o Japão, que já o
diferenciou. Trabalhando o concreto de
forma suave como uma seda, Ando cria
espaços usando paredes que ele define como
o elemento mais básico da arquitetura, mas
o mais enriquecedor. Apesar de seu
consistente uso de materiais e elementos
como pilar, paredes, e nichos, suas
combinações diferentes destes elementos,
sempre mostram excitação e dinamicidade.
Seus conceitos de design e materiais uniram
o Modernismo internacional à estética
tradicional japonesa. Sua dedicação e
entendimento da importância do artesanato
lhe renderam a denominação de construtor
assim como arquiteto.
Ele está cumprindo sua missão auto-imposta
de restaurar a unidade entre a casa e a
natureza. Usando as mais básicas formas
geométricas, ele cria microcosmos para o
indivíduo sem mudar os padrões de luz.
Entretanto, mais do que ativar alguns
conceitos abstratos de design, sua
arquitetura é um reflexo de um processo
fundamental no construir algo para
habitação.
A arquitetura de Ando é um conjunto de
surpresas compostas artisticamente em
espaço e forma. Não existe um movimento
previsível quando alguém passeia por seus
edifícios. Ele se recusa a ser vinculado à
convenção. Originalidade é seu meio, e sua
visão pessoal do mundo é sua fonte de
inspiração.
O Prêmio Pritzker de Arquitetura homenageia
Tadao Ando não somente por seus trabalhos
finalizados, mas por seus projetos futuros
que quando realizados, certamente
enriquecerão a arte da arquitetura.
Segundo: Pritzker 1995 – Tadao Ando.
Arqbacana disponível em:
63
(www.arqbacana.com.br/internal/arq!mix/read/1
497/pritzker-1995---tadao-ando , 2015).
Figura 46: Interior Igreja da Luz
Fonte:
http://farm7.static.flickr.com/6034/6303120643_768c52fa
0c.jpg
Figura 47: Interior do Teatro Tadao Ando
Fonte:
http://pt.socialdesignmagazine.com/site/architettura/in
augurato-a-venezia-il-nuovo-teatro-disegnato-da-tadao-
ando.html
As características a serem destacadas
nas obras de Tadao (Figuras 46 e 47) como
contribuição para o projeto do Teatro Yuba
são:
Relação Luz-Sombra;
A valorização da experiência interior dos
edifícios;
O conceito difundido pelo arquiteto: “a
caixa que surpreende”;
64
Minimalismo.
4.2 Obras de Shigeru Ban
Shigeru Ban é um arquiteto de origem
japonesa, nascido em 1957, suas obras se
destacam pelo uso de materias alternativos
e ecológivos e pelo embasamento às causas
humanitárias.
Shigeru Ban foi o homenageado com o
Pritzker 2014 por ser um revolucionário na
escolha e no uso (inclusive estrutural) de
materiais como papel,madeira,plásticoe
contêineres, bem como pela sua dedicação ao
trabalho humanitário. Aos 56 anos, o
arquiteto é o sétimo japonês a ser
reconhecido com o Nobel da arquitetura
mundial. Segundo: Arqbacana, Pritzer 2014 –
Shigeru Ban disponível em
(http://www.arqbacana.com.br/internal/arq!m
ix/read/13826/pritzker-2014-%E2%80%93-
shigeru-ban , 2015).
Figura 48:Habitações permanentes na Índia
feitas de tubos de papelão pelo arquiteto
Shigeru Ban
Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/766673/shigeru-
ban-lanca-campanha-para-construir-abrigos-emergenciais-
no-nepal
65
Figura 49: Museu de Arte de Aspen
Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/627250/museu-de-
arte-de-aspen-shigeru-ban-architects
Figura 50: Interior da Catedral de Papelão
Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-144107/premio-
pritzker-2014-novas-fotos-da-catedral-de-papelao-de-
shigeru-ban-na-nova-zelandia
66
Como características a serem
destacadas nas obras de Shigeru Ban como
contribuição para o projeto do Teatro Yuba
são (Figuras 48 a 50):
Uso de materiais alternativos;
Projetos realizados com baixo
orçamento.
4.3 Teatro Engenho Central
O Teatro Engenho Central (Figuras 51 a
53) se localiza na cidade de Piracicaba,
interior de São Paulo. O escritório autor
do projeto é o Brasil Arquitetura.
