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INEXIGIBILIDADE E DISPENSA DE LICITAÇÕES – LEI 8.666/93

S C M - S i s t e m a s C o n s u l t o r i a & M é t o d o

L t d a . F o n e : ( 3 1 ) 9 9 6 4 5 - 0 8 0 1

E n g . S e b a s t i ã o M a r t i n s 3 / 5 / 2 0 1 6

No presente artigo se pretende elucidar o tema que se refere à possibilidade de contratação direta com a administração pública. Neste contexto, serão tratadas as formas de contratação direta nas modalidades inexigibilidade e dispensa segundo previsão legal, doutrina e jurisprudência. Será igualmente tratado a legalidade do pagamento dos serviços prestados na forma de Ad Exitum, segundo visão de vários Tribunais de Contas.

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Sobre o autor

Eng. Eletricista, pós-graduado em Gerenciamento de Projeto pelo IETEC

(Instituto de Educação Continuada – BH, MG), profissional com mais de 30

anos de mercado, com amplos conhecimentos técnicos, administrativo,

projetos e acompanhamento de obras, financeiro, contábil e tributário, adquirido

nas atividades abaixo relacionadas e consolidado pelo desenvolvimento

pessoal de Sistema Gerencial Administrativo, Financeiro e Tributário, já

implantado e em perfeito funcionamento em grandes empresas.

Ex. professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e PUC (

Pontifícia Universidade Católica do Minas Gerais) com vários artigos técnicos

publicados. Conhecimento básico em Direito Tributário, Constitucional,

Administrativo, Participação Público Privada e contabilidade básica / avançada.

Autor dos Livros

a) ISS das Instituições Financeiras (220 páginas),

b) ISS nas operações com cartões de crédito e débito (tese).

http://portalamm.org.br/iii-seminario-de-gestao-e-arrecadacao-municipal/

Aprovado no MPU (classificação 118), Tribunal de Justiça (Classificação 135) e

ALMG (Assembleia Legislativa de Minas Gerais).

Pós-graduação com ênfase em Análise de Investimentos

Análise de Balanço para fins de financiamento junto ao BNDES

1) INFORMÁTICA

Excel, Word, Analista e desenvolvedor de Sistemas (sendo autor de um

Sistema ERP e CRM ) e Planilha (Excel) para avaliação e análise de decisão

em projetos de tubulações nas áreas de saneamento (adutoras e esgoto) e

valor de jazidas de minério de ferro.

2) EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL:

Atual-Consultor em Empresas de Saneamento, análise de investimentos

industrial e imobiliário, impostos ISSQN tributário municipal.

Mineração de ferrosos e não ferrosos (cobre e alumínio), Siderurgia e

metalurgia de cobre e alumínio.

Acesse: http://www.consultoriaiss.com/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Unidades_federativas_do_Brasil

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Inexigibilidade e Dispensa de Licitação .............................................................. 3

1) Introdução .................................................................................................... 3

2) Da Inexigibilidade ........................................................................................ 3

2.1) Da contratação por Inexigibilidade de licitação ........................................ 4

2.1) Serviços Técnicos Profissionais Especializados ...................................... 6

2.1.1) STF - Definição de serviços técnicos especializados ........................ 7

2.1.2) TCU. Definição de serviços técnicos especializados ...................... 8

2.1.3) Notória especialização - Elementos caracterizadores da ............. 10

2.2) Parecer da AGU ..................................................................................... 10

2.2.1) Advogados não podem participar de licitações ............................... 11

2.2.2) Serviços de Advocacia e Pregão ..................................................... 11

2.3) TCEMG ................................................................................................. 14

2.4) STJ – Superior Tribunal de Justiça ....................................................... 15

2.5) TJGO - Tribunal de Justiça de Goiás .................................................... 16

2.6) CNJ (Conselho Nacional de Justiça - Proposta de Recomendação ...... 20

3) Remuneração Ad Exitum ............................................................................. 20

3.1) TCEMG – Tribunal de Contas de Minas Gerais ..................................... 20

3.3) Código de Ética da OAB ....................................................................... 24

3.4) Jurisprudência........................................................................................ 25

3.4) Ad Exitum - TCE-MG ............................................................................. 25

3.5) Ad Exitum - Tribunal de Contas do Estado do Mato Grosso .................. 26

4) Dispensa de licitação - Termo de Parceria................................................... 28

a) Desenvolvimento Institucional ................................................................ 28

b) Convênios e Termo de Parceria ............................................................. 28

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Inexigibilidade e Dispensa de Licitação

1) Introdução

A licitação, por força do que dispõe o art. 37, XXI, da Constituição Federal,

regulamentada, sob esse enfoque, pela lei federal nº 8.666, de 1993, é a forma

usual de oferta de serviços e bens para a administração, pois, além de

respeitar os princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade,

moralidade, publicidade, economicidade e da eficiência, é, numa visão mais

imediata, a que permite a obtenção da maior vantagem para a administração

pública.

Entretanto, como toda regra tem sua exceção, há casos, previstos na lei

8.666/93 em que se exclui o processo licitatório, abrindo portas para as

situações de contratações com o ente público através da inexigibilidade e

dispensa, por se reconhecer ser esta forma a que melhor confere vantagens à

administração pública.

Sem a pretensão de se esgotar o assunto, o que se pretende neste documento

é trazer ao leitor uma visão do que está na lei e na jurisprudência. Para tal

discorremos sobre as situações abrangidas pela inexigibilidade, dispensa,

contratos de parceria e dos pagamentos pelos serviços prestados na forma de

Ad Exitum.

2) Da Inexigibilidade

Ao final deste tópico, restará evidente que a contratação de serviços

advocatícios, na forma de “INEXIGIBILIDADE”, não só é permissível, como

recomendado, quando satisfeitos seus pressupostos enunciados no art. 25 da

lei 8.666/89, principalmente nos casos em que se assegure melhor vantagem

para a administração pública.

Os pressupostos enunciados no art. 25 da lei 8.666/89, são:

a) Singularidade do objeto da contratação,

b) Notória e comprovada competência do proponente dos serviços,

c) Discricionariedade do executivo municipal na escolha do profissional em

que deposite sua confiança na notoriedade.

d) Modicidade dos preços dos serviços em comparação com outros de

igual expressão.

Vai restar claro, pela leitura do pensamento dos Doutrinadores, Tribunais de

Contas e jurisprudência, que a singularidade do objeto se vê contaminada pela

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maior ou menor competência do poder público em executar com qualidade e

eficiência os serviços de que se necessitam.

Assim, mesmo que se entendido pela não singularidade do objeto almejado

pela administração pública, a falta de competência, experiência e

disponibilidade de seus agentes, pode levar a entendimento adverso, de que,

nestas circunstancia, se trate de caso de singularidade, surgido daí a

conveniência da contratação de terceiros por inexigibilidade, fundamentada na

notória competência, discricionariedade do gestor público, confiança e

modicidade de preços.

No entanto, se o mesmo objeto vier a ser almejado por outro órgão público,

contando este com adequado corpo de agentes, competência, experiência e

disponibilidade quantitativa, há de entender pela não singularidade do objeto

pretendido, afastando, por consequência, a participação de terceiros.

Assim, como bem preleciona MARÇAL JUSTEN FILHO,

“a raiz da inexigibilidade da licitação reside na necessidade a ser atendida e

não ao objeto ofertado. Ou seja, não é o objeto que é singular, mas o

interesse público concreto. A singularidade do objeto contratado é reflexo da

especialidade do interesse público1”.

Segundo Mauro Roberto Gomes de Mattos:

“A singularidade dessa prestação de serviços está fincada nos

conhecimentos individuais de cada profissional da advocacia,

impedindo, portanto, que a aferição da competição seja plena, pois não se

licitam coisas desiguais, só se licitam coisas homogêneas. (...) Vamos mais

além por entender que a singularidade do advogado está obviamente

interligada à sua capacitação profissional, o que de certa forma inviabiliza o

certame licitatório pelo fato de não ser aferido o melhor serviço pelo preço

ofertado5”.

2.1) Da contratação por Inexigibilidade de licitação

Inicialmente vale consignar que o procedimento licitatório, decorre da exigência

de realizá-lo para a contratação de obras e serviços pela Administração

Pública, por força do que dispõe o art. 37, XXI, da Constituição Federal,

regulamentada, sob esse enfoque, pela lei federal nº 8.666, de 1993. Esta

última, porém, contém expressa dispensa ou inexigibilidade da licitação,

quando se tratar de serviços técnicos, de notória especialização do contratado

e da singularidade do objeto da contratação, como estabelece o art. 25, II, e §

1º do texto legal referido.

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A Ordem dos Advogados do Brasil – OAB já se posicionou sobre o tema,

provocada pela iniciativa do parquet nas ações propostas contra dirigentes de

órgãos da Administração Pública, que agem na correta convicção da

possibilidade da contratação com dispensa ou com inexigibilidade da licitação,

uma vez verificadas as hipóteses previstas na lei de regência.

Tal comportamento justifica-se nos casos em que a dispensa da licitação

decorre de situações de emergência ou de calamidade, ou quando ela se torna

inexigível, pela verificação dos requisitos legais para tanto e dada a premente

necessidade de valer-se a administração dos órgãos decentralizados do

Estado de serviços advocatícios especializados em demandas de

complexidade não possíveis de adequada defesa pelos quadros de seus

departamentos jurídicos, quando existentes.

Como bem preleciona MARÇAL JUSTEN FILHO,

“a raiz da inexigibilidade da licitação reside na necessidade a ser atendida e

não ao objeto ofertado. Ou seja, não é o objeto que é singular, mas o

interesse público concreto. A singularidade do objeto contratado é reflexo da

especialidade do interesse público1”.

Por seu lado, o saudoso HELY LOPES MEIRELLES ensinou que:

“a exceção da contratação direta com os profissionais de notória

especialização não afronta a moralidade administrativa, nem desfigura a regra

da licitação para os demais serviços. Antes a confirma. E atende não só à

necessidade, em certos casos, da obtenção de trabalhos altamente exatos e

confiáveis, que só determinados especialistas estão em condições de realizar,

como também habilita a Administração a obtê-los imediatamente, sem as

delongas naturais da licitação, e sem afastar aqueles que, exatamente pelo

seu renome, não se sujeitariam ao procedimento competitivo entre colegas2”.

