Guia essencial para jornalistas Sobre saúde mental
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MBR
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Guia essencial para jornalistas Sobre saúde mental Guia essencial para jornalistas Sobre saúde mental ÍNDICEGuia essencial para jornalistas Sobre saúde mental
SETEMBRO 2016
0102
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. pág. 05
PERTURBAÇÃO MENTAL EM NÚMEROSA. Números no Mundo ............................................................................................................. pág. 06B. Números em Portugal ........................................................................................................ pág. 07
FONTES DE INFORMAÇÃO
TERMOS EM SAÚDE / PERTURBAÇÃO MENTAL
PERTURBAÇÕES MENTAIS
A.Profissionaisqueatuamnaárea...................................................................................pág.08 Psiquiatra Psicólogo Psicoterapeuta TerapeutaOcupacional EnfermeiroB.UniversidadeseCentrosdeInvestigação................................................................pág.09C.EntidadesparaaSaúdeMental.....................................................................................pág.10
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08
A.SaúdeMental........................................................................................................................... pág.11B.PerturbaçãoMental(major e minor)...........................................................................pág.12
A.Esquizofrenia...........................................................................................................................pág.13B.Perturbaçõesdepressivasoudepressões................................................................pág.14C.Perturbaçãobipolar..............................................................................................................pág.15D. Perturbaçõesdeansiedade..............................................................................................pág.15E. Perturbaçõesdocomportamentoalimentar..........................................................pág.16F. Perturbaçãoobsessiva-compulsiva............................................................................pág.17G.PerturbaçãodeHiperatividadeeDéficedeAtenção..........................................pág.17H.Demência...................................................................................................................................pág.18I. PerturbaçõesdaPersonalidade.....................................................................................pág.19J. Dependências/Adições......................................................................................................pág.19
TRATAMENTOS
POLÍTICAS DE SAÚDE MENTAL
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................pág.27
A.Fármacos...................................................................................................................................pág.21B.Tratamentopsicológico.....................................................................................................pág.21C.Psicoterapia.............................................................................................................................pág.22D. Internamento..........................................................................................................................pág.22E. Eletroconvulsoterapia........................................................................................................pág.22
A.PlanoNacionalparaaSaúdeMental..........................................................................pág.23B.AcessoaosCuidadosdeSaúdeMental......................................................................pág.23C.RedeNacionaldeCuidadosContinuadosIntegradosparaaSaúdeMental......pág.24D. Desinstitucionalização...........................................................................................................pág.24E. IntegraçãodosCuidadosdeSaúdeMentalnaComunidade..........................pág.25F. DesafiosdaSaúdeMental.................................................................................................pág.26
a. Números no Mundo
b. Números em Portugal
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Porquê a criação de um Guia Essencial para Jornalistas relativoàsquestõesdaSaúdeedaPerturbaçãoMental?Nãoéhabitualumguiades-tanatureza,masnoentenderdaSociedadePor-tuguesadePsiquiatriaeSaúdeMental(SPPSM)este guia faz todo o sentido. Vejamos porquê…Apesardaperturbaçãomentalseenquadrarnodomíniodaclínica–a clínicapsiquiátrica–ea especialidade que a diagnostica e trata – aPsiquiatria–serumaespecialidademédica,asconsequênciasdaperturbaçãomentalfazem-sesentir,sobretudo,nodomíniodocomportamen-to. Pode-se por isso dizer que as perturbaçõesmentaissãoperturbaçõesdocomportamento.
Ora o comportamento é o código que nos permite interagir socialmente, é um dos elementos prin-cipais do senso comum.Umaperturbaçãoqueatinjaocomportamento,atingenecessariamen-teessecódigodeinteraçãoe,porconsequência,esse senso comum.De talmodoque, paraumleigo,nãoéfácildistinguirumaalteraçãodessecomportamento, por força da vontade (mesmoque perversa) da alteração domesmo por for-çadapatologia.Eaquientramosnocernedo estigma:tendemosaestigmatizartodososcom-portamentosquenãoseenquadremnosensocomum.
Como temos tendência a explicar mesmoaquilo que não entendemos, explicamos asalteraçõesdecomportamentoàluzdonossosensocomum,considerandoessescomporta-mentoscomoaberraçõesaseremeliminadas.Ditodeoutraforma,asperturbaçõesmentaissofreram uma estigmatização ao longo dahistória em razão da dificuldade da ciênciaexplicar essas alterações comportamentais.Daí que ao longo dos tempos a pessoa comperturbação mental tenha sido vista como“louca”,comoalguémquesedesviou(porque
quis) do senso comum.Estas ideias precon-cebidastêmsidotãofortesepersistentesqueresistemmesmoagoraqueaciênciaapresen-ta explicações para esses comportamentos.E a verdadeé queo estigmadaperturbaçãomentalédetalgrandezaeextensãoqueanosdelutacontraesseestigmapoucoconsegui-rammudarnasmentalidades.
Sendo assim, uma das principais formas de luta contra o estigma é a informação. Ainformaçãogeneralista,poiséessaquemaisprofundamente penetra na consciência daspopulações. E, na era da informação, quemmelhor do que os meios de comunicaçãosocial para veicular essa informação? Maspara cumprir tal tarefa também eles devemser esclarecidos sobre o que a arte médicae a ciência hoje dizem sobre a perturbaçãomental.Daíapertinênciadesteguia.
Umprimeiropassopara,antesdemais,sein-formarapopulaçãosobreaspessoascomper-turbaçãomental, a sua condição de doentese as possibilidades de tratamento que exis-tem.Umprimeiropassoparaseultrapassaracondiçãodeestigmatizadoeconduzirapessoacom perturbação mental à condição de serhumanoatingidoporumadoença.
Écertoqueestatarefaéobradeumasocieda-deeacomunicaçãosocialéavozinstitucio-nalizadadessamesmasociedade.
João Marques Teixeira PresidentedaSociedadePortuguesa
dePsiquiatriaeSaúdeMental
01Introdução
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02Perturbação Mental em Números
a. Números no Mundo
165 milhões de pessoas, na
Europa, são afetadas por uma doença ou perturbação mental,
anualmente4
1/4 dos doentes
recebe tratamento4
5 das 10 principais causas de incapacidade
são doenças neuropsiquiátricas1
10% têm
tratamento considerado adequado4
As doenças e as perturbações mentais são a principal causa
de incapacidade e uma das principais causas
de morbilidade nas sociedades5
1ª nos países
desenvolvidos2
Prevê-se que passem a ser a
primeira causa a nível mundial em 2030, com agravamento das taxas correlatas2 de suicídio
e parasuicídio*3
4% da população adulta
apresenta uma perturbação
mental grave 6
11,6%
tem uma perturbação de gravidade moderada 6
7,3% tem uma perturbação
de gravidade ligeira6
*Atonãohabitualesemdesfechofatal,protagonizadoporumindivíduonaexpetativadecausarasimesmodanosfísicos
12% das doenças em
todo o mundo são do foro
mental1
As perturbações por depressão
são a 3ª causa de carga global
de doença2
11,8% Depressão1
3,3% Problemas
ligados ao álcool1
2,8% Esquizofrenia1
2,4% Perturbação
bipolar1
1,6% Demência1
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b. Números em Portugal
1/5
dos portugueses sofre de uma perturbação psiquiátrica6
Prevalência das perturbações mentais6
Carga Global das doenças em Portugal 7
Portugal é o segundo país com a mais
elevada prevalência de doenças psiquiátricas
da Europa6
22,9%
Sendo apenas ultrapassado pela Irlanda do Norte6
23,1%
16,5%
7,9%
3,5%
1,6%
perturbações de ansiedade
perturbações do humor
perturbações de controlo dos impulsos
perturbações pelo abuso de substâncias
4% da população adulta
apresenta uma perturbação
mental grave 6
11,6%
tem uma perturbação de gravidade moderada 6
7,3% tem uma perturbação
de gravidade ligeira6
13,7%
11,8%10,4%
doenças cérebro-cardiovasculares
perturbações mentais e do comportamento
doenças oncológicas
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Guia essencial para jornalistas Sobre saúde mental Guia essencial para jornalistas Sobre saúde mental03Fontes de Informação
a. Profissionais que atuam na área
i. Psiquiatra
Profissionaldesaúdecomformação em Me-dicina e especialização em Psiquiatria,ramoque se dedica ao estudo, diagnóstico, trata-mentoereabilitaçãodasdoençaseperturba-çõesmentais.
