GINÁSTICA ARTÍSTICA: AÇÕES E HABILIDADES MOTORAS -10 a 14 ANOS
Edson de Jesus do Nascimento, Sebastião Álvaro Galdino.
Autores
Edson de Jesus do Nascimento e_mail: [email protected]
Graduação em Educação física pelo Centro Universitário das Faculdades Associadas de
Ensino - FAE
.
Sebastião Álvaro Galdino, Graduação em Educação Física pela Faculdade Náutico
Mogiano de Mogi das Cruzes – SP. Mestre em Ciência da Educação pela Universidade
Braz Cubas de Mogi das Cruzes. Especialista em Ciência do Esporte, Natação e
Ginástica Olímpica. Professor do curso de Educação Física do Centro Universitário das
Faculdades Associadas de Ensino – FAE. e_mail: [email protected]
RESUMO
A Ginástica Artística é uma atividade esportiva com grande variação de trabalho motor,
permite grande controle corporal. Sabe-se que se trata de uma atividade que pode ser
iniciada muito cedo, envolvendo a criança em uma grande variedade de exercícios que
por sua vez tem sido investigado quanto sua contribuição para as habilidades motoras
básicas de crianças. Para o ensino da Ginástica Artística utilizamos da familiarização e
iniciação. A familiarização constitui todo o trabalho de aproximação, contato,
ambientação e experimentação dos aparelhos O objetivo deste trabalho foi compreender
identificar e verificar se a influência da Ginástica Artística nas variáveis motoras das
alunas que vivenciam a Ginástica Artística. Foram observadas 7 alunas com idade entre
12 a 14 anos. Os indivíduos foram divididos em dois grupos sendo 4 alunas do nível
competitivo e 3 alunas iniciantes. As sessões de treinamento consistiram em 30 sessões
de 150 minutos cada. Foram utilizados na coleta de dados o Teste de 50 metros para
mensurar a velocidade, orgoniômetro para a flexibilidade, teste de pista sinuosa para
mensurar a agilidade, teste de equilíbrio (posição de avião) e teste barra, para mensurar a
força de membros superiores. Conclui-se que os resultados encontrados nos pré e pós-
testes, permitiram observar que a Ginástica Artística possui influência nas habilidades
motoras em alunas com idade entre 10 a 14 anos.
Palavras Chaves: Ginástica Artística, Ações Motoras, Habilidades Motoras.
ABSTRACT
Artistic Gymnastics is a sport with great variation of engine work, allows great body
control. It is known that this is an activity that can be started early, involving the child in
a wide variety of exercises which in turn has been investigated for its contribution to the
basic motor skills of children. For the teaching of gymnastics and basic use of
familiarization. Familiarity is all the work of approaching, setting and testing of
equipment. The objective of this study was to understand, identify and verify the
influence of Artistic Gymnastics in motor skills of the students who experience the
artistic gymnastics. We observed seven students aged 12 to 14 years. The subjects were
divided into two groups with four students from the competitive level 3 students and
beginners. The training sessions consisted of 30 sessions of 150 minutes each. Were used
to collect data for the 50-meter test to measure the speed, flexibility orgoniômetro for the
test, winding track to measure agility, balance test (aircraft) and test bar to measure the
force of arms. We conclude that the results found in pre-and post-test, noted that allowed
the Artistic Gymnastics has an effect on motor skills in students aged 10 to 14 years.
Key-words: Gymnastics, Stock Motor, Motor Skills.
INTRODUÇÃO
A ginástica artística pode ser considerada um aspecto da educação total da criança,
levando-a á aquisição de um conhecimento e domínio do mundo que acerca e de si
mesma, a partir de uma prática elaborada cuidadosamente, permitindo uma progressão a
cada aula. Segundo Hostal (1982, p.12): “nosso corpo nada mais é, na verdade que nosso
modo de ser e de se movimentar, é através dele que aprendemos a se encontrar e
vivenciar a vida”.
O trabalho da ginástica artística aprimora o desenvolvimento das percepções,
graças ao acúmulo de gestos e vivências motoras, tornando-os progressivamente
significativos, fazendo parte desse aprimoramento à experiência em espaços físicos e
situações que promovam o contato com aparelhos de diferente forma; alturas, larguras e
densidades, favorecendo situações de apoio, suspensão, rotações nos eixos transversal,
longitudinal e combinado, posições invertidas, aterrissagens de diferentes alturas através
de saltos. (LEGUET, 1987).
Kreamer (2001) assinala o importante papel desempenhado pelo seu próprio
sistema nervoso central na geração de ganhos de força, onde as crianças aumentam sua
força mediante o aperfeiçoamento de sua capacidade funcional do sistema nervoso, em
vez do crescimento dramático do tamanho do músculo.
Agilidade é a “capacidade de executar movimentos rápidos e ligeiros com
mudanças de direção” (BARBANTI, 2003, p. 15).
“A velocidade é um fator de desempenho físico, que sofre perdas visíveis com a
idade, portanto quanto mais cedo ela for trabalhada, melhor será sua eficiência”.
(WEINECK, 2000, P. 382).
A flexibilidade é a habilidade que várias articulações do corpo têm para se
movimentar ao longo de sua escala total de movimento (GALLAHUE E OZMUN,
2001).
O equilíbrio freqüentemente é definido como estático ou dinâmico. O equilíbrio
estático refere-se à habilidade de manter-se em certa posição estacionária, como
equilibrar-se em um pé só, realizar movimentos na trave de equilíbrio são exemplos de
habilidades de equilíbrio estático. Já o equilíbrio dinâmico define-se como a habilidade
do equilíbrio manter-se na mesma posição, quando em movimento de um ponto para o
outro (GALLAHUE E OZMUN, 2001).
A ginástica artística é uma atividade física de base formativa e educativa, que
favorece uma diversidade de experiências motoras. Por meio de pesquisa de campo
realizada acerca das ações e habilidades motoras da criança, procurou compreender,
identificar e verificar se a mudanças nas ações motoras no aparelho solo em alunas de
faixa etária de 10 a 14 anos, através de uma proposta que apresenta evoluções num
espaço, com aparelhos diversificados específicos e adaptados.
A metodologia utilizada para este estudo foi teste de agilidade, velocidade, força,
flexibilidade e equilíbrio e procurou aplicar em um grupo de alunas de nível competitivo
e iniciantes de Ginástica Artística.