A jurisprudência também conforta o que se vem sustentando, como lembra o

seguinte julgado do E. TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL - 1ª Região:

“Se a contratação em questão deu-se em observância ao artigo 25, da Lei nº

8.666/93, que prevê os casos de inexigibilidade de licitação por inviabilidade

de competição, como a de serviços técnicos de natureza singular, com

profissionais ou empresas de notória especialização, a qual, inclusive, é ato

discricionário da administração pública, não há falar em ilegalidade3”.

A esse respeito, confira-se o posicionamento lapidar do SUPREMO TRIBUNAL

FEDERAL: “a contratação de advogado dispensa licitação, dado que a matéria

exige, inclusive, especialização, certo que se trata de trabalho intelectual,

impossível de ser aferido em termos de preço mais baixo. Nesta linha, o

trabalho de um médico operador. Imagine-se a abertura de licitação para a

contratação de um médico cirurgião para realizar delicada cirurgia num

servidor. Esse absurdo somente seria admissível numa sociedade que não

sabe conceituar valores. O mesmo pode ser dito em relação ao advogado, que

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tem por missão defender interesses do Estado, que tem por missão a defesa

da res publica4”.

Na situação específica dos serviços advocatícios, a profissão exige que o

profissional execute o seu trabalho de acordo com as suas convicções, juízos,

sensibilidades, interpretações, conclusões, formação intelectual, apesar de

existirem inúmeros outros advogados com igual ou melhor curriculum do que o

escolhido pela administração pública.

Tal fato se dá em decorrência do trabalho singular desempenhado pelo

advogado, onde sua criação intelectual retira do administrador público a

necessidade de promover o certame licitatório para, através do menor preço,

escolher qual seria a melhor opção para o serviço público contratar.

Segundo Mauro Roberto Gomes de Mattos:

“A singularidade dessa prestação de serviços está fincada nos conhecimentos

individuais de cada profissional da advocacia, impedindo, portanto, que a

aferição da competição seja plena, pois não se licitam coisas desiguais, só se

licitam coisas homogêneas. (...) Vamos mais além por entender que a

singularidade do advogado está obviamente interligada à sua capacitação

profissional, o que de certa forma inviabiliza o certame licitatório pelo fato de

não ser aferido o melhor serviço pelo preço ofertado5”.

Nessa moldura, o próprio Código de Ética da Advocacia, em seus artigos 28

e 29, desestimula a competição entre seus profissionais, inviabilizando a

competição via licitação, por ser recomendado ao causídico a moderação,

discrição e sobriedade.

Por sua vez, o artigo 34 do Estatuto da OAB, elenca como infração disciplinar:

“organizar ou captar causas, com ou sem a intervenção de terceiros” (Art. 34,

IV). Na mesma esteira, o artigo 5º do Código de Ética veda qualquer

procedimento de mercantilização do advogado no exercício da profissão: “O

exercício da advocacia, é incompatível com qualquer procedimento de

mercantilização”.

2.1) Serviços Técnicos Profissionais Especializados

Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos

profissionais especializados os trabalhos relativos a:

Contratação de serviços técnicos especializados e comprovação prévia de que os serviços não poderiam ser desempenhados por seus próprios servidores.

- Assunto: CONSULTORIA. DOU de 23.05.2011, S. 1, p. 156.

Ementa: alerta à ANVISA acerca da impropriedade caracterizada

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pela assinatura de contratos de consultores pela modalidade

produto sem a comprovação prévia de que os serviços não

poderiam ser desempenhados por seus próprios servidores,

além de os serviços não terem caracterizado serviços técnicos

especializados relativos a estudos técnicos, planejamentos e

projetos básicos ou executivos, pareceres, perícias e avaliações

em geral, treinamento e aperfeiçoamento de pessoal, indo de

encontro ao Acórdão nº 2.069/2006-P, item 9.9.2.2.3, e Decreto

5.151/2004, art. 4º, § 2º (item 9.14.2, TC-020.378/2008-2,

Acórdão nº 3.102/2011-1ª Câmara).

2.1.1) STF - Definição de serviços técnicos especializados

EMENTA: AÇÃO PENAL PÚBLICA. CONTRATAÇÃO

EMERGENCIAL DE ADVOGADOS FACE AO CAOS

ADMINISTRATIVO HERDADO DA ADMINISTRAÇÃO

MUNICIPAL SUCEDIDA. LICITAÇÃO. ART. 37, XXI DA

CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. DISPENSA DE LICITAÇÃO NÃO

CONFIGURADA. INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO

CARACTERIZADA PELA NOTÓRIA ESPECIALIZAÇÃO DOS

PROFISSIONAIS CONTRATADOS, COMPROVADA NOS

AUTOS, ALIADA À CONFIANÇA DA ADMINISTRAÇÃO POR

ELES DESFRUTADA. PREVISÃO LEGAL.

A hipótese dos autos não é de dispensa de licitação, eis que não

caracterizado o requisito da emergência. Caracterização de

situação na qual há inviabilidade de competição e, logo,

inexigibilidade de licitação.

2. "Serviços técnicos profissionais especializados" são

serviços que a Administração deve contratar sem licitação,

escolhendo o contratado de acordo, em última instância, com o

grau de confiança que ela própria, Administração, deposite na

especialização desse contratado. Nesses casos, o requisito da

confiança da Administração em quem deseje contratar é subjetivo.

Daí que a realização de procedimento licitatório para a

contratação de tais serviços - procedimento regido, entre outros,

pelo princípio do julgamento objetivo - é incompatível com a

atribuição de exercício de subjetividade que o direito positivo

confere à Administração para a escolha do "trabalho essencial e

indiscutivelmente mais adequado à plena satisfação do objeto do

contrato" (cf. o § 1º do art. 25 da Lei 8.666/93).

O que a norma extraída do texto legal exige é a notória

especialização, associada ao elemento subjetivo confiança. Há,

no caso concreto, requisitos suficientes para o seu

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enquadramento em situação na qual não incide o dever de licitar,

ou seja, de inexigibilidade de licitação: os profissionais

contratados possuem notória especialização, comprovada nos

autos, além de desfrutarem da confiança da Administração. Ação

Penal que se julga improcedente.

(AP 348, Relator(a): Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado

em 15/12/2006, DJe-072 DIVULG 02-08-2007 PUBLIC 03-08-

2007 DJ 03-08-2007 PP-00030 EMENT VOL-02283-01 PP-00058

LEXSTF v. 29, n. 344, 2007, p. 305-322)

2.1.2) TCU. Definição de serviços técnicos especializados

VOTO

[...]

Lembramos, mais uma vez, que a regra é a obrigatoriedade da

licitação; a exceção, a contratação sem licitação. Assim, a

contratação de qualquer serviço, inclusive dos indicados no art. 13

[da Lei n. 8.666/1993], deve ser precedida da devida licitação.

Situações especiais, e muito bem motivadas, permitem, no

entanto, em caráter excepcional, a contratação sem licitação,

conforme examinamos acima. Havendo dúvida acerca da efetiva

necessidade de ser contratada empresa ou profissional, sem

licitação, sob o fundamento da notória especialização, é de todo

aconselhável que se elabore edital e que se proceda à licitação.

(grifos não constam no original)

ACORDAM [...] em:

[...]

9.4. Determinar ao Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura

e Agronomia do Estado do Espírito Santo - Crea/ES que:

9.4.1. Promova, sempre que cabível, quando da necessidade de

contratação dos serviços de consultoria e assessoria, a prévia

realização de procedimento licitatório, com amparo no art. 2º da

Lei n. 8.666/1993, ressalvadas as hipóteses de dispensa e

inexigibilidade, devidamente fundamentadas e formalizadas no

processo de contratação;

AC-0455-04/08-

1 Sessão: 26/02/08 Grupo: I Classe: VI Relator: Ministro Mar

cos Bemquerer Costa - FISCALIZAÇÃO - REPRESENTAÇÃO

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[VOTO]

9. O desate da matéria aponta para o fato de que é necessária a

presença de todos os requisitos estabelecidos pela Lei n°

8.666/93, e não de apenas parte deles, para que esteja

devidamente caracterizada a alegada situação de inexigibilidade,

conforme preceitua o art. 25, incisos I, II e III.

Assim, não basta comprovar que o serviço objeto do contrato seja

de natureza singular ou técnico especializado (art. 13, Lei

8.666/93).

É indispensável a demonstração inequívoca de que somente

determinada empresa, ou profissional, estaria apta a realizar o

serviço que se pretende contratar, isto é, que o executor possua

notória especialização, nos termos do § 1° do art. 25 da mesma

lei.

10. Tendo em vista que esta Corte de Contas no julgamento dos

processos sob sua jurisdição enfrenta repetidamente situações

análogas, seu entendimento acerca do assunto já se encontra

pacíficado. E, nesse passo, apesar do grau de subjetividade

inerente à questão, não há dúvida de que apenas em situações

especiais pode o administrador deixar de se utilizar do

procedimento licitatório.

Os preceitos legais específicos aliados aos ensinamentos de

respeitáveis doutrinadores são unânimes em asseverar que a

licitação é a regra para se contratar na Administração Pública

AC-3860-43/07-

1 Sessão: 04/12/07 Grupo: I Classe: I Relator: Ministro Valmir

Campelo - TOMADA E PRESTAÇÃO DE CONTAS -

[Denúncia sobre irregularidades ocorridas no Conselho Regional

de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado do Paraná -

Crea/PR. Contratação de empresas prestadoras de serviços de

consultoria mediante inexigibilidade de licitatório. Não-

demonstração da singularidade do objeto e da notória

especialização. Multa. Determinação.]

[SUMÁRIO]

É irregular a contratação por inexigibilidade de licitação quando

não demonstradas a singularidade do objeto e a notória

especialização do contratado.

[VOTO]

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12. Passo agora ao exame das contratações por inexigibilidade de

licitação [...].

13. Tratando da exceção à regra geral de licitar, o art. 25, caput e

inciso II, da Lei n. 8.666/1993 preconiza que, além da

inviabilidade de competição, a contratação de serviços com base

na hipótese de inexigibilidade de licitação, depende do

preenchimento dos seguintes pressupostos:

a) que sua natureza seja singular, impedindo o estabelecimento

de requisitos objetivos de competição entre os prestadores,

salientando-se, nesse tocante, que serviço de natureza singular é

aquele caracterizado por marca pessoal ou coletiva (quando

realizado por equipe), que o individualiza em relação aos demais;

b) que o executor possua notória especialização.

