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n tribunalde justiça_. . . I.- . |.
PODER JUDICIÁRIOComarca cie Rio Verde/GOGabineie da 1* Vara Criminal
Protocolo n°
Autor
Acusados
Imputação :
201600374098
Ministério Público do Estado de Goiás.
Cleidson Godoy de Oliveira, Danilo Marques Borges, JoaquimRodrigues Oliveira Neto e Thiago Martins Conceição.
Artigos 312, 317 e 333, caput e § 1o, c/c art. 327, § 2o, todos doCódigo Penal e art. 2o, caput e § 4o, II. da Lei n°. 12.850/2013.
SENTENÇA
Vistos etc.
1. RELATÓRIO.
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS ofereceu denúncia
em desfavor de:
a) CLEIDSON GODOY DE OLIVEIRA, brasileiro, casado, empresário,
nascido em 16 de outubro de 1965, natural de Pontalina/GO, filho de Delcides
Augusto de Oliveira e Diana Maria de Oliveira, portador do RG n°. 2042173
SPTC/GO. imputando-lhe a prática dos crimes previstos no artigo 2o, caput e § 4o, II,
da Lei n°. 12.850/2013; artigo 312, caput, do Código Penal, poh três vezes,
observada a regra disposta no artigo 71, caput. do mesmo diploma legal; artigo 333,
caput e parágrafo único do Código Penal, todos na forma do artigo 69^ do Cód
Penal;
b) DANILO MARQUES BORGES, brasileiro, casado, advpgad
nascido em 30 de outubro de 1984, natural de Itumbiara/GO filho de
Graciano Borges e de Luziene Marques Borges, portador da OAB/GO n°. 2\
Eduardò-Alvatçs de Qfl;re/lo
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2/89PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde/GOGabinete da 1" Vara Criminal
inscrito no CPF/MF sob o n°. 315.350.428-85, imputando-lhe a prática dos crimes
previstos no artigo 2o, caput e § 4o, II, da Lei n°. 12.850/2013; artigo 312, caput, c/c
artigo 327, § 2o do Código Penal, por três vezes, observada a regra disposta no
artigo 71, caput, do mesmo diploma legal, todos na forma do artigo 69 do Código
Penal;
c) JOAQUIM RODRIGUES OLIVEIRA NETO, brasileiro, casado,
nascido em 13 de maio de 1982, natural de Goiânia/GO, filho de Manoel Miguel de
Souza e de Leulair Maria Oliveira Souza, portador do RG n°. 3859024 SSP/GO,
imputando-lhe a prática dos crimes previstos no artigo 2o, caput e § 4o, II, da Lei n°.
12.850/2013; artigo 312, caput, do Código Penal, por três vezes, observada a regra
disposta no artigo 71, caput, do mesmo diploma legal e artigo 333, caput e parágrafo
único, do Código Penal, todos na forma do artigo 69 do Código Penal;
d) THIAGO MARTINS CONCEIÇÃO, brasileiro, solteiro, farmacêutico,
nascido em 19 de julho de 1986, natural de Rio Verde/GO, filho de Lasaro Wilson
Martins Conceição e de Nilda Martins da Silva, portador do RG n°. 5011780
DGPC/GO, imputando-lhe a prática dos crimes previstos no artigo 2o, caput e § 4o, II,
da Lei n°. 12.850/2013; artigo 312, caput c/c artigo 327, § 2o do Código Penal, por
três vezes, observada a regra disposta no artigo 71, caput, do mesmo diploma lega,
artigo 317, caput e § 1oc/c artigo 327, § 2°, ambos do Código Penal, todos na forma
do artigo 69 do Código Penal.
Expõe a exordial acusatória que em meados do ano de 2015, no
município e comarca de Rio Verde/GO, os denunciados Cleidson Godoy de Oliveira,
Danilo Marques Borges, Joaquim Rodrigues Oliveira Neto e Thiago Martins
Conceição, cientes da ilicitude de suas condutas, agindo de forma-liv7eyê~coTisçientee com unidade de desígnios, constituíram e integraram, pessoálmente.Wganizaçãqcriminosa, valendo-se os denunciados Danilo Marques Borges e Thiago Martins
Conceição da condição de funcionários públicos para a prá íca das inffaçoèsDenais.
Consta ainda que em meados do ano de 2015, neste municipií
Eduardo. Alvares de (Juiz de Dfreitb
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Comarca de Rio Verde/GOGabinete da 1" Vara Criminal
comarca, os denunciados Cleidson Godoy de Oliveira e Joaquim Rodrigues Oliveira
Neto, cientes da ilicitude de suas condutas, agindo de forma livre e consciente e com
unidade de desígnios, ofereceram vantagem indevida, consistente no pagamento do
valor de RS 10.000.00 (dez mil reais) a Thiago Martins Conceição, na condição de
funcionário público, para determiná-lo a praticar ato de oficio, consistente no
atestado de recebimento de produtos hospitalares, no almoxarifado da Secretaria
Municipal de Saúde de Rio Verde, em valores e quantidades inferiores ao devido,
tendo o denunciado Thiago, de fato, praticado o referido ato de oficio, infringindo o
dever funcional.
Traz a inicial acusatória que entre os meses de setembro e outubro do
ano de 2015, neste município e comarca, o denunciado Thiago Martins Conceição,
ciente da ilicitude de sua conduta e agindo de forma livre e consciente, recebeu,
para si, diretamente, em razão da função pública que exercia, vantagem indevida
consistente no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), tendo, em conseqüência da
vantagem, praticado ato de oficio infringindo dever funcional, ao atestar o
recebimento de produtos hospitalares, no almoxarifado da Secretaria Municipal de
Saúde de Rio Verde, em valores e quantidades inferiores ao devido.
Por fim, narra a inicial acusatória que no dia 22 de julho de 2015, neste
município e comarca, os denunciados Danilo Marques Borges e Thiago Martins
Conceição, na condição de funcionários públicos, agindo em concurso com os
denunciados Cleidson Godoy de Oliveira e Joaquim Rodrigues Oliveira Neto, todos
cientes da ilicitude de suas condutas, agindo de forma livre e consciente e com
unidade de desígnios, por três vezes, nas mesmas condições de tempo, lugar e
maneira de execução, desviaram, em proveito próprio e alheio, valores ,públicos e
que tinham posse, em razão dos cargos exercidos pelos denunciados DahilcMarques Borges e Thiago Martins Conceição.
Ao final, o Ministério Público pugna pela condenação dó/'denapcjadoCleidson Godoy de Oliveira para submetê-lo às sanções previstas no artigo 2°,^
\cluardo Alvares de Oli\
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Comarca de Rio Verde/GO
Gabinete da 1° Vara Criminal
e § 4o, II, da Lei n°. 12.850/2013; artigo 312, caput, do Código Penal, por três vezes,
observada a regra disposta no artigo 71, caput, do mesmo diploma legal; artigo 333,
caput e parágrafo único do Código Penal, todos na forma do artigo 69 do Código
Penal; do acusado Danilo Marques Borges para submetê-lo às sanções previstas no
artigo 2o, caput e § 4o, II, da Lei n°. 12.850/2013; artigo 312, caput, c/c artigo 327, §
2o do Código Penal, por três vezes, observada a regra disposta no artigo 71. caput,
do mesmo diploma legal, todos na forma do artigo 69 do Código Penal; do acusado
Joaquim Rodrigues Oliveira Neto para submetê-lo às sanções previstas no artigo 2o,
caput e § 4o, II, da Lei n°. 12.850/2013; artigo 312, caput, por três vezes, observada
a regra disposta no artigo 71, caput, do mesmo diploma legal e artigo 333, caput e
parágrafo único, ambos do Código Penal, todos na forma do artigo 69 do Código
Penal, e; de Thiago Martins Conceição para submetê-los às sanções previstas no
artigo 2o, caput e § 4o, II, da Lei n°. 12.850/2013; artigo 312, caput c/c artigo 327, §
2o do Código Penal, por três vezes, observada a regra disposta no artigo 71. caput,
do mesmo diploma legal, artigo 317, caput e § 1o c/c artigo 327, § 2o, ambos do
Código Penal, todos na forma do artigo 69 do Código Penal.
Em 12 de janeiro de 2016 o Ministério Público representou pela
decretação das prisões temporárias de Cleidson Godoy de Oliveira e Thiago Martins
Conceição, pela expedição de mandados de condução coercitiva em face de Danilo
Marques Borges e busca e apreensão domiciliar nas residências de Cleidson Godoy
de Oliveira, Danilo Marques Borges, Thiago Martins Conceição, na sede da empresa
Pró-Remédios Distribuidora de Produtos Farmacêuticos e Cosméticos EIRELI-ME,
na sede da Prefeitura Municipal de Rio Verde, bem como em qualquer órgão público
municipal em que fosse necessário o ingresso para a colheita de documentos^gue/ \ \ \
integrassem ou fossem derivados dos autos dos procedimentos dos, pregõe
presenciais n° 92 e 93/2014, tais como Secretaria Municipal de Saúde, Almoxarifado
da Secretaria Municipal de Saúde, Secretaria do Planejamento, ConírolaWia eProjetos, Procuradoria do Município, Gestão do Arquivo Central s Comissão ae
Licitação, dentre outros, todos vinculados ao município de RJio Verde/jGO (ff. 3/2^0^3'autos n° 201600076283 - ação cautelar).
Eduardo Alvar
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No dia 18 de janeiro de 2016 foi proferido decreto de prisão temporária
em face de Cleidson Godoy de Oliveira e Thiago Martins Conceição, pelo prazo de 5
(cinco) dias e, além disso, foi deferido o pedido de condução coercitiva do
investigado Danilo Marques Borges e, na mesma oportunidade, foi indeferida a
busca e apreensão na Secretaria Municipal de Saúde, no Almoxarifado da Secretaria
Municipal de Saúde, na Gestão do Arquivo Central e na Comissão de Licitação (ff.
30/44 dos autos da ação cautelar).
No dia 21 de janeiro de 2016, o Ministério Público requereu a
reconsideração da decisão proferida no bojo dos autos do processo n°
201600076283, a fim de que fosse possibilitada a apreensão de documentos em
geral, correspondências, instrumentos de contrato e aditivos, notas fiscais de
compra e venda, livros contábeis, fiscais e comerciais, planilhas, agendas e
quaisquer anotações, dinheiro em espécie, cheques, objetos, equipamentos
eletrônicos, mídias ou outros meios de prova referente aos fatos narrados na
exordial, bem como para que fosse deferida a expedição de mandado de busca e
apreensão a ser cumprido na sede do Almoxarifado da Secretaria Municipal de
Saúde do município de Rio Verde/GO.
Pleiteou, ainda, pela expedição de novos mandados de busca e
apreensão a serem cumpridos nos endereços das residências de Cleidson Godoy de
Oliveira, Danilo Marques Borges, Thiago Martins Conceição e nas sedes da empresa
Pró-Remédios Distribuidora de Produtos Farmacêuticos e Cosméticos Eireli-ME e da
Prefeitura Municipal de Rio Verde (ff. 59/61 da ação cautelar).
Em 25 de janeiro daquele ano foi determinada a expedição de
mandados de busca e apreensão na sede da referida empresa e-na§vresidências
dos investigados, bem como na sede da Prefeitura MunicipaKde Rio Verde, neste
caso, especificamente na Secretaria do Planejamento, Controladoria e Proj^
Procuradoria do Município (ff. 62/65 da ação cautelar). / ( r\
Os mandados foram coligidos às ff. 66/79 da açãcautel
Eduardo
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No dia 27 de janeiro do corrente ano, o Parquet pugnou pela
decretação da prisão temporária de Joaquim Rodrigues Oliveira Neto (ff. 87/88),
sendo a medida deferida na mesma data (ff. 100/105 da ação cautelar).
Na seqüência, o Parquet informou o cumprimento dos mandados de
busca e apreensão e condução coercitiva outrora mencionados (ff. 111/149 da ação
cautelar).
Os mandados de prisão temporária de Cleidson Godoy de Oliveira,
Thiago Martins Conceição e Joaquim Rodrigues Oliveira Neto foram cumpridos em
27 de janeiro de 2016 (ff. 150/154, 158/162 e 164/168 da ação cautelar).
Após a colheita do depoimento de Thiago Martins Conceição, na
mesma data o Parquet pleiteou pela revogação da prisão temporária do investigado,
sendo o pedido acolhido no dia seguinte (ff. 218/219 da ação cautelar).
Em 31 de janeiro de 2016 foi ordenada a colocação de Joaquim
Rodrigues Oliveira Neto em liberdade (f. 260 da ação cautelar).
Cleidson Godoy de Oliveira foi colocado em liberdade em 1o de
fevereiro de 2016, em observância à decisão de ff. 30/44 (f. 267 da ação cautelar).
Concluído o procedimento de investigação criminal n° 26/2015, fora
oferecida denúncia em 3/2/2016 (ff. 03/10).
Em cota ministerial acostada às ff. 11/14, o ilustre representante do
Parquet pugnou pela decretação da proibição da empresa Pró-Remédios
Distribuidora de Produtos Farmacêuticos e Cosméticos Eireli-ME de participar de
procedimentos licitatórios e de contratar com entes públicos, em tod^.vo_lerritónonacional, para qualquer que seja o objeto, bem como para qualquer pessoa jurídica
vinculada aos CPFs dos denunciados Cleidson Godoy de/Òliveira eVloaquimRodrigues Oliveira Neto.
Por fim, pugnou pela decretação do afastamento caut
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07/1
Martins Conceição da função pública que exerce na Secretaria Municipal de Saúde
de Rio Verde.
Em 12 de fevereiro de 2015, a denúncia foi recebida, ocasião em que
foi determinado o arquivamento das investigações quanto a Letícia Rosa e Silva,
bem como a intimação dos acusados Cleidson Godoy de Oliveira, Joaquim
Rodrigues Oliveira Neto e Thiago Martins Conceição para que se manifestassem
acerca das medidas cautelares pleiteadas às ff. 11/14 pelo Ministério Público e a
citação de todos os acusados (ff. 15/19).
Os acusados foram citados (ff. 434/435, 436/437, 438/439 e 440/441) e
apresentaram respostas às acusações às ff. 81/101, 56/71, 376/380 e 443/445, por
intermédio de defensores constituídos às ff. 44, 72, 382 dos presentes autos e f. 262
do processo n°. 201600076283.
Ausentes as hipóteses de absolvição sumária e rechaçadas as
preliminares suscitadas pelos defensores dos acusados, foi designada audiência
de instrução e julgamento para o dia 8 de agosto de 2016. Na mesma oportunidade
foi decretada a suspensão do exercício de atividade de natureza econômica ou
financeira da empresa PRÓ-REMÉDIOS DISTRIBUIDORA DE PRODUTOS
FARMACÊUTICOS E COSMÉTICOS EIRELI-ME, com a conseqüente proibição de
participar de procedimentos lícitatórios e de contratar com entes públicos, em todo
o território do Estado de Goiás, para qualquer que seja o objeto, bem como
qualquer pessoa jurídico vinculada aos Cadastros de Pessoa Física (CPF's) dos
denunciados CLEIDSON GODOY DE OLIVEIRA (CPF/MF n° 315.350.428-85) e
JOAQUIM RODRIGUES OLIVEIRA NETO (CPF/MF n° 971.135.571-04). com a
ressalva do art. 282, § 4o, do Código de Processo Penal e decreteda~aTsiíspe.nsão
do exercício de função pública por parte do réu THIAGO MARTINS CONCEIÇÃO
(ff. 450/473).
Na data designada para realização da audiência ce, instrjulgamento, foi constatada a ausência de 2 (duas) testemunhas, um
n tribunalde justiça.
=>0DER JUDICIÁRIOComarca ele Rio Verde/GOGabinete da v Vara Criminal
acusação e a outra pela defesa. Na oportunidade o Ministério Público requereu a
suspensão da instrução processual, para que os acusados tivessem ciência do
acordo de delação premiada firmada por Danilo Marques Borges, a fim de
oportunizar vista dos referidos autos, exclusivamente, aos defensores dos demais
acusados, com o fito de garantir o contraditório e da ampla defesa. O pleito
ministerial foi acolhido, sendo decretada a quebra parcial do sigilo dos autos
protocolados sob o n° 201600922990, permitindo-se aos patronos dos acusados o
acesso aos referidos autos, inclusive com a extração de cópias, caso entendessem
necessário, com a ressalva da necessidade de manutenção do sigilo das
informações, sob pena de responsabilidade. Por fim, foi decretado o sigilo dos
autos desta ação penal e redesignada data para realização da audiência de
instrução e julgamento (ff. 560/562).
Realizada com as formalidades legais às ff. 624/625, na audiência de
instrução e julgamento foram inquiridas 4 (quatro) testemunhas arroladas pela
acusação e 5 (cinco) testemunhas arroladas pelas defesas, sendo deferida a
substituição da testemunha Milena Aziz Alexandre por Fernando Duarte Cabral e
homologada a dispensa da testemunha defesa Marlos Marques. Na seqüência os
acusados foram interrogados (gravação audiovisual - f. 639). As partes dispensaram
diligências complementares, em consonância com o disposto no art. 402 do Código
de Processo Penal. Encerrada a instrução, as alegações finais orais foram
substituídas por memoriais.
Em sede de alegações finais, o Ministério Público pontuou sobre a
presença de materialidade e autoria delitivas, pugnando pela condenação dos
acusados nos termos da inicial acusatória, observando-se os termos da colaboração
premiada formulada com Danilo Marques Borges e homologada por esteVluizo (ff.
662/681).
Na mesma fase processual, a defesa de Cleidspnpugna por sua absolvição do crime de peculato-desvio, nos termos
tribunalde justiça.
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VII, do Código de Processo Penal, por não restar demonstrado pela acusação a
presença do dolo específico, bem como inexistir dano ao erário municipal, pugna
também pela absolvição quanto ao crime de corrupção ativa, nos termos do artigo
386, VII, do Código de Processo Penal, por insuficiência de provas e, por fim, pela
absolvição do crime de organização criminosa, nos termos do mesmo artigo 386. VII,
do Código de Processo Penal, por não restar comprovada a estrutura necessária ao
tipo penal. Subsidiariamente, requer em caso de condenação, a aplicação da pena
no mínimo legal, com a concessão do direito de recorrer em liberdade (ff. 716/745).
Adefesa do acusado Thiago Martins Conceição, em sede de alegações
finais pugna por sua absolvição nos termos do artigo 386, VII, do Código de
Processo Penal, por insuficiência de provas (ff. 968/976).
Na mesma fase processual, a defesa do acusado Joaquim Rodrigues
Oliveira Neto pugna por sua absolvição quanto aos crimes de peculato e
organização criminosa e quanto ao crime de corrupção ativa pugna pela aplicação
da pena no mínimo legal, com o reconhecimento da atenuante da confissão
espontânea e substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito (ff.
977/984).
Por fim, a defesa do acusado Danilo Marques Borges pugna pela
concessão do perdão judicial, ante ao cumprimento dos requisitos do artigo 4o, da
Lei n°. 12.850/2013 e, subsidiariamente, em caso de condenação, requer a
aplicação das penas nas condições do termo de colaboração premiada,
devidamente homologado, ou seja, no mínimo legal com a máxima redução e
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito (ff,-987/90'6,)./ \\
Certidões e informações de antecedentes criminais juntada^ às ff.
640/642, 643/644, 645/646, 647/648, 649/650, 651, 652 e 653./
Após, vieram-me os autos conclusos para senter
É o relatório. DECIDO.
tribunalde justiça.I: • ' '
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2. FUNDAMENTAÇÃO.
O feito teve curso regular, observando os princípios do devido processo
legal, da ampla defesa e do contraditório. Inexistem preliminares a analisar,
nulidades ou causas de extinção da punibilidade a serem reconhecidas ex officio,
motivo pelo qual passo diretamente ao exame do mérito.
Trata-se de ação penal pública incondicionada movida pelo Ministério
Público de Goiás em desfavor de Cleidson Godoy de Oliveira para submetê-lo às
sanções previstas no artigo 2o, caput e § 4o, II, da Lei n°. 12.850/2013; artigo 312,
caput, do Código Penal, por três vezes, observada a regra disposta no artigo 71,
caput, do mesmo diploma legal; artigo 333, caput e parágrafo único do Código
Penal, todos na forma do artigo 69 do Código Penal; do acusado Danilo Marques
Borges para submetê-lo às sanções previstas no artigo 2o, caput e § 4o, II, da Lei n°.
12.850/2013; artigo 312, caput, c/c artigo 327, § 2o do Código Penal, por três vezes,
observada a regra disposta no artigo 71, caput, do mesmo diploma legal, todos na
forma do artigo 69 do Código Penal; do acusado Joaquim Rodrigues Oliveira Neto
para submetê-lo às sanções previstas no artigo 2o, caput e § 4o, II, da Lei n°.
12.850/2013; artigo 312, caput, por três vezes, observada a regra disposta no artigo
71, caput, do mesmo diploma legal e artigo 333, caput e parágrafo único, ambos do
Código Penal, todos na forma do artigo 69 do Código Penal, e; de Thiago Martins
Conceição para submetê-los às sanções previstas no artigo 2o, caput e § 4o, II, da
Lei n°. 12.850/2013; artigo 312, caput c/c artigo 327, § 2o do Código Penal, por três
vezes, observada a regra disposta no artigo 71, caput, do mesmo diploma legal,
artigo 317, caput e § 1o c/c artigo 327. § 2o, ambos do Código PenaL-tódO^ na formado artigo 69 do Código Penal.
O crime, sob a ótica analítica, é um fato típico, ántijurídico e cl^lpável.E, segundo Guilherme de Souza Nucci': j
Trata-se de uma conduta típica, antijuridica e cujpável, vale ciizer, umaou omissão ajustada a um modelo legal de conduta proibida (tipicid^
1 NUCCI. G. S. Código Penal Comentado. 13. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2013\p. 131.
Juardo Alvárèsde OliveirjJú
n tribunalde justiça.<í:* OStfldO dl \)CÍiÍ5
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d?11/89 IJ
contrária ao direito (antijuridicidade) e sujeita a um juizo de reprovaçãosocial incidente sobre o fato e seu autor, desde que existam imputabilidade,consciência potencial de ilicitude e exigibilidade e possibilidade de agirconforme o direito (culpabilidade).
O tipo, que possui uma face objetiva e outra subjetiva, possui os
seguintes elementos: conduta, o resultado, o nexo causai, e, por fim, a tipicidade.
Para a constatação destes, em primeiro lugar, mister a comprovação da existência
da materialidade e da autoria delitivas.
2.1. Do tipo penal descrito no artigo 312, caput e § 1o, do Código Penal,
imputado aos acusados Cleidson Godoy de Oliveira, Danilo Marques Borges,
Joaquim Rodrigues Oliveira Neto e Thiago Martins Conceição.
No que tange à materialidade delitiva, esta resulta consubstanciada
de forma especial pelas notas fiscais acostadas às ff. 07/11, 16/17, 30/31 e 36/37,
comprovantes de TED ás ff. 06,18 e 25, notas de pagamento e liquidação às ff. 26,
27/29 e 39/43, autorização de entrega às ff. 34/35, termo de interrogatório às ff.
81/83, auto de inspeção às ff. 86/91, documentos de ff. 92/172, termos de
declaração e depoimento acostados às ff. 173. 174 e 182/184, todos do P.I.C n°.
26/2015, volume I, apenso; ordem de fornecimento à f. 220, arquivos de
movimentação de produtos às ff. 237/247, termos de interrogatórios às ff. 251/252,
317/318 e 344/345, pedidos às ff. 256/271 e 273/306, declaração de entrega à f.
272, termos de declaração às ff. 313/315 e relatório conclusivo às ff. 351/360, todos
do P.I.C n°. 26/2015, volume II, apenso; documentos Auxiliares da Nota Fiscal
Eletrônica - DANFE's às ff. 124, 126 e 127/128, autorizações de entrega às ff.
