Grupo EmpreZa realiza performances no Museu de Arte do Rio
Coletivo goiano ocupara o térreo da instituição durante dois meses em
exposição retrospectiva
Dando continuidade ao seu projeto de abrir as portas para jovens artistas que vivem
fora do eixo Rio-São Paulo, o Museu de Arte do Rio – MAR vai receber, a partir de 13 de maio,
o Grupo EmpreZa, na exposição Eu como você (classificação etária 16 anos). A mostra é uma
retrospectiva do coletivo que há 13 anos tem se dedicado a pensar o corpo, a performance,
construções simbólicas e que atualmente conta com dez componentes – Aishá Kanda, Babidu,
Helô Sanvoy, João Angelini, Marcela Campos, Paul Setubal, Paulo Veiga Jordão, Rafael Abdala,
Rava e Thiago Lemos.
Com curadoria do Paulo Herkenhoff e do próprio Grupo EmpreZa, a mostra será
dividida em duas salas. Na primeira, que leva o nome da mostra, Eu como você, o visitante
entra em contato com a documentação – registros fotográficos e filmagens – de performances
antigas, que ajudam a entender a trajetória do coletivo por meio de uma generosa seleção de
seus trabalhos. Já a segunda galeria, Sua vez, será ocupada pelos emprezários e emprezárias e
por artistas convidados para a realização de 21 performances, num processo continuo de
interação entre o grupo e os visitantes, que se tornam participantes da exposição,
promovendo uma experiência inovadora no Museu.
Para marcar a abertura da mostra (no dia 13) acontece, das 18h às 20h, um serão
performático, no qual o coletivo apresentará seis performances marcantes de seu repertório:
O positivo, Endemias Cotidianas, Vila Rica, Descarrego, É que esse tempo também é Corpo e
Risca Faca. No manifesto Eu como Você, o Grupo EmpreZa explica sua origem e fala do desafio
de apresentar seu trabalho no MAR. “Não abriremos mão da nossa natureza selvagem. A
antropofagia é inerente a nós, mesmo quando ela se manifesta em suas formas mais sutis,
onde o que nos serve de alimento são apenas as palavras e a presença passiva de outro
corpo.”
Mais adiante, a exposição ultrapassa as paredes do Museu e se alastra pela cidade. Ao
longo dos meses de exposição – que fica em cartaz até 20 de julho – o Grupo EmpreZa irá
ocupar uma residência no Rio de Janeiro onde artistas convidados poderão intensificar a troca
de experiências e criação de novos trabalhos. Os resultados dessa vivência poderão estar
presentes dentro das salas expositivas do MAR ou espalhados em intervenções e ações pela
cidade.
Museu de Arte do Rio – MAR
O MAR é um espaço dedicado à arte e à cultura visual. Instalado na Praça Mauá, ocupa
dois prédios vizinhos: um mais antigo, tombado e de estilo eclético, que abriga o pavilhão de
exposições; outro mais novo, de estilo modernista, onde funciona a Escola do Olhar. O projeto
arquitetônico une as duas construções com uma cobertura fluida de concreto, que remete a
uma onda – marca registrada do Museu –, e uma rampa, por onde os visitantes chegam aos
espaços expositivos.
O MAR, uma iniciativa da Prefeitura do Rio em parceria com a Fundação Roberto
Marinho, tem atividades que envolvem coleta, registro, pesquisa, preservação e devolução à
comunidade de bens culturais. Espaço proativo de apoio à educação e à cultura, o Museu já
nasceu com uma escola – a Escola do Olhar –, cuja proposta museológica é inovadora:
propiciar o desenvolvimento de um programa educativo de referência para ações no Brasil e
no exterior, conjugando arte e educação a partir do programa curatorial que norteia a
instituição.
O Museu tem as Organizações Globo, a Vale e o Itaú como patrocinadores máster e o
apoio do Governo do Estado do Rio de Janeiro e do Ministério da Cultura, por meio da Lei
Federal de Incentivo à Cultura. A gestão fica a cargo do Instituto Odeon, uma associação
privada, sem fins lucrativos, que tem a missão de promover a cidadania e o desenvolvimento
socioeducacional por meio da realização de projetos culturais.
Pra que serve a língua: Depositando sangue dentro da boca, o performer escreve com a
língua, em uma das paredes do espaço, a frase Eu como você.
Impenetrabilidade: Série de fotografias com corpos em confronto aéreo. As ações foram
registradas em vídeo e fotografadas enquanto eram exibidas em monitor digital, capturando
assim as características particulares de uma imagem veiculada digitalmente.
Sinopses obras Grupo EmpreZa
Sopa de letrinhas: O performer ingere uma grande quantidade de sopa feita com macarrão do
tipo “alfabeto” e em seguida regurgita todo o alimento sobre a cabeça de outro indivíduo.
https://www.youtube.com/watch?v=rk6X6HxPEdg
Sua Vez: Duas cadeiras são posicionadas para que dois performers se sentem frente a frente e
comecem a estapear um ao outro. Em movimentos revezados, os artistas acionam um típico
relógio de enxadristas, localizado em uma mesa lateral, para ditar o movimento da vez.
https://www.youtube.com/watch?v=YWpCclU6sC8
Antropofagia: Dois performers se posicionam um atrás do outro. O artista que está atrás,
pouco a pouco, começa a ingerir os cabelos do performer à frente. Partindo das pontas dos
fios, o performer que ingere segue colocando lentamente os cabelos em mechas para dentro
de sua boca, para então seguir com movimentos sutis de deglutição dos fios. Quando a boca
do performer que ingere alcançar a nuca do outro corpo, com dois passos o performer da
frente se afasta arrastando os cabelos pelo esôfago de quem o ingeriu, até os fios se soltarem
completamente. https://www.youtube.com/watch?v=ZAG8A-F4Tr4
Com Oriente: Performance de longa duração na qual o artista, usando uma máscara
manufaturada estilo sadomasoquista e trajando vestimenta de tecido em algodão cru, é
amarrado durante 16 horas em uma cruz de madeira, que é um dos símbolos do centro
histórico da Cidade de Goiás.
Requiem da Vaca: Um dos performers assume o papel de mestre de cerimônia ao promover
uma espécie de “missa de réstia”. Panfletos (estilo hinários típicos das missas católicas) são
distribuídos para o público presente e servem de guia para a celebração da cerimônia. Com
uso de um megafone, o texto, produzido pelo Grupo EmpreZa, opera ora com a atuação
individual do mestre cerimônia, ora com a participação do público total.
https://www.youtube.com/watch?v=IhGwmKdc7Hc
Endemias Cotidianas: Usando vestes brancas e de corte simples, o performer se posiciona
deitado no chão. No tronco, duas chapas de metal puído – uma à frente e outra atrás, fixas
com barras rosqueadas – comprimem seu corpo mantendo seu rosto sempre virado para o
lado. Na chapa metálica que fica na parte da frente se vê um crânio real de um animal de
médio porte. No chão, uma série de ossos ressecados de vários bichos. O performer se levanta
e, em seguida, senta frente aos ossos no chão, quebrando-os, um a um, em pedaços menores.
Ao fim do processo, o artista recolhe os fragmentos de ossos e os coloca dentro de um saco de
tecido cru. O saco é então fechado com uso de um cadeado e sua chave é guardada em uma
bolsa do mesmo tecido, em meio a um grande volume de outras chaves. Para finalizar a ação,
o performer distribui todas as chaves entre os presentes no local. Obs: uma peça sonora
compõe o ambiente da ação e é construída a partir de captações sonoras do cotidiano comum,
em rádios, TVs, Internet, nas ruas e em contextos simbólicos ao local no qual será
apresentada.
Vitruviano: A sombra de um homem despido é delineada com seu próprio sangue, remetendo
ao Homem Vitruviano, de Leonardo Da Vinci.
Carma ideológico: Registro em vídeo. O artista se choca repetidas vezes contra o pilar de um
edifício (Palácio Gustavo Capanema, Rio de Janeiro), testando os limites do próprio corpo.
https://www.youtube.com/watch?v=EQm6FlOGaNA
Impenetráveis: Usando terno e máscaras de carne, os artistas se chocam uns contra os outros
no ar.
Cravate: Registro em vídeo. Dois homens estão ligados por uma corda no pescoço e arrastam
um ao outro pela rua.
Arrastão: Um homem de terno se arrasta pela rua, aderindo à roupa dejetos e sujeira do meio
urbano. https://www.youtube.com/watch?v=r-WrIP-CUZ0
Como Chama: Conjunto de ações que compreendem a relação do corpo com o fogo e a luz,
fazendo uso de variados tipos de materiais combustíveis.
Itauçu: Registro em vídeo. Os artistas provocam o próprio corpo em relações intensas com
elementos minerais, sobretudo a pedra, numa busca de aproximação visceral com ela.
https://www.youtube.com/watch?v=4MQmt_lRwWg
Sehão: Registro em vídeo. Dois artistas circulam amarrados um ao outro por ataduras,
carregando um ao outro alternadamente.
Villa Rica: Artistas interagem corporalmente com elementos essenciais da história do Brasil –
sangue pedra e ouro –, amassando, com os pés, pedras dentro de uma bacia.
Jóias: Uma artista manuseia objetos tendo agulhas de ouro introduzidas nos dedos.
Mar & Eros: Os artistas têm as palavras “MAR” e “EROS” escritas nas costas. No decorrer da
ação um texto-manifesto-criatura é lido em voz alta.
https://www.youtube.com/watch?v=HlAhz4cjqmA
Exercício de Paisagem: Vídeo-performance. Uma cabeça que emerge da água de ponta-
cabeça. https://www.youtube.com/watch?v=Rq6ZZYlXJWE
Paisagens Destiladas: Vídeo-performances. Recortes urbanos são filmados através de uma
garrafa cheia de cachaça, distorcendo a paisagem enquadrada.
Cheia de Graça: Vídeo-performance. Uma mulher grávida despeja água em um pote por cima
de sua barriga. https://www.youtube.com/watch?v=SVnhAKr1h3E
Descarrego: Um artista tem o cabelo pregado à parede e passa pela dor que seus movimentos
ocasionam.
Porque EU quis: Registro em vídeo. Intervenção urbana que põe em evidência a frase “Porque
eu quis”, dita por um policial que lançou spray de pimenta em manifestantes durante
manifestos em Brasília.
Sangue Bom: Artistas coletam o próprio sangue e fazem uma mistura com água e pão para
oferecer ao outro como alimento. https://www.youtube.com/watch?v=El6d9Oqpu1k
Maleducação: Dois artistas tentam alimentar um ao outro após terem as mãos e as bocas
amarradas.
Tríptico: A obra Tríptico (ou Tríptico Matera) consiste na ação de três ou mais performers.
Cada artista terá dois baldes de metalon (típicos para içamento de concreto), sendo um deles
contendo de um litro de cola branca, além de um conjunto de materiais específicos – que
variam, mas devem ser capazes de produzir resíduo material sólido em pó ou granulados. Cada
um dos performers irá trabalhar uma das matérias em gestos de pilar, macerar, ralar, raspar,
queimar ou qualquer outra ação que fragmente o material até virar pó, grão ou outro resíduo
sólido que aproxime das características anteriores (esse gestual poderá ser feito com uso de
ferramentas e utensílios à escolha do artista).
Após o tratamento, todo o material é depositado no balde vazio. Os artistas, fazendo uso de
um pincel grosso, passam a cola branca no rosto, cabeça e tronco. Em seguida despejam todo
material tratado em suas cabeças, impregnado seus corpos. Ao final da ação, os três se
posicionam lado a lado e se esfregam uns nos outros (a partir da cabeça), promovendo a
mistura dos materiais (e sua pictoriedade) entre os seus corpos.
Passante: O artista prega os próprios pés em livros.
O Positivo: Um performer se posiciona em um corredor estreito, aplica um escalpe para coleta
de sangue em um de seus braços e começa a girar sobre o próprio eixo, fazendo com que o
sangue que goteja deixe um rastro circular ao seu redor. Após demarcar bem o círculo, ele
começa a girar os braços para frente, deixando agora um rastro de sangue nas paredes, teto e
chão, cruzando o centro do círculo de sangue demarcado no chão. Essa ação deve ser realizada
em corredores de acesso com grande fluxo de atravessamento de pessoas.
Apelação: Um performer se posiciona e começa a se despir no local da ação. Em um dado
momento, as luzes do local se apagam promovendo um blackout total. Ao redor do artista nu,
outros se posicionam munidos de algodão, pinças longas, álcool e fogo (depositados em uma
tigela metálica). Os performers atearão fogo nas bolas de algodão e com o uso das pinças
passarão pequenas chamas ao redor do corpo do artista nu, queimando os pelos do corpo do
performer. Ainda em no escuro, todas as chamas são depositadas na tigela metálica enquanto
o artista se veste e se retira do local da ação.
O Baile: Dois aristas cruzam os braços e mãos (um no do outro) em forma de concha. Após
firmarem a posição, os performers gritam exasperadamente – o mais intensamente possível –
um na cara do outro, atravessando a concha feita com as mãos.
Leviathan: Performance/instalação. O artista tem seu terno pregado à parede e vai se
desvencilhando de suas roupas até conseguir sair.
Bombas: Coberto por uma espessa peça de couro cru (de vaca) e com uma máscara do mesmo
material (confeccionada pelo Grupo EmpreZa), o performer caminha pelo local da ação,
escolhendo espaços e momentos para arremessar bombinhas juninas no chão, próximas ao
seu corpo.
Risca-Faca: Dois performers ficam de pé sobre uma peça inteira de couro de boi, na qual
estarão posicionadas duas facas com cabos de madeira. Os artistas se despem, cada um pega
um dos objetos e começa a riscar o copo. O movimento é revezado e cada artista buscará
repetir o movimento do outro.
Candango: Após construir um pedestal de alvenaria, um artista de terno e gravata sobe em sua
obra começa a destruí-la com golpes de picareta. http://vimeo.com/30703032
Mascarados: Os performers caminhavam mascarados pela cidade, distribuindo santinhos
eleitorais, confrontando ritual e retórica da dor na cultura.
Serão Performático: É um termo criado/pensado pelo Grupo EmpreZa, apropriando-se da
palavra “serão” – como “trabalho extraordinário noturno”, típico do trabalho em empresas – e
da referência ao termo “sarau” – do latim seranus, através do galego serão – para determinar
uma obra composta por vários elementos e ações performáticas que acontecem
sequencialmente e/ou simultaneamente, possuindo um mesmo eixo poético.
Serviço MAR – Museu de Arte do Rio
Horário de visitação
Terça-feira a domingo, das 10h às 17h. De 13 de maio até 20 de julho. Aberto aos sábados, domingos e feriados. Fechado às segundas-feiras. Ingressos
R$ 8 | R$ 4 (meia-entrada).
Aceitamos pagamento em dinheiro ou cartão (Visa ou Mastercard).
Meia entrada:
Pessoas com até 21 anos;
Estudantes de escolas particulares (Ensino Fundamental e Médio);
Estudantes universitários;
Pessoas com deficiência;
Servidores públicos da cidade do Rio de Janeiro.
Gratuidade:
Às terças-feiras, o MAR é gratuito para todos.
Nos demais dias, gratuidade para:
Alunos da rede pública de Ensino Fundamental e Médio;
Crianças com até 5 anos de idade;
Pessoas com idade a partir de 60 anos;
Professores da rede pública de ensino;
Funcionários de museus;
Grupos em situação de vulnerabilidade social em visita educativa;
Vizinhos do MAR;
Guias de turismo.
Em todos os casos, é necessário apresentar documentação comprovativa.
Endereço: Praça Mauá, 5 - Centro
Telefone: 21 3031-2741
Mais informações: www.museudeartedorio.org.br
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