Entretanto, este trabalho buscou verificar se a Ginástica Artística atua sobre
mudanças importantes nas ações e habilidades motoras de agilidade, flexibilidade,
velocidade equilíbrio e força em alunas de 10 á 14 anos.
1. Ginástica Artística
Segundo Teixeira (1997), A ginástica é praticada, ora consciente por meio de
movimentos ginásticos e ora inconsciente por intermédio do trabalho do dia-a-dia. A
moderna ginástica desenvolveu-se na Alemanha impulsionada por Friedrich Ludwig
Jahn, que fundou em 1811, perto de Berlim, o primeiro ginásio ao ar livre para
treinamento físico da juventude prussiana.
Os discípulos, de Jahn, emigraram para outros países, o que acabou contribuindo
para propagar a atividade e o método de Jahn, principalmente no Sul do país. Em 1896,
com o restabelecimento dos jogos olímpicos em Atenas, Grécia, a ginástica foi incluída
no programa oficial competitivo o que foi vital para o seu crescimento em nível mundial.
(NUNOMURA e NISTA-PICCOLO, 2005).
A realização dos primeiros campeonatos e jogos olímpicos, além das provas de
aparelhos, fazia parte do programa de ginástica, provas de atletismo: corrida, salto em
altura, distância e com vara, subida na corda, arremesso de pedras, bem como corrida de
60 metros, salto em distância, lançamento de dardo e natação para o sexo feminino.
Em 1972, o programa da Ginástica Artística foi uniformizado para os jogos
olímpicos e campeonatos mundiais, com programações de séries obrigatórias e séries
livres. (NUNOMURA e NISTA-PICCOLO, 2005.) Ainda segundo o mesmo autor fica
evidente que a mais antiga sociedade de ginástica no Brasil é a sociedade de Ginástica de
Joinville, em Santa Catarina, fundada em 16 de novembro de 1858. Internacionalmente,
o Brasil iniciou sua participação em 1951, nos I Jogos Desportivos Pan-Americanos,
realizados em Bueno Aires, Argentina. Em 1954 participou do Campeonato Mundial, em
Roma, e em 1980 nos Jogos Olímpicos de Moscou.
A partir de março de 1979, a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) assumiu
definitivamente a direção da Ginástica Artística no Brasil. A Ginástica Artística, popular
em países do primeiro mundo, é atualmente uma das modalidades esportivas mais
apreciadas pelo público, principalmente pelos movimentos acrobáticos e pela beleza
geral das apresentações.
“No Brasil, a Ginástica Artística teve inicio com a colonização alemã no Rio
Grande do Sul em 1824, local que até hoje é bem trabalhada, principalmente pela
característica e disciplina do povo Europeu”. (PUBLIO, 1977, p.45).
1.1 Solo
“Os elementos no solo constituem a base para a prática nos aparelhos, eles
desenvolvem todas as capacidades motoras e tem um efeito revigorante orgânico quando
executados com uma intensidade suficiente”. (BORRMANN, 1980, p.183).
Os exercícios de solo abrangem, em sua totalidade, quase todos os exercícios
básicos na formação da ginástica. Os giros ao redor dos eixos longitudinal, transversal e
ântero-posterior necessários nos encadeamentos, exigem em sua preparação geral um
treinamento com auxilio de formas ginásticas apropriadas a fim de educar o sentido de
equilíbrio. (BORRMANN, 1980).
Força de impulsão e força de apoio deve ser suficientemente trabalhada antes de
iniciar o processo de ações motora, do contrário, ocorre o perigo de que, apesar da
cuidadosa seqüência metódica da aprendizagem, o sucesso seja notado em poucos
alunos. (DIECKERT, KOCH, 1981).
O exercício de solo é a forma mais simples da formação. Em virtude da resistência
firme que o solo representa o desvio de determinadas partes do corpo é impedido ou
fortemente limitado. Por este motivo, ele é particularmente utilizado em aulas e nos
treinamentos específicos. Quanto às particularidades da prática da ginástica de solo,
Bormann (1980), cita que ao contrário do que acontece com todos os aparelhos, o ginasta
pode nos exercícios de solo, movimentar-se em espaços amplos e em todas as direções, e
isto, logicamente, desenvolve a dominância lateral e a lateralidade. Para Arnold e Zinke
(1983, p. 118), “a ginástica praticada hoje, é importante para que os exercícios ginásticos
(rolamentos, parada em dois apoios e outros) estejam coordenados com o sentido dos
elementos acrobáticos (saltos mortais, flic-flac...) e com elementos da ginástica, saltos e
impulsos”.
Na ginástica o corpo encontra-se geralmente em posições incomuns, permitindo
que a criança, descubra os diversos, seguimentos bem como sentir e realizar melhor os
vários movimentos e por esta razão, trabalha-se dentro do esquema corporal (HOSTAL,
1982).
Segundo Carrasco (1987), até mesmo um elemento ginástico simples dentro de um
conjunto complexo está estreitamente ligado ao elemento que o procede, os elementos
acrobáticos no solo são precedidos de um impulso e este determina a qualidade técnica
dos mesmos.
1.2 Motivação
A motivação é muito importante na Ginástica Artística, pois quando se trabalha
com crianças iniciando a modalidade, deve-se motivar o máximo para que no futuro se
consiga revelar talentos. Pois, se a aula não for motivadora, mesmo que o aluno tenha
facilidade para executar os movimentos da Ginástica Artística, não existirá a inclusão
pelo gosto, o que poderá culminar com a desistência do iniciante. (DAVIDOFF, 1983).
È importante ressaltar que o aluno motivado, fará da aula um momento de alegria e
felicidade. Ao se ministrar não só aulas convencionais, mas aulas organizadas por
intermédio da liberdade dos corpos, e com aquisição de responsabilidade no que se refere
à inserção social e de educação atlética.
Segundo Davidoff (1983), a motivação é um estado interno que tem como
resultado a necessidade de ativar ou despertar comportamentos dirigidos à necessidade
ativa do cumprimento.
Segundo Buriti (1997), a recompensa é a chave para a motivação, pois a criança
sabe que se ela superar suas dificuldades recebera uma recompensa, esta teoria de
avaliação cognitiva fornece uma moldura conceitual útil para classificar as relações entre
recompensa externa e motivação interna.
A motivação pode ser analisada de maneira intrínseca e extrínseca, pois a
motivação deve facilitar a pratica esportiva, e logicamente, assume papel preponderante
(expectativa, motivos, necessidades, interesses) e ações do meio ambiente como
facilidades de execução tarefas atraentes e interações sociais, a motivação é o desejo
consciente de se obter algo, isso determina a forma de comportamento do individuo.