143/144, notas de liquidação ás ff. 150, 151 e 170/171, ata de registro de preço às ff.
180/190 e contrato de ff. 222/227, todos do P.I.C n°. 26/2015 '- Atena n°.
201500401493, volume I, apenso; auto circunstanciado de busca ejjpreensão-àsjf.241/242, notas fiscais de ff. 245/259 e 264, autorizações de entrega às ff\320/325 excontratos de ff. 337/344, 331 e 336, todos do P.I.C n°/26/2015 - At201500401493, volume II, apenso; termo de interrogatório às ff/89,192/193, 195/197, 199/202, 206/207 e 216/217, notas fiscais às ff.
circunstanciado de busca e apreensão às ff. 94/96, 126, 13:
n tribunalde justiça,do o&lodo do qoíAs
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12/89
de entrega às ff. 98/99 e termos de declaração às ff. 208/209 e 211/212, todos dos
autos da cautelar inominada criminal apensa; termo de acordo de colaboração
premiada às ff. 05/19, dos autos de cautelar inominada criminal, 3o volume, apensa
aos presentes autos, bem como pela prova oral produzida sob o crivo do
contraditório e da ampla defesa (gravação audiovisual - f. 639).
No tocante à autoria esta é induvidosa e recai sobre os acusados
Cleidson Godoy de Oliveira, Danilo Marques Borges, Joaquim Rodrigues Oliveira
Neto e Thiago Martins Conceição.
Ouvida em Juízo, a testemunha Izael Fontoura Martins Júnior, disse
que na época dos fatos era funcionário público municipal e trabalhava no
almoxarifado da Secretaria Municipal de Saúde, sendo responsável pelas áreas de
alimentos e produtos de limpeza; afirmou estar presente no dia 6 de outubro de
2015, quando foi feita uma inspeção no local; contou que o produto detergente
enzimatico ficava armazenado na área em que era responsável, mas que não sabe
quem entregou ou qual a quantidade entregue, tendo em vista que quando começou
a trabalhar naquele local o material já estava lá; esclareceu que no dia da inspeção
tinham apenas duas caixas de detergente enzimatico porque fazia a entrega de duas
caixas para a Unidade de Pronto Atendimento - UPA e duas caixas para o Hospital
Regional por semana; disse que nunca presenciou a entrega de nenhum material e
que no seu setor não cabia a quantidade de 1.870 (um mil oitocentos e setenta)
unidades de detergente enzimatico, mas que no galpãodo almoxarifado caberia;
contou que o máximo de detergente enzimatico que viu estocado no almoxarifado
onde trabalhava foram 20 (vinte) caixas, cada uma contendo 2 (dois) detergentes;
esclareceu que tem uma porta que separa o local onde são estocadqs^osVnateriaisde limpeza do "galpão" do almoxarifado; disse que outras pessoas^que trabalhavam
no almoxarifado recebiam as mercadorias e que os carros/que entregavam os
materiais eram todos descaracterizados, não sabendo dizer/se a efnpresà PRO-REMÉDIOS tinha algum tipo de benefício (gravação audiovisual -f. 639).
•.Eduardo
n tribunalde justiça.
PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde/GO
Gabinete da 1* Vara Criminal
13/89
Na mesma fase processual, a testemunha Karla Cristina dos Santos
Fernandes Freitas, afirmou que era auxiliar administrativo do almoxarifado da
Secretária Municipal de Saúde e que fazia a separação de medicações e material
hospitalar; esclareceu que o acusado Thiago era seu superior; disse que como
chegavam muitos materiais não sabe dizer se os produtos listados nas notas ficais
acostadas aos autos foram realmente entregues, mas que não era somente Thiago
quem recebia as mercadorias; afirmou ter visto o representante da empresa PRÓ
REMÉDIOS, Joaquim Neto, duas vezes no almoxarifado conversando com Thiago,
não sabendo dizer o teor da conversa e que era normal haver representantes de
empresas naquele local; afirmou que o detergente enzimatico ficava no cômodo de
limpeza que Izael era responsável e que a sala em que ficam armazenados esses
produtos é pequena; relatou que as sondas uretrais ficavam em seu setor e que era
responsável pela saída destes materiais; esclarecendo que em média saiam 10
(dez) caixas destas sondas a cada 15 (quinze) dias, bem como que não sabe dizer
qual era o estoque do local (gravação audiovisual - f. 639).
Ouvida em Juízo, a testemunha Silvana Domingos dos Santos,
declarou que trabalhava como auxiliar no almoxarifado da Secretaria Municipal da
Saúde; disse que só recebia os produtos com ajuda da Karla e do acusado Thiago;
afirmou que sempre recebiam sondas, mas que não recebiam detergente
enzimatico; declarou não ter conhecimento se os materiais listados nas notas fiscais
foram entregues, mas disse que sempre fazia o controle de saída dos materiais;
relatou que já viu o acusado Joaquim várias vezes no almoxarifado conversando
com Thiago, não sabendo dizer o teor da conversa, mas que conversavam em
público; relatou que encaminhava ás unidades de saúde municipais
aproximadamente 1 (uma) caixa com 800 (oitocentas) sondas uretrais poi\'semaníou quinzena (gravação audiovisual - f. 639).
A testemunha Letícia Rosa e Silva declan
atualmente Secretária Municipal da Saúde e que quando o acisado Dpnilo Marqú
Borges era Secretário ela exercia o cargo de Diretora Admini
n tribunalde justiça.
14/89
PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde/GO
Gabinete da 1* Vara Criminal
Municipal de Saúde; relatou que tratava de assuntos administrativos, dentre eles o
repasse de informação acerca das necessidades das unidades municipais de saúde
ao acusado Danilo; disse já tê-lo visto conversando reservadamente com Joaquim;
esclareceu que o acusado Thiago era a pessoa responsável por lhe repassar a
lista de materiais para compra e que quando a recebia, repassava as
informações para Danilo, pois só ele poderia autorizar e liberar os insumos;
disse que cabia ao acusado Thiago conferir e receber os materiais no
almoxarifado; relatou que não foi feita auditoria na prefeitura para verificar se os
produtos descritos na denúncia foram entregues; disse que o registro de preço é
feito para o ano e que a entrega dos materiais é solicitada de acordo com a
necessidade da secretaria, mas que pode ser feito para períodos menores, de
acordo com o saldo orçamentária da Secretaria Municipal de Saúde, não sendo
comum adquirir produtos para período superior a 1 (um) ano; disse que não tem
conhecimento mas ouviu dizer que em casos de urgência a empresa PRÓ-
REMÉDIOS entregava medicamentos diretamente as unidades de saúde;
afirmou que o acusado Thiago sempre foi idôneo e que nunca teve nenhum
problema com ele; relatou que se tiveram casos em que a empresa PRÓ-
REMÉDIOS entregou para as unidades de saúde medicamentos ou materiais
diversos dos licitados foi com autorização do Secretário Municipal de Saúde;
por fim, disse que a função de chefe de almoxarifado é de indicação direta do
Secretário Municipal da Saúde (grifei) (gravação audiovisual - f. 639).
Ouvida em Juízo, a testemunha Leoete Camila S. Faria, declarou que
é funcionária municipal e exerce a função de coordenadora dos produtos de limpeza,
gêneros alimentícios, hidráulica e elétrica do almoxarifado; declarou que_na_época
dos fatos não havia uma comissão para receber os materiais, portanto quem estava
no almoxarifado os recebia e se as unidades de saúde estivessem precisando\com
urgência dos materiais as empresas entregavam os produtos e medicamentos
diretamente nas unidades de saúde; relatou que não havia uma pessoa* especifica--
nos hospitais e unidades de pronto atendimento para receber e ccntrolar esses
materiais; contou que na época dos fatos era ela quem fazia contrai 3 de estoquf
íuardo AlvVe\deOlíveirnlrtíèJJireitt
tribunalde justiça.
vo>\15/89
PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde/GO
Gabinete d3 1" Vara Criminal
dos materiais que era responsável (limpeza, gêneros alimentícios, hidráulica e
elétrica), tendo controle das entradas e saídas (gravação audiovisual - f. 639).
Na mesma fase processual, a testemunha Fernando Duarte Cabral,
declarou que na época dos fatos exercia a função de Diretor Administrativo do
Hospital Municipal de Rio Verde/GO; contou que quando faltavam produtos
emergências ele solicitava ao almoxarifado ou ao Secretário Municipal de Saúde;
declarou que em 2 (duas) ou 3 (três) oportunidades os produtos solicitados
foram entregues diretamente no Hospital pois, em regra, são entregues no
almoxarifado; esclareceu que as vezes em que foram entregues diretamente ao
hospital, eram poucos materiais, apenas para suprir a unidade por 2 (dois) ou 3
(três) dias; declarou que 2 (duas) das vezes que os materiais foram entregues
diretamente ao hospital, foi a empresa PRÓ-REMÉDIOS quem entregou; afirmou
que foram entregues diretamente ao hospital soro fisiológico, equipo, algodão
ortopédico e outros materiais que não se recorda, mas que de acordo com os
comprovantes de recebimento, os materiais entregues custam aproximadamente R$
11.400,00 (onze mil e quatrocentos reais); afirmou que o Hospital Municipal usa em
média 40 (quarenta) sondas uretrais por dia; relatou que um galão de detergente
enzimatico deve durar em torno de 5 (cinco) a 10 (dez) dias e que os produtos
hospitalares tem prazo de validade em média de 2 (dois) a 4 (quatro) anos {grifei)
(gravação audiovisual - f. 639).
A testemunha Nilton Franco Alves Júnior, ouvido em Juízo, declarou
que conhece Joaquim Rodrigues de Oliveira Neto e que desconhece qualquer fato
que desabone a pessoa do acusado (gravação audiovisual - f. 639).
Na mesma fase processual, as testemunhas Seridalva dos Santoí
Marques e Elias Freire de Oliveira informaram que conhecem Thiago Martins
Conceição e desconhecem qualquer fato que desabone sua conduta (g(avação
audiovisual -f. 639).
Em interrogatório judicial, o acusado Danile- Marques Bo^g^s
3uardo Alvares de OlivelrjJuiz de Direiu
tribunalde justiça.
PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde/GOGabinete da 1" Vara Criminal
16/89
confessou a autoria delitiva, ratificando em todos os termos as declarações dadas no
termo de delação premiada; declarou que foi convidado para ser Secretário
Municipal de Saúde e iniciou suas atividades no dia 7 de abril de 2015; contou que
um amigo em comum lhe apresentou o acusado Joaguim; disse gue o acusado
Joaquim lhe ofereceu vantagem ilícita e que inicialmente não aceitou; narrou
que foi chamado ao gabinete do prefeito e foi informado que teria que organizar uma
maneira de repassar uma certa quantidade de dinheiro por semana através da
Secretaria Municipal de Saúde; relatou que como Joaquim havia lhe procurado,
acreditou que esta seria a maneira de conseguir esses valores; esclareceu que após
negociação e acerto de Joaquim com seu superior Cleidson, ficou acordado que lhe
repassariam uma margem de 10% (dez por cento) em cima das notas fiscais, tendo
esses valores sido repassados em 3 (três) oportunidades; contou que referente
aos documentos fiscais (DANFE) de números 18072. 18075 e 18195. tinha
ciência de que os materiais estavam sendo substituídos e que nem todos
foram entregues, sendo gue alguns foram substituídos e outros entregues em
quantidades inferiores; disse que quem fazia o controle da entrega dos
materiais era Thiago. bem como que Thiago, Joaquim e Letícia se reuniram e
lhe informaram que alguns materiais haviam sido entregues, outros
substituídos e haviam materiais ainda a receber; disse que foi ele guem
ordenou as substituições dos materiais listados das notas fiscais de números
18072. 18075 e 18195; contou que os valores que lhe repassariam seriam
descontados em futuras licitações, mas que não controlou se efetivamente os R$
600.000,00 (seiscentos mil reais) em materiais foram entregues; afirmou não ter
conhecimento de que Thiago recebeu propina, bem como que nunca ordenou para
que ele atestasse o recebimento de materiais sem tê-los recebido e queJião-CQntou\
para Thiago o acordo que havia feito; declarou ter conhecido o acusado\Çieidso
através de Joaguim e gue ele tinha total conhecimento da substituição dos
materiais e também da entrega de dinheiro; afirmou que não há efetivo controle
de entrada e saida de materiais no almoxarifado da Secretária Municipal da
Saúde; disse que as quantidades de produtos a serem cornpradosv sâp
Eduardo Álvares de Oliv'Juiz de Direíl
n tribunalde justiça.
17/89PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde/GO
Gabinete da 1" Vara Criminal
encaminhados pelas unidades de saúde ao departamento de compras, que por sua
vez encaminha a relação para que seja feito o processo de licitação; disse que as
licitações referentes as notas fiscais constantes nos autos são anteriores a sua
gestão e que não sabe dizer se já existia acordo com a empresa PRÓ-REMÉDIOS;
afirmou que Cleidson nunca lhe ofereceu diretamente valores indevidos; contou que
a falta de medicamentos era comum nas unidades de saúde (grifei) (gravação
audiovisual - f. 639).
O acusado Cleidson Godoy de Oliveira, ouvido sob o crivo do
contraditório e da ampla defesa, negou as imputações que lhe foram feitas;
declarou gue os produtos que não foram entregues foram substituídos.
constituindo o valor total da nota fiscal; disse que o controle de entregas era feito
em sua empresa por Joaquim e que ao entregarem as mercadorias ou fazerem as
substituições pegavam comprovantes de recebimento e geravam a nota fiscal do
valor total; declarou que as substituições eram autorizadas pela Secretaria
Municipal da Saúde; afirmou ter se encontrado com o acusado Danilo apenas uma
vez; negou ter pago ao acusado Thiago qualquer valor indevido; esclareceu que
Joaquim não era responsável pela parte financeira da empresa; declarou que
Joaquim era comprador, mas que em Rio Verde ele também trabalhava com a parte
de vendas, respondendo diretamente ao depoente; afirmou ter ciência de todas as
substituições de materiais; disse que para efetuar as substituições calculavam
o valor de compra do produto substituído, mais a margem de lucro da
empresa, que era em torno de 70% (setenta por cento) a 100% (cem por cento),
sendo que na licitação sua margem de lucro seria de 40% (quarenta por cento)
a 45% (quarenta e cinco por cento); disse que Joaquim não teria o poder de retirar
valores da empresa para repassar a entes públicos sem a sua anuência; \negou
pagar qualquer quantia de comissão a funcionários públicos; negou haver Qualquer
acordo entre ele e os demais acusados para auferir lucros e alie a finalidade Ndassubstituições era a suprir as necessidades emergenciais das unidaaes; por fi
disse que caso haja algum prejuízo à Administração Púb
indenizar (grifei) (gravação audiovisual - f. 639).
ica este disposfc
Jo Alvares de Oliveirl ,ide Direito
n tribunalde justiça.
18/8
PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde/GO
Gabinete da 1* Vara Criminal
O acusado Joaquim Rodrigues de Oliveira Neto, ouvido sob o crivo
do contraditório e da ampla defesa, confessou ter entregue R$ 3.000.00 (três mil
reais) de vantagem indevida ao acusado Thiago a mando do acusado Cleidson;
disse que o dinheiro teria sido entregue para que Thiago atestasse falsamente
o recebimento de mercadorias e fizesse as trocas, mas gue pelas condições
do município não foi possível: declarou que Thiago não tinha o controle de
todas as mercadorias, pois algumas eram entregues diretamente as unidades
de saúde; alegou que ele fazia o controle das mercadorias entregues, pegando os
recebimentos e que quando eram feitos os fechamentos, estes eram entregues ao
acusado Danilo; negou ter efetuado pagamentos anteriores ao acusado Thiago e
que naquela oportunidade o fez a mando de Cleidson, pois com a troca de
mercadorias o lucro da empresa era maior; contou que apenas a nota fiscal no
valor de R$ 136.000,00 (cento e trinta e seis mil reiais) foi entregue na totalidade,
tendo nas outras notas, em que estão listados o detergente enzimatico e a sonda
uretral, havido a substituição dos produtos; disse que o acusado Danilo tinha
ciência de todas as substituições; disse gue ao acusado Thiago foi oferecida
vantagem ilícita para que ele aceitasse fazer as trocas dos produtos;
esclareceu que conversou com Cleidson dizendo que Thiago estava
precisando de dinheiro e que foi ele quem disse quanto dinheiro era para
oferecer; declarou não haver acordo entre os acusados para auferir lucros (grifei)
(gravação audiovisual - f. 639).
Na mesma fase processual, o acusado Thiago Martins Conceição,
confessou ter recebido a quantia de RS 3.000,00 (três mil reais) de Joaquim; relatou
que haviam lhe prometido RS 10.000,00 (dez mil) reais, contudo, só^entregaram o
valor de RS 3.000,00 (três mil) reais; confessa ter atestado ó recebimento de
mercadorias que não recebeu e que acredita que este dinheiro gue recebeu era
para fazer isto; relatou que quando chegou no almoxarifado/
já estavam vencidas e como o município necessitava de mepicamentc
de licitação é demorado, a Secretária Municipal da Saúde resolvei aóroveií
saldo que tinham de material hospitalar com a empresa PRÓ-REMÉDK
a tribunalde justiça,'Io 09ÍM0 íJ • •
PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Rio Verde/GO
Gabinete da 1* Vara Criminal
ÁvP
19/89
o acusado Danilo não sabia que ele estava recebendo dinheiro, tampouco o
depoente tinha conhecimento de que ele recebia; relatou não conhecer Cleidson;
relatou que o valor em mercadorias gue recebeu referente as notas fiscais
acostadas aos autos não se aproximam de R$ 500.000.00 (guinhentos mil
reais); por fim, disse que recebeu valores indevidos apenas uma vez e que está
arrependido por seus atos (grifei) (gravação audiovisual - f. 639).
Pois bem, não há dúvidas de que os acusados cometeram os crimes
de peculato que lhe são imputados na denúncia (três vezes).
Primeiro é possível extrair das provas produzidas no bojo desta ação
penal que o acusado Thiago Martins Conceição recebeu, indevidamente, a quantia
de RS 3.000,00 (três mil reais) para que atestasse o recebimento de mercadorias
adquiridas pela Secretaria de Saúde local em quantidade maior que a efetivamente
recebida, possibilitando, assim, que a empresa Pró-Remédios desviasse parte dos
recursos púbicos com o aumento do seu percentual de lucro.
Restou devidamente comprovado que a empresa Pró-Remédio,
operada pelos acusados Cleidson Godoy de Oliveira e Joaquim Rodrigues Oliveira
Neto, com base nas declarações falsas de Thiago Martins, substituíam os
medicamentos constantes do contrato de fornecimento de medicamentos e insumo
firmado com a Secretaria de Saúde do município de Rio Verde/GO., com a finalidade
exclusiva de lesar o erário municipal.
Por outro lado, o acusado Danilo Marques Borges, então Secretário de
Saúde à época dos fatos, seria a autoridade pública responsável^por- i i ;ü
substituições ilícitas.
O ardil utilizado pelos acusados consistia
medicamentos e insumos relacionados no contrato, objeto/de licitação ré
município, para fornecer outros medicamentos, supostamente faltantesf
Municipal, e com a operação os representantes da empresa
n tribunalde justiça.&>Q9t3ja -J-
PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Rio Verde/GOGabinete da 1J Vara Criminal
20/8
aumentavam a margem de lucro, frustrando assim, a concorrência com outras
empresas possivelmente interessadas em fornecer o medicamento ou insumo
substituto.
Isto porque, de acordo com as declarações do acusado Cleidson
Godoy de Oliveira, a margem de lucro dos produtos licitados seria em torno de 45%
(quarenta e cinco por cento), enquanto nas substituições o lucro chegaria a 100%
(cem por cento) (gravação audiovisual -f. 639).
Com isso resta evidente o desvio de dinheiro público para a conta da
empresa através do mecanismo ilícito de substituição de fornecimento de produtos
licitados por produtos não integrantes do certame licitatôrio, através do aumento
indiscriminado e discricionário da margem de lucro da empresa contratada pelo
município.
Do compulsar dos autos, é possível perceber que o referido meio de
desvio de recursos públicos foi utilizado pelos acusados em 3 (três) oportunidades,
quando o acusado Thiago Martins Conceição atestou falsamente o recebimento de
produtos constantes das notas fiscais de números 18072, 18073 e 18195 (ff.
145/146, 157/158 e 166/168, dos autos apensos) as quais relatam o recebimento,
entre outros, de 1.870 (um mil oitocentos e setenta) unidades de detergente
enzimatico (f. 147), 364.484 (trezentos e sessenta e quatro mil e quatrocentos e
oitenta e quatro) unidades de sondas uretrais n° 12, 64.000 (sessenta e quatro mil)
unidades de sondas uretrais n°. 14 e 50 (cinqüenta) unidades de sondas uretrais n°.
18 (f. 157 e 166), os quais não foram entregues em sua totalidade.
Outrossim, registro que os acusados Joaquim R
Martins confirmaram que os materiais licitados foram entregues em qua
inferiores das constantes nas notas fiscais (gravação audiovisual - f. 639);
Os documentos fiscais supracitados total
549.895,33 (quinhentos e quarenta e nove mil, oitocentos
n tribunalde justiça.do ostodo do ociAii"
21/89
PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde/GOGabinete da V Vara Criminal
trinta e três centavos) (ff. 145/168) e foram devidamente quitados pela Prefeitura
Municipal de Rio Verde, conforme documentos de ff. 150/153, 159/162 e 170/173.
Ressalto que o acusado Thiago Martins, ao ser ouvido em Juízo,
declarou que o valor em mercadorias que recebeu referente as notas fiscais
acostadas aos autos não se aproximava de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).
Quanto a alegação da defesa do acusado Cleidson Godoy de Oliveira
de que as substituições dos materiais foram feitas exclusivamente a bem da
sociedade, não resta dúvida que seu principal intuito era o lucro indevido.
Ademais, não há plausibilidade na afirmação de que houve efetiva
entrega de outros medicamentos e insumos, uma vez que restou comprovado
prejuízos à Administração Pública. Ora, é indiscutível que o mecanismo utilizado
pelos acusados gera descontrole no recebimento de mercadorias, possibilitando o
desvio de recursos que deveriam ser empregados na saúde pública local. Além
disso, o Poder Público deve zelar para o fiel cumprimento dos contratos firmados
com empresas fornecedoras de produtos e serviços, exigindo rigorosamente a
entrega dos produtos contratados e pelo preço ajustado, conforme procedimento
licitatorio. Tudo isso ocorre para evitar, justamente, condutas como as apuradas
nesta ação penal, que são ardilosamente engendradas por gestores e particulares a
fim de dificultar a fiscalização pelos órgãos de controle.
Necessário ressaltar que os acusados Danilo Marques Borges e Thiago
Martins Conceição eram funcionários públicos municipais e que tinham posse dos
valores públicos em razão de seus cargos, bem como que todos os acusados tinham
conhecimento desta condição e do caráter ilícito de suas condutas.
Acerca da apropriação pelo funcionário públ
qualquer outro bem móvel, explica Guilherme de Souza Nucç
Não se pode levar em conta unicamentepecuniariamente. Antes cumpre ter atenção, t
2 NUCCI. G. S. Código Penal comentado. 13 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais. 20
n tribunalde justiça.do oMoüg do güute
PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Rio Verde'GOGabinete da V Vara Criminal
22/89
por exemplo, um empregado de uma ferrovia estatizada vende a umpassageiro um bilhete de viajem já utilizado, está claro que o bilhete já nãotem valor. No entanto, houve peculato precisamente porque, não tendo valoro bilhete, o funcionário, ciente disto, ousou vendê-lo ao particular,considerando que tal passagem tem o mecanismo do titulo ao portador.Pouco importa que a ferrovia, provado o delito, não reembolse o passageiro,no exemplo aqui dado. Há o crime, apesar de o objeto não ter valor e aAdministração Pública não reparar o dano econômico. Há o crime porque foiviolado a confiança da Administração Pública [...].
