VANDERLEI XAVIER DO CARMO
GUARAQUEÇABA-
TRÊS DÉCADAS DE SUBDESENVOLVIMENTO
Pesquisa realizada como tarefa do curso de gestão ambiental da UNISUL, Florianópolis-SC. Conteúdo usado para elaboraçãoda monografia de conclusão de curso intitulada: Preservação e Desenvolvimento Sustentável.
CURITIBA - 2012
“Os sonhos são como a seiva das plantas. Os homens morrem quando já não podem sonhar.”
V.X.C.
Ao povo guaraqueçabano
DEDICO
ii
Agradecimentos
Á todos os meus amigos do curso de Gestão Ambiental da UNISUL que souberam com suas reflexões e palavras motivadoras contribuir com este trabalho.
as palavras certas.
Ao IPARDES pelo trabalho preciso sem o qual não teríamos as informações precisas que tanto necessitávamos.
Á Ana Lívia Kasseboehmer, mestre em Engenharia Florestal da UFPR, pela dissertação pormenorizada que fez sobre um dos temas deste trabalho.
Á doutora em Meio-Ambiente e Desenvolvimento pela UFPR, Cristina Teixeira, cuja pesquisa foi de inestimável valor para a conclusão desta obra.
iii
Á minha esposa que soube nos momentos certos e nos errados também, dizer
SUMÁRIO
LISTA DE SIGLAS...................................................................................vi RESUMO.................................................................................................vii
1 INTRODUÇÃO........................................................................................01
1.1 PROBLEMAS..........................................................................................01
1.2 OBJETIVOS............................................................................................02
2 ÁREA DE ESTUDO................................................................................02
2.1 PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO...............................................................04
3 IMPLANTAÇÃO DA PROTEÇÃO AMBIENTAL EM
GUARAQUEÇABA.................................................................................07
3.1 AS RESERVAS PARTICULARES DO PATRIMÔNIO NATURAL........11
3.2 SPVS & IBAMA......................................................................................12
3.3 ATUAÇÃO DAS ONGS..........................................................................14
4 ECO-TURISMO NA VISÃO LOCAL.......................................................17
5 GUARAQUEÇABA – RANKING ESTADUAL E NACIONAL..................19
6 PROTEÇÃO AMBIENTAL & DESENVOLVIMENTO SOCIAL...............22
6.1 O QUE PENSAM OS GUARAQUEÇABANOS......................................23
6.2 MUDANÇA DE RUMO..........................................................................24
6.3 GUARAQUEÇABA E O CAPITAL INTERNACIONAL...........................25
6.4 A VERTENTE SOCIAL NA QUESTÃO AMBIENTAL.............................27
7 CONTROVÉRSIAS SOBRE A “SUSTENTABILIDADE” DA
AGRICULTURA EM GUARAQUEÇABA................................................28
7.1 BREVE HISTÓRICO.............................................................................28
7.2 UM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PARA
GUARAQUEÇABA: O RESGATE AGRÍCOLA....................................31
7.3 AGROECOLOGIA: UM CAMINHO.......................................................33
8 GUARAQUEÇABA E A ADEQUAÇÃO À LEI 12.305 (PNRS)..............35
8.1 INTRODUÇÃO......................................................................................35
8.2 BENEFÍCIOS DA LEI PARA OS MUNICÍPIOS....................................37
8.3 1° AVALIAR..........................................................................................38
8.4 2° DEFINIR METAS, REGRAS E CONTROLE....................................39
8.5 RESPONSABILIDADE DO PODER PÚBLICO.....................................39
8.6 MAIS COLETA SELETIVA E MENOS LIXÕES....................................39
iv
8.7 PLANOS MUNICIPAIS DE GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS
SÓLIDOS..............................................................................................41
9 GUARAQUEÇABA NA IMPRENSA (WEB/JORNAIS)..........................46
9.1 MODELO DE PRESERVAÇÃO NÃO CONSIDERA HOMEM
COMO PARTE DA NATUREZA...........................................................46
9.2 GUARAQUEÇABA EXUBERANTE SÓ PARA OS TURISTAS............50
9.3 CHUVAS BLOQUEIAM O ACESSO RODOVIÁRIO Á
GUARAQUEÇABA.................................................................................54
9.4 GUARAQUEÇABA ESTÁ SEM ESTRUTURA MÉDICA........................55
10 CONCLUSÕES.....................................................................................58
10.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................59 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................63
v
LISTA DE SIGLAS
IPARDES Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e SocialFIRJAN Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro.IFDM Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal AEIT Área de Especial Interesse TurísticoAPA Área de Proteção AmbientalAPP Área de Preservação PermanenteAPROSENE Associação de Pequenos Produtores Rurais de Serra NegraARIE Área de Relevante Interesse EcológicoBPFlo Batalhão de Polícia FlorestalCEM Centro de Estudos do MarCIFOR International Center for Forestry ResearchCONAMA Conselho Nacional do Meio AmbienteDIBAP Diretoria de Biodiversidade e Áreas ProtegidasDUC Departamento de Unidades de ConservaçãoEMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão RuralFBPN Fundação O Boticário de Proteção à NaturezaIAP Instituto Ambiental do ParanáIBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos NaturaisRenováveisIBGE Instituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e ServiçosIDHM Índice de Desenvolvimento Humano MunicipalINPE Instituto Nacional de Pesquisas EspaciaisIPÊ Instituto de Pesquisas EcológicasIUCN União Internacional para a Conservação da Natureza e dosONG Organização Não GovernamentalPARNA Parque NacionalPNMA Programa Nacional do Meio AmbientePNUMA Programa das Nações Unidas para Meio AmbienteRDS Reserva de Desenvolvimento SustentávelREBIO Reserva BiológicaRESEX Reserva ExtrativistaRL Reserva LegalRPPN Reserva Particular do Patrimônio NaturalSANEPAR Companhia de Saneamento do ParanáSEMA Secretaria Especial do Meio AmbienteSISNANP Sistema Nacional de Áreas ProtegidasSNUC Sistema Nacional de Unidade de ConservaçãoSPVS Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e EducaçãoAmbientalSUDEPE Superintendência de Desenvolvimento da PescaUC Unidade de ConservaçãoUFPR Universidade Federal do Paraná
vi
RESUMO
O município de Guaraqueçaba, localizado no litoral norte do estado do Paraná, possui aspectos de notável relevância ambiental no contexto brasileiro, especialmente por apresentar uma considerável quantidade de Unidades de Conservação cujo objetivo é proteger o terceiro mais importante complexo lagunar-estuarino do mundo e sua vasta cobertura de Floresta Atlântica, com elevada biodiversidade. Por outro lado, a região abriga comunidades tradicionais caiçaras com séculos de tradição cultural e um cenário de graves problemas sociais. A questão dos conflitos socioambientais nas áreas protegidas de Guaraqueçaba vem, nos últimos anos, merecendo destaque por parte dos pesquisadores. No entanto, há dificuldades em se tratar o tema de modo participativo, ou seja, de modo que inclua integralmente a percepção da população local em sua realidade. Além disso, carecem trabalhos que abordem esse processo conflituoso de maneira a integrar as diferentes interfaces apresentadas pelo mesmo. O objetivo deste trabalho foi diagnosticar e analisar os diferentes impactos decorrentes das restrições geradas pelas Unidades de Conservação, tomando-se a APA de Guaraqueçaba como centro de análise, bem como outros diversos instrumentos legais de conservação atuantes no município, considerando a situação emblemática da região. Constando o grau de satisfação com a atividade atual, expectativas quanto ao futuro, a relação da fiscalização ambiental com a população local, o conhecimento local sobre as UCs e a opinião sobre as mesmas, a percepção sobre a importância do meio ambiente, o ponto de vista sobre a presença de ONGs ambientalistas na região, o turismo como alternativa econômica e outros aspectos. Após analises de centenas de relatórios do IPARDES, ONGs, IAP, FIRJAN, e dissertações de doutorado e mestrado de outros pesquisadores, concluímos que a maior degradação que acontece na região é na autoestima do povo por desconsideração do Estado e das ONGs lá instaladas do contexto local, condições sociais, econômicas e cultural dos nativos caiçaras. Este documento constata de forma clara e sucinta que o modelo de gestão ambiental implantado na região tem sido nocivo á sociedade local uma vez que não tem lhe dado condições para que melhore a sua qualidade de vida gerando com isso o êxodo rural. O meio tem que ser privilegiado, mas o homem como parte do meio precisa ser provido de condições mínimas adequadas para que ele não veja os seus sonhos dilacerados morrendo ámingua. E não estamos falando de projetos mirabolantes, mas iniciativas simples já plenamente testadas em outras regiões. As informações aqui compiladas devem ser usadas como instrumento nas mão do poder executivo municipal para pressionar o Governo estadual e ONGs lá inseridas a mudarem de postura para que não haja mais três décadas de subdesenvolvimento em Guaraqueçaba.
vii
1
1 INTRODUÇÃO
O município de Guaraqueçaba, localizado no litoral norte do estado do
Paraná, possui aspectos de notável relevância ambiental no contexto brasileiro,
especialmente por apresentar uma considerável quantidade de Unidades de
Conservação cujo objetivo é proteger o terceiro mais importante complexo
lagunar-estuarino do mundo e sua vasta cobertura de Floresta Atlântica, com
elevada biodiversidade. Está inserido, em toda a sua extensão na APA de
Guaraqueçaba, uma Unidade de Conservação – UC. Sua população é
constituída em sua maioria de agricultores, pescadores e pequenos
empreendedores que nos últimos anos, em função das dificuldades inerentes
destas atividades, têm sofrido restrições para manutenção de suas práticas
agrícolas historicamente utilizadas. Isto devido às imposições que a legislação
ambiental reservou a estas práticas no interior de UCs.
Com isso Guaraqueçaba se tornou últimos anos o palco do embate
entre a preservação dos recursos naturais e o desenvolvimento
socioeconômico. Desde então tem sido difícil a conciliação entre “proteção
ambiental” e o “desenvolvimento sustentável. As demandas da “sociedade
local” por melhorias no seu padrão de vida não tem tido ressonância, pois as
estratégias de preservação de todos os segmentos envolvidos a impedem de
desenvolver suas potencialidades de reprodução social no meio em que vivem.
1.1 PROBLEMAS
Questões como aspectos restritivos de instrumentos legais de
conservação da natureza, uso do ambiente e suas consequências estão no
centro dos conflitos evidenciados entre as populações residentes em Unidades
de Conservação.
Outros aspectos importantes decorrentes dessas consequências são as
relações entre as condições de vida das comunidades locais e as formas
organizacionais pelas quais se pretende conservar a biodiversidade local, bem
como a compatibilização dos objetivos de criação de uma Área de Proteção
Ambiental e de um Parque Nacional com os interesses da população existente
2
na área. Outro problema é que a falta de informação e orientação, e por sua
vez a falta de consideração sobre a percepção dos atores locais durante seu
cotidiano denuncia a qualidade das políticas públicas formuladas e executadas.
A criação e a implantação de áreas protegidas em regiões onde habitam seres
humanos potencializam conflitos de natureza social e ambiental.
1.2 OBJETIVOS
Identificar e avaliar as consequências após 30 anos da implantação de
um processo traumático para os nativos de uma região que teve que se
submeter a um modelo de gestão ambiental que privilegia o meio em
detrimento do homem.
2 ÁREA DE ESTUDO
Distante 167 km de Curitiba, a APA de Guaraqueçaba possui uma
extensão de 3.143 km (IPARDES, 2001) e com população de 7.871 habitantes,
em decrescimento (ano 2000 – 8.288 hab.), como mostra o quadro abaixo,
sendo que a maior parte - 68,85% - vive na zona rural. A população se distribui
em 20 localidades ao longo dos vales dos rios. A densidade demográfica é de
4,09 hab/km². (IBGE -2010).
3
A região abriga comunidades tradicionais caiçaras com séculos de
tradição cultural e um cenário de graves problemas sociais. A questão dos
conflitos socioambientais nas áreas protegidas de Guaraqueçaba vem, nos
últimos anos, merecendo destaque por parte dos pesquisadores. No entanto,
há dificuldades em se tratar o tema de modo participativo, ou seja, de modo
que inclua integralmente a percepção da população local em sua realidade.
Conclui-se que os instrumentos restritivos da legislação ambiental, juntamente
com as UCs existentes, criaram instabilidade entre os munícipes e forjaram
conflitos ambientais; tendo sido desfavoráveis à melhoria da qualidade de vida
4
da população local. A desconsideração do contexto local, na forma de saberes,
condições sociais e econômicas, cultura, tradições e perspectivas contribuiu
para o agravamento dos conflitos identificados.
As populações tradicionais de Guaraqueçaba, no transcorrer das
últimas três décadas, vêm sendo permanentemente atingidas por processos de
transformações econômicas, sociais e culturais, como a decadência de suas
atividades produtivas, devido a agentes externos à região, que se apropriaram
de suas terras e no transcorrer da década de 1980 decorrentes das restrições
ambientais, de acordo com IPARDES (2001). Também de acordo com
IPARDES (2001), em todas as comunidades e em todas as categorias sociais
de produtores rurais, as maiores áreas das propriedades são ocupadas por
formações florestais em estádio final de sucessão secundária ou com
remanescentes de floresta primária, sendo que nas propriedades que obtêm
sua renda principalmente do cultivo da banana e da mandioca. As áreas com
floresta clímax ocupam de 21,3% até 46,5% da área total. Essas áreas se
localizam em geral nas encostas e topos de morros, sendo as mesmas um
reflexo das restrições ao uso agrícola impostas pela criação da Área de
Proteção Ambiental de Guaraqueçaba.
2. 1 PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO
Situação de pobreza – 4.724 pessoas (ano 2000).
População economicamente ativa – 3.517 pessoas (ano 2010).
Matrículas em creche – 54 crianças (ano 2011).
Matrículas na pré-escola – 49 crianças (ano 2011).
Matrículas ensino fundamental – 1628 alunos (ano 2011).
Matrículas ensino médio – 398 alunos (ano 2011).
Matrículas ensino superior – nenhuma (ano 2011).
Número de empregos – 675 (ano 2011).
Produção de banana – 10.780 toneladas (ano 2011).
Produção de arroz – 3.264 toneladas (ano 2011).
Produção de mandioca – 5.940 toneladas (ano 2011).
5
Bovinos – 550 (ano 2011).
Equinos –120 (ano 2011).
Galináceos – 3.600 (ano 2011).
Ovinos – 160 (ano 2011).
Suínos - 800 (ano 2011).
*Receitas municipais – 13.492.948, 21 (ano 2010).
*Despesas municipais – 11.932.867, 67 (ano 2010).
Taxa de pobreza – 49,05 (ano 2000)
*NOTA: Não podemos afirmar sobre a exatidão deste números, já que a
Prefeitura não nos permitiu confirmar principalmente o valor das receitas
municipais.
Para mais dados consulte as tabelas abaixo com o perfil do município de
Guaraqueçaba elaborado pelo IPARDES:
6
7
3 IMPLANTAÇÃO DA PROTEÇÃO AMBIENTAL EM GUARAQUEÇABA
A proteção ambiental em Guaraqueçaba iniciou-se em 1981, com a
implantação do escritório do órgão ambiental estadual no local, ou seja, antes
mesmo da criação de unidades de conservação (UC). As primeiras, criadas
pela Secretaria Especial do Meio Ambiente do Governo Federal (SEMA), foram
a Estação Ecológica, em 1982, e a APA em 1985. Desde então, tal processo
enfrenta uma questão crucial definida a partir da relação entre desenvolvimento
e proteção ambiental.
As características ambientais de Guaraqueçaba justificam porque este
espaço atraiu a proteção ambiental. Nesta região se encontra o principal
remanescente da Floresta Atlântica do país e um importante estuário, nos
quais vive uma sociedade formada, na sua maioria, por pequenos agricultores
e pescadores que enfrentam graves problemas socioeconômicos. Desde o
início algumas perguntas se colocavam aos envolvidos neste projeto de
implantação da APA: qual a proteção e qual o desenvolvimento deveriam ser
ali implantados? Qual o papel da sociedade local nessa proteção? A resposta a
estas questões ainda não foram respondidas efetivamente.
Instituições governamentais ambientais - estaduais e federais – e
organizações não governamentais (ONGs) são os agentes deste processo.
Entre eles estabeleceram relações de interação e de conflito, gerando, a partir
de seus interesses, possibilidades e limites institucionais e conjunturais, ações
articuladas ou paralelas acompanhadas de concepções sobre a relação entre
sociedade local e sua utilização dos recursos naturais. Identifica-se dois
grandes períodos da proteção ambiental em Guaraqueçaba. O período de
implantação da proteção (1981-1990) caracterizou-se por ações de proteção
executadas por órgãos governamentais, no qual prevaleceu uma concepção
social da pequena agricultura. O período da consolidação (1991-1999), contou
com novos agentes, principalmente as ONGs, e uma concepção ambiental da
pequena agricultura.
8
A APA abrange todo o município de Guaraqueçaba que ocupa 81,83%
de seu espaço. Com uma extensão continental e uma extensão costeira e
estuarina, possui uma variedade de ambientes: serra do mar, planície litorânea,
ilhas e manguezais, além de parte do oceano Atlântico abrigando enorme
diversidade florística, faunística e espécies endêmicas ameaçadas, ainda que
seja uma região considerada relativamente conservada (IPARDES, 2001, p.iii).
A floresta encontrada pelos primeiros colonizadores portugueses já sugeria um
processo de co-evolução entre sociedade e natureza (DEAN, 2000;
DOMINGUES, 2004). Mas as grandes modificações sobre o meio natural
acentuaram-se no final do século XIX e início do século XX, durante o período
de prosperidade socioeconômica de decorrente do desenvolvimento da
produção e comercialização de produtos agrícolas, principalmente a banana
(MIGUEL, 1997).
O período de prosperidade foi seguido pela crise do modelo econômico
local, levando o município à decadência econômica e cultural. A partir dos anos
30, Guaraqueçaba estaciona nesta decadência caracterizada pelo
empobrecimento dos agricultores locais, particularmente da pequena
agricultura familiar. Perde para outras regiões o mercado da banana, seu
principal produto, e a exploração do palmito intensifica-se com o aumento da
demanda de outras regiões do país. Nos anos 60, a chegada dos
neolatifundiários - grupos de empresas madeireiras e grupos industriais e
comerciais que instalaram em grandes propriedades destinadas à exploração
dos recursos naturais ou à especulação – intensificou a exploração de recursos
naturais (madeira, palmito) e expropriou agricultores e pescadores e
acentuando a pobreza da população local (MIGUEL,1997).
Diante deste quadro inicia-se a proteção ambiental em Guaraqueçaba
nos anos 80. As características ambientais da região aliadas ao
desenvolvimento do movimento ambiental no Brasil e no mundo, atraíram a
atenção de organismos internacionais, dos governos estadual e federal e de
ONGs ambientalistas.
9
A proteção priorizou a conservação ambiental em um espaço
caracterizado por sérios problemas econômicos e sociais e insatisfatoriamente
atingido por políticas e programas de desenvolvimento. Tornou-se mais um
obstáculo para a maior parte da sociedade local, na medida em que restringiu o
uso dos recursos naturais necessários à produção e complementação de suas
atividades produtivas (MIGUEL, 1997; MIGUEL, ZANONI, 1998). Atualmente,
apesar dos ganhos de arrecadação com o ICMS ecológico, Guaraqueçaba
possui um o pior IDH do estado do Paraná. O período da implantação da
proteção ambiental está compreendido entre os anos de 1981 e 1990.
O Decreto nº 90.883, de 31 de janeiro de 1985, dispõe sobre a
implantação da APA de Guaraqueçaba, com o objetivo de assegurar a
proteção de uma das últimas áreas representativas da Floresta Pluvial
Atlântica. Esse período é concomitante ao desenvolvimento do movimento
ambiental e a paralela institucionalização da questão ambiental no Brasil que
trouxeram definitivamente o debate sobre o meio ambiente para o poder
público (ACSELRAD, 2001; LEIS,VIOLA, 1996).
Além disso, o Decreto define que a APA de Guaraqueçaba tem
também por finalidade proteger o entorno da Estação Ecológica de
Guaraqueçaba. Unidades de Conservação como o Parque Estadual de
Jacupiranga; o Parque Estadual do Marumbi e o Parque Estadual da Ilha do
Cardoso fazem limite com a APA, e ficam incluídas na mesma, as seguintes
Ilhas: Ilha do Lessa, Ilha do Corisco, Ilha do Pastinho, Ilha Baixa Grande, Ilha
das Rosas, Ilha Guamiranga de Fora, Ilha Guamiranga de Dentro, Ilha da
Ponta Grossa, Ilha do Gerere, Ilha do Lamin, Ilha Guará, Ilha Biguá, Ilha das
Cobras, Ilha das Bananas, Ilha Grande, Ilha dos Porcos, Ilha do Benito, Ilha
Rasa, Ilhas das Gamelas, Ilha das Peças e Ilha do Superagüi. Pelo Decreto, a
cidade de Guaraqueçaba fica excluída do domínio da APA.
Após um período de implantação dos principais instrumentos de
controle de uso dos recursos naturais, a proteção ambiental em Guaraqueçaba
avançou no sentido da consolidação das UC. O período da consolidação
iniciou-se em 1991 e estendeu-se até 1999 prevalecendo as ações que
10
visaram a elaboração de um plano de gestão exigido para a implantação da
APA. Nesse período os principais agentes da proteção foram o IBAMA e ONGs
ambientalistas. Ao nível estadual, o governo de 1991 retoma a discussão sobre
o meio ambiente à luz da Rio-92. Promoveu a reorganização administrativa dos
órgãos ambientais seguindo a tendência do país de estabelecer órgão públicos
autônomos para tratar as questões relativas ao meio ambiente.
Em 1992 foram criados a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e
Recursos Hídricos (SEMA) o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), vinculado à
SEMA, uma fusão do ITCF com a Superintendência dos Recursos Hídricos
(IAP, 2002). A exclusividade ambiental dos órgãos recém-criados gerou um
melhor aparelhamento do estado par lidar com a questão ambiental e com os
recursos destinados exclusivamente ao meio ambiente. Mas, algumas
questões se desvincularam da política ambiental, dentre elas, a atenção
especial dada à “proteção” da pequena agricultura familiar, que era uma
preocupação originada na SEAB, a quem os órgãos anteriores estavam
subordinados nos anos 80.
A mesma gestão implantou o ICMS ecológico, já previsto na
Constituição Estadual de 1988, destinado aos municípios com mananciais de
abastecimento hídrico e aos municípios que possuíam UC. Além disso, alguns
programas “emergenciais” foram realizados, como a aquisição de
equipamentos para os órgãos de fiscalização (PARANÁ.SEMA, 1994).
Além da legislação ambiental, outro instrumento de proteção ambiental
se estabeleceu em Guaraqueçaba: a Reserva da Biosfera Vale do Ribeira –
Serra da Graciosa criada em 1991. Assim coroava-se a vocação de
Guaraqueçaba para a conservação, tão desejada pelos órgãos ambientais e
ONGs atuantes em Guaraqueçaba. A repercussão imediata da Reserva da
Biosfera está relacionada à atenção internacional para a proteção do bioma
envolvido, atraindo investimentos e programas de pesquisa e desenvolvimento
local. No caso de Guaraqueçaba, esta “marca” serviu para facilitar a aquisição
de convênios e recursos, especialmente para as ONGs ambientalistas que ali
desenvolveram suas ações.
11
3.1 AS RESERVAS PARTICULARES DO PATRIMÔNIO NATURAL
RPPNs como a “Reserva Natural Salto Morato”, pertencente à
Fundação O Boticário de Proteção à Natureza (FBPN), com 2.340 hectares e a
RPPN “Reserva Ecológica do Sebuí”, vizinha ao PARNA e de propriedade de
um morador local, abrangendo cerca de 400 hectares.
Segundo IBAMA a RPPN é uma UC criada em área privada, gravada
em caráter de perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade
biológica, sendo a criação um ato voluntário do proprietário, que decide
constituir sua propriedade, ou parte dela, em uma RPPN, sem que isto
ocasione perda do direito de propriedade.
A organização não-governamental (ONG) SPVS administra três áreas
que foram transformadas em RPPNs, abrangendo juntas 20 mil hectares e
viabilizadas a partir de recursos da TNC – The Nature Conservancy que capta
recursos junto a várias multinacionais. As áreas foram adquiridas a partir de
1999, investimento de aproximadamente 19 milhões de dólares de um fundo
mantido pelas multinacionais American Eletric Power, Chevron, Texaco e
General Motors. Localizam-se no município de Antonina as áreas “Reserva do
12
Morro da Mina” e “Reserva do Cachoeira”. A Reserva Natural Serra do Itaqui
fica no município de Guaraqueçaba e ocupa 6.653 hectares. Localiza-se
próxima à comunidade de mesmo nome.
3.2 SPVS & IBAMA
Após a conclusão do Macrozoneamento da APA de Guaraqueçaba em
1989, o IBAMA, através do chefe das UC, havia estreitado relações com a
ONG Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental
(SPVS) para elaboração do plano de gestão. Em 1994, o IBAMA assinou um
termo de cooperação técnica com SPVS/TNC (Convênio nº 10/94) e firmou um
convênio de co-gestão da APA de Guaraqueçaba com a SPVS (Convênio
12/94). Os recursos não seriam exclusivos do PNMA, caberia a SPVS “captar
recursos” para desenvolvimento de pesquisa e de planos de manejo, estes
sempre em maior valor do que os recursos do poder público.
Observa-se que o Convênio deixava a cargo da SPVS uma
responsabilidade muito grande sobre a gestão, caracterizando o que o IBAMA
definiria mais tarde como “parceria no processo decisório” na qual os parceiros
participam das decisões no planejamento básico das UC (Planos de Manejo e
Planos de Gestão). O IBAMA mantinha a característica do órgão
governamental de falta de recursos financeiros e humanos para realização de
suas atividades, o que o fazia recorrer a parcerias com outros órgãos. Neste
espaço, a SPVS se impôs como executor técnico das atividades de
implantação da APA. A parceria com a SPVS legitimou a supremacia técnica e
operacional desta ONG no que se refere ao desenvolvimento das ações de
pesquisa, planejamento e implantação de programas.
A parceria entre IBAMA e SPVS regia-se pelo Plano Integrado
elaborado pela SPVS em 1992, elaborado com recursos da TNC e já com o
apoio do IBAMA. Este afirmava que “...a grande maioria das atividades
antrópicas desenvolvidas na região são, se não incompatíveis, conflitantes com
os objetivos de conservação de um dos últimos remanescentes da Floresta
Atlântica e do complexo estuarino” (SPVS/TNC, 1992, p.19). Toda a sociedade
local foi considerada como responsável pela degradação do meio natural não
13
havendo um grupo específico sobre o qual as atividades de controle ou
orientação de uso dos recursos naturais devessem se concentrar (TEIXEIRA,
2004).
A partir do Plano Integrado a SPVS elaborou o Programa Guaraqueçaba. Este fez parte do convênio estabelecido entre o IBAMA e a
SPVS em 1994, para a co-gestão da APA de Guaraqueçaba (Convênio 14/94). A perspectiva da SPVS sobre a inclusão da população na proteção ambiental tinha
como fundamento a proteção do meio natural e não o desenvolvimento da sociedade
local. Já não há mais atenção à pobreza e/ou à exclusão social em si. O problema
da relação entre a população e o meio natural reside nas “técnicas” de uso dos
recursos naturais. Se o objetivo é a proteção do meio natural, e na impossibilidade de
excluir a ocupação humana - a região é uma APA e uma Reserva da Biosfera - como
proceder para que haja o menor impacto antrópico possível sobre os recursos
naturais?
Enquanto a parceira IBAMA/SPVS se afirmava, a presença do IAP em
Guaraqueçaba foi reduziu-se significativamente. Por um lado pelo desmonte do
órgão afetou sua capacidade de atuação em Guaraqueçaba. Por outro, as
relações amistosas e de cooperação com os demais agentes da proteção
foram sendo gradativamente substituídas por relações de conflitos. O IAP
passa a ser considerado pelo IBAMA e pelas ONGs ali atuantes, como
permissivo diante da fiscalização e do licenciamento. Principalmente a partir de
1996, o IBAMA passou a controlar funções antes atribuídas por ele ao IAP,
como por exemplo, o controle sobre fiscalização e licenciamento.
O IAP passou a submeter suas autorizações e parte dos
licenciamentos a aprovação do IBAMA. No ano seguinte este órgão fecha seu
escritório em Guaraqueçaba. Em 1999, o IBAMA questionava o IAP como
instituição deliberativa em Guaraqueçaba, uma vez que a APA era federal.
Praticamente o IAP cessa sua atuação na APA uma vez que não foram
somente conflitos de ideias, mas conflito de poder sobre o espaço protegido.
Sua ação se concentra no restante do litoral e o IBAMA /SPVS passam a
determinar as ações de proteção em Guaraqueçaba.
14
ATUAÇÃO DAS ONGS
Pode-se definir as ONGs como organizações formais, privadas, porém
com fins públicos, sem fins lucrativos, autogovernadas e com participação de
parte de seus membros como voluntários, objetivando realizar mediações de
caráter educacional, político, assessoria técnica, prestação de serviços e apoio
material e logístico para populações-alvo específicas ou para segmentos da
sociedade civil, tendo em vista expandir o poder de participação destas com o
objetivo último de desencadear transformações sociais ao nível local ou ao
nível global
A cooperação internacional – por intermédio da ajuda financeira de
ONGs dos EUA – tem sido responsável pela manutenção da infra-estrutura das
ONGs de Guaraqueçaba. Estima-se que há pelos menos umas 80 ONGs
registradas em Guaraqueçaba. O que para as ONGs vem a ser sinônimo de
pioneirismo, longevidade e solidez, uma vez que o pretexto de cuidar do meio-
ambiente garante acesso aos fundos internacionais, para os pequenos
agricultores e pescadores artesanais, significa uma ameaça ao seu modo de
vida, pelo fato destas instituições apenas privilegiarem um aspecto envolvido,
reforçando o contexto das restrições.
Protesto de um morador local no vilarejo do cedro
16
“ONGs só vieram para ganhar dinheiro, só isso. Não têm aceitação aqui. Quando começam um trabalho, não terminam. Sou contra, acho que o governo tinha que controlar isso, porque esse pessoal que vendeu as terras pra eles tinham pouquinho dinheiro e se iludiu, a essa hora o dinheiro já acabou”. Agente de Saúde de Serra Negra.
Da mesma maneira que as instituições fiscalizadoras atuantes na
região, as ONGs também possuem uma imagem predominantemente negativa
para a população (Tabela 20). Em Barra do Superagui, a principal ONG atuante
é o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), sendo que a relação entre
comunidade e ONG vinha apresentando os mesmos conflitos apresentados em
Vila das Peças.
Atualmente pode-se afirmar que devido ao aumento de projetos
participativos voltados à geração de renda, melhoria de qualidade vida, resgate
de cultura caiçara e educação ambiental em Peças, a imagem das instituições
vêm sendo gradativamente revitalizada. Ações bastante isoladas vêm
ocorrendo nas comunidades rurais através de parcerias de ONGs com as
comunidades locais, como tentativas de certificação e comercialização de
banana orgânica, mas ainda sem efeitos traduzidos.
Em Barra do Superagui, pouco ou nada vem sendo feito em termos
práticos no sentido de se trabalhar a imagens das ONGs e outras instituições
presentes. Por fim, algumas universidades, entre elas a Universidade Federal
do Paraná por vezes é citada pelos entrevistados como sendo uma “ONG” ou
instituição de caráter semelhante, o que gera desconfiança por parte dos
moradores.
Alguns veículos de comunicação, como a internet e jornais retrataram
nos últimos anos a situação conflituosa entre populações de Guaraqueçaba e
ONGs. Algumas reportagens como a da Agência de Notícias “Carta Maior”,
divulgou a questão através de uma cobertura especial para a COP8/MOP3,
evento das Nações Unidas realizado em março de 2006 em Curitiba, Paraná
(AGÊNCIA CARTA MAIOR, 2006). O jornal “Gazeta do Povo” publicou no final
de 2005 uma reportagem intitulada “Colonização de Guaraqueçaba”,
17
enfocando a questão da compra de terras e do crédito de carbono ocorrente no
município (GAZETA DO POVO, 2005).
Dessa forma, torna-se evidente que para as instituições oficiais a APA
nos aspectos ambiental e social não estaria sendo efetiva na plenitude, ou seja,
os problemas ambientais como a exploração ilegal de palmito e a exclusão
social persistem dentro de um processo construído equivocadamente, sem a
participação das pessoas. Se houvesse participação popular, o cenário
possivelmente poderia ser outro, com as pessoas se sentido parte efetiva do
processo, ou seja, sujeito em detrimento da condição de objeto. Num cenário
participativo como este, poderia se pensar em ações entre parceiros,
colaboradores para um objetivo comum.
4 ECO-TURISMO NA VISÃO LOCAL
A alternativa turística na região continental é vista com entusiasmo pelos
moradores locais, apesar das dificuldades de acesso pela estrada (PR-405).
Porém, há a consciência do potencial que a atividade apresenta para as
comunidades locais (turismo de base comunitária), devido às atrações naturais
e culturais que a região possui e que ainda permanecem desconhecidas por
grande parte dos frequentadores da região. Muitos moradores das vilas nos
continentes dizem se sentir excluídos das oportunidades que o turismo
proporciona, pela falta de divulgação da região continental em específico
(apesar de existir uma pousada e um restaurante na comunidade de
Tagaçaba).
Alguns opinam que a atividade no continente chega mesmo a ser
inviável, pela dificuldade de acesso por terra e falta de infra-estrutura (além de
falta de capital da população para investimento) e apontam as ilhas como
locais potenciais na atividade turística. Nesse caso, a Vila das Peças encontra-
se em estágio mais avançado de desenvolvimento com o turismo de base
comunitária, com grupo de condutores locais capacitado tecnicamente pela
SPVS e auto-organizado. Apesar das dificuldades, a população enxerga no
turismo uma atividade geradora de renda e emprego.
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Alguns entrevistados apontam que somente o Boticário, por meio de
sua Reserva particular, se beneficia com a atividade turística na região, e que
os moradores locais não recebem nenhum tipo de benefício ou compensação
por haverem “preservado a natureza local”. A mesma opinião vem sendo
compartilhada em relação à SPVS, uma vez que a ONG organiza roteiros e
passeios turísticos com a população urbana, geralmente de Curitiba, para a
Ilha das Peças.
Sabe-se que, uma vez planejado em bases de sustentabilidade, o
turismo pode resultar em geração de renda e empregos com baixo impacto
ambiental. O ecoturismo mostra-se como a forma mais apropriada a ser
desenvolvida na região, devido à sua rica diversidade natural e cultural. Não se
pode afirmar, no entanto, que o ecoturismo traga a solução para todos os
problemas enfrentados pelas comunidades, mas sim que esta atividade possa
contribuir para melhoria na qualidade de vida dos habitantes e para a
conservação dos ecossistemas envolvidos.
“Hoje não há turismo em Serra Negra. Em Tagaçaba há duas pousadas. Mas enquanto não asfaltar a estrada não vai haver turismo de verdade. Eu sou completamente a favor do turismo, não acredito que o turismo vá depredar a natureza, turismo não prejudica a natureza, o maior exemplo é a Estrada da Graciosa”. Pequeno agricultor de Serra Negra.
Sobre a atividade turística, Amend (2001) aponta que o setor terciário,
apesar de sempre ter tido uma participação reduzida na economia do
município, vem crescendo nos últimos anos devido ao aumento da demanda
turística e, por conseguinte crescente oferta de serviços turísticos e que a partir
de 1991, iniciou-se a estruturação de alguns estabelecimentos para atender
essa demanda.
“O turismo está sendo uma grande coisa porque ele vem ajudando muito os pescadores, porque se há um barzinho ou qualquer coisa, eles vêm de lá e compram alguma coisa, é uma grande coisa. São todos educados, a gente não tem o que falar deles. Eles gostam daqui, do Superagüi, e a gente também tem que respeitar eles, porque eles são gente igual a nossa, gostam de passear,
19
moram numa cidade grande e querem conhecer uma ilha. Eles respeitam a gente e a gente tem de respeitar eles”. Pescador artesanal de Vila das Peças. Quanto à sustentabilidade do turismo na região, a crescente presença
de empreendedores externos (principalmente Superagui e Peças), que buscam
adquirir imóveis para estabelecer negócios turísticos ou casas de veraneio
local, pode, por outro lado, criar um grande foco de degradação sociocultural e
impactos ao meio ambiente devido geração de lixo e esgoto. Cabe ao poder
público equacionar este problema.
“Enquanto não arrumar a estrada, o turismo não vai evoluir”. Comerciante
de Tagaçaba.Na sede do município há queixas que o turismo diminuiu bastante
nestes dois últimos anos (2010-2012). Consultamos os donos das principais
pousadas que além de reclamarem do acesso via estrada também acham que
Guaraqueçaba precisa de mais propaganda e presença nos principais eventos
de turismo do Brasil.
5 GUARAQUEÇABA – RANKING ESTADUAL E NACIONAL
Há algo de muito errado que com a mudança de paradigma no município,
se algum ambientalista quiser aprender sobre como não administrar uma APA
é só analisar os índices relativos à APA de Guaraqueçaba espelhados no
Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) de 2009. Veja as posições
dos últimos municípios em IDH do Paraná:
20
Tunas do Paraná (subiu da 397ª para 390ª colocação).
Goioxim (subiu para 391ª posição).
Laranjal (subiu da 393ª para 392ª colocação).
Doutor Ulisses (subiu da 398ª para 396ª colocação).
Guaraqueçaba (manteve-se como último colocado).
Quando ampliamos a visão e comparamos os índices do município com os
5565 outros do Brasil a situação ainda é pior, sua posição é 5071ª, confira no
quadro:
No município de Guaraqueçaba há uma conjunção de fatores que
promovem a escassez e a pobreza dentre elas destacam-se:
1°- concepção do movimento ambientalista (ONGs, Governo) focados
excessivamente na preservação do meio mas com pouca ênfase no bicho
homem.
2° - descaso dos governantes estaduais, federais por incompetência dos
executivo local.
A partir de 1985, com a delimitação da APA, pesquisadores
passaram a enfatizar os conflitos ambientais e a propor formas de
desenvolvimento sustentável. A proposta desta concepção consistia em
21
integrar e preservar a biodiversidade num processo que garantisse a qualidade
de vida às populações da região.
Duas décadas se passaram e muitos diagnósticos foram
realizados: monografias, dissertações e teses, além de inúmeros projetos de
manejos envolvendo universidades, ONGs, empresas e governo. Contudo, a
população rural da APA de Guaraqueçaba continua sofrendo. O município
apresenta o menor IDH do estado do Paraná. Nos últimos anos as abordagens
utilizadas nas políticas destinadas ao município, fundamentaram-se
basicamente na limitação de espaços a se proteger e/ou na regulamentação da
utilização de seus recursos naturais, sem se definir por formas efetivas de
conciliação entre desenvolvimento socioeconômico e proteção da natureza.
Isso deve-se também ao pouco consenso entre os órgãos e
agentes que atuam na região - ONGs, órgãos ambientais, universidades,
pesquisadores, entre outros - sobre quais as estratégias e/ou políticas a serem
utilizadas a fim de que se alcance o denominado desenvolvimento sustentável,
tanto para a preservação dos recursos naturais como para a sociedade que
vive no seu meio. Esta controvérsia insere-se num quadro de conflitos e
desarticulações entre níveis de governo e de interesses contraditórios entre os
diferentes grupos da sociedade local, gerando uma situação complexa em que
as relações sociedade e natureza se constroem fragmentadas e não
privilegiam aos interesses mais amplos da população local.
O papel das pesquisas científicas na região de Guaraqueçaba
infelizmente não tem sido o de produzir conhecimentos para a comunidade
local. Estes geralmente ficam à mercê de iniciativas projetadas em escritórios
técnicos refrigerados das metrópoles. Parece essencial, no contexto de buscar
propostas adequadas para a região, levar em conta a complexidade do meio
natural e da formação histórica das comunidades que o compõe, e estes
passam pelo resgate da agricultura comercial e da de subsistência, que não
têm apenas uma dimensão social e cultural, mas também econômica e assim
possibilitar a reequilíbrio social e econômico de uma população excluída, ou em
22
vias de tornar-se, por falta de iniciativas efetivas e eficientes de políticas de
desenvolvimento e de sustentabilidade.
6 PROTEÇÃO AMBIENTAL & DESENVOLVIMENTO SOCIAL
Pela proposta de zoneamento da APA de Guaraqueçaba, publicado pelo
Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES
2001), a busca de soluções produtiva para a sociedade local se basearia nas
seguintes estratégias:
1- ordenar as atividades turísticas voltadas para o desenvolvimento do
ecoturismo.
2- desenvolver atividades artesanais visando, principalmente, ao comércio
turístico (cestaria, cerâmica e trabalhos em madeira).
As propostas procuram dar ênfase à preservação dos recursos ambientais,
passando muito superficialmente por alternativas para viabilizar a manutenção
e o desenvolvimento das atividades produtivas entre as comunidades locais.
Resolução CONAMA 10/88 traça o que deve prevalecer como parâmetro
nas Áreas de Proteção Ambiental: “Unidades de conservação, destinadas a
proteger e conservar a qualidade ambiental e os sistemas naturais ali
existentes, visando à melhoria da qualidade de vida da população local e
também objetivando a proteção dos ecossistemas regionais”
(www.ibama.gov.apa-arquivos\apas.htm).
23
6.1 O QUE PENSAM OS GUARAQUEÇABANOS
24
6.2 MUDANÇA DE RUMO
Observa-se algo de muito errado quando diagnosticamos os
indicadores sociais da APA de Guaraqueçaba, os objetivos não deveria estar
essencialmente na gestão dos recursos naturais de uma região
comprovadamente especial pelos seus atributos naturais preservados, mas
também pelas questões sociais que a envolvem. Com isso, o Estado deveria
olhar com mais carinho o litoral norte do Paraná, a APA de Guaraqueçaba,
deveria dar também aos agentes envolvidos na sua gestão, o potencial e a
capacidade efetiva de se promover não só a conservação da diversidade
biológica mas ao mesmo tempo, viabilizar condições dignas de vida para a
população local, tanto das gerações presentes como as que virão.
A Lei n.º 9.985, de 18 de julho de 2000, que instituiu o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, admite que a conservação
da biodiversidade não deverá ser o único objetivo no manejo das diferentes
categorias de unidades de conservação (UCs). Há outros objetivos, como a
proteção de bacias, de fontes d’água e de paisagens; o fomento da recreação e
do turismo ao ar livre, a conservação de sítios históricos, arqueológicos e
culturais.
25
Proteção do meio ambiente não deve ser vista como uma
restrição ao desenvolvimento, mas como um novo mosaico de oportunidades
de negócios sustentáveis, que harmonizem o crescimento econômico, a
geração de emprego e renda e a proteção dos recursos naturais. Em outras
palavras, buscar o bem-estar comum referenciado na Constituição Federal do
país. Isso significa dizer que é o poder público que deve incorporar a
perspectiva ambiental em todas as suas políticas de desenvolvimento.
Os pressupostos do desenvolvimento sustentável, em sua
plenitude, deviam estar incorporados em qualquer perspectiva que visasse à
melhoria de vida da sociedade. O que temos visto é que a cada dia a
população fica mais oprimida e desmotivada a empreender e colocar em
prática os seus sonhos. Quanto custa aos nativos da região a perda da
perspectiva de vida, o aterramento de seus ideais? Ninguém é contra a
preservação, mas contra aquela visão mesquinha que vê tudo na natureza
menos o homem. Necessitamos em Guaraqueçaba de um resgate, o resgate
da dignidade de um povo. Este muitas vezes se sente como um obstáculo no
meio em que vive, condenado a ouvir e ver na televisão que a sua região é
linda, preservada, rica em recursos naturais, mas que abriga um povo que
apesar de se dizer que mora num paraíso, ostenta a 399° posição no IDH do
Estado. Que o futuro seja mais gracioso com os nossos conterrâneos que
ainda vivem de fé e esperança!
6.3 GUARAQUEÇABA E O CAPITAL INTERNACIONAL
Há coisas que as ONGs brasileiras e seus financiadores
preferem manter escondidas. Uma delas é a ação de multinacionais dos EUA
(petroleiras e empresa de geração de eletricidade com carvão – termoeléctrica)
no Brasil, adquirindo terras para a “preservação” para negociarem os créditos
de carbono.
As áreas são adquiridas por ONGs brasileiras que são uma
espécie de fachada destas empresas no Brasil. Sobre os contratos de gaveta
26
que eles têm entre si, nada se sabe. E essas empresas americanas compram
áreas no Brasil literalmente “a preço de banana”.
Quando parecia que a maioria esmagadora dos projetos na APA
de Guaraqueçaba fracassava, uma organização não governamental de
utilidade pública e sem fins lucrativos, a SPVS - Sociedade de Proteção à Vida
Selvagem e Educação Ambiental -, passou a adquirir grandes quantidades de
terras. Em sua tese de doutorado pela UFPR, Eliane Beê Boldrini aborda a
sistemática dessa ideologia ambiental praticada pela ONG. Financiada pelo
capital americano - American Eletric Power e General Motors, Chevron e
Texaco – adquiriu mais de 20 mil hectares da Mata Atlântica, com um
financiamento por volta de 15,4 milhões de dólares ao longo de 40 anos.
O dinheiro é investido na ONG americana TNC - The Nature
Conservancy - e repassado depois para a SPVS. Para entender essa ligação é
necessário conhecer a mais nova e lucrativa mercadoria criada pelo capital: os
créditos de carbono. Entenda: cada árvore tem a capacidade de extrair da
atmosfera uma certa quantidade de CO², o valor em créditos de carbono de
uma área será calculado tendo por base o numero de árvores e quantas
toneladas de CO² elas tem capacidade de sequestrar do ambiente.
De acordo com o professor Eloy Fassi Casagrande Jr, Ph.D. em
Engenharia de Recursos Minerais e Meio Ambiente pela Universidade de
Nottingham - Inglaterra, estas novas oportunidades do mercado envolvem
algumas ONGs brasileiras e estrangeiras que estão servindo como "laranjas"
para as indústrias na compra de áreas em florestas tropicais tendo como
justificativa a implantação de projetos ambientais.
Outro fato que preocupa é a instalação de projetos paralelos por
parte de empresas que participam desse marketing ambiental. Parceira da
SPVS, a TNC possui um projeto denominado "Aliança dos Grandes Rios",
destinado a conservação das nascentes de três grandes bacias hidrográficas
do mundo: a do Rio Alto Mississipi, nos Estados Unidos; a dos Rios Alto
Paraná e Paraguai, no Brasil; e a do Rio Yang Tsé, na China. No seu conjunto,
27
as bacias fornecem água doce para aproximadamente 600 milhões de pessoas
nos três continentes.
Devido à privatização da floresta em Guaraqueçaba, populações
que tradicionalmente ocupavam a área e utilizavam seus recursos naturais,
foram expulsas de seu meio causando sérios problemas sociais na região.
"Eles aliciam o pequeno fazendeiro cobrindo o lucro que ele tira da terra.
Depois compram as terras, alegando preservar a área, deixando sem emprego
muitos funcionários que trabalhavam na fazenda", desabafa Isaías Rederde.
Em Guaraqueçaba, a Sociedade de Proteção a Vida Selvagem
esqueceu de cuidar do bicho homem, cada vez mais selvagem nesse mundo
capitalista. A privatização de APAs e outras áreas de patrimônio da
humanidade para obtenção de "créditos de carbono" precisa ser amplamente
discutida. Não somente por uma questão de soberania nacional, evitando um
novo tipo de colonização, mas também para podermos diferenciar na
sociedade civil organizada, quais são os grupos que atuam em benefício
próprio e os que atuam em benefício comum. É o carbono transformado em
capital e a natureza em marketing ambiental.
Reportagem do jornalista americano Mark Schapiro, divulgada
em maio de 2010 nos EUA, revela bem a trama que a mídia brasileira nada
menciona. A questão central de Mark Schapiro é simples: quem fica com a
grana dos créditos de carbono? Certamente não são os tais “povos da
floresta”! Há outras questões e pontos abordados pela reportagem que
merecem análise. Mas uma coisa é certa, não são os nativos os maiores
beneficiados pelas ONGs.
6.4 A VERTENTE SOCIAL NA QUESTÃO AMBIENTAL
O Homem está presente em praticamente todos os lugares do
planeta, mas a forma de apropriação que as diferentes sociedades fazem dos
recursos naturais é diferenciada. Os homens como seres sociais, participam
dos processos de formatação dos meios que ocupam (UFPR, 2003).
28
Pode-se identificar, tanto no âmbito das investigações científicas
como na formulação das políticas de intervenção social, duas grandes
correntes predominantes. A primeira considera o problema antes de tudo
ecológico, sendo que a ameaça constaria nos danos aos quais as ações dos
homens submetem a Terra. A “sustentabilidade” a ser procurada, portanto,
seria a ecológica, sendo esta tendência denominada “protecionista” e
“conservacionista” rígida.
A segunda corrente considera que a sustentabilidade não se
coloca apenas em termos ecológicos, mas também em termos sociais: para
alguns autores, porque não há resposta aos problemas ambientais sem
tratamento dos problemas sociais; para outros, porque a natureza não tem
valor intrínseco, mas que este valor origina-se da própria existência dos
homens e dos usos que eles fazem dela, sendo esta a tendência
“antropocentrista”.
Parte integrante da pesquisa:
GUARAQUEÇABA - TRÊS DÉCADAS DE SUBDESENVOLVIMENTO
Por VANDERLEI XAVIER DO CARMO
Versão reduzida para exibição web. Para ter acesso a versão
completa envie e-mail para:
Projeto Eco-Visão
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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