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A Construção da identidade na adolescência
Profª. Viviane Medeiros Pasqualeto
Construindo a identidade
A adolescência tem várias tarefasdesenvolvimentais; todas elas,entretanto, de uma maneira ou deoutra, passam pela estruturação daidentidade, que é iniciada desde onascimento e adquire nesta etapaseu caráter mais definitivo.
A identidade se constrói através de:
Identificações que poderão serestruturantes ou patológicas.
Na infância as identificações se dãobasicamente com as figuras parentais.
Na adolescência, em função do processode separação e individuação própriodesta etapa, o jovem busca modelosidentificatórios em representantes dasociedade e da cultura em que estãoenvolvidos (professores, artistas,desportistas, etc.).
O adolescente procura outros jovens, ou grupos de jovens, com quem se identificar por semelhança ou por
oposição, sendo “igual” ou completamente “diferente”. Há uma
grande necessidade de pertencimento e de reconhecimento e os grupos são
espaços extremamente ricos para estas experiências.
Nesta busca de modelos osadolescentes agrupam-se conformesuas características individuais, em“tribos”, cada uma caracterizando-sepor uma cultura específica, muitasvezes determinadas pelos padrõestrazidos da sociedade onde vivem.
Estes grupos poderão tercaracterísticas mais“democráticas”, com flexibilizaçãoe mudanças dos papéis dentro dogrupo, ou mais “autocráticas” (nosentido de “doença”), com aspectosmais rígidos e papéis maisesteriotipados.
Buscam também elementos estéticos(não apenas como expressões
estéticas, no vestir e na aparência, mas também como modelos de
pensamento, em suas condutas e músicas preferidas, por exemplo).
O adolescente de hoje...
A condição contemporânea (ou altamodernidade ou, como preferemalguns, a pós-modernidade) “des-inventa” o conceito de infância a
encurtando, com uma adolescênciaque começa cada vez mais cedo,
atingindo-especialmente- os anosescolares, fundamentais.
A construção da identidade
• Identidade
– De acordo com Erikson: concepção coerente do self , composta de metas, valores e crenças com os quais a pessoas está solidamente comprometida.
Identidade X Confusão de papéis
• Principal tarefa da adolescência: confrontar a crise da identidade X confusão de identidade (de papéis) e...
• Tornar-se um adulto singular com uma percepção coerente do self e com um papel valorizado na sociedade.
A Construção da Identidade
• A identidade se forma à medida que os jovens solucionam três questões importantes:
– A escolha de uma profissão;
– A adoção de valores;
– Desenvolvimento de uma identidade sexual
• Questões referentes à identidade se manifestam repetidas vezes ao longo da vida.
A crise da Identidade na Adolescência
• Durante a adolescência, o indivíduo desenvolveos pré-requisitos de crescimento fisiológico,maturidade mental e responsabilidade social quepreparam para experimentar e ultrapassar a crisede identidade.
– A crise de identidade envolve elementos de todas asoutras. Ela é pronunciada em cada uma das crisesanteriores e, ao mesmo tempo, recapitula todas elas,além de antecipar as três crises posteriores.
IntegridadeX
Deseperança
GeneratividadeX
estagnação
Intimidade X
isolamento
Perspectiva temporal x confusão temporal
Autocertezax
inibição
Experimentação de Papel
XFixação de papel
Aprendizagem X
Paralisia Operacional
Identidade X
Confusão de papéis
Polarização Sexual
XConfusão bissexual
Liderança e Sectarismo
XConfusão de Autoridade
Comprometimento ideológico x
confusão de valores
Produtividadex
inferioridade
Identificação com a tarefa x
sentimento de futilidade
Iniciativa X
Culpa
Previsão de papéis x inibição
de papéis
Autonomiax vergonha
e dúvida
Vontade de afirmação pessoal
x dúvida de afirmação pessoal
Confiança x desconfiança
Reconhecimento mútuo versus
isolamento autístico
Aspectos parciais da crise de identidade
As oito idades
do homem
Quatro estágios da infância até a
crise de identidade da adolescência
Diagrama Epigenético de Erikson
Crise de identidade na adolescência
• Envolve a resoluções das sete crises parciais que a compõem
– Cada uma destas crises reedita uma das quatro crises da infância ou fundamenta uma das três crises da idade adulta.
• A construção de um firme sentido de identidade requer o sucesso na resolução de todas essas crises parciais
– O indivíduo pode assim dessvincular-se de seu passado e projetar-se para o futuro.
Perspectiva temporal x confusão temporal
• Conciliação do passado de criança com o futuro de adulto...
• Avaliar aquilo que se tornou e ponderar aquilo que ele gostaria de se tornar
• O jovem deve escolher entre uma multiplicidade de memórias, antecipações e possibilidades, para estabelecer uma ponte entre o passado e o futuro confusão
temporal
Perspectiva temporal x confusão temporal
• “creio que todo adolescente se depara com momentos, ao menos passageiros, em que entra em choque com o próprio tempo. Em sua forma normal e transitória, essa nova espécie de desconfiança resulta, rápida ou gradualmente, em perspectivas que permitem e exigem um investimento intenso e até mesmo fanático no futuro, ou uma breve conjetura sobre uma série de futuros possíveis”. (ERIKSON, 1968, p.181)
Autocerteza x inibição
• A assimilação do passado e o planejamento do futuro implicam em algum grau de autoconfiança
– O jovem deve desenvolver uma convicção interna – autocerteza, acreditando que sua história anterior tem sentido e forma um todo integrado. Da mesma forma, ele deve acreditarque tem chances de alcançar seus objetivos na idade adulta.
Autocerteza x inibição
• Nas tentativas de avaliar as vantagens e desvantagens, o adolescente pode se sentir dominado por uma dolorosa inibição:– “a inibição é uma nova edição daquela dúvida original que diz
respeito à confiança que os pais merecem, e somente na adolescência tal dúvida autoconsciente se refere à validade de todo o período da infância, que agora é deixado para trás, e, ainda, à confiança depositada em todo universo social, que agora é questionado. A obrigação atual de vincular-se com um sentido de livre-arbítrio a uma identidade autônoma poderá despertar uma dolorosa vergonha global, de certo modo comparável à vergonha e raiva decorrente de ser totalmente visível aos adultos que tudo sabem – agora, porém, esta vergonha se refere de fato que o jovem tem uma personalidade pública, exposta aos companheiros de sua idade e ao julgamento dos líderes.” (ERIKSON, 1968, p.183)
Autocerteza x inibição
• Eco da segunda crise (autonomia X vergonha e dúvida), na medida em que o jovem se apóia no sentimento básico de autonomia que emergiu durante a infância
• A inibição deste estágio relembra a vergonha e a dúvida mais primitivas daquele estágio
Experimentação de papel x fixação de papel
• Quando as condições são favoráveis, o adolescente contemporâneo se defronta com uma quantidade muito grande de alternativas e possibilidades.
• Para que possa descobrir para onde se dirigem suas verdadeiras preferências e talentos e definir seu lugar na sociedade é desejável que o jovem tenha acesso ao maior número possível de possibilidades de escolha de papéis que ele acabará por desempenhar.
Experimentação de papel x fixação de papel
• Moratória psicossocial: período de suspensão de compromissos no qual ocorre a experimentação de papéis e que precede o desenvolvimento de um senso de identidade
• Na terceira crise, durante a infância, a mobilidade crescente da criança e o desenvolvimento de suas capacidades verbais estimulam seu sentido de iniciativa. As experimentações do adolescente são similares às explorações da criança.
Experimentação de papel x fixação de papel
• O jovem confuso entre muitas possibilidades, ou limitado por ter poucas opções, pode experimentar um tipo de fixação de papel e descobrir que é mais fácil derivar um sentimento de identidade a partir de uma identificação total com aquilo que só em última análise se esperaria que ele fosse, do que ter que lutar por um senso de identidade de papéis aceitáveis que são inatingíveis com seus próprios recursos.
Experimentação de papel x fixação de papel
• Erikson exemplifica o alívio evidenciado pela escolha de uma identidade negativa...
– Prefiro ser completamente inseguro do que um pouco seguro.
– Pelo menos, na sarjeta eu sou a maior.
• Essa escolha drástica, no entanto, não ocorre com a maioria dos jovens. Mesmo as experiências mais excêntricas são classificadas e aceitas pela sociedade como “extravagâncias da mocidade”.
Aprendizagem x paralisia operacional
• Escolhas referentes ao trabalho – importantes• Escolha ocupacional – elemento crucial na
construção da identidade do jovem, uma vez que seu trabalho será importante na determinação da percepção de si próprio e de seu lugar na sociedade.
• Influências da quarta crise (produtividade x inferioridade) – na avaliação e exploração de sua futura vocação, o adolescente se apóia naquelas capacidades adquiridas durante este estágio anterior
Experimentação de papel x fixação de papel
• Em contrapartida, o senso de inferioridade numa criança pode constituir a base de um sentido de paralisia operacional na juventude.– Esta descrença na possibilidade de que jamais possam
completar alguma coisa de valor (...) é acentuada naqueles que, por alguma razão, não sentem estar compartilhando da identidade tecnológica de seu tempo. Talvez o motivo seja que suas qualidades particulares não são apropriadas às finalidades produtivas da era da máquina, ou que eles próprios se consideram pertencentes a uma classe social (neste caso, a classe alta se iguala perfeitamente à classe baixa) que não participa da corrente do progresso. (ERIKSON, 1968, p. 185)
Polarização sexual x confusão bissexual
• A polarização sexual pode ser considerada uma antecipação da sexta crise (Intimidade x isolamento) que ocorre no início da idade adulta.
• O adolescente começa a definir e redefinir o que significa ser homem e mulher dentro das diferenças culturais a este respeito. Uma clara identificação com um sexo ou com outro, na confiança de sua feminilidade ou masculinidade contribui significativamente para um forte sentido de identidade.
Polarização sexual x confusão bissexual
• Erikson reconhece que não é incomum os adolescentes atravessarem períodos de atividades genital promíscua. Ele considera que estes períodos representam ajustamentos temporários que felizmente permitem ao adulto jovem estabelecer o equilíbrio em direção à intimidade.
Liderança e sectarismo x confusão de autoridade
• A expansão dos horizontes sociais do adolescente e sua participação numa comunidade mais ampla ajudam-no a estabelecer as bases para o enfretamento da sétima crise (generatividade x estagnação) na meia-idade.
• Suas experiências com vários papéis, a iniciação em uma ocupação, seus encontros com o sexo oposto, o ajudarão a localizar-se na sociedade e a antecipar suas contribuições enquanto cidadão, trabalhador e pai. Ele aprende a tomar a responsabilidade de liderança no momento apropriado e também em assumir uma atitude sectária quando necessário.
Liderança e sectarismo x confusão de autoridade
• A ampliação de sua rede de contatos sociais pode tornar o adolescente consciente do fato de que há uma série de demandas divergentes, às quais deve se submeter: o Estado, a escola, sua namorada, seu patrão, seus pais e seus amigos, todos têm um impacto próprio sobre ele.
• Pode experimentar um senso de confusão de autoridade. Para resolver esta confusão, ele deve comparar estes valores divergentes com os seus, formulando e comprometendo-se com um quadro pessoal de valores (a sua própria crença).
Comprometimento ideológico x confusão de valores
• A sexta crise parcial (liderança e sectarismo versus confusão de autoridade) está intimamente relacionada à sétima.
• Para se vincular solidamente a sua comunidade, e organizar seu passado com suas experiências atuais, em função de suas aspirações futuras, o adolescente deve possuir aquilo que Erikson denomina de senso de comprometimento ideológico – coerência entre o que ele fez, o que faz e o que planeja fazer.
• Acreditar que seus próprios objetivos são significativos no contexto da sociedade mais ampla e que esta irá aprová-los e que lhes dará apoio necessário – ideologia pessoal –auxilia na superação da confusão de autoridade e da confusão de valores
Comprometimento ideológico x confusão de valores
• A construção de uma ideologia durante a adolescência favorece a resolução das crises subsequentes à crise de identidade e também envolve todas as crises do ciclo vital.
• Podemos perceber aqui que a resolução da última crise do desenvolvimento (integridade x desesperança) é influenciada e prenunciada pelas escolhas e compromissos que são estabelecidos ao final da adolescência.
O status de identidade
• Medida desenvolvida por James Márcia (1966)
– Utilizada com adolescentes e adultos
– Quatro pontos de concentração ao longo do contínuo identidade x confusão de papéis: identidade realizada, moratória, execução e difusão de identidade
• Identidade realizada: passou por um período de crise, explorou várias possibilidades e estabeleceu compromissos ocupacionais, ideológicos e sociais.
O status de identidade
• Moratória: está passando pela crise, seus compromissos ainda são vagos, mas ele parece estar lutando para resolvê-los. Parece encaminhar-se para um compromisso.
• Execução: fez compromissos sem ter passado pela crise, suas atitudes e metas refletem rigidamente os desejos parentais.
• Difusão de identidade: pode ou não ter passado pela crise de identidade, mas sua característica principal é a falta de compromissos e a ausência de preocupação em relação à ocupação, ao quadro pessoal de valores e à sexualidade.