A Psiquiatria, cuja prática se estende paraalém de 100 anos, só passou a ser reconhe-cida como especialidade médica no início do século XX.Apartirdestaaltura,aspertur-baçõesmentaispassarama terumaanálisedentrodo quadrodas ciênciasmédicas.Umdosprincipaisresponsáveisporestamudan-çadeparadigmafoiEmilKraepelin(1856-1926),sendoporissoconsideradopormuitoscomoopaidapsiquiatriamoderna.8
Aforma de atuação do psiquiatra diferencia-se dos restantes profissionais de saúde queatuam na área das doenças e perturbaçõesmentais, porque atua no âmbito da práticamédica,oquesignificaqueelaboradiagnós-ticos médicosedefineplanos de tratamento queseestendemdesdeodomíniofarmacoló-gicoaodomíniopsicossocial.
ii. Psicólogo
A sua atuação centra-se na elaboração de diagnósticos psicológicos e aplicação de tra-tamentos psicológicos,sendoumprofissionalindispensávelnumaequipadesaúdenaáreada Psiquiatria. Compete-lhe o diagnóstico eintervençãonodomínio psicossocial das per-turbaçõesmentais.9
iii. Psicoterapeuta
Trata-sedequalquerprofissionalcomforma-ção de base no domínio clínico (medicina, psicologia, enfermagem, etc.), mas que temuma formação suplementar e específica naintervenção combasenosdiferentesmode-los de intervenção psicoterapêutica.Aspsi-coterapiassãoformasdeintervençãoque,deacordocomodiagnósticomédicoepsicológi-co,podemseraplicadasisoladamenteouemconjuntocomoutrostratamentos,nomeada-mente,farmacológico.9
iv. Terapeuta Ocupacional
Umterapeutaocupacionaléumtécnicoque,atravésdaorganizaçãodeatividadeslúdicasou não, promove a integração funcional de um doentee,nessesentido,contribuiparaotratamentododoente.Apoiadonumdiagnós-ticofuncional,oterapeutaocupacionaléumprofissionaldesaúdemuitoimportanteparaa recuperação da pessoa com perturbaçãomental. Recorre a metodologias e técnicas específicasparapromoverorestabelecimen-toeomáximousodasfunçõesalteradaspeladoençaouestimularasfunçõesaindapreser-vadas.9
v. Enfermeiro
O enfermeiro com a especialidade de psiquia-triaéumdoselementos-chavenotratamen-tododoentecomperturbaçõespsiquiátricas,queremregimeambulatório,queremregimedeinternamento.Emregime de internamen-to, o enfermeiro especialista em psiquiatria,
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baseado no diagnóstico comportamental,avaliaa evoluçãododoenteeaplicaasme-didas definidas no plano terapêutico, querdenaturezafarmacológica,querdenaturezacomportamental, para além de promover aintegraçãododoentenoseunovomeioeco-lógico–aenfermariapsiquiátrica.Em regime de ambulatório,oenfermeiroespecialistaempsiquiatriatemumpapeldeterminantequernapromoçãodaSaúdeMental, quernapre-vençãodasperturbaçõesmentais.10
b. Universidades e Centros de Investigação
Instituições que reúnem profissionais e aca-démicos e produzem pesquisas científicas de referência a nível nacional e internacional. Seguemabaixoapenasalgumasdasmuitasins-tituiçõesquedesenvolvemtrabalhosnaáreadaPsiquiatria.
Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbrawww.uc.pt/fmuc
Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboawww.medicina.ulisboa.pt
Faculdade de Medicina da Universidade do Portosigarra.up.pt/fmup
Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboawww.psicologia.ulisboa.pt
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Portowww.fpce.up.pt
Fundação Champallimaudwww.fchampalimaud.org
Instituto de Medicina Molecularimm.medicina.ulisboa.pt
Instituto Gulbenkian Ciênciawww.igc.gulbenkian.pt
ISPA – Instituto Superior de Psicologia Aplicadawww.ispa.pt
NES - Núcleo de Estudos do Suicídio www.nes.pt
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c. Entidades para a Saúde Mental
Existemdiversas entidades que, pelo trabalhoquedesenvolvemnapromoção da Saúde Men-tal e no apoio a doentes e familiares, podemconstituirimportantesfontesdeconhecimento.
Oficiais
DGSDireção-Geral da Saúde www.dgs.pt
Conselho Nacional de Saúde Mentalwww.sns.gov.pt/entidades-de-saude/conselho-nacional-de-saude-mental
OPSSObservatório Português dos Sistemas de Saúdewww.opss.pt
Programa Nacional para a Saúde Mental Pode ser consultado através do site da DGS
Organizações de Profissionais de Saúde
ASPESMSociedade Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mentalwww.aspesm.org
Colégio da Especialidade de Psiquiatria da Ordem dos Médicoswww.ordemdosmedicos.pt
SPPSMSociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mentalwww.sppsm.org
SPSSociedade Portuguesa de Suicidologiawww.spsuicidologia.pt
Associações de Doentes, familiares e cuidadores
ADEBAssociação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolareswww.adeb.pt
AFARAMAssociação de Familiares e Amigos do Doente Mentalafaram.wordpress.com
A FARPAAssociação de Familiares e Amigos do Doente Psicóticowww.afarpa.com.pt
DOMUS MATERAssociação de Apoio ao Familiar e Doente com Perturbação Obsessivo-Compulsivadomusmater.org
ENCONTRAR+SEAssociação para a Promoção da Saúde Mentalwww.encontrarse.pt
FAMILIARMENTEFederação Portuguesa das Associações das Famílias de Pessoas Com Experiência de Doença Mentalfamiliarmente.pt
FNERDMFederação Nacional de Entidades de Reabilitação de Doentes Mentaiswww.fnerdm.pt
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a. Saúde Mental
A Saúde Mental é uma parte integrante da saúde e a Organização Mundial de Saúde (OMS)define-acomo«oestadodebem-estarnoqualoindivíduotemconsciênciadassuascapacidades,podelidarcomostresshabitualdodia-a-dia, trabalharde formaprodutiva efrutífera,eécapazdecontribuirparaacomu-nidadeemqueseinsere».11
A SaúdeMental engloba o bem-estar psico-lógico,masnãose reduzaeste.Baseadanoequilíbriodasfunçõesmentaistraduz-seemcomportamentos adaptados às diferentes
04Termos em Saúde / perturbação Mental
circunstâncias em que o indivíduo está en-volvido:desenvolveremanterrelacionamen-tos,estudar,trabalharouseguircomosseusinteressesetomar,diariamente,decisõesso-bre educação, emprego, habitação ou outrasescolhas.
