Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de JaneiroEscola Nacional de Botânica Tropical
Estudos taxonômicos da tribo Tecomeae (Bignoniaceae Juss.)ocorrentes no Parque Nacional do Itatiaia, Itatiaia – RJ.
Pedro Habibe Pereira
2006
I
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de JaneiroEscola Nacional de Botânica Tropical
Estudos taxonômicos da tribo Tecomeae (Bignoniaceae Juss.)ocorrentes no Parque Nacional do Itatiaia, Itatiaia – RJ.
Pedro Habibe Pereira
Dissertação apresentada ao Programa dePós-Graduação em Botânica, EscolaNacional de Botânica Tropical, doInstituto de Pesquisas Jardim Botânico doRio de Janeiro, como parte dos requisitosnecessários para a obtenção do título deMestre em Botânica.
Orientador: Vidal de Freitas Mansano
Rio de Janeiro2006
II
Estudos taxonômicos da tribo Tecomeae (Bignoniaceae Juss.)ocorrentes no Parque Nacional do Itatiaia, Itatiaia – RJ.
Pedro Habibe Pereira
Dissertação submetida ao corpo docente da Escola Nacional de BotânicaTropical, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro - JBRJ, comoparte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre.
Aprovada por:
Prof. Dr. Vidal de Freitas Mansano(orientador) ______________________
Profa. Dra. Elsie Franklin Guimaraes ______________________
Profa. Dra. Lucia Garcez Lohmann ______________________
em __/__/20__
ENBT/JBRJ2006
III
"...quem hoje é vivo, corre perigo, e osinimigos do verde da sombra o ar, que se
respira e a clorofila, das matas virgensdestruídas vão lembrar, que quando chegara hora, é certo que não demora, não chameNossa Senhora só quem pode nos salvar... "
Jatobá – Matança
IV
V
Dedico esta dissertação de Mestre aos meus pais, Claudia e Pedro
Ivo, por me ajudarem a realizar meus sonhos e ao meu avô
Otamar (in memorian), que mesmo sem saber me fez biólogo.
Agradecimentos
Aos meus pais pela oportunidade de cursar uma pós-graduação sem bolsa, por todo
seu carinho e confiança.
À professora e amiga Edith Berthold, por ter me mostrado o mundo dos vegetais,
me iniciado na botânica e confiado no meu potencial quando monitor.
À professora Regina Andreata, por ter me acolhido em sua antiga "salinha de
botânica" e me dado a oportunidade do primeiro estágio na botânica.
A todos os professores e funcionários da Universidade Santa Úrsula, que fizeram
parte da minha formação acadêmica.
Aos meus amigos de pós-graduação, por terem vivido este momento juntamente
comigo.
Aos amigos, Biólogos e Mestre Henrique Dias e Juan Gabriel, por terem dividido
comigo sua casa, suas preocupações, alegrias, sonhos e devaneios.
Aos amigos João Paulo Condack e Marcelo de Sousa, pela sua amizade gratuita,
pelos momentos de diversão e dificuldades.
Aos amigos por fazerem parte da minha vida.
À Diretoria e Coordenação da Escola Nacional de Botânica Tropical.
Ao Programa Mata Atlântica.
A Dra. Lúcia Lohmann, pela ajuda na identificação de táxons.
VI
Ao pesquisador do JBRJ Alexandre Quinet, pela revisão desta dissertação.
A ilustradora botânica Ana Lúcia, pelo seu excelente trabalho.
À Bióloga e Mestre Ana Joffily, por toda ajuda e paciência.
Ao Biólogo e amigo José Eduardo Meireles, pela fundamental ajuda com J.
pulcherrima.
Ao professor e amigo, Ricardo Cardoso Vieira, por ter me recebido com amizade
em seu laboratório.
Aos professores da Escola Nacional de Botânica Tropical, que me mostraram novos
universos.
A Dra. Elsie Franklin, por acreditar no meu potencial, pela sua amizade, paciência
na tutoria e pela felicidade que transborda e contagia qualquer um.
Ao amigo, orientador e professor Vidal de Freitas Mansano, por ter me dado a
oportunidade de sua orientação, pelos conselhos, pela maneira carinhosa que me recebeu e
por me mostrar que os caminhos da vida nem sempre são aqueles que parecem ser.
A Deus, por ter me dado uma família maravilhosa e amigos incondicionais.
VII
Resumo
A grande representatividade das Bignoniaceae e da tribo Tecomeae Endl. na mata
atlântica, aliada a escassez de trabalhos taxonômicos no PARNA do Itatiaia, motivaram-nos
a realizar este trabalho, que tem como objetivo um estudo taxonômico da tribo Tecomeae
(Bignoniaceae Juss.) no Parque Nacional do Itatiaia, Itatiaia – RJ. O Parque Nacional do
Itatiaia está localizado na região Sudeste do Brasil, entre o sudoeste do Estado do Rio de
Janeiro e o sul de Minas Gerais, com uma área de cerca de 30.000 hectares dentro dos
limites da mata atlântica. O domínio do Parque apresenta uma variação do gradiente
altitudinal entre 600 a 2787 metros, com grande variação nas formações vegetacionais,
caracterizando-se pela grande diversidade taxonômica. A tribo Tecomeae está representada
por 13 espécies, distribuídas em quatro gêneros: Tabebuia Gomes com seis espécies,
Jacaranda Juss. com cinco espécies, Cybstax Mart. ex Meisn. e Sparattosperma Mart. ex
Meisn., ambas com uma espécie. São apresentadas chaves para identificação de gêneros e
espécies, descrições, ilustrações e ainda comentários sobre distribuição geográfica.
Palavras-chaves: Bignoniaceae, Tecomeae, taxonomia, Parque Nacional do Itatiaia
VIII
Abstract
The representativeness of the family Bignoniaceae and also of the tribe Tecomeae in
the Atlantic rain forest and the shortage of taxonomic studies on this group in this area
caused us to undertake this work. It aims a taxonomic study of the tribe Tecomeae
(Bignoniaceae Juss.) in the Itatiaia National Park, Itatiaia – RJ. The Itatiaia National Park is
localized in the Southeastern Brazil, between the southwest of the state of Rio de Janeiro
and south of Minas Gerais, ranging an area of about 30.000 hectares inside the limits of the
Atlantic rain forest. The Park is located in an area with a variation of the altitudinal gradient
from 600 to 2787 meters of altitude, showing a great variation in the vegetational
formations, characterizing an area with a high taxonomic diversity. The tribe Tecomeae is
represented by 13 species, distributed in four genera: Tabebuia Gomes with six species,
Jacaranda Juss. with five species, Cybstax Mart. ex Meisn. and Sparattosperma Mart. ex
Meisn., both with one species. Keys to identify the genera and the species, descriptions,
illustrations and geographical distribution data are presented.
Key-words: Bignoniaceae, Tecomeae, taxonomy, Itatiaia National Park.
IX
Índice
1. Introdução ................................................................................................................ 1
1.1. A família Bignoniaceae Durande .................................................................. 1
1.2. A tribo Tecomeae ......................................................................................... 3
1.3. Histórico Taxonômico .................................................................................. 4
1.4. Histórico do PARNA do Itatiaia ................................................................... 5
1.5. Expedições no passado ................................................................................. 6
1.6. Aspectos vegetacionais da Serra do Itatiaia ................................................... 8
3. Objetivos ................................................................................................................ 10
4. Material e métodos ................................................................................................. 11
4.1. Área de estudo ............................................................................................ 11
4.2 Análise do material ...................................................................................... 12
5. Resultados e discussão .............................................................................................15
5.1. Chave para identificação das Tecomeae ocorrentes no Parque Nacional do
Itatiaia .................................................................................................................. 15
Cybistax Mart. ex Meisn. ...................................................................................... 16
Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart..................................................................... 16
Jacaranda Juss...................................................................................................... 20
5.2. Chave para a identificação das espécies de Jacaranda ocorrentes no Parque
Nacional do Itatiaia .............................................................................................. 20
Jacaranda caroba (Vell.) DC................................................................................ 21
Jacaranda crassifolia Morawetz ........................................................................... 24
Jacaranda puberula Cham. .................................................................................. 26
Jacaranda pulcherrima Morawetz......................................................................... 29
Jacaranda subalpina Morawetz............................................................................. 31
Sparattosperma Mart. ex Meisn ............................................................................ 34
Sparattosperma leucanthum (Vell.) K. Schum....................................................... 34
X
Tabebuia Gomes ex DC......................................................................................... 37
5.3. Chave para a identificação das espécies de Tabebuia ocorrentes no Parque
Nacional do Itatiaia .............................................................................................. 37
Tabebuia alba (Cham.) Sandw. ............................................................................ 38
Tabebuia chrysotricha (Mart. ex DC.) Standl........................................................ 41
Tabebuia heptaphylla (Vell.) Toledo..................................................................... 44
Tabebuia ochracea (Cham.) Standl.ssp. ochracea................................................. 47
Tabebuia serratifolia (Vahl) G. Nichols................................................................ 50
Tabebuia vellosoi Toledo...................................................................................... 53
6. Distribuição geográfica ........................................................................................... 56
6.1. Distribuição neotropical ................................................................................. 57
6.2.Distribuição América do Sul ocidental-oriental ............................................... 57
6.3. Brasil centro-oriental ..................................................................................... 58
6.4. Brasil Atlântico nordeste-sudeste-sul ............................................................. 58
6.5. Brasil Atlântico sudeste-sul ............................................................................ 59
6.6. Brasil Atlântico sudeste ................................................................................. 59
7. Conclusão ............................................................................................................... 61
Referências Bibliográficas .......................................................................................... 63
XI
Lista de Figuras
Figura 1: Mapa de localização do PARNA do Itatiaia ................................................. 11
Figura 2: Ilustração: Cybistax antisyphilitica .............................................................. 18
Figura 3: Flor de Cybistax antisyphilitica ................................................................... 19
Figura 4: Fruto de Cybistax antisyphilitica ..................................................................19
Figura 5: Mapa de distribuição de Cybistax antisyphilitica ........................................ 19
Figura 6: Jacaranda caroba ....................................................................................... 22
Figura 7: Mapa de distribuição de Jacaranda caroba ................................................. 22
Figura 8: Ilustração: Jacaranda caroba ...................................................................... 23
Figura 9: Mapa de distribuição de Jacaranda crassifolia ............................................ 24
Figura 10: Ilustração: Jacaranda crassifolia ............................................................... 25
Figura 11: Jacaranda puberula ................................................................................. 27
Figura 12: Jacaranda puberula ................................................................................. 27
Figura 13: Mapa de distribuição de Jacaranda puberula ........................................... 27
Figura 14: Ilustração: Jacaranda puberula ................................................................. 28
Figura 15: Jacaranda pulcherrima ............................................................................. 30
Figura 16: Jacaranda pulcherrima ................................................................................ 31
Figura 17: Jacaranda pulcherrima ................................................................................ 31
Figura 18: Mapa de distribuição de Jacaranda pulcherrima .......................................... 31
Figura 19: Mapa de distribuição de Jacaranda subalpina ........................................... 32
Figura 20: Ilustração: Jacaranda subalpina ................................................................ 33
Figura 21: Sparattosperma leucanthum ...................................................................... 35
Figura 22: Mapa de distribuição de Sparattosperma leucanthum ................................ 35
Figura 23: Ilustração: Sparattosperma leucanthum ..................................................... 36
Figura 24: Ilustração: Tabebuia alba .......................................................................... 39
Figura 25: Tabebuia alba ........................................................................................... 40
Figura 26: Tabebuia alba ........................................................................................... 40
Figura 27: Tabebuia alba ............................................................................................40
Figura 28: Tabebuia alba ........................................................................................... 40
Figura 29: Mapa de distribuição de Tabebuia alba .................................................... 40
Figura 30: Tabebuia chrysotricha ............................................................................... 42
XII
Figura 31: Tabebuia chrysotricha................................................................................ 42
Figura 32: Mapa de distribuição de Tabebuia chrysotricha......................................... 42
Figura 33: Ilustração: Tabebuia chrysotricha ............................................................. 43
Figura 34: Mapa de distribuição de Tabebuia heptaphylla ........................................ 45
Figura 35: Ilustração: Tabebuia heptaphylla ............................................................... 46
Figura 36: Tabebuia ochracea .................................................................................... 48
Figura 37: Tabebuia ochracea .................................................................................... 48
Figura 38: Mapa de distribuição de Tabebuia ochracea .............................................. 48
Figura 39: Ilustração: Tabebuia ochracea ................................................................... 49
Figura 40: Mapa de distribuição de Tabebuia serratifolia ........................................... 51
Figura 41: Ilustração: Tabebuia serratifolia ................................................................ 52
Figura 42: Tabebuia vellosoi ...................................................................................... 54
Figura 43: Mapa de distribuição de Tabebuia vellosoi ................................................ 55
Figura 44: Síntese dos padrões de distribuição das espécies de Tecomeae do PARNA do
Itatiaia ........................................................................................................................ 57
XIII
XIV
1
2
3
4
5
6
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8
9
10
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12
13
14
15
16
17
1. Introdução
1.1 - A Família Bignoniaceae Juss.
