Gerenciamento de obras: Real importância do canteiro de obras na construção de edifícios Julho/2015
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ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015
Gerenciamento de obras: Real importância do canteiro de obras na
construção de edifícios
Caroline Zanetti Ayres – [email protected]
MBA Gerenciamento de Obras, Tecnologia e Qualidade da Construção
Instituto de Pós-Graduação e Graduação – IPOG
Cuiabá, MT, 18 de Novembro de 2014.
Resumo
O planejamento do canteiro de obras é uma etapa que vem sendo incluída no gerenciamento
de obras com maior importância relativa ao processo do projeto. A coordenação de projetos
em conjunto com o engenheiro da obra elaboram um plano de canteiro prevendo suas diversas
fases e devem ser feitos o monitoramento e controle, assim como suas alterações quando
necessário. As empresas construtoras de pequeno e grande porte precisam dar cada vez mais
importância a esse planejamento em busca de encontrar melhor disposição física, diminuição
de retrabalho e assim minimizar possíveis falhas futuras na execução da obra. O canteiro
envolve desde a planta de arquitetura com os projetos complementares, o espaço físico do
terreno, a vizinhança, os materiais e equipamentos até as pessoas envolvidas na obra. Para
ajudar a organizar e garantir a segurança dos envolvidos no canteiro surgiram as normas
regulamentadoras que devem ser seguidas por todos, o que nem sempre acontece na prática.
Diante de tantas variáveis, esse trabalho está voltado para projetos de canteiros de obras de
edifícios verticais residencias multifamiliares, embora muito possa servir para outros tipos de
projetos de canteiros da construção civil. O objetivo da pesquisa é encontrar meios de se
planejar um bom canteiro, formas de se planejar separando por fases, apontando itens
importantes na definição do layout, estudo de elementos do canteiro e uso de fluxogramas,
visando sempre a segurança do trabalhador. Dessa forma a coleta de dados da pesquisa foi
feita através de estudos de bibliografias, teses e trabalhos escritos por estudiosos de
universidades brasileiras, dentre outros. Os resultados encontrados indicam que quando se faz
um bom planejamento do canteiro de obras, olhando essa etapa com maior importância, pode-
se verificar falhas ainda na etapa de projeto onde é possível ser alterado de forma mais eficaz
e com um custo bem menor. Contribui para que o engenheiro da obra se dedique
especialmente a execução do canteiro, já que o projeto foi analisado e elaborado pela equipe
de coordenação de projetos e entregue em tempo hábil. Conclui-se que, essa etapa é de
fundamental importância para as construtoras que pensam em crescimento ordenado, tendo o
controle da obra e usando de forma otimizada seu espaço físico ganham mais produtividade e
qualidade e diminuem a probabilidade de custos futuros para a empresa por problemas
relacionados aos canteiros.
Palavras-chave: Gerenciamento de obras. Planejamento. Canteiro de obras.
1. Introdução
O presente trabalho vem trazer para discussão melhores formas de se preparar e organizar um
canteiro de obras, assim como identificar seus elementos e sua real importância para um bom
andamento de todas as etapas da obra, em especial obra de edificação residencial
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multifamiliar vertical. Muitas empresas ainda hoje não tem o devido cuidado com essa fase
inicial, deixando que tudo seja resolvido “in loco” no momento em que aparece algum
problema encontram uma solução, nem sempre a mais viável e econômica e sim a possível. É
necessário que isso seja bem pensado muito antes do início da obra. Inicialmente é escolhido
o terreno e assim são elaborados os projetos partindo dos estudos preliminares, anteprojeto e
sendo aprovado partem para o projeto executivo. Nesta etapa já deve-se iniciar o
planejamento do canteiro de obras que segue com a terraplenagem até sua implantação dentro
do terreno. A decisão do método construtivo é muito importante para determinar os fluxos do
canteiro, assim como a definição do local de armazenagem dos materiais a serem usados na
obra e aqueles que serão feitos na própria obra para que a mesma tenha melhores condições
de trabalho. Na capital de Cuiabá-MT, muitas empresas ainda trabalham de forma a rascunhar
o canteiro e deixar para resolvê-lo na execução já que os engenheiros responsáveis geralmente
contam com bastante experiência, mas devido a alta demanda de serviço são hoje os mais
interessados de que todos os projetos sejam planejados e entregues a obra de forma executiva,
para diminuir problemas recorrentes. Sendo assim essa visão está mudando também em
relação ao projeto do canteiro, da mesma forma que vem sendo alterada em relação a
necessidade de compatibilização dos demais projetos. Nas empresas de grande porte e
multinacionais de grandes centros urbanos já existe essa preocupação a mais tempo, pois
nesse caso geralmente os terrenos são do tipo restrito e apresentam outras variáveis a mais do
que em cidades interioranas. A pesquisa tem como objetivo verificar a importância do
canteiro de obras na construção de edifícios levando em consideração o planejamento que
seria elaborado antes da execução, a definição do layout com projeto para a execução do
mesmo e acompanhamento durante toda a execução da obra. Dessa forma, quando os
problemas são verificados e resolvidos ainda na fase de projeto, diminui a possibilidade de
serem encontrados grandes problemas no decorrer da obra que acarretem em custos altos não
previstos, desconfortos no espaço físico comprometendo a qualidade da obra, assim como até
chegar a se ter um atraso da obra.