Seoequilíbriomentaldeumapessoaestiverfragilizadooualteradoporumaperturbaçãopsiquiátrica oumédica, isso pode afetar ne-gativamenteasuacapacidadedeescolha,le-vandonãosóaumadiminuiçãodasfunçõesa nível individual, mas também a um nívelmaisamplocomperdasdebem-estarparaafamíliaesociedade.12
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b. Perturbação Mental (major e minor)
A perturbaçãomental, que normalmente setraduzporalterações comportamentais, está relacionada com o sofrimento, incapacida-de ou morbilidade causados por transtornos mentais, neurológicos ou uso de substâncias. Ésempredeorigemmulticausal,comenvol-vimentodevariáveis genéticas, biológicas epsicológicas, assim como condições sociaisadversas ou outros fatores ambientais.12 Os diferentespesos relativosdecadaumades-tasvariáveistraduzem-seemagrupamentosde sintomas diferentes classificados comoperturbaçõesdiferentes.
Paraserclassificadacomoperturbaçãoépre-ciso que essas fragilidades sejamcontinua-das ou recorrentesequeresultemnumagra-vamento ou perturbação do funcionamentopessoal numa oumais esferas da vida.13 Deummodogeralpodedizer-sequeaperturba-çãomental se caracteriza pormudanças aoníveldomododepensamentoedasemoções,normalmente com tradução comportamen-tal,oudeumacombinaçãodestes,associadoscom diminuição (ou perda) da liberdade deagire/oudeterioraçãododia-a-diadodoente,dasuavidasocial,doempregooudasativida-desfamiliares.14
A maioria das pessoas que sofrem de per-turbaçãomental não gosta de falar sobre oassunto ou revelar que é doente, por todo oestig maqueestáassociadoaestasdoenças.Agrandemudançaquedeveseroperadaportodososagentessociaisénosentidodeassu-mirememostraremqueaperturbaçãomen-taléumacondiçãomédica,comoadiabetesouadoençacardíaca,quenamaiorpartedoscasostemtratamento.
Asperturbaçõesmentaispodemafetarqual-querpessoa,independentementedasuaida-de, sexo, estatuto social, rendimentos, raça/etnia,religião,orientaçãosexual,personalida-deouqualqueroutroaspetorelacionadocoma identidade cultural. Embora a perturbaçãomentalpossaocorreremqualqueridade,três quartos das perturbações mentais começam no início da idade adulta.14
As perturbações mentais podem assumirmuitasformas.Algumassãomaislevesepo-demapenasinterferirdeformapoucosigni-ficativanavidadiária - sãoasperturbações mentais minor,comosãoexemploasdepres-sõesminorouasperturbaçõesdeansiedade.As perturbações mais graves, denominadaspor perturbações mentais major, têm im-plicações significativas na vida do doente,chegando até a ser necessários cuidadoshospitalares.Sãoexemploaesquizofrenia,aperturbação bipolar, depressãomajor e for-masgravesdeansiedade.14
A maioria das pessoas que sofrem de perturbação mental não gosta de falar sobre o assunto ou revelar que é doente, por todo o estig ma que está associado a estas doenças.
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A maioria das pessoas com esquizofrenia sofre de múltiplos episódios psicóticos, como alucinações, delírios, pensamentos desordenados e discurso ou comportamento incomum, ao longo da vida.20
05Perturbações Mentais
a. Esquizofrenia
A esquizofrenia é uma perturbação mental complexa e grave, queafetacercade21 mi-lhões de pessoas em todo o mundo.15Nãosepodefalarapenasdeumaesquizofrenia,masdeesquizofrenias, jáqueexistemvárias for-mascomgravidademuitodiferente.
Trata-sedeumapatologiadocérebroqueafe-ta de forma grave a capacidade de pensar da pessoa,asuavidaemocionaleoseucompor-tamentoemgeral.Provocaumasériedesin-tomas, conhecidos como “sintomas psicóti-cos”.Nalistaincluem-sesintomaspositivos,comoalucinações(porexemploverououvircoisasquenãoexistem)e delírios(tercrençasdenaturezabizarraouparanoidequenãoseenquadramnosensocomum),mas tambémdéfices cognitivos, como dificuldades em prestar atenção, concentrar-se e abstrair-se,sintomasnegativos,quetraduzemumaespé-cie de dessubstancialização da personalida-de,comoadiminuição ou perda da vontade, a apatia, o embotamento emocional e afetivo esintomasafetivos,comoansiedade, depres-são e alterações emocionais em geral.16
Querosdéficescognitivos,querossintomasnegativos, são os principais responsáveispela insuficiência social que estes doentesapresentamequeemmuitodificultamasuaintegraçãosocial.
Não é conhecida uma causa única para a es-quizofrenia.Pensa-sequediferentes fatores,comoosgenéticos,ambientaisouusodedro-gas e substâncias ilícitas, contribuem parao desenvolvimento da esquizofrenia, comoacontececomoutrasdoençascrónicas,comoadiabeteseasdoençascardíacas17.
Geralmente,osprimeiros sinais de esquizo-frenia surgem durante a adolescência ou no início da idade adulta,oquenãosignificaquenãopossamsurgirmaistarde.18Tantoosho-menscomoasmulherespodemviradesen-volveresquizofrenia,sendoquenoshomensossintomastendemasurgirumpoucomaiscedo.19
A esquizofrenia temumgrande impacto na vida dos doentes, podendo afetar de formaprofundaoseuestilodevidaeasuaimagemsocial.Otratamento,queconsisteessencial-mente na medicação antipsicótica e outrasterapias, é fundamental para reduzir ou eli-minar os sintomas, demodo a permitir queoindivíduoparticipenasatividadesdiáriasereduzaonúmeroderecaídas.21
As recaídas são mais prováveis quando osmedicamentosantipsicóticossãointerrompi-dosoutomadosirregularmente22.Émuitoim-portante,noplanodetratamento,garantirqueas pessoas com esquizofrenia aderem ao pla-no de tratamento e de prevenção de recaídas.