Portanto, ainda que não comprovado o quantum total do desvio, restou
devidamente comprovada sua ocorrência, não havendo que se falar na
descaracterização do delito.
Nota-se, portanto, que os acusados participaram do desvio de valores
da Secretaria da Saúde de Rio Verde, utilizando-se para tanto das substituições dos
materiais licitados e a entrega em quantidades inferiores as devidas.
Saliento, por fim, que a conduta criminosa foi praticada por 3 (três)
vezes, conforme depoimentos dos acusados Danilo Marques Borges, Joaquim
Rodrigues Oliveira Neto e Thiago Martins Conceição (gravação audiovisual -f. 639).
Apesar da defesa dos acusados tentar descredibilizar as declarações
do acusado Danilo Marques Borges, face ao acordo de delação premiada, saliento
que suas declarações estão em consonância com as demais provas coligidas aos
autos, conforme fundamentado, não sendo usado como único elemento da
condenação, portanto respeitando a jurisprudência dos Tribunais Superiores.
Nesse sentido é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:
PENAL. PROCESSUAL PENAL. PECULATO. OPERAÇÃO GAFANHOTO.CONDENAÇÃO. DELAÇÃO PREMIADA CORROBORADA- POROUTROS ELEMENTOS DE PROVA. VALIDADE. PRECEDENTES1. As provas testemunhais, obtidas por meio de delação premiada, emconsonância com as demais provas produzidas na fase jutyqial dapersecução penal, são elementos idôneos- para subsidiecondenação do agente. Precedentes. /2. Agravo regimental não provido. /(AgRg no AREsp 422.441/RR, Rei. Ministro REYNALÜO SOAREZFONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 18/08/2015. DJe 25/08/20.15),
Borges, JoaqüAssim, as declarações dos acusados Danilo Marques B
Rodrigues Oliveira Neto e Thiago Martins Conceição (gravação audiotisàal -
Eduardo
&,6
n tribunalde justiça.
PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Rio Verde'GOGabinete da 1" Vara Criminal
23/89
somado aos demais elementos de provas constantes nos autos não deixa dúvida
acerca da autoria e materialidade delitiva.
Ademais, em relação a fatos mencionados pelo acusado Danilo
Marques Borges sobre outro esquema de desvio de recursos públicos, ressalto que
trata-se de fatos que serão apurados em ação penal diversa.
Portanto, reputo comprovada a materialidade e autoria delitivas.
Quanto a tipicidade, o art. 312, capute § 1o do Código Penal, possui a
seguinte redação:
Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bemmóvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, oudesviá-lo, em proveito próprio ou alheio. Pena - reclusão, de dois a dozeanos, e multa. [...].
§ 1o. Aplica-se a mesma pena. se o funcionário público, embora não tendo aposse do dinheiro, valor ou bem. o subtrai, ou concorre para que sejasubtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lheproporciona a qualidade de funcionário.
Guilherme de Souza Nucci3, em análise do núcleo do tipo do delito
afirma:
[...] são duas as condutas típicas previstas no caput do artigo: a) apropriar-se, que significa tomar como propriedade sua ou apossar-se. E o que sechama de peculato-apropriação; b) desviar, que significa alterar o destino oudesencaminhar. É o que se classifica como peculato-desvio [...]. O termopeculato, desde o inicio, teve o significado de furto de coisa do Estado.Conforme esclarece Fernando Henrique Mendes de Almeida, "o étimo dapalavra está em pecus, tal como em suas convizinhas pela raiz (pecus =gado) pecúnia, pecúlio, especular, e se reporta à época em que o gado foihavido como moeda. A palavra como se sabe. designou, em sua evolução, asubtração da moeda, ou metal do Fisco, até que, finalmente, passou asignificar furtos e apropriações indevidas, realizadas por prestadores decontas, bem como quaisquer fraudes em prejuízo da coisa pública
Outrossim, saliento que in casu como há concurso de pessoas, a
condição pessoal dos agentes (funcionários públicos) comunica-se aos coai\tores,porque trata-se de elementar do crime, nos termos do artigo 30 do
motivo pelo qual todos responderão pelo crime de peculato, na modal
3 NUCCI. G. S. Código Penal comentado. 13 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2013, p. 1167.
4 Ari. 30 - Nàose comunicam as circunstâncias e as condições de caráterpessoal, salvoquandoelementares\do crime
Eduardo Alva?
9
n tribunalde justiça,do oatnda.do qouIs
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1/89
A partir da comprovação da materialidade e da autoria delitivas,
verifica-se, em nível de juízo de certeza, que o tipo objetivo do art. 312, caput, e § 1o,
do Código Penal, está aperfeiçoado. Com efeito, no dia 22 de julho de 2015, neste
município e comarca, os denunciados Danilo Marques Borges e Thiago Martins
Conceição, na condição de funcionários públicos, agindo em concurso com os
denunciados Cleidson Godoy de Oliveira e Joaquim Rodrigues Oliveira Neto, todos
cientes da ilicitude de suas condutas, agindo de forma livre e consciente e com
unidade de desígnios, por 3 (três) vezes, nas mesmas condições de tempo, lugar e
maneira de execução, desviaram, em proveito próprio e alheio, valores públicos a
que tinham posse, em razão dos cargos exercidos pelos denunciados Danilo
Marques Borges e Thiago Martins Conceição.
Quanto ao elemento subjetivo do tipo, o dolo mostra-se presente, já
que os réus dirigiram de maneiras finalísticas suas vontades de desviar dinheiro
público em beneficio próprio e de terceiros.
Assim, os acusados com a intenção de desviar valores em benefício
próprio e de terceiros (conduta), agrediram (nexo causai) a Administração Pública
municipal (resultado).
Presentes todos os elementos da figura típica, verifica-se que a
conduta dos denunciados adequa-se à descrição do art. 312, caput, e § 1o do
Código Penal, concretizado o tipo em questão.
No que toca a ilicitude, leciona Francisco de Assis Toledo5, que:
"ilicitude é a relação de antagonismo que se estabelece entre uma conduta humana
voluntária e o ordenamento jurídico, de modo a causar lesão ou expor a perigo de
lesão um bem jurídico tutelado".
Como inexistem justificantes das condutas dos acusados, consic
presente o elemento antijuridicidade do delito.
5 TOLEDO. F. A. Princípios Básicos de Direito Penal. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1994, p. 16
n tribunalde justiça,do oMfltfo dn goiâs
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2/89
Na seqüência, Eugênio Raul Zaffaroni e José Henrique Perangeli6
trazem a definição de culpabilidade:
um injusto, islo é, uma conduta típica e antijuridica, é culpável quando éreprovável ao autor a realização desta conduta porque não se motivou nanorma, sendo-lhe exigivel, nas circunstâncias em que agiu, que nela semotivasse. Ao não ter se motivado na norma, quando podia e lhe eraexigivel que o fizesse, o autor mostra uma disposição interna contrária aodireito.
Os réus eram imputáveis, pois, quando da realização de suas
condutas, contavam com mais de 18 (dezoito) anos e, além disso, possuíam
capacidade de entender a ilicitude dos fatos e de determinarem-se de acordo com
esse entendimento.
Portanto, após verificar a inexistência de exculpantes, reputo
aperfeiçoado o elemento culpabilidade do crime.
Assim, comprovada a existência de todos os elementos do crime, é
indubitável que os acusados praticaram o tipo penal descrito no art. 312, caput, e §
1o, do Código Penal.
2.1.1. Da continuidade delitiva do crime de peculato (art. 312, caput, do Código
Penal).
Em atenção à capitulação jurídica esboçada na inicial acusatória,
entendo conveniente o reconhecimento da continuidade delitiva, na sua forma
simples, prescrita no caput do art. 71 do Código Penal:
Art. 71. Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, praticadois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas mesmas condições detempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, \devem ossubsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplioa-se-lhe apena de um só dos crimes, se idênticas, ou a ,mais grave, se\diversas,aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
Como é cediço, a continuidade delitiva é uma ficção juridic^ que .
beneficia o agente, segundo a qual, vários delitos cometidos são ent
desdobramento do primeiro, preenchidos os requisitos legais.
GZAFFARONI, E. R; PERANGELI. J. H.. Manual de Direito Penal. 1a Ed. São Paulo: RT, 1â97. p. 603.
,Eduardo Alvareà.de OliveijJuiz do Direií
tribunalde justiça.
PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Rio Verde/GO
Gabinete da 1o Vara Criminal
Nessa trilha de intelecçao, o Superior Tribunal de Justiça consolidou o
entendimento no sentido de que, para restar caracterizada a continuidade deíitiva,
além dos requisitos de ordem objetiva, é necessária a demonstração da unidade de
desígnios. Senão vejamos:
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL.
DESCABIMENTO. ROUBO MAJORADO. 1. CAUSAS DE AUMENTO.CONCURSO DE AGENTES E EMPREGO DE ARMA. DOSIMETRIA.
FRAÇÃO ELEITA DE 2/5. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. SÚMULA 443,DO STJ. 2. CONTINUIDADE DELITIVA. REQUISITOS DO ART. 71, DO CP.NÃO PREENCHIDOS. NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. VIAIMPRÓPRIA.[...]3. O entendimento desta Corte é no sentido de que para a caracterização dacontinuidade deíitiva é imprescindivel o preenchimento dos requisitosobjetivos (mesmas condições de tempo, espaço e modus operandi) esubjetivo (unidade de desígnios).
[•••](HC 292.875/AL, Rei. Ministro MOURA RIBEIRO. QUINTA TURMA, julgadoem 10/06/2014, DJe 17/06/2014). (grifei)
HABEAS CORPUS. PENAL. ROUBOS CIRCUNSTANCIADOS. PLEITO DERECONHECIMENTO DA CONTINUIDADE DELITIVA. IMPOSSIBILIDADE.
DESÍGNIOS AUTÔNOMOS. REEXAME DE PROVA. IMPROPRIEDADE DAVIA ELEITA. PRECEDENTES. ORDEM DE HABEAS CORPUSDENEGADA.
1. Para a caracterização da continuidade deíitiva. exige-se, além dacomprovação dos requisitos objetivos, a unidade de desígnios, ou seja, oliame volitivo entre os delitos, a demonstrar que os atos criminosos se
apresentam entrelaçados, que a conduta posterior constitui umdesdobramento da anterior. Precedentes.
[...]4. Ordem de habeas corpus denegada. (HC 206.108/RJ, Rei. MinistraLaurila Vaz, Quinta Turma, julgado em 04/12/2012, DJe 11/12/2012).(grifei).
No mesmo sentido, ainda, o seguinte julgado do Supremo Tribunal
Federal:
HABEAS CORPUS. CRIME CONTINUADO. CARACTERIZAÇÃO^.1. A continuidade deíitiva (CP. art. 71) não pode prescindir dos requisitos''
objetivos (mesmas condições de tempo, lugar e/maneira de Wecücão) esubjetivo (unidade de desígnios). I V \2. Impossibilidade de reexame, na via do habeas corpus, dos eleVientos deprova que o acórdão impugnado levou em consideração para riãp\admiUr acontinuidade. Precedentes. / ^-^3. RHC improvido (STF, RHC 85.577/RJ, 2a Turma, Rei. MnJEIIèn\< ;DJ de 02/09/2005). (grifei)
Pois bem, verifica-se que a continuidadev deíitiva cemanaa
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4/89
preenchimento cumulativo dos requisitos objetivos e subjetivos, à luz da teoria mista.
Nesse prisma, verifico rigorosamente implementados todos os requisitos objetivos
indispensáveis à configuração do crime continuado, uma vez que os denunciados,
mediante mais de uma ação, praticaram 3 (três) crimes de peculato (delitos da
mesma espécie); nas mesmas condições de tempo e lugar (com um curto
espaçamento de tempo entre as ações delituosas); assim como a forma de
execução - modus operandi - foi similar para as empreitadas criminosas.
Também identifiquei, na espécie, a presença do elemento subjetivo
exigido para o reconhecimento da continuidade deíitiva, isto é, o liame subjetivo
entre as condutas, eis que o segundo e o terceiro crime de peculato foram,
inexoravelmente, um desdobramento do primeiro.
Em arremate, consoante sedimentado doutrinária e
junsprudencialmente, o quantum de aumento no crime continuado deve ter como
parâmetro o número de infrações criminais praticadas, ou seja, a quantidade de
resultados obtidos pelo agente.
de Justiça:
A propósito, colacionado a seguinte jurisprudência do Superior Tribunal
RECURSO ESPECIAL. PENAL. CRIMES DE USURA E CONTRA O
PATRIMÔNIO. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O ART. 345 DO CÓDIGOPENAL. IMPOSSIBILIDADE. PRETENSÃO DEVE SER LEGÍTIMA.CONTINUIDADE DELITIVA. TRÊS DELITOS. APLICAÇÃO DOPERCENTUAL DE 1/5.
[•••].3. É pacifica a jurisprudência desta Corte ao dizer que o aumento de penapela continuidade deíitiva deve levar em conta somente (fNnúmero deinfrações, sendo que esta Corte tem considerado correta a-ex'acétààção..dapena em 1/5 (um quinto), em virtude de reconhecimento de ^ontinuidacf*deíitiva, na prática de 03 (três) delitos.4. Recurso parcialmente provido.(7?Esp 1101831/RJ, Rei. Ministra LAHRITAVAZ, QUINTA TURMA, julgado em 16/04/2009, CÚe 11/05/2009). (Grifei),
A partir de tais ponderações, posto não seja /lima regra /absojuta, bs
Tribunais Superiores têm adotado o seguinte critério no que se refere aoxVimecontinuado: 02 (dois) crimes = aumento de 1/6 (um sexto) da pena; 0
= aumento de 1/5 (um quinto) da pena; 04 (quatro) crimes = aumen
Eduardo Alva.raS\de OliveinWi^tíe Diroifi
n tribunalde justiça,ttri*»6vJ!)üii QfliAs
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quarto) da pena; 05 (cinco) crimes = aumento de 1/3 (um terço) da pena; 06 (seis)
crimes = aumento de V2 (metade) da pena e 07 (sete) ou mais crimes = aumento de
2/3 (dois terços) da pena.
Portanto, considerando o número de infrações praticadas em
continuidade deíitiva (três), reputo suficiente o aumento da pena dos denunciados
em 1/5 (um quinto).
2.2. Do crime tipificado no artigo 317, caput, do Código Penal, imputado a
Thiago Martins Conceição.
No que tange à materialidade deíitiva, esta resulta consubstanciada
de forma especial pelas notas fiscais acostadas às ff. 07/11, 16/17, 30/31 e 36/37,
comprovantes de TED às ff. 06,18 e 25, notas de pagamento e liquidação às ff. 26,
27/29 e 39/43, autorização de entrega às ff. 34/35, termo de interrogatório às ff.
81/83, auto de inspeção às ff. 86/91, documentos de ff. 92/172. termos de
declaração e depoimento acostados às ff. 173. 174 e 182/184, todos do P.I.C n°.
26/2015, volume I, apenso; ordem de fornecimento à f. 220, arquivos de
movimentação de produtos às ff. 237/247, termos de interrogatórios às ff. 251/252,
317/318 e 344/345, pedidos às ff. 256/271 e 273/306, declaração de entrega à f.
272, termos de declaração às ff. 313/315 e relatório conclusivo às ff. 351/360, todos
do P.I.C n°. 26/2015, volume II, apenso; documentos Auxiliares da Nota Fiscal
Eletrônica - DANFE's às ff. 124, 126 e 127/128, autorizações de entrega às ff.
143/144, notas de liquidação às ff. 150, 151 e 170/171, ata de registro de preço às ff.
180/190 e contrato de ff. 222/227, todos do P.I.C n°. 26/2015 - Atena n°.
201500401493, volume I, apenso; auto circunstanciado de busca e apreensão às ff.
241/242, notas fiscais de ff. 245/259 e 264, autorizações de enjrega às ff. 320/325 e
contratos de ff. 337/344. 331 e 336, todos do P.I.C n0./26/2015 -, Attena n°.
circunstanciado de busca e apreensão às ff. 94/96, 126, 13: /134e 144
201500401493, volume II, apenso; termo de interrogatório às ff. 89; \19p/1v91,
192/193, 195/197, 199/202, 206/207 e 216/217, notas fiscais às ff. 91 e 93;v
Eduardo AlvH'e"S de Olivéufòde 1
n tribunalde justiça,
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6/89
de entrega às ff. 98/99 e termos de declaração às ff. 208/209 e 211/212, todos dos
autos da cautelar inominada criminal apensa; termo de acordo de colaboração
premiada às ff. 05/19, dos autos de cautelar inominada criminal, 3o volume, apensa
aos presentes autos, bem como pela prova oral produzida sob o crivo do
contraditório e da ampla defesa (gravação audiovisual - f. 639)
No tocante à autoria esta é induvidosa e recai sobre o acusado
Thiago Martins Conceição.
Ouvidas em Juízo, as testemunhas Izael Fontoura Martins Júnior,
Karla Cristina dos Santos Fernandes Freitas, Silvana Domingos dos Santos,
Letícia Rosa e Silva, Leoete Camila S. Faria e Fernando Duarte Cabral, não
acrescentaram nenhuma informação relevante acerca do delito apurado (gravação
audiovisual - f. 639).
A testemunha Seridalva dos Santos Marques, ouvida em Juízo,
informou que conhece Thiago Martins Conceição e que desconhece algum fato que
desabone a pessoa do acusado (gravação audiovisual - f. 639).
O acusado Joaquim Rodrigues de Oliveira Neto, ouvido sob o crivo
do contraditório e da ampla defesa, confessou ter entregue R$ 3.000.00 (três mil
reais) de vantagem indevida ao acusado Thiago a mando do acusado Cleidson;
disse que o dinheiro teria sido entregue para gue Thiago atestasse falsamente
o recebimento de mercadorias e fizesse as trocas, mas que pelas condições do
município não foi possível; negou ter efetuado pagamentos anteriores ao acusado
Thiago e que naquela oportunidade o fez a mando de Cleidson, pois'comi àxtroca.mercadorias o lucro da empresa era maior (grifei) (gravação audiovisual -
Na mesma fase processual, o acusado Thiago MartinsrCpconfessou ter recebido a guantia de R$ 3.000,00 (três mil reais) o/é J
em contrapartida tendo atestado o recebimento dos «Lmateriais! listadosXnàs
notas números 18072. 18075 e 18195; relatou que haviam lhe prometid
Eduardo Alvar
n tribunalde justiça_0JO5li'ClQ d' ;
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10.000,00 (dez mil) reais, contudo, só entregaram o valor de RS 3.000,00 (três mil)
reais; confessa ter atestado o recebimento de mercadorias gue não recebeu e
gue acredita que este dinheiro que recebeu era para fazer isto; relatou que o
valor em mercadorias que recebeu referente as notas fiscais acostadas aos autos
não se aproximam de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais); por fim, disse que
recebeu valores indevidos apenas uma vez e que está arrependido por seus atos
{grifei) (gravação audiovisual - f. 639).
Pois bem, diante das declarações do acusado Joaquim Rodrigues
Oliveira Neto e da confissão do acusado Thiago Martins Conceição não resta dúvida
que ele cometeu o crime de corrupção passiva imputado na denúncia.
Conforme relatado em Juízo pelo acusado Thiago Martins Conceição,
houve o recebimento direto de vantagem indevida, em razão da sua função, para
praticar ato ilícito, contrário aos deveres funcionais, visto que recebeu R$ 3.000,00
(três mil reais) para atestar falsamente o recebimento de medicamentos e materiais
hospitalares em quantidade e valor inferiores ao devido, em razão do cargo de chefe
de almoxarifado que exercia a época dos fatos (gravação audiovisual - f. 639).
Ressalto que Thiago ao ser ouvido em Juízo, declarou que o valor em
mercadorias que recebeu referente as notas fiscais acostadas aos autos não se
aproximava de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).
Conforme já mencionado na análise do primeiro crime, as notas fiscais
de que se faz referência são as de números 18072, 18073 e 18195, /acostadas
respectivamente àsff. 145/146, 157/158 e 166/168.
Os documentos fiscais supracitados totalizam
549.895,33 (quinhentos e quarenta e nove mil, oitocentos e noventa e cinc
trinta e três centavos) (ff. 145/168) e foram devidamente quitadas pela Pr
Municipal de Rio Verde, conforme documentos de ff. 150/153/159/162
Ressalto que o recebimento dos materiais foram , devidamé
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atestados pelo acusado Thiago Martins Conceição (ff. 146, 148, 158 e 167).
Assim, a declaração do acusado Joaquim Rodrigues Oliveira Neto
(gravação audiovisual - f. 639), somado a confissão do acusado Thiago Martins
Conceição e aos demais elementos de provas constantes nos autos não deixa
dúvida acerca da autoria e materialidade deíitiva.
Portanto, reputo comprovada a materialidade e autoria delitivas.
Quanto a tipicidade, o art. 317, caput, do Código Penal, possui a
seguinte redação:
Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ouindiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas emrazão dela. vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos. e multa.
Guilherme de Souza Nucci7, em análise do núcleo do tipo do delito
afirma:
[...] solicitar significa pedir ou requerer; receber quer dizer aceitar empagamento ou simplesmente aceitar algo. A segunda parte do tio penalprevê a conduta de aceitar promessa, isto é, consentir em receber dádivafutura. Classifica a doutrina como corrupção própria a solicitação,recebimento ou aceitação de promessa de vantagem indevida para a práticade ato ilícito, contrário aos deveres funcionais, bem como de corrupçãoimprópria, quando a prática se refere a ato lícito, inerente aos deveresimpostos pelo cargo ou função[...].
A partir da comprovação da materialidade e da autoria delitivas,
verifica-se, em nível de juízo de certeza, que o tipo objetivo do art. 317, caput, do
Código Penal, está aperfeiçoado. Com efeito, entre os meses de setembro e outubro
do ano de 2015, neste município e comarca, o denunciado Thiago Martins
Conceição, ciente da ilicitude de sua conduta e agindo de forma livre e^consciente,
recebeu, para si, diretamente, em razão da função pública que e*ércia\\vantagemindevida consistente no valor de RS 3.000,00 (três mil/reais),
conseqüência da vantagem, praticado ato de ofício infringindo dever/fj.atestar o recebimento de produtos hospitalares, no almoxarifado
Municipal de Saúde de Rio Verde, em valores e quantidades inferiores éo
7 NUCCI. G. S. Código Penal comentado. 13 ed. São Paulo: Revistados Tribunais, 2013Xp. 1182.
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Gabinete da t* Vara Criminal
9/89
Quanto ao elemento subjetivo do tipo, o dolo mostra-se presente, já
que o réu dirigiu de maneira finalística sua vontade de receber, para si, diretamente
e em razão de sua função, vantagem indevida.
Assim, o acusado com a intenção de receber para si, diretamente e em
razão de sua função, vantagem indevida (conduta), agrediu (nexo causai) a
Administração Pública municipal (resultado).
Presentes todos os elementos da figura típica, verifica-se que a
conduta do denunciado adequa-se à descrição do art. 317, caput, do Código Penal,
concretizado o tipo em questão.
No que toca a ilicitude, leciona Francisco de Assis Toledo6, que:
"ilicitude é a relação de antagonismo que se estabelece entre uma conduta humana
voluntária e o ordenamento jurídico, de modo a causar lesão ou expor a perigo de
lesão um bem jurídico tutelado".
Como inexistem justificantes das condutas dos acusados, considero
presente o elemento antijuridicidade do delito.
Na seqüência, Eugênio Raul Zaffaroni e José Henrique Perangeli9
trazem a definição de culpabilidade:
um injusto, isto é, uma conduta típica e antijuridica, é culpável quando éreprovável ao autor a realização desta conduta porque não se motivou nanorma, sendo-lhe exigivel, nas circunstâncias em que agiu, que nela semotivasse. Ao não ter se motivado na norma, quando podia e lhe eraexigivel que o fizesse, o autor mostra uma disposição interna contrária aodireito.