O engenho central é “marca da terra” e está
implantado na margem direita do
riopiracicaba, de onde se vê o centro da
cidade do outro lado. Seus volumes em tijolo
aparente oferecem uma visão impressionante,
com a presença do rio espelhando suas luzes e
compondo um cenário que singulariza a
paisagem urbana de piracicaba.
O conjunto mantém-se com a integridade de
quando foi desativado, como cidadela
resistente às grandes mudanças por que passou
seu entorno nas últimas décadas. não nasceu
como está. Ao contrário, ao longo de sua vida
foi recebendo acréscimos, reformas,
desenvolvimentos e, assim, guarda registro de
várias de suas idades.
Um dos galpões mais antigos do conjunto,
conhecido como “número seis”, será restaurado
e adaptado para receber um teatro
multifuncional.
O projeto tem como fundamento básico a
preservação da memória do antigo engenho
aliada ao perfeito funcionamento de um teatro
contemporâneo. assim, o valor da arqueologia
industrial se mescla às modernas tecnologias
construtivas e cenotécnicas.
O antigo galpão que abrigava tonéis de álcool
estará lá, íntegro, como testemunha de um
tempo que já não há, agora equipado e
preparado para novos tipos de produção:
música, teatro, dança, cinema e lazer.
Uma nova etapa será iniciada na longa vida do
engenho central de piracicaba. Segundo:
Teatro Engenho. Brasil Arquitetura.
Disponível em
(http://brasilarquitetura.com/projetos/teatro
-engenho-central/, 2015.)
67
Figura 51:Fachada Teatro Engenho
Fonte:http://brasilarquitetura.com/img/1004/l/jpeg/proj
etos/img642223jpg.jpeg
Figura 52:Detalhe Interno: uso de luz natural
Fonte:http://brasilarquitetura.com/img/556/l/jpeg/proje
tos/img623033jpg.jpeg
68
Figura 53:Interior teatro
Fonte:http://brasilarquitetura.com/img/998/l/jpeg/proje
tos/img607374jpg.jpeg
As características a serem destacadas
no Teatro Engenho como contribuição para o
projeto do Teatro Yuba são:
Uso de iluminação natural;
Relação material bruto e cor;
4.4 Pavilhão da China Expo 2015
Arquitetos: TsinghuaUniversity, Studio
Link-Arc
Localização: Ingresso Expo,Via Giorgio
Stephenson, 107, 20157 Milão, IT.
O tema para o Pavilhão da China é "A Terra da
Esperança". O projeto incorpora isso através
da forma ondulante de seu telhado, derivado
da fusão do perfil do skyline da cidade no
lado norte do edifício com o perfil de uma
paisagem no lado sul, expressando a ideia de
que a "esperança" se realiza quando a cidade
e a natureza existem em harmonia. Segundo:
“Expo Milão 2015: Pavilhão da China/Tsinghua
University + Studio Link-Arc”. ArchDaily
Brasil disponivel em
(http://www.archdaily.com.br/br/766507/pavilh
ao-chines-milan-expo-2015-tsinghua-
university-plus-studio-link-arc , 2015).
69
Figura 54 : Vista Pavilhão da China pelo
jardim
Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/766507/pavilhao-
chines-milan-expo-2015-tsinghua-university-plus-studio-
link-arc
Figura 55 : Detalhe placas de madeira fixados
em estrutura metálica
Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/766507/pavilhao-
chines-milan-expo-2015-tsinghua-university-plus-studio-
link-arc
70
As características a serem destacadas
no Pavilhão da China Expo 2015 Milão
(Figuras 54 e 55) como contribuição para o
projeto do Teatro Yuba estão:
Uso de madeira em placas anexas à
estrutura metálica;
Irregularidade no posicionamento das
placas, proporcionando aspecto de leveza,
e de uso de técnica e mão-de-obra locais.
5. PROJETO
5.1. Programa de Necessidades
Em visitas realizadas à comunidade e
entrevistando os responsáveis pelo uso do
atual teatro, chegou-se à definição de que
o novo teatro deveria apresentar as
seguintes características:
Construção de fácil execução e de
baixo orçamento;
Capacidade de público de no mínimo
400 pessoas;
Banheiros para uso do público;
Camarins isolados, com banheiro para
uso dos artistas;
Palco com medidas adequadas às
solicitações dos integrantes do corpo de
balé e teatro;
Depósito para guarda de cenários;
Pé direito compatível para trocas de
cenários no palco;
Local para exposição de trabalhos
executados pela comunidade;
Boa visualização do palco;
Adequado projeto de acústica;
Ambientes com temperaturas
agradáveis;
71
5.2 Sentimento de partida
O que torna Yuba um local especial não
são as edificações inseridas naquela
pequena fazenda, o que torna o lugar
diferente dos demais é a filosofia ali
vivenciada todos os dias por seus
moradores, a possibilidade constante de
intercâmbio cultural, o que tornam as
construções ali inseridas apenas molduras
do que ali é tido como mais importante: a
convivência.