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b. Perturbações depressivas ou depressões
Oquesedesignapordepressãoéumacondi-çãoclínicacaracterizadaporumsentimentode tristeza e pela perda de interesse por ativi-dades que antes eram tidas como agradáveis. Paraserconsideradaumaperturbaçãoenãouma reação normal, estes sintomas devempersistir durante pelomenosduas semanas eser,geralmente,acompanhadosporaltera-ções no apetite e nos padrões de sono, fadi-ga, dificuldades de concentração, indecisão, pensamentos suicidas ou sentimentos de inutilidade, impotência e desespero.23
Atristezaéumaemoçãoquefazpartedavidapsíquicanormal.Éumareaçãonormalamo-mentosmaisdifíceis,masgeralmentepassaempoucotempo.Umadepressãoéalgoquetemumgrave impactonavida.Podecausarsofrimentotantoparaodoente,comoparaaspessoasqueorodeiam.Trata-sedeumaper-turbação,quepodesergrave,enãodeumsi-naldefraquezaoufalhadecarácter.24
A depressão afeta ao longo da vida cerca de 20% da população portuguesa e é considerada
a principal causa de incapacidade e a segun-da causa de perda de anos de vida saudáveis. Umaemcadaquatropessoasemtodoomun-dosofre,sofreuouvaisofrerdedepressão25. Diferentesfatorestêminfluêncianoriscodedepressão, como alterações em neurotrans-missores (substâncias químicas responsá-veis pela comunicação entre os neurónios),fatores genéticos, traços de personalidade efatores ambientais. Enquanto alguns genesaumentamaresiliência–acapacidadedere-cuperardesituaçõesadversas–eprotegemcontraadepressão,outrosgenesaumentamesse risco. Experiências como traumas ou abusos durante a infância e stress durante a idade adulta podem aumentar o risco. No entanto, as mesmas situações de stress eperdapodemdesencadearadepressãonumapessoaenãonaoutra.Osfatoresambientaisdesempenhamtambémumpapel importan-te,umavezqueumbomambientefamiliarerelaçõessociaissaudáveispodemaumentararesiliência.26
Cercademetadedaspessoasquetêmumepi-sódiodedepressãorecuperamenãovoltamaternenhumepisódio.26Noentanto,depoisde
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trêsepisódios,oriscodereincidênciaaproxi-ma-sedos100%senãoexistirtratamentodeprevenção.27
A depressão, mesmo nos casos mais graves,pode ser tratada e quantomais cedo o trata-mento é iniciado,mais eficiente é. Amaioriados doentes apresentam melhorias dos seussintomasquandotratadoscomantidepressivos,psicoterapiaouumacombinaçãodosdois.26
c. Perturbação bipolar
Também conhecida como doença maníaco-depressiva,aperturbaçãobipolaréumadoen-çamental que afeta cercade60 milhões de pessoas em todo o mundo.28
Aspessoascomperturbaçãobipolarpassampordrásticasalterações de humor.Porvezestêmepisódios maníacos,durante os quais se sentem muito felizes e mais enérgicas e ati-vas do que o normal. Outras vezes, passam por episódios depressivos, com sentimentos de profunda tristeza e quebra de energia.
Os sintomas mais comuns durante os epi-sódios maníacossãoenergiaexcessiva,comgrande agitação e aceleração do pensamen-to, que pode ser observada por um discursomuitorápidoeporvezesconfuso;sentimen-toseufóricosecrençasirrealistas,quefazemcomqueapessoasesintacomumaautoes-timaexacerbada;diminuiçãodanecessidadedesono,podendopassardiascompoucoounenhumsono,semsesentircansado;descon-trole de impulsos, que podemmanifestar-seporgastosexcessivosecomportamentosim-prudentes; conduta sexual inadequada;abusodedrogasecomportamentosparanoicos.29
Já os sintomas dos episódios depressivossãoosmesmosquesemanifestamemquemsofre
dedepressão:tristezaprofundaepersistente;al-teraçõesnosono;reduçãodoapetiteeperdadepesoouaumentodoapetiteacompanhadoporaumentodepeso;irritabilidadeouagitação;difi-culdadesdeconcentraçãoeemtomardecisões;fadiga ou perda de energia; sentimentos deculpaeimpotênciaepensamentossuicidas.29
A perturbação bipolar começa tipicamentena adolescência ou durante o início da vida adulta e permanece ao longo de toda a vida. Frequentemente, o diagnóstico é difícil e,como consequência, muitos doentes sofremdesnecessariamente durante anos ou atémesmodécadas.30
Cercade80-90%dosindivíduoscomperturba-çãobipolartemumfamiliarcomessadoençaoucomdepressão.Osfatoresambientaistam-bémtêmumagrandeinfluência:stressextre-mo,distúrbiosdesono,drogaseálcoolpodemdesencadear episódios em pacientes maisvulneráveis.31
Aperturbação bipolar é uma doença com tra-tamento relativamente eficaz. O tratamento faz-segeralmentecommedicaçãoepodesercomplementadocompsicoterapia.31
d. Perturbações de ansiedade
Aansiedade éuma reação normal ao stress do dia-a-dia.Écomumaspessoassentirem-seansiosasquandotêmproblemasnotraba-lho,antesdepassarumexameouquandone-cessitamde tomar umadecisão importante.Se a ansiedade for exagerada e prolongada,poderátratar-sedeumproblemamaisgrave.Apenas se pode falar em perturbações de an-siedade quando existe um medo e ansieda-de desproporcionado, que perduram há pelo menos seis meses e que têm um verdadeiro impacto na vida quotidiana.32
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Existemdiversasperturbaçõesdeansiedade,nomeadamente as fobias,osataques de pâni-co,aperturbação de ansiedade generalizada,o stress pós-traumático, entreoutras.Todastêmemcomumumsentimentodeansiedadeexacerbado, que se prolonga durante váriosmeseseconstituemaperturbaçãopsiquiátri-camaisfrequente.