O réu era imputável, pois, quando da realização/de sualcpndutaTcontava com mais de 18 (dezoito) anos e, além disso, possuía capacic
entender a ilicitude dos fatos e de determinar-se de acordo com esse entendi
Portanto, após verificar a inexistência de
aperfeiçoado o elemento culpabilidade do crime.
8TOLEDO, F. A. Princípios Básicos de Direito Penal. 5. ed. São Paulo: Saraiva. 1994. p.9 ZAFFARONI. E. R; PERANGELI, J. H. Manual de Direito Penal. 1° Ed. São Paulo: RT. 1997
tribunalde justiça_
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Assim, comprovada a existência de todos os elementos do crime, certo
que o acusado praticou o tipo penal descrito no art. 317, caput, do Código Penal.
2.2.1. Da causa de aumento de pena prevista no § 1o, do artigo 317, do Código
Penal.
Prevê o § 1o, do artigo 317, do Código Penal, in litteris que: "A pena é
aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o
funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de oficio ou o pratica infringindo
dever funcional".
Nota-se que in casu o acusado Thiago Martins Conceição praticou ato
infringindo o dever funcional, uma vez que atestou o recebimento de medicamentos
e materiais hospitalares em quantidade e valor inferiores ao recebido.
Portanto, deve ser reconhecida a causa de aumento de 1/3 (um terço)
prevista no § 1o, do artigo 317, do Código Penal, em desfavor do acusado Thiago
Martins Conceição.
2.3. Do crime tipificado no artigo 333, caput, do Código Penal, imputado a
Joaquim Rodrigues de Oliveira Neto e Cleidson Godoy de Oliveira.
No que tange à materialidade deíitiva, esta resulta consubstanciada
de forma especial pelas notas fiscais acostadas às ff. 07/11, 16/17, 30/31 e 36/37,
comprovantes de TED às ff. 06,18 e 25, notas de pagamento e liquidação às ff. 26,
27/29 e 39/43, autorização de entrega às ff. 34/35, termo de interrogatório às ff.
81/83, auto de inspeção às ff. 86/91, documentos de ff. 92/172, termos de
declaração e depoimento acostados às ff. 173. 174 e 182/184,,todos do R.I.C n°.
26/2015, volume I, apenso; ordem de fornecimento à f/220, arquivos\de
movimentação de produtos às ff. 237/247, termos de interrogatórios às^ff. 251^252,317/318 e 344/345, pedidos às ff. 256/271 e 273/306, declaração de1 entrega272, termos de declaração ás ff. 313/315 e relatório conclusivo às ff. 35'
do P.I.C n°. 26/2015, volume II, apenso; documentos Auxlliares d
n tribunalde justiça,...
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Eletrônica - DANFE's às ff. 124, 126 e 127/128, autorizações de entrega às ff.
143/144, notas de liquidação às ff. 150, 151 e 170/171, ata de registro de preço àsff.
180/190 e contrato de ff. 222/227, todos do P.I.C n°. 26/2015 - Atena n°.
201500401493, volume I, apenso; auto circunstanciado de busca e apreensão às ff.
241/242, notas fiscais de ff. 245/259 e 264, autorizações de entrega às ff. 320/325 e
contratos de ff. 337/344. 331 e 336, todos do P.I.C n°. 26/2015 - Atena n°.
201500401493, volume II, apenso; termo de interrogatório às ff. 89, 190/191,
192/193, 195/197, 199/202, 206/207 e 216/217, notas fiscais às ff. 92 e 93, auto
circunstanciado de busca e apreensão às ff. 94/96, 126, 133/134 e 144, autorização
de entrega às ff. 98/99 e termos de declaração às ff. 208/209 e 211/212, todos dos
autos da cautelar inominada criminal apensa; termo de acordo de colaboração
premiada às ff. 05/19, dos autos de cautelar inominada criminal, 3o volume, apensa
aos presentes autos, bem como pela prova oral produzida sob o crivo do
contraditório e da ampla defesa (gravação audiovisual - f. 639).
No tocante à autoria esta é induvidosa e recai sobre os acusados
Cleidson Godoy de Oliveira e Joaquim Rodrigues Oliveira Neto.
Ouvidas em Juízo, as testemunhas Izael Fontoura Martins Júnior,
Karla Cristina dos Santos Fernandes Freitas, Silvana Domingos dos Santos,
Letícia Rosa e Silva, Leoete Camila S. Faria e Fernando Duarte Cabral não
acrescentaram nenhuma informação relevante acerca do delito apurado (gravação
audiovisual - f. 639).
A testemunha Nilton Franco Alves Júnior, ouvido em Juízo, declarou
que conhece Joaquim Rodrigues de Oliveira Neto e não sabe de nefíiíurrffato que
desabone a sua pessoa (gravação audiovisual - f. 639).
O acusado Cleidson Godoy de Oliveira, ouvido sob77\Vcontraditório e da ampla defesa, negou as imputações que lhe foram afeitas:
declarou que os produtos que não foram entregues foram substituídos, consilti
o valor total da nota fiscal; disse que o controle de entregas era\ feito em\^
Eduardo Alvare^-de OliveiríJuiz de Direi
tribunalde justiça.00 eslsc I J'.' t.
12/8'
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empresa por Joaquim e que ao entregarem as mercadorias ou fazerem as
substituições pegavam comprovantes de recebimento e geravam a nota fiscal do
valor total; declarou que as substituições eram autorizadas pela Secretaria Municipal
da Saúde; negou ter pago ao acusado Thiago qualquer valor indevido; esclareceu
que Joaquim não era responsável pela parte financeira da empresa; declarou que
Joaquim era comprador, mas que em Rio Verde ele também trabalhava com a parte
de vendas, respondendo diretamente ao interrogando; afirmou ter ciência de todas
as substituições de materiais; disse que Joaquim não teria o poder de retirar valores
da empresa para repassar a entes públicos sem a sua anuência; negou pagar
qualquer quantia de comissão a funcionários públicos; negou haver qualquer acordo
entre ele e os demais acusados para auferir lucros e que a finalidade das
substituições era a suprir as necessidades emergenciais das unidades; por fim,
disse que caso haja algum prejuízo à Administração Pública está disposto a
indenizar (grifei) (gravação audiovisual - f. 639).
O acusado Joaquim Rodrigues de Oliveira Neto, ouvido sob o crivo
do contraditório e da ampla defesa, confessou ter entregue R$ 3.000,00 (três mil
reais) de vantagem indevida ao acusado Thiago a mando do acusado Cleidson;
disse que o dinheiro teria sido entregue para gue Thiago atestasse falsamente
o recebimento de mercadorias e fizesse as trocas, mas que pelas condições do
município não foi possível; negou ter efetuado pagamentos anteriores ao acusado
Thiago e que naquela oportunidade o fez a mando de Cleidson, pois com a troca de
mercadorias o lucro da empresa era maior; contou que apenas a nota fiscal no
valor de R$ 136.000,00 (cento e trinta e seis mil reiais) foi entregue na totalidade,
tendo nas outras notas, em que estão listados o detergente enzimáticope-a sonda
uretral, havido a substituição dos produtos; disse que ao acusado Thiago foi
oferecida vantagem ilícita para gue ele aceitasse fazer as trocas dos produtos;
esclareceu que conversou com Cleidson dizendo que Thiago estava
precisando de dinheiro e que foi ele quem disse quanto dinheiro era para
oferecer; declarou não haver acordo entre os acusados para auferir
(gravação audiovisual - f. 639).
fl tribunalde justiça.
13/89
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Na mesma fase processual, o acusado Thiago Martins Conceição,
confessou ter recebido a quantia de R$ 3.000.00 (três mil reais) de Joaguim.
em contrapartida tendo atestado o recebimento dos materiais listados nas
notas números 18072. 18075 e 18195: relatou que haviam lhe prometido R$
10.000,00 (dez mil) reais, contudo, só entregaram o valor de R$ 3.000,00 (três mil)
reais; confessa ter atestado o recebimento de mercadorias gue não recebeu e
que acredita que este dinheiro que recebeu era para fazer isto: relatou que o
valor em mercadorias que recebeu referente as notas fiscais acostadas aos autos
não se aproximam de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais); por fim, disse que
recebeu valores indevidos apenas uma vez e que está arrependido por seus atos
(gravação audiovisual - f. 639).
Pois bem, inicialmente saliento que não há dúvidas de que os
acusados Cleidson Godoy de Oliveira e Joaquim Rodrigues Oliveira Neto
cometeram o crime de corrupção ativa imputado na denúncia.
Conforme confessado em Juízo pelo acusado Joaquim Rodrigues
Oliveira Neto, houve o oferecimento de vantagem indevida ao acusado Thiago a
mando do acusado Cleidson, visando que Thiago atestasse falsamente o
recebimento de mercadorias no almoxarifado da Secretaria Municipal de Saúde de
Rio Verde (gravação audiovisual - f. 639).
O acusado Thiago Martins Conceição confessou que lhe foi oferecida
vantagem indevida pelo acusado Joaquim Rodrigues de Oliveira Neto, para
determiná-lo a atestar falsamente o recebimento de materiais hospitalares (gravação
audiovisual - f. 639).
Em que pese o acusado Cleidson Godoy de fi
oferecido ou prometido vantagem ilícita a funcionários públicos/
falsamente o recebimento de mercadoria, ele afirmou que o/acusado Joac
poderia fazê-lo sem seu conhecimento e consentimento (gravação aupiovist639).
n tribunalde justiça.
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Ademais, o acusado Joaquim afirmou que quem ordenou o valor a ser
oferecido a Thiago foi o acusado Cleidson (gravação audiovisual - f. 639).
Portanto, ainda que o acusado Cleidson Godoy de Oliveira tenha
negado a autoria deíitiva, as declarações dos acusados Joaquim Rodrigues Oliveira
Neto e Thiago Martins Conceição não deixam dúvidas acerca da ocorrência do delito
e de sua autoria.
Portanto, reputo comprovada a materialidade e autoria delitivas.
Quanto a tipicidade, o art. 333, caput, do Código Penal, possui a
seguinte redação: "Art. 333. Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário
público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: Pena - reclusão,
de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa".
Guilherme de Souza Nucci10, em análise do núcleo do tipo do delito
afirma:
[...] oferecer (propor ou apresentar para que seja aceito) ou prometer(obrigar-se a dar algo a alguém), cujo objeto é vantagem, conjuga-se comdeterminar (prescrever ou estabelecer) a praticar (executar ou lavar aefeito), omitir (não fazer) ou retardar (atrasar), cujo objeto é ato de ofício.Portanto, se alguém, exemplificando, propõe vantagem a um funcionáriopúblico, levando-o a executar um ato que é sua obrigação, comete o delitoprevisto nesse artigo. A consumação se dá por ocasião do oferecimento ouda promessa, independentemente da efetiva entrega [...].
A partir da comprovação da materialidade e da autoria delitivas,
verifica-se, em nível de juizo de certeza, que o tipo objetivo do art. 333, caput, do
Código Penal, está aperfeiçoado. Com efeito, em meados do ano de 2015, neste
município e comarca, os denunciados Cleidson Godoy de Oliveira e Joaquim
Rodrigues Oliveira Neto, cientes da ilicitude de suas condutas, agjndo deforma livree consciente e com unidade de desígnios, ofereceram /vantagem\ indevida,
consistente no pagamento do valor de R$ 10.000,00 (dez mil/eais) a ThiagConceição, na condição de funcionário público, para determiná-lo a praticar'
I / \.oficio, consistente no atestado de recebimento de produtos hosptalare
10 NUCCI. G. S. Código Penal comentado 13 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2013. p. 1221.
Edírardo
tribunalde justiça_
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Gabinete da 1° Vara Criminal
15/8!
almoxarifado da Secretaria Municipal de Saúde de Rio Verde, em valores e
quantidades inferiores ao devido, tendo o denunciado Thiago, de fato, praticado o
referido ato de ofício, infringindo o dever funcional.
Quanto ao elemento subjetivo do tipo, o dolo mostra-se presente, já
que os réus dirigiram de maneiras finalísticas suas vontades de fazer o funcionário
público Thiago praticar ato de ofício.
Assim, os acusados com a intenção de oferecer vantagem indevida a
funcionário público, para determiná-lo a praticar ato de ofício (conduta), agrediram
(nexo causai) a Administração Pública municipal (resultado).
Presentes todos os elementos da figura típica, verifica-se que a
conduta dos denunciados adequa-se à descrição do art. 333, caput, do Código
Penal, concretizado o tipo em questão.
No que toca a ilicitude, leciona Francisco de Assis Toledo", que:
"ilicitude é a relação de antagonismo que se estabelece entre uma conduta humana
voluntária e o ordenamento jurídico, de modo a causar lesão ou expor a perigo de
lesão um bem jurídico tutelado".
Como inexistem justificantes das condutas dos acusados, considero
presente o elemento antijuridicidade do delito.
Na seqüência, Eugênio Raul Zaffaroni e José Henrique Perangeli12
trazem a definição de culpabilidade:
um injusto, isto é, uma conduta típica e antijurídica, é.Gulpávet quando éreprovável ao autor a realização desta conduta porque nãó se motivocKnanorma, sendo-lhe exigivel, nas circunstâncias em''que agiu, que nela semotivasse. Ao não ter se motivado na norma/quando poqiaNe lhe eraexigivel que o fizesse, o autor mostra uma disposição interna\contrária aodireito. / /-^
sua:Os réus eram imputáveis, pois, quando
condutas, contavam com mais de 18 (dezoito) anos e,
a realização
além diss
11 TOLEDO. F. A. Princípios Básicos de Direito Penal. 5. ed. São Paulo: Saraiva. 1994. b. 163.12 ZAFFARONI. E. R: PERANGELI, J. H. Manual de Direito Penal. 1* Ed. São Paulo: RT, T097, p. 603.
n tribunalde justiça,••.•:•::
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Comarca de Rio Verde'GO
Gabinete da 1" Vara Criminai
16/89
capacidade de entender a ilicitude dos fatos e de determinarem-se de acordo com
esse entendimento.
Portanto, após verificar a inexistência de exculpantes, reputo
aperfeiçoado o elemento culpabilidade do crime.
Assim, comprovada a existência de todos os elementos do crime, certo
que os acusados praticaram o tipo penal descrito no art. 333, caput, do Código
Penal.
2.3.1. Da causa de aumento de pena prevista no parágrafo único, do artigo 333.
do Código Penal.
Prevê o parágrafo único, do artigo 333, do Código Penal, in litteris que:
"A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o
funcionário retarda ou omite ato de oficio, ou o pratica infringindo dever funcional".
Nota-se que in casu o acusado Thiago Martins Conceição, face a
promessa de vantagem ilícita, praticou ato infringindo o dever funcional, uma vez
que atestou o recebimento de medicamentos e produtos em quantidade e valor
inferiores ao recebido.
Portanto, deve ser reconhecida a causa de aumento de 1/3 (um terço)
prevista no parágrafo único, do artigo 333, do Código Penal, em desfavor dos
acusados Cleidson Godoy de Oliveira e Joaquim Rodrigues Oliveira Neto.
2.4. Do tipo penal descrito no artigo 2o, caput, da Lei n°. 12.850/2013, imputado
aos acusados Cleidson Godoy de Oliveira, Danilo Marques Borges, Joaquim
Rodrigues Oliveira Neto e Thiago Martins Conceição.
No que tange à materialidade deíitiva, está resulta consubstanciada
de forma especial pelas notas fiscais acostadas às ff.
comprovantes de TED às ff. 06,18 e 25, notas de paga
27/29 e 39/43, autorização de entrega às ff. 34/35, te
n tribunalde justiça,I ;
17/8
PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde/GOGabinete da '•' Vara Criminal
81/83, auto de inspeção às ff. 86/91, documentos de ff. 92/172, termos de
declaração e depoimento acostados às ff. 173. 174 e 182/184, todos do P.I.C n°.
26/2015, volume I, apenso; ordem de fornecimento à f. 220, arquivos de
movimentação de produtos às ff. 237/247, termos de interrogatórios às ff. 251/252,
317/318 e 344/345, pedidos às ff. 256/271 e 273/306, declaração de entrega à f.
272, termos de declaração às ff. 313/315 e relatório conclusivo às ff. 351/360, todos
do P.I.C n°. 26/2015, volume II, apenso; documentos Auxiliares da Nota Fiscal
Eletrônica - DANFE's às ff. 124, 126 e 127/128, autorizações de entrega às ff.
143/144, notas de liquidação às ff. 150, 151 e 170/171, ata de registro de preço às ff.
180/190 e contrato de ff. 222/227, todos do P.I.C n°. 26/2015 - Atena n°.
201500401493, volume I. apenso; auto circunstanciado de busca e apreensão às ff.
241/242, notas fiscais de ff. 245/259 e 264, autorizações de entrega às ff. 320/325 e
contratos de ff. 337/344, 331 e 336, todos do P.I.C n°. 26/2015 - Atena n°.
201500401493, volume II. apenso; termo de interrogatório às ff. 89, 190/191,
192/193, 195/197, 199/202, 206/207 e 216/217, notas fiscais ás ff. 92 e 93, auto
circunstanciado de busca e apreensão às ff. 94/96, 126, 133/134 e 144, autorização
de entrega às ff. 98/99 e termos de declaração às ff. 208/209 e 211/212, todos dos
autos da cautelar inominada criminal apensa; termo de acordo de colaboração
premiada às ff. 05/19, dos autos de cautelar inominada criminal, 3o volume, apensa
aos presentes autos, bem como pela prova oral produzida sob o crivo do
contraditório e da ampla defesa (gravação audiovisual - f. 639).
No tocante á autoria esta é induvidosa e recai sobre os acusados
Cleidson Godoy de Oliveira, Danilo Marques Borges, Joaquim Rodrigues Oliveira
Neto e Thiago Martins Conceição.
Ouvidas em Juízo, as testemunhas Izael Fontou
Karla Cristina dos Santos Fernandes Freitas, Silvana Domingos
Letícia Rosa e Silva, Leoete Camila S. Faria e Fernando Duart
acrescentaram nenhuma informação relevante acerca do d
audiovisual - f. 639).
n tribunalde justiça.(1d 'jM.tdo Uu (J0i<i5
18/89
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Gabinete da 1J Vara Criminal
Na mesma fase processual, as testemunhas Seridalva dos Santos
Marques e Elias Freire de Oliveira informaram que conhece Thiago Martins
Conceição e que desconhece qualquer fato que possa macular a sua reputação
(gravação audiovisual -f. 639).
Em interrogatório judicial, o acusado Danilo Marques Borges
confessou a autoria deíitiva, ratificando em todos os termos as declarações dadas no
termo de delação premiada; declarou que foi convidado para ser Secretário
Municipal de Saúde e iniciou suas atividades no dia 7 de abril de 2015: contou
que um amigo em comum lhe apresentou o acusado Joaquim; disse que o
acusado Joaquim lhe ofereceu vantagem ilícita e que inicialmente não aceitou;
narrou que foi chamado ao gabinete do prefeito e foi informado que teria que
organizar uma maneira de repassar uma certa quantidade de dinheiro por semana
através da Secretaria Municipal de Saúde; relatou que como Joaquim havia lhe
procurado, acreditou que esta seria a maneira de conseguir esses valores;
esclareceu que após negociação e acerto de Joaquim com seu superior Cleidson,
ficou acordado que lhe repassariam uma margem de 10% (dez por cento) em cima
das notas fiscais, tendo esses valores sido repassados em três oportunidades;
contou gue referente aos documentos fiscais (DANFE) de números 18072.
18075 e 18195, tinha ciência de que os materiais estavam sendo substituídos e
que nem todos foram entregues, sendo gue alguns foram substituídos e outros
entregues em guantidades inferiores; disse que guem fazia o controle da
entrega dos materiais era Thiago. bem como gue Thiago, Joaquim e Letícia se
reuniram e lhe informaram que alguns materiais haviam sido entregues, outros
substituídos e haviam materiais ainda a receber; disse que foi ele quem
ordenou as substituições dos materiais listados das notas fiscais^deXnúmeros
18072, 18075 e 18195; contou que os valores que lhe repassariam\seriamdescontados em futuras licitações, mas que não controlou se efetivamente! òs R$
600.000,00 (seiscentos mil reais) em materiais foram entregues; airmouNracconhecimento de que Thiago recebeu propina, bem como pue nunca ordenou fque ele atestasse o recebimento de materiais sem tê-los recebido e que\não cont
Eduardo AlVareAde Oliveiraiuizife Direito \
n tribunalde justiça.! -••-.;. . . ~
19/89
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para Thiago o acordo que havia feito; declarou ter conhecido o acusado Cleidson
através de Joaquim e que ele tinha total conhecimento da substituição dos
materiais e também da entrega de dinheiro; afirmou que não há efetivo controle
de entrada e saída de materiais no almoxarifado da Secretária Municipal da
Saúde; disse que as quantidades de produtos a serem comprados são
encaminhados pelas unidades de saúde ao departamento de compras, que por sua
vez encaminha a relação para que seja feito o processo de licitação; disse que as
licitações referentes as notas fiscais constantes nos autos são anteriores a sua
gestão e que não sabe dizer se já existia acordo com a empresa PRÓ-REMÉDIOS;
afirmou que Cleidson nunca lhe ofereceu diretamente valores indevidos; contou que
a falta de medicamentos era comum nas unidades de saúde (grifei) (gravação
audiovisual - f. 639).
O acusado Cleidson Godoy de Oliveira, ouvido sob o crivo do
contraditório e da ampla defesa, negou as imputações que lhe foram feitas;
declarou que os produtos gue não foram entregues foram substituídos,
constituindo o valor total da nota fiscal; disse que o controle de entregas era feito
em sua empresa por Joaquim e que ao entregarem as mercadorias ou fazerem as
substituições pegavam comprovantes de recebimento e geravam a nota fiscal do
valor total; declarou que as substituições eram autorizadas pela Secretaria Municipal
da Saúde; afirmou ter se encontrado com o acusado Danilo apenas uma vez; negou
ter pago ao acusado Thiago qualquer valor indevido; esclareceu que Joaquim não
era responsável pela parte financeira da empresa; declarou que Joaquim era
comprador, mas que em Rio Verde ele também trabalhava com a parte de vendas,
respondendo diretamente ao depoente; afirmou ter ciência de todas as
substituições de materiais; disse que para efetuar as substítuiçõesXcalculavamo valor de compra do produto substituído, mais a margem devlucro da
1 V\empresa, gue era em torno de 70% (setenta por cento) a 100% (cem porcento),
sendo gue na licitação sua margem de lucro seria de 4D% (quarenta por cento)
odeVdca 45% (quarenta e cinco por cento); disse que Joaquim não teriàl o poder de
retirar valores da empresa para repassar a entes públicos sem a sua anuência^
n tribunalde justiça.
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20/89
negou pagar qualquer quantia de comissão a funcionários públicos; negou haver
qualquer acordo entre ele e os demais acusados para auferir lucros e que a
finalidade das substituições era a suprir as necessidades emergenciais das
unidades; por fim, disse que caso haja algum prejuízo à Administração Pública está
disposto a indenizar (gravação audiovisual-f. 639).
O acusado Joaquim Rodrigues de Oliveira Neto, ouvido sob o crivo
do contraditório e da ampla defesa, confessou ter entregue R$ 3.000,00 (três mil
reais) de vantagem indevida ao acusado Thiago a mando do acusado Cleidson;
disse que o dinheiro teria sido entregue para que Thiago atestasse falsamente o
recebimento de mercadorias e fizesse as trocas, mas que pelas condições do
município não foi possível; declarou que Thiago não tinha o controle de todas as
mercadorias, pois algumas eram entregues diretamente as unidades de saúde:
alegou gue ele fazia o controle das mercadorias entregues, pegando os
recebimentos e gue guando eram feitos os fechamentos, estes eram entregues
ao acusado Danilo; negou ter efetuado pagamentos anteriores ao acusado
Thiago e que naquela oportunidade o fez a mando de Cleidson. pois com a
troca de mercadorias o lucro da empresa era maior; contou que apenas a nota
fiscal no valor de R$ 136.000,00 (cento e trinta e seis mil reiais) foi entregue na
totalidade, tendo nas outras notas, em que estão listados o detergente enzimatico e
a sonda uretral, havido a substituição dos produtos; disse que o acusado Danilo
tinha ciência de todas as substituições; contou que entregou vantagem ilícita ao
acusado Danilo, com conhecimento do acusado Cleidson, para "tirar de futuras
notas"; disse que ao acusado Thiago foi oferecida vantagem ilícita para que ele
aceitasse fazer as trocas dos produtos; esclareceu que conversou com
Cleidson dizendo que Thiago estava precisando de dinheiro e gue foi ele guem
disse guanto dinheiro era para oferecer: declarou não haver acordo ehtre os
acusados para auferir lucros (gravação audiovisual- f. 639).
Na mesma fase processual, o acusado Thiago Martin
confessou ter recebido a guantia de R$ 3.000.00 (três mil reais)
tribunalde justiça.| . ,:. |g (i<jiA3i
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em contrapartida tendo atestado o recebimento dos materiais listados nas
notas fiscais números 18072. 18075 e 18195; relatou que haviam lhe prometido
R$ 10.000,00 (dez mil) reais, contudo, só entregaram o valor de RS 3.000,00 (três
mil) reais; confessa ter atestado o recebimento de mercadorias que não
recebeu e que acredita que este dinheiro que recebeu era para fazer isto;
relatou que quando chegou no almoxarifado as atas de medicações já estavam
vencidas e como o município necessitava de medicamento e o processo de licitação
é demorado, a Secretária Municipal da Saúde resolveu aproveitar o saldo que
tinham de material hospitalar com a empresa PRÓ-REMÉDIOS; disse que o
acusado Danilo não sabia que ele estava recebendo dinheiro, tampouco o depoente
tinha conhecimento de que ele recebia; relatou não conhecer Cleidson; relatou que o
valor em mercadorias que recebeu referente as notas fiscais acostadas aos autos
não se aproximam de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais); por fim, disse que
recebeu valores indevidos apenas uma vez e que está arrependido por seus atos
(gravação audiovisual - f. 639).
Pois bem, não há dúvidas de que os acusados constituíram e
integraram organização criminosa, conforme lhes foi imputado na denúncia.
Conforme relatado em Juízo pelo acusado Danilo Marques Borges, foi
feito um acordo entre os acusados para efetuarem o desvio de dinheiro público -
através do aumento indiscriminado do percentual de lucro da empresa -. utilizando-
se de método de atestado falso em notas fiscais e substituição de medicamentes e
insumos para a Secretaria de Saúde local (gravação audiovisual - f. 639).
Restou devidamente comprovado que a empresa Pró-Remédio.
operada pelos acusados Cleidson Godoy de Oliveira e Joaquim Rodrigues Oliveira
Neto, com base nas declarações falsas de Thiago Martins,, substituíam oí
medicamentos constantes do contrato de fornecimento de medicamentos e
firmado com a Secretaria de Saúde do município de Rio Verde//
exclusiva de lesar o erário municipal.
n tribunalde justiça.
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Por outro lado, o acusado Danilo Marques Borges, então Secretário
Municipal de Saúde à época dos fatos, seria a autoridade pública responsável por
autorizar as substituições ilícitas.
O ardil utilizado pelos acusados consistia em deixar de fornecer os
medicamentos e insumos relacionados no contrato, objeto de licitação realizada pelo
município, para fornecer outros medicamentos, supostamente faltantes na Secretaria
Municipal, e com a operação os representantes da empresa Pró-Remédio
aumentavam a margem de lucro, frustrando assim, a concorrência com outras
empresas possivelmente interessadas em fornecer o medicamento ou insumo
substituto.
Isto porque, de acordo com as declarações do acusado Cleidson
Godoy de Oliveira, a margem de lucro dos produtos licitados seria em torno de 45%
(quarenta e cinco por cento), enquanto nas substituições o lucro chegaria a 100%
(cem por cento) (gravação audiovisual - f. 639).
Em que pese os acusados neguem que Thiago tinha conhecimento
deste esquema de desvio de dinheiro público, resta claro que sem sua ajuda não
seria possível concluir a ação criminosa, uma vez que atestou o recebimento de
mercadorias em quantidades menores das constantes nas notas fiscais, bem como
que tinha contato que os demais integrantes do grupo, sendo subordinado direto do
acusado Danilo Marques Borges.
Nota-se, portanto, que os acusados constituíram e integraram a
organização criminosa, com intuito de desviarem valores da Secretaria Municipal da
Saúde de Rio Verde, utilizando-se para tanto das substituições dds materiais
licitados e a entrega em quantidades inferiores as devidas, virando exclusivamente
o lucro.
E, nesta ordem de idéias, é possível perceber quejl havia n/í/eestruturação e divisão de tarefas entre os acusados, visto que Danilo Marq\
n tribunalde justiça,
3 dft QC-üi
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Comarca tle Rio Verde/GO
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Borges, na condição de Secretário Municipal da Saúde, autorizava a substituição
dos medicamentos e insumos por outros não contratados, enquanto Thiago Martins
Conceição atestava o recebimento dos medicamentos em quantidade diversa da
constante realmente entregue, possibilitando a substituição dos medicamentos e o
lucro em percentual maior à empresa contratada, que era operada por Cleidson
Godoy de Oliveira e Joaquim Rodrigues de Oliveira Neto, os quais dividiam
distribuíam os recursos desviados do erário municipal (gravação audiovisual - f.
639).
Assim, não há dúvidas que havia nítida divisão de tarefas, bem como
hierarquia entre os acusados até mesmo em razão dos cargos de chefia e
subordinação que ocupavam.
Portanto, as declarações dos acusados Danilo Marques Borges e
Joaquim Rodrigues Oliveira Neto (gravação audiovisual - f. 639), somado aos
demais elementos de provas constantes nos autos não deixa dúvida acerca da
autoria e materialidade delitiva.
Portanto, reputo comprovada a materialidade e autoria delitivas.
Quanto à tipicidade, o citado artigo possui a seguinte redação:
Art. 2o. Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou porinterposta pessoa, organização criminosa: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8(oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demaisinfrações penais praticadas.
E, ofertando o conceito de organização criminosa o § 1o do art. 1o da
Lei 12.850/13 dispõe que:
Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro)' ou-maispessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela^divisão de tarefas;,ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou índirvantagem de qualquer natureza, mediante a práfica de infrações penaiscujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou qicaráter transnacional. / /\
Guilherme de Souza Nucci'3, em análise do/núcleo do13 NUCCI. Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. 9 ed. Vol. 2. Rio
2016. p. 689.
n tribunalde justiça.<Sti Gsiõúa ao oovSi"
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\c24/89
afirma:
[...] o tipo prevê as seguintes condutas alternativas: promover (gerar,originar algo ou difundir, fomentar, cuidando-se de verbo de duplo sentido),constituir (formar, organizar, compor), financiar (custear, dar sustento a algo)ou integrar (tomar parte, juntar, completar). Cuidando-se de tipo penal mistoalternativo, pode o agente praticar uma ou mais que uma das condutas alienumeradas para configurar comente um delito[...].
A partir da comprovação da materialidade e da autoria delitivas,
verifica-se, em nível de juízo de certeza, que o tipo objetivo do art. 2o, caput, da Lei
12.850/2013, está aperfeiçoado. Com efeito, em meados do ano de 2015, no
município e comarca de Rio Verde/GO, os denunciados Cleidson Godoy de Oliveira,
Danilo Marques Borges, Joaquim Rodrigues Oliveira Neto e Thiago Martins
Conceição, cientes da ilicitude de suas condutas, agindo de forma livre e consciente
e com unidade de desígnios, constituíram e integraram, pessoalmente, organização
criminosa, valendo-se os denunciados Danilo Marques Borges e Thiago Martins
Conceição da condição de funcionários públicos para a prática das infrações penais.
Quanto ao elemento subjetivo do tipo, o dolo mostra-se presente, já
que os réus dirigiram de maneiras finalísticas suas vontades para associarem-se
com o fim de causas prejuízos ao erário municipal.
Assim, os acusados com a intenção de obter vantagem ilícita,
constituíram e integraram organização criminosa (conduta), agredindo (nexo
causai) a paz e a Administração Pública municipal (resultado).
Presentes todos os elementos da figura típica, verifica-se que a
conduta dos denunciados adequa-se à descrição do art. 2o, caput, da Lei n°.
12.850/2013, concretizado o tipo em questão.
No que toca a ilicitude, leciona Francisco de Assis Tole
"ilicitude é a relação de antagonismo que se estabelece entre uma condu.
voluntária e o ordenamento jurídico, de modo a causar lesão
lesão um bem jurídico tutelado".
14 TOLEDO, P. A. Princípios Básicos de Direito Penal. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1994. p. 1
n tribunalde justiça.' •" t, ; li r ••
25'89
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Gabinete da 1° Vara Criminal
Como inexistem justificantes das condutas dos acusados, considero
presente o elemento antijuridicidade do delito.
Na seqüência, Eugênio Raul Zaffaroni e José Henrique Perangeli'5
trazem a definição de culpabilidade:
um injusto, isto é, uma conduta tipica e antijuridica, é culpável quando éreprovável ao autor a realização desta conduta porque não se motivou nanorma, sendo-lhe exigível, nas circunstâncias em que agiu, que nela semotivasse. Ao não ter se motivado na norma, quando podia e lhe eraexigivel que o fizesse, o autor mostra uma disposição interna contrária aodireito.
Os réus eram imputáveis, pois, quando da realização de suas
condutas, contavam com mais de 18 (dezoito) anos e, além disso, possuíam
capacidade de entender a ilicitude dos fatos e de determinarem-se de acordo com
esse entendimento.
Portanto, após verificar a inexistência de exculpantes, reputo
aperfeiçoado o elemento culpabilidade do crime.
Assim, comprovada a existência de todos os elementos do crime, certo
que os acusados praticaram o tipo penal descrito no art. 2o, caput, da Lei n°.
12.850/2013.
2.4.1. Da causa de aumento prevista no § 4o, II, da Lei n°. 12.850/2013.
Prevê o § 4o, II, da Lei n°. 12.850/2013, in litteris que: "A pena é
aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços): [...]; II - se há concurso de
funcionário público, valendo-se a organização criminosa dessa condição para a
prática de infração penal".
Conforme já fundamentado, a organização crimi
integrada com participação direta dos acusados Danilo Marques Borges
época era Secretário Municipal de Saúde, e de Thiago Martips Conceição
almoxarifado da Secretaria Municipal de Saúde.
15 ZAFFARONI, E. R: PERANGELI. J. H. Manual de Direito Penal. 1" Ed. São Paulo: RT. 1997. p. 603.
tribunalde justiça.
•
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26,89
Segundo as provas coligidas aos autos, a organização criminosa,
valeu-se da condição de funcionários públicos dos acusados para a prática dos
delitos.
Acerca do concurso de funcionário público ensina Guilherme de Souza
Nucci16:
[...] o tipo é claro no sentido de se valer o crime organizado de atuação doservidor público para o cometimento das infrações penais, que servem demeio para atingir a vantagem ilícita. Não se trata de praticar apenas crimesfuncionais, ou seja, os delitos do funcionário público contra a administração,mas qualquer infração penal em que a atuação do servidor seja útil. O graude aumento deve ser dosado conforme o nivel de comprometimento dofuncionário público para beneficiara organização criminosa [...].
In casu, como para a prática dos ilícitos penais necessitou de
participação direta de 2 (dois) servidores com função de chefia e direção, uma vez
que o acusado Thiago Martins Conceição atestava o recebimento de materiais
hospitalares e medicamentos em quantidades menores das constantes nas notas
fiscais, enquanto o acusado Danilo Marques Borges autorizava a substituição dos
produtos licitados para propiciar maior lucro a empresa PRÓ-REMÉDIOS, e
conseqüente desvio de recursos públicos, entendo que a causa de aumento deve
ser aplicada no máximo legal, ou seja, em 2/3 (dois terços).
Assim, reconheço a aplicação da causa de aumento prevista no § 4o, II,
da Lei n°. 12.850/2013, em 2/3 (dois terços) para cada um dos acusados.
2.5. Das circunstâncias atenuantes e agravantes.
Dispõe o artigo 65, inciso III, alínea "d", do Código Penal, in litteris que:
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
(•••)III - ter o agente:(Redação dada pela Lei n° 7.209, de 11,7.1984)(•••) /d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do c\
Verifica-se que ao ser ouvido em Juízo, o acusado Dar/ilBorges confessou a autoria do crime de peculato e organização
16 NUCCI. Guilhenne de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. 9. ed2016. p. 694.
tribunalde justiça.
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27/89
pelo qual a circunstância deve ser valorada em seu benefício, na segunda fase da
dosimetria da pena do tipo penal previsto no art. 312, caput, do Código Penal e art.
2o, caput, e § 4o, II, da Lei 12.850/2013.
O acusado Joaquim Rodrigues Oliveira Neto, em interrogatório judicial,
confessou a autoria delitiva dos crimes de peculato e corrupção ativa, uma vez que
admitiu ter oferecido vantagem indevida ao acusado Thiago Martins Conceição e
desviado dinheiro público em proveito alheio, vez que a substituição dos materiais
licitados e entrega destes em quantidades inferiores a devida, proporcionou o
aumento de lucro da empresa PRÓ-REMÉDIOS, motivo pelo qual a atenuante da
confissão será valorada em seu favor, na segunda fase da dosimetria da pena dos
respectivos tipos penais (artigo 312 e 333, caput, do Código Penal).
Por fim, nota-se que o acusado Thiago Martins Conceição confessou a
autoria delitiva dos crimes de corrupção passiva e peculato, uma vez que admitiu ter
recebido vantagem indevida, bem como ter atestado o recebimento de materiais
hospitalares e medicamentos em quantidades inferiores as constantes nas notas
fiscais, fato que proporcionou o aumento de lucro da empresa PRÓ-REMÉDIOS,
motivo pelo qual a atenuante da confissão será valorada em seu favor, na segunda
fase da dosimetria da pena dos respectivos tipos penais (artigo 317 e 333, caput, do
Código Penal).
Assim, como as confissões judiciais dos acusados Danilo Marques
Borges, Thiago Martins Conceição e Joaquim Rodrigues Oliveira Neto foram usadas
como elementos de convicção para condenação deve ser reconhecida a atenuante
supramencionada em favor dos acusados, o que será levado em consideração na
segunda fase da dosimetria da pena.
Não há circunstâncias agravantes a serem valor
da dosimetria da pena.
2.6. Da causa de aumento de pena prevista no artigo
n tribunalde justiça_rio «K.laJo dn qot.te
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28/8!
Penai.
Acerca da causa de aumento de pena, prevê o § 2o, do artigo 327, do
Código Penal, in litteris que;
§ 2o - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimesprevistos neste Capitulo forem ocupantes de cargos em comissão ou defunção de direção ou assessoramento de órgão da administração direta,sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelopoder público.
Conforme citado, o acusado Danilo Marques Borges na época dos
fatos era Secretário Municipal de Saúde e Thiago Martins Conceição exercia a
função de chefe de almoxarifado da Secretaria Municipal de Saúde, ambos cargos
em comissão, motivo pelo qual atrai a incidência da causa de aumento de pena
supracitada.
Assim, reconheço a aplicação da causa de aumento prevista no § 2°,
do artigo 327, do Código Penal em 1/3 (um terço) para os acusados Danilo Marques
Borges e Thiago Martins da Conceição, nos crimes descritos no art. 312, caput, e
art. 317, caput, ambos do Código Penal.
2.7. Da causa de diminuição de pena prevista no artigo 4o, da Lei n°.
12.850/2013.
Com relação a causa de diminuição de pena, prevê o artigo 4o, da Lei
n°. 12.850/2013 in litteris que:
Art. 4Q O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial,reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substitui-lapor restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva evoluntariamente com a investigação e com o processo criminalrdesde_quedessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resúítaapls:I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organizaçãocriminosa e das infrações penais por eles praticadas/II - a revelação da estrutura hierárquica e da/divisão de tarefas daorganização criminosa; / /*;\III - a prevenção de infrações penais decorrentes das/ativida^es\daorganização criminosa;IV - a recuperação total ou parcial do produto ofj do proveiljp das infrípenais praticadas pela organização criminosa;V - a localização de eventual vitima com a sua intpreservada.
»gridade ^iska'
Eduardo Alv ; de Oliveir
.de Direilt
n tribunalde justiça.
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29/89
§ 1a Em qualquer caso, a concessão do beneficio levará em conta apersonalidade do colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade ea repercussão social do fato criminoso e a eficácia da colaboração.
Dessumisse dos autos que com a colaboração do acusado Danilo
Marques Borges foi possível identificar os coautores da organização criminosa, a
sua estrutura hierárquica e a divisão de tarefas do grupo.
Sem mais delongas, e considerando o acordo celebrado entre o
acusado Danilo Marques Borges e o Ministério Público estadual, devidamente
homologado por este juízo, concedo ao acusado Danilo a redução de 2/3 (dois
terços) da reprimenda, que será aplicada na terceira fase da dosimetria das penas.
2.8. Do concurso material.
Outrossim, tenho que os crimes de organização criminosa, corrupção
ativa, corrupção passiva e peculato, analisados no bojo do presente decisum,
praticados pelos acusados ocorreram em concurso material, consoante dispõe o
caput do artigo 69, do Código Penal, in verbis:
Art. 69. Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, praticadois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente aspenas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicaçãocumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiroaquela.
Assim, tenho que as reprimendas atribuídas a cada um dos crimes
devem ser aplicadas cumulativamente.
2.9. Dos efeitos da condenação.
Dispõe o artigo 92, I, do Código Penal que:
Ari. 92 - São também efeitos da condenação:I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletjvò:a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual\otii superiora um ano. nos crimes praticados com abuso de,fjoder ou violação qe deverpara com aAdministração Pública; / /' -\ \b) quando for aplicada pena privativa de libe/dade por tejmpo sjjper .:(quatro) anos nos demais casos.
Alei 12.850/2013 que dispõe sobre organização crimirlpsa define, e
Eduardo s de Olivède Direito
n tribunalde justiça,
-
30/89,PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde/GO
Gabinele da 1" Vara Criminal
seu artigo 2°, § 6o que "A condenação [pela prática do crime previsto no art. 2° da leij
com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a perda do cargo,
função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função
ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da
pena" (grifei).
Verifica-se nos autos que os acusados Thiago Martins Conceição e
Danilo Marques Borges possuíam/possuem vinculo com a Administração Pública
municipal, e que foram condenados pela prática do crime de constituição de
organização criminosa, além de terem praticado os crimes com violação de dever
para com a Administração Pública (art. 92, I, "a" do Código Penal). Além disso,
possivelmente, as penas poderão superar 4 (quatro) anos de reclusão (art. 92, I, "b"
do Código Penal).
Em relação aos acusados Joaquim Rodrigues Oliveira Neto e Cleidson
Godoy de Oliveira não há notícias de que exerceram ou exercem função pública.
Porém os efeitos da condenação devem ser aplicados a todos os acusados,
indistintamente.
Conforme observa-se, os crimes imputados aos acusados feriram
diretamente a Administração Pública municipal e demostram total incompatibilidade
dos réus em exercer cargos ou funções públicas.
A jurisprudência do e. Tribunal de Justiça do Estado de Goiás é
remansosa no sentido de que:
APELAÇÃO CRIMINAL. RECEPTAÇÃO. USO DE DOCUMENTQ_£ALSO.INÉPCIA DA DENÚNCIA. FALTA DE JUSTA CAUSA.^-SUSpENSACCONDICIONAL DO PROCESSO. ABSOLVIÇÃO. NEGATIVA DE AUTORIA.REDUÇÃO DA PENA. EXCLUSÃO DO CONCURSO" MATERIÀlX E DAPERDA DO CARGO PÚBLICO. I - Não há falar-se em falta de justa'causaou inépcia da denúncia, quando ressai evidente da/peça inicial acusatóna aexposição dos fatos criminosos, com todas ai suas circunstâncias), aqualificação do apelante, as classificações dos crimes aí ele imputadas(receptação e de uso de documento falso) e o ,rol das testemunhas.(CPDart. 41), não comprovadas, de plano, a atipicidade qas condutas^incidência de causa de extinção da punibilidadaou ausência de indícios'autoria ou de prova sobre a materialidade doa delitos. IlURegularmef
Eduardo Alyarte de OliveiBx ide Direiíí
tribunalde justiça_
PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Rio Verde/GO
Gabinete da 1J Vara Crimlnt
31/8
denunciado nas sanções dos arts. 180 e 304 do CP, em concurso material,o apelante não faz jus ao instituto despenalizador da suspensão condicionaldo processo. III - Típica e antijurídica a conduta do apelante, um policialmilitar, em adquirir um carro financiado (conhecido por FINAN) pelo preço vilde RS100,00, providenciar documentação falsa e vendê-lo por R$5.000,00.Descabendo o pleito absolutório, porquanto provadas sobremaneira amaterialidade e autoria dos crimes de receptação e de uso de documentofalso (provas material e oral), inexistindo dúvida a ser dirimida em favor doapelante. IV - Fixada em patamares mínimos, inadmissível a redução doquantum da reprimenda, devendo permanecer o somatório das penas,tendo em vista que, mediante mais de uma ação. praticou dois crimes dediferentes espécies, incorrendo, pois, em concurso material heterogêneo. V- Necessária, justa e legal a decisão singular pela perda do cargo público depolicial militar que, valendo-se de sua profissão, age com abuso de poderpara praticar crimes cuja pena é superior a um ano (CP. art. 92, I. "a"). VI -APELO CONHECIDO E DESPROVIDO.
(TJGO, APELAÇÃO CRIMINAL 179548-90.2012.8.09.0081, Rei. DES.CARMECY ROSA MARIA A. DE OLIVEIRA, 2A CÂMARA CRIMINAL,julgado em 20/01/2015, DJe 1745 de 12/03/2015).
APELAÇÃO CRIMINAL. 1 - Não há que se falar em decisãomanifestamente contrária à prova dos autos se o corpo de jurados embasousua decisão em elementos de informação do processo, acolhendo a versãoque lhe pareceu mais convincente, além da confissão do réu. 2 - A perda docargo público decorre da própria condenação, nos crimes cuja pena forsuperior à 04 anos, conforme expressa o art. 92, inc. I, alínea 'b', do CódigoPenal, mormente se a sentença tenha sido devidamente motivada, comoocorre nestes autos. (...]. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.(TJGO, APELAÇÃO CRIMINAL 207481-07.2007.8.09.0051, Rei. DES. NEYTELES DE PAULA, 2A CÂMARA CRIMINAL, julgado em 05/08/2010, DJe643 de 18/08/2010).
No mesmo sentido é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:
HABEAS CORPUS. PECULATO. PERDA DO CARGO PUBLICO. ART. 92, I,"A". DO CP. POSSIBILIDADE. EFEITO DA CONDENAÇÃO. MOTIVAÇÃOCONCRETA. PEDIDO EXPLÍCITO NA DENÚNCIA. DESNECESSIDADE.PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE SUBSTITUÍDA POR RESTRITIVA DEDIREITOS. IRRELEVÂNCIA. MANIFESTO CONSTRANGIMENTO ILEGALNÃO EVIDENCIADO. WRIT NÃO CONHECIDO.1. Inexistência de patente ilegalidade a justificar a concessão da ordem dehabeas corpus de ofício, tendo em vista que o Tribunal de origem, porocasião do julgamento da apelação interposta j3ela"^efesa,^ bemexplicitou os motivos para manter o decreto de pe/da do carçcomo efeito da condenação.2. Não é imprescindível que a possibilidade de/perda do cargèconste da denúncia, porquanto decorrente de previsão legal'expressu •'•••••••' >efeito da condenação, nos termos do art. 92 do CP.Precedentes.
3. A substituição da pena privativa de liberdadeimpede a decretação da perda do cargo ou c;apresentada a devida fundamentação.4. Habeas corpus não conhecido.
n tribunalde justiça,rio fistoúü <i»iq&Ai
PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde.'GO
Gabinele da 1" Vara Criminal
6VV
32/89
(HC 305.500/SP, Rei. Ministro ROGÉRIO SCHIETTI CRUZ, SEXTATURMA, julgado em 04/10/2016, DJe 17/10/2016)
Desta forma, a perda de cargos, empregos ou funções públicas, bem
como a interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito)
anos subsequentes ao cumprimento da pena, para todos os acusados é medida
imperativa.
No que toca a utilização da empresa Pró-Remédios Distribuidora de
Produtos Farmacêuticos e Cosméticos ElRELI-ME para a prática de crimes contra a
Administração Pública, entendo que deverá ser encaminhada cópia da presente
sentença às autoridades competentes para instaurar processo administrativo de
responsabilização, nos termos da Lei 12.843/2013 que dispõe sobre a
responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos
contra a Administração Pública.
3. DISPOSITIVO.
Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE a pretensão punitiva
formulada na denúncia para, com base no artigo 387 do Código de Processo Penal
para:
a) condenar CLEIDSON GODOY DE OLIVEIRA, para submetê-lo às
sanções previstas no artigo 2o, caput e § 4°, II, da Lei n°. 12.850/2013; artigo 312,
caput, e § 1o do Código Penal, por três vezes, observada a regra disposta no artigo
71, caput, do mesmo diploma legal; e artigo 333, caput e parágrafo único do Código
Penal, todos na forma do artigo 69 do Código Penal;
b) condenar DANILO MARQUES BORGES, para SUbj&t&ÜP àssanções previstas no artigo 2o, caput e § 4o, II, c/c artigo 4o, .todos dá\Lei rf*>
12.850/2013; artigo 312, caput, e§ 1o, c/c artigo 327. § 2o do Código Penal,W trêsvezes, observada a regra disposta no artigo 71, caput, do rnesmo djp1qma\lègal,todos c/c artigo 65, III, "d", na forma do artigo 69, todos do Código Penei;
Eduardo Alvares.de OlivehJuriwíe Díre/tb
\
n tribunalde justiça_do estado da qqFAc
33/8!
PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde/GOGabinele da V Vara Criminal
c) condenar JOAQUIM RODRIGUES OLIVEIRA NETO, para
submetê-lo às sanções previstas no artigo 2o, caput e § 4o, II, da Lei n°. 12.850/2013;
artigo 312, caput, e § 1o do Código Penal, por três vezes, c/c artigo 65, III, "d",
observada a regra disposta no artigo 71, caput, todos do mesmo diploma legal e
artigo 333, caput e parágrafo único, do Código Penal, c/c artigo 65, III, "d", todos na
forma do artigo 69 do Código Penai;
d) condenar THIAGO MARTINS CONCEIÇÃO, para submetê-lo às
sanções previstas no artigo 2o, capur e § 4o, II, da Lei n°. 12.850/2013; artigo 312,
caput, e § 1o, c/c artigo 327, § 2o do Código Penal, por três vezes, c/c artigo 65, III,
"d", observada a regra disposta no artigo 71, caput, do mesmo diploma legal; artigo
317, caput e § 1o c/c artigo 327, § 2o, c/c artigo 65, III, "d", todos do Código Penal,
todos na forma do artigo 69 do Código Penal.
Considerando o princípio da individualização da pena e o modelo
trifásico de aplicação da sanção, consubstanciados nos artigos 5o, XLVI da
Constituição da República e 68, do Código Penal, passo à dosimetria da pena.
3.1. Quanto ao acusado Cleidson Godoy de Oliveira.
3.1.1. Do crime tipificado no artigo 2o, caput e § 4°, II, da Lei n°. 12.850/2013.
Para a fixação da pena-base, analiso as circunstâncias judiciais
estabelecidas no artigo 59 do Código Penal: a) culpabilidade: a conduta e o delito
praticados pelo acusado extrapolam o que normalmente acontece no crime em
questão, conforme fundamentado, a organização criminosa tinha como objetivo
desviar dinheiro da Secretaria Municipal de Saúde de Rio Verde/GO, què^ãtehde a
população local desprovida de recursos financeiros para contratar planos de^saúde
ter acesso à rede particular de hospitais, prejudicando diversas pessoas
desmoralizar o sistema de saúde municipal, motivo pelo qual/a circu,ser valorada em seu desfavor, b) antecedentes: o réu não élreincide^imaus antecedentes, conforme certidão de antecedentes criminais de
Eduan
n tribuna!de justiça.tio fcMndode (foiâs
PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Rio Verde/GOGabinele da 1a Vara Criminal
34/89
conduta social do agente: não existem nos autos elementos para avaliação, razão
pela qual deixo de valorá-la; d) personalidade do agente: como não há laudo
psicossocial do acusado, inexistem elementos para a aferição de sua personalidade,
razão pela qual deixo de valorar a circunstância; e) motivos do crime: na hipótese,
percebo que as causas que motivaram a agente são inerentes ao tipo penal; f)
circunstâncias do crime: as circunstâncias são inerentes ao tipo penal, motivo pelo
qual não devem ser valoradas em desfavor do acusado; g) conseqüências do
delito: não devem ser valoradas em desfavor do acusado; h) comportamento da
vítima: a vítima em nada contribuiu para o desfecho do delito.
O delito em questão, prevê pena de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos,
e multa. Assim, ante a presença de 1 (uma) circunstância judicial desfavorável, fixo
a pena-base em 3 (três) anos e 7 (sete) meses de reclusão e 53 (cinqüenta e
três) dias-multa.
Na segunda fase, não concorrem circunstâncias agravantes ou
atenuantes, motivo pelo qual mantenho a pena intermediária em 3 (três) anos e 7
(sete) meses de reclusão e 53 (cinqüenta e três) dias-multa.
Na terceira fase, não concorrem causas de diminuição, mas presente a
causa de aumento de pena prevista no § 4o, II, do artigo 2o, da Lei n°. 12.850/2013,
motivo pelo qual aumento a pena em 2/3 (dois terços), fixando-a em 5 (cinco) anos,
11 (onze) meses e 20 (vinte) dias de reclusão e 88 (oitenta e oito) dias-multa, a
qual torno definitiva face a ausência de outras causas modificadoras.
Face a condição financeira do réu, fixo o valor do dia-multa^em 1/10
do salário vigente na época do fato. Assevero, todavia, que à época dalexecuçaa pena de multa deverá ser corrigida, nos termos do art. 49, § 2?'do Código Renal.
Em cumprimento a orientação da Corregedo/ia Gera' de\Jüstiça doEstado de Goiás/GO (ofício Circular 96/2015-SEC), detefmino o jecolhimeYito do 'valor fixado para o pagamento da pena de multa, em favor do Fundo
k.
n tribunalde justiça.rio «jalíKJo<íc íjuí.^s
PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Rio Verde/GOGabinete da 1s Vara Criminal
35/89
do Estado de Goiás-GO - FUNPES.
Na seqüência, com amparo no artigo 33, § 2o, "o", do Código Penal,
observado o quantum de pena privativa de liberdade fixada e o fato do réu não ser
reincidente, mas haver circunstância judicial desfavorável, fixo o regime
SEMIABERTO para início do cumprimento da pena. Ademais, ainda que
considerando o período da prisão provisória (artigo 387, § 2°, do CPP), este regime
se mantém.
Ausentes os requisitos objetivos e subjetivos previstos no art. 44 do
Código Penal, deixo de conceder ao acusado a substituição da pena privativa
de liberdade por restritivas de direitos.
Ausentes também os requisitos objetivos e subjetivos previstos no art.
77 do Código Penal, deixo de conceder ao acusado o sursis.
3.1.2. Do crime tipificado no artigo 312, caput e § 1o, do Código Penal.
Para a fixação da pena-base, analiso as circunstâncias judiciais
estabelecidas no artigo 59 do Código Penal: a) culpabilidade: a conduta e o delito
praticados pelo acusado não extrapolam o que normalmente acontece no crime em
questão, motivo pelo qual a circunstância não deve ser valorada em seu desfavor; b)
antecedentes: o réu não é reincidente ou possui maus antecedentes, conforme
certidão de antecedentes criminais de ff. 640/642; c) conduta social do agente:
não existem nos autos elementos para avaliação, razão pela qual deixo de valorá-la;
d) personalidade do agente: como não há laudo psicossocial do acusado,
inexistem elementos para a aferição de sua personalidade, razão pela qual deixo de
valorar a circunstância; e) motivos do crime: na hipótese, perceJxTquii
que motivaram a agente são inerentes ao tipo penal; f) circunstâncias
circunstâncias são inerentes ao tipo penal, motivo pelo/qual nívaloradas em desfavor do acusado; g) conseqüências do delito:
valoradas em desfavor do acusado; h) comportamento da vítim.
tribunalde justiça_
I I . tfn ar. .'.".
PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde'GOGabinete da 1" Vara Criminal
36/89
nada contribuiu para o desfecho do delito.
O delito em questão, prevê pena de reclusão de 2 (dois) a 12 (doze)
anos, e multa. Assim, ante a ausência de circunstâncias judiciais desfavoráveis, fixo
a pena-base em 2 (dois) anos de reclusão e 10 (dez) dias-multa.
Na segunda fase. não concorrem circunstâncias agravantes ou
atenuantes, motivo pelo qual mantenho a pena intermediária em 2 (dois) anos de
reclusão e 10 (dez) dias-multa.
Na terceira fase, não concorrem causas de diminuição ou aumento de
pena, motivo pelo qual mantenho a pena em 2 (dois) anos de reclusão e 10 (dez)
dias-multa, a gual torno definitiva face a ausência de outras causas
modificadoras.
Face a condição financeira do réu, fixo o valor do dia-multa em 1/10
do salário vigente na época do fato. Assevero, todavia, que à época da execução,
a pena de multa deverá ser corrigida, nos termos do art. 49, § 2o do Código Penal.
Em cumprimento a orientação da Corregedoria Geral de Justiça do
Estado de Goiás/GO (ofício Circular 96/2015-SEC), determino o recolhimento do
valor fixado para o pagamento da pena de multa, em favor do Fundo Penintenciário
do Estado de Goiás-GO - FUNPES.
Na seqüência, com amparo no artigo 33, § 2°, c, do Código Penal,
observado o quantum de pena privativa de liberdade fixada e o fato do acusado não
ser reincidente e inexistirem circunstâncias judiciais desfavoráveis, fixo o regime
ABERTO para o início do cumprimento da pena. AdemaisrVairída^queconsiderando o período da prisão provisória (artigo 387, § 2o, dçyCPP), este r ;;; :
se mantém.
Presentes os requisitos objetivos e subjetivos prev
do Código Penal, substituo a pena privativa de liberdade
Eduan
y
s.
tribunalde justiça,dü "=*1«H>0 C-
restritivas de direitos:
a) prestação de serviços gratuitos à comunidade ou a entidade de
caráter assistencial, de acordo com suas aptidões, à razão de uma hora de tarefa
por dia de condenação, facultado ao acusado cumpri-la em menor tempo, nunca,
contudo, inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada. Saliento que a
entidade será indicada em sede de audiência admonitória;
b) prestação pecuniária, consistente no pagamento de 10 (dez)
salários-minimos.
Concedida a substituição, fica prejudicada a análise do sursis.
3.1.2.1. Da continuidade delitiva.
Face as considerações acima expostas acerca da continuidade delitiva,
já que, conforme narrado no corpo desta sentença, ocorreram 3 (três) crimes de
peculato, aumento a pena aplicada em 1/5 (um quinto), tornando definitivo o
quantum em 02 (dois) anos, 04 (quatro) meses e 24 (vinte e quatro) dias de
reclusão e 12 (doze) dias-multa.
Na seqüência, com amparo no artigo 33, § 2°, c, do Código Penal,
observado o quantum de pena privativa de liberdade fixada e o fato do acusado não
ser reincidente e inexistirem circunstâncias judiciais desfavoráveis, fixo o regime
ABERTO para o início do cumprimento da pena. Ademais, ainda que
considerando o período da prisão provisória (artigo 387, § 2o, do CPP), este regime
se mantém.
37/89
PODER JUDICIÁRIOComaica de Rio Verde/GO
Gabinote da 1* Vara Criminal
Presentes os requisitos objetivos e subjetivos previstos no art. 44 do
Código Penal, substituo a pena privativa de liberdade por 2 (duas) restritivas dedireitos:
a) prestação de serviços gratuitos à comunidade ou a entidade de
caráter assistencial, de acordo com suas aptidões, à razão de uma hora de li
Eduardol^vares de OiWsirâJuiz de D/i
n tribunalde justiça.
PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Rio Verde'G0Gabinete da 1a Vara Criminal
38'89
por dia de condenação, facultado ao acusado cumpri-la em menor tempo, nunca,
contudo, inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada. Saliento que a
entidade será indicada em sede de audiência admonitória;
b) prestação pecuniária, consistente no pagamento de 30 (trinta)
salários-minimos.
Concedida a substituição, fica prejudicada a análise do sursis.
3.1.3. Do crime tipificado no artigo 333, capuf, parágrafo único, do Código
Penal.
Para a fixação da pena-base, analiso as circunstâncias judiciais
estabelecidas no artigo 59 do Código Penal: a) culpabilidade: a conduta e o delito
praticados pelo acusado não extrapolam o que normalmente acontece no crime em
questão, motivo pelo qual a circunstância não deve ser valorada em seu desfavor; b)
antecedentes: o réu não é reincidente ou possui maus antecedentes, conforme
certidão de antecedentes criminais de ff. 640/642; c) conduta social do agente:
não existem nos autos elementos para avaliação, razão pela qual deixo de valorá-la;
d) personalidade do agente: como não há laudo psicossocial do acusado,
inexistem elementos para a aferição de sua personalidade, razão pela qual deixo de
valorar a circunstância; e) motivos do crime: na hipótese, percebo que as causas
que motivaram a agente são inerentes ao tipo penal; f) circunstâncias do crime: as
circunstâncias são inerentes ao tipo penal, motivo pelo qual não devem ser
valoradas em desfavor do acusado; g) conseqüências do delito: não devem ser
valoradas em desfavor do acusado; h) comportamento da vitima: [a vítima em
nada contribuiu para o desfecho do delito.
O delito em questão, prevê pena de reclusão de 2 (dois) a
anos, e multa. Assim, ante a ausência de circunstâncias judiciais desfavorá
a pena-base em 2 (dois) anos de reclusão e 10 (dez) dias-multa.
Na segunda fase, não concorrem circurstâncias\ agravante
n tribunalde justiça.' • • !. •.. .:• •;
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PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde/GO
Gabmeie da 1" Vara Criminal
4
atenuantes, motivo pelo qual mantenho a pena intermediária em 2 (dois) anos de
reclusão e 10 (dez) dias-multa.
Na terceira fase, inexistem causas de diminuição. Por outro lado,
presente a causa de aumento descrita no parágrafo único do art. 333 do Código
Penal, motivo pelo qual aumento a pena em 1/3 (um terço) para fixá-la em 2 (dois)
anos e 8 (oito) meses de reclusão e 13 (treze) dias-multa, a qual torno definitiva
face a ausência de outras causas modificadoras.
Face a condição financeira do réu, fixo o valor do dia-multa em 1/10
do salário vigente na época do fato. Assevero, todavia, que à época da execução,
a pena de multa deverá ser corrigida, nos termos do art. 49, § 2o do Código Penal.
Em cumprimento a orientação da Corregedoria Geral de Justiça do
Estado de Goiás/GO (ofício Circular 96/2015-SEC), determino o recolhimento do
valor fixado para o pagamento da pena de multa, em favor do Fundo Penintenciário
do Estado de Goiás-GO - FUNPES.
Na seqüência, com amparo no artigo 33, § 2°, c, do Código Penal,
observado o quantum de pena privativa de liberdade fixada e o fato do acusado não
ser reincidente e inexistirem circunstâncias judiciais desfavoráveis, fixo o regime
ABERTO para o inicio do cumprimento da pena. Ademais, ainda que
considerando o período da prisão provisória (artigo 387, § 2o, do CPP), este regime
se mantém.
Presentes os requisitos objetivos e subjetivos previstos no art. 44 do
Código Penal, substituo a pena privativa de liberdade por 2 (duas) restritivas de
direitos:
a) prestação de serviços gratuitos à comunidade ou a e
caráter assistencial, de acordo com suas aptidões, à razão .de uma hora
por dia de condenação, facultado ao acusado cumpri-la em menon tempo'
contudo, inferior à metade da pena privativa de liberdade Ifixada. Saliento
n tribunalde justiça_
' I - (lll QOi
PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde/GO
Gabinete da 1" Vara Cnminal
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entidade será indicada em sede de audiência admonitória;
b) prestação pecuniária, consistente no pagamento de 10 (dez)
salários-minimos.
Concedida a substituição, fica prejudicada a análise do sursis.
3.1.4. Do concurso material.
Considerando o concurso material, previsto no art. 69 do Código Penal,
somo as penas aplicadas aos crimes de organização criminosa (5 (cinco) anos, 11
(onze) meses e 20 (vinte dias) de reclusão e 88 (oitenta e oito) dias-multa), peculato
em continuidade delitiva (2 (dois) anos e 4 (quatro) meses e 24 (vinte e quatro) dias
de reclusão e 12 (doze) dias-multa) e de corrupção ativa (2 (dois) anos e 8 (oito)
reclusão e 12 (doze) dias-multa), perfazendo-se o quantum total de 11 (onze)
anos e 14 (quatorze) dias de reclusão, a qual torno definitiva.
Torno definitiva a pena de multa no patamar de 113 (cento e treze)
dias-multa. fixando o dia multa em 1/10 do salário-mínimo. Assevero, todavia, que à
época da execução, a pena de multa deverá ser corrigida, nos termos do art. 49, §
2o do Código Penal.
Em cumprimento a orientação da Corregedoria Geral de Justiça do
Estado de Goiás/GO (ofício Circular 96/2015-SEC), determino o recolhimento do
valor fixado para o pagamento da pena de multa, em favor do Fundo Penintenciário
do Estado de Goiás-GO - FUNPES.
Na seqüência, com amparo no artigo 33, § 2o, a, do Código Penal,
observado o quantum de pena privativa de liberdade fixada e.ó fato do acusado não
ser reincidente, mas existir circunstância judicial desfavorável, fixo o regime
FECHADO para o início do cumprimento da pena Ademais, air
considerando o período da prisão provisória (artigo 387, §
se mantém.
n tribunalde justiça.do OAMdo do íK-tíla
PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde/GO
Gabinete da 1" Vara Criminal
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Ausentes os requisitos objetivos e subjetivos previstos no art. 44 do
Código Penal, deixo de conceder ao acusado a substituição da pena privativa
de liberdade por restritivas de direitos.
Ausentes também os requisitos objetivos e subjetivos previstos no art.
77 do Código Penal, deixo de conceder ao acusado o sursis.
Verifica-se dos autos que acusado respondeu a presente ação penal
em liberdade e não encontram-se presentes os requisitos necessários para decretar
a sua prisão preventiva, motivo pelo qual CONCEDO-LHE o direito de recorrer em
liberdade (art. 387, § 1o, do Código de Processo Penal).
3.2. Quanto ao acusado Danilo Marques Borges.
3.2.1. Do crime tipificado no artigo 2o, caput e § 4o, II, c/c art. 4o, todos da Lei n°.
12.850/2013 c/c art. 65, III, "d" do Código Penal.
Para a fixação da pena-base, analiso as circunstâncias judiciais
estabelecidas no artigo 59 do Código Penal: a) culpabilidade: a conduta e o delito
praticados pelo acusado extrapolam o que normalmente acontece no crime em
questão, conforme fundamentado, a organização criminosa tinha como objetivo
desviar dinheiro da Secretaria Municipal de Saúde de Rio Verde/GO, que atende a
população local desprovida de recursos financeiros para contratar planos de saúde e
ter acesso a rede particular de hospitais, prejudicando diversas pessoas, além de
desmoralizar o sistema de saúde municipal, motivo pelo qual a circunstância deve
ser valorada em seu desfavor; b) antecedentes: o réu não é reincidente ou possui
maus antecedentes, conforme certidão de antecedentes criminais de ff,..643/644; c)
conduta social do agente: não existem nos autos elementos para avaliação, razão
pela qual deixo de valorá-la; d) personalidade do agente/comop 11 \xs i
icão *psicossocial do acusado, inexistem elementos para a aferiçã
razão pela qual deixo de valorar a circunstância; e) motivos
percebo que as causas que motivaram a agente são iner
tribunalde justiça.
PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde'GOGabinete da 1J Vara Criminal
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circunstâncias do crime: as circunstâncias são inerentes ao tipo penal, motivo pelo
qual não devem ser valoradas em desfavor do acusado; g) conseqüências do
delito: não devem ser valoradas em desfavor do acusado; h) comportamento da
vítima: a vítima em nada contribuiu para o desfecho do delito.
O delito em questão, prevê pena de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos,
e multa. Assim, ante a presença de 1 (uma) circunstância judicial desfavorável, fixo
a pena-base em 3 (três) anos e 7 (sete) meses de reclusão e 53 (cinqüenta e
três) dias-multa.
Na segunda fase, não concorrem circunstâncias agravantes, mas
presente a atenuante da confissão espontânea (art. 65, III, "d", do Código Penal),
motivo pelo qual atenuo a pena17, fixando a pena intermediária em 2 (dois) anos, 11
(onze) meses e 25 (vinte e cinco) dias de reclusão e 44 (quarenta e quatro)
dias-multa.
Na terceira fase, concorrem a causa de diminuição descrita no art. 4o
da Lei 12.850/2013 (colaboração premiada homologada) e a causa de aumento de
pena prevista no § 4o, II, do artigo 2o, da Lei n°. 12.850/2013 (concurso de servidor
público)'0, motivo pelo qual diminuo a pena em 2/3 (dois terços) para fixá-la em 1
(um) ano e 8 (oito) dias de reclusão e 9 (nove) dias-multa e, na seqüência,
aumento também em 2/3 (dois terços) para fixá-la em 1 (ano), 8 (oito) meses e 14
(quatorze) dias de reclusão e 15 (quinze) dias-multa, a qual torno definitiva face
17 Ressalta-se que este magistrado deixa de seguir o enunciado da Súmula 231 do Superior Tribunal de Justiça por entenderque o mesmo viola o principio da individualízação da pena e da legalidade (art. 5o. incisos II e XLVl. da ConstituiçãoFederal), vez que confere tratamento idêntico ao réu que confessa a prática do crime e aquele que não confessa.Ademais, entendo não haver previsão legal que impeça a fixação da pena intermediária abaixo doTnínimo "legal. Conf.ainda SCHIMITT. Ricardo Augusto, Sentença penal condenatória: teoria e prática. 6>s&. Bahia:VldsPodivm>2011.Segundo o autor 'Conforme defendido, somente a pena-base deve ficar enter os limites de pena previstas em abstratostipo (art. 59, II. do CP), não se aplicando tal exigência asegunda fase de aplicação d/reprimenda (ar\ 68\^caput", dò\CP). Relembre-se: estamos diantede um sistema trifàsico de dosimetria da pena - o qualfoiadotado pornossoJegislador- e não diante do sistema bilãsíco - o qual, repita-se. tinha a pena-base fixada ao s/t levar emconsiderarão ao mesmotempoas circunstâncias judiciais (art. 59, do CP)e as legais (atenuantes o agravantes). [...]. Quando cuvidtxem Juízo, foicientificado deseusdireitos constitucionais (v.g. de permanecer calado e deque sau silêncio não importa càufíssãb nemmesmo prejuízo a sua defesa etc), mas também lhe foi cientificado que sua con//ssfio lhe garantiriam atenuação da pena,por transmudar em circunstância atenuante prevista em lei. Nessa esteira, toma-s >inaceitável quo\o bropno Bstado-i/uizque naquele ato de interrogatório do agente, garantiu-lhe certo direito - o qual. i ipita-se. oncontra-s^ previstòiem lei -venha, no momento de decidir, apenas por conveniência, subtrair-lhe a atenuante <ue faz |us*. p. 173
18 Ressalla-se que este magistrado adota o critério sucessivo ou cumulativo para fixação da pena Intermediáriahouver concurso entre causas de diminuição e aumento de pena (STF, RE 107345. RE 106030, RES9B18 e RE 9>Conf. ainda SCHIMITT. Ricardo Augusto. Sentença penal condenatória: teoria o pYática 6 ed. Bahia\ JCtePodivm. 26
Eduardo Alv\rè£<le Oliv^ifa"JuièvteDirejlo
n tribunalde justiça_ÓO 0&ÍO(IrV rjt
PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde'GO
Gabinete da 1" Vara Criminal
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a ausência de outras causas modificadoras.
Face a condição financeira do réu, fixo o valor do dia-multa em 1/10
do salário vigente na época do fato. Assevero, todavia, que à época da execução,
a pena de multa deverá ser corrigida, nos termos do art. 49, § 2o do Código Penal.
Em cumprimento a orientação da Corregedoria Geral de Justiça do
Estado de Goiás/GO (ofício Circular 96/2015-SEC), determino o recolhimento do
valor fixado para o pagamento da pena de multa, em favor do Fundo Penintenciário
do Estado de Goiás-GO - FUNPES.
Na seqüência, com amparo no artigo 33, § 2°, "b", do Código Penal,
observado o quantum de pena privativa de liberdade fixada e o fato do réu não ser
reincidente, mas haver circunstância judicial desfavorável, fixo o regime ABERTO
para cumprimento da pena. Ademais, ainda que considerando o período da prisão
provisória (artigo 387, § 2o, do CPP), este regime se mantém.
Presentes os requisitos objetivos e subjetivos previstos no art. 44 do
Código Penal, substituo a pena privativa de liberdade por 2 (duas) restritivas de
direitos:
a) prestação de serviços gratuitos à comunidade ou a entidade de
caráter assistencial, de acordo com suas aptidões, à razão de uma hora de tarefa
por dia de condenação, facultado ao acusado cumpri-la em menor tempo, nunca,
contudo, inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada. Saliento que a
entidade será indicada em sede de audiência admonitória;
b) prestação pecuniária, consistente no pagamento d
salários-mínimos. r
Concedida a substituição, fica prejudicada a análise do sursis
3.2.2. Do crime tipificado no artigo 312, caput, e § 1o, o7
65, III, "d", todos do Código Penal, c/c art. 4o da Lei 12.850/2013.
n tribunalde justiça.
PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Rio Verde/GOGabinete da V vara Criminal
Para a fixação da pena-base, analiso as circunstâncias judiciais
estabelecidas no artigo 59 do Código Penal: a) culpabilidade: a conduta e o delito
praticados pelo acusado não extrapolam o que normalmente acontece no crime em
questão, motivo pelo qual a circunstância não deve ser valorada em seu desfavor; b)
antecedentes: o réu não é reincidente ou possui maus antecedentes, conforme
certidão de antecedentes criminais de ff. 643/644; c) conduta social do agente:
não existem nos autos elementos para avaliação, razão pela qual deixo de valorá-la;
d) personalidade do agente: como não há laudo psicossocial do acusado,
inexistem elementos para a aferição de sua personalidade, razão pela qual deixo de
valorar a circunstância; e) motivos do crime: na hipótese, percebo que as causas
que motivaram a agente são inerentes ao tipo penal; f) circunstâncias do crime: as
circunstâncias são inerentes ao tipo penal, motivo pelo qual não devem ser
valoradas em desfavor do acusado; g) conseqüências do delito: não devem ser
valoradas em desfavor do acusado; h) comportamento da vitima: a vítima em
nada contribuiu para o desfecho do delito.
O delito em questão, prevê pena de reclusão de 2 (dois) a 12 (doze)
anos, e multa. Assim, ante a ausência de circunstâncias judiciais desfavoráveis, fixo
a pena-base em 2 (dois) anos de reclusão e 10 (dez) dias-multa.
Na segunda fase, não concorrem circunstâncias agravantes, mas
presente a atenuante da confissão espontânea (art. 65, III, "d", do Código Penal),
motivo pelo qual atenuo a pena19, fixando a pena intermediária em 1 (um) ano e 8
(oito) meses de reclusão e 8 (oito) dias-multa.
Na terceira fase, concorrem a causa de diminuição descritaVio art. 4o
da Lei 12.850/2013 (colaboração premiada homologada) e a/causa de aumento depena prevista no artigo 327, § 2° do Código Penal20, motivo pelo aual diminuo a
pena em 2/3 (dois terços) para fixá-la em 7 (sete) meses de reclu
dias-multa e, na seqüência, aumento em 1/3 (um terço) jara fixá-
19 Idem. Conferir nota do rodapé n° 17.20 Idem. Conferir nota de rodapé n° 18.
Eduardo Alvan
n tribunalde justiça.
• .
PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Rio Verde'GO
Gabinete da 1" Vara Criminal
meses e 10 (dez) dias de reclusão e 4 (quatro) dias-multa, a qual torno
definitiva face a ausência de outras causas modificadoras.
Face a condição financeira do réu, fixo o valor do dia-multa em 1/10
do salário vigente na época do fato. Assevero, todavia, que à época da execução,
a pena de multa deverá ser corrigida, nos termos do art. 49, § 2o do Código Penal.
Em cumprimento a orientação da Corregedoria Geral de Justiça do
Estado de Goiás/GO (oficio Circular 96/2015-SEC), determino o recolhimento do
valor fixado para o pagamento da pena de multa, em favor do Fundo Penintenciário
do Estado de Goiás-GO - FUNPES.
Na seqüência, com amparo no artigo 33, § 2o, c, do Código Penal,
observado o quantum de pena privativa de liberdade fixada e o fato do acusado não
ser reincidente e inexistirem circunstâncias judiciais desfavoráveis, fixo o regime
ABERTO para o inicio do cumprimento da pena. Ademais, ainda que
considerando o período da prisão provisória (artigo 387, § 2°, do CPP), este regime
se mantém.
Presentes os requisitos objetivos e subjetivos previstos no art. 44 do
Código Penal, substituo a pena privativa de liberdade por 2 (duas) restritivas de
direitos:
a) prestação de serviços gratuitos à comunidade ou a entidade de
caráter assistencial, de acordo com suas aptidões, à razão de uma hora de tarefa
por dia de condenação, facultado ao acusado cumpri-la em menor tempo, nunca,
contudo, inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada. Sal
entidade será indicada em sede de audiência admonitória;
b) prestação pecuniária, consistente no pagamento
salários-mínimos.
Concedida a substituição, fica prejudicada a análise do suksis
n tribunalde justiça.do ostadc tlc oc ü=
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Comarca de Rio Verde/GOGabinete da 1" Vara Criminal
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3.2.2.1. Da continuidade delitiva.
Face as considerações acima expostas acerca da continuidade delitiva,
já que, conforme narrado no corpo desta sentença, ocorreram 3 (três) crimes de
peculato, aumento a pena aplicada em 1/5 (um quinto), tornando definitivo o
quantum de 11 (onze) meses e 10 (dez) dias de reclusão e 5 (cinco) dias-multa.
Na seqüência, com amparo no artigo 33, § 2o, c, do Código Penal,
observado o quantum de pena privativa de liberdade fixada e o fato do acusado não
ser reincidente e inexistirem circunstâncias judiciais desfavoráveis, fixo o regime
ABERTO para o início do cumprimento da pena. Ademais, ainda que
considerando o período da prisão provisória (artigo 387, § 2o, do CPP), este regime
se mantém.
Presentes os requisitos objetivos e subjetivos previstos no art. 44 do
Código Penal, substituo a pena privativa de liberdade por 2 (duas) restritivas de
direitos:
a) prestação de serviços gratuitos à comunidade ou a entidade de
caráter assistencial, de acordo com suas aptidões, à razão de uma hora de tarefa
por dia de condenação, facultado ao acusado cumpri-la em menor tempo, nunca,
contudo, inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada. Saliento que a
entidade será indicada em sede de audiência admonitória;
b) prestação pecuniária, consistente no pagamento de 30 (trinta)
salários-mínimos.
Concedida a substituição, fica prejudicada a analisado sursi.
3.2.3. Do concurso material.
Considerando o concurso material, prevista' no art.
Penal, somo as penas aplicadas aos crimes de organização criminosa'(1 (um) à\ \ \
(oito) meses e 14 (quatorze) dias de reclusão e 15 (quinze) aias-multa) e de pect
tribunalde justiça.
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em continuidade delitiva (11 (onze) meses e 10 (dez) dias de reclusão e 5 (cinco)
dias-multa), perfazendo-se o quantum total de 2 (dois) anos. 7 (sete) meses e 24
(vinte e quatro) dias de reclusão, a qual torno definitiva.
Tomo definitiva a pena de multa no patamar de 19 (dezenove) dias-
multa. fixando o dia multa em 1/10 do salário-minimo. Assevero, todavia, que à
época da execução, a pena de multa deverá ser corrigida, nos termos do art. 49, §
2o do Código Penal.
Em cumprimento a orientação da Corregedoria Geral de Justiça do
Estado de Goiás/GO (oficio Circular 96/2015-SEC), determino o recolhimento do
valor fixado para o pagamento da pena de multa, em favor do Fundo Penintenciário
do Estado de Goiás-GQ - FUNPES.
Na seqüência, com amparo no artigo 33, § 2°', a, do Código Penal,
observado o quantum de pena privativa de liberdade fixada e o fato do acusado não
ser reincidente, mas existir circunstância judicial desfavorável, fixo o regime
ABERTO para o inicio do cumprimento da pena. Ademais, ainda que
considerando o período da prisão provisória (artigo 387, § 2o, do CPP), este regime
se mantém.
Presentes os requisitos objetivos e subjetivos previstos no art. 44 do
Código Penal, substituo a pena privativa de liberdade por 2 (duas) restritivas de
direitos:
a) prestação de serviços gratuitos à comunidade ou a entidade de
caráter assistencial, de acordo com suas aptidões, à razão de uma hora, de tarefa/ \ \por dia de condenação, facultado ao acusado cumpri-la em menor,tempo, nunca,
contudo, inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada. Saliente
entidade será indicada em sede de audiência admonitória; '
b) prestação pecuniária, consistente no pagamento d^ 40 (qsalários-minimos.
tribunalde justiça.rio flMrttío <Jr* íioiAí
PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde/GOGabinete dn 1" Vara Criminal
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Concedida a substituição, fica prejudicada a análise do sursis.
Verifica-se dos autos que acusado respondeu a presente ação penal
em liberdade e não encontram-se presentes os requisitos necessários para decretar
a prisão preventiva do acusado, motivo pelo qual CONCEDO-LHE o direito de
recorrer em liberdade (art. 387, § 1o, do Código de Processo Penal).
3.3. Quanto ao acusado Joaquim Rodrigues Oliveira Neto.
3.3.1. Do crime tipificado no artigo 2o, caput e § 4o, II, da Lei n°. 12.850/2013.
Para a fixação da pena-base, analiso as circunstâncias judiciais
estabelecidas no artigo 59 do Código Penal: a) culpabilidade: a conduta e o delito
praticados pelo acusado extrapolam o que normalmente acontece no crime em
questão, conforme fundamentado, a organização criminosa tinha como objetivo
desviar dinheiro da Secretaria Municipal de Saúde de Rio Verde/GO, que atende a
população local desprovida de recursos financeiros para contratar planos de saúde e
ter acesso a rede particular de hospitais, prejudicando diversas pessoas, além de
desmoralizar o sistema de saúde municipal, motivo pelo qual a circunstância deve
ser valorada em seu desfavor; b) antecedentes: o réu não é reincidente ou possui
maus antecedentes, conforme certidão de antecedentes criminais de ff. 645/646; c)
conduta social do agente: não existem nos autos elementos para avaliação, razão
pela qual deixo de valorá-la; d) personalidade do agente: como não há laudo
psicossocial do acusado, inexistem elementos para a aferição de sua personalidade,
razão pela qual deixo de valorar a circunstância; e) motivos do crime:.na hipótese,
percebo que as causas que motivaram a agente são inerentes ao-tipç~pènal; f)
circunstâncias do crime: as circunstâncias são inerentes ao tipo penal, motivo pelo
qual não devem ser valoradas em desfavor do acusado; /tj) conseqüências do
delito: não devem ser valoradas em desfavor do acusado/ h) comportamèrito davítima: a vítima em nada contribuiu para o desfecho do dei to.
O delito em questão, prevê pena de reclusão
tribunalde justiça.
PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde/GOGabinete da 1* Vara Criminal
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e multa. Assim, ante a presença de 1 (uma) circunstância judicial desfavorável, fixo
a pena-base em 3 (três) anos e 7 (sete) meses de reclusão e 53 (cinqüenta e
três) dias-multa.
Na segunda fase, não concorrem circunstâncias agravantes ou
atenuantes, motivo pelo qual mantenho a pena intermediária em 3 (três) anos e 7
(sete) meses de reclusão e 53 (cinqüenta e três) dias-multa.
Na terceira fase, não concorrem causas de diminuição, mas presente a
causa de aumento de pena prevista no § 4o, II, do artigo 2o, da Lei n°. 12.850/2013,
motivo pelo qual aumento a pena em 2/3 (dois terços), fixando-a em 5 (cinco)
anos, 11 (onze) meses e 20 (vinte) dias de reclusão e 88 (oitenta e oito) dias-
multa, a qual torno definitiva face a ausência de outras causas modificadoras.
Face a condição financeira do réu, fixo o valor do dia-multa em 1/30
do salário vigente na época do fato. Assevero, todavia, que à época da execução,
a pena de multa deverá ser corrigida, nos termos do art. 49, § 2° do Código Penal.
Em cumprimento a orientação da Corregedoria Geral de Justiça do
Estado de Goiás/GO (oficio Circular 96/2015-SEC), determino o recolhimento do
valor fixado para o pagamento da pena de multa, em favor do Fundo Penintenciário
do Estado de Goiás-GO - FUNPES.
Na seqüência, com amparo no artigo 33, § 2o, "b", do Código Penal,
observado o quantum de pena privativa de liberdade fixada e o fato do réu não ser
reincidente, mas haver circunstância judicial desfavorável, fixo o regime
SEMIABERTO para cumprimento da pena. Ademais, ainda que considerando o
período da prisão provisória (artigo 387, § 2o, do CPP), este regime se mantém.
Ausentes os requisitos objetivos e subjetivos/previstos/no an\ 44 doCódigo Penal, deixo de conceder ao acusado a substituição da pena privativa
de liberdade por restritivas de direitos.
tribunalde justiça.
-'-ido O: gõíAs
PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde/GO
Gabinete da '" Vara Criminai
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Ausentes também os requisitos objetivos e subjetivos previstos no art.
77 do Código Penal, deixo de conceder ao acusado o sursis.
3.3.2. Do crime tipificado no artigo 312, capuf e § 1o, c/c art. 65, III, "d", todos
do Código Penal.
Para a fixação da pena-base, analiso as circunstâncias judiciais
estabelecidas no artigo 59 do Código Penal: a) culpabilidade: a conduta e o delito
praticados pelo acusado não extrapolam o que normalmente acontece no crime em
questão, motivo pelo qual a circunstância não deve ser valorada em seu desfavor; b)
antecedentes: o réu não é reincidente ou possui maus antecedentes, conforme
certidão de antecedentes criminais de ff. 645/646; c) conduta social do agente:
não existem nos autos elementos para avaliação, razão pela qual deixo de valorá-la;
d) personalidade do agente: como não há laudo psicossocial do acusado,
inexistem elementos para a aferição de sua personalidade, razão pela qual deixo de
valorar a circunstância; e) motivos do crime: na hipótese, percebo que as causas
que motivaram a agente são inerentes ao tipo penal; f) circunstâncias do crime: as
circunstâncias são inerentes ao tipo penal, motivo pelo qual não devem ser
valoradas em desfavor do acusado; g) conseqüências do delito: não devem ser
valoradas em desfavor do acusado; h) comportamento da vítima: a vítima em
nada contribuiu para o desfecho do delito.
O delito em questão, prevê pena de reclusão de 2 (dois) a 12 (doze)
anos, e multa. Assim, ante a ausência de circunstâncias judiciais desfavoráveis, fixo
a pena-base em 2 (dois) anos de reclusão e 10 (dez) dias-multa.
Na segunda fase, não concorrem circunstâncias agravantes, mas
presente a atenuante da confissão espontânea (art. 65, III, "d",/úo CódigovPenal).
motivo pelo qual atenuo a pena2', fixando a pena intermediária/em 1 íum)\anp e 8
(oito) meses de reclusão e 8 (oito) dias-multa.
Na terceira fase, não concorrem causas de diminuição ouAaumen21 Idem. Conferir nota de rodapé n° 17.
Eduardo Alváre^de OliveJuiz
tribunalde justiça.•• i • .1 i i
PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde/GOGabinete da f* Vara Criminal
51/89
pena, motivo pelo qual mantenho a pena em 1 (um) ano e 8 (oito) meses de
reclusão e 8 (oito) dias-multa, a qual torno definitiva face a ausência de outras
causas modificadoras.
Face a condição financeira do réu, fixo o valor do dia-multa em 1/30
do salário vigente na época do fato. Assevero, todavia, que à época da execução,
a pena de multa deverá ser corrigida, nos termos do art. 49, § 2o do Código Penal.
Em cumprimento a orientação da Corregedoria Geral de Justiça do
Estado de Goiás/GO (ofício Circular 96/2015-SEC), determino o recolhimento do
valor fixado para o pagamento da pena de multa, em favor do Fundo Penintenciário
do Estado de Goiás-GO - FUNPES.
Na seqüência, com amparo no artigo 33, § 2°, c, do Código Penal,
observado o quantum de pena privativa de liberdade fixada e o fato do acusado não
ser reincidente e inexistirem circunstâncias judiciais desfavoráveis, fixo o regime
ABERTO para o início do cumprimento da pena. Ademais, ainda que
considerando o período da prisão provisória (artigo 387, § 2o, do CPP), este regime
se mantém.
Presentes os requisitos objetivos e subjetivos previstos no art. 44 do
Código Penal, substituo a pena privativa de liberdade por 2 (duas) restritivas de
direitos:
a) prestação de serviços gratuitos à comunidade ou a entidade de
caráter assistencial, de acordo com suas aptidões, à razão de umahora de Tarefa
por dia de condenação, facultado ao acusado cumpri-la em menor |e-mo o nunca.
contudo, inferior à metade da pena privativa de liberdade f/xada. :
entidade será indicada em sede de audiência admonitória;
b) prestação pecuniária, consistente no p^gament
salários-minimos.
tribunalde justiça.do «íjtaüa de quís"
PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde/GOGabinete da 1* Vara Criminal
Concedida a substituição, fica prejudicada a análise do sursis.
52.'89
3.3.2.1. Da continuidade delitiva.
Face as considerações acima expostas acerca da continuidade delitiva,
já que, conforme narrado no corpo desta sentença, ocorreram 3 (três) crimes de
peculato, aumento a pena aplicada em 1/5 (um quinto), tornando definitivo o
quantum de 2 (dois) anos de reclusão e 10 (dez) dias-multa.
Face a condição financeira do réu, fixo o valor do dia-multa em 1/30
do salário vigente na época do fato. Assevero, todavia, que à época da execução,
a pena de multa deverá ser corrigida, nos termos do art. 49, § 2o do Código Penal.
Em cumprimento a orientação da Corregedoria Geral de Justiça do
Estado de Goiás/GO (oficio Circular 96/2015-SEC), determino o recolhimento do
valor fixado para o pagamento da pena de multa, em favor do Fundo Penintenciário
do Estado de Goiás-GO - FUNPES.
Na seqüência, com amparo no artigo 33, § 2°, c, do Código Penal,
observado o quantum de pena privativa de liberdade fixada e o fato do acusado não
ser reincidente e inexistirem circunstâncias judiciais desfavoráveis, fixo o regime
ABERTO para o início do cumprimento da pena. Ademais, ainda que
considerando o período da prisão provisória (artigo 387, § 2°, do CPP), este regime
se mantém.
Presentes os requisitos objetivos e subjetivos previstos nol^art. 44
Código Penal, substituo a pena privativa de liberdade por 2 (duas) restritivas de
direitos:
.;'a) prestação de serviços gratuitos à comunidade ou aenti
caráter assistencial, de acordo com suas aptidões, à razão de uma
por dia de condenação, facultado ao acusado cumpri-la en menor tempo, nú^
contudo, inferior à metade da pena privativa de liberdade, fixada. Saljiento
n tribunalde justiça.
PODER JUDICIÁRIOComarca do Rio Verda'60Gabinete da 1* Vara Criminal
0í53/89
entidade será indicada em sede de audiência admonitória;
b) prestação pecuniária, consistente no pagamento de 15 (quinze)
salários-mínimos.
Concedida a substituição, fica prejudicada a análise do sursis.
3.3.3. Do crime tipificado no artigo 333, caput e parágrafo único, c/c art. 65, III,
"d", todos do Código Penal.
Para a fixação da pena-base, analiso as circunstâncias judiciais
estabelecidas no artigo 59 do Código Penal: a) culpabilidade: a conduta e o delito
praticados pelo acusado não extrapolam o que normalmente acontece no crime em
questão, motivo pelo qual a circunstância não deve ser valorada em seu desfavor; b)
antecedentes: o réu não é reincidente ou possui maus antecedentes, conforme
certidão de antecedentes criminais de ff. 645/646; c) conduta social do agente:
não existem nos autos elementos para avaliação, razão pela qual deixo de valorá-la;
d) personalidade do agente: como não há laudo psicossocial do acusado,
inexistem elementos para a aferição de sua personalidade, razão pela qual deixo de
valorar a circunstância; e) motivos do crime: na hipótese, percebo que as causas
que motivaram a agente são inerentes ao tipo penal; f) circunstâncias do crime: as
circunstâncias são inerentes ao tipo penal, motivo pelo qual não devem ser
valoradas em desfavor do acusado; g) conseqüências do delito: não devem ser
valoradas em desfavor do acusado; h) comportamento da vítima: a vítima em
nada contribuiu para o desfecho do delito.
O delito em questão, prevê pena de reclusão dê 2 (dois\) a\12 (doze)
anos, e multa. Assim, ante a ausência de circunstâncias judiciais desfavoráveis, fixósa pena-base em 2 (dois) anos de reclusão e 10 (dez) dias-multc
Na segunda fase, não concorrem circunstâncias \agravant
presente a atenuante da confissão espontânea (art. 65
n tribunalde justiça.
PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde'GOGabinele da 1" Vara Criminal
54/89
motivo pelo qual atenuo a pena22, fixando a pena intermediária em 1 (um) ano e 8
(oito) meses de reclusão e 8 (oito) dias-multa.
Na terceira fase, não concorrem causas de diminuição ou aumento de
pena, motivo pelo qual mantenho a pena em 1 (um) ano e 8 (oito) meses de
reclusão e 8 (oito) dias-multa, a qual torno definitiva face a ausência de outras
causas modificadoras.
Face a condição financeira do réu, fixo o valor do dia-multa em 1/30
do salário vigente na época do fato. Assevero, todavia, que à época da execução,
a pena de multa deverá ser corrigida, nos termos do art. 49, § 2o do Código Penal.
Em cumprimento a orientação da Corregedoria Geral de Justiça do
Estado de Goiás/GO (ofício Circular 96/2015-SEC), determino o recolhimento do
valor fixado para o pagamento da pena de multa, em favor do Fundo Penintenciário
do Estado de Goiás-GO - FUNPES.
Na seqüência, com amparo no artigo 33, § 2o, c, do Código Penal,
observado o quantum de pena privativa de liberdade fixada e o fato do acusado não
ser reincidente e inexistirem circunstâncias judiciais desfavoráveis, fixo o regime
ABERTO para o inicio do cumprimento da pena. Ademais, ainda que
considerando o período da prisão provisória (artigo 387, § 2o, do CPP), este regime
se mantém.
Presentes os requisitos objetivos e subjetivos previstos no art. 44 do
Código Penal, substituo a pena privativa de liberdade por 2 (duas) restritivas de
direitos:
a) prestação de serviços gratuitos à comunidade ou a entidade de
caráter assistencial, de acordo com suas aptidões, à razão de uma horatJe\tarefapor dia de condenação, facultado ao acusado cumpri-la em menontempo,Viunc.icontudo, inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada.I Saliento •
22 Idem. Conferir nola de rodapé n° 17.
n tribunalde justiça,do •,*** sjmjo do ooulà
PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde/GO
Gabmole da 1J Vara Criminal
55'89.
entidade será indicada em sede de audiência admonítória;
b) prestação pecuniária, consistente no pagamento de 5 (cinco)
salários-mínimos.
Concedida a substituição, fica prejudicada a análise do sursis.
3.3.4. Do concurso material.
Considerando o concurso material, previsto no art. 69, do Código
Penal, somo as penas aplicadas aos crimes de organização criminosa (5 (cinco)
anos, 11 (onze) meses e 20 (vinte) dias de reclusão e 88 (oitenta e oito) dias-multa),
de peculato em continuidade delitiva (2 (dois) anos de reclusão e 10 (dez) dias-
multa) e de corrupção ativa (1 (um) ano e 8 (oito) meses de reclusão e 8 (oito) dias-
multa), perfazendo-se o quantum total de 9 (nove) anos. 7 (sete) meses e 20
(vinte) dias de reclusão, a qual torno definitiva.
Tomo definitiva a pena de multa no patamar de 106 (cento e seis)
dias-multa, fixando o dia multa em 1/30 do salário-mínimo. Assevero, todavia,
que à época da execução, a pena de multa deverá ser corrigida, nos termos do art.
49, § 2o do Código Penal.
Em cumprimento a orientação da Corregedoria Geral de Justiça do
Estado de Goiás/GO (ofício Circular 96/2015-SEC), determino o recolhimento do
valor fixado para o pagamento da pena de multa, em favor do Fundo Penintenciário
do Estado de Goiás-GO - FUNPES.
Na seqüência, com amparo no artigo 33, § 2°, a, dó Código Penal/ \ \
observado o quantum de pena privativa de liberdade fixada e oTato do acusado não
Orá1ser reincidente, mas existir circunstância judicial desfavorável, fixo "o regime
FECHADO para o inicio do cumprimento da penai Ademait ainda oue
considerando o período da prisão provisória (artigo 387, § 2o, do CP Pi), este
se mantém.
n tribunalde justiça,rio osmuo<J« OOM*"
56/89
PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde/GOGabinete da 1* Vara Criminal
Ausentes os requisitos objetivos e subjetivos previstos no art. 44 do
Código Penal, deixo de conceder ao acusado a substituição da pena privativa
de liberdade por restritivas de direitos.
Ausentes também os requisitos objetivos e subjetivos previstos no art.
77 do Código Penal, deixo de conceder ao acusado o sursis.
Verifica-se dos autos que acusado respondeu a presente ação penal
em liberdade e não encontram-se presentes os requisitos necessários para decretar
a prisão preventiva do acusado, motivo pelo gual CONCEDO-LHE o direito de
recorrer em liberdade (art. 387, § 1o, do Código de Processo Penal).
3.4. Quanto ao acusado Thiago Martins Conceição.
3.4.1. Do crime tipificado no artigo 2o, caput e § 4o, II, da Lei n°. 12.850/2013.
Para a fixação da pena-base, analiso as circunstâncias judiciais
estabelecidas no artigo 59 do Código Penal: a) culpabilidade: a conduta e o delito
praticados pelo acusado extrapolam o que normalmente acontece no crime em
questão, conforme fundamentado, a organização criminosa tinha como objetivo
desviar dinheiro da Secretaria Municipal de Saúde de Rio Verde/GO, que atende a
população local desprovida de recursos financeiros para contratar planos de saúde e
ter acesso a rede particular de hospitais, prejudicando diversas pessoas, além de
desmoralizar o sistema de saúde municipal, motivo pelo qual a circunstância deve
ser valorada em seu desfavor; b) antecedentes: o réu não é reincidenle^qu possui
maus antecedentes, conforme certidão de antecedentes criminais de ff. 647/648x9)
conduta social do agente: não existem nos autos elementos para avaliação, razão
pela qual deixo de valorá-la; d) personalidade do agente: como não há laudo
psicossocial do acusado, inexistem elementos para a aferição de sua/personalidade,
razão pela qual deixo de valorar a circunstância; e) motivos do crime: na hipótese,,
percebo que as causas que motivaram a agente são inerentes api tipo pehalK f)circunstâncias do crime: as circunstâncias são inerentes ao tipo penal, motivòpelo
Eduardo A|vata» de Oliveira\JuR4e Dirplto
n tribunalde justiça.
• í i
PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde/GOGabinete da 1* Vara Criminal
57/8
qual não devem ser valoradas em desfavor do acusado; g) conseqüências do
delito: não devem ser valoradas em desfavor do acusado; h) comportamento da
vítima: a vitima em nada contribuiu para o desfecho do delito.
O delito em questão, prevê pena de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos.
e multa. Assim, ante a presença de 1 (uma) circunstância judicial desfavorável, fixo
a pena-base em 3 (três) anos e 7 (sete) meses de reclusão e 53 (cinqüenta e
três) dias-multa.
Na segunda fase, não concorrem circunstâncias agravantes ou
atenuantes, motivo pelo qual mantenho a pena intermediária em 3 (três) anos e 7
(sete) meses de reclusão e 53 (cinqüenta e três) dias-multa.
Na terceira fase, não concorrem causas de diminuição, mas presente a
causa de aumento de pena prevista no § 4o. II, do artigo 2o, da Lei n°. 12.850/2013,
motivo pelo qual aumento a pena em 2/3 (dois terços), fixando-a em 5 (cinco)
anos, 11 (onze) meses e 20 (vinte) dias de reclusão e 88 (oitenta e oito) dias-
multa, a gual torno definitiva face a ausência de outras causas modificadoras.
Face a condição financeira do réu, fixo o valor do dia-multa em 1/30
do salário vigente na época do fato. Assevero, todavia, que â época da execução,
a pena de multa deverá ser corrigida, nos termos do art. 49, § 2o do Código Penal.
Em cumprimento a orientação da Corregedoria Gerah.de Justiça do
Estado de Goiás/GO (ofício Circular 96/2015-SEC), determino o recolhimentONdo
valor fixado para o pagamento da pena de multa, em favor do Fundo Penintenciário
do Estado de Goiás-GO-FUNPES.
Na seqüência, com amparo no artigo 33, § 2o, "b", do Código. Penal,
observado o quantum de pena privativa de liberdade fixada e o fai o do réü não ser
reincidente, mas haver circunstância judicial desfavorável,
SEMIABERTO para cumprimento da pena.
tribunalde justiça.
58/89
PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Rio Verde/GOGabinete da 1* Vara Criminal
Ausentes os requisitos objetivos e subjetivos previstos no art. 44 do
Código Penal, deixo de conceder ao acusado a substituição da pena privativa
de liberdade por restritivas de direitos.
Ausentes também os requisitos objetivos e subjetivos previstos no art.
77 do Código Penal, deixo de conceder ao acusado o sursis.
3.4.2. Do crime tipificado no artigo 312, capuf e § 1o, c/c artigo 327, §2°, c/c art.
65, III, "d", todos do Código Penal.
Para a fixação da pena-base, analiso as circunstâncias judiciais
estabelecidas no artigo 59 do Código Penal: a) culpabilidade: a conduta e o delito
praticados pelo acusado não extrapolam o que normalmente acontece no crime em
questão, motivo pelo qual a circunstância não deve ser valorada em seu desfavor; b)
antecedentes: o réu não é reincidente ou possui maus antecedentes, conforme
certidão de antecedentes criminais de ff. 647/648; c) conduta social do agente:
não existem nos autos elementos para avaliação, razão pela qual deixo de valorá-la;
d) personalidade do agente: como não há laudo psicossocial do acusado,
inexistem elementos para a aferição de sua personalidade, razão pela qual deixo de
valorar a circunstância; e) motivos do crime: na hipótese, percebo que as causas
que motivaram a agente são inerentes ao tipo penal; f) circunstâncias do crime: as
circunstâncias são inerentes ao tipo penal, motivo pelo qual não devem ser
valoradas em desfavor do acusado; g) conseqüências do delito: não devem serI \
valoradas em desfavor do acusado; h) comportamento da vítima: a vitima em
nada contribuiu para o desfecho do delito.
O delito em questão, prevê pena de reclusão de 2 (dois) a
anos, e multa. Assim, ante a ausência de circunstâncias judiciais deáfavorá
a pena-base em 2 (dois) anos de reclusão e 10 (dez) dias-multa.
Na segunda fase, não concorrem circunstancias agravantes,
presente a atenuante da confissão espontânea (art. 65. III, d, do Código
n tribunalde justiça.• • • tia I i .,
PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde'GOGabinete da 1o Vara Criminal
59'39
motivo pelo qual atenuo a pena23, fixando a pena intermediária em 1 (um) ano e 8
(oito) meses de reclusão e 8 (oito) dias-multa.
Na terceira fase, não concorrem causas de diminuição, mas presente a
causa de aumento de pena prevista no artigo 327, § 2o, do Código Penal, motivo
pelo qual aumento a pena em 1/3 (um terço), fixando-a em 2 (dois) anos, 2 (dois)
meses e 20 (vinte) dias de reclusão e 11 (onze) dias-multa, a qual torno
definitiva face a ausência de outras causas modificadoras.
Face a condição financeira do réu. fixo o valor do dia-multa em 1/30
do salário vigente na época do fato. Assevero, todavia, que á época da execução,
a pena de multa deverá ser corrigida, nos termos do art. 49, § 2o do Código Penal.
Em cumprimento a orientação da Corregedoria Geral de Justiça do
Estado de Goiás/GO (ofício Circular 96/2015-SEC), determino o recolhimento do
valor fixado para o pagamento da pena de multa, em favor do Fundo Peníntenciário
do Estado de Goiás-GO - FUNPES.
Na seqüência, com amparo no artigo 33, § 2o, c, do Código Penal,
observado o quantum de pena privativa de liberdade fixada e o fato do acusado não
ser reincidente e inexistirem circunstâncias judiciais desfavoráveis, fixo o regime
ABERTO para o início do cumprimento da pena. Ademais, ainda que
considerando o período da prisão provisória (artigo 387, § 2o, do CPP), este regime
se mantém.
Presentes os requisitos objetivos e subjetivos previstos no art. 44 do
Código Penal, substituo a pena privativa de liberdade por 2 (duas) restritivas de
direitos:
a) prestação de serviços gratuitos à comun dade ou
caráter assistencial, de acordo com suas aptidões, à razã) de uma
por dia de condenação, facultado ao acusado cumpri-la em menor
23 Idem. Conferir nota de rodapé n° 17.
n tribunalde justiça.t: •:-:.' jQ :.' .-i, |
60/89PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde/GOGabinete da 1" Vara Criminal
contudo, inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada. Saliento que a
entidade será indicada em sede de audiência admonitória;
b) prestação pecuniária, consistente no pagamento de 5 (cinco)
salários-mínimos.
Concedida a substituição, fica prejudicada a análise do sursis.
3.4.2.1. Da continuidade delitiva.
Face as considerações acima expostas acerca da continuidade delitiva,
já que, conforme narrado no corpo desta sentença, ocorreram 3 (três) crimes de
peculato, aumento a pena aplicada em 1/5 (um quinto), tornando definitivo o
quantum de 2 (dois) anos e 8 (oito) meses de reclusão e 13 (treze) dias-multa.
Face a condição financeira do réu, fixo o valor do dia-multa em 1/30
do salário vigente na época do fato. Assevero, todavia, que à época da execução,
a pena de multa deverá ser corrigida, nos termos do art. 49, § 2° do Código Penal.
Em cumprimento a orientação da Corregedoria Geral de Justiça do
Estado de Goiás/GO (ofício Circular 96/2015-SEC), determino o recolhimento do
valor fixado para o pagamento da pena de multa, em favor do Fundo Penintenciário
do Estado de Goiás-GO - FUNPES.
Na seqüência, com amparo no artigo 33, § 2o, c, do Código Penal,
observado o quantum de pena privativa de liberdade fixada e o fato do acusado não
ser reincidente e inexistirem circunstâncias judiciais desfavoráveis, fixo o regime
ABERTO para o início do cumprimento da pena. Adémaisl ainda que
considerando o período da prisão provisória (artigo 387, § 2^( do CPP), este regime
se mantém.
Presentes os requisitos objetivos e subjetivoís previstos no art:, 44 do
Código Penal, substituo a pena privativa de liberdade por 2 (duas) restritivas\
direitos:
Eduardo Alvàrôsde OlivejrJarz üe Direito
n tribunalde justiça.do eslacto <Je oui.'.i
PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Rio Verde/GOGabinete da 1" Vara Criminal
61/89
a) prestação de serviços gratuitos à comunidade ou a entidade de
caráter assistencial, de acordo com suas aptidões, à razão de uma hora de tarefa
por dia de condenação, facultado ao acusado cumpri-la em menor tempo, nunca,
contudo, inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada. Saliento que a
entidade será indicada em sede de audiência admonitória;
b) prestação pecuniária, consistente no pagamento de 15 (quinze)
salários-mínimos.
Concedida a substituição, fica prejudicada a análise do sursis.
3.4.3. Do crime tipificado no artigo 317, caput, c/c art. 327, § 2o, c/c art. 65, III,
"d", todos do Código Penal.
Para a fixação da pena-base, analiso as circunstâncias judiciais
estabelecidas no artigo 59 do Código Penal: a) culpabilidade: a conduta e o delito
praticados pelo acusado não extrapolam o que normalmente acontece no crime em
questão, motivo pelo qual a circunstância não deve ser valorada em seu desfavor; b)
antecedentes: o réu não é reincidente ou possui maus antecedentes, conforme
certidão de antecedentes criminais de ff. 647/648; c) conduta social do agente:
não existem nos autos elementos para avaliação, razão pela qual deixo de valorá-la;
d) personalidade do agente: como não há laudo psicossocial do acusado,
inexistem elementos para a aferição de sua personalidade, razão pela qual deixo de
valorar a circunstância; e) motivos do crime: na hipótese, percebo que as causas
que motivaram a agente são inerentes ao tipo penal; f) circunstâncias do crime: as
circunstâncias são inerentes ao tipo penal, motivo pelo qual-"nãô, devêm, ser
valoradas em desfavor do acusado; g) conseqüências do ^delito: não'devem sérN
valoradas em desfavor do acusado; h) comportamento da vítima: a\vítima em
nada contribuiu para o desfecho do delito.
O delito em questão, prevê pena de reclusa d
anos, e multa. Assim, ante a ausência de circunstâncias ju
de 2 (ddis) a 12Vddze)
liciais desfavoráveis)
n tribunalde justiça.
PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde'GO
Gabinete da lavara Criminal
a pena-base em 2 (dois) anos de reclusão e 10 (dez) dias-multa.
Na segunda fase, não concorrem circunstâncias agravantes, mas
presente a atenuante da confissão espontânea (art. 65, III, "d" do Código Penal),
motivo pelo qual atenuo a pena24, fixando a pena intermediária em 1 (um) ano e 8
(oito) meses de reclusão e 8 (oito) dias-multa.
Na terceira fase, não concorrem causas de diminuição, mas presente a
causa de aumento de pena prevista no artigo 327, § 2o, do Código Penal, motivo
pelo qual aumento a pena em 1/3 (um terço), fixando-a em 2 (dois) anos, 2 (dois)
meses e 20 (vinte) dias de reclusão e 11 (onze) dias-multa, a qual torno
definitiva face a ausência de outras causas modificadoras.
Face a condição financeira do réu, fixo o valor do dia-multa em 1/30
do salário vigente na época do fato. Assevero, todavia, que à época da execução,
a pena de multa deverá ser corrigida, nos termos do art. 49, § 2° do Código Penai.
Em cumprimento a orientação da Corregedoria Geral de Justiça do
Estado de Goiás/GO (oficio Circular 96/2015-SEC), determino o recolhimento do
valor fixado para o pagamento da pena de multa, em favor do Fundo Peníntenciário
do Estado de Goiás-GO - FUNPES.
Na seqüência, com amparo no artigo 33, § 2°, c, do Código Penal,
observado o quantum de pena privativa de liberdade fixada e o fato do acusado não
ser reincidente e inexistirem circunstâncias judiciais desfavoráveis, fixo o regime
ABERTO para o início do cumprimento da pena/ Ademais, ainda que
considerando o período da prisão provisória (artigo 387, §'2°, do CPP)\èste regime
se mantém.
Presentes os requisitos objetivos e subjetivos previstjos •no art 44 doCódigo Penal, substituo a pena privativa de liberdade
direitos:
24 Idem. Conlerir nota de rodapé n" 17.
n tribunalde justiça.(In nulnOfi ao ooüi
PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde/GO
Gabinete da 1" Vara Criminal
63/89
a) prestação de serviços gratuitos à comunidade ou a entidade de
caráter assistencial, de acordo com suas aptidões, à razão de uma hora de tarefa
por dia de condenação, facultado ao acusado cumpri-la em menor tempo, nunca,
contudo, inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada. Saliento que a
entidade será indicada em sede de audiência admonitória;
b) prestação pecuniária, consistente no pagamento de 5 (cinco)
salários-minimos.
Concedida a substituição, fica prejudicada a análise do sursis.
3.4.4. Do concurso material.
Considerando o concurso material, previsto no art. 69, do Código
Penal, somo as penas aplicadas aos crimes de organização criminosa (5 (cinco)
anos, 11 (onze) meses e 20 (vinte dias) de reclusão e 88 (oitenta e oito) dias-multa),
de peculato em continuidade delitiva (2 (dois) anos e 08 (oito) meses de reclusão e
13 (treze) dias-multa) e de corrupção ativa (2 (dois) anos, 2 (dois) meses e 20 (vinte)
dias de reclusão e 11 (onze) dias-multa), perfazendo-se o quantum total de 10
(dez) anos, 10 (dez) meses e 10 (dez) dias de reclusão, a qual torno definitiva.
Torno definitiva a pena de multa no patamar de 112 (cento e doze)
dias-multa, fixando o dia multa em 1/30 do salário-mínimo. Assevero, todavia,
que à época da execução, a pena de multa deverá ser corrigida, nos termos do art.
49, § 2o do Código Penal.
Em cumprimento a orientação da Corregedoria Geral de Justiça do
Estado de Goiás/GO (oficio Circular 96/2015-SEC), determino o recolhimento do/ \\ X"
valor fixado para o pagamento da pena de multa, em favor db Fundo Penintenciario
do Estado de Goiás-GO - FUNPES. /
Na seqüência, com amparo no artigo 33, §
observado o quantum de pena privativa de liberdade fixad
n tribunalde justiça.•••:.••
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Gabinete da 1" Vara Criminal
64/89
ser reincidente, mas existir circunstância judicial desfavorável, fixo o regime
FECHADO para o início do cumprimento da pena. Ademais, ainda que
considerando o período da prisão provisória (artigo 387, § 2o, do CPP), este regime
se mantém.
Ausentes os requisitos objetivos e subjetivos previstos no art. 44 do
Código Penal, deixo de conceder ao acusado a substituição da pena privativa
de liberdade por restritivas de direitos.
Ausentes também os requisitos objetivos e subjetivos previstos no art.
11 do Código Penal, deixo de conceder ao acusado o sursis.
Verifica-se dos autos que acusado respondeu a presente ação penal
em liberdade e não encontram-se presentes os requisitos necessários para decretar
a prisão preventiva do acusado, motivo pelo qual CONCEDO-LHE o direito de
recorrer em liberdade (art. 387, § 1o, do Código de Processo Penal).
Na seqüência, percebo a presença dos requisitos para a manutenção
das medidas cautelares aplicadas em desfavor da empresa PRÓ-REMÉDIOS
Distribuidora de Produtos Farmacêuticos e Cosméticos El RELI-ME e do acusado
Thiago Martins Conceição, razão pela qual mantenho a decisão de ff. 450/473 por
seus próprios fundamentos.
Por oportuno, DETERMINO o imediato cumprimento dos comandos
exarados às ff. 601/602, especialmente no que toca a expedição de ofícios às
autoridades competentes para dar efetividade à medida cautelar aplicada
contra a empresa PRÓ-REMÉDIOS.
Deixo de fixar o valor mínimo de reparação de/danos.
no art. 387, inciso IV, do Código de Processo Penal, tendo em vista é
provas cabais da quantidade mínima do dano causado pelos acusadoj
Condeno os acusados ao pagamento das custas processuais\
%Ufc,0V/U
tribunalde justiça.do o«»Oo dn póOa"
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Gabinete da 1* Vara Criminal
65/89
importe de 25% (vinte e cinco por cento) para cada acusado (art. 804 do Código de
Processo Penal).
Ademais, tendo em vista a natureza do crime praticado pelos
condenados (organização criminosa voltada para a prática de crimes contra a
Administração Pública) e o quantum da pena aplicada, com fulcro no art. 92, I do
Código Penal e § 6o do art. 2o da Lei n° 12.850/2013, DECRETO a perda de cargos,
empregos ou funções públicas, bem como a interdição para o exercício de
função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subseguentes ao
cumprimento da pena, para todos os condenados.
Por fim, RETIRO o sigilo dos autos por não ser mais necessário.
Intimem-se pessoalmente da sentença os réus e o Ministério
Público.
Intimem-se os defensores constituídos pelos acusados por Pi.
Após o trânsito em julgado, tomem-se as seguintes providências:
a) oficie-se ao TRE/GO nos exatos termos do art. 15, III, da
Constituição Federal, art. 71, § 2o, do Código Eleitoral e súmula n° 09 do Colendo
Tribunal Superior Eleitoral;
b) oficie-se ao Instituto de Identificação - Divisão de Cadastro de
Antecedentes - através da Secretaria de Segurança Pública e Justiça do Estado de
Goiás, dando-lhe inteira ciência da presente sentença;
c) expeçam-se guias de execução para cumprimento
d) oficiem-se ao Prefeito do município de Rio Verde/GO,
de Estado de Gestão e Planejamento de Goiás, à Controladoria-
Goiás, ao Tribunal de Contas dos Municípios/TCM, ao Tribunal d
de Goiás/TCE, ao Ministério da Transparência, Fiscalização e Cor^tròladoria-
n tribunalde justiça,
•
PODER JUDICIÁRIOComarca de Rio Verde/GO
Gabinete da 1a Vara Criminal
66/89
da União, comunicando-lhes sobre a perda de cargos, empregos ou funções
públicas dos acusados, bem como a interdição para o exercício de função ou
cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subseguentes ao cumprimento da
pena, enviando-lhes cópia da presente sentença para cumprimento, bem como para
que adotem as providências necessárias em desfavor da empresa PRÓ-
REMÉDIOS Distribuidora de Produtos Farmacêuticos e Cosméticos EIRELI-ME
(utilizada para a prática dos crimes), nos termos da Lei 12.846/2013;
e) procedam-seVás comunicações e anotações necessárias;
APublique-sé. Registre-se. Intimem-se.
I /\\^Rio Verd/e-GO, 11 de janeiro de 2017.
V
Eduardo Alvares de OliveiraJuiz de Direito