2.1.3) Notória especialização - Elementos caracterizadores da

14. Por sua vez, o art. 25, § 1º, da Lei n. 8.666/1993 oferece os elementos

hábeis para que a Administração verifique e comprove que o profissional

possui notória especialização, quais sejam: desempenho anterior, estudos,

experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou

outros requisitos relacionados às suas atividades.

15. Em suma, não sendo atendido algum desses pressupostos, revela-se

incabível a contratação direta com fulcro no aludido dispositivo legal.

2.2) Parecer da AGU

É de se destacar a conclusão do respectivo Parecer n.º GQ 77 da AGU:

Dessa forma, com fundamento na Lei n.º 8.666, de 1993, e com base na lição

de doutrinadores eminentes e em recentes decisões do Tribunal de Contas da

União, concluo:

a) O fato de a entidade dispor de quadro próprio de advogados não impede

que ela contrate, sem licitação, serviços de terceiros uma vez que a Lei n.º

8.666 de 1993 considera inexigível, por inviabilidade de competição, o

procedimento licitatório para o ajuste dessa espécie de serviços, desde que

de natureza singular e que o profissional contratado seja de especialização

tão notória que o seu trabalho se revele, indiscutivelmente, como o mais

adequado à satisfação dos interesses em causa, respeitado o previsto nos

artigos 25, II, e § 1º, 13, V”;

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“b) A enumeração do artigo 25 é exemplificativa e permite a contratação na

hipótese de qualquer outra situação em que seja inviável a com petição, as

peculiaridades e as circunstâncias de cada caso devem ser analisadas. Ao

administrador cabe o exame da conveniência e da oportunidade da

contratação. Há margem de discricionariedade para agir, devendo ele estar

atento aos princípios da administração pública”.

Outrossim, encontra-se preconizado no artigo 37, XXI, da Constituição

Federal, que após o advento da Emenda Constitucional 19/1998, excetuou da

lei geral de licitações, Lei 8.666/93, as Sociedades de Economia Mista e

Empresas Públicas, que terão estatuto prévio mais flexível e compatíveis com o

artigo 173 do mesmo texto constitucional, sem contudo liberá-las da exigência

sub-oculis.

Neste ínterim, além de valer-se das possibilidades de contratação por

inexigibilidade de licitação, preceituada no parecer da Advocacia Geral da

União a qual entende pela possibilidade de enquadramento no permissivo do

artigo 25, inciso II, da Lei 8.666/93, deve-se levar em conta o tratamento

diferenciado, permitindo maior flexibilidade às Sociedades de Economia Mista e

Empresas Públicas, encontrado no artigo 173 da CRFB.

Em conclusão a estas notas sobre a questão exposta, insta que nos parece

prevalecer o entendimento no sentido de que se torna dispensável a realização

de licitação para a contratação de advogados pela Administração Pública,

principalmente quando se tratar de trabalho de natureza singular e de

profissional com notória especialização.

2.2.1) Advogados não podem participar de licitações

Começaremos o estudo sobre o tema com fundamento na maestral análise do

Sr. juiz JAIR EDUARDO SANTANA, para depois apresentarmos alguns

julgados dos tribunais.

No livro Pregão Presencial e Eletrônico (Ed. Fórum, BH, 2009, pp. 119 e ss.),

de autoria do juiz JAIR EDUARDO SANTANA (professor em cursos de pós-

graduação na PUC/MG e na Escola Judicial Des. Edésio Fernandes, do

TJMG), consta este item a respeito do que o especialista chamou de:

2.2.2) Serviços de Advocacia e Pregão

Conhecendo bem a polêmica que se instaura em torno do assunto acima

enunciado, a pergunta que logo se coloca é:

a) Pode a Administração Pública contratar por pregão serviços de

advocacia?

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b) Apressamo-nos em responder negativamente. E quais seriam os

fundamentos jurídicos que conduzem a tal conclusão?

Antes de tudo é preciso destacar que o caso merece análise despida de

quaisquer valores que não estejam apropriados, com exclusividade, pelo

sistema normativo. Queremos dizer com isso, por outras palavras, que a nossa

leitura tem como ponto de partida e de chegada a própria lei, inclusive a de

índole constitucional. Assim é de se deixar de lado o natural calor que o

presente debate sugere.

Saber se serviços de advocacia podem ser licitados por pregão é tarefa

hermenêutica que demanda critério científico próprio encampado pelo marco

legal em vigor.

Dentre as possibilidades metódicas interpretativas disponíveis, partimos do

pressuposto da indispensabilidade da atividade advocatícia nos ternos em que

a homenageou o artigo 133 da Constituição Federal de 1988. Ou seja, o

assunto tem raiz constitucional de onde decantam-se as regras que conformam

(e informam) dito instituto, perpassando por normas subalternas (Estatuto dos

Advogados, por exemplo).

Até hoje não se chegou a um consenso acerca da natureza jurídica da

atividade advocatícia. Uns reputam-na de cunho privado, outros sustentam--

lhes viés público, não se podendo esquecer daqueles que dizem tratar-se de

algo híbrido.

Tal indefinição nos presta logo um grandioso favor para ser contrastada a dita

atividade com a exigência feita pelo molde licitatório de que cuidamos, o

pregão. Este, como bem sabemos, destina-se a albergar aqueles serviços

tidos e havidos por comuns. De pronto a dúvida já se apossa do nosso

raciocínio, trazendo-nos desconfiança em alocar a atividade de advogado na

rubrica comum, exigida pela Lei do Pregão. E assim ainda continuamos a

pensar, mesmo que se tratasse de atividade de advocacia sobre tarefas

corriqueiras e habituais.

Não enxergamos qualquer similitude entre o conceito normativo relativamente

indeterminado da Lei do Pregão (Lei n. 10.520/2002) e o âmago das atividades

ordinárias de pouco ou nenhuma complexidade que venham a ser realizadas

pelos profissionais do Direito. Ou seja, queremos dizer que não há qualquer

sinonímia ou convergência semântica entre as duas realidades aqui postas em

confronto propositalmente.

Se o argumento não satisfaz, cumpre-nos lembrar de que a aplicação da lei

pressupõe conhecimento do sistema jurídico e este, como é notório, se integra

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por verdadeira constelação de provimentos deônticos que se acomodam, caso

a caso, de forma harmônica.

Não se pode esquecer de trazer ao debate, por isso, algumas regras

especiais que regulam a profissão de advogado. O artigo 34, inciso IV, do

Estatuto da OAB, proíbe expressamente ao advogado angariar ou captar

causas, com ou sem a intervenção de terceiros.

Por sua vez, o Código de Ética da Classe, no artigo 5º finca o princípio da

incompatibilidade do exercício da advocacia com procedimentos de

mercantilização e, no artigo 7º, veda o oferecimento de serviços profissionais

que impliquem, direta ou indiretamente, inculcação ou captação de clientela.

Aí já estariam mais razões para não se tolerar o leilão reverso dos serviços de

advogado. O Tribunal de Ética e Disciplina da OAB/SP tem registro

interessante sobre o assunto, merecendo transcrição:

“LICITAÇÃO - LEI N. 8.666/93 QUE REGULAMENTA O ARTIGO 37, XXI, DA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL - INEXIGIBILIDADE E DISPENSA DE

LICITAÇÃO DE ADVOGADO - CONDIÇÃO DA PRESENÇA DOS

REQUISITOS LEGAIS DA DISPENSA (ART. 24) E DE COMPROVAÇÃO

HÁBIL PARA INEXIGIBILIDADE (ART. 25), EM FACE DA NATUREZA

SINGULAR DOS SERVIÇOS TÉCNICOS NECESSITADOS E SE TRATAR

DE PROFISSÃO DE NOTÓRIA ESPECIALIZAÇÃO - CRITÉRIO ACEITÁVEL

PELA EVIDENTE INVIABILIDADE DE COMPETIÇÃO LICITATÓRIA -

PRESSUPOSTO DA EXISTÊNCIA DA NECESSÁRIA MORALIDADE DO

AGENTE PÚBLICO NO ATO DISCRICIONÁRIO DE AFERIÇÃO DA

NOTORIEDADE DO CONCORRENTE E NA FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS

MODERADOS (ART. 36 E INCISOS I A VIII DO CÓDIGO DE ÉTICA DA

OAB) - PREGÃO - DECRETO 3.555/2000 - NÃO INCLUSÃO DOS

SERVIÇOS ADVOCATÍCIOS - AVILTAMENTE DOS HONORÁRIOS E DA

PROFISSÃO

A Administração Pública deve priorizar basicamente o serviço mais

vantajoso ou conveniente para si, que não se aquilata simplesmente pelo

“menor preço”, mas, antes, pela notoriedade do advogado.

Demonstradas a singularidade dos serviços técnicos necessitados, a notória

especialização do profissional e respeitada a moderação dos honorários

advocatícios, não fere a ética o profissional quem contrata com o Ente Público

ou empresa de economia mista sem o certame licitatório.

A modalidade pregão (Decreto 3555/2000), cujo termo tem sinonímia com

leilão, por sua forma e natureza, afronta a dignidade da advocacia.

Ademais, o Decreto não incluiu a advocacia dentre os serviços comuns.

Precedentes: Processos ns. 1.062/94, 2.394/01, 3.057/04 e 3.282/06

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(Processo n. E-3.474/2007. Consulente: Conselho Seccional da OAB/SP.

Relator: Benedito Édison Trama. Revisor: Carlos José Santos da Silva -

Tribunal de Ética e Disciplina).”

Se não bastasse tudo quanto se disse, lembramos que o Supremo Tribunal

Federal, em voto do Ministro Eros Grau, firmou posição para entender que:

“Serviços técnicos profissionais especializados são serviços que a

Administração deve contratar sem licitação, escolhendo o contratado de

acordo, em última instância, com o grau de confiança que ela própria,

Administração, deposite na especialização desse contratado. Nesses casos, o

requisito da confiança da Administração em que deseja contratar é subjetivo.

Daí que a realização de procedimento licitatório para contratação de tais

serviços — procedimento regido, entre outros, pelo princípio do julgamento

objetivo — é incompatível com a atribuição de exercício de subjetividade

que o direito positivo confere à Administração para a escolha do “trabalho

essencial e indiscutivelmente mais adequado à satisfação do objeto

contratado” (cf. o par. 1. do art. 25 da Lei 8.666/93). (Ação Penal 348/SC.