e. Perturbações do comportamento alimentar
Asperturbaçõesdocomportamentoalimentarsão doenças que provocamdistúrbios sérios na forma como as pessoas se alimentam e nos pensamentos e emoções relacionados com a alimentação.Tipicamente,osindivíduoscomperturbações do comportamento alimentartornam-seobcecadoscomoseupeso.33
Geralmente, as pessoas que sofrem destasperturbaçõessãoextremamentecríticas em relação ao seu corpo, revelando um medointensodeganharpeso.Mesmoquetenhamumpesonormal,ouatéabaixodopesoideal,tendema sentir-segordas.Frequentemente,aspessoascomestesdistúrbiosnãoreconhe-cemquetêmumproblemadesaúde.33
Emmuitoscasos,asperturbaçõesdocompor-tamentoalimentar surgemassociadasaou-trosdistúrbioscomoansiedade, pânico, per-turbação obsessivo-compulsiva e problemas de abuso de álcool e drogas. Novas evidên-ciassugeremqueahereditariedadepodeterinfluêncianoaparecimentodosdistúrbiosali-mentares,masestasdoençasafetamtambémpessoas semcasosna família. Senãohouvertratamentodossintomasfísicosepsicológicos,osdistúrbiosalimentarespodemdesencadearcondiçõespotencialmentefatais,comodesnu-
trição e risco demorte súbita de origem car-díaca. No entanto, com os devidos cuidadosmédicos, as pessoas que sofrem de anorexiaoubulimianervosapodemretomaroshábitosalimentaresadequadoseregressaraumavidasaudável.33
Anorexia Nervosa
As pessoas com anorexia nervosa veem-se a si mesmas com peso a mais, mesmo quan-doestãovisivelmenteabaixodopesonormal.Tipicamente, estes doentes controlam o seupesorepetidamenteecomempequenasquan-tidadesde alguns alimentos. Para compensaraspoucascaloriasingeridas,algumaspessoastomammedidasmaisdrásticas,comoaprática de exercício físico exagerado, os vómitos força-dos ou o uso de laxantes e diuréticos.34
Os sintomas e complicações da anorexia ner-vosa incluem: magreza extrema, interrupçãoda menstruação, enfraquecimento dos ossos(osteoporose ou osteopenia), unhas e cabelosquebradiços, pele seca e amarelada, anemia,pressão arterial baixa, quebra da temperaturadocorpo,letargiaeinfertilidade.35
Bulimia Nervosa
Aspessoascombulimianervosatêmepisódiosrecorrentesemquecomem, num curto período de tempo, uma quantidade muito grande de co-mida.Estacompulsãoalimentarédepoiscom-pensada através de vómitos forçados, práticaexageradadeexercíciofísico,usoexcessivodelaxantesediuréticos, jejumouumacombina-çãodestescomportamentos.34
Aocontráriodaanorexianervosa,aspessoascombulimianervosageralmentemantêmumpesoqueé consideradonormalouatémes-mo um pouco acima do aconselhável. Mas
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tal como os doentes com anorexia, também as pessoas com bulimia temem ganhar peso. Geralmente,ocomportamentobulímicoocor-relongedavistadeoutraspessoasporqueémuitasvezesacompanhadoporsentimentosderepulsaouvergonha.34
Talcomoaanorexia,tambémabulimianer-vosapode trazer várias complicações,comogargantaconstantementeinflamada,aumen-todasglândulasparótidas,alteraçõesnoes-maltedosdentescausadaspeloácidocontidonas secreções gástricas, tornandoosdentesamarelos,halitoseeproblemascardíacos.36
f. Perturbação obsessiva-compulsiva
A perturbação obsessivo-compulsiva (POC)éumaperturbaçãograveque,comoopróprionomeindica,secaracteriza por dois fenóme-nos: as obsessões e as compulsões.Asobses-sõessãodefinidascomopensamentos,impul-sosouimagensrecorrentesepersistentesequeprovocamansiedadeoumal-estar.Oindivíduotenta ignorar ou suprimir estes pensamentoscom algum outro pensamento ou através darealizaçãodeumacompulsãoouritual.
Omedodacontaminação,deprejudicarosou-tros acidental ou intencionalmente, de come-terumerrograve(comodeixarumfogãoliga-do,umaportaabertaouatiraralgoimportanteparaolixo)edecontrairumadoençasãoalgunsexemplosdasobsessõesmaiscomuns.
As compulsões são comportamentos repeti-tivos geralmente executadas em resposta a obsessões.37Ascompulsõesmaisfrequentessãolimpar(parareduziromedodecontami-naçãoporgermes,sujidadeouprodutosquí-micos), repetir (nomes, frases ou comporta-mentos para dissipar a ansiedade), verificar
(para reduzir o medo de fazermal a alguémporseteresquecido,porexemplo,dedesligarogásdofogão),ordenar e organizar(parareduzirodesconforto,algumaspessoasalinhamlivrosporumadeterminadaordem,porexemplo).Sãotambém frequentes as compulsões mentais,como rezar silenciosamente ou repetir frases,umavezmaisparareduziraansiedade.38
Todas as pessoas sentemnecessidade, em al-gummomento,deverificarseasportasficarambem fechadaspor exemplo. É, por isso, funda-mentalestabeleceralgunscritériosdediagnós-tico para diferenciar um comportamento nor-mal de algo que poderia ser considerado umadoença.Só pode ser considerado POC quando as obsessões ou compulsões interferem significa-tivamente com as rotinas normais do indivíduo e quando as mesmas ocupam uma considerável parte do dia(pelomenosumahorapordia).39
OtratamentomaiscomumparaaPOCéacom-binação de medicação com Terapia CognitivoComportamental,umtipodepsicoterapiaquesetemreveladomuitoeficaznotratamentodestapatologia.
g. Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção
A perturbação de hiperatividade e déficede atenção (PHDA) é uma das perturbações mentais mais comuns nas crianças, mas afeta também muitos adultos.Ossintomasdeste distúrbio incluem desatenção, hipe-ratividade e impulsividade.40
UmapessoacomPHDAtemgeralmentedi-ficuldade em prestar atenção aos detalhes, cometendo erros por descuidos na escola,no trabalho ou durante outras atividades;parecenãoestaraouvirquandooutrapes-
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soaestáafalar; não consegue seguir instru-ções até ao fim nem concluir tarefas; evita tarefas que exijam esforço mental, comoos trabalhos escolares ou a elaboração derelatórios no caso dos adultos; perde fre-quentemente objetos necessários às suas atividades;distrai-se com muita facilidade; não consegue ficar parado numa cadeira;tem dificuldades em esperarpelasuavezeinterrompeosoutroscomfrequência.41
Ossintomaspodemaparecercedo,entreostrêseosseisanos,masnãorarasvezessãoconfundidoscomproblemasemocionaisoudedisciplina,levandoaumdiagnósticotar-dio.Aolongodavida,ossintomasdePHDAtendemaevoluir.Emcrianças,ahiperativi-dadeeimpulsividadeémaispredominante,mais tarde é a desatenção que se assumecomoprincipalsintoma.41
Amedicação é a principal forma de trata-mento da perturbação de hiperatividadee défice de atenção mas há estudos que indicamquequandocombinadacomorien-tações aos pais e professores, psicoterapiae neuroterapia porNeurofeedback, o trata-mentorevela-semaiseficaz.40
h. Demência
O síndrome demencial (demência) é cons-tituído por um conjunto de sintomas que correspondem a um declínio contínuo e ge-ralmente progressivo das funções nervosas superioresque incluementremuitosoutros:perda dememória, diminuição da agilidademental, diminuição das funções executivas,dificuldadesdeexpressão,problemasdecom-
preensãoedejulgamento.42AsformasdeDe-mênciamaiscomunssãoadoençadeAlzhei-mereasdemênciasdecausavascular.
Aperda de memória éumdossintomasmaiscomuns. Indivíduos com demência têm di-ficuldade em fazer novas aprendizagens,perdem frequentemente objetos de valorcomo carteiras e chaves ou deixam comidaao lume.Noscasosmaisgraves, aspessoas podem também esquecer informação jáaprendida, como por exemplo o nome dosseusentesqueridos.43
As pessoas comdemênciapodem tornar-se apáticas ou desinteressadas pelas suas ati-vidades habituais, ter problemas em con-trolar as suas emoções, perder empatia (ossentimentos de compreensão e compaixão),ter alucinações, fazer falsas afirmações. É comumaspessoascomdemênciaperderem a sua autonomia, uma vez que podem ter dificuldadeemrealizartarefassimples,comoalimentar-se, vestir-se ou cuidar da higienepessoal. 42
O tratamento da demência pode variar deacordocomasuacausaeoestadodadoen-ça. Existemmedicamentos para tratar espe-cificamenteossintomasassociadosàdemên-ciadeAlzheimereoutrasformasdedemênciaprogressiva. Apesar da medicação não travaradoençaoureverterodanocerebralcausado,podemelhorar a qualidade de vida e aliviar acargasobreosseuscuidadores.