A família Bignoniaceae é composta por oito tribos (Spangler & Olstead 1999), com
cerca de 120 gêneros e 850 espécies (Lohmann & Hopkins 1999) distribuídas
principalmente nas regiões tropicais e subtropicais do planeta, com algumas espécies
ocorrendo em clima temperado, sendo especialmente diversa na América do Sul (Judd et
al. 2002). Segundo Judd et al. (2002) e Soltis et al. (2000) esta família está inserida na
Ordem Lamiales sendo proximamente relacionada a famílias como Verbenaceae e
Acanthaceae.
Os recentes estudos filogenéticos provaram que a família é monofilética,
especialmente por apresentar duas protuberâncias placentais distintas, cada qual conduzida
para as várias fileiras de óvulos e pela ausência de endosperma na semente madura. Com
base em estudos em seqüências dos genes rbcL e ndhF do DNA do cloroplasto, ficou
provado que das oito tribos que a família compreende, sete (Crescentieae, Bignoneae
Eccremocarpe, Tourrettieae, Coleeae, Schlegelieae e Oroxyleae) são monofiléticas e
somente a tribo Tecomeae é parafilética (Splangler & Olmstead 1999). Vale ressaltar que a
amostragem de espécies neste estudo foi pequena, onde só foram estudadas 19 das cerca de
200 espécies subordinadas à tribo.
A família está representada por espécies arbóreas, arbustivas, lianas e ervas, com
folhas opostas ou verticiladas, compostas, pinadas, bipinadas ou digitadas, ocasionalmente
simples, podendo o último folíolo ser modificado em gavinhas. A inflorescência pode ser
cimosa ou racemosa, com flores bissexuais, zigomorfas, e freqüentemente, grandes e
vistosas. Apresentam cinco sépalas e cinco pétalas distintas. O androceu é caracterizado
pela presença de quatro estames didínamos e um estaminódio. O gineceu é composto por
dois carpelos fundidos com ovário súpero, com placentação axial com numerosos óvulos e
estigma bífido. O disco nectarífero está quase sempre presente. Os frutos são cápsulas e as
sementes são aladas e achatadas, sendo dispersas pelo vento (Mabberley 1997; Judd et al.
2002).
18
As regiões do domínio florestal atlântico, segundo Oliveira-Filho & Fontes (2000),
do estado do Rio de Janeiro apresentam ampla diversidade específica de Bignoniaceae,
sendo encontradas espécies de hábito bastante variado, desde lianas até árvores de grande
porte com flores das mais variadas cores. Brade (1956) cita para a região do Itatiaia os
gêneros: Adenocalymma, Arrabidea, Clytostoma, Cybistax, Fridericia, Jacaranda,
Pithecoctenium, Sparattosperma e Tabebuia evidenciando que a região apresenta gêneros
dos mais diversos grupos de Bignoniaceae. A lista de Gomes Jr. (1957) para o Parque é um
pouco mais completa, porém, muitos dos nomes por ele propostos foram alterados tais
como Tecomaria capensis (= Tecoma capensis), Stenolobium stans (= Tecoma stans),
Tecoma heptaphylla (= Tabebuia heptaphylla), Tecoma araliacea (= Tabebuia serratifolia)
Tecoma chrysotricha (= Tabebuia chrysotricha), Sparattosperma vernicosum (=
Sparattosperma leucanthum), Jacaranda semiserrata e Jacaranda subrhombea (=
Jacaranda puberula), sendo que as duas primeiras são espécies exóticas.
Aliados à grande diversidade da região, muitos dos representantes da família na área
não estavam identificados em nível específico ou genérico. Isto mostra que o Parque
Nacional do Itatiaia é uma região propícia para estudos taxonômicos da família, e ainda que
há necessidade de estudos sobre as Bignoniaceae ocorrentes no estado do Rio de Janeiro.
1.2 - A Tribo Tecomeae
A tribo Tecomeae é a segunda maior tribo da família Bignoniaceae e inclui cerca de
34% das espécies encontradas no “Novo Mundo” (Gentry 1992). Estas espécies estão
distribuídas em 20 gêneros, nove destes encontrados no Brasil, sendo Tabebuia e
Jacaranda os mais representativos. Em geral, os gêneros subordinados a esta tribo são
arbóreos ou arbustivos. As folhas são opostas, raro alternas, compostas, digitadas, pinadas,
bipinadas ou simples. A inflorescência pode ser terminal ou axilar, em tirso, tirsóide,
botrióide, bótrio ou mônade quando reduzida a uma só flor. O cálice é cupular, espatáceo e
campanulado, com cinco sépalas raramente livres entre si. O androceu apresenta quatro
estames, raro dois, didínamos e um estaminódio; os grãos de pólen são simples ou em
tétrades. O ovário é bilocular, com duas placentas axiais em cada lóculo; o disco nectarífero
é subovariano, largo e conspícuo. O fruto é cápsula, com deiscência perpendicular ao septo.
19
Segundo Brade (1956) são encontrados, no Parque Nacional do Itatiaia, quatro
gêneros da tribo Tecomeae: Cybistax, Jacaranda, Sparattosperma e Tabebuia, porém o
mesmo não oferece uma listagem em nível específico. Gomes Jr. (1957) menciona cinco
gêneros para o Parque: Tecoma (as espécies brasileiras foram sinonimizadas a Tabebuia),
Cybistax, Tecomaria (cultivada e sinonimizada a Tecoma), Stenolobium (cultivada e
sinonimizada a Tecoma) e Sparattosperma.
20
2. Objetivos
1. Possibilitar o conhecimento específico e detalhado da diversidade morfológica e
taxonômica da tribo Tecomeae (Bignoniaceae Juss.), a partir do levantamento
florístico no Parque Nacional do Itatiaia, associando-os aos subsídios para a
identificação das espécies.
2. Contribuir para o conhecimento da flora do estado do Rio de Janeiro e sobre a
diversidade florística da floresta atlântica.
3. Analisar e discutir os padrões de distribuição geográfica das espécies encontradas
no Parque Nacional do Itatiaia
21
3. Histórico Taxonômico
Assim como as demais famílias botânicas, a família Bignoniaceae também foi alvo
de mudança em sua posição taxonômica. Outrora inserida na ordem Scrophulariales, esta
subordinada a Sublcasse Asteridae e à Classe Magnoliopsidae (Barroso et al 1991), hoje,
com base em APG II (2003), encontra-se posicionada nas eudicotiledôneas, no grupo das
Asterídeas e inserida na ordem Lamiales, que passou a englobar as antigas ordens
Scrophulariales e Plantaginales (Stevens 2001). Cronquist (1969), em seu sistema de
classificação, relatou que as Scrophulariales derivaram-se das Polemoniales e sugere que
várias famílias da ordem, principalmente Gesneriaceae, Lentibulariaceae e Acanthaceae
derivam diretamente das Scrophulariaceae (Barroso et al 1991).
Segundo Barroso et al (1991), há a predominância na ordem Lamiales de frutos
capsulares e ressaltam que em Acanthaceae e Bignoniaceae estas cápsulas são de tipos
especializados para dispersão das sementes, pela formação de ejaculadores e replo.
Cronquist (1981) distinguia Lamiales de Scrophulariales, principalmente, com base
no número de óvulos, porém estudos recentes em filogenia, incluindo dados morfológicos e
macromoleculares, evidenciaram que a separação destas duas antigas ordens não seria
consistente. Isto se mostra evidente na árvore apresentada por Stevens (2001), onde
Plantaginaceae aparece em um grupo monofilético inserido na árvore das Lamiales. Neste
grupo, além das Plantaginaceae, aparecem famílias como Acanthaceae, Bignoniaceae e
Lamiaceae.
Lamiales é um grupo bem representativo no Brasil, onde ocorrem 14 das 23 famílias
na flora nativa. Algumas outras famílias são cultivadas como Paulowniaceae e Pedaliaceae
(Souza & Lorenzi 2005).
22
4. Histórico do PARNA do Itatiaia
Segundo o “Plano de Manejo do Parque Nacional do Itatiaia", desenvolvido pelo
MA-IBDF & FBCN (1982), as terras que hoje constituem o PARNA do Itatiaia pertenciam
ao Sr. Irineu Evangelista de Souza, Visconde de Mauá, e foram adquiridas em 1908 pela
Fazenda Federal. No intuito de criar dois núcleos coloniais, que não foram bem sucedidos,
as terras passaram assim ao controle do Ministério da Agricultura. A partir daí foi criado
em 1929 uma Estação Biológica, que abrangia uma área de 11.943 hectares, esta
subordinada ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro (MA-IBDF & FBCN 1982).
A iniciativa de transformar a Estação Biológica em Parque Nacional data de 1913, e
foi sugerida pelo botânico Alberto Loefgren. Em dezembro do mesmo ano, numa
conferência realizada na Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro, José Umbmayer
advogou, com apoio de Derby Lofgren e do Barão Homem de Melo, em favor da causa,
porém a criação do PARNA do Itatiaia, primeiro Parque Nacional do Brasil, se deu
somente em 1937 através do Decreto Federal n° 1713, de 14 de julho, e a abrangência do
PARNA eram os mesmos 11.943 hectares da Estação Biológica (MA-IBDF & FBCN
1982).
Porém, em 1982, a partir do Decreto Federal n° 87.586, no intuito de expandir a
área protegida, o PARNA do Itatiaia sofreu um aumento na sua área de abrangência
chegando aos 30.000 hectares (Morim 2002).
23
5. Expedições no passado
A exuberância da região do Itatiaia, que culmina no Pico das Agulhas Negras com
cerca de 2.789 ms.m., e suas demais belezas naturais sempre despertou interesse de
pesquisadores, sejam eles brasileiros ou estrangeiros.
Inúmeras expedições científicas foram realizadas nos séculos XIX e XX. Dusén
(1903, apud Morim 2002) relata que em 1879 M. H. Wawra Von Fernsee foi o primeiro
naturalista a excursionar pela região, embora conste que Saint-Hillaire já havia passado por
lá. Glaziou em 1872 visitou o planalto do Itatiaia, tendo consigo a companhia da Princesa
Isabel (Martinelli & Bragança 1996). Segadas–Vianna (1965) aponta o botânico alemão
Ernesto Ule como colaborador mais significativo para o conhecimento da flora do PARNA
do Itatiaia e ainda o aponta como o primeiro a descrever a zonação altitudinal da vegetação
(Morim 2002).
Dusén entre 1902 e 1903 percorreu diferentes localidades da Serra do Itatiaia, e sua
contribuição para o conhecimento da flora foi significativa, e, além de coletar espécies,
apresentou considerações sobre a distribuição das mesmas nas regiões, aliadas às
interpretações ecológicas (Morim 2002).
Martinelli & Bragança (1996) relaciona também expedições dedicadas ao estudo da
flora lideradas por Wettstein e Schiffner ambos em 1901, Massart com a Comissão Belga
em 1922, Tobler em 1928, Smith em 1929, Kolkwtz em 1933, Castellanos em 1935,
Markgraf em 1938 e 1952. As expedições dedicadas a estudos geológicos foram lideradas
por Derby em 1889, sendo a ele atribuído o crédito de primeiro pesquisador a discorrer
sobre a origem do maciço Itatiaia.