Relator Ministro Eros Grau, Revisor Ministro Sepúlveda Pertence, DJU

03/08/2007).”

E assim o fazendo — segundo pensamos — a Corte Suprema do Brasil

acabou com eventual polêmica que pudesse existir em torno do assunto.

2.3) TCEMG

Não fosse suficiente o art. 25. Inciso II da lei 8.666/93 o TCEMG emitiu o

seguinte parecer.

Processo nº: 683299

Natureza: Processo Administrativo o

Órgão: Prefeitura Municipal de Riachinho

Parte: Valmir Gontijo Ferreira (Prefeito à época)

Período: Janeiro de 2002 a março de 2003

Procurador(es): José Nilo de Castro, OAB/MG 14656; Christiane Flores de

Araújo,

OAB/MG 87741; e Karina Magalhães Castro, OAB/MG 82969

Representante do Ministério Público: Juliana Campos Horta de Andrade

Relatora: Conselheira Adriene Andrade

Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição,

em especial:

(...)

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II – para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de

natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a

inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;

§ 1º Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito

no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos,

experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros

requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é

essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do

contrato.

§ 2º Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se comprovado

superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o

fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo

de outras sanções legais cabíveis. (grifei)

Por sua vez, o art. 13 da Lei n.º 8.666/93 relaciona as hipóteses de serviços

técnicos profissionais especializados, in verbis:

Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos profissionais

especializados os trabalhos relativos a:

I – estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos;

II – pareceres, perícias e avaliações em geral;

III – assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou

tributárias;

IV – fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;

V – patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;

VI – treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;

VII – restauração de obras de arte e bens de valor histórico;

VIII – (Vetado).

§1º Ressalvados os casos de inexigibilidade de licitação, os contratos para as

prestações de serviços técnicos profissionais especializados deverão,

preferencialmente, ser celebrados mediante a realização de concurso, com

estipulação prévia de prêmio ou remuneração.

§ 2º Aos serviços técnicos previstos neste artigo aplica-se, no que couber, o

disposto no art. 111 desta Lei.

§ 3º A empresa de prestação de serviços técnicos especializados que apresente

relação de integrantes de seu corpo técnico em procedimento licitatório ou como

elemento de justificação de dispensa ou inexigibilidade de licitação.

2.4) STJ – Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.192.332 - RS (2010/0080667-3)

RELATOR: MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

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RECORRENTE: ÉLBIO DE MENDONÇA SENNA

ADVOGADO: JOSÉ ALEXANDRE BARBOZA JUNQUEIRA E OUTRO(S)

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO

SUL.

VOTO

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. IMPROBIDADE

ADMINISTRATIVA. CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS ADVOCATÍCIOS COM

DISPENSA DE LICITAÇÃO. ART. 17 DA LIA. ART. 295, V DO CPC. ART.

178 DO CC/16. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282 E

356 DO STF. ARTS. 13 E 25 DA LEI 8.666/93. REQUISITOS DA

INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO. SINGULARIDADE DO SERVIÇO.

INVIABILIDADE DE COMPETIÇÃO. NOTÓRIA ESPECIALIZAÇÃO.

DISCRICIONARIEDADE DO ADMINISTRADOR NA ESCOLHA DO MELHOR

PROFISSIONAL, DESDE QUE PRESENTE O INTERESSE PÚBLICO E

INOCORRENTE O DESVIO DE PODER, AFILHADISMO OU COMPADRIO.

RECURSO ESPECIAL PROVIDO.

Observação: No tocante ao REQUISITOS DA INEXIGIBILIDADE DE

LICITAÇÃO, assim se manifesta o STJ.

3. Depreende-se, da leitura dos arts. 13 e 25 da Lei 8.666/93 que, para a contratação

dos serviços técnicos enumerados no art. 13, com inexigibilidade de licitação, é

imprescindível a presença dos requisitos de natureza singular do serviço prestado,

inviabilidade de competição e notória especialização.

4. É impossível aferir, mediante processo licitatório, o trabalho intelectual do

Advogado, pois trata-se de prestação de serviços de natureza personalíssima e

singular, mostrando-se patente a inviabilidade de competição.

5. A singularidade dos serviços prestados pelo Advogado consiste em seus

conhecimentos individuais, estando ligada à sua capacitação profissional, sendo,

dessa forma, inviável escolher o melhor profissional, para prestar serviço de natureza

intelectual, por meio de licitação, pois tal mensuração não se funda em critérios

objetivos (como o menor preço).

6. Diante da natureza intelectual e singular dos serviços de assessoria jurídica,

fincados, principalmente, na relação de confiança, é lícito ao administrador, desde que

movido pelo interesse público, utilizar da discricionariedade, que lhe foi conferida pela

lei, para a escolha do melhor profissional.

2.5) TJGO - Tribunal de Justiça de Goiás

Mesmo parecer emana do TJGO - Tribunal de Justiça de Goiás, conforme texto

abaixo.

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2.6) CNJ (Conselho Nacional de Justiça - Proposta de Recomendação

Data da Proposta: 03/02/2014

Descrição:

Proposta de Recomendação que visa recomendar aos Membros do Ministério

Público de absterem-se de adotar medidas contrárias ao entendimento do

Superior Tribunal de Justiça (RESP 1.192.332/RS) que, conforme os artigos 13

e 25 da Lei 8.666/93 autoriza o ente público a contratar o advogado por

inexigibilidade de licitação, assegurando a inviolabilidade ao exercício

profissional do advogado. (Processo CNMP nº 0.00.000.000171/2014-42)

Autor:

Conselheiro Esdras Dantas

http://www.cnmp.mp.br/portal/component/content/article/163-

normas/proposicoes-apresentadas/5374-proposta-de-recomendacao-03-02-

2014-n-1

3) Remuneração Ad Exitum

3.1) TCEMG – Tribunal de Contas de Minas Gerais

Como sugestão às prefeituras, transcrevemos abaixo parecer do TCEMG

discorrendo sobre a possibilidade de contratação direta na modalidade

inexigibilidade com pagamento sob o critério do Ad Exitum.

Portanto, a contratação de advogados/empresas de advocacia que preencham

os requisitos enumerados poderá ser feito sem gravame legal, bem como seu

pagamento na modalidade Ad Exitum, se realizado em conformidade com o

parecer exarado pelo TCEMG, abaixo transcrito.

a) Desta forma será possível o acréscimo, nos editais licitatórios, de tópico

referente à recuperação de ISS das Instituições Financeiras, havidos nos

últimos 5 (cinco) anos, e portanto não prescritos, com remuneração dos

serviços prestados pelo consultor tributário na modalidade Ad_Exitum, com

fixação a priori de seu teto máximo a valores praticados no mercado.

O TCE-MG entende pela possibilidade tanto da remuneração através de

contrato de êxito, bem como pela possibilidade de inexigibilidade de licitação,

amparado no artigo 25, inciso II, da Lei 8.666/93, litteris:

a) Contratação de honorários por êxito: é possível esse tipo de ajuste,

fixado em percentual sobre o valor auferido com a prestação do serviço,

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bem como por risco puro, mediante remuneração do advogado

exclusivamente por meio dos honorários de sucumbência, devendo

constar no contrato o valor estimado e a dotação orçamentária própria

de serviços de terceiros.

b) O pagamento deve estar condicionado ao exaurimento do serviço, com

o cumprimento da decisão judicial ou ingresso efetivo dos recursos nos

cofres públicos, não se podendo considerar, para esse fim, a mera

obtenção de medida liminar ou a simples conclusão de fase ou etapa do

serviço conforme entendimento assentado no parecer da Consulta nº

873919, de 10/04/13,

c) Contratação de advogado por inexigibilidade de licitação: possibilidade,

desde que comprovada a singularidade do serviço e a notória

especialização do profissional, conforme entendimento assentado no

julgamento dos Processos Administrativos nos 743.539, de 24/08/10;

736.255, de 02/12/08; 691.931, de 30/10/07; 687.881, de 21/03/06 e do

Relatório de Inspeção – Licitação nº 489.457, de 18/09/07, e no

enunciado da Súmula nº 106, publicada no D.O.C. de 05/05/11.

http://www.jusbrasil.com.br/diarios/55634320/tce-mg-18-06-2013-pg-5

3.1) Ad Exitum - Processo: 887803

Natureza: Consulta

Órgão/Entidade: Câmara Municipal de Almenara

Consulentes: Geraldo Antônio Tadeu Fonseca, Presidente; Carlos Milton

Pereira Campos, VicePresidente; Valdemar Rocha da Silva

Relator: Conselheiro Wanderley Ávila

Data: 06/06/2013

Assim se posiciona o conselheiro Wanderley Ávila do TCREMG

Posteriormente à informação prestada pela mencionada Coordenadoria,

relativamente à questão da contratação de serviços de advogado com ajuste

de honorários condicionados ao êxito, o Tribunal mudou seu entendimento ao

apreciar indagação semelhante na Consulta nº 873919, na Sessão Plenária de

10/04/13, passando a adotar a seguinte interpretação:

É possível a contratação de honorários por êxito, fixado em percentual

sobre o valor auferido com a prestação do serviço, bem como por risco

puro, mediante remuneração do advogado exclusivamente por meio dos

honorários de sucumbência, devendo constar no contrato o valor

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estimado dos honorários e a dotação orçamentária própria para o

pagamento de serviços de terceiros;

O pagamento deve estar condicionado ao exaurimento do serviço, com

o cumprimento da decisão judicial ou ingresso efetivo dos recursos nos

cofres públicos, não se podendo considerar, para esse fim, a mera

obtenção de medida liminar ou a simples conclusão de fase ou etapa do

serviço.