Portanto, através da realização de pesquisas bibliográficas será possível conhecer formas de
se planejar o canteiro, destacar itens importantes que não devem ser esquecidos, aumentar a
segurança do trabalhador levando em consideração todas as normas regulamentadoras para tal
fim, minimizando problemas de falta de projeto para a execução e também verificar como
isso já é tratado há muitos anos por vários estudiosos. O gerenciamento de obras é observado
desde a antiguidade, assim como o gerenciamento de projetos, como exemplo na construção
do Parthenon, templo grego, obra grandiosa de Atenas que teve sua construção gerenciada
pelo escultor Pheidias e tem como característica parecer ser formado por colunas retas
enquanto que todas são curvas, anulando efeitos visuais das perspectivas. Pode-se verificar
como exemplo no Brasil, a construção de Brasília, sua construção foi feita em apenas 43
meses, liderada pela figura de JK, o canteiro de obras contou com trabalho desqualificado,
relações de confronto com a guarda de Brasília, jornadas exaustivas de trabalho e condições
precárias de moradia. Além de problemas sociais como descaso com o trabalhador imigrante.
Com tantos problemas e pela grandiosidade da obra, ainda causa admiração dos seus
administradores por gerenciarem milhares de trabalhadores, milhares de matérias-primas e
equipamentos.
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2. Desenvolvimento
2.1. Método adotado
A pesquisa foi feita puramente bibliográfica com o objetivo de levantar questões que diversos
teóricos tenham pensado sobre o gerenciamento de obras, assim como mostrar casos já
existentes, sendo principalmente no que envolve a importância de um canteiro de obras bem
elaborado, bem executado e bem gerenciado durante toda a obra.
2.2. Evolução da construção civil
A indústria da construção civil tem crescido muito nos últimos anos, sendo a responsável por
boa parte da economia do Brasil. É a área que tem maior capacidade de elevar as taxas de
emprego, de consumo de produtos e de renda, seja a curto ou médio prazo, no país.
Para o crescimento sustentado do país, pode-se analisar como indicador a taxa de
investimento, isto é, a fatia de investimento produtivo no PIB. No Brasil houve uma expansão
da fatia da construção civil no investimento total.
Em 2009 a queda dos investimentos foi o fator principal responsável pela queda do PIB.
Assim como também teve queda em 2003, quando ocorreu uma diminuição do investimento
do mercado financeiro por não confiarem no início do governo Lula, com o real desvalorizado
e com o risco Brasil alto.
Figura 1 – Comparação entre as taxas de crescimento anual do PIB Brasil e do PIB da
Construção Civil no período de 2004 a 2013
Autor: CBIC; IBGE (2006)
Entre 2010 e 2012 foi um dos melhores períodos vividos pelo setor. Já no primeiro trimestre
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de 2014, segundo dados do IBGE houve uma desaceleração do PIB frente ao observado nos
últimos três trimestres.
“O aumento da competitividade no setor da construção civil faz com que as empresas
procurem eliminar todas as deficiências na gestão dos processos construtivos e na gerência
dos recursos humanos, visando aumentar suas produtividades” (ELIAS;
LEITE;LOPES;SILVA, 2010:1).
Com toda essa evolução, aumentou consideravelmente a demanda por mão de obra e assim
ocorreu a falta de profissionais devidamente qualificados para o setor, o que dificulta o seu
desenvolvimento.
Dificuldades do setor, além da mão de obra qualificada escassa, é que sua produção depende
muito das condições metereológicas o que tem sido alterado nos últimos anos com o
aquecimento global, mais chuvas em épocas não previstas. O meio ambiente, o processo de
sequência de trabalho e a disposição da área de trabalho são fatores que influenciam no
trabalho e na sua produtividade.
A maioria dos canteiros de obras é do tipo restrito, ou seja, canteiros que ocupam uma grande
parte do terreno da construção e por isso é necessário que seja bem elaborados para que não
atrapalhem mas sim contribuam para o desenvolvimento dos trabalhos durante toda a obra. É
preciso ter organização, segurança e produtividade dentro dos canteiros.
Tudo isso melhorou com a evolução da tecnologia e com o conhecimento de que o projeto
deve ser elaborado antes de se iniciar a sua construção.
No Brasil a organização dos canteiros está melhorando mas ainda não podem serem tidos
como exemplos, falta ainda por parte das empresas um maior cuidado principalmente em
relação a segurança dos trabalhadores, desperdícios de materiais e limpeza.
Na capital de Mato Grosso, Cuiabá, as construtoras de grande porte já fazem o uso do
planejamento para o canteiro de obra, elaborando projeto executivo de localização de cada
local de produção, armazenamento de materiais, refeitório e banheiros e vestiários, assim
como definem o fluxo de pessoas e materiais, tudo bem pensando antes mesmo de iniciar a
limpeza do terreno. E isto geralmente é feito de forma detalhada para a primeira etapa da obra
e também já é previsto pelo menos mais duas fases do canteiro, uma intermediária e outra
para o encerramento, já que o canteiro fica no próprio terreno da construção e deve ir se
modificando conforme avanço da obra, que vai tomando o espaço do terreno e assim
reduzindo a área de trabalho. Mas mesmo assim muito se perde no decorrer da obra, pois nem
sempre possuem equipe especializada e própria para este acompanhamento e dependendo da
demanda da obra, nas fases mais apertadas acaba sendo deixado de lado em função de outras
prioridades e assim suas modificações vão sendo feitas “in loco” conforme necessidade pelo
mestre e engenheiro da obra, nem sempre tendo um resultado satisfatório pois não foi bem
analisado.