Ela esta envolvida em diferentes comportamentos como: desempenho,
aprendizagem, percepção, atenção, esquecimento, recordação, pensamento, criatividade e
sentimento. Também possuem elementos complexos, conscientes e antagônicos gerando
constantes conflitos. Mas certamente é a motivação que move o homem. (SAMULSKI,
1992).
Segundo Gouvêa (1997), com relação ao ensino e aprendizagem, em qualquer
lugar, momento ou atividade, tem que haver motivação, pois para se alcançar os
objetivos propostos a motivação é essencial.
1.3 A Música nas Aulas de Ginástica Artística
Por intermédio da música o aluno desenvolve sua percepção corporal expressada em
movimentos belos e sutis no aparelho solo. Para Verderi (1998), a música exerce uma
influência muito grande na criança. Para uma volta á calma depois de uma aula, usa-se,
musicas infantis para que a criança deixe a euforia da aula para trás.
Pode-se notar que um bebê, que ao mínimo som, se movimenta, pois a música
estimula suas funções sensoriais e afetivas. É por esse motivo que a música faz parte da
nossa proposta educacional de toda criança, sem levar em conta seu fator estimulante,
pois é muito bom dançar com música, por intermédio da música a criança se movimenta.
(VERDERI, 1998).
Segundo Verderi (1998, p.51):
A Ginástica necessita da música no solo feminino, bem como durante as
aulas e treinamentos. É uma maneira de incentivo para o aluno ter um
fundo musical durante as aulas, pois a música sempre esteve presente, é
uma forma também de estimular a criança a participar das aulas mais
descontraídas. Ela não precisa ficar escutando só a voz do professor dando
as instruções dos exercícios.
2. Ações Motoras e Habilidades Motoras
As ações motoras abordam o conjunto de especialidade e cada uma delas
representa a totalidade significativa para o praticante, considerando-se a relação que o
iniciante mantém com o equipamento e o contexto, a unidade comportamental que pode
ser ampliada pela transformação e diferenciação por níveis de prática, a base motora e a
gênese particular (PRESTIDGE, 1969).
Para Prestidge (1969), o movimento é ponto principal do domínio motor e com o
objetivo de determinar o envolvimento dos componentes mentais ou cognitivos que
ocorrem na maioria das habilidades motoras, também é chamado de domínio psicomotor.
As habilidades motoras são aquelas que envolvem movimento, porém não se pode
esquecer que estas habilidades ou comportamentos do domínio motor não são realizados
sozinhos, existe uma inter-relação entre os domínios do comportamento cognitivo e do
comportamento afetivo.
A classificação de habilidade motora é baseada na determinação de quais
componentes ou elementos de uma habilidade são semelhantes a outros componentes, ou
outras habilidades.
Marçal (1987) sugeriu que no domínio motor podem ser considerados como
comportamentos aqueles que envolvem algumas ou todas essas ações, contato,
manipular, mover um objeto, controlar ou equilibrar objetos, mover, controlar o corpo ou
partes do corpo no espaço, com controle de tempo numa curta ou longa ação e seqüência
de situações previsíveis ou imprevisíveis.
Cada sistema de classificação de habilidade motora é baseado em sua natureza geral,
e relacionada com aspectos específicos, de habilidades, ficando assim dividida: precisão
do movimento, distinção do começo e ponto final, estabilidade do meio ambiente,
controle de feedback (MARÇAL, 1987).
A precisão do movimento é dividida em duas categorias, habilidade motora grossa
ou global e, habilidade motora fina. Em Ginástica Artística será utilizado basicamente às
habilidades motoras grossas que são caracterizadas pelo envolvimento da musculatura
como base para o movimento, a distinção do começo e ponto final pode ser dividida em:
habilidades motoras discretas, por possuir bem estabelecido um início e um fim da
habilidade, habilidade motora em série, encadeamento de habilidades motoras discretas e
habilidade motora contínua, não há distinção entre o início e o fim da habilidade,
(MARÇAL, 1987).
Na estabilidade do meio ambiente, as habilidades poderão ser abertas (estímulos
previsíveis) ou fechadas (estímulos não previsíveis). O controle de feedback é utilizado
para ajustar por meio de informações sensoriais a ação durante o movimento. As
habilidades motoras básicas, de acordo com Leguet, (1987), para a prática da Ginástica
Artística, são: deslocar-se em bipedia, equilibrar-se, passagem pelo solo (ou trave),
abertura e fechamento, volteio, saltar, aterrissar, equilibrar-se, girar sobre si mesmo,
balancear em apoio, balancear em suspensão, passar pelo apoio invertido, passar pela
suspensão invertida.
Os elementos da Ginástica Artística ocorrem a partir do encadeamento de ações
motoras, ações executadas coordenadas entre si, tal como os elos de uma corrente,
chamado de cadeia motora, seqüência ordenada destas ações motoras, por exemplo: o
mortal para frente é o encadeamento de 3 ações motoras como, saltar, girar e amortecer.
A abordagem do conteúdo motor em Ginástica Artística, no aparelho Solo, Segundo
Leguet (1987), a inserção das ações mais características são: rolar, saltar, amortecer,
passar pelo apoio invertido, manter equilíbrio, deslocar-se em bipedia, passar próximo ao
solo. Estas ações integradas produzirão uma série simples, porém completa. É possível
reconhecer as principais ações musculares em cada habilidade, e isto com certeza,
caminha em direção a boa formação do aluno, realização de determinadas habilidades
não depende somente da ação muscular em si, mas da coordenação de todas as ações,
ainda que haja uma que sobressaia sobre as outras.
Para Malmberg (2003), o ambiente de prática pode ser alterado e manipulado para
que o aprendizado ocorra de forma eficiente e interagindo as ações que possam ser
adquiridas neste mesmo ambiente por um praticante de ginástica artística.
Segundo Guedes (2000, p.56):
A partir da década de 80, nos Estados Unidos, surgiu um novo modelo
partindo da suposição que o desempenho motor se caracteriza pela elevada
especificidade de cada uma das capacidades motoras isoladamente,
substituindo a noção do desempenho motor geral pelo conceito de que
cada indivíduo apresenta um desempenho motor específico dentro de cada
uma das capacidades motoras.
Gallahue e Ozmun (2001) afirmam que, a experiência motora de cada criança se
caracteriza principalmente aos estímulos extrínsecos vindos do meio ambiente,
proporcionado pela atividade que a criança está envolvida, não podendo ser dada como
uma busca de desempenho, mas sim pela busca de variados estímulos que condicionem
seu aparelho locomotor.