Dessa feita, amparado nos precedentes acima colacionados, as dúvidas

apresentadas pelo Consulente estão equacionadas pelas teses reiteradamente

adotadas por este Tribunal, resumidas das seguintes formas:

a) Contratação de honorários por êxito: é possível esse tipo de ajuste,

fixado em percentual sobre o valor auferido com a prestação do serviço,

bem como por risco puro, mediante remuneração do advogado

exclusivamente por meio dos honorários de sucumbência, devendo

constar no contrato o valor estimado e a dotação orçamentária própria

de serviços de terceiros. O pagamento deve estar condicionado ao

exaurimento do serviço, com o cumprimento da decisão judicial ou

ingresso efetivo dos recursos nos cofres públicos, não se podendo

considerar, para esse fim, a mera obtenção de medida liminar ou a

simples conclusão de fase ou etapa do serviço conforme entendimento

assentado no parecer da Consulta nº 873919, de 10/04/13;

b) Contratação de advogado por inexigibilidade de licitação: possibilidade,

desde que comprovada a singularidade do serviço e a notória

especialização do profissional, conforme entendimento assentado no

julgamento dos Processos Administrativos nos 743.539, de 24/08/10;

736.255, de 02/12/08; 691.931, de 30/10/07; 687.881, de 21/03/06 e do

Relatório de Inspeção – Licitação nº 489.457, de 18/09/07, e no

enunciado da Súmula nº 106, publicada no D.O.C. de 05/05/11 ;

c) Contratação de advogado, por inexigibilidade de licitação, visando o

patrocínio de causas judiciais em segunda instância: possibilidade,

desde que presentes os pressupostos do art. 25, II, da Lei nº 8.666/93.

O objeto da contratação deve se referir a casos específicos, de natureza

não continuada, com características singulares e complexas, conforme

posicionamento adotado no julgamento do Processo Administrativo nº

711.020, de 25/08/09, e enunciado da Súmula nº 106, publicada no

D.O.C. de 05/05/11;

d) Realização de certame para contratação de advogado quando inexigível

a licitação: impossibilidade de realização de licitação em qualquer

modalidade, incluída a concorrência, tipo “técnica e preço”, quando

inexigível, porquanto a inviabilidade de competição, que é o fundamento

para a contratação direta, impede a realização do certame. A licitação é

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inexigível quando a competição é inviável. Noutras palavras, ou a

licitação é factível ou é inexigível, conforme entendimento firmado no

julgamento do Relatório de Inspeção – Licitação nº 489.457, de

18/09/07; Licitação nº 616.273, de 04/03/04; Processo Administrativo nº

691.931, de 30/10/07; e no parecer da Consulta nº 735.385, de

08/08/07.

Processo: 887803

Natureza: Consulta

Órgão/Entidade: Câmara Municipal de Almenara

Consulentes: Geraldo Antônio Tadeu Fonseca, Presidente; Carlos Milton

Pereira Campos, VicePresidente; Valdemar Rocha da Silva

Relator: Conselheiro Wanderley Ávila

Data: 06/06/2013

Tais procedimentos asseguraram ao gestor do município comportamento em

consonância com o que prescreve a LRF (Lei da Responsabilidade Fiscal)

transcrito, recuperando aos cofres públicos os recursos enunciados no item 15

da lista da Lei 116/2003, relativo às Instituições Financeiras instaladas no

âmbito do território municipal.

TCEMG – SECRETARIA GERAL E DO TRIBUNAL PLENO

CONSELHEIRO CLÁUDIO TERRÃO:

3.2) Ad Exitum - Processo nº 873919

Natureza: Consulta

Consulente: Adélcio Aparecido do Amaral

Jurisdicionado: Município de São João da Lagoa

Relator: Conselheiro em exercício Hamilton Coelho

Sessões: 11/07/2012, 25/07/2012 e 10/04/2013

Decisão unânime

(....)

Com respeito à possibilidade de contratação de advogados/empresa de

advocacia com notória especialização e para o trato de assuntos tributários de

natureza singular, assim se posicionou o TCEMF, à pagina 12 do anexo C.

De outro lado, não vislumbro, na norma de regência dos contratos

administrativos, a impossibilidade de contratação de honorários por êxito.

Como é cediço, trata-se de condição contratual que estabelece a remuneração

variável dos serviços, dependendo do resultado de sua execução. Essa

condição em nada contraria o disposto no inciso III do art. 55 da Lei nº 8666/93.

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b) Para viabilizar essa forma de remuneração (êxito), entretanto, é

necessário que o valor contratual seja fixado por estimativa, já que o

profissional contratado não pode garantir o resultado nem antecipá-lo

com precisão. Evidentemente, no momento da contratação, a

Administração Pública já tem uma previsão do valor que almeja

recuperar. Assim, o contrato deverá prever o valor estimado dos

honorários, correspondente a um percentual sobre a estimativa do

crédito a ser recuperado. O valor efetivo, por outro lado, por estar

condicionado ao êxito da demanda, somente será apurado após a

conclusão do serviço, quando se terá conhecimento do exato montante

sobre o qual incidirá o percentual fixado no contrato.

O Superior Tribunal de Justiça, na voz do eminente Ministro Gomes de Barros,

deixou consignado que o advogado presta, pois, serviço público, “da mesma

natureza que os demais serviços prestados pelo estado”;

“A advocacia é serviço público, igual aos demais, prestados pelo Estado. O

advogado não é mero defensor de interesses privados. Tampouco, é auxiliar

do Juiz. Sua atividade, como particular em colaboração com o Estado é livre

de qualquer vínculo de subordinação com magistrados e agentes do

Ministério Público...6”.

A Constituição Federal dispõe: “Art. 133 - O Advogado é indispensável à

administração da Justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no

exercício da profissão, nos limites da lei.” Considerando como um ‘preceito

constitucional’, o constituinte definiu-o para além de sua atividade, qualificando-

o como prestador de serviço de interesse coletivo, conferindo a seus atos

múnus públicos.

O bom desempenho no exercício da Advocacia está ligado diretamente ao

direito à remuneração justa pelos serviços prestados ao constituinte, ou

seja, o direito a perceber os Honorários Advocatícios de acordo com a

dificuldade do caso em exame, bem como do esmero com o qual atuou na lide.

3.3) Código de Ética da OAB

Neste sentido preceitua o Código de Ética da OAB;

“Art. 36. Os honorários profissionais devem ser fixados com moderação,

atendidos os elementos seguintes:

I – a relevância, o vulto, a complexidade e a dificuldade das questões versadas;

II – o trabalho e o tempo necessários;

III – a possibilidade de ficar o advogado impedido de intervir em outros casos, ou

de se desavir com outros clientes ou terceiros;

IV – o valor da causa, a condição econômica do cliente e o proveito para ele

resultante do serviço profissional;

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V – o caráter da intervenção, conforme se trate de serviço a cliente avulso, habitual

ou permanente;

VI – o lugar da prestação dos serviços, fora ou não do domicílio do advogado;

VII – a competência e o renome do profissional;

VIII – a praxe do foro sobre trabalhos análogos.”

3.4) Jurisprudência

Sobre o tema, in verbis:

"HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - CONTRATO COM A CLÁUSULA "QUOTA

LITIS"- COBRANÇA SOBRE ATRASADOS E PRESTAÇÕES - ACRÉSCIMOS

DA SUCUMBÊNCIA E CUSTEIO DA CAUSA - IMODERAÇÃO –

Deve o advogado, ainda que na contratação "ad exitum", levar em conta o

trabalho a ser efetuado, a sua complexidade, o tempo necessário, a

possibilidade de atuar em outras ações, razão pela qual, no caso da consulta,

torna-se imoderado o percentual de 40% a 50%, mais a sucumbência e o

custeio da causa, esta a ser suportada pelo profissional no caso da cláusula

"quota litis7".

Desta feita, demonstra-se que os honorários advocatícios devem ser

auferidos de acordo com uma série de requisitos, dentre eles especialmente a

complexidade do caso, o tempo despendido e a impossibilidade de atuar em

outras ações. Assevera-se ainda que em casos concretos de alta

complexidade, incluindo aqueles motivadores pela contratação por

inexigibilidade de licitação, fulcradas no artigo 25, inciso II, da Lei 8.666/93, o

mais indicado seria a contratação “ad exitum”, pela perfeita subsunção

entre normas, ou seja, entre o Código de Ética da OAB e a Lei de Licitações.

Neste liame a possível vultuosidade e complexidade do caso concreto

cominada com a possível valoração do tempo despendido demonstram que de

acordo com o princípio constitucional da eficiência e da economicidade o

ideal seria a contratação por êxito, vez que seria a administração pública

onerada apenas na exata proporção de vantagem auferida, bem como a

sociedade de advogados seria remunerada em estrita proporcionalidade à

vantagem proporcionada à administração pública.

3.4) Ad Exitum - TCE-MG

Neste diapasão encontra-se o entendimento do TCE-MG, nos processos

administrativos 630.583, de 14/08/07, e 705.142, de 24/07/07. Onde este

Egrégio Tribunal de Contas entende que é possível a contratação de

honorários por êxito, fixado em;

a) Percentual sobre o valor auferido com a prestação do serviço,

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b) Bem como por risco puro, mediante remuneração do advogado

exclusivamente por meio dos honorários de sucumbência, devendo

constar no contrato o valor estimado dos honorários e a dotação

orçamentária própria para o pagamento de serviços de terceiros.

Assim, o pagamento deve estar condicionado ao exaurimento do serviço, com

o cumprimento da decisão judicial ou ingresso efetivo dos recursos nos cofres

públicos, não se podendo considerar, para esse fim, a mera obtenção de

medida liminar ou a simples conclusão de fase ou etapa do serviço.

Dessa feita, o TCE-MG entende pela possibilidade tanto da remuneração

através de contrato de êxito, bem como pela possibilidade de inexigibilidade de

licitação, amparado no artigo 25, inciso II, da Lei 8.666/93, litteris:

d) Contratação de honorários por êxito: é possível esse tipo de ajuste,

fixado em percentual sobre o valor auferido com a prestação do serviço,

bem como por risco puro, mediante remuneração do advogado

exclusivamente por meio dos honorários de sucumbência, devendo

constar no contrato o valor estimado e a dotação orçamentária própria

de serviços de terceiros.

e) O pagamento deve estar condicionado ao exaurimento do serviço, com

o cumprimento da decisão judicial ou ingresso efetivo dos recursos nos

cofres públicos, não se podendo considerar, para esse fim, a mera

obtenção de medida liminar ou a simples conclusão de fase ou etapa do

serviço conforme entendimento assentado no parecer da Consulta nº

873919, de 10/04/13,

f) Contratação de advogado por inexigibilidade de licitação: possibilidade,

desde que comprovada a singularidade do serviço e a notória

especialização do profissional, conforme entendimento assentado no

julgamento dos Processos Administrativos nos 743.539, de 24/08/10;

736.255, de 02/12/08; 691.931, de 30/10/07; 687.881, de 21/03/06 e do

Relatório de Inspeção – Licitação nº 489.457, de 18/09/07, e no

enunciado da Súmula nº 106, publicada no D.O.C. de 05/05/11.