Em São Paulo, capital, percebe-se uma grande dificuldade quando se trata de área para
canteiro de obra, já que geralmente os terrenos são reduzidos e ficam entre outros prédios já
existentes, sendo necessário um estudo profundo para que o canteiro possa ser produtivo e
contribua para a obra sem atrapalhar seu andamento. Outro aspecto que deve ser levado em
consideração é a carga e descarga pois dependendo da localização do terreno, alguns horários
são proibidos fazer a entrega de determinado material, o que por falta de conhecimento pode
causar multa ou até vir a acarretar no atraso da obra. Alguns locais só é possível fazer a
entrega no período noturno e isso muda toda a logística da obra, pois sendo assim é necessário
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que tenham funcionários no local para fazer o recebimento do mesmo.
No restante do mundo, já existem tecnologias mais avançadas e tendências de novos modelos
de gestão que podem servir de modelo num futuro e os empresários devem buscar novos
conhecimentos para se adaptar a novas exigências do mercado. Os empreendimentos são
executados em tempos recordes, como por exemplo, na China que foi construído um edifício
destinado a um hotel de luxo de trinta andares em apenas quinze dias, usando método de
encaixe de blocos pré-moldados numa estrutura de aço. Isso no Brasil duraria cerca de dois
anos.
A falta de planejamento reflete diretamente no custo da obra, principalmente no que se refere
a tempo e desperdício de materiais. O planejamento do canteiro de obras deve estar previsto
no gerenciamento de projeto, onde se tenha uma equipe para elaborar os projetos juntamente
com o engenheiro responsável pela obra, onde serão discutidas antes da execução todas as
intervenções necessárias na área, forma de execução, equipamentos necessários, quantidade
de trabalhadores em cada etapa da obra, local de armazenamento de materiais, dentre outros.
O desperdício de materiais é uma constante na construção civil, quando não se tem um
controle capaz de garantir a qualidade dos serviços faz com que existam retrabalhos, má
qualidade no armazenamento de materiais causam perdas irreparáveis, e assim podem vir a
atrasar a entrega da obra.
A construção civil apresenta graves problemas de acidentes de trabalho dentro do canteiro de
obras, principalmente pela falta de implantação das normas de segurança do trabalho.
O funcionamento diário do canteiro de obra pode causar vários transtornos as comunidades
vizinhas a obra, por causa dos ruídos, resíduos, movimentação de terra, dentre outros. Por isso
deve ser bem analisado e planejado já que dependendo do local do terreno podem aparecer
dificuldades durante a obra, como por exemplo na entrega de matérias, ou na montagem de
uma grua, importante também respeitar horários já acordados com a comunidade para que
isso não venha a atrapalhar o andamento da obra no futuro. Em obras de grande porte é
necessário que seja elaborado o Relatório de Impacto de Vizinhança, onde são colhidas
informações da situação de todas as edificações em volta do perímetro da obra, com fotos e
detalhamento da edificação, para que no futuro a empresa consiga se responsabilizar apenas
pelos danos que possam vir a ser causados pela obra. Como por exemplo, no caso de
movimento de terra de grande vulto como na execução de cortes do terreno para subsolos
pode ter problema de rachaduras, vidros quebrados, dentre outros que geram indenizações aos
vizinhos.
De um modo geral, existem as interferências relacionadas a questões ambientais, legais,
logísticas e de segurança e higiene do trabalho.
Existem normas que devem ser seguidas pelas construtoras, mas ainda são pouco adotadas,
como a NR (Norma Regulamentadora) 18.
Observa-se ainda hoje uma ausência de critérios e bases teóricas para a realização do
planejamento das instalações dos canteiros de obras das edificações e isso tem como
consequência problemas que interferem no processo produtivo. É possível observar que
muitas deficiências encontradas nos canteiros vem de etapas anteriores a execução da obra,
como principalmente quando não são realizadas as compatibilizações de projetos assim como
a falta de procedimentos de execução dos serviços.
2.3. Conceito de canteiro de obras
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A definição de canteiro de obra está dentro da norma NR-18, assim como seus tipos e
elementos.
Esta norma regulamentadora – NR estabelece diretrizes de ordem administrativa, de
planejamento e de organização, que objetivam a implementação de medidas de controle e
sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de
trabalho na Indústria da Construção.
O canteiro de obras defini-se, segunda a norma NR-18 – Condições e Meio Ambiente de
Trabalho na Indústria da Construção, como área de trabalho fixa e temporária, onde se
desenvolvem operações de apoio e execução de uma obra. E considera que as Áreas de
Vivência são as áreas destinadas a suprir as necessidades básicas humanas de alimentação,
higiene, descanso, lazer, convivência e ambulatória, devendo ficar fisicamente separadas das
áreas laborais.
Segundo Alves, o canteiro de obras pode apresentar características distintas conforme o tipo
de obra a ser executada, e como define Illingworth (1993), o canteiro de obra pode ser
dividido em três tipos:
Restritos: A construção ocupa o terreno completo ou uma grande
porcentagem dele. Seus acessos não proporcionam uma boa locomoção. Este tipo de
canteiro é muito comum em áreas centrais das cidades, em ampliações ou reformas,
cujos terrenos e áreas adjacentes a obra oferecem poucas condições para a
disposição de materiais;
Amplos: A obra ocupa apenas uma parcela pequena do terreno disponível.