Através dos movimentos busca-se interagir com a prática em si e Leguet (1987, p.
81):
Defende suas colocações acerca da contribuição da Ginástica Artística no
desenvolvimento demonstrando que a Ginástica Artística realiza
movimentos básicos, naturais, como correr, saltar, e movimentos
inabituais como a passagem pelo apoio invertido, inversões de apoio, etc.
Os movimentos que classificam as ações motoras da ginástica são
importantes para a complementação de exercícios que venham a ser
realizados em série, ou para a evolução de um movimento básico.
O movimento de girar sobre si mesmo, que é identificado como rolamento, por
sua vez, pode ser executado em diferentes direções, para frente e para trás, em diferentes
posturas, grupada, afastada, estendida e carpada, com apoio ou em suspensão, como no
caso dos mortais ou ligados a outros elementos (PEROTTI e PELEGRINI, 2001).
Os exercícios mostram-se em um processo de abordagem, e eis que a genética
oferecerá perspectivas que ultrapassem o próprio processo, uma abordagem analítica
oferecerá parâmetros para um aspecto otimizado do gesto (LEGUET, 1987).
O exercício como o rolamento, trata-se de uma atividade bastante diversa dentre
as habilidades que compõe o repertório motor da criança, as crianças em sua grande
maioria não encontram grandes dificuldades para executar esta habilidade, no entanto a
evolução e a performance mudam no decorrer dos anos (PEROTTI e PELEGRINI,
2001).
A criança consegue adquirir maior controle sobre alguns aspectos do rolamento,
como manutenção do alinhamento do corpo, velocidade e economia do movimento,
aperfeiçoando de forma progressiva esta habilidade, contudo isto infere no ganho de
coordenação motora, pois o produto final do rolamento é a conseqüência da execução
harmoniosa dos membros cabeça e tronco, ao se executar um rolamento (PEROTTI e
PELEGRINI 2001).
As ações motoras fazem a ligação entre a habilidade e a constância de movimentos.
E isto fica evidente por intermédio de Leguet (1987):
As diferentes possibilidades de inversão podem fortalecer-se mutuamente
e suas variantes são bem conhecidas: roda, rodante, parada de mãos, vela,
em direção a ponte para frente, três apoios, reversões, flics, dentre as
ligações. Utiliza ou não de impulsos e estimula naturalmente a força e está
inserido nos quatro aparelhos femininos da ginástica.
O trabalho sempre se inicia de forma global, procurando comprometer a criança
com uma familiarização com o aparelho, uma vez que exige certa confiança para que o
movimento possa ser progressivamente evoluído. Uma condição essencial para a
execução de uma ação é a garantia de que o indivíduo possa em seguida retornar a uma
posição conhecida, assegurar a aterrizagem e recuperar o equilíbrio (LEGUET, 1987).
Um dos princípios fundamentais da motricidade humana é que o comportamento
motor é adaptável, e segundo Meiriol (1999) o aluno deve ser analisado onde se
encontra, e não onde se deseja que esteja.
Guedes e Guedes (2000) asseguram que o bom desenvolvimento motor durante a
infância e a adolescência (pois constituem nos períodos críticos mais importantes) poderá
contribuir na tentativa elevar os índices de promoção de saúde coletiva entre crianças e
jovens, pois o organismo se encontra especialmente sensível á influência de fatores
ambientais seja quanto a fatores biológicos ou culturais. Para tanto, inicialmente o
indivíduo precisa identificar o problema motor que, a título de exemplo, pode-se colocar
a tarefa de ficar na posição invertida, com as mãos apoiadas no chão e os pés para cima.
(NUNOMURA e NISTA-PICCOLO, 2005).
Em seguida, o aluno precisa formular um plano de ação, em que deverá gerar
uma hipótese de como seria possível realizar tal objetivo. Isso é feito imaginando-se as
possíveis formas de atender a essa exigência, o que poderia ser feito por meio de ações
tais como elevar os pés e tentar permanecer em posição estática, como em uma parada de
dois apoios, ou fazer a inversão de posição em situação dinâmica, como em uma estrela
ou reversão. (NUNOMURA e NISTA-PICCOLO, 2005).
O passo seguinte consiste em colocar em prática um desses planos de ação,
transformando uma imagem mental em movimentos efetivos. Nessa fase tem-se que
coordenar um complexo sistema muscular, a fim de que vários músculos sejam ativados
de forma organizada, a transformação de planos de ação em movimento é perfeita nas
tentativas iniciais, o indivíduo precisa analisar os erros cometidos e tentar corrigi-los nas
tentativas seguintes (NUNOMURA, 2005).
“Quando o ciclo acima descrito é repetido suficientemente, ocorre a transição de
ações mal-coordenadas de grande demanda cognitiva para movimentos altamente
precisos, em que sinergias neuromusculares complexas são ativadas com mínimo
envolvimento da atenção, a esse processo dá-se o nome de aprendizagem”. (NISTA-
PICCOLO, 2005, p. 28).
Quando se fala em aprendizagem, via-de-regra está-se fazendo referência a
alterações observáveis no desempenho motor, que freqüentemente são quantificadas de
forma qualitativa, como se faz em torneios de ginástica artística.
“Nessas situações, observa-se a execução de uma habilidade isolada ou de uma
série de habilidades encadeadas, e então o avaliador faz uma comparação entre um
padrão de correção que já foi internalizado por ele e a ação que acabou de ser
executada”. (NUNOMURA e NISTA-PICCOLO, 2005).
A partir da comparação entre a última avaliação e as avaliações feitas em
momentos anteriores, pode-se inferir o quanto o aprendiz desenvolveu sua habilidade, o
processo de aprendizagem motora pode ser descrito como uma busca de solução para
uma tarefa que surge de uma interação do indivíduo com a tarefa e o meio ambiente
(BARBANTI, 2003).
O comportamento observável, por seu turno, reflete uma série de modificações no
sistema sensório-motor que são provocadas pela busca sistemática de se atingir um
objetivo, pois se busca enfatizar as melhores formas de se executar um sistema motor e
isto é analisado por meio Nunomura e Nista-Piccolo (2005, p.67):
No decorrer desse processo, várias formas de interligar os diferentes
sistemas sensoriais e motores são testadas, buscando-se aquelas que se
mostrem mais bem-adaptadas para concretizar a meta desejada. Como
conseqüência disso, as sinergias que se revelam mais efetivas e
econômicas em termos de consumo de energia e atenção é selecionadas e
estabilizadas com a prática.
2.1 Equilíbrio
As crianças respondem à melhora no desempenho do equilíbrio através e em
diferentes maneiras, á medida em que as crianças crescem dependem mais da informação
sinestésica e menos da informação visual.
O ambiente e a atividade que cada criança estiver envolvida é que determinará os
números quanto ao desenvolvimento do equilíbrio
“O equilíbrio é uma habilidade em que o indivíduo mantém a postura do seu
corpo inalterada, mesmo quando este é colocado em várias posições, ou seja, equilíbrio é
básico para todo o movimento e é influenciado por estímulos visuais, táteis, cinéticos e
vestibulares”. (GALLAHUE e OZMUN, 2001, p. 32).
Haywood e Getchell (2004) também colocam que o equilíbrio, bem como a
postura deve ser mantido em infinitas situações, quando parados (equilíbrio estático) e
quando em movimento (equilíbrio dinâmico) e por outro lado deve-se equilibrar sobre
uma variedade de partes corporais, não somente sobre os pés.
Os mesmos autores no parágrafo acima citam como exemplo, as ginastas e todas
as partes corporais sobre as quais trabalharão que contam do calendário. Portanto,
mesmo um indivíduo, quer seja criança ou adulto eventualmente deverá equilibrar-se
sobre superfícies que não sejam o chão, tais como uma escada, ou sem até mesmo todas
as informações que gostariam como seria o caso de caminhar no escuro.
Segundo Fernandes (1998), o equilíbrio estático tem como principal responsável
o sistema nervoso, pois é ele que nos dá a instabilidade para que possamos executar
exercícios de equilíbrio no aparelho solo, sendo assim, o aluno procura buscar a
instabilidade para obter maior sucesso em sua execução, com a ajuda de sua musculatura
e sua estrutura óssea.
Ainda Fernandes (1998), afirma que o equilíbrio dinâmico é o tipo de equilíbrio
que o aluno pode executar em qualquer exercício em movimento, e que depende também
dos processos nervosos. O equilíbrio dinâmico pode ser utilizado como exercícios
técnicos e educativos, mas não serve para a preparação física.
“Equilíbrio é tido como a capacidade do corpo em assumir e sustentar qualquer
posição contra a lei da gravidade. Qualquer corpo se encontra em equilíbrio, quando as
forças que atuam sobre ele se anulam, ou seja, a resultante é igual à zero”. (GALDINO,
2001, pag. 22). “O equilíbrio recuperado é muito usado junto com o equilíbrio dinâmico,
pois o aluno depois de executar qualquer exercício de vôo que requer qualquer tipo de
aterrissagem, imediatamente recupera seu equilíbrio”. (FERNANDES, 1998, p. 38).
2.2 Força
Segundo Weineck (1999) a força nas suas diversas manifestações, força máxima,
força rápida e resistência de força, representam em quase todas as modalidades
esportivas um dos fatores determinantes do desempenho, atribui-se um papel
significativo ao desenvolvimento de acordo com a modalidade esportiva.
Ghorayeb e Barros (1999) mostraram que a força, quanto à qualidade de aptidão
física, como a capacidade de produzir tensão nos músculos esqueléticos, é diretamente
proporcional á capacidade contrátil nas fibras musculares, e da capacidade de ajuntar
suas unidades motoras. Do ponto de vista físico, a força é o produto de uma massa por
sua aceleração, sendo a força peso e medida em newtons (N), e dada pela massa
multiplicada pela aceleração da gravidade.
Paralelamente ao seu significado para a capacidade imediata de desempenho
específico em um esporte, o treinamento de força tem, tem também em outras áreas,
importantes funções, sendo o aperfeiçoamento das capacidades técnicas e de
condicionamento, como pré-requisito para maior tolerância á carga, como base para a
execução de métodos de treinamento, como por exemplo, o treinamento pliométrico.
Esse processo é, em geral, rápido com explosão, como na rebatida ou no
salto, a segunda combinação, força e resistência, são denominadas
resistência muscular, que resulta na capacidade de desempenhar
resistência muscular, que resulta na capacidade de desempenhar várias
repetições contra uma resistência, como no remo, na natação e no
ciclismo”. (BOMPA, 2002, p. 109).
A força exigida na ginástica artística engloba e exige o fortalecimento de
diferentes regiões musculares, e isto fica evidente segundo Kreamer (2001, p. 231):
É o fato do treinamento de força não buscar hipertrofia, pois a criança não
pode obter da mesma forma que o adulto o aumento da massa muscular e
também não pode ser aumentada mais do que seu crescimento normal.
Seus músculos devem beneficiar se do treinamento através do
aperfeiçoamento e aumento de sua função muscular, melhorando seu
desempenho e condicionamento físico.
Portanto um fator importante apontado por Kreamer (2001) é o fato do treinamento
de força não buscar hipertrofia, pois a criança não pode obter da mesma forma que o
adulto o aumento da massa muscular, e também, não pode ser aumentada mais do que
seu crescimento normal. Mas, se o conceito de força estiver se referindo ao movimento
esportivo, será dividido em Força Interna e Força Externa. A interna é produzida pelos
músculos, ligamentos e tendões; enquanto que a Externa age externamente no corpo
humano como, por exemplo, a gravidade, o atrito, a resistência do ar, a oposição exercida
por um adversário, ou um peso que se queira levantar. (BARBANTI, 1996).
Barbanti (1996) ainda explica de uma maneira geral que força é a característica
humana que pode mover uma massa, seja ele o seu próprio corpo ou um implemento
esportivo.
E ainda, na teoria do treinamento, a força é uma hipótese para o rendimento que
permite superar ou se opor a uma resistência, é essencial em várias modalidades
esportivas, pois o executante necessita movimentar seu corpo quando parado. Pará-lo
quando está em movimento, acelerá-lo quando houver necessidade, de mudar a direção,
saltar, entre outras ações, desenvolver a força, para as pessoas que procuram melhorar o
desempenho de um atleta, o desenvolvimento desta deve estar em prioridade. (BOMPA,
2002).
Os músculos devem receber benefícios do treinamento por intermédio do
aperfeiçoamento e aumento de sua função muscular, melhorando seu desempenho e
condicionamento físico, a principal preocupação é como aplicar o treinamento da força
por crianças sem prejudicar seu desenvolvimento.
Não sendo utilizado, por exemplo, solicitações musculares de um só grupo
muscular, que não seja compatível aos interesses particulares da criança (MARQUES,
1993). Devendo-se ainda destacar que a criança naturalmente utiliza força ao brincar e
em suas atividades diárias (GALLAHUE, 2001).
A necessidade de se utilizar a força de várias formas na criança estimula e aprimora
os exercícios, facilitando sua evolução.
Para Kreamer (2001, p. 4):
Coloca uma crescente participação de crianças em diversas práticas
esportivas, desde o futebol até a ginástica e o atletismo. Estas atividades
requerem uma necessidade significativa em melhorar a preparação física
para evitar o risco de lesões relacionadas a estas práticas. Neste caso um
treinamento de força adequado apresenta maior possibilidade de atender
essa necessidade durante a prática de variadas atividades físicas.
Weineck (1999) refere-se a uma composição de diversos métodos de treinamento
em que parece ser significativos quanto aos tipos de contração, podendo diferenciar-se
em treinamento de força auxotônico divido em treinamento de força dinâmico positivo e
negativo, métodos americanos clássicos, métodos dos contrastes, métodos das cargas
decrescentes, métodos da pirâmide dentro de uma série, método da pré e pós – fadiga,
método concêntrico puro, combinação concêntrica e excêntrica, excêntrica isométrica,
treinamento de força isocinética, treinamento desmodrônico, treinamento pliométrico,
estático isométrico, treinamento por estações, treinamento de pirâmides.
Para Bompa (2002), há vários tipos de força para qual o treinador tem de estar
capacitado a fim de conduzir um treinamento mais efetivo, a razão entre peso corporal e
força tem uma conseqüência importante, permitindo comparações entre atletas
individuais, indicando se cada um deles tem a capacidade de desempenhar certas tarefas.
Ainda por intermédio de Bompa (2002), os tipos de força que devem ter importância
para um professor seria a força generalizada em que se refere á força de um sistema
muscular completo, a força específica onde a força dos músculos que são particulares ao
movimento do desporto (os principais movimentos).
A força máxima em que se refere a mais alta força que o sistema neuromuscular
pode executar durante uma contração voluntária máxima, resistência muscular em que a
capacidade muscular tem de sustentar o trabalho por um tempo prolongado. Já a potência
é o produto de duas capacidades, força e velocidade, representando a capacidade de
executar a força máxima no tempo mais curto. Força absoluta em que a capacidade do
atleta para exercer a força máxima independentemente do peso corporal, força relativa
que representa a razão entre a força absoluta de um atleta e seu peso corporal.
2.3. Flexibilidade
A flexibilidade representa uma característica relativamente autônoma do
desempenho esportivo e assume uma posição central dentre as principais capacidades
condicionais e coordenativas. Com o aumento da flexibilidade, os exercícios podem ser
executados com maior amplitude de movimentos, maior força, mais rapidamente, mais
facilmente, com maior fluência e de modo eficaz.
A flexibilidade na Ginástica Artística é essencial, pois, é ela que da maior
amplitude nos movimentos, graça e leveza e qualquer que seja a dificuldade do
movimento, ela também facilita a execução dos movimentos. “Flexibilidade se refere á
amplitude de movimento de uma articulação”. (BOMPA, 2002, p.37).
Em termos científicos Araújo (1990), define a flexibilidade como uma qualidade
que com base na mobilidade articular extensibilidade e elasticidades musculares e sob o
controle do sistema nervoso central, permite o máximo percurso das articulações em
posições diversas, possibilitando ao indivíduo a realização de ações motoras com grande
amplitude.
A flexibilidade como específica das articulações e pode ser melhorada com a
prática. Por outro lado é um processo de longa duração (GALLAHUE e OZMUN, 2001).
Weineck (1999) acrescenta que esta é uma capacidade que também pode atingir um
alto grau desenvolvimento durante a transição da infância para a adolescência. Ressalta
ainda que a otimização dos requisitos motores do condicionamento em força, velocidade,
resistência. Também é colocada a situação de um adequado treinamento de flexibilidade
em ginastas, não trazendo prejuízos a atleta, mas havendo um notável aumento de massa
muscular (hipertrofia), que em movimentos de grande amplitude requer uma grande
capacidade muscular, sendo a força um fator determinante para a amplitude e o alcance
do movimento.
Há diferentes métodos e programas de treinamento para o aumento da
flexibilidade.
Dentre os métodos de escolha no treinamento da flexibilidade, Weineck (1999),
enfatiza que o melhor método é o das repetições, aconselhando 15 repetições em 3 ou 5
séries, constituindo exercícios de alongamento e exercícios de relaxamento num
programa específico para o desenvolvimento da flexibilidade. Envolvendo o método
ativo de alongamento que trabalha exercícios oscilatórios elásticos para o aumento da
flexibilidade nas articulações, e o método passivo de alongamento que trabalha a
participação de uma forma externa, ou seja, o auxílio de um parceiro para aumentar o
alongamento. Sabe-se que um atleta de Ginástica Artística, a flexibilidade é um elemento
muito importante para o desenvolvimento dos movimentos exigidos nas competições.
Para Dantas (1995), é possível que se atinja os melhores resultados de flexibilidade
por meio do treinamento da flexibilidade estática e da flexibilidade controlada, estas
definidas com estática sendo um tipo de flexibilidade realizada através da relaxação de
toda a musculatura ao redor da articulação onde o movimento e a mobilização seguem de
forma lenta e gradual influenciada por agentes externos na busca do limite máximo.
Bormann (1980), afirma que a flexibilidade passiva se entende por ser a maior
flexibilidade passiva e pode determinar-se o grau de alongamento dos músculos que
limitam a amplitude do movimento, e para a flexibilidade ativa, se entende como a maior
flexibilidade possível numa articulação que o desportista pode conseguir sozinho e sem
ajuda, através da atividade dos seus músculos.
Diante dos métodos apresentados pelos diferentes autores, pode se afirmar que
tanto o método ativo quanto o método passivo são complementos um do outro, sendo
necessário quer haja uma interação entre os dois tipos de treinamentos para obtenção dos
melhores resultados na amplitude da mobilidade articular.
Outro fator influente seria a temperatura ambiente, podendo ou não favorecer a
flexibilidade, idade e sexo afetam a flexibilidade em indivíduos mais jovens. Garotas, em
oposição aos garotos, parecem ser mais flexíveis, os indivíduos alcançam flexibilidade
máxima dos 15 aos 16 anos (MITRA e MOGOS, 1980).
Para Alter (2000), um programa de treinamento de flexibilidade é definido com
exercícios planejados e regulares que podem aumentar permanente e progressivamente a
amplitude de movimento de uma articulação ou conjunto de articulações durante um
período de tempo.
2.4. Agilidade
Segundo Barrow e McGee (citado por SHEPPARD e YOUNG, 2006), a agilidade
é a habilidade para mudar de direção rapidamente e de forma exata. Mais recentemente,
a agilidade foi definida como a habilidade para manter ou controlar a posição do corpo,
enquanto se muda de direção rapidamente, durante uma série de movimentos (TWIST e
BENICKY, 1996). Ou a habilidade para mudar de direção, arrancar e parar de forma
brusca (GAMBETA, 1996).
“È importante ressaltar que a agilidade se refere à capacidade do atleta de mudar
de direção de forma rápida e eficaz,” (BOMPA, 2002, p. 51). Já Segundo Rigo (1977), a
agilidade é a movimentação do corpo no espaço, ou seja, movimentos que incluam trocas
de sentido e direção.
Agilidade é a “capacidade de executar movimentos rápidos e ligeiros com
mudanças de direção” (BARBANTI, 2003, p. 15).
Para Barros (2000, p.24), a agilidade é “uma variável neuro-motora caracterizada
pela capacidade de realizar trocas rápidas de direção, sentido e deslocamento da altura do
centro de gravidade de todo corpo ou parte dela".
Vivenciar a direção compõe vários fatores de decisão corporal sendo para
SCHMID e ALEJO (2002), equilíbrio, força, coordenação e resistência são componentes
necessários da agilidade.
Segundo OLIVEIRA (2000), muitas definições colocam a agilidade como
inserida na velocidade, diferenciando-se apenas quanto às mudanças de direção.
De modo geral, a agilidade é conceituada como a capacidade do indivíduo
realizar movimentos rápidos com mudança de direção e deslocamento do centro de
gravidade corporal (CARNAVAL, 1998; BARBANTI, 2003, DANTAS, 2003,
PITANGA, 2002, HOLLMANN e HETTINGER, 2005).
“A agilidade desenvolve-se por meio de exercícios que exigem uma inversão
rápida dos movimentos com participação de todo o corpo” (KUNZE, 1987, p. 140).
2.5. Velocidade
Uma importante capacidade biomotora requerida nos desportos é a velocidade ou a
capacidade de se transportar ou mover se rapidamente. Mecanicamente, a velocidade é
demonstrada por meio da relação entre espaços e tempo, o termo velocidade incorpora três
elementos: tempo de reação, freqüência de movimento por unidade de tempo e velocidade
de transposição de uma determinada distância (BOMPA, 2000).
Ozolin (1971), afirma que há dois tipos de velocidade sendo uma a geral e as outras
específicas, os atletas desenvolvem uma velocidade especial, específica para cada
desporto, por meio de métodos específicos.
Para Grosser (1991), Velocidade no esporte é a capacidade de atingir maior rapidez
de reação e de movimento, de acordo com o condicionamento específico, baseada no
processo cognitivo, na força máxima de vontade e no bom funcionamento do sistema
neuromuscular.
Bompa (2002) ressalta que a velocidade é importante para a maioria dos esportes
porque grande parte dos atletas precisa correr movimentar-se, reagir ou mudar de direção
rapidamente.
Segundo Schiffer (1993), a velocidade é definida em diferentes formas e
subcategorias da velocidade motora, velocidade de reação, velocidade de ação,
velocidade de freqüência, velocidade de força, resistência de força rápida.
A velocidade motora resulta, portanto, da capacidade psíquica, cognitiva,
coordenativa e de condicionamento, sujeitas ás influências genéticas, do aprendizado,
do desenvolvimento sensorial e neuronal, bem como tendões, músculos e capacidade de
mobilização energética.
“Crianças gostam de saber que são velozes, elas se divertem e gostam de praticar
atividades físicas em que a velocidade é importante, tanto durante brincadeiras como
durante circuitos” (BOMPA, 2002, p.75). O corpo quando se desloca para frente tende-se
a uma reação de movimento rápido conforme a ação exigida pelo corpo.
Entende-se por velocidade uma gama variada, incomum e complexa de
capacidades, as quais se apresentam em vários tipos de esportes, de diferentes maneiras,
pugilistas, caratecas, desportistas e atletas destacam-se, na verdade, através de uma alta
velocidade; podem ser diferenciada através de diversas e específicas formas de
velocidade, velocidade é não só a capacidade de coordenar, o que é de grande
importância, movimentos acíclicos (saltos, lançamentos), seguidos de movimentos
cíclicos (patinação no gelo, patins), (WEINECK, 1999).
Objetivo Geral
Este trabalho teve como objetivo principal, compreender e identificar mudanças nas
ações motoras no aparelho solo em alunas de faixa etária de 10 a 14 anos.
Objetivos Específicos
Objetivos Específicos
Analisar as ações motoras no aparelho solo em alunas de faixa etária de 10 a 14 anos;
Identificar as ações e habilidades motoras necessárias para um bom aprendizado no
aparelho solo;
Verificar se as sessões de treinamento de Ginástica Artística produzem mudanças sobre as
variáveis motoras básicas.
DELIMITAÇÃO
As questões propostas na pesquisa ficaram restritas à pesquisa dos grupos de
Ginástica Artística do Departamento de Esportes da cidade de São João da Boa
Vista – SP.
QUESTÕES NORTEADORAS
Por que compreender e identificar as ações e habilidades motoras em alunas de 10 a 14?
Qual a razão de se analisar as variáveis motoras no aparelho Solo?
Método
Foram elaborados os protocolos para avaliações motoras, considerando os testes
que melhor se aplicam à faixa etária e aos objetivos do trabalho que está sendo
desenvolvido.
As aulas são aplicadas três vezes por semana em sessões de duas horas e meia. As
atividades são elaboradas e adequadas conforme o repertório motor verificado nas
crianças, através das avaliações.
Voluntários: dados pessoais e idade.
A pesquisa foi composta por 7 alunas, sendo 4 do nível competitivo e 3 iniciantes,
com a faixa etária de 10 a 14 anos, com a média de idade 12 anos do nível competitivo e
de 13,66 anos para as iniciantes. Pesquisa que foi realizada durante as sessões de
Ginástica Artística com o mesmo grupo de alunas do Departamento de Esportes da
cidade de São João da Boa Vista, SP.
Como instrumento central de pesquisa foi utilizado:
Teste de barra para medição da força de membros superior;
Teste de velocidade (Teste de 50 metros);
Teste de agilidade (Pista Sinuosa);
Teste de equilíbrio estático (Posição de Avião);
Teste de Flexibilidade posição ântero-posterior (Espacate)
Cronômetro, trena, caneta, ficha de teste, cones e orgoniômetro.
O objetivo destes instrumentos de pesquisa é analisar as ações e habilidades
motoras nos alunos no aparelho solo.
Procedimento
Antes da realização dos testes todos os responsáveis pelas alunas assinaram uma
autorização, e foram informados de todos os procedimentos dos testes.
Os testes foram aplicados no início de junho de 2010 para as alunas de nível competitivo
e para as iniciantes.
Resultados e Discussões
Gráfico 1 – TESTE DE CORRIDA 50 METROS: ALUNAS DE NÍVEL COMPETITIVO.
Os dados do gráfico-1, corrida pré-teste em alunas de nível competitivo, mostram
que a média foi 8’’95, já a mediana foi de8’’98. Já em relação ao pós-teste à média foi de
8”52 com mediana de 8”38. Ficou evidente que a v2 teve uma melhora significante do pré-
teste para o pós-teste de 10,92%,já para a v3 houve uma melhora de 4,95% do pré-teste
para o pós-teste, já a v1 teve uma melhora do pré-teste para o pós–teste de 3,26%,e para a
v4 mostra um resultado não expressivo do pré-teste para o pós–teste de*0,84%.
È importante ressaltar que a melhora do pré - teste para o pós-teste possivelmente
tenha se dado por intermédio do treinamento realizado durante 30 sessões, em trinta dias
diferentes. Nota-se por intermédio de Schmid e Alejo (2002 apud Passos e Alonso 2009), a
velocidade é mais complexa do que simplesmente correr o mais rápido possível; inclui,
também, força muscular, tiros curtos, movimentos rápidos em todas as direções, habilidade
de reagir e tempo de reação, e capacidade de parar rapidamente.
Os dados da corrida pré-teste em alunas iniciantes mostram que a média foi de
10”93, já a mediana foi de 11”15. Já em relação ao pós teste a média foi de 10”63 com
mediana de 11”a5. A melhora do pré para o pós-teste foi de 0”91. No resultado total, pré-
teste e pós teste a média ficou em 10”78 e a mediana em 11”15.
Já em relação à pista sinuosa o pré-teste em alunas do nível competitivo ficou com
a média de 7”67, já a mediana foi de 7”36. A média do pós-teste foi de 7”34 com mediana
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
V 1 V 2 V 3 V 4
8"53
9"44 9"53
8"338"268"51
9"08
8"26
PRÉ - TESTE PÓS - TESTE
de 7”30. Ficou evidenciado que a melhora do pré para o pós-teste foi de 0”80. No
resultado geral, pré e pós-teste a média foi de 7”57 e a mediana de 7”34.
O teste de pista sinuosa para alunas iniciantes mostrou que no pré-teste a média foi
de 9”13 e a mediana ficou em 9”46. O pós-teste mostrou a média de 9”06 e a mediana de
9”43. A melhora do pré para o pós-teste foi de 0”21 e na soma do pré e pós-teste a média
foi de 9”10 e a mediana ficou em 9”44.
Ressalta-se que em relação ao Teste de barra em suspensão para alunas de nível
competitivo mostrou no pré-teste a média de 15”45 e a mediana de 15”83. Em relação ao
pós-teste observou-se a média de 22”23 e mediana de 23”86. A melhora do pré para o pós-
teste foi de 2”10.
Gráfico 6 – TESTE DE BARRA EM SUSPENSÃO: ALUNAS INICIANTES
Os dados do gráfico-6, barra em suspensão pré-teste em alunas iniciantes mostra
que a média foi 9”79, já a mediana foi de 9”10. Já em relação ao pós-teste a média foi
de10”80 com mediana de 10”23. Ficou evidente que a v1 teve uma melhora do pré-teste
para o pós-teste de 12,67%,já a v3 obteve uma melhora de 11,04% do pré-teste para o
pós-teste, já para a v2 mostra um resultado não significativo de*0,53%. A participação
de crianças em programas de treinamento de força está relacionada a questões de apenas
beneficiar o aumento da força muscular, no aumento de sua capacidade de resistência
muscular. Ou seja, na capacidade do músculo realizar movimentos contra uma dada
resistência, na diminuição do risco da ocorrência de lesões durante a prática de
atividades esportivas e aumento da capacidade de desempenho nas mesmas
(KREAMER, 2001).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É importante ressaltar o valor regulador das ações motoras em prol da descoberta e
da vivência do movimento, bem como a facilitação para a chegada até as habilidades
específicas e complexas. Segundo Leguet (1987), é importante a contribuição da Ginástica
Artística no desenvolvimento motor da criança por intermédio de movimentos básicos e
naturais, como correr, saltar, bem como movimentos inabituais como a passagem pelo
apoio invertido, inversões de apoio e rotações. Os movimentos que classificam as ações
motoras da ginástica dão excelência na complementação de exercícios que venham a ser
realizados em séries, ou mesmo para a evolução de um movimento específico de base.
Em relação aos dados do gráfico-1 mostram na corrida pré-teste em alunas de nível
competitivo, que a média foi 8’’95, já a mediana foi de 8’’98. Já em relação ao pós-teste à
média foi de 8”52 com mediana de 8”38. Ficou evidente que a V2 teve uma melhora
significante do pré para o pós-teste de 10,92%,já para a V3 houve uma melhora de 4,95%
do pré para o pós-teste, já a V1 teve uma melhora do pré para o pós–teste de 3,26%.
Os dados do gráfico-6, barra em suspensão pré-teste em alunas iniciantes mostra que
a média foi 9”79, já a mediana foi de 9”10. Já em relação ao pós-teste a média foi de10”80
com mediana de 10”23. Ficou evidente que a V1 teve uma melhora do pré-teste para o
pós-teste de 12,67%,já a V3 obteve uma melhora de 11,04% do pré-teste para o pós-teste,
já para a V2 mostra um resultado não significativo de*0,53%.
Portanto conclui-se que a Ginástica Artística, é uma modalidade de base para as
demais áreas da Educação Física. Nada vem isolado na Ginástica Artística, pois tudo
deve ser analisado por intermédio da sensibilidade e concretizado por meio das ações e
habilidades motoras.
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