Morim (2002) aponta o pesquisador Alexandre Curt Brade entre os botânicos de
renome e de notável saber sobre a flora do Itatiaia. Brade (1956) lista 295 espécies, entre
elas espécies novas, endêmicas ou inicialmente colhidas na região. Seus esforços
resultaram em um importante trabalho intitulado “A Flora do Parque Nacional do Itatiaia” e
foi publicado em 1956 no Boletim do Parque Nacional do Itatiaia, onde reúne inúmeras
24
informações sobre a flora local, o histórico de excursões no PARNA do Itatiaia e sobre a
fisionomia da vegetação.
25
6. Aspectos Vegetacionais da Serra do Itatiaia
Trabalhos sobre padrões fitogeográficos da região tropical, vêm sendo apresentados
durante algumas décadas, e entre eles podemos citar os já consagrados como os de Raven
(1963), Bigarella & Andrade-Lima (1975), Gentry (1982), Whitmore & Prance (1987),
Churchill et al. (1993) entre outros, que, além de tratar dos padrões de distribuição, aborda
as ligações inter e intra-específica de suas formações vegetacionais (Morim 2002).
Por se tratar de uma região megadiversa, uma listagem global a respeito do
conhecimento da flora brasileira ainda não se encontra compilada e atualizada, porém é
visível o avanço de pesquisas sobre o conhecimento da biogeografia histórica e ecológica,
assim como sobre a rede de conexões florísticas.
Alguns trabalhos realizados no Itatiaia nos mostram uma relação entre origem
histórica dos elementos vegetacionais com os elementos florísticos lá encontrados
atualmente. Brade (1956), em seu estudo aborda, não só a estrutura regional da flora mas
também a origem da vegetação recente da Serra do Itatiaia. Também relaciona a
concordância da vegetação entre a Serra do Itatiaia e a da Bocaina na Serra do Mar,
especialmente na região baixa do Itatiaia, por estas serras ocorrerem quase paralelamente.
Ainda relaciona a congruência da vegetação higrófila subtropical da Serra do Itatiaia com a
Serra do Mar em altitudes de até cerca de 1000 metros, considerando esta última apenas um
pouco empobrecida pela diminuição de umidade.
Neste estudo, Brade relaciona a composição e a origem dos elementos florísticos, e,
como ele mesmo diz, tenta explicar o aparecimento e a representação dos diversos
elementos vegetacionais na Serra do Itatiaia. Ele cita cinco elementos principais como
responsáveis pela formação da flora da Serra do Itatiaia, sendo eles: 1) o elemento
subtropical das matas higrófilas, 2) o elemento xerófilo do Brasil Central, 3) o elemento
Antártico, 4) o elemento Austral-Andino e 5) o elemento Andino.
Ule (1895) foi, segundo Segadas-Vianna (1965), o primeiro a delimitar e descrever
a zonação da vegetação do Itatiaia em três principais níveis: a região baixa, até 600 metros;
a região de floresta de 600 a 1700 metros e a região de campos, em altitudes superiores a
2000 metros, sendo subdividida em cinco sub-regiões. Ururahy et al. (1983) reconheceram
a vegetação do Itatiaia como Floresta Ombrófila Densa Montana e, acima de 1500 metros,
26
como refúgio ecológico; o IBGE (1992) caracterizou a área como Floresta Estacional
Semidecidual Montana. Os trabalhos mais recentes adotaram Ururahy et al. (1983)
descrevendo a formação como Floresta Ombrófila Densa Montana (Guedes-Bruni 1998) e,
além desta, a subformação Alto Montana (Lima 2000).
27
7. Material e Métodos
7.1 - Área de estudo
O Parque Nacional do Itatiaia, Itatiaia do Tupi “penhasco cheio de pontas”, foi
criado em 1937, com objetivo de preservar parte do patrimônio biológico da Serra da
Mantiqueira. Encontra-se localizado na região sudeste do Brasil (Fig. 1), mais
especificamente entre o sudoeste do estado do Rio de Janeiro e o sul do estado de Minas
Gerais (22° 30’ e 22° 33’ S; 42° 15’ e 42° 19’ W), com uma área de cerca de 30.000
hectares. O maciço do Itatiaia é um dos grandes afloramentos rochosos do mundo,
constituído por rochas do tipo Nefelino e por massas de Sienito (Lamego 1936 e
Domingues 1952 apud Segadas-Vianna 1965).
Fig. 1: Mapa de localização do PARNA Itatiaia.
28
Dentre as bacias hidrográficas que se destacam na região estão as do rio Paraíba do
Sul e do rio Paraná. Os rios que nascem no Parque seguem seus cursos d’água em direção a
estas bacias, onde deságuam, sendo que os rios Baependi, Aiuruoca e Grande pertencem à
bacia do rio Paraná e o rio Preto é um importante afluente do rio Paraíba do Sul (MA-IBDF
& FBCN 1982 e Brade 1956).
O clima do Parque Nacional do Itatiaia foi descrito nos diferentes níveis altitudinais
do maciço, com base em estudos anteriores sobre a zonação da vegetação, referidos como
andares de vegetação (Segadas-Vianna 1965 e Segadas-Vianna & Dau 1965). Os
histogramas produzidos por esses autores mostram que ocorrem duas estações bem
definidas, uma seca e fria, e outra chuvosa e quente, as quais tornam-se mais marcantes
acima de 2000 metros de altitude. Na região mais baixa, ocorre o clima do tipo Cwa, com
um período quente e com chuvas abundantes, e um período frio com baixa pluviosidade.
Em altitudes entre 700 e 2000 metros, o clima Cfb predomina, sendo temperado e úmido,
também com duas estações marcadas, e o clima Cwb é próprio do andar do planalto, entre
2000 e 2400 metros, sendo apontado como o mais seco com a alta incidência de geadas e
desfavorável ao estabelecimento da vegetação florestal.
O maciço do Itatiaia, região orográfica onde se localiza o Parque Nacional do
Itatiaia, foi apontado por pesquisadores nacionais e internacionais como de grande
potencial ao desenvolvimento dos mais diversos estudos nas Ciências naturais, mencionado
como ímpar pelos inúmeros aspectos naturais que reúne e, naturalmente, como singular em
sua beleza natural.
7.2 - Análise do material
Foram realizadas excursões a campo durante o período de março de 2003 a outubro
de 2005, a fim de coletar material botânico. Procurou-se percorrer alguns caminhos outrora
visitados por pesquisadores no passado na tentativa de recoletar espécies, assim como
novos caminhos onde se tentou averiguar a existência de outros táxons na área.
Foram feitas consultas aos herbários HB, ITA, R, RB, GUA, RBR e RUSU do Rio
de Janeiro, CESJ, de Minas Gerais, SP, SPF e UEC de São Paulo (siglas de acordo com
29
Holmgren et al. 1990), que tiveram como objetivo principal o levantamento das espécies da
tribo Tecomeae ocorrentes na região.
Os exemplares foram selecionados de acordo com as informações contidas nas
etiquetas, cuja procedência de coleta era indicada como do Parque Nacional do Itatiaia,
Itatiaia e Resende.
A identidade das espécies foi estabelecida através de chaves de identificação, com
base principalmente nos trabalhos de Gentry (1980 e 1992), de Lohmann & Pirani (1996,
1998 e 2003), além de comparações com os tipos depositados no herbário RB e com as
descrições e diagnoses existentes em literatura especializada. As abreviações dos nomes
dos autores das espécies foram feitas de acordo com Brummit & Powell (1992).
As espécies foram descritas de acordo com o procedimento clássico em taxonomia.
Quando o material referente à área de estudo foi insuficiente para as descrições, foram
acrescentados espécimes provenientes de outras localidades, estando estes listados como
material adicional. As medidas foram tomadas de acordo com as variações, maiores e
menores, das estruturas analisadas. Na falta de material disponível para as descrições,
algumas medidas foram retiradas da bibliografia de Gentry (1992), Lohmann & Pirani
(1996, 1998 e 2003). Foram utilizadas as seguintes abreviações: cerca de (ca.); diâmetro
(diâm.); comprimento (comp.) e largura (larg.). A terminologia adotada para indicar a
forma das estruturas analisadas teve como base os trabalhos de Lawrence (1951), Harris &
Harris (1994) e Radford et al. (1974).
Informações referentes à distribuição geográfica das espécies foram obtidas tanto no
trabalho de Gentry (1992) assim como nos trabalhos de Lohmann & Pirani (1996, 1998 e
2003). As denominações dos padrões de distribuição geográfica utilizados neste trabalho,
tiveram como base o trabalho de Morim (2006).
As flores foram obtidas do material herborizado e hidratadas. As ilustrações dos
detalhes das folhas e/ou das peças florais foram feitas mediante o auxílio de
estereomicroscópio (Zeiss) com câmara clara acoplada.
30
A relação de material examinado é apresentada da seguinte forma: Estado da
federação, localidade, nome do coletor e número de coleta, data, sigla e registro do
herbário. Outras abreviações serão utilizadas para indicar ausência de identificação de
coletor (s.c.), ausência de data (s.d.) e ausência de número de coletor (s.n.).
As chaves de identificação foram elaboradas de acordo com as características
morfológicas dos caracteres vegetativos e reprodutivos.
As descrições tanto dos gêneros quanto das espécies serão apresentadas seguindo a
ordem alfabética.
31
9. Resultados e Discussão
9.1 - Chave para a identificação das Tecomeae ocorrentes no Parque Nacional do
Itatiaia
1. Folhas bipinadas ...................................................................................... Jacaranda
1’. Folhas palmadas ..................................................................................................... 2
2. Flores com corola verde ....................................................................... Cybistax
2’. Flores com corola amarela, roxa ou alva .......................................................... 3
3. Cálice espatáceo com ápice bilobado ................................... Sparattosperma
3’. Cálice não espatáceo 3 – 5 denteado ...............................................Tabebuia
Cybistax Mart. ex Meisn.
Árvore ou arbusto, tronco fissurado verticalmente. Folhas palmadas, 5-7-folioladas,
persistentes. Inflorescência tirsóide, terminal. Flores com cálice campanulado, 5-denteado,
membranáceo, minutamente lepidoto, as vezes pubescente; corola verde, tubular-
campanulada, membranácea, face externa pubérula, interna glabra ou pubérula na base;
estames glabros, estaminódio vestigial, glabro; ovário ovóide-oblongo, glabro ou
minutamente lepidoto-glandular, estilete glabro. Cápsula oblonga, lenhosa, 12-costada,
glabra a lepidota, margem plana.
Gênero monoespecífico, com ampla distribuição subamazônica até o Paraguai,
Bolívia, norte da Argentina e regiões mais secas da encosta oriental dos Andes peruanos
(Gentry 1992). No Parque Nacional do Itatiaia é citado em bibliografias (Brade 1956, e
Gomes Jr. 1957), porém não foram encontrados exemplares em campo, assim como não há
registro de ocorrência dentro dos limites do Parque em nenhum herbário consultado.
Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart., Syst. Mat. Med. Veg. Bras. p 66. 1843.
Árvore, 4,5 m alt.; ramos cilíndricos, canaliculados, glabros. Folhas 5-folioladas;
pecíolo 8,7 – 13,9 cm, cilíndrico, glabro; peciólulos 1,2 – 2,1 cm, cilíndrico-achatados,
glabros; folíolos 6,3 – 11,6 x 2,8 – 4,4 cm, elíptico-obovados, tomentosos na margem das
nervuras principais e secundárias, ápice acuminado a cuspidado, base cuneada a atenuada,
32
margem serreada. Inflorescência tirsóide, terminal, 3,9 – 5,7 cm; brácteas 0,5 – 0,7 cm,
pubescentes; bractéolas 0,3 – 0,4 cm, pubescentes; pedicelo 0,2 – 0,3 cm, cilíndrico-
achatado. Cálice 5-denteado, 1,2 – 1,4 x 0,9 – 1 cm, campanulado, pubescente; corola
verde, campanulada, 5-lobada, lobos 0,7 – 0,8 cm, tubo 3,5 – 6 cm; filetes 1,8 – 3 cm;
anteras 0,1 – 0,3 cm; ovário 0,2 – 1 cm, glabro; estilete 3,5 cm, estigma 0,1 cm diâm.,
glabro. Cápsula 15,5 – 16,9 x 4,5 - 4,6 cm, oblonga, glabra; sementes múltiplas 0,9 – 1 cm.
Material adicional: Rio de Janeiro: Resende, Estrada Resende Formoso, a ca. 20 km de
Resende, J.R. Pirani & R. Mello Silva 2909, 18/03/1993, (SPF, NY); Rio de Janeiro, Morro
da Chácara do Céu, D. Sucre 3312, 28/08/1968, est. (RB); Horto Florestal, s.c. 19,
02/02/1934, fl.(RB 82219); Nova Iguaçu, REBIO do Tinguá, estrada para sede, P.R. Farág
& Valter 234, 30/04/1996, fr. (RB).
Cybistax antisyphilitica foi detectada para o Parque no trabalho de Gomes Jr.
(1957), onde o mesmo mencionou a coleta de C. Porto 2627 dentro dos limites do Parque,
no entanto este material não foi encontrado em nenhum herbário consultado. Outro fator
que contribui para acreditarmos na ocorrência da mesma para o Parque é a coleta de J.R.
Pirani & R. Mello Silva 2909 para o município de Resende, um dos municípios abrangidos
pelo Parque. No Herbário do Parque Nacional do Itatiaia (ITA), existe um exemplar de um
único fruto na exposição, porém sem nenhuma informação referente à coleta.
Esta espécie é encontrada no Brasil extra-amazônico até o Paraguai, Bolívia, norte
da Argentina e regiões secas dos Andes peruano, em altitudes que variam de próximo a
zero até ca. 2000 m.s.m. Gentry (1992).
Fig. 2: Flor de C. antisyphilitica Foto: Gentry Fig. 3: Fruto de C. antisyphilitica Foto: Pedro Habibe
33
Fig. 4: Cybistax antisyphilitica: A. Ramo (Farág & Valter 234, RB); B. Detalhe da nervura daface abaxial folíolo com indumento (Sucre 3312, RB); C. Botão floral; D. Flor; E. Detalhe dasglândulas presentes no cálice; F. Corola aberta evidenciando gineceu e androceu (C-E: s.c. 19,RB 82219); G. Fruto. (Farág & Valter 234, RB).
34
Jacaranda Juss.
Árvore, arbusto ou arvoreta. Folhas bipinadas, imparipinadas, persistentes, raque
geralmente alada. Inflorescência tirsóide, terminal. Flores com cálice campanulado ou
infundibuliforme, 5-denteado ou 5-lobado, com consistência e indumento variáveis; corola
geralmente roxa ou em tons afins, tubular-campanulada, membranácea, glabra a
pubescente; estames glabros, estaminódio maior que os estames, com ápice arredondado ou
capitado, com tricomas glandulares; ovário ovado, glabro, estilete glabro. Cápsula elíptica
ou oblonga, glabra ou pubérula, margem plana a ondulada.
Segundo Gentry (1992), Jacaranda é um gênero neotropical com 49 espécies,
ocorrentes desde a Guatemala e Antilhas até o norte da Argentina. Este autor, apresenta
duas seções com base no número de tecas, Monolobos (espécies monotecas) e Dilobos
(espécies com duas tecas), sendo Dilobos, segundo Gentry (1992), sua seção primitiva
concentrada no Brasil e Monolobos com ampla distribuição, e um número maior de
espécies no nordeste da América do Sul e nas Índias Ocidentais.
9.2 - Chave para a identificação das espécies de Jacaranda ocorrentes no Parque Nacionaldo Itatiaia.
1. Foliólulos com margem inteira, eixo da inflorescência sempre < 19 cm ............ 2
2. Folhas com 8 -10 pinas ................................................................... J. caroba2’.Folhas com 13 -15 pinas ............................................................J. crassifolia
1’.Foliólulos com margem denteada ou raro inteira, quando inteira eixo dainflorescência ≥ 19 cm ..................................................................................... 3
3. Eixo da inflorescência 19 – 22,5 cm, foliólulos elíptico-rômbico.................... ......................................................................................................... J.subalpina3’.Eixo da inflorescência 9,5 – 15,5, foliólulos elípticos ou oblongos............... 4
4’. Foliólulos discolores, margem conspicuamente denteada e revoluta..... ..................................................................................... J. pulcherrima
4’.Foliólulos concolores, margem levemente denteada e não revoluta ................................................................................................. J. puberula
35
Jacaranda caroba (Vell.) DC., Prodr. 9: 232. 1845
Arvoreta ou arbusto 3 m alt.; ramos canaliculados, glabros com lenticelas. Folhas
com 8 – 10 pinas, 7 – 15 foliólulos por pina; raque canaliculada, 7,2 – 10,5 cm, glabra,
pecíolos 4,1 – 5,8 cm, canaliculados, levemente tomentosos; peciólulo reduzido; foliólulos
simétricos 2,2 – 4,8 x 0,8 -1,6 cm, com distinção entre os foliólulos da base e do ápice,
sendo os da base obovados e os do ápice oblanceolados, densamente tomentosos somente
nas nervuras da face adaxial, ápice obtuso a agudo, base cuneada, margem inteira.
Inflorescência tirsóide, terminal ou axilar, eixo 9,7 – 13,6 cm, cilíndrico, glabrescente;
brácteas e bractéolas caducas; pedicelo 0,3 – 0,5 cm. Cálice vináceo, 0,8 x 0,4 cm, cupular,
pubescente; corola tubular-campanulada, arroxeada, tubo 2,6 – 4,8 x 1,1 – 1,6 cm,
pubescente, lobos 0,7 – 0,9 cm, pubescentes; filetes 2,1 - 0,8 cm, anteras 0,1 – 0,3 cm;
estaminódio 2,4 – 4 cm, tomentoso; ovário 0,3 x 0,2 cm, glabro, estilete 1,6 – 2,9 cm,
estigma 0,1 cm diâm. Cápsula 4,6 -3,2 x 5,9 - 3,6 cm, elíptica, glabra, com margem plana
ou levemente ondulada; sementes 1,4 -1,6 x 0,3 – 0,4 cm
Material examinado: Minas Gerais: Parque Nacional do Itatiaia, Monte Serrat, W. D.
Barros 207, 14/02/1941, fl. e fr. (ITA). Rio de Janeiro, Estrada Presidente Dutra Km 153,
Sócrates de Andrade 96, 28/02/1963, est. (RB).
Espécie muito comum no cerrado, nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Distrito
Federal entre 600-1600m.s.m. (Gentry 1992). Lohmann & Pirani (1996) mencionam que a
distribuição desta espécie estende-se para o Paraná e Bahia. A detecção desta espécie para o
Parque não diferencia muito do padrão de distribuição apresentado por Gentry (1992) para
a espécie, já que o Parque abrange o estado de Minas Gerais e chega muito próximo ao
estado de São Paulo.
Fig. 5: Jacaranda caroba Foto: Gentry
36
Fig. 6: Jacaranda caroba: A. Ramo frutífero; B. Detalhe do foliólulo terminal; C. Detalhe doindumento – face abaxial; D. Inflorescência; E. Flor; F. Detalhe do cálice; G. Detalhe do gineceu;H. Estames e estaminódio; I. Semente. (Todos de W.D. Barros 207, RB)
37
Jacaranda crassifolia Morawetz, Pl. Syst. Evol. 132: 339. 1979.
Arbusto 8 a 12 m alt.; ramos cilíndricos, tomentosos. Folhas com 13 - 15 pinas, 7 –
9 folíolos por pina; raque cilíndrica, 17,5 – 20,2 cm, glabra, pecíolos 8,3 – 32 cm,
cilíndricos, levemente tomentosos; peciólulo 1,4 cm, cilíndrico; foliólulos fortemente
assimétricos, 2,2 - 3,6 x 1 – 1,2 cm, elíptico-rômbicos, tomentosos apenas nas nervuras da
face abaxial, esparso-tomentosos na face adaxial, ápice acuminado e base cuneada, margem
inteira. Inflorescência panícula terminal, eixo 11 – 17 cm, glabro; brácteas e bractéolas
caducas; pedicelo 0,5 cm. Cálice arroxeado, 0,8 – 0,6 cm, infundiliforme, tomentoso;
corola infundiliforme, roxa, tubo 3,5 x 0,9 cm, tomentoso, lobos 0,7 x 0,1 cm, glabro;
filetes 1,7 x 0,1 cm, anteras 0,1 x 0,8 cm; estaminódio ca. 2,9 cm; ovário 0,4 x 0,3 cm,
glabro, estilete 1,8 cm, estigma 0,1 cm diâm. Cápsula, 5,4 – 6 x 3,7 – 3,8 cm, elíptica,
sementes não observadas.
Material examinado: Rio de Janeiro: Itatiaia, Parque Nacional do Itatiaia, W. Duarte de
Barros 13, 12/VIII/1940, fl., (RB); W. Duarte de Barros 207, 14/II/1941, fr. (ITA).
Espécie considerada endêmica do Parque Nacional do Itatiaia, localizado entre 500
a 1000 m de altitude na Serra da Mantiqueira. Uma característica marcante em J.
crassifolia é o alto grau de assimetria de seus foliólulos. Gentry (1992) sinaliza com a
possibilidade de esta espécie estar formando um híbrido juntamente com J. macrantha.
Por ter sua distribuição restrita, poucos exemplares encontram-se depositados nos
herbários consultados. Esta espécie não foi recoletada ultimamente e isto pode sugerir uma
alta raridade ou ainda o declínio da população deste táxon. Por se tratar de uma espécie
com distribuição restrita a uma região, este fato torna-se altamente preocupante.
38
Fig. 7: Jacaranda crassifolia: A. Ramo florífero; B. Detalhe do foliólulo; C. Detalhe doindumento – face abaxial; D. Detalhe do indumento da margem adaxial do foliólulo; E. BotõesFlorais e flor; F. Detalhe do indumento da face externa da corola; G. Estames, estaminódio egineceu ; H. Detalhe do ápice do estaminódio.(Todos de W. Duarte de Barros 13, RB).
39
Jacaranda puberula Cham., Linnaea 7: 550. 1832.
Árvore 10 m alt.; ramos canaliculados, pubescentes, com lenticelas. Folhas 9 - 15
pinas, 4 – 17 foliólulos por pina; raque canaliculada, 12 – 22,5 cm, tomentosa, pecíolos 4 –
7,8 cm, canaliculados, pubescentes; peciólulo 0,4 – 0,7 cm, canaliculado; foliólulos
simétricos, 1,2 – 3,2 x 0,4 – 1,4 cm, elípticos, glabros na face adaxial ou esparsamente
pubescentes na face abaxial, ápice agudo a obtuso, base cuneada a obtusa, margem
levemente denteada. Inflorescência tirsóide terminal, eixo 9,5 cm, canaliculado,
pubescente; brácteas 0,4 – 0,6 x 0,1 cm; bractéolas 0,3 x 0,1 cm; pedicelo 0,2 – 0,3 cm.
Cálice vináceo, 1,1 x 0,7 cm, cupular, tomentoso; tubo 1,9 – 3 cm; corola campanulada,
tubo 3,9 – 4,9 x 1,2 - 1,9, tomentoso, lobos 0,3 – 0,6 x 0,1 -0,3 cm; filetes 1,5 – 2,3 x 0,1
cm; anteras 0,3 cm; estaminódio 3,2 cm; ovário 0,3 x 0,2 cm, glabro, estilete 2,7 cm,
estigma 0,1 cm diâm. Cápsula 2,8 – 4,9 x 1,8 – 3 cm, elíptica, glabra, margem plana;
sementes não observadas.
Material examinado: Minas Gerais: Itamonte, Parque Nacional do Itatiaia, 22° 15’; 22° 28’
S e 44° 34’; 44° 45’ W, S. J. Silva Neto et al. 1449, 29/VIII/2001, fr., (RB); Monte Serrat –
850 ms.m., na margem do lago, W. Duarte de Barros 428, 28/X/1941, fl., (ITA). Rio de
Janeiro: Itatiaia, lote 13, J.J. Sampaio 35, 17/IX/53, fl., (ITA); 22° 15’; 22° 28’ S e 44° 34’
44° 45’ W, Lago Azul, 650 ms.m., M.R. Carrara et al. 23, 18/I/1995, fl., (RB); Estrada
Presidente Dutra Km 153, Sócrates de Andrade s.n., 28/VI/1963, fl. e fr., (ITA 2101).
Espécie altamente dispersa pela mata atlântica, ocorrendo desde Misiones, na
Argentina e desde o Rio Grande do Sul até Bahia, Pernambuco e Ceará no Brasil. Ocorre
em florestas de araucárias, florestas litorâneas “sempre verdes”, florestas semidecíduas,
florestas montanas e cerrado, em altitudes que variam de 0 a 1300 metros (Gentry 1992).
Há registros ainda de ocorrência nas restingas do Espírito Santo. É muito próxima de
Jacaranda caroba, diferindo apenas pelos foliólulos com margem denteada (vs. inteira de
J. caroba).
Fig. 8: Flor de J. puberula Foto: Gentry Fig. 9: Frutos de J. puberula Foto: Gentry
40
Fig. 10: Jacaranda puberula: A. Ramo frutífero; B. Foliólulos; C. Foliólulo; D. Detalhe doindumento – face abaxial; (A-D: S. J. Silva Neto et al. 1449, RB) E. Botão Floral; F. Detalhe doindumento da face externa do cálice; G. Flor ; H. Detalhe do indumento da face externa da corola; I.Estames, estaminódio e gineceu; J. Detalhe do indumento da porção mediana do estaminódio (E-J:M.R. Carrara et al. 23, RB)
41
Jacaranda pulcherrima Morawetz Pl. Syst. Evol. 132: 337. 1979.
Arbusto 1,5 m alt., ramos achatados, tomentosos com lenticelas. Folhas com 13 – 19
pinas, 7 – 27 foliólulos por pina, raque canaliculada, 19,1 – 17,6 cm, tomentosa, pecíolos
4,1 – 10,4 cm, cilíndricos; peciólulos reduzidos; foliólulos simétricos, 1,3 – 2,8 x 0,4 - 0,9
cm,, oblongos, tomentosos em ambas as faces, ápice agudo, base atenuada, margem
conspicuamente denteada e revoluta. Inflorescência panícula terminal, eixo 12,8 - 15,5 cm,
tomentoso, brácteas e bractéolas caducas; pedicelo 0,4 –0,7 cm. Cálice acinzentado, ca. 1 x
0,5 cm, cupular, tomentoso; corola roxa, campanulada, tomentosa, tubo 5,1 – 5,8 x 1,6 cm,
lobos 1,1-1,4 x 1,1 – 1,4 cm, pubescentes; filetes 2,2 – 2,6 x 0,1 cm, anteras ca. 0,1 cm;
estaminódio 4,4 cm, tomentoso; ovário 0,4 x 0,1 cm, glabro, estilete 2,6 cm; estigma 0,1 cm
diâm. Fruto não observado.
Material examinado: Rio de Janeiro, Estrada Presidente Dutra, Km 153, Sócrates de
Andrade 96, 28/02/1963 (ITA).
Material adicional: Minas Gerais: Santa Bárbara, Serra do Caraça, em campos rupestre e
matas de altitude, H. F. Leitão Filho et al. 9508, 12/12/1978, fl., (UEC). Caraça, Caminho
para cachoeira do Belchior, I.R. Andrade 10, 12/12/1986, fl., (UEC 74951); Cachoeira do
Belchior, I.R. Andrade 10, 12/12/1986, fl., (UEC 66070); Serra da Caraça, cerca de 70 km
suleste de B.H., mata ciliar, próximo ao mosteiro, N.D. da Cruz, G.J. Shepherd et al. , s. n.,
17/11/1977, fl., (UEC 728). São Paulo: Estrada próxima ao Parque Estadual da Serra do
Mar – Núcleo Cunha, S. Buzato & M. Sazima 28018, 22/11/1992, fl., (UEC 59628).
Jacaranda pulcherrima é encontrada em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo
em locais de altitudes entre 700 e 1500 msm. Apresenta os foliólulos altamente
indumentados em ambas as faces e simétricos.
Espécie com apenas uma registro para o PARNA do Itatiaia, datado de 1963,
encontrada na rodovia Presidente Dutra.
42
Fig. 13: Jacaranda pulcherrima: A. Ramo florífero; B. Foliólulo - face adaxial; C. Foliólulo - faceabaxial; D. Detalhe do indumento – face abaxial; E. Flor; F. Cálice, estilete e estigma; G. Cáliceaberto evidenciando gineceu; H. Corola aberta evidenciando androceu. (Todas de H. F. LeitãoFilho et al. 9508, UEC)
43
Fig. 11: Flores de J. pulcherrima Foto: Gentry
Fig. 12: Hábito de J. pulcherrima Foto: Gentry
Jacaranda subalpina Morawetz. Pl. Syst. Evol. 132: 336. 1979. Fig. 2.
Árvore 5 m alt.; ramos canaliculados, tomentosos a pubescentes. Folhas 11 - 19
pinas, 8 - 13 folíolos por pina; raque canaliculada 4,5 - 22,9 cm, tomentosa, pecíolos 1,5 -
5,5 cm, canaliculados, tomentosos; peciólulo 0,3 - 0,9 cm, canaliculado; foliólulos
simétricos, 0,8 - 3,1 x 0,3 - 0,9 cm, elíptico-rômbicos, face abaxial ápice com tricomas por
toda a superfície, face adaxial esparso-pubsecente, ápice agudo a obtuso, base atenuada,
margem inteira ou levemente denteada. Inflorescência panícula, eixo cilíndrico 19 – 22,5
cm, cilíndrico, tomentoso; brácteas 5 - 7 x 0,8 - 0,9 cm; bractéolas 1 - 2 x 0,5 - 0,6 cm;
pedicelo 1 - 2,1 cm. Cálice vináceo, cupular, 0,9 - 1,2 x 0,5 - 0,6 cm levemente tomentoso;
corola campanulada, arroxeada, tubo 2,1 - 2,3 x 0,7 - 1,3 cm, lobos 0,4 - 0,5 x 1,1 - 1,3 cm,
tomentoso; filetes 0,1 – 1,5 x 0,1 cm; anteras 0,4 – 0,5 x 0,1 cm; estaminódio 2,5 – 3,4 cm,
tomentoso; ovário 2,3 – 2,5 x 0,1 cm, glabro, estilete 1,6 - 1,8 cm, estigma 0,1 – 0,2 cm.
Cápsula 4,2 - 5,3 x 2,2 - 2,3 cm, elíptica, esparsamente tomentosa; sementes 0,5 - 0,6 x 0,4
cm.
Material examinado: Rio de Janeiro: Rezende, Parque Nacional do Itatiaia, Estrada das
Estâncias Hidrotermais, V.F. Ferreira 163, 18/X/1977, fr., (RB). São Paulo: Parque
Nacional do Itatiaia: 1300 ms.m., D. Sucre et al. 2964, 7/V/1968, est., (RB).
Material adicional: Mato Grosso, Guerra 27, s.d. fl. e fr. (RB); Minas Gerais: Santa
Bárbara, Serra da Caraça 1955 ms.m., H.F. Leitão Filho et al. 9508, 12/XII/1978, est.,
(RB).
44
Espécie considerada endêmica da floresta pluvial montana em altas altitudes na
Serra da Mantiqueira, mais especificamente no sudeste do estado do Rio de Janeiro,
próximo ao Estado de São Paulo, em altitudes que variam de 1600 a 1800 m. Esta espécie é
próxima de Jacaranda puberula, mas ocorre em altitudes superiores. Difere também desta
última pela corola com indumento mais adensado, pelo cálice mais largo e coriáceo e fruto
menor (Gentry 1992).
O material coletado por D. Sucre et al. 2964 aparece como sendo coletado no estado
de São Paulo, mas dentro dos limites do Parque, porém o Parque não abrange São Paulo.
Decidiu-se manter a localidade presente na etiqueta, entretanto vale ressaltar que
provavelmente houve alguma falha na atribuição da localidade por parte dos coletores.
45
Fig. 14: Jacaranda subalpina: A. Ramo com fruto (V.F. Ferreira 163, RB); B. Ramo com flor(Guerra 27, RB); C. Foliólulo – face abaxial; D. Detalhe da face abaxial do foliólulo (C e D - V.F.Ferreira 163, RB); E. Botão Floral; F. Flor; G. Botão floral aberto; H. Estaminódio; I. Gineceu edisco nectarífero em corte longitudinal; J. Ovário em corte longitudinal; K. Semente ( E- K - Guerra27, RB).
46
Sparattosperma Mart. ex Meisn.
Árvores ou arbustos, ramos canaliculados ou tetragonais. Folhas palmadas, 3 - 5-
folioladas, persistentes. Inflorescência tirsóide, terminal. Flores com cálice tubular
espatáceo, ápice bilobado, cartáceo, glabro a piloso; corola alva, membranácea, glabra
externamente, pilosa na face interna do tubo; estames glabros, estaminódio reduzido,
glandular; ovário oblongo, longitudinalmente costado, obscurecido pela secreção glandular.
Cápsula cilíndrico–linear, mais ou menos costada longitudinalmente, margem plana.
Sparattosperma leucanthum (Vell.) K. Schum. Nat. Pflanzenfam. 4(3b):235. 1894.
Árvores ca. 15 m alt.; ramos canaliculados, glabros. Folhas 5-folioladas; pecíolo 4,7
- 11,5 cm, canaliculado, glabro; peciólulo 0,9 - 3,9 cm, canaliculado; folíolos 5,4 – 12 x 2,1
– 4,6 cm, ovado-oblongo, tomentoso na nervura principal da face adaxial, ápice acuminado
a agudo, base obtusa, margem serreada. Inflorescência paniculada, terminal 3,5 – 8 cm;
brácteas caducas, bractéolas 1,6 x 0,8 cm; pedicelo 0,2 – 0,8 cm, cilíndrico. Cálice tubular
espatáceo, 1,8 - 2,3 x 0,7 – 1,6 cm, ápice bilobado, corola alva, campanulada, 5-lobada,
tubo 4 x 2 cm, glabro, lobos 1,2 x 1 cm, glabro; filetes 1,4 - 2 x 0,8 - 0,9 cm, tomentosos na
base; anteras 0,3 – 0,4 cm, glabras; estaminódio 0,4 - 0,5 cm, tricomas glandulares; ovário
0,3 – 0,4 x 0,3 cm, glabro, estilete 2,6 – 2,9 cm de comp., glabro, estigma 0,1 – 0,2 cm.
Cápsula 21 – 54 x 0,5 – 1,2 cm, cilíndrico-linear, lepidota ou glabra; sementes 3 – 5,5 cm
de comp., aladas.
Material examinado: Rio de Janeiro: Itatiaia, Parque Nacional do Itatiaia, Benfica - Lote 20,
C. Porto 2665, 7/I/1935, fl., (RB); J.J. Sampaio, s.n., 13/I/1943, fl., (ITA 2034); W. D.
Ramos 154, 6/I/1941, fl., (ITA); estrada Recreio Maromba de Andrade, J.C. Sócrates 22,
10/IX/1962, fl., (ITA); Fazenda Casunga, W.D. Barros 154, 6/I/1941, fl., (RB); Serra do
Itatiaia, C. Porto 2665, 6/VII/1949, fl., (ITA); s.l., J.C. Sócrates 1063, 13/I/1943, fl., (RB).
Espécie amplamente distribuída da Venezuela e Perú até o sul do Brasil. Na
Amazônia ocorre mais em áreas secas, já na costa brasileira é mais comum como espécies
secundárias em vários tipos de formações. Ocorre desde o nível do mar até 1800 m de
altitude (Gentry 1992). No PARNA do Itatiaia, sempre foi encontrada em ambientes com
bastante exposição à luz, preferencialmente em beiras das estradas no PARNA e nas
47
encostas dos morros. Sementes foram encontradas pelas matas, principalmente perto das
margens dos rios que se encontravam nas baixadas de encostas.
Fig. 15: Flores de S. leucanthum Foto: Gentry
48
Fig. 16: Sparattosperma leucanthum: A. Ramo com flores; B. Detalhe da face abaxial do folíolo evidenciando indumento; C.Detalhe do ápice bilobado do cálice; D. Detalhe do botão floral com o cálice espatáceo; E. Cálice aberto evidenciando acorola; F. Cálice aberto sem a corola e estames evidenciando o disco nectarífero e o gineceu; G. Corola aberta evidenciandoos estames e estaminódio; H. Detalhe do indumento da parte superior da face interna da corola; I. Detalhe da parte inferior daface interna da corola; J. Detalhe do indumento da parte inferior da face interna da corola.(Todos de C. Porto 2665, RB).
49
Tabebuia Gomes ex DC.
Árvores ou arvoretas. Folhas palmadas, (3-)5 - 7-folioladas, geralmente caducas.
Inflorescência tirsóide ou botrióide, terminal ou axilar. Flores com cálice campanulado, 3 -
5-denteado, coriáceo, com grande variação de indumento; corola roxa ou amarela, tubular-
campanulada, membranácea, glabra ou tomentosa em determinada porção; estames glabros,
estaminódio reduzido, glabro; ovário oblongo, glabro; estilete glabro. Cápsula linear-
cilíndrica, coriácea, lisa, glabras, estreladas, tomentosas ou glabras, margem plana.
Gênero neotropical, com cerca de 100 espécies, distribuídas desde o norte do México e
Antilhas até o nordeste da Argentina. A maioria das espécies está distribuída na República
Dominicana, Haiti e Cuba. Dividido artificialmente em 10 subgrupos, o gênero ainda
apresenta muitos problemas taxonômicos, pelo fato de alguns táxons necessitarem de uma
melhor delimitação (Gentry 1992).
9.3 - Chave para a identificação das espécies de Tabebuia ocorrentes no Parque Nacionaldo Itatiaia.
1. Flores com corola roxa ...................................................................... T. heptaphylla
1’. Flores com corola amarela ..................................................................................... 2
2. Cálice levemente indumentado, face abaxial dos folíolos glabra ......................... .......................................................................................................... T. serratifolia2’. Cálice densamente indumentado, face abaxial dos folíolos indumentada ......... 3
3. Margem foliolar serreada ............................................................. T. vellosoi3´. Margem foliolar inteira ou raro levemente denteada ................................... 4
4. Indumento da face abaxial dos folíolos estrelado e esbranquiçado epedicelo 0,7 – 1,5 cm .................................... T. ochracea ssp. ochracea
4’. Indumento da face abaxial dos folíolos estrelado e avermelhado epedicelo reduzido........................................................ T. chrysotricha
50
Tabebuia chrysotricha (Mart. ex A.DC.) Standl., Field Mus. Nat. Hist., Bot. Ser. 11:176.
1936
Árvore 2 – 10 m alt.; ramos cilíndricos; tomentosos. Folhas 5-folioladas; pecíolos
2,2 – 9,5 cm, cilíndricos, tomentosos ou estrelados; peciólulos 0,2 – 3,5 cm, cilíndricos,
tomentosos ou estrelados; folíolos, 1 – 12,5 x 0,7 – 6,3 cm, oblongos ou elípticos, face
abaxial estrelada, avermelhada, ápice acuminado a agudo, base cuneada, margem inteira ou
raro levemente denteada. Inflorescência panícula, terminal, eixo cilíndrico ca. 2,5 cm,
estrelado, pedicelo reduzido. Cálice 5-denteado, 2 – 0,9 cm, tubular, tomentoso; corola
amarela, campanulada, lobos ca. 1,5 cm, tubo ca. 5,5 cm, tomentoso; filetes 1,6 – 2,3 cm,
glabros; anteras, 0,3x 0,1cm, glabras; estaminódio 0,6 cm, glabro; ovário 0,3 x 0,1 cm,
glabro, estilete 2,7 cm, glabro, estigma 0,1 cm diâm. Cápsula 14 – 23 x 1,3 – 1,8 cm, linear,
densamente tomentosa, oblonga; sementes 1,5 x 0,5 cm.
Material examinado: Rio de Janeiro: Itatiaia, Parque Nacional do Itatiaia, C. Porto 717, 25/
VIII/1918, fl., (RB); Serra do Itatiaia, lote Mayrink Veiga, C. Porto 2264, 20/XI/1934, est.,
(ITA); C. Porto s.n., 20/XI/1934, bot. fl., (RB 28065); lote Maria Augusta 900 ms.m., W.
D. Barros 417, 8/X/1941 fr., (RB 47284); lote Maria Augusta c.a. 900 ms.m., W. D. Barros
417, 8/X/1941, fr., (RB 84019); Hotel Simon, P.H. Pereira 36, 18/06/2004, fl. (RB); Hotel
Simon, P.H. Pereira 45, 10/09/2004, fl. (RB).
Material adicional: Rio de Janeiro: Nova Friburgo, Macaé de Cima, próximo à entrada da
fazenda Ouro Verde, C.M. Vieira et al. 420, 25/IX/1993, fl., (RB 314364).
Espécie ocorrente na mata atlântica costeira do Brasil, geralmente em restingas.
Também encontrada em outros de tipos de florestas abertas ou alteradas ou ainda em
formação arbustiva, em topos de morros especialmente em solos arenosos. Comumente
utilizada na arborização urbana (Gentry 1992).
É próxima a Tabebuia ochracea e segundo Gentry (1992) poderia ser tratada como
subespécie deste táxon. Difere pelos folíolos apresentarem indumento menos adensado na
face abaxial, pela superfície adaxial escabrosa e pelo cálice séssil ou subséssil com
indumento persistente e avermelhado.
Espécie cultivada nos jardins do Hotel Simon, e por apresentar pequeno porte,
acredita-se ser cultivada e não um remanescente da vegetação nativa como acreditamos ser
as nossas coletas para T. heptaphylla e T. serratifolia, tampouco espontânea como T.
51
ochracea ssp. ochracea apesar de haver registros de ocorrência em regiões próximas aos
limites do PARNA do Itatiaia.
Não conseguimos recoletar esta espécie em ambiente natural neste estudo, assim os
espécimes mencionados no material examinado tratam de coletas encontradas nos herbários
consultados.
Fig. 17: Hábito de T. chrysotricha Foto: Gentry Fig. 18: Flor de T. chrysotricha Foto: Gentry
52
Fig. 19: Tabebuia chrysotricha: A. Ramo; B. Folíolo; C. Detalhe do indumento da face adaxial dofolíolo; D. Inflorescência; E. Flor; F. Cálice, estilete e estigma; G. Corola aberta evidenciando estames,estaminódio (A-G: P.H. Pereira 36, RB); H.Fruto; I. Detalhe do indumento do fruto.(H-I: W. D.Barros 417, RB).
53
Tabebuia heptaphylla (Vell.) Toledo, Arq. Bot. Estado São Paulo, 3:33. 1952. Fig. 3.
Árvore 4 – 40 m alt.; ramos cilíndricos, glabros. Folhas 5 - 7-folioladas; pecíolos
3,5 – 5,9 cm, cilíndricos, glabros; peciólulos 0,8 – 9,2 cm, cilíndricos, glabros; folíolos, 2,5
– 21,5 cm, oblongos, glabros, ápice acuminado, base obtusa, margem levemente serreada.
Inflorescência botrióide, terminal, eixo 13,7 – 23,4 cm, cilíndrico, glabro; pedicelo 0,8 –
1,5 cm, cilíndrico, estrelado. Cálice 5-lobado, 0,5 x 0,5 cm, cupular, estrelado; corola roxa,
campanulada, lobos 1 x 1,4 cm, tubo 3 x 1 cm, estrelado; filetes 1,3 – 1,7 cm, glabros;
anteras 0,3 cm, glabras; estaminódio 0,2 cm; ovário 0,3 x 0,1 cm, glabro, estilete 2,2 cm,
glabro, estigma 0,1 cm. Cápsula 30,5 – 32,3 x 2 cm, alongada; sementes não observadas.
Material examinado: Rio de Janeiro, Itatiaia, C. Porto 668, 1918, est., (RB); Parque
Nacional do Itatiaia - lote 70, 950 ms.m., W. D. Barros 265, 17/IV/1941, bot. flor., (RB).
Material adicional: Rio de Janeiro: Encosta do Corcovado, Dionísio s.n., 6/1912, fl. e fr.,
(RB 11222).
Espécie é amplamente distribuída e próxima a Tabebuia impetiginosa. Estas duas
possuem muitas características em comum, porém distribuição alopátrica, sendo que T.
heptaphylla prefere florestas úmidas e mais baixas, enquanto T. impetiginosa ocorre em
áreas rochosas e mais secas (Gentry 1992).
No PARNA do Itatiaia encontra-se em cultivo nos jardins do Hotel Simon e por
alguns indivíduos apresentarem grande porte, acredita-se serem remanescentes que foram
conservados e aproveitados no projeto paisagístico do Hotel.
Das espécies do gênero que ocorrem no PARNA do Itatiaia, é a única a apresentar
corola roxa, sendo fácil sua identificação quando em flor. Suas folhas podem apresentar
cinco ou sete folíolos, o que se torna uma característica taxonômica interessante, e ajuda na
identificação do táxon.
A forma estreita e alongada dos seus folíolos difere bem T. heptaphylla das outras
espécies de Tabebeuia.
54
Fig. 20: Tabebuia heptaphylla: A. Ramo; B. Folíolo de maior tamanho; C. Folíolo de menor tamanho;D. Detalhe do indumento da face abaxial do folíolo(A-D: C. Porto 668, RB); E. Inflorescência; F.Ramo com alguns pedicelos e uma flor aberta; G. Corola aberta mostrando estames, estaminódio eindumento; H. Detalhe do indumento da parte inferior da corola; I. Detalhe do indumento da partesuperior da corola; J. Cálice com gineceu; K. Detalhe do estigma; L. Cálice aberto evidenciando o disconectarífero ovário; M. Fruto; N. Semente. (E-N: Dionísio s.n., RB 11222).
55
Tabebuia ochracea (Cham.) Standl. ssp. ochracea Field Mus. Nat. Hist., Bot. Ser. 11: 176.
1936.
Árvore ou arvoreta de 2,5 a 25 m alt.; ramos canaliculados estrelados. Folhas 5-
folioladas; pecíolo 5,9 - 10,7 cm, canaliculado, estrigoso a densamente estrigoso; peciólulo
0,2 - 2 cm, canaliculado, estrelado; folíolos 2,7 - 6,8 x 1,9 - 4,4 cm, elípticos a oblongo-
ovados, face adaxial praticamente glabra, face abaxial estrelada, esbranquiçada, ápice
agudo a cuspidado, base arredondada a cuneada, margem inteira. Inflorescência botrióide,
globosa, congesta, terminal, eixo 4 – 1 cm, estrelado; pedicelo 0,7 – 1,5 cm, densamente
estrigoso. Cálice 5-denteado, 1,6–2,4 cm, ferruginoso, irregular e curtamente partido,
campanulado, densamente estrigoso; corola amarelo ouro com nervuras vináceas, cupular,
lobos 1-3 cm; tubo 5–5,3 x 2–2,3 cm, estrigoso em determinada porção da face interna,
glabro externamente, filetes 2,5–3,2 x 0,1 cm, glabros; anteras 0,3 x 0,1 cm, glabras;
estaminódio, ca. 1,2 cm, ápice agudo, glabro; ovário 0,5 x 0,2 cm, glabro, estilete 2,2 cm,
glabro, estigma, 0,2 cm de diâm. Cápsula 22,8 x 1,8 cm oblonga, ocrácea, estrelada;
sementes 2,3 - 2,5 x 0,8 cm.
Material examinado: Minas Gerais: Itamonte, Parque Nacional do Itatiaia, Campinho p/
Serra Negra, antes da chegada em Vargem Grande – 1646 ms.m., M.P.M. de Lima et al.
448, 29/VIII/2001, fl., (RB); Rio de Janeiro: Itatiaia, Parque Nacional do Itatiaia, estrada de
acesso ao Parque, P.H. Pereira 37, 18/06/2004, fl. (RB); Centro de Visitantes do PARNA
do Itatiaia, P.H. Pereira 48, 19/09/2004, fl. (RB).
Material adicional: Distrito Federal: Brasília, Reserva Ecológica do Roncador, E. Heringer
129, 26/9/77, fr., (RB); Minas Gerais: c.a. 730 km do Rio de Janeiro para Belo Horizonte,
norte de Juiz de Fora, c.a. 21°35’ S, 43°20’ W, 700 ms.m., E. Zardini et al. 49526, fr.,
(RB).
Espécie polimorfa que apresenta três subespécies, bem delimitadas geograficamente
(Gentry 1992): Tabebuia ochracea subsp. ochracea, T. ochracea subsp. heterotricha, T.
ochracea subsp. neochrysantha. No Parque ocorre apenas a subespécie típica, sendo
também a única que ocorre dentro dos domínios da mata atlântica.
Espécie que no PARNA do Itatiaia apresenta-se muito próxima de T. vellosoi,
diferenciando no hábito, que em T. ochracea é arbóreo e T. vellosoi é arbustivo, e na
inflorescência que em T. ochracea é menos congesta, globosa e com o eixo maior. Os
56
indivíduos coletados encontram-se dentro de propriedades particulares que se localizam
dentro dos limites do PARNA do Itatiaia. Porém, como há registros de indivíduos coletados
em regiões próximas aos limites do PARNA do Itatiaia, acredita-se que estes espécimes
podem ser espontâneos e não cultivados.
Os folíolos apresentam uma venação protuberante com ápices geralmente
arredondados, o que ajuda na identificação. A textura coriácea dos folíolos, juntamente com
os tricomas estrelados, dão uma textura que é bem característica na espécie e podem ser
informações úteis para distinguir este táxon de T. chrysotricha.
Fig. 21: Hábito de T. ochracea Foto: Gentry Fig. 22: Flor de T. ochracea. Foto: Gentry
57
Figura 23: Tabebuia ochracea: A. Ramo; B. Folíolo; C. Detalhe da face abaxial do folíolo (A-C:M.P.M. de Lima et al. 448, RB); D. Ramo com inflorescência; E. Flor; F. Detalhe do indumentoda face externa do cálice; G. Cálice aberto evidenciando o gineceu; H. Detalhe do indumento daface interna do cálice; I. Detalhe da flor aberta mostrando estames, estaminódio e parte do gineceu.(D-I: P.H. Pereira 37, RB).
58
Tabebuia serratifolia (Vahl) G. Nicholson, Ill. Dict. Gard. 4:1. 1887
Árvore 30 m alt.; ramos cilíndricos, glabros. Folhas 5-7 folioladas; pecíolo 3,3-13,6
cm, cilíndrico, pubescente; peciólulo 0,3–5 cm, cilíndrico, pubescente; folíolos, 2–17,1 x 1–
5,8 cm, oblongos, obovados ou elíptico, glabros, ápice acuminado, base atenuada, margem
inteira a conspicuamente serreada. Inflorescência panícula, terminal, eixo cilíndrico 1,2 – 2
cm,glabro; pedicelo 1 - 1,5 cm, pubescente. Cálice 3–5 lobos, 1,2 x 0,6 cm, campanulado,
levemente indumentado; corola amarela, tubular, lobos 2,7 x 2,6 cm, tubo 6,5 x 1,5 cm,
tomentoso; filetes 1,2 – 2,3 cm, anteras, 0,3 x 0,1 cm; estaminódio 1 cm, glabro; ovário 0,4
x 0,3 cm, glabro; estilete 2,5 cm, estigma 0,1 cm de diâm.. Cápsula 30,1 – 30,5 x 1,2 cm,
glabra, sementes, 4,5 – 4,7 x 0,7 – 0,8 cm.
Material examinado: Rio de Janeiro: Parque Nacional do Itatiaia, Itatiaia, C. Porto 724,
1918, fl., (RB); W. D. Barros 309, 19/VI/1941, fl., (ITA); P.H. Pereira 34, 18/06/2004, fl.
(RB).
Material adicional: Distrito Federal, Brasília: cultivada no campus da Universidade de
Brasília, E.P. Heringer 14824, s.d., fl., (RB). Rio de Janeiro: Engenheiro Passos, Cachoeira
do Salto, s.c.., s.n., s.d., fr., (RB 83960).
Trata-se de uma espécie amplamente distribuída e polimórfica. É comumente
chamada de ipê-amarelo, e se constitui a árvore símbolo do Brasil. Gentry (1992) considera
esta espécie próxima a Tabebuia vellosoi, porém no PARNA do Itatiaia não foi observada
semelhança entre elas, uma vez que os folíolos de T. serratifolia são praticamente glabros e
bastante coriáceos, enquanto que em T. vellosoi os folíolos são altamente indumentados e
papiráceos. No PARNA do Itatiaia esta espécie encontra-se cultivada nos jardins do Hotel
Simon, mas devido ao alto porte acredita-se que estes indivíduos sejam remanescentes que
foram conservados e aproveitados no projeto paisagístico dos jardins do Hotel.
59
Figura 24: Tabebuia serratifolia: A. Folha com os folíolos com margem levemente serrada; B.Folhas com os folíolos com margem conspicuamente serreada; C. Folíolo – face abaxial; D. Detalheda ramificação das nervuras secundárias mostrando a presença de indumento; E. Flor com doisbotões laterais; F. Inflorescência; G. Flor; H. Flor sem a corola e os estames, evidenciando o cálicee parte do gineceu; I. Flor aberta evidenciando os estames, estaminódio, gineceu e disco nectarífero;J. Detalhe do indumento da parte inferior da corola (A-J: P.H. Pereira 34, RB); K. Cápsulamadura; L. Semente.(s.c. s.n., RB 83960).
60
Tabebuia vellosoi Toledo, Arq. Bot. Estado Sao Paulo 3(1): 34. 1952.
Árvore ou arvoreta 1 - 5 m alt.; ramos canaliculados, glabros. Folhas 5-folioladas;
pecíolo 4,5 – 8,7 cm, canaliculado, densamente estrelado; peciólulo 1,2 – 3,1 cm,
canaliculado, densamente estrelado; folíolos 3,7 – 9,5 x 1,8 – 4,2 cm, elíptico-oblongo, face
abaxial densamente estrelada sobre as nervuras, ápice agudo, base cuneada, face adaxial
esparso-estrelado, margem conspicuamente serreada. Inflorescência tirsóide, globosa,
congesta, terminal; eixo reduzido, densamente estrigoso, pedicelo 1,6 - 1,8 cm, densamente
estrigoso. Cálice 5-denteado, 1,5–2 x 0,6 – 0,9 cm, campanulado, densamente estrigoso;
corola amarelo-ouro, lobo 1,2–1,4 cm, tubo 3,7–4,5 x 1,6–2,1 cm, estrigoso em
determinada porção da face interna, glabro externamente; filetes 9,1-15 cm, glandular na
porção adpressa à pétala, anteras 0,1–0,3 x 0,1 cm; estaminódio 1,4 cm, ápice espatáceo,
glandular na porção adpressa à pétala; ovário 0,4 x 0,2 cm, glabro, estilete 2,3, glabro,
estigma 0,2 cm diâm., glabro. Fruto e sementes não observados.
Material examinado: Rio de Janeiro, Itatiaia, Parque Nacional do Itatiaia, Trilha dos Três
Picos, anexa a trilha principal, P.H. Pereira 38, 17/08/2004, fl. (RB); Trilha dos Três Picos,
anexa a trilha principal, P.H. Pereira 39, 17/08/2004, fl. (RB).
Material adicional: Rio de Janeiro, Serra dos Órgãos, A.C. Brade 1661, 23/08/1940, est.
(RB).
T. vellosoi é muito confundida com T. serratifolia. Toledo considerava T. vellosoi
sinônimo de T. serratifolia. No entanto Gentry (1992) menciona claramente que sua análise
cuidadosa das ilustrações de Velloso em 1952 evidencia que T. vellosoi e T. serratifolia são
táxons completamente distintos. Gentry (1992) considerada ainda que T. vellosoi é próxima
a T. catarinensis.
No PARNA do Itatiaia foi coletada no alto dos Três Picos, num local altamente
exposto ao sol. Os indivíduos são de pequeno porte e podem ser considerados arvoretas,
pois não aparentam aparência de indivíduos jovens, uma vez que sua casca apresentava-se
bastante espessa e ainda por terem sido encontrados férteis em campo. Segundo Gentry
(1992), a espécie está distribuída no Paraná até Minas Gerais e Rio de Janeiro,
principalmente em florestas montanas, acima dos 1000 ms.m.. Há também registros de
coletas dessa espécie nas restingas do Espírito Santo.
61
Fig. 25: Tabebuia vellosoi: A. Ramo; B. Detalhe da margem serreada do folíolo (A-B: A.C. Brade1661, RB); C. Inflorescência; D. Flor; E. Cálice com estilete e estigma; F. Cálice aberto evidenciandogineceu; G. Corola aberta evidenciando estames e estaminódio.(C-G: P.H. Pereira 39, RB).
62
Apesar de alguns autores considerarem esta espécie muito próxima de Tabebuia
serratifolia, os indivíduos coletados no PARNA do Itatiaia se mostraram bastante parecidos
com T. ochracea ssp. ochracea, diferenciando no hábito, que em T. vellosoi é arbustivo e
na inflorescência, que em T. vellosoi é mais congesta, globosa e com o eixo bastante
reduzido.
63
10. Distribuição geográfica
Segundo Gentry (1976) o Brasil é o “centro de dispersão” para as Bignoniaceae, e
de uma maneira geral, a família apresenta um padrão de distribuição marcada por nichos
específicos baseados nos parâmetros hídricos, edáficos, estratégia de polinização e
sazonalidade de floração. Em seu estudo, Gentry (1976), mostra que algumas espécies de
Bignoniaceae, na região do Panamá, possuem uma amplitude ecológica suficiente para
ocorrerem em mais de uma "zona de vida", e relata que a densidade absoluta de espécies
decresce das florestas úmidas para as florestas secas.
Dentro deste contexto, serão definidos padrões de distribuição para as Tecomeae do
Itatiaia e os mesmos serão comparados aos utilizados por Morim (2006), que verificou seis
padrões para as Leguminosae desta mesma área (Distribuição neotropical, Distribuição
América do Sul ocidental-oriental, Brasil centro-oriental, Brasil Atlântico nordeste-sudeste-
sul e Brasil Atlântico sudeste-sul e Brasil Atlântico sudeste). Os padrões de distribuição
utilizados neste trabalho estão destacados em amarelo, azul, verde e vermelho na figura 26.
64
Fonte do mapa: Morim (2006).Figura 26: Síntese dos padrões de distribuição das espécies de Tecomeae do PARNA do Itatiaia.
Diferente das Leguminosae do Itatiaia, para a tribo Tecomeae existem apenas quatro
padrões de distribuição geográfica: Distribuição América do Sul ocidental-oriental, Brasil
centro-oriental, Brasil Atlântico nordeste-sudeste-sul e Brasil Atlântico sudeste. Desta
forma, a seguir são apresentadas descrições os padrões de distribuição encontrados,
seguidos da relação dos respectivos táxons para cada um deles.
10.1. Distribuição neotropical - Espécies com ampla distribuição, contínua ou
disjunta, com predominância de ocorrência na faixa neotropical, com limite norte o México
e a América Central e o limite sul o norte da Argentina. Nenhuma das espécies de
Tecomeae ocorrentes no PARNA do Itatiaia apresenta este tipo de distribuição.