Neste caso, as possibilidades para uma boa elaboração do canteiro são bem maiores
do que do tipo restrito. Este tipo de canteiro é verificado geralmente em obras de
médio e grande porte, em áreas mais afastadas da zona urbana, como, por exemplo,
usinas, indústrias, barragens, etc.;
Longos e Estreitos: São restritos em apenas uma das dimensões com acessos
possíveis em poucos pontos do canteiro. São exemplos deste tipo de canteiro as
obras de ferrovias e rodovias, obras de saneamento, etc. (ALVES, 2012:15).
São fatores importantes para se ter uma boa implantação do canteiro é que estejam baseados
na economia de movimentos, com fluxos que diminuam o transporte de máquinas, materiais e
operários e que esse fluxo seja bem direcionado, ou seja, direcionando o fluxo da produção
para o produto acabado. Assim como tenha um layout flexível já que existem várias
mudanças conforme cada fase da obra.
Para isso é preciso que os projetos executivos estejam finalizados com as devidas
especificações técnicas em relação ao processo construtivo e também aos matérias a serem
utilizados, cronograma físico devidamente elaborado, pois são esses documentos que irão
fornecer as informações necessárias para uma boa elaboração do canteiro. Além disso, é
essencial ter conhecimento do cronograma de execução dos serviços, área do terreno e da
obra a ser construída.
2.4. Planejamento e definição do layout do canteiro de obras
O planejamento do layout do canteiro tem como objetivo principal a melhor utilização do
espaço disponível, deve ser levado em consideração a localização dos operários, dos materiais
e equipamentos. Deve-se pensar na redução de distâncias e nos tempos de deslocamentos,
assim como na melhor preparação dos postos de trabalho. É através da verificação do escopo
do projeto que se obtém as informações necessárias para o sucesso do projeto, onde se define
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e controla os trabalhos a serem realizados pelo projeto para garantir que o produto tenha
menor quantidade de trabalho possível.
“O planejamento, o monitoramento e o controle são processos interdependentes e essenciais
para o sucesso” (VALLE, 2010:91).
O canteiro de obras recebe influências de todas as atividades que dizem respeito ao
empreendimento, sendo assim sua concepção se da através de um processo interativo.
Existe um meio de fazer uma sistematização de projetos de arranjo físico, onde se busca o
projeto de layout ótimo, chamado SLP (Systematic Layout Planning).
“O mesmo consiste de uma estruturação de fases, de um modelo de procedimentos e de uma
série de convenções para identificação, avaliação e visualização dos elementos e das áreas
envolvidas no planejamento” (ELIAS;LEITE;LOPES;SILVA, 2010:2).
A essência de qualquer arranjo físico baseia-se nos princípios de inter-relações, espaço e
ajustes. Sendo assim, as inter-relações são o grau de dependência ou proximidade entre as
atividades; o espaço se refere a quantidade, tipo e forma dos itens a serem posicionados; e os
ajustes seriam quando são feitos os arranjos das áreas ou equipamentos da melhor maneira
possível. Para a determinação dos espaços, como por exemplo, o dimensionamento da área
total para a instalação de uma betoneira, devem ser consideradas a área do equipamento, a
área necessária para a máquina ser colocada em funcionamento e ainda a área para os
aglomerantes e agregados utilizados na produção de argamassa e concreto. Já para se calcular
a quantidade de elevadores de carga de uma obra, por exemplo, é preciso conhecer a
velocidade e a capacidade de transporte, a quantidade e o tipo de material a ser transportado,
assim como o tempo de carga e descarga. Depois de todos os cálculos, devem ser ajustadas as
áreas encontradas de acordo com os espaços disponíveis no canteiro de obras.
Existem algumas limitações para o arranjo físico, as quais são determinantes para o layout
final, como a política da empresa, as normas trabalhistas e as características físicas da
localização da obra.
Neste sistema, ao final, surgem diversos planos para serem examinados e cada um deles tem
uma série de vantagens e desvantagens, dos quais um deve ser o escolhido e aprovado.
Um projeto ótimo de layout é considerado quando o mesmo fornece uma máxima satisfação
aos envolvidos, tendo como resultado a simplificação de forma geral, diminuição de custos de
movimentação de materiais, alta rotatividade de trabalho aumentando a produtividade, faz a
efetiva utilização dos espaços, prevê a segurança do trabalhador, usa de forma efetiva a mão
de obra e não desperdiça capital em retrabalho ou faz investimentos desnecessários.
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Figura 2 – O sistema de procedimentos SPL
Autor: Elias; Leite; Lopes; Silva (2010)
Sendo assim, o SLP (Systematic Layout Planning) pode ser considerado uma ferramenta de
otimização dos processos produtivos no setor da construção civil para elaboração de um
projeto ótimo de layout de canteiro de obras.
“O planejamento bem elaborado também permite que as ações da pesquisa sejam executadas
da maneira mais eficiente possível, evitando desperdícios e garantindo que os dados
investigados atendam as necessidades do estudo” (CORREIA NETO, 2009:27).