3.5) Ad Exitum - Tribunal de Contas do Estado do Mato Grosso

Outrossim, é de se asseverar que tamanho é o permissivo para a contratação

de serviços advocatícios com remuneração “ad exitum” que o próprio Tribunal

de Contas do Estado do Mato Grosso utiliza-se desta forma para suas

contratação conforme exposto no Edital Convite nº 002/2008. Assim,

amparando a contratação de sociedade de advogados os quais serão

remunerados pela Administração Pública por contrato de risco “ad exitum”.

Ante todo o exposto conclui-se que

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1. O artigo 25, inciso II, da Lei 8.666/93 c/c o artigo 13, inciso V, da Lei de

Licitações, Lei 8.666/93 e a jurisprudência e doutrina pátria,

colacionada acima, apresenta permissivo legal o qual fundamenta a

contratação de sociedade de advogados por inexigibilidade de

licitação, tendo em vista a impossibilidade de concorrência por se tratar

de serviços intelectuais impossíveis de serem auferidos em termos de

preço mais baixo, desde que sejam caracterizados como serviços

técnicos de notória especialização;

2. No tocante à possibilidade de remuneração do contratado através de

contrato de risco “ad exitum”, o Código de Ética da OAB em seu artigo

36 estabelece os requisitos para a fixação moderada dos honorários

profissionais, dentre elas a relevância, vulto e complexidade do trabalho,

a competência e o renome profissional e a possibilidade de ficar o

advogado impossibilitado de atuar em outras demandas. Assim, nos

termos do utilizado pelo TCE-MG e pela jurisprudência das Cortes de

Contas pátrias, constata-se a possibilidade de tal contratação, desde

que conste no contrato o valor estimado e a dotação orçamentária.

Brasília, 01 de outubro de 2013.

1 Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, 6ª ed. São

Paulo: Dialética, 1999, p. 262.

2 Contratação de serviços técnicos com profissional ou firma de notória

especialização, in Revista de Direito Público nº 32, págs. 32/35.

3 RO nº 9501235017 – DF, rel. Des. Federal Wilson Alves de Souza, p. DJ de

16.12.2004

4 RHC 72830/RO – rel. Min. Carlos Velloso, DJU de 16.02.96.

5 Contratação Direta de Serviços Advocatícios, in O Contrato Administrativo, 2.

Ed., Rio de Janeiro: América Jurídica, p. 512.

6 STJ, MS 1.275-RJ, Rel. Min. Gomes de Barros, 1ª Turma, julgado em

05.02.92, in RDA 189:283.

7 Proc. E-2.841/03 - v.u. em 11/12/03 do parecer e ementa do Rel. Dr. JOSÉ

ROBERTO BOTTINO e votos convergentes dos Drs. OSMAR DE PAULA

CONCEIÇÃO JÚNIOR e ROSELI PRÍNCIPE THOMÉ - Rev. Dr. JAIRO HABER

- Presidente Dr. ROBISON BARONI.

8 Processo: 887803, Natureza: Consulta, Órgão/Entidade: Câmara Municipal

de Almenara, Consulentes: Geraldo Antônio Tadeu Fonseca, Presidente;

Carlos Milton Pereira Campos, Vice Presidente; Valdemar Rocha da Silva,

Relator: Conselheiro Wanderley Ávila.

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http://jus.com.br/pareceres/27900/contratacao-de-servicos-advocaticios-pela-

administracao-publica-atraves-do-inserto-no-inciso-ii-artigo-25-da-lei-8-666-

93#ixzz3WXvM2P4H

4) Dispensa de licitação - Termo de Parceria

A Lei 8.666/93 define claramente as hipóteses em que o processo licitatório

pode ser afastado, em seu artigo 24, prevendo a contratação direta de

instituições brasileiras voltadas à pesquisa, ao ensino, ao desenvolvimento

institucional, à recuperação social do preso e de portadores de deficiência,

que detenham inquestionável reputação ético-profissional e não tenham fins

lucrativos.

a) Desenvolvimento Institucional

O termo “desenvolvimento institucional” tem tido diversas interpretações, e o

Decreto nº 7.423/2010 põe fim ao estabelecer que:

“desenvolvimento institucional compreende os programas, projetos,

atividades e operações especiais, inclusive de natureza infra estrutural,

material e laboratorial, que levem à melhoria mensurável das condições

das IFES e demais ICTs, para o cumprimento eficiente e eficaz de sua

missão, conforme descrita no Plano de Desenvolvimento

Institucional, vedada em qualquer caso, a contratação de objetos

genéricos, desvinculados de projetos específicos.”

Assim como as demais hipóteses contempladas pelo artigo 24 da Lei das

licitações, a contratação direta de organização social trata de uma situação na

qual a realização de licitação é facultada à Administração, pois em tese haveria

possibilidade de concorrência, todavia sua realização não garantiria a obtenção

da melhor proposta, o que foi buscado através do Termo de Parceria em tela.

Nesse caso, o princípio da discricionariedade do gestor público é adotado,

quando o administrador entender ser a melhor opção para alcançar os

objetivos propostos, entretanto devendo justificar a contento suas escolhas.

Esse tipo de contrato não é igual aos convênios nem aos contratos

administrativos que regulam uma relação comercial com o poder público.

b) Convênios e Termo de Parceria

..\..\..\..\Dropbox\Convenios e outros instrumentos na Visão do CGU.pdf

Nos convênios, não há possibilidade de concorrência e para a escolha das

OSCIP, no caso do Termo de Parceria, é inaplicável licitação pelos mesmos

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princípios, ainda que a previsão legal contemple a possibilidade de ser

realizado concurso de projetos para a escolha da instituição, como decretado

pelo Acórdão 1.777/2005 do Tribunal de Contas da União. (...)

68. As respostas a estas perguntas podem ser obtidas, penso, a partir da

determinação da natureza jurídica do Termo de Parceria. Se este possuir

características próximas às do contrato, a seleção via procedimento licitatório

se faz necessária. Se ele se aproximar do convênio, a licitação é inaplicável.

Mesmo o tratamento legal dado às duas figuras jurídicas é distinto, vez que,

assim como os Contratos de Gestão e os Termos de Parceria, os Convênios

são regulados por legislação própria e definidos nos termos do Decreto Federal

n# 93.872/1996 da seguinte forma:

Ainda previsto no Acórdão 1.777/2005 do TCU, deve ser dispensado aos

Termos de Parceria o mesmo tratamento jurídico dado aos Convênios no que

tange à aplicação da Lei 8.666/9312, pois ambos os institutos consubstanciam-

se em acordos colaborativos ou instrumentos de concertação administrativa.

Como bem lembrado pelos doutrinadores, os serviços prestados pelas OSCIPS

por meio dos Termos de Parceria são voltados à prestação de serviços úteis à

sociedade, de interesse público, e não de interesse da Administração Pública,

na condição de ente personificado.

Assim, o papel que a organização desempenha no Termo de Parceria não

pode ser enquadrado na definição de serviço do artigo 6º da Lei das licitações.

Por conta do exposto, afere-se que a Lei 9.790/99 estabeleceu uma nova

disciplina jurídica entre a relação Estado-entidades para a execução de

atividade de interesse público nos campos da assistência social, da cultura, da

educação, da saúde, do voluntariado, do desenvolvimento econômico e social,

da ética, da paz, da cidadania e dos direitos humanos, da democracia e de

outros valores fundamentais, além da defesa, preservação e conservação do

meio ambiente, sendo que as OSCIPs podem relacionar-se com o Poder

Público por meio de um vínculo de cooperação, legalmente denominado

“Termo de Parceria”, sendo-lhes assentida, inclusive, a execução de

programas públicos voltados ao interesse social nas áreas indicadas pelo

diploma legal.

c) Consórcios - Lei n° 11.107, de 06/04/2005.

Antes de nos adentramos sobre “Dispensa de Licitações” vamos nos ater ao entendimento do que venha a ser a modalidade de parceria dos entes

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públicos à luz do prescrito na Lei n° 11.107, de 06/04/2005 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11107.htm Entende-se por consórcios públicos aqueles contratos celebrados entre

pessoas jurídicas de Direito Público que detêm capacidade política

(denominadas de entes da Federação) - a saber, União, Estados, Distrito

Federal e Municípios - com vistas à realização de atividades eminentemente

públicas, de interesse comum dos consorciados. Há quem diga que estas

atividades resumem-se, basicamente, à gestão de bens públicos, fomento do

setor privado, poder de polícia, além da prestação de serviços públicos em

geral. Por conseguinte, o espectro de atuação dos consórcios públicos é

bastante amplo, com possível direcionamento a áreas e finalidades diversas.

As possibilidades para a atuação dos consórcios públicos são infinitas -

conquanto seja necessária a observância dos preceitos expressos na Lei e na

Constituição, para que se tornem viáveis e exequíveis na prática.

Anteriormente à celebração dos consórcios públicos, impõe-se a

elaboração de um protocolo de intenções pelos contratantes, cuja

ratificação depende de lei, nos termos do art. 5°da Lei n° 11.107/05.

Art. 5o O contrato de consórcio público será celebrado com a ratificação, mediante lei, do protocolo de intenções.

§ 1o O contrato de consórcio público, caso assim preveja cláusula, pode ser celebrado por apenas 1 (uma) parcela dos entes da Federação que subscreveram o protocolo de intenções.

§ 2o A ratificação pode ser realizada com reserva que, aceita pelos demais entes subscritores, implicará consorciamento parcial ou condicional.

§ 3o A ratificação realizada após 2 (dois) anos da subscrição do protocolo de intenções dependerá de homologação da assembleia geral do consórcio público.

§ 4o É dispensado da ratificação prevista no caput deste artigo o ente da Federação que, antes de subscrever o protocolo de intenções, disciplinar por lei a sua participação no consórcio público.

O ente federativo somente fica dispensado desta ratificação na hipótese de

haver disciplinado - em momento anterior à subscrição do protocolo de

intenções e através de lei - a sua participação no consórcio (art. 5°, § 4º). O

consórcio público resulta, invariavelmente, na criação de uma nova

personalidade jurídica para congregar os consorciados.