Noscasosdedemênciaemestadoinicialébe-néficoo treinocognitivoeapráticadetarefasdestinadas amelhorar o desempenho em as-petosespecíficosdo funcionamentocognitivo.Porexemplo,aspessoaspodemserensinadasausarauxiliaresdememória,comomnemónicasouanotações.44
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i. Perturbações da Personalidade
Apersonalidadetraduz-senaformadepen-sar,sentireagireéoquedistingueumapes-soadetodasasoutras.Sãováriososfatoresquepodeminfluenciarapersonalidadedeumindivíduo,nomeadamenteasexperiências,omeio ambiente e características hereditá-rias.Quando os traços de personalidade são inflexíveis prejudicam as relações sociais, causam sofrimento e se desviam das expec-tativas da cultura na qual o indivíduo está inserido, podemos falar emperturbaçõesdapersonalidade.45
Existemdiversasperturbaçõesdapersonali-dade,quepodemserreunidasemtrêsgruposdistintos,combaseemsemelhançasdescriti-vas.Noentanto, frequentemente,aspessoasapresentam perturbações da personalidadedegruposdistintosemsimultâneo.46
O primeiro grupo inclui as perturbações dapersonalidadeparanoide,esquizoideeesqui-zotípica.Aspessoascomestasperturbaçõessão frequentemente descritas pelos outroscomosendoesquisitas ou excêntricas. Num outro grupo, inserem-se as perturbações dapersonalidade antissocial, borderline, his-triónica e narcisista, no qual os indivíduostendem a parecer dramáticos, emotivos ouerráticos.Oterceirogrupoincluiasperturba-çõesdapersonalidadeevitativa, dependente e obsessivo-compulsiva. Estes indivíduos têmtendênciaapareceransiososoumedrosos.É durante a adolescência ou no início da vida adulta que as características de um trans-tornodapersonalidade se tornammais evi-dentes.Algunstiposdetranstornodaperso-nalidade,nomeadamenteasperturbaçõesdapersonalidade antissocial e borderline, ten-demaficarmenosevidentesouadesapare-cercomaidade.Omesmoparecenãoacon-
tecercomoutrostipos,comoasperturbaçõesdapersonalidadeobsessivo-compulsivaees-quizotípica.
j. Dependências/Adições
Os comportamentos aditivos/dependências são uma condição complexa, que se mani-festa pelo uso compulsivo de substâncias –álcool, drogas ou tabaco -, apesar dos seusefeitosnefastosparaasaúde.Aspessoascomdependênciassentem um desejo intenso por determinada substância e têm dificuldade em deixar de a consumir.Ao longodotempo,vãodesenvolvendoumacertatolerância,oquefazcom que precisem de quantidades cada vezmaiores.47Emalgumasdestassubstâncias(porex.heroína)desenvolve-setambémumadepen-dênciafísica,oquesetraduzpeloaparecimentodesintomasdeabstinênciaquandooconsumoéreduzidoouinterrompidosubitamente.
De um modo geral, as pessoas começam aconsumirestassubstânciaspelasmaisvaria-dasrazões:parasesentiremmelhor,parate-remummelhordesempenho,porcuriosidadeouporinfluênciadosoutros.48
Álcool
O álcooléconsideradoumadrogapsicotrópi-cacomefeitos depressores no sistema ner-voso central, ou seja, provoca alterações nocomportamentodequemoconsome,poden-domesmo causar dependência. Apesar dosseusefeitosnefastoséasubstânciapsicotró-pica mais aceite nas sociedades de culturaOcidentalizadaeoseuconsumochegames-moaserincentivado.49
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O álcool está estreitamente ligado a causasde morte importantes, nomeadamente àsdoençascardiovasculareseoncológicas,aosacidentes rodoviários, aos suicídios e à cir-rosehepática.50 Estima-se que em 2012 o seu consumo tenha causado a morte de 3,3 milhões de pessoas em todo o mundo,oquerepresenta5,9%dasmortesàescalaglobal.51
Depoisdaingestãodeálcool,asensaçãoini-cial é de euforia e de desinibição. Segue-seumestadodesonolência, turvaçãodavisão,descoordenação muscular e diminuição dacapacidadedereação.Alongoprazo,osefei-tosdoconsumodeálcoolsãodevastadoreseafetamdiversos órgãos vitais, provocando adeterioraçãodocérebro,alteraçõescardíacas,problemasde fígadocomohepatiteecirrose,gastriteeúlceras,inflamaçãodopâncreas,en-tre outros.52
Alguns dos sinais de dependência são: sen-tir grande necessidade de consumir bebidas alcoólicas;incapacidadedecontrolaroconsu-mo;tolerânciaaoálcool;persistêncianousodasubstânciaapesardaevidênciadeconsequên-ciasnocivasesíndromedeabstinência.53
Asupressãosúbitadoálcoolnaspessoasde-pendentespodedesencadearumagravesín-dromedeabstinência,quepodeprovocardi-versossintomas.Entreasdozeeasdezasseishoras seguintes à privação da bebida surgeum sentimento de inquietação, nervosismoeansiedade.Váriashorasdepoispodemapa-recercãibrasmusculares,tremores,náuseas,vómitos e grande irritabilidade. Nos casosmaisgraves,apartirdosegundodiasurgeodenominado “delirium tremens”, caracteri-zado por confusão mental, desorientação e aparecimentodedelíriosealucinações.52
Outras Drogas
Alémdecausardependênciaeprovocarmui-tosefeitosnefastosparaasaúde, o abuso de drogas coexiste frequentemente com outras perturbações mentais. Em alguns casos, asperturbaçõesmentaiscomoaansiedade,de-pressãoouesquizofreniapodemantecederoabusodedrogas.Emoutrassituações,oabu-sodedrogaspodedesencadearouagravarasperturbaçõesmentais,especialmentenosin-divíduosmaisvulneráveis.54
Tanto o abuso de substâncias psicóticascomo as outras perturbações mentais têmcomo causa um conjunto de fatores que sesobrepõem,comovulnerabilidadesgenéticaseaexposiçãoprecoceaostress ou trauma.55
O abuso de drogas pode desencadear ou agravar as perturbações mentais, especialmente nos indivíduos mais vulneráveis
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Guia essencial para jornalistas Sobre saúde mental Guia essencial para jornalistas Sobre saúde mental06tratamentos
a. Fármacos
Os medicamentos são fundamentais no tra-tamento das várias perturbações mentais e é essencial que as pessoas sigam rigorosa-mente o plano de medicação prescrito pelo seu médico. 56
Existem vários tipos de medicamentos paratratar as diferentes perturbações mentais. Os antidepressivossãoomedicamentomaisusa-do no tratamento da depressão, mas podemtambém tratar outros problemas, como a an-siedade,adoreainsónia.Estesmedicamentosmelhoramossintomasdedepressãoeevitamqueestesreapareçam.Porrazõesaindadesco-nhecidas, algumas pessoas reagem melhor aalgunsantidepressivosdoqueoutras.Por isso,emalgumassituaçõesapessoacomdepressãoprecisadetestarváriosfármacosatéencontraraquelequemelhoratuanoseucaso.56
Os ansiolíticosajudamareduzirossintomasde ansiedade, nomeadamente os ataques depânico,osmedosextremoseainquietação.Al-gunsdosansiolíticosdevemsertomadosape-nasnumcurtoperíododetempoparaajudarapessoaamantersobcontroloossintomasfísi-cosepodemtambémserusadosparareduzircrisesagudasdeansiedade.Outrosdevemsertomadosduranteumperíodode tempomaislongoparaatingiremoseuplenoefeito.56
Os antipsicóticossãoprincipalmenteusadospara tratar as psicoses. Os episódios psicó-ticos podemser resultado de uma condiçãofísica, como o abuso de drogas, ou de umaperturbaçãomental comoa esquizofrenia, aperturbaçãobipolaroudepressõesmuitogra-ves. Frequentemente, os antipsicóticos são
combinados com outros medicamentos notratamentododelírio,demênciaeoutrascon-dições,comoperturbaçãodehiperatividadeedéfice de atenção, perturbações do compor-tamento alimentar, perturbação obsessiva-compulsiva, entre outras. Osmedicamentosantipsicóticosnãocuramestasperturbaçõesmasaliviamossintomasegarantemqualida-dedevidaaospacientes..56
Os estabilizadores de humor sãousadosprin-cipalmentepara trataraperturbaçãobipolarmastambémalteraçõesdehumorassociadasaoutrasperturbaçõesmentaise,noutrosca-sos,paraaumentaraeficáciadeoutrosmedi-camentosusados,porexemplo,notratamen-todadepressão.56
b. Tratamento psicológico
O tratamento psicológico constitui um dos pilares do tratamento das pessoas com per-turbações psiquiátricas. Consiste na aplica-ção de técnicas específicas de intervençãopsicológicacentradasnodiálogoounaação.