Figura 56: Croqui Perspectiva
Fonte: Do Autor, 2015
Somar! Um balé que é conhecido e
respeitado por admiradores do mundo
inteiro tendo como palco principal um
galpão adaptado como teatro, merece uma
melhor estrutura, mas qualquer intervenção
proposta precisa respeitar a singeleza da
arte ali emanada.
72
5.3 Construtivo
Os recursos de nosso planeta
gradativamente estão se esgotando e buscar
soluções práticas e de baixo impacto
ambiental tem sido cada vez mais
necessário.
Com a demolição do atual galpão, vê-se
a possibilidades de reutilização da
madeira ali empregada nesses 50 anos de
construção. Além do valor sentimental,
este material servirá para o fechamento
externo do foyer e para as portas pivô,
que assim como as bailarinas, girarão em
um eixo central (Figuras 57 e 58).
74
O bloco estrutural, material de baixo
valor agregado, fará o fechamento das
demais partes do teatro, com técnica e
material de fácil manuseio, assim como a
construção do prédio anterior, a obra
poderá ser executada pelos moradores da
própria comunidade.
Figura 58: Perspectiva Portas-bailarinas
Fonte: Do Autor, 2015
O uso de estrutura metálica, agilizará
a execução da obra, sendo aplicada como
sustentação das áreas de vedação de
madeira, além do telhado.
5.4 Projetual
O projeto é constituído de hall
(Figura 59), banheiros para uso do
público, passarelas (Figura 60), sala de
controle de som e iluminação, área
destinada para 550 expectadores, acessos
laterais, palco, coxia, camarins com
banheiros privativos, sala para figurinos,
plataforma elevatória para entrada de
equipamentos e cenários e depósito
superior.
Figura 59: Perspectiva Hall
Fonte: Do Autor, 2015
78
5.5 Conforto e sustentabilidade
Inserido em uma região quente
praticamente o ano todo, vê-se a
necessidade desse espaço ter uma
temperatura agradável, assim como as
primeiras construções japonesas na região.
As dependências do teatro serão suspensas,
a fim de facilitar a circulação de ar,
cobogós de concretos serão usados nos
fechamentos laterais para entrada de ar.
Um espelho d’água com carpas somado ao uso
de vegetação rasteira será utilizado para
amenizar a temperatura e melhorar a
umidade do ar (Figuras 63 a 65).
Figura 63: Perspectiva espelho d’água
vista do hall
o
Figura 64: Perspectiva cobogós, espelho
d’agua e vegetação
Fonte: Do autor, 2015
79
Figura 65: Perspectiva fachada, vista
espelho d’água
Fonte: Do autor, 2015
Por diferença de pressão, com
aberturas no piso do teatro, o ar frio
infiltrará a área destinada aos
expectadores e em aberturas localizadas
nas extremidades da cobertura, o ar quente
será expelido, gerando constante renovação
do ar (Figuras 60 e 61).
As fileiras do teatro são distribuídas
de forma que respeitem a curva de
visibilidade proposta pela ABNT, dando
possibilidades de boa visualização a todos
os expectadores.
Figura 66: Corte demonstrativo entrada
ar frio
Fonte: Do autor, 2015
Figura 67: Corte demonstrativo saída ar
quente
Fonte: Do autor, 2015
80
5.6 Acústica
Situada em uma fazenda, a área para
implantação do projeto (local do atual
teatro)(Figura 67) não sofre ação de
considerável ruído externo, visto que as
edificações próximas são utilizadas em
momentos alternados ao uso do teatro.
Figura 68: Implantação
Fonte: Do autor
Em estudo, foi observada incidência
irregular sonora no ambiente, o que foi
solucionado com o uso de painéis
absorvedores em regiões com grande
incidência e refletores para
direcionamento a regiões com pouca
incidência (Figura 68).