Trata-se, pois, de entidade própria e específica para promover a gestão

compartilhada entre os entes consorciados, a qual pode ser, em última

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análise, de Direito Privado sem fins econômicos (tratada como verdadeira

aberração pela doutrina), ou de Direito Público, dependendo da forma como

se organizar. Neste segundo caso, o consórcio público passa a integrar a

Administração Indireta de todos os entes federativos contratantes.

Logicamente, a celebração de consórcios públicos, nos termos da Lei n°

11.107/05, prescinde de prévia instauração de processo licitatório. Da mesma

forma, não há necessidade (dispensa) de licitação para que possam

contratar com a Administração Direta ou Indireta dos entes federativos

consorciados, a teor do art. 2°, § 1º, III da referida lei.

Art. 2o Os objetivos dos consórcios públicos serão determinados pelos

entes da Federação que se consorciarem, observados os limites constitucionais.

(...) III – ser contratado pela administração direta ou indireta dos entes da Federação consorciados, dispensada a licitação.

Nas demais hipóteses, entretanto, remanesce aos consórcios públicos o

dever de licitar na forma da legislação pertinente. Aliás, mesmo nos casos em

que são constituídos sob a forma de Direito Privado, devem os consórcios

observar as normas de Direito Público, mais especificamente no que toca à

realização de licitação, celebração de contratos, prestação de contas e

admissão de pessoal (esta regida pela Consolidação das Leis do Trabalho),

http://www.consultoriaiss.com/2016/10/11/consorcios-publicos/

5) Entidades sem fins lucrativos – ONG e OSCIP

Isenção de Licitação - (pela aplicação da Lei 9790/99 e Dec. 3100/99 – não

cabe Lei 8666/93)

NÚMERO NOVO: 683832

DATA SESSÃO: 04/02/2004

AUTOR: PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO ROMÃO

RELATOR: CONSELHEIRO MOURA E CASTRO

INDEXAÇÃO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, CONTRATAÇÃO, ONG,

ENSINO, SAÚDE, CONSTRUÇÃO, POSSIBILIDADE, DISPENSA,

INEXIGIBILIDADE, LICITAÇÃO, CELEBRAÇÃO, CONVÊNIO, ENTIDADE,

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SERVIÇO, OBRA, OSCIP, TERCEIRO SETOR, TERMO DE PARCERIA,

SUJEIÇÃO, ESTADO, PARCERIA, PESQUISA, DESENVOLVIMENTO,

INSTITUIÇÃO PÚBLICA, REABILITAÇÃO, PRESO, COOPERAÇÃO,

INTERESSE PÚBLICO, SOCIEDADE CIVIL, PRESTAÇÃO DE CONTAS,

RECURSOS, ESTATUTO

EMENTA: ONG. CONTRATAÇÃO COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DA LEI 8666/93 AOS CONVÊNIOS E DA LEI

9790/99 AOS TERMOS DE PARCERIA, QUANDO NÃO FOR O CASO DE

DISPENSA OU INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO.

LEGISLAÇÃO: CF/88, ART. 37, XXI; LF 8666/93, ARTS. 17, 24, 25, XX, XXIV,

25, 116; DF 3100/99, ARTS. 8º, 12, 23, 25; LF 9790/99, ARTS. 4º, VII, D, 9º,

10, § 2º, V, 12, 13; LF 8429/92; LCF 64/90

PUBLICAÇÃO: REVISTA DO TCEMG, V. 50, Nº 1, JAN./MAR. 2004, PÁG. 141

ÍNTEGRA DO TEXTO:

NOTAS TAQUIGRÁFICAS

SESSÃO DO DIA 04.02.04

ASSUNTO: CONSULTA Nº 683832, FORMULADA PELO

PREFEITO MUNICIPAL DE SÃO ROMÃO, SR. DÊNIO

MARCOS SIMÕES, SOBRE A POSSIBILIDADE DE

ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS DEVIDAMENTE

REGISTRADOS COMO ORGANIZAÇÕES NÃO

GOVERNAMENTAIS – ONGS, SOBRETUDO NOS

RAMOS DE EDUCAÇÃO, SAÚDE E CONSTRUÇÕES,

ESTAREM ISENTAS DE LICITAÇÃO PARA SERVIÇOS

EM OBRAS DE ENTIDADES PÚBLICAS.

RELATOR:CONSELHEIRO MOURA E CASTRO

CONSELHEIRO MOURA E CASTRO:

I- RELATÓRIO

O Sr. Prefeito Dênio Marcos Simões, do Município de São Romão, encaminha

consulta a este Tribunal do seguinte teor:

"As entidades, de maneira geral, sem fins lucrativos,

devidamente registradas como Organizações Não-

Governamentais (ONGs), sobretudo nos ramos de educação,

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saúde e construções, estão isentas de licitação para serviços

ou obras de entidades públicas?"

O parecer da Auditoria, em observância ao disposto no art. 39, III, do

Regimento Interno da Casa, encontra-se acostado às fls. 05/16.

II- FUNDAMENTOS

1- Preliminar

Realço, de início, que a indagação é da mais alta relevância, até porque as

ONGs, qualificadas como organizações da sociedade civil de interesse público,

são assunto relativamente novo no mundo jurídico nacional.

Além disso, o consulente, devidamente representado por procurador nos autos,

compõe o rol das autoridades competentes para encaminhar consulta a este

eg. Tribunal e a matéria, licitação, encontra-se inserida nas atribuições desta

Corte.

Assim, atendidos os pressupostos que regem sua admissibilidade, quais sejam,

legitimidade da parte e não concretude do tema objeto de dúvida (art. 7, X, "b",

do Regimento Interno), conheço da consulta.

CONSELHEIRO EDSON ARGER:

Considero-me impedido de votar, por haver atuado como Auditor no presente

processo.

(OS DEMAIS CONSELHEIROS MANIFESTARAM-SE DE ACORDO COM O

RELATOR.)

CONSELHEIRO PRESIDENTE SIMÃO PEDRO TOLEDO:

RECEBIDA A PRELIMINAR, POR UNANIMIDADE. IMPEDIDO O

CONSELHEIRO EDSON ARGER.

CONSELHEIRO MOURA E CASTRO:

2- Mérito

A solução da dúvida comporta um só enfoque, haver ou não possibilidade de a

Administração contratar organização não governamental - ONG, sem licitação.

A esse respeito, convém não olvidar que a vedação contida no art. 37, XXI, da

Constituição da República, é clara e somente nas hipóteses expressamente

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previstas em lei é que o Poder Público estará dispensado de licitar, verbis:

"Art. 37 ...

XXI - ressalvados os casos especificados na

legislação, as obras, serviços, compras e alienações

serão contratados mediante processo de licitação

pública que assegure igualdade de condições a

todos os concorrentes, com cláusulas que

estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as

condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o

qual somente permitirá as exigências de qualificação

técnica e econômica indispensáveis à garantia do

cumprimento das obrigações."

Logo, a regra para aquisição e ou alienação de bens na Administração é o

procedimento licitatório. No entanto, em certas circunstâncias, o interesse

público justifica a sua dispensa ou inexigibilidade. Então, em três situações, o

Poder Público é autorizado a contratar sem licitação, a saber: licitação

dispensada (art. 17), dispensável (art. 24) e inexigível (art. 25).

Assim, se a contratação pretendida não se amoldar a nenhuma das hipóteses

mencionadas, o procedimento concorrencial da Lei 8.666/93 é aplicável, a não

ser que exista, no ordenamento jurídico regulamentatório, legislação

extravagante que contemple outros afastamentos da obrigatoriedade de se

licitar, ocorrência legalmente possível, tendo em vista a ressalva inserta no

inciso XXI do art. 37 da Carta Política.

No entanto, em que pese a essas observações, assevero que as situações

dispensáveis e de dispensabilidade, enumeradas nos arts. 17 e 24 da Lei

Nacional de Licitação, por serem exceção à regra, não comportam ampliação.

Porém essa restrição, dada a inviabilidade de competição, não alcança as

hipóteses de inexigibilidade estampadas no art. 25, donde se conclui que o

rol ali insculpido, por ser exemplicativo, será elastecido toda vez que a disputa

licitacional for inviável.

Pontuadas essas advertências básicas, passo a analisar a questão quanto às

Organizações Não-Governamentais (ONGs), entidades sem fins lucrativos,

para saber se elas estão, ou não, sujeitas às normas da Lei 8.666/93 para

contratarem com a Administração.

As ONGs são entidades de defesa de direitos e promoção de cidadania que

criaram um espaço próprio de atuação na sociedade, o qual se convencionou

denominar Terceiro Setor, ao lado do Estado, que ocupa o Primeiro, e da

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iniciativa privada, o Segundo.

A Constituição da República garante, no art. 3º, a construção de uma

sociedade livre, justa e solidária; a erradicação da pobreza e da

marginalização; a redução das desigualdades sociais e regionais, e a

promoção do bem de todos sem qualquer tipo de discriminação.

Todavia é do conhecimento geral que atualmente os serviços públicos nem

sempre têm conseguido atender as necessidades da população, obrigando a

sociedade, em prol do bem comum, a se organizar para suprir essas

deficiências e se mobilizar para desenvolver programas de política social em

parceria com o Estado. E é nesse campo que o Terceiro Setor, do qual fazem

parte as ONGs, vem ocupando os espaços deixados pela Administração

Pública. Este Setor, apesar de não ser significativo em termos econômicos, é o

espaço de atuação das ONGs, que estão comprometidas com os ideários

moderno-igualitários relacionados à defesa de direitos difusos e às iniciativas

de cunho comunitário, relevantes para o desenvolvimento humano e da

sociedade.

Contudo, apesar de as ONGs parte de uma esfera pública ampliada não

estatal, poderem receber recursos do Estado para a realização de sua missão

e contratar com a Administração, elas não estão isentas de licitar. Somente nos

casos especificados na legislação, como por exemplo nas hipóteses de

dispensa ou inexigibilidade, é que as ONGs estarão imunes à licitação.

De fato, pela lei de regência, são hipóteses de dispensa de licitação a

contratação de ONG brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da

pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, e de ONG dedicada à

recuperação social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável

reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos (art. 24, XIII).

Também, nesse mesmo flanco, estão aquelas que se encaixam nas situações

descritas nos incisos XX e XXIV do art. 24 da Lei 8.666/93.