Emgeral,nasperturbaçõesmentaisminor o tratamento psicológico pode ser suficiente,mas nas perturbações mentais major o trata-mento psicológico é sempre um complemen-to do tratamento farmacológico.Estetipodeintervençõespode serporumperíodocurtode tempo (psicoterapias breves), como nocasodaresoluçãodeumdeterminadoconfli-to,ouestender-seporperíodosdetempomaislongos, comonos casos da psicoterapia dasperturbaçõesdepressivas.
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c. Psicoterapia
A psicoterapia é uma forma de tratamento psicológico que pressupõe um diagnósti-copsicológicoeaaplicaçãodeumconjunto variado de técnicas para se atingir os obje-tivos definidos. Há muitas e variadas for-masdepsicoterapiamas,noessencial,todasvisam uma melhor compreensão de si e o auto-controlo. São exemplo de psicoterapiasa psicanálise, a terapia cognitivo-comporta-mental,as terapiashumanistas,entreoutras.Não se pode confundir compsicoterapias astécnicasderemediaçãocognitivanasquaissepretendeestimularfunçõescognitivasdefici-tárias,comoacontecenostreinosderemedia-çãocognitivanaspsicosesenasdemências.
d. Internamento
O internamento psiquiátrico é uma forma de tratamento com indicações clínicas precisas,como,porexemplo,oriscodesuicídio,casosdeepisódiospsicóticosagudosoudegravesaltera-çõesdocomportamento.Dadaaeficáciadasno-vasformasdetratamento,nostemposmodernosointernamentopsiquiátricoé,normalmente,decurtaduração(comexceções),sendooperíododetratamentopós-altaumperíodocomplemen-tardetratamentoaointernamento.57
Neste sentido, o tratamento psiquiátrico mo-derno resulta da conjugação de formas de tra-tamento complementares entre regimes de tratamento em internamento, em contextos ambulatórios de pós-alta e na comunidade. O racional que subjaz a estemodelo é a criaçãodascondiçõesclínicasquepermitamaosdoen-tes com perturbações psiquiátricas terem umprocesso de integração social rápido e sem ru-turas,promovendo-se,empermanência,ascon-diçõesderestituiçãodaautonomia.5
e. Eletroconvulsoterapia
Aeletroconvulsoterapiaéuma forma de trata-mento que visa a sincronização cerebral através da aplicação, sob anestesia, de uma corrente elétrica em áreas definidas do cérebro. A suaaplicaçãotemindicaçõesclínicasespecíficaseconsensualmentedefinidas.58
Esta forma de tratamento psiquiátrico foi de-senvolvidaem1937,pelosmédicositalianosUgoCerlettieLucioBini.Duranteasdécadasde1960e 1970 a eletroconvulsoterapia foi retratada deformapreconceituosaemmuitos livros, filmesepeçasdeteatro,tendosidorecuperadacomaevoluçãotecnológicaecomainvestigaçãoclíni-carelativamenteàscondiçõesdasuaaplicaçãoeàsuaeficácia.9
Otratamentoporeletroconvulsoterapiatem-sereveladoeficiente no tratamento da depressão, mas pode também ser indicado para casos de esquizofrenia e episódios maníacos.Ofactodeatuarmaisrapidamenteesereficazmesmoemdoentesquefizerammedicaçãosemnotarme-lhorias,fazdaeletroconvulsoterapiaumaalter-nativanotratamentodasperturbaçõesmentais.9
Durante as décadas de 1960 e 1970 a eletroconvulsoterapia foi retratada de forma preconceituosa em muitos livros, filmes e peças de teatro
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Guia essencial para jornalistas Sobre saúde mental Guia essencial para jornalistas Sobre saúde mental07Políticas de Saúde Mental
a. Plano Nacional para a Saúde Mental
ALei n.º 36/98 de 24 de Julho consagrouasbases da política e organização nacional daSaúdeMentalparaPortugalefoipoucosanosdepoisconfirmadanoPlanoNacionaldeSaú-de Mental.60
O Plano Nacional de Saúde Mental 2007-2016 (PNSM)foiaprovadoem24dejaneirode2008,pelaResolução do Conselho de Minis-tros (RCM) n.º 49/2008, tendosidocriadaumaCoordenação Nacional para a Saúde Mental, no âmbito do Alto Comissariado da Saúde, com a responsabilidade de coordenar a suaimplementação.OPNSMfoirevistoeatuali-zadoem2012.5
Em consequência da sua aplicação con- sidera-se:a)Aredução do número de doentes institu-
cionalizados em hospitais psiquiátricosem40%;
b) O encerramento do mais antigo hospital psiquiátrico dopaísemovimentosparaadesativaçãodeoutros;
c)A criação de serviços de Saúde Mental noshospitais gerais e lançamento de al-gunsnovosserviçosnacomunidade,bemcomoa formação de profissionais nocon-texto de desenvolvimento de programasintegradosparadoentesmentaisgraves;
d) O lançamento das bases dos cuidados continuados integrados de Saúde Mental ecriaçãodosprimeirosserviçoseprogra-masresidenciaisnestesetor;
e)Acriação de novas unidades e uma nova rede de referenciação nocampodaSaúdeMentaldainfânciaeadolescência;
f) O início de vários programas inovadoresque permitiram integrar a Saúde Mental
na luta contra a violência doméstica, oapoio aos sem-abrigo e aos jovens com problemas de adaptação e inclusão social emcooperação comos setores social, dajustiça,daeducaçãoedoemprego.
