Download - (Inicial) Obrigação de Fazer - Plano de Saúde - Manutenção - Empregada Dispensada Imotivada.pdf
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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DO
JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE NATAL/RN
[URGENTE]
REJANE MENEZES DA SILVA, brasileira, solteira, auxiliar
administrativa, inscrita no RG sob o nº: xxxxx SSP/RN e CPF sob o nº: xxxxxx,
residente e domiciliada na Rua xxxxxx, xxx, xxxxx, CEP: xxxxx – xxxxxx/RN,
por seu advogado, infra-assinado, constituído mediante instrumento
procuratório em anexo, com escritório profissional na Av. Dos Ipês, 754,
Neópolis, CEP: 59.080-115 – Natal/RN, onde receberá intimações, vem à
presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 30 da Lei 9.656/98 e art.
273 do Código de Processo Civil, PROPOR
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C DANOS MORAIS
(COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA)
Em face de HAPVIDA ASSISTÊNCIA MÉDICA LTDA., pessoa jurídica de
direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº: 63.554.067/0001-98, com sede na
Av. Heráclito Graça, 406, Centro, CEP: 60.140-061 – Fortaleza/CE, pelas
razões de fato e de direito a seguir expostas;
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I – PRELIMINAR DE MÉRITO
1. DA JUSTIÇA GRATUITA A autora pleiteia os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA,
assegurada nos termos do artigo 5º da Constituição Federal e das leis 1.060/50
e 7.510/86, em razão de se tratar de pessoa hipossuficiente, não tendo meios
de custear as despesas processuais e de arcar com um preparo de um
eventual Recurso Inominado sem prejuízo do sustento próprio ou de sua
família.
II – DA RESENHA FÁTICA
A autora foi funcionária do colégio Instituto Sagrada Família por
17 anos, quando foi dispensada imotivadamente em 13/04/13 (doc.2), não
recebendo nenhuma verba rescisória, portanto, encontrasse litigando na 8ª
Vara da Justiça do Trabalho desta capital as devidas verbas, através do
processo nº: 67700-08.2013.5.21.0008.
Ocorre que, entre os benefícios que a autora tinha era o plano
de saúde coletivo da segurada HAPVIDA e requereu juntamente a esta a
continuidade do serviço nas mesmas condições em que gozava a empresa.
Entretanto, o réu solicitou para dar prosseguimento ao serviço, que a autora
apresentasse o termo de rescisão contratual, o qual não foi possível, tendo em
vista que a empresa em que laborou não entregou, até porque não foi paga
nenhuma verba rescisória.
Cumpre esclarecer, que a autora contribuía para o pagamento
integral do premio na quantia de R$ 79,98 (setenta e nove reais e noventa e
oito centavos), que eram descontados mensalmente em seu contracheque
(doc.3).
Dispõe o art. 30 da Lei n. 9.656/98 que: "ao consumidor que
contribuir para produtos de que tratam o inciso I e o § 1º do art. 1º desta Lei,
em decorrência de vínculo empregatício, no caso de rescisão ou exoneração
do contrato de trabalho sem justa causa, é assegurado o direito de manter sua
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condição de beneficiário, nas mesmas condições de cobertura assistencial de
que gozava quando da vigência do contrato de trabalho, desde que assuma o
seu pagamento integral", pelo período de um terço do tempo de permanência,
com um mínimo assegurado de seis meses e um máximo de vinte e quatro
meses.
A controvérsia se instalar na exigência do réu para que a
autora apresente o termo de rescisão contratual, desta forma poderia
continuar com o plano de saúde.
Ressalto, ainda, que a autora logo após o seu desligamento se
dirigiu até empresa ré e comunicou administrativamente a pretensão em dar
continuidade ao serviço, apresentando sua carteira de trabalho, sendo que não
foi aceita pelo réu, mediante a exigência TRC.
Além disso, a lei não faz referencia a apresentação do
documento exigido, podendo ser solicitado mediante simples requerimento, já
que é muito comum que obreiros sejam demitidos injustamente sem receber
qualquer verba rescisória, quanto menos o termo de rescisão contratual.
Como se bastasse à autora esteve doente no mês de julho do
corrente ano e não pôde utilizar o plano de saúde devido ao seu cancelamento
unilateral pela ré, o que vem lhe causando enorme angustia por estar
descoberta do referido plano.
Portanto, a autora não ver outra escolha há não ser buscar
socorro ao judiciário e ter a sua pretensão acolhida.
III – DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA
1. DA MANUTENÇÃO DO PLANO DE SAÚDE A relação estabelecida entre as partes é a toda evidência de
consumo, sendo certo que a ré é prestadora de serviços, e a autora, sua
destinatária. Incidem, pois, os artigos 2º e 3º da Lei n. 8.078/90. A controvérsia
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deve ser apreciada sob o prisma consumerista, sem prejuízo do diálogo das
fontes.
O ponto controvertido da demanda cinge-se à análise da
legalidade acerca da possibilidade da exigência do termo de rescisão
contratual, levando ao cancelamento do plano de modo unilateral, bem como a
ocorrência de danos extrapatrimoniais a autora.
Vejamos brilhantes decisões semelhantes ao caso:
SEGURO. PLANO DE SAÚDE. CONTRATO COLETIVO.
RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO.
PRETENDIDA MANUTENÇÃO DO PLANO DE
ASSISTÊNCIA MÉDICA. ADMISSIBILIDADE.
APLICAÇÃO DO ART. 30 DA LEI N. 9.656/98.
MANUTENÇÃO, ENTRETANTO, CONDICIONADA À
ASSUNÇÃO DA RESPONSABILIDADE DO DEMITIDO
PELO PAGAMENTO INTEGRAL DO PRÊMIO OU DE
OUTRA EVENTUAL FORMA DE CUSTEIO DOS
BENEFÍCIOS. RECURSO DO AUTOR PROVIDO.
RECURSO DA RÉ IMPROVIDO. (TJ-SP - APL:
402946620108260577 SP 0040294-66.2010.8.26.0577,
Relator: Vito Guglielmi, Data de Julgamento: 21/06/2012, 6ª
Câmara de Direito Privado, Data de Publicação:
26/06/2012)
TUTELA ANTECIPADA. PLANO DE SAÚDE COLETIVO.
EMPREGADO DEMITIDO SEM JUSTA CAUSA. DIREITO
DE MANUTENÇÃO NO PLANO. ART. 30 DA LEI
9.656/98. Nos termos do art. 30 da Lei 9.656/98 é
assegurado ao consumidor o direito de manter sua
qualidade de beneficiário do plano de saúde, nas mesmas
condições anteriores à dispensa imotivada, por certo
tempo, desde que assuma a responsabilidade pelo
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pagamento da totalidade do valor do prêmio mensal. (TJ-
MG 100240812268960011 MG 1.0024.08.122689-6/001(1),
Relator: DUARTE DE PAULA, Data de Julgamento:
05/11/2008, Data de Publicação: 14/11/2008)
CIVIL E CONSUMIDOR. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO
INDENIZATÓRIA POR ABALO MATERIAL E MORAL.
PLANO DE SAÚDE COLETIVO. RESCISÃO
UNILATERAL DO CONTRATO. AUSÊNCIA DE PRÉVIA
NOTIFICAÇÃO. BENEFICIÁRIO APOSENTADO.
OFENSA ÀS DISPOSIÇÕES CONTIDAS NA LEI Nº
9.656/98. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA
CONSERVAÇÃO DOS CONTRATOS. PRECEDENTES
DESTA CORTE. CONDUTA ILÍCITA DA SEGURADORA.
LESÃO MORAL SUSCETÍVEL DE INDENIZAÇÃO.
CONHECIMENTO E DESPROVIMENTO DO APELO. (TJ-
RN - AC: 73846 RN 2010.007384-6, Relator: Des. Cláudio
Santos, Data de Julgamento: 09/11/2010, 2ª Câmara Cível)
O contrato de seguro ou plano de saúde tem por objeto a
cobertura do risco contratado, ou seja, o evento futuro e incerto que poderá
gerar o dever de indenizar por parte da seguradora. Outro elemento essencial
desta espécie contratual é a boa-fé, na forma do art. 422 do Código Civil,
caracterizada pela lealdade e clareza das informações prestadas pelas partes.
A norma inserta no artigo 30, caput, da Lei n. 9656/98 é
autoaplicável, bastando, pois, que o ex-empregado postule o exercício do
direito de permanecer vinculado ao plano ou seguro privado coletivo de
assistência à saúde.
Portanto, requer a autora o direito de permanecer com plano de
saúde, nas mesmas condições assistenciais e financeiras em que gozava a
empresa, pelo período de 24 meses.
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2. DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
Primeiramente, cumpre observar que o fato do seguro ter sido
firmado entre pessoas jurídicas não afasta a aplicação do Código de Defesa do
Consumidor, pois ainda que essa relação contratual apresente peculiaridades,
não se permite a desvinculação dos consumidores nessa modalidade de
contratação coletiva.
Assim, mister que a análise do presente caso seja feita à luz da
referida legislação.
Não se trata, aqui, de obrigar a ré a manter-se vinculada ao
contrato ad perpetuam, mas sim de impedir o cometimento de abusos, não
podendo de uma hora para outra os beneficiados ficarem totalmente
desamparados, sem alternativa para dar continuidade a eventuais tratamentos
disponibilizados pela seguradora para a qual contribuem mensalmente.
Além disso, a Resolução 19 do Consu, em seu artigo 1º,
dispõe que:
“As operadoras de planos ou seguros de assistência à saúde,
que administram ou operam planos coletivos empresariais ou por adesão para
empresas que concedem esse beneficio a seus empregados, ou ex-
empregados, deverão disponibilizar plano ou seguro de assistência à
saúde na modalidade individual ou familiar ao universo de beneficiários,
no caso de cancelamento desse beneficio, sem necessidade de
cumprimento de novos prazos de carência” (grifei), hipótese não verificada.
Assim é que deveria a seguradora, antes ou
concomitantemente com a formalização do intuito de rescindir o contrato,
disponibilizar aos beneficiários planos individuais ou familiares equivalentes
àquele contratado.
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Assim é que diante de tal situação, se mostra justa a
condenação por danos morais, cabendo, agora, analisar o quantum arbitrado.
Sabe-se que a estipulação do montante deve ser
proporcional a dor causada. No caso, a incerteza da beneficiária, que
repentinamente se viu descoberta de seguro saúde ao qual contribuiu
regularmente.
Assim, analisada a situação e à míngua de critérios
estabelecidos em lei para a fixação do quantum debeatur (a liquidação do dano
moral no direito pátrio não é tarifada), no caso concreto, entendendo como
razoável e proporcional à lesão moral, a quantia de R$ 7.000,00 (sete mil
reais).
3. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
A autora apesar de acostar nos autos provas que acreditem
serem suficientes para a demonstração da verdade dos fatos ora narrados,
para a condução deste exímio Juízo para a formação de seu livre
convencimento, protesta pela Inversão do Ônus da Prova, pois considera ser a
medida da boa administração da justiça e do exercício de seus direitos,
conforme disposição no Código de Defesa do Consumidor:
Art. 6º. (...)
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com
a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo
civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias de experiências; (g. n.)
No presente caso, conforme os documentos carreados, tanto é
verossímil a alegação da autora, bem como resta demonstrada a sua
hipossuficiência, não cabendo, assim, a aplicação do inciso I do artigo 333 do
Código de Processo Civil, por prestígio ao Principio da Especialidade das Leis.
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Desta maneira, por serem verossímeis as alegações da autora,
conforme as provas conduzidas aos autos, e pela condição de hipossuficiência
em relação à Empresa, é a presente para que se inverta o ônus da prova, em
benefício da autora.
IV – DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA
Para fins de preservar a manutenção da cobertura assistencial,
estão presentes os requisitos legais da verossimilhança da alegação e do
fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, diante do risco da
suspensão da cobertura assistencial.
Destarte, sendo já esta medida de profusa utilização dentro da
sistemática jurídica pátria, admitida pelos mais renomados juristas nacionais,
em entendimento expressado em único som e acertadamente, impende que
este juízo, mediante antecipação da tutela jurisdicional pretendida nos autos,
determinando que o réu restabeleça o plano de saúde da autora nas
mesmas condições assistenciais e financeiras em que gozava a empresa,
(art. 30 da Lei nº 9.656/98) e com a limitação ao prazo de 24 meses ou
enquanto perdurar a situação de desemprego daquela (art. 30, §§ 1º e 5º,
da Lei de Plano de Saúde).
1. DA OBRIGAÇÃO DE FAZER (MULTA PENAL) Em sendo deferido o pedido de antecipação de tutela, requer
que seja assinalado prazo para que o réu faça o cumprimento da ordem
judicial.
Ainda, na mesma decisão, ainda que provisória ou definitiva,
requer a autora, que seja fixado valor de multa penal por dia de atraso ao
cumprimento da ordem, com base no art. 644, cc. art. 461, ambos do CPC,
com as introduções havidas pela Lei nº 10.444, de 07.05.2002.
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V – DO PEDIDO
Diante de todo o exposto, requer à autora que Vossa
Excelência se digne de:
a) Conceder os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA,
assegurada nos termos do artigo 5º da Constituição Federal e
das leis 1.060/50 e 7.510/86, em razão da autora se tratar de
pessoa hipossuficiente, não tendo meios de custear as
despesas processuais e de arcar com o preparo de um
eventual Recurso sem prejuízo do sustento próprio ou de sua
família;
b) Que Vossa Excelência se digne a determinar a CITAÇÃO
DO RÉU à audiência conciliatória, nos termos do art. 18, § 1º,
da Lei 9.099/95, para, querendo, contestarem a ação no prazo
legal, se assim entenderem conveniente, sob pena de revelia
ou confissão ficta prevista no art. 20 da Lei 9.099/95 e 319 do
CPC em caso do não comparecimento, concedendo ao final, a
procedência integral do pedido;
c) Conceder, nos termos do art. 6º, inc. VIII do CDC, a
inversão do ônus da prova em favor da autora, por ser a
parte mais frágil, sobretudo pelas alegações e provas
carreadas aos autos, acolhendo as razões acima explicitadas
com o deferimento do comando liminar da antecipação da
tutela, determinando que o réu restabeleça o plano de
saúde da autora nas mesmas condições assistenciais e
financeiras em que gozava a empresa, (art. 30 da Lei nº
9.656/98) e com a limitação ao prazo de 24 meses ou
enquanto perdurar a situação de desemprego daquela (art.
30, §§ 1º e 5º, da Lei de Plano de Saúde), ainda, que seja
fixado valor de multa penal por dia de atraso ao
cumprimento da ordem;
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d) Ao final, Julgar a presente ação PROCEDENTE in totum,
confirmando os efeitos da tutela antecipada;
e) Por fim, a condenação ao pagamento da indenização a
título de Danos Morais no valor de R$ 7.000,00 (sete mil
reais), dentro da teoria do valor de desestímulo, ou seja,
“quantum” que faça o RÉU refletir e tomar todas as
precauções possíveis, antes de repetir novos ilícitos, como
o comprovado nos presentes autos, para que não exponha
outros consumidores à mesma situação de humilhação,
sofrimento e angustia que se submeteu a AUTORA.
Por último, requer a condenação do réu em custas judiciais e
honorários advocatícios, com fundamento no art. 133 da CF, art. 20 do CPC e
art. 22 da lei 8.906/1994, no percentual de 20% incidente sobre o valor da
condenação.
Pretende provar o alegado por todos os meios de prova em
direito admitidos, em especial prova documental, testemunhal e depoimento
pessoal das partes.
Dá-se à causa o valor de R$ 7.000,00 (sete mil reais).
Termos em que,
Pede deferimento.
Natal/RN, 05 de agosto de 2013.
MICHAEL ANDREWS DE SOUZA SILVA
OAB/RN 10.916