Outra forma de as ONGs interagirem com o Poder Público é por meio de

convênios e a estes aplicam-se, no que couber, as disposições da Lei de

Licitações, conforme estabelece o art. 116 do mencionado diploma legal.

O instrumento convenial só poderá ser utilizado se os interesses da

Administração e das ONGs forem comuns e direcionados para a obtenção de

um benefício público, pois se antagônicos desafiam contratação por licitação.

Nesse cenário, poder-se-ia afirmar que a junção governo-ONGs só poderia ser

concretizada por convênio, não fosse a edição da Lei 9.790, de março de 1999,

que dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem

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fins lucrativos, como organizações da sociedade civil de interesse público

(OSCIPs), institui e disciplina, no âmbito da Administração Pública brasileira, o

Termo de Parceria.

Essa Lei regula, de forma pormenorizada e até casuística, o Termo de

Parceria entre o Estado e as OSCIPs — que são aquelas organizações da

sociedade civil, de interesse público —, reconhecendo o sentido público das

ações dessas entidades privadas.

Já o Decreto nº 3.100/99, ao regulamentar a referida Lei das OSCIPs,

explicitou, a partir do art. 8º, os passos a serem seguidos na formalização

dessa nova modalidade de cooperação de interesses comuns e não

conflitantes entre o Poder Público e as entidades de que cuida a Lei 9.790/99.

Como se pode ver, o pré-falado Termo é o mais novo instrumento jurídico de

regulação das parcerias entre a Administração e as entidades sem fins

lucrativos, aí incluídas as ONGs, possuindo ele procedimentos próprios que, no

meu entender, o afastam das regras da Lei Nacional de Licitações.

Então, o Termo de Parceria, formalizado sob a égide da Lei 9.790 e do

Decreto 3.100, não desafia licitação porque foi criado para servir de

instrumento de fomento e execução de atividades de interesse público, como

ocorre, exempli gratia, com os convênios, mas desses se difere já que o seu

uso é exclusivo entre a esfera pública e as organizações da sociedade civil sem

fins lucrativos. E mais, os requisitos e procedimentos dessa nova figura jurídica

são mais simples que os exigidos para os convênios.

Em assim sendo, necessária, então, se faz uma ligeira incursão aos

dispositivos da legislação de regência do Termo de Parceria, pertinentes à

matéria objeto desta consulta. Senão vejamos:

A Lei 9.790/99 estabelece:

"Art. 9º. Fica instituído o Termo de Parceria, assim considerado o

instrumento passível de ser firmado entre o Poder Público e as

entidades qualificadas como Organizações da Sociedade Civil de

Interesse Público destinado à formação de vínculo de cooperação

entre as partes, para o fomento e a execução das atividades de

interesse público previstas no art. 3º desta Lei."

E ainda:

"Art. 12. Os responsáveis pela fiscalização do Termo de Parceria, ao

tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade na

utilização de recursos ou bens de origem pública pela organização

parceira, darão imediata ciência ao Tribunal de Contas respectivo e

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ao Ministério Público, sob pena de responsabilidade solidária."

No art. 13 temos:

"Art. 13. Sem prejuízo da medida a que se refere o art. 12 desta Lei,

havendo indícios fundados de malversação de bens ou recursos de

origem pública, os responsáveis pela fiscalização representarão o

Ministério Público, à Advocacia-Geral da União, para que requeiram

ao juízo competente a decretação da indisponibilidade dos bens da

entidade e o seqüestro dos bens dos seus dirigentes, bem como de

agente público ou terceiro, que possam ter enriquecido ilicitamente

ou causado dano ao patrimônio público, além de outras medidas

consubstanciadas na Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, e na Lei

Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990."

Por outro lado, o Decreto 3.100/99, especificamente sobre o critério de

escolha das OSCIPs, prevê, textualmemte, que:

"Art. 23. A escolha da Organização da Sociedade Civil de Interesse

Público, para a celebração do Termo de Parceria, poderá ser feita

por meio de publicação de edital de concursos de projetos pelo órgão

estatal parceiro para obtenção de bens e serviços e para a realização

de atividades, eventos, consultorias, cooperação técnica e

assessoria."

Dispõe o art. 25:

"Art. 25. Do edital do concurso deverá constar, no mínimo,

informações sobre:

I- prazos, condições e forma de apresentação das propostas;

II- especificações técnicas do objeto do Termo de Parceira;

III- critérios de seleção e julgamento das propostas;

IV- datas para apresentação de propostas;

V- local de apresentação de propostas;

VI- datas do julgamento e data provável de celebração do Termo de

Parceria; e

VII- valor máximo a ser desembolsado”.

Depreende-se, pois, do texto da Lei das OSCIPs e, também, de seu normativo

regulamentador, que o critério de escolha dessa espécie de organização se

encontra disciplinado inteiramente por legislação extravagante, não se

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aplicando ao Termo de Parceria, como já afirmado, as regras da Lei 8.666/93,

exceto as do art. 116.

Posto isto, entendo oportuno enfatizar que a prestação de contas pertinente

ao Termo de Parceria deverá ser feita diretamente ao órgão ou entidade

estatal parceira, a exemplo dos convênios (arts. 4º, VII, "d"; 10, § 2º, V, da Lei

9.790/99 c/c o art. 12 do Decreto 3.100/99).

Mas a jurisdição do Tribunal de Contas alcança, conforme art. 70, parágrafo

único, qualquer responsável pela aplicação de recursos públicos repassados

mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, in casu,

o Termo de Parceria.

E sendo o Termo de Parceria um instrumento congênere aos convênios, ele e

sua respectiva prestação de contas ficarão no órgão ou entidade estatal à

disposição da Corte de Contas, que, no exercício de inspeção ou auditoria,

deles tomará conhecimento para verificar a sua legalidade e regularidade, bem

como para o julgamento das contas em última instância.

III - CONCLUSÃO

Concluindo, Sr. Presidente, tenho que as ONGs, qualificadas com Organização

da Sociedade Civil de Interesse Público pelo Ministério da Justiça, não se

submetem ao regramento comum da Lei 8.666/93, mas ao especial da Lei

9.790/99 e do Decreto 3.100/99.

Todavia convém asseverar que, considerando a regra do art. 116 da Lei

8.666/93, de utilização subsidiária, aplicam-se, no que couber, as disposições

dessa lei aos convênios, acordos, ajustes e instrumentos congêneres, inclusive

ao Termo de Parceria por ser ele um instrumento similar aos convênios.

Esse é o meu entendimento, Sr. Presidente.

CONSELHEIRO SYLO COSTA:

Sr. Presidente, esse assunto é relevante e muito novo. Confesso que não tinha

pensado ainda sobre ele, não tendo, assim, uma idéia própria a respeito. Por

isso, vou acompanhar o Conselheiro Relator. Acredito nos argumentos

expendidos por S.Exa. Apenas fica uma pequena dúvida, já que S.Exa.

entende que as ONGs, as chamadas Organizações Não Governamentais, não

estão obrigadas à Lei de Licitações. A única coisa que eu gostaria de saber,

para meu total convencimento, já que adoto a argumentação de V.Exa.:

naturalmente o assunto deverá ser pertinente à organização, ao estatuto da

própria instituição, não é isso?

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CONSELHEIRO MOURA E CASTRO:

Correto, mas fiz menção bem clara a esse sentido. Só pode interagir naquilo

que está ali colocado.

CONSELHEIRO SYLO COSTA:

Não, digo mais: naquilo que está no estatuto da própria instituição.

CONSELHEIRO MOURA E CASTRO:

Sem dúvida. Ele não pode distorcer da sua função, do que está dentro do

estatuto da própria instituição — para o que ela é, por que ela existe.

CONSELHEIRO SYLO COSTA:

Por exemplo: por absurda hipótese, o Greenpeace aparece, de repente, para

construir um viaduto. Não é possível, pois isso não está no estatuto, não é a

finalidade dela, correto?

CONSELHEIRO MOURA E CASTRO:

Exatamente.

CONSELHEIRO SYLO COSTA:

Voto de acordo com o Conselheiro Relator.

CONSELHEIRO JOSÉ FERRAZ:

Voto de acordo com Conselheiro Relator.

CONSELHEIRO EDUARDO CARONE COSTA:

Senhor Presidente, acho que o Relator abordou com muita propriedade a

questão, porque fez destacar um aspecto substancial que conduz todo o

raciocínio: o caráter de não lucratividade das ONGs e o caráter de

complementariedade da Administração. É verdade que nós sabemos que,

quando há o resquício, mínimo que seja, de lucratividade, a própria lei impede

que o Estado não faça licitação, até mesmo quando participam as suas

próprias empresas, em que ele participa do capital. Mas nesse caso é diferente.

A lucratividade é inexistente. A atividade essencial ou estatutária da ONG é que

está sendo objeto do convênio para prestar o serviço ou fornecer o bem. Então,

entendo que, nessa hipótese, a colocação feita pelo eminente Relator, com a

qual estou de pleno acordo, é absolutamente pertinente.

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CONSELHEIRO ELMO BRAZ:

Voto de acordo com o Conselheiro Relator.

CONSELHEIRO PRESIDENTE SIMÃO PEDRO TOLEDO:

APROVADO O VOTO DO CONSELHEIRO RELATOR, POR UNANIMIDADE.

IMPEDIDO O CONSELHEIRO EDSON ARGER.

Eu apenas acrescentaria que, dada a novidade da matéria, poucas vezes

tratada, seria de bom alvitre que fosse publicada no próximo número da Revista

do Tribunal. Realmente é uma matéria nova, poucas vezes ventilada na

literatura jurídica nacional.

CONSELHEIRO EDUARDO CARONE COSTA:

Como Diretor da Revista, farei incluir essa matéria na edição primeira de 2004,

que é a quinta edição. Não poderá ser na quarta edição, porque já está pronta.

CONSELHEIRO PRESIDENTE SIMÃO PEDRO TOLEDO:

Perfeitamente. Agradecemos a V. Exa.

Fonte: http://www.tce.mg.gov.br:8080/TCJuris/consulta/lista.jsp?indice=1

_________________________________

Autor : Eng. Sebastião Carlos Martins

E-Mail : [email protected]

Fone : (31) 99645-0801

Para maiores informações sobre OSCIPs consulte na WEB o documento

Abaixo.

http://pt.slideshare.net/ABRASCIP/parceria-com-oscip-no-tudo-que-permitido


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