b. Acesso aos cuidados de Saúde Mental
DeacordocomoPNSM,«aquestãodoacessoaoscuidadosemSaúdeMentaltemsidoumadas áreas mais aprofundadas nos últimosanos,estandojáidentificadosváriosdosseusdeterminantes:
> Estigmaedesconhecimentofaceàdoençamental;
> Escassezderecursoshumanoseestrutu-rais;
> Baixaprioridadeemtermosdeopçãopolí-tica;
> Orçamentodesproporcionadamentebaixoparaacargadasdoençasimplicadas;
> Organização desajustada dos serviços depsiquiatria,comconcentraçãoemgrandesinstituiçõescentralizadasepoucoarticu-ladas com os cuidados de saúde primá-rios.»62
Ao longo dos anos, têm sido desenvolvidosesforços em Portugal paramelhorar os cui-dadosdeSaúdeMental.Promulgadaem1963,a lei de Bases da Saúde Mental (Lei n.º 2118, de 1963)permitiuadescentralizaçãodosser-viçosatravésdacriaçãodecentrosdeSaúdeMentalemtodososdistritosdopaísealiga-çãoaoscuidadosdesaúdeprimários.59A leiatual de Saúde Mental (Lei nº 36/98) e a le-gislaçãosubsidiáriaconsagramaintegração
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daSaúdeMental no sistema geral de saúdee a transferência dos cuidados especializa-dosparaoshospitaisgeraisecomunitários.Foramaindaenunciadosodesenvolvimentodeprogramaseestruturasdereabilitaçãopsi-cossocial, a legislação de apoio ao empregonosanos90eoatualProgramaNacionalparaaSaúdeMental.Apesardestesavançosmuitohá aindapor fazer, não em termosde legis-lação,masemtermosdaimplementaçãonoterrenodalegislaçãoexistente.
AemergênciadaassistênciapsiquiátricaemPortugaleasuaevoluçãoatéaosdiasdehojeestádescritanumartigo publicado na Inter-national Review of Psychiatry63,ondeéfeitaumaanálisehistórico-descritivaecríticadasituaçãodaassistênciapsiquiátricaemPor-tugal.
c. Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados para a Saúde Mental
Os programas de reabilitaçãodesenvolvidos,desde o final dos anos 90, tiveramumpapelfundamentalparaamodernizaçãodaSaúdeMentalemPortugal,sobretudonoquedizres-
peito às bases conceptuais, legais e organi-zacionaisdaRededeCuidadosContinuadosIntegradosemSaúdeMental.60
A Rede Nacional de Cuidados ContinuadosIntegrados (RNCCI) foi formalmente criadaem2006,comoDecreto-Lei n.º 101/2006. Qua-troanosmaistardeéestabelecidaumaorien-tação específica para pessoas com doençamentalgrave–Decreto-Lei n.º 22/2011, de 10 de fevereiro – com o objetivo de contribuirparra«odesenvolvimentoderespostasreabi-litativasqueatendamasituaçõesdedepen-dênciae incapacidadepsicossocialprovoca-das» 61.
Novas alterações legislativas introduziriamnovidadesnaRNCCI em 2015. Com o Decre-to-Lei n.º 136/2015, de 28 de julho, efetuou-se a primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 101/2006, de 6 de junho,easegundaalteraçãoao Decreto-Lei n.º 8/2010, de 28 de janeiro,le-vandoàintegraçãonaRNCCIdoconjuntodeunidadeseequipasdecuidadoscontinuadosintegrados de saúdemental criado peloDe-creto-Lei n.º 8/2010, de 28 de janeiro.Asuni-dadeseequipasdesaúdementalque foramautorizadasaintegraraRNCCIestãolistadasnoanexoIIIaoDespacho n.º 8320-B/2015, de 29 de julho,numtotalde312lugares.Apesardapublicaçãodesta informação,não chega-riamaentraremfuncionamento.
d. Desinstitucionalização
Oprocessodedesinstitucionalizaçãodaspes-soascomdoençamentalteve início em Por-tugal, em 2009, após a aprovação da lei atual de Saúde Mental (Lei nº 36/98)eenquadra-senumnovomodelodeassistênciapsiquiátrica.Desdeentãoonúmerodedoentes institucio-nalizados em hospitais psiquiátricos públi-
Os programas de reabilitação desenvolvidos, desde o final dos anos 90, tiveram um papel fundamental para a modernização da Saúde Mental, em Portugal
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cosjásereduziu 40%,tendosidotransferidospara outras instituições na comunidade. Emconsequênciaforamencerradostrêsdosprin-cipaishospitaispsiquiátricosdopaís-Hospi-tal Miguel Bombarda, Centro Psiquiátrico deRecuperaçãodeArneseHospitaldoLorvão.64
e. Integração dos cuidados de Saúde Mental na comunidade
Graças aos esforços desenvolvidos nas últi-mas décadas, registaram-se alguns avanços
naintegraçãodosserviçosdeprestaçãodecui-dadosnaáreadaSaúdeMentalnacomunidade.Noentanto,emalgunsaspetosessenciais,es-sesavançosrevelam-seinsuficientes, levandoà constatação que existe ainda um longo ca-minhoapercorrerparaasseguraroacessodetodosacuidadosdesaúdedequalidade.
Este caminho começou a ser percorrido em2008,aquandododesenvolvimentodoPlanoNacional de Saúde Mental, elaborado pelosprincipaisstakeholdersdaáreaemPortugal,levandoaumprogressosignificativodatran-siçãoparaaprestaçãodecuidadosdesaúdenacomunidade.60
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Osaspetosnegativosepositivosdestesavan-ços,bemcomoasbarreirasàsuaimplemen-taçãoforamsintetizadaspelorelatórioPortu-gal Situation Analysis – 201560 do programa da União Europeia Joint Action on Mental Health And Well-Being,apresentadoem2015.Neste relatóriodestacava-seaaprovaçãodaLei de SaúdeMental, em 1998, que permitiuavançosimportantesnaproteçãodosdireitoshumanosdepessoascomperturbaçõesmen-taisecolocouPortugalaomesmoníveldeou-trospaísesdesenvolvidos.ComestaLeiveiotambémoaumentodonúmerodeparceriascom organizações não-governamentais, umcontributo importantenamodernizaçãodoscuidadosdeSaúdeMental.60
f. Desafios da Saúde Mental
SegundooPlano de Ação para a Saúde Men-tal 2013-2020 da OMS65,Portugal,talcomoou-trospaíses, teráquatrodesafios importantesnaáreadaSaúdeMentalaté2020:1) Fortalecer a liderançaepromoveragestão
eficaznaáreadaSaúdeMental;2) Prestarserviços deSaúdeMentalesociais
abrangentes, integradosereativos inseri-dos nas comunidades;
3) Implementarestratégias para a promoção e prevençãonaáreadaSaúdeMental;
4) Reforçar os sistemas de informação, evi-dência científica e investigação na área da SaúdeMental.
O plano apresenta indicadores e alvos para os Estados-membros taiscomoumaumentode20%na cobertura do serviço para distúrbiosmentaisgraveseumareduçãode10%nataxadesuicídiodospaísesaté202065.
Lei de Saúde Mental, em 1998, permitiu avanços importantes na proteção dos direitos humanos de pessoas com perturbações mentais e colocou Portugal ao mesmo nível de outros países desenvolvidos
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Guia essencial para jornalistas Sobre saúde mental Guia essencial para jornalistas Sobre saúde mental08Referências Bibliográficas
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