10.2. Distribuição América do Sul ocidental-oriental – Espécies com distribuição
predominantemente nas áreas oeste, centro e leste da América do Sul, com limite ao norte a
Venezuela, Suriname ou Guiana e o limite sul, o sul do Brasil. Dentro deste padrão de
distribuição enquadram-se C. antisyphilitica, S. leucanthum, T. ochracea e T. serratifolia.
No PARNA do Itatiaia, S. leucanthum encontra-se numa faixa altitudinal que atinge o
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limite máximo de aproximadamente 1000 ms.m., tendo como preferência ambientes secos e
de alta exposição ao sol, já T. serratifolia, foi encontrada somente cultivada nos jardins do
Hotel Simon, mas, por se tratar de um exemplar de grande porte, suspeita-se que tal
espécime pode ser um remanescente da mata originária.
Cybistax antisyphilitica é uma espécie bem distribuída, porém com pouco registro
amazônico, tendo seu maior número de indivíduos relacionados para as regiões nordeste,
sudeste e sul do Brasil. Seu limite norte é a divisa do Estado do Pará com o Suriname.
Sparattosperma leucanthum é bem distribuída na América Latina, com maior
registro de ocorrência no sudeste e nordeste brasileiro, com poucos registros amazônicos,
sendo estes no Acre e na Amazônia boliviana. Ao sul, tem seu limite no território
paraguaio.
Tabebuia serratifolia é, dentre as espécies encontradas no PARNA do Itatiaia, a que
tem maior distribuição, ocupando vários ecossistemas como mata atlântica, cerrado, mata
amazônica, caatinga, etc, assim como em altitudes variáveis. Segundo a lista de espécies
coletadas disponível no site do Missouri Botanical Garden (http://mobot.mobot.org/cgi-bin/
search_vast, 2006), existem ainda coletas no caribe (Jamaica, Trinidad e Tobago).
Tabebuia ochracea tem sua distribuição bem parecida com T. serratifolia, porém
seu limite norte é o município de Monte Alegre, estado do Pará, não tendo sido, até o
presente momento, registradas coletas acima deste limite.
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Fig. 27 – Mapa de distribuição de Cybistax antisyphilitica •. Fonte: Gentry (1992).
Fig. 28 – Mapa de distribuição com destaque para S. leucanthum •. Fonte: Gentry (1992).
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Fig. 29 – Mapa de distribuição com destaque para T. ochracea ssp. ochracea •. Fonte: Gentry (1992).
Fig. 30 – Mapa de distribuição com destaque para T. serratifolia •. Fonte Gentry (1992).
10.3. Brasil centro-oriental – Espécies que se enquadram neste padrão de
distribuição ocorrem no centro-oeste, nordeste, sudeste e sul do Brasil. Tendo como limite
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ao norte o Ceará ou a Bahia, e ao sul Paraná ou Santa Catarina. Somente T. heptaphylla,
das espécies que ocorrem no PARNA do Itatiaia, apresenta este tipo de padrão. Tem seu
limite norte o norte da Bahia, ocorrendo somente na faixa litorânea do Estado, seu limite ao
oeste é a Bolívia, passando pelo cerrado e pelo pantanal brasileiro, e seu limite sul é a
Argentina. No PARNA do Itatiaia, encontra-se cultivada nos Jardins do Hotel Simon.
Fig. 31 – Mapa de distribuição com destaque para T. heptaphylla •. Fonte Gentry (1992).
10.4. Brasil Atlântico nordeste-sudeste-sul – Espécies que apresentam este padrão
de distribuição ocorrem no nordeste, principalmente na Bahia, até o sul do Brasil, em geral
o Paraná. Enquadram-se neste padrão de distribuição Jacaranda puberula e Tabebuia
chrysotricha.
Tabebuia chrysotricha apresenta-se distribuída principalmente na região sudeste,
tendo poucas referências para a Bahia, apenas uma referência para o Estado de
Pernambuco. Seu limite sul é a Argentina, e no território brasileiro o Rio Grande do Sul.
Jacaranda puberula apresenta distribuição principalmente na região sudeste e sul,
com alguns registros de ocorrência para Bahia, um registro para o Ceará, e outros para
Minas Gerais e Espírito Santo.
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Fig. 32 – Mapa de distribuição com destaque para J. puberula •. Fonte: Gentry (1992).
Fig. 33 – Mapa de distribuição com destaque para T. chrysotricha •. Fonte: Gentry (1992).
10.5. Brasil Atlântico sudeste-sul – Espécies que apresentam distribuição pelas
regiões Sudeste e sul do Brasil, predominado como limite sul o Estado do Paraná. Nenhuma
espécie relacionada para o PARNA do Itatiaia apresenta este tipo de distribuição.
10.6. Brasil Atlântico sudeste – Espécies que apresentam distribuição restrita à
região Sudeste do Brasil. Apresentam este tipo de distribuição: Jacaranda caroba, J.
crassifolia, J. pulcherrima, J. subalpina e Tabebuia vellosoi.
Jacaranda caroba foge um pouco deste padrão de distribuição estando presente não
só no sudeste, mas em dois estados do centro-oeste, Goiás (dois registro de coletas) e Mato
Grosso (um registro de coleta), porém o maior número de registros é para os estados de
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Minas Gerais e São Paulo. Planta típica do cerrado, sendo encontrada em uma faixa
altitudinal que varia de 600 a 1600 ms.m..
Jacaranda crassifolia tem sua distribuição muito restrita, e é considerada endêmica
da Serra da Mantiqueira, apesar de ter sido encontrada na Serra de São José, com apenas
um registro em São João Del Rei, Minas Gerais. Sua última coleta data de 1878, o que
causa preocupação em seu estado de conservação, uma vez que sua distribuição é altamente
restrita.
Jacaranda pulcherrima é encontrada em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo,
tendo maior registro de ocorrência no Estado de Minas Gerais. Trata-se de novo registro
para a Serra do Itatiaia. Encontrada em locais de altitudes entre 700 e 1500 ms.m., no
cerrado mineiro e em locais de transição entre o cerrado e campos de altitude.
Jacaranda subalpina é considerada endêmica da Serra da Mantiqueira, e seus
registros são principalmente na Serra do Itatiaia, e adjacências, tendo uma coleta
relacionada para Campos do Jordão. Diferencia-se de J. puberula apenas pela faixa de
ocorrência, que varia de 1600 a 1800 ms.m.. Espécie considerada em alto grau de ameaça,
uma vez que tem sua distribuição altamente restrita.
Tabebuia vellosoi geralmente é encontrada na costa do Brasil, em altitudes acima de
1000 ms.m., nos estados de Minas Gerais, Rio de janeiro, São Paulo e com seu limite sul o
Paraná. No PARNA do Itatiaia, teve seu primeiro registro de ocorrência, e foi encontrado
no cume dos Três Picos a uma altitude de 1200 ms.m.. Segundo registros de coletas
disponibilizados pelo site do Missouri Botanical Garden (http://mobot.mobot.org/cgi-
bin/search_vast, 2006), existe um registro de ocorrência para o estado do Espírito Santo, no
município de Santa Teresa. O maior número de registro está relacionado ao estado de
Minas Gerais. Até a realização deste estudo esta espécie era mencionada para o estado do
Rio de Janeiro somente para a Serra dos Órgãos.
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Fig. 34 – Mapa de distribuição com destaque para J. caroba • e J. crassifolia •. Fonte: Gentry (1992).
Fig. 35 – Mapa de distribuição com destaque para J. pulcherrima •. Fonte: Gentry (1992).
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Fig. 36 – Mapa de distribuição com destaque para T. vellosoi •. Fonte: Gentry (1992)
Fig. 37 – Mapa de distribuição com destaque para J. subalpina •. Fonte: Gentry (1992).
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11. Conclusão
Jacaranda e Tabebuia são os gêneros mais representativos na área com cinco
espécies cada, enquanto Cybistax e Sparattosperma apresentam apenas uma espécie
ocorrente no Parque Nacional do Itatiaia.
No PARNA do Itatiaia, tanto nas áreas limítrofes, quanto dentro de seus
domínios, encontram-se muitas residências, hotéis e “campings”, sendo comum
encontrarmos espécies cultivadas. No caso da tribo Tecomeae, pode-se encontrar três
espécies de Tabebuia (T. alba, T. bureavii e T. roseo-alba), uma espécie de Jacaranda (J.
brasiliana), cultivada nas margens da Rodovia Presidente Dutra, sendo J. brasiliana uma
espécie muito comum no cerrado brasileiro, e outra de Tecoma (T. capensis), uma espécie
de origem africana e também muito cultivada no Brasil.
Nas excursões a campo, foram recoletadas algumas espécies que já haviam sido
relacionadas para o PARNA do Itatiaia, como T. ochracea, T serratifolia e T. chrysotricha,
porém as do gênero de Jacaranda não foram encontradas no PARNA do Itatiaia, tampouco
em regiões adjacentes ao Parque, o que causa certa preocupação uma vez que áreas estão
sendo devastadas e utilizadas para pastos, além de uma pedreira que realiza suas extrações
na região.
Tabebuia vellosoi foi coletada pela primeira vez nos domínios do Parque
Nacional do Itatiaia, em uma única localidade, na trilha dos Três Picos, e conseqüentemente
aumentou o número de espécies do gênero no referido Parque.
Algumas exsicatas que haviam sido coletadas por pesquisadores do passado e
encontravam-se depositadas no herbário de Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio
de Janeiro e estavam indeterminadas, foram identificadas, principalmente as espécies de
Jacaranda como J. caroba e J. pulcherrima.
O resultado deste trabalho aumentou de nove para 12 o número de espécies da
tribo relacionadas para a região, dentre elas destaca-se Tabebuia vellosoi.
Cybistax antisyphilitica representa uma lacuna, dado que está relacionada em
listagens antigas como as de Brade (1956) e Gomes Jr. (1957), porém não existe nenhuma
exsicata depositada nos herbários consultados com referência para o PARNA, só tendo
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como único indício dois frutos expostos no Museu do Centro de Visitantes do PARNA do
Itatiaia, e estes sem qualquer tipo de informação sobre a procedência.
Dos seis padrões de distribuição adotados por Morim (2006) para as
Leguminosae do PARNA do Itatiaia, as espécies de Tecomeae ocorrentes no PARNA do
Itatiaia se enquadram em quatro destes padrões (América do Sul Ocidental-Centro-Oriental,
Brasil Centro-Oriental, Brasil Atlântico Nordeste-Sudeste-Sul e Brasil Atlântico Sudeste).
Conforme as análises de Morim (2006), os padrões de distribuição com maior
número de espécies das Leguminosae do PARNA do Itatiaia foram os padrões Brasil
Atlântico Sudeste e América do Sul Ocidental-Centro-Oriental, ambos com 10 spp.,
seguido pelos padrões Neotropical e Brasil Atlântico Nordeste-Sudeste-Sul, ambos com 9
spp. e pelos padrões América do Sul Ocidental-Centro-Oriental e Brasil Sudeste-Sul,
ambos com 5 spp. Verificou-se que em Tecomeae, o padrão de distribuição que engloba o
maior número de espécies ocorrentes no PARNA do Itatiaia é o padrão de distribuição
Brasil Atlântico Sudeste, com 41,6 % das espécies (5 spp.), seguido pelo padrão América
do Sul Ocidental-Centro-Oriental, com 33,3 % das espécies (4 spp.), padrão Brasil
Atlântico Nordeste-Sudeste-Sul, com 16,6 % das espécies (2 spp.) e o padrão Brasil Centro-
Oriental com 8,3 % das espécies (1 sp.).
Outros trabalhos da flora do Itatiaia estão sendo desenvolvidos a fim de contribuir
com a lista das espécies encontradas por Brade (1956) entre eles pode-se citar as
pesquisas elaboradas pelo Programa Mata Atlântica do Instituto de Pesquisas Jardim
Botânico do Rio de Janeiro que fomenta pesquisas junto aos especialistas de famílias
botânicas distintas.
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