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20 | Salvador, terça-feira, 14 de fevereiro 2017 Vida | 21Salvador, terça-feira, 14 de fevereiro 2017

VidaLIVRO LEGIÃO URBANA

Por trás dascanções

Biografia reúnehistórias dasgravações dosdiscos da Legião

Maria Landeiro

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Se um disco falasse, o que elediria? Uma pergunta difícil deresponder quando quase todomundo já o trocou por umSpotify ou itunes. E se os dis-cos de Legião Urbana falas-sem? Esses têm muita históriapara contar, e estão todas reu-nidas no livro DiscobiografiaLegionária, lançado pela jor-nalista fluminense Chris Fus-caldo, em dezembro do anopassado.

Não se trata de mais umabiografia da banda ou do seulíder, Renato Russo (1960-1996),massimdashistóriasdecada um dos oito discos de es-túdio da Legião, incluindoainda seis discos gravados aovivo e outros sete da carreirasolo de Renato. As históriassão narradas através de entre-vistas com pessoas que traba-lhavam dentro do estúdio, naprodução, pré-produção emixagem.

Aideiaveioem2008,quandoChris foi convidada pela grava-dora EMI Music para escrevertextos sobre os discos da Legiãoqueestavamemprocessodere-edição, concretizada em 2010.“Achei que não teria novidadenenhuma para acrescentar, sóque, na medida em que fui fa-zendoasentrevistas,sentiqueomeu diferencial era tá ouvindopessoas que são coadjuvantesda história, e não aparecem emoutras publicações”, afirma aautora.

Através dessas entrevistas épossível conhecer a persona-lidade da banda nos bastido-res, quando ficavam horas noestúdio para gravar uma mú-sica ou quando estavam pres-tes a fazer um programa ao vi-vo. Uma delas envolve a gra-vação da música Só Louco,com Renato Russo e DorivalCaymmi (1914-2008), no pro-gramaPorAcaso,daTVGlobo,em 1994. “José Maurício Ma-chline, que era produtor do

programa, chamou Renatopara cantar com a AdrianaCalcanhoto. Quando ele esta-va lá, descobriu que DorivalCaymmi ia gravar outra ediçãono mesmo dia e ficou louco”,conta Chris. “O Machline aca-bou convidando Renato parafazer o programa com Caym-mi, e ele foi correndo em casapegar todos os discos dele paraautografar”.

A história de Chris com a Le-gião Urbana começou quandoela ouviu a música Faroeste Ca-boclo. “Eu gosto de histórias depessoas, e essa música contauma história”. Seu estilo, noentanto, é eclético. “Sou legio-nária, mas sou muita coisatambém. Tive uma fase MPB edepois axé, logo quando a Da-niela Mercury estourou. Osamba foi uma das últimas quechegaram pra mim”.

Agora, Chris está traba-lhando na biografia de Zé Ra-malho, que deve ser lançadaainda no primeiro semestredeste ano. A biografia serviráde base para um roteiro de fil-me que a jornalista está fazen-do junto com a cineasta baianaCeci Alves. “O livro é bem li-near, trata da vida dele desde onascimento até agora, explo-rando a obra. Já o filme terá ahistória contada por outraspontos de vista”, revelou ela.

FICHA TÉCNICA

Título DiscobiografiaLegionária

Autor Chris Fuscaldo

Editora Leya

Valor R$ 39 (216 páginas)

TRÊS ÁLBUNS MARCANTES DA LEGIÃO URBANA

Estreia Lançado em 1985,emplacou clássicos comoSerá e Geração Coca-Cola

Sucesso No ano seguinte veioDois, que confirmou a bandacom destaque do BRock

As Quatro Estações Lançadoem 1989, é o mais vendido dabanda (2,5 milhões)

DIVULGAÇÃO

Chris Fuscaldo entrevistou pessoas que trabalharam nas gravações

ARQUIVO

A Legião nosanos 80: RenatoRocha, RenatoRusso, MarceloBonfá e DadoVilla-Lobos

SAMBA IMPÉRIO SERRANO

Democracia

imperialFundada em 1948,escola de sambacarioca é temade publicação

Roberto Midlej

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AImpérioSerrano,oumelhor,“o” Império Serrano, comoprefere sua torcida, está longedos dias gloriosos de décadaspassadas (pelo menos no quedizrespeitoatítulos)ehojees-tánasérieA,quepodesercon-siderada a segunda divisão dasescolas de samba do Rio.

Criado em 1947, como dis-sidênciadeoutraagremiação-a Prazer da Serrinha -, o Im-pério já estreou brilhando noCarnaval de 1948, quando foicampeã, com o enredo Home-nagemaAntonioCastroAlves,sobre o Poeta dos Escravos.

A história da escola fundadaem 1948 está no livro Serra,Serrinha, Serrano - O Impériodo Samba (Record/R$ 70/434págs.), de Rachel Valença eSuetônio Valença.

A publicação, originalmen-te de 1981, ganhou uma ediçãoatualizada. “A anterior tinha129 páginas e a atual, mais de400. Aquela contava a históriados carnavais até 1981, masessa edição, que marca os 70anos da escola, vai até o Car-navaldoanopassado”,dizRa-chel Valença, carioca, 72.

INÍCIOOs primeiros anos da escolaforam brilhantes, com um te-tracampeonato consecutivo.“Aqueletetracampeonatofoiaera de ouro. O Império nasceupara congregar as pessoas enão foi criado com a finalidadede vencer os carnavais. Talvezpor isso mesmo tenha se saídotão bem”, diz Rachel.

A autora observa que o Im-pério foi criado por trabalha-dores do cais do porto e que ti-nham uma visão política: “Osprimeiros componentes inte-gravam outra escola, a Prazerda Serrinha, e romperam como presidente Alfredo Costa,que era muito autoritário. En-tão, o Império tem uma ori-gem libertária e tem a tradiçãode conservar a democracia”.

Esse compromisso com ademocracia, que talvez seja amaior virtude da escola, podeter sido também a razão de suaqueda, já que, ao contrário deoutras escolas, o Império nun-ca teve um patrono rico, comoos donos do jogo do bicho ca-rioca. “A escola não tem riosde dinheiro, então não podedesfilar cheia de efeitos espe-ciais. Por outro lado, aqui nãohá os patronos, que ‘mandam’nas escolas”, revela a autora.

Outra demonstração da vo-cação libertária da escola é ofato dela ter lançado o primei-ro samba-enredo que tinhauma mulher como uma das

compositoras: Os Cinco Bailesda História do Rio, parceria deDona Ivone Lara, Silas de Oli-veira (1916-1972) e Bacalhau.

SÉRIE ARachel, que é torcedora daagremiação, diz que a Série A,onde está o Império, tem des-files tão animados quanto osdo grupo Especial: “Os in-gressos são mais baratos, maso Sambódromo enche de pes-soas que estão realmente inte-ressadas nas escolas. Já nogrupo Especial, tem muitagente famosa e alguns que nãoconhecem realmente o Car-naval do Rio. Mas o público daSérie A é espontâneo e real-mente participa”.

A última presença do Impé-rio no grupo principal foi em2009, quando havia sido pro-movida. Em 2017, disputa aSérie A pela oitava vez segui-da. No mesmo grupo, hoje, es-tão outras escolas tradicio-nais, como a Viradouro, quevenceu o grupo Especial em1997, e a Estácio de Sá, campeãda divisão principal em 1992.“AchoqueaSérieAémaisparaquem é sambista mesmo”,brinca Rachel, que desde 1971só deixou de desfilar uma vez,porque uma das filhas haviaacabado de nascer.

As filhas da autora, assimcomo os netos, são torcedorasdo Império e Rachel garanteque os seis anos seguidos nasegunda divisão não provoca-ram a debandada da torcida:“São 3,5 mil pessoas desfilan-do e a escola precisa controlaro número de inscritos porquehá uma demanda maior”.

O Império entra na passare-la no dia 25, sábado. O temaserá o poeta mato-grossenseManoeldeBarros(1916-2014),queserálembradosobosambaMeu Quintal É Maior que oMundo. Caso seja campeão, oImpério volta à elite. “Acredi-to muito no campeonato esteano”, diz Rachel.

SERRA, SERRINHA,SERRANO

Autor Rachel Valença e Sue-tônio Valença

Editora Record

Preço R$ 70

MARCELO PIU/INFOGLOBO/ACERVO RACHEL VALENÇA

Ivone Lara, primeira mulher a compor um samba-enredo, foi homenageada pelo Império em 2012

VAI-VAI FAZ HOMENAGEM A MÃE MENININHAA mãe de santo baiana Menininha do Gantois (1894-1986) seráhomenageada pela Escola de Samba Vai-Vai no Carnavalpaulistano deste ano. A escolha foi feita para marcar os 30anos de morte da matriarca do candomblé, que representa areligiosidade de matriz africana na Bahia. A Vai-Vai, que desfilano dia 25, é a maior campeã de São Paulo, com 15 títulos.

LEIA EM VIPA cantora Sandra de

Sá é a primeiraconvidada do bloco

Os Mascarados>> pág. 22

REALEZABloco afro Muzenza

escolhe hoje suarainha, em festa

no Pelourinho>> pág. 25

DETALHES DE BASTIDORESNo livro Discobiografia Legionária, a jornalista

Chris Fuscaldo remota os bastidosres dasgravações de todos os álbuns da banda Legião

Urbana, revelando histórias curiosas que vãofazer a delícia dos fãs

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