O Projeto do teatro consta com painéis
suspensos adaptativos para melhor
distribuição sonora no ambiente (Figura
69).
84
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As fronteiras, embora invisíveis aos
olhos, são delimitadas pela cultura. A
cultura difere estados, países, tribos.
Isamu Yuba acreditava que, plantando
no solo do Brasil a forte e milenar
cultura japonesa, iria certamente colher
bons resultados. Em uma semana ergueu um
teatro. Em meio à mata virgem fez ecoar o
som do violino. Sem dúvida, um homem à
frente do seu tempo.
Orar, cultivar a terra e desenvolver
as artes. As três colunas que sustentam a
comunidade até os dias atuais possibilitam
e servem de inspiração para as linhas que
também “sustentam” o projeto do Teatro
Yuba: um lugar mágico que reúne pessoas de
variadas culturas e serve, muitas vezes,
de palco-mundo.
O incentivo ao desenvolvimento
cultural é um dos caminhos para tornar a
sociedade mais justa e igualitária.
Assim como a arte brota da terra em
Yuba, um novo teatro nasce da junção das
antigas madeiras com a vontade de oferecer
ao público o melhor espetáculo.
Um figurino precisa ser perfeito e
ajustado, o palco, a iluminação, a
acústica também precisam ser, o artista
necessita de boas ferramentas para
manifestar de forma absoluta sua arte.
Costurando múltiplos anseios, (o da
bailarina, do maestro, do coral, do
diretor de teatro, da cenógrafa,e tantos
outros moradores-artistas), o projeto do
Teatro Yuba nasce com a proposta de
transformar sonhos em arquitetura.
O sol brilha sobre as flores do grande
flamboyant.
85
REFERÊNCIAS
Bibliografia:
FALLEIROS, Alcides. Mirandópolis. Três
Lagoas: Dom Bosco, 2000. 289p.
JUNIOR, Raymundo Magalhães. Teatro 1.
Rio de Janeiro: Bloch Editores S.A, 1980.
64p.
KANZAWA, Lucille. Yuba. São Paulo:
Terra Virgem, 2010. 119p.
PEIXOTO, Fernando. O que é Teatro. São
Paulo: Brasiliense, 1980. 128p.
Webgrafia:
Expo Milão 2015: Pavilhão da China /
Tsinghua University + Studio Link-Arc"
[China Pavilion - Milan Expo 2015 /
Tsinghua University + Studio Link-Arc]
2015. ArchDaily Brasil. (Trad. Victor
Delaqua) Disponível em :
http://www.archdaily.com.br/br/766507/pavi
lhao-chines-milan-expo-2015-tsinghua-
university-plus-studio-link-arc Acesso em
6 de maio de 2015.
História Balé Yuba. Cultura Japonesa.
Disponível em:
htpp://www.culturajaponesa.com.br/tag=akik
o-ohara Acesso em 5 de maio de 2015.
História da fundação do município.
Mirandópolis. disponível em
htpp://www.mirandopolis.sp.gov.br/historia
Acesso em 20 de abril de 2015.
Pritzker 2014 –Shigeru Ban. Arqbacana
Disponível em
htpp://www.arqbacana.com.br/internal/arq!m
ix/ready13826/pritzker-2014-%E2%80%93-
shigeru-ban Acesso em 1 de maio de 2015.
Pritzker 1995 - Tadao Ando. Arqbacana,
Disponível em:
htpp://www.arqbacana.com.br/internal/arq!m
86
ix/read/1497/pritzker-1995---tadao ando
Acesso em 1 de maio de 2015.
Teatro Engenho Central. Brasil
Arquitetura. Disponível em
http://brasilarquitetura.com/projetos/teat
ro-engenho-central/ Acesso em 5 de
Setembro de 2015.
Entrevistas:
KANZAWA, Lucille
KANZAWA: depoimento (junho 2015)
Entrevistador: Bruno Coquetti
YUBA, Katsue
YUBA K. : depoimentos (agosto e
setembro 2014)
Entrevistador: Bruno Coquetti
YUBA, Tsuni
Yuba T.: depoimento (novembro 2015)
Entrevistador: Bruno Coquetti
YAMAZAKI, Minako
Yamazaki: depoimento (agosto 2014)
Entrevistador: Bruno Coquetti
Intérprete: Katsue Yuba
YAZAKI, Masakatsu
Yazaki: depoimento (outubro 2014)
Entrevistador: Bruno Coquetti