O prazo da obra é de fundamental importância para o planejamento, pois é uma decisão básica
preliminar que dará o tempo total disponível para a obra, definindo assim o Cronograma
Físico da Obra, e dessa forma passa a influenciar em determinadas decisões, como por
exemplo, na escolha de se adotar construções provisórias de alvenaria ou de madeira
compensada, na época do ano que cada serviço vai ser realizado, ou se a obra vai ser iniciada
em época de chuva servindo de alerta para a localização do portão de entrada de veículos e
caminhões e verificação das condições da pavimentação no acesso a obra.
O cronograma é a visualização das atividades com suas datas de início e fim e serve como
ferramenta de controle de produção de atividade, como por exemplo, para programar
atividades, aferir o progresso das atividades, monitorar atrasos ou adiantamentos das
atividades e também para replanejar a obra.
Segundo Correia Neto:
Tal cronograma pode ser elaborado no formato de um gráfico de Gantt. Vários
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softwares podem ser usados para esse fim. Cita-se como alternativa o MS-Project,
que permite a elaboração de cronogramas de atividades, contemplando inclusive as
relações entre as atividades e os recursos necessários para cada uma (CORREIA
NETO, 2009:49).
Para a definição do layout do canteiro de obras, é interessante que seja elaborado um
fluxograma das atividades, com o objetivo de se ter um roteiro para simplificar e organizar as
tomadas de decisões quanto a esta definição. O mesmo pode ser utilizado em diferentes fases
do empreendimento, dependendo dos níveis das informações disponíveis e adaptado a
realidade de cada empreendimento. Sendo de maior importância que seja iniciado ainda na
fase de planejamento.
OUTROS
PARÂMETROS
AUXILIARES PARA A
TOMADA DE DECISÃO
AVALIAÇÃO E/OU
SELEÇÃO A PARTIR
DE MAIS DE UMA
SOLUÇÃO
CHECK LIST
CRITÉRIOS
TEMPO DISPONÍVEL
PARA EXECUÇÃO DA
OBRA
MATERIAIS E
COMPONENTES
NECESSÁRIOS
PLANO DE ATAQUE
PLANEJAMENTO
PARA
ENTRADA/SAÍDA E
LOCALIZAÇÃO DOS
EQUIPAMENTOS
DEMANDA POR
ESPAÇOS PARA
ESTOQUE E
PROCESSAMENTO
DEMANDA POR
OUTROS TIPOS DE
ESPAÇO NO
CANTEIRO
DEFINIÇÃO DO LAYOUT DO CANTEIRO
CRONOGRAMA FÍSICOPROJETOS
OPÇÃO ENTRE
DIFERENTES
TECNOLOGIAS
ESPAÇOS DISPONÍVEIS EM
DIFERENTES FASES DO
CANTEIRO
Figura 3 – Fluxograma das atividades que compõem o planejamento de um canteiro de obras
Autor: Adaptado de Franco; Souza (1997)
É necessário que se tenham os projetos executivos e de produção disponíveis para uma
condição ideal de planejamento de um bom canteiro. Mas muitas vezes, pela demora da
finalização desses projetos, é preciso iniciar a obra sem a conclusão de todos eles e isso
provoca diversos problemas para a obra. A falta de estarem todos prontos dificulta a
compatibilização entre eles, e quando isso ocorre com a obra em andamento, qualquer
alteração pode vir a influenciar na disposição do canteiro já implantado. Isso é muito comum
em obras de edificações verticais, pois existe uma pressa em se iniciar a obra para que as
vendas dos apartamentos sejam impulsionadas e aumente a entrada de capital para a empresa.
Muitas vezes o atraso da obra acontece por causa de interferência de projetos, que são vistos
apenas na própria obra e lá mesmo tentam resolvê-los. Casos de problemas com instalações
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elétricas, servem de exemplo, já que os projetos não são elaborados de forma executiva e
compatibilizados, são feitos geralmente na etapa inicial e usam como base o anteprojeto de
arquitetura e sua entrega é feita de forma rápida, mas até que se inicie as obras geralmente o
projeto de arquitetura se modifica por diversos fatores até chegar na sua aprovação final. Essa
modificação acontece principalmente por causa do projeto estrutural que nem sempre pelo
tipo de estrutura a ser usada consegue atender todas as necessidades da arquitetura, quando
um pilar essencial interfere com algo da arquitetura que precisa ser alterado, ela se modifica.
Sendo assim, o que acontece na prática é que é entregue para a obra o projeto elétrico sem as
devidas alterações e isso causa muitas dúvidas na obra e compromete sua execução, pois os
problemas são resolvidos “in loco” e de diferentes formas em cada andar e em cada local
específico. Quando chega na etapa de acabamentos a mesma é atrasada pelos problemas de
passagem de fios nas tubulações feitas de forma aleatórias. Isso reflete em armazenagem de
materiais fora do prazo previsto, podendo chegar até no atraso da obra o que pode significar
entrar em período de chuva e impedir o funcionamento ordenado do canteiro.
No entender de Azeredo:
Os projetos de instalação elétrica predial são uma das etapas mais importantes da
construção. Uma instalação mal dimensionada, mal executada, apesar de ser
empregado material de primeira qualidade, pode acabar gerando grandes despesas
futuras e até acidentes de grandes proporções como incêndios (AZEREDO, 1987:1).
O canteiro está sujeito a todos os problemas e interferências que a execução da obra possa
trazer, por isso deve ser planejado bem antes e separado em etapas, pois o mesmo vai se
modificando conforme a obra avança e deve ser acompanhado com cuidado pela equipe de
coordenação de projetos que está apoiando o engenheiro responsável pela obra.
A elaboração do layout do canteiro de obras necessita de forma essencial das plantas de
topografia, subsolos, térreo e tipo com toda a delimitação do terreno para início do estudo. As
vias de acesso ao terreno devem ser previamente avaliadas, quanto a largura, declividade e
tipo de calçamento da via. Assim como é necessário que sejam verificadas a localização da
rede de energia, entradas de água e pontos de coleta de esgoto.
Em cada fase da obra é necessário que sejam estudados os espaços disponíveis no canteiro
para inclusão de novos elementos e para otimizar esse estudo segundo Franco: Souza:
Uma escala de 1:200 pode ser útil para as atividades iniciais relativas ao
planejamento do canteiro, sendo desejável uma maior precisão quando da definição
do layout, onde 1:100 seria recomendável. Note-se que, para a facilidade de uma
série de discussões que se farão necessárias ao longo da discussão do canteiro,
recomenda-se a criação de um “quadriculado” regular (de lado 2m parece ser
adequado) na mesma escala que o desenho (FRANCO; SOUZA, 1997:2).
O canteiro é composto por vários elementos, sendo que nem todos são obrigatórios, isso vai
depender do tipo de obra a ser executada, e outros elementos podem ser incluídos nesta lista
em situações particulares. Existem os elementos das áreas operacionais que estão ligados a
produção, como por exemplo, o pátio de armação ou uma central de formas. As áreas de
apoio a produção, que seriam os locais destinados a armazenagem de materiais como o
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almoxarifado. Os sistemas de transportes, que são os equipamentos para locomoção
horizontal e vertical de mão de obra e materiais dentro do canteiro, assim como o local dos
acessos e guarita. A área de apoio técnico e administrativo, que são os escritórios do
engenheiro e recursos humanos onde é feito o gerenciamento da obra de forma geral. Assim
como o posicionamento do “stand” de vendas e apartamento decorado quando houver. E as
áreas de vivência são outro grupo de elementos do canteiro.
Segundo a norma de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção
denominada NR-18 (1978:2) atualizada em 2013, o PCMAT (Programa de Condições e Meio
Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção) é um documento obrigatório para os
estabelecimentos com vinte ou mais trabalhadores que deve permanecer na obra e deve ser
elaborado por profissional legalmente habilitado na área de segurança do trabalho. Neste
documento devem constar memorial sobre condições e meio ambiente de trabalho, os projetos
e especificações técnicas de proteções coletivas e individuais, cronograma da implantação e
medidas preventivas de acidentes e doenças de trabalho. Assim como o layout inicial do
canteiro com a previsão de dimensionamento das áreas de vivência.
No entender de Salgado:
O canteiro de obras, por mais simples que seja, é o local onde são executados todos
os trabalhos intermediários e preparativos da obra, além de ser destinado aos
depósitos de materiais e, muitas das vezes, a construção das instalações operacionais
(escritórios, almoxarifados etc.) e de convivência (refeitório, área de lazer etc.).
(SALGADO, 2009:19).
Existe uma falta de dedicação por parte das empresas em itens como as áreas de vivência. Da
mesma forma que o canteiro assume diferentes formas no decorrer das fases da obra, as áreas
de vivência também vão sendo alteradas. Na grande maioria dos empreendimentos, com essas
mudanças de fases, as instalações provisórias são construídas, ampliadas para depois ao final
serem demolidas.
Segundo Trotta (2001:3), o grupo das “áreas de vivência” é um dos mais fiscalizados pelo
ministério do trabalho, pois ele é responsável por garantir as boas condições humanas para o
trabalho. Além disso, tal importância também é considerada, pois se sabe da influência do
bem estar do trabalhador e sua produtividade além de diminuir a chance de quaisquer
acidentes.
As áreas de vivência são aquelas destinadas a alimentação, higiene, descanso e lazer. Nele
devem existir a cozinha e o local de refeição, as instalações sanitárias e o vestiário, o
alojamento, a lavanderia, o ambulatório e a área de lazer.
Segundo Alves (2012:17), a NR-18 estabelece para as áreas de vivências diretrizes para o
projeto do canteiro, como os exemplos a seguir:
Instalações Sanitárias: precisa ter um lavatório, um vaso sanitário e um mictório para
cada grupo de vinte trabalhadores ou fração. Um chuveiro para cada dez trabalhadores
ou fração. O local do vaso deve ter no mínimo 1m² e do chuveiro mínimo de 0,8m²;
Vestiários: armários individuais com cadeado e bancos com largura mínima de 30cm;
Alojamento: é proibido o uso de três camas ou mais na mesma vertical, a altura
mínima entre a última cama e o teto é de 1,20m. As menores dimensões das camas
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devem ser de 0,80m por 1,90m;
Local para refeições: independentemente da quantidade de trabalhadores é obrigatório
um espaço reservado para o aquecimento e realização das refeições com condições
mínimas de infraestrutura;
Cozinha: as pessoas envolvidas no preparo dos alimentos devem usar aventais e
gorros, também a necessidade de equipamentos de refrigeração para conservação dos
alimentos;
Lavandeira: deve ter tanques individuais e coletivos em número adequado;
Área de Lazer: pode ser utilizado o local de refeições para fins de recreação.
A norma NR-18 também determina que devem ser feitos treinamentos assim como descreve
como devem ser feitos os serviços de engenharia para garantir principalmente a segurança dos
trabalhadores.
Para que a obra funcione também são necessárias as instalações de energia elétrica, rede de
água e esgoto.
No entender de Azeredo, no canteiro devemos considerar:
1) Ligações de água e energia elétrica;
2) Distribuição de áreas para materiais a granel não perecíveis;
3) Construções – a) armazém de materiais perecíveis, b) escritório, c)
alojamento, d) sanitário;
4) Distribuição de máquinas;
5) Circulação;
6) Trabalhos diversos (AZEREDO, 1997:17).
2.5. Fases do canteiro de obras
O canteiro de obras se modifica conforme a obra avança e dessa forma é interesse que seja
subdividido em suas principais fases para melhor planejamento e acompanhamento.
2.5.1. Fase inicial
A fase inicial conta com a preparação do terreno, é feita a limpeza do terreno retirando todos
os entulhos e obstáculos para a construção. Os mesmos devem ser removidos e destinados a
um local apropriado. Logo também é feita a retirada da vegetação, inclusive da camada
vegetal do solo que são cerca de 20cm e pode ser executado com ferramentas manuais como
enxada ou equipamentos como tratores com lâminas quando a área é mais extensa. A remoção
dessa camada é importante porque pode comprometer a estabilidade da base de aterros ou de
pisos.
“Na remoção de árvores, é preciso verificar com antecedência o procedimento com os órgãos
florestais competentes” (SALGADO, 2009:23).
Geralmente são deixadas algumas árvores que irão compor o projeto, nesse caso deve-se ter o
cuidado com aquelas que ficarem próximas a construção, pois suas raízes podem vir a ser
problema para as fundações e as redes de abastecimento.
O movimento de terra consiste em corte e escavação do terreno com o objetivo de adequar a
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condição do terreno para a implantação da obra que após todo levantamento topográfico são
definidas as cotas e feitos os marcos necessários. Como exemplo, nesta etapa são feitos os
cortes para execução dos subsolos, muito comum em construção de edifícios, e dependendo
do alinhamento do subsolo sobram poucas áreas para posicionamento dos elementos
necessários para o canteiro, quando não sobram estas áreas pode ser planejado de forma que
sejam feitas a movimentação, contenção e fundações de uma parte e que a outra fique para
fazer depois. Ou também pode-se optar pelo aluguel de um terreno adjacente ou o mais
próximo possível da obra. Para esse serviço, os equipamentos mais comuns a serem utilizados
são a retroescavadeira, a pá carregadeira e os caminhões basculantes. Normalmente essa etapa
é feita de forma terceirizada, contando com a presença dos subempreiteiros donos dos
equipamentos os quais não demandam muito das instalações do canteiro.
“Movimento de terra é a parte da terraplenagem que se dedica ao transporte, ou seja, entrada
ou saída de terra do canteiro de obras” (AZEREDO, 1997:12).
Deve ser feito o fechamento e cercas para garantir a segurança da obra, nesse caso deve ser
utilizado material que não comprometa os custos, pois o mesmo é provisório e será retirado
no final para dar lugar ao fechamento definitivo e nem sempre se consegue reaproveitá-lo. Os
materiais mais utilizados são as placas ou chapas de madeira compensada resinada com seis
ou oito milímetros de espessura, de segunda qualidade, podendo ser pintadas com tinta látex
de segunda linha ou tinta a base de cal caso prefiram.
“É interessante uma análise do projeto quanto ao fechamento da área. Muitas vezes parte do
fechamento provisório pode ser substituída pelo fechamento definitivo” (SALGADO,
2009:24).
Os acessos devem ser feitos principalmente levando em consideração as entradas e saídas de
materiais e sua distribuição, o sistema viário com uso de material de boa procedência e
qualidade para garantir bom acesso durante toda a obra. Para poupar o desgaste da via é
importante ter sido bem executada a drenagem da obra, com a construção de valas com
inclinação mínima de 1% para o escoamento rápido das águas pluviais e estas devem estar
sempre limpas para impedir que ocorra empoçamento no canteiro. O portão deve ter local
estratégico e ter no mínimo 3,20m de largura, destinado a entrada e saída de equipamentos,
quando a obra é de grande porte esses acessos podem até ser independentes.
2.5.2. Fase intermediária
A fase intermediária conta com a implantação da obra ou da torre, onde é feita a locação da
obra e iniciam os serviços de execução do projeto do edifício propriamente dito.
É a fase caracterizada pelo grande volume de serviços e atividades como fundações, estrutura,
cobertura, instalações e pavimentação. Com isso tem a entrada dos equipamentos de grande
porte para execução dos serviços.
Quando o edifício começa a ser levantado, começa a se dispor de um espaço maior para o
canteiro, passando a usar locais embaixo da torre, como subsolos e térreo, são usados como
parte do canteiro para armazenagem de materiais por exemplo, isso demonstra a alteração do
projeto do canteiro acompanhando a evolução da obra.
No caso do início da alvenaria, precisa de um espaço maior para armazenagem dos blocos,
areia, cal e cimento e aumenta o número de operários na obra, e também necessita de espaço
para processamento da argamassa e do uso de transporte vertical. Implica em ampliação das
áreas de vivência do canteiro.
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Nesta etapa, é preciso gerenciar os equipamentos que estão sendo utilizados na obra, como a
data de entrada e saída, já previstas no planejamento, principalmente daqueles que estão
locados. As gruas devem ser gerenciadas quanto a sua localização, é de fundamental
importância que seja estratégica e não comprometa a segurança do trabalhador. Existem obras
que muito da produção é feita pré-moldada e por isso necessita da grua para a montagem,
dependendo do tipo e da localização, é necessário parar outros serviços que estejam embaixo
do raio da grua para o levantamento da peça, garantindo assim a segurança. Por isso, no
planejamento deve ser observado o comprimento da lança e o peso máximo para garantir que
o serviço seja realizado da melhor forma sem prejudicar os demais. A localização dos
elevadores da obra também é muito importante para o fluxo geral da obra, geralmente são
usadas as sacadas e levado em conta as distâncias entre estoques e recebimento de materiais.
2.5.3. Fase de encerramento
Na fase de encerramento, o canteiro vai sendo desmontado para dar lugar a obra pronta. Mas
ainda existem grandes diversidades de serviços de acabamentos como revestimentos e
pinturas a serem executados e esses serviços geralmente demandam um tempo maior para
acabamento.
Conforme a obra vai sendo finalizada, tudo que era provisório vai sendo substituído pelo
definitivo, entrando assim em uma fase de desmobilização.
Com a finalização da obra deve ser feita a vistoria final, que é o momento em que são feitas as
verificações finais do serviço executado para que a obra seja entregue ao cliente, devendo
corrigir imediatamente os problemas que forem ainda nesta etapa encontrados.
É realizada a limpeza final, para esse serviço recomenda-se que seja contratada empresa
terceirizada especializada, pois possuem mão de obra, equipamentos e materiais de limpezas
adequados e mais apropriados obtendo assim um melhor resultado. Essa limpeza se estende a
área externa a edificação como remoção de entulhos, limpeza e descontaminação e
tamponamento de fossas utilizadas por funcionários durante a obra assim como remover
pregos, pedaços de madeira e de ferro que podem estar espalhados pelo terreno.
2.6. Segurança no canteiro de obras
A segurança do trabalho consiste em um conjunto de medidas técnicas, médicas e
educacionais, que são utilizadas para prevenir acidentes. Pode ser feito de forma a eliminar as
condições inseguras do ambiente de trabalho ou também implantando medidas preventivas a
serem seguidas por todos.
As regras básicas para a segurança do trabalho são encontradas nas normas regulamentadoras,
além destas é importante ter conhecimento da legislação municipal e estadual, assim como da
política interna da empresa.
O uso de EPI’s (equipamentos de proteção individual) e de EPC’s (equipamentos de proteção
coletiva) são muito importantes para prevenir os acidentes de trabalho na construção civil,
assim como de todas as pessoas que tem acesso a obra. A obra deve ter os procedimentos de
execução de serviços, obrigatório no sistema do PBQP-H, que além do serviço descreve o
equipamentos de proteção necessários para cada tipo de serviço e função. É dever da empresa
fornecer, monitorar e controlar seu uso, pois caso venha a acontecer uma acidente dentro da
obra mesmo que seja pela falta de conscientização de uso do funcionário a responsabilidade
continua sendo da empresa. Para os funcionários que desrespeitarem de forma contínua as
regras da empresa em relação a segurança, deve ser feita a demissão por justa causa. O
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treinamento para o uso correto dos equipamentos deve ser diário ou semanal e geralmente
acontece antes do início do serviço, não esquecendo de realizar o treinamento obrigatório na
admissão.
No caso de obras de edificações verticais, devem ser instaladas plataformas em todo o
perímetro, sendo a plataforma principal instalada na primeira laje para edifícios com mais de
quatro pavimentos e as secundárias devem ficar acima da principal de três em três andares, e
servem para evitar quedas.
A armazenagem dos materiais organizada é importante para que não atrapalhem a circulação,
de forma que não impeçam as saídas de emergência e para evitar quedas. Já para os materiais
que sejam tóxicos, corrosivos, inflamáveis ou explosivos devem ser armazenados em locais
isolados com a devida identificação.
Escadas, rampas e passarelas devem possuir guarda-corpo com altura de 1,20m, dotadas de
piso antiderrapante e devem permanecer desobstruídas para melhor circulação.
A proteção contra incêndios deve ser feita com o uso dos extintores específicos, tendo cada
um a sua especificidade como o de água que serve para materiais sólidos como madeira, o de
pó químico seco e os de CO² que servem para líquidos inflamáveis e equipamentos elétricos
energizados como álcool e painéis elétricos e seu uso depende da classificação do fogo, os
mesmos devem estar em locais apropriados.
No canteiro é obrigatório o uso de sinalização de segurança, para os indicadores de uso de
equipamentos de proteção como botina e capacete, uso obrigatório de cinto de segurança
quando trabalho em altura e também as placas indicando cuidado com a eletricidade. Assim
como devem ter as placas com indicação dos locais de apoio e de entradas e saídas de
veículos.
No caso de acidente fatal, é obrigatória a comunicação a autoridade policial competente e ao
órgão regional do Ministério do Trabalho. A empresa que possuir mais de 70 trabalhadores na
obra, deve instituir a CIPA (Comissão interna de Prevenção de Acidentes) que serão
responsáveis por tudo que seja relacionado a acidente de trabalho.
O número total de acidentes de trabalho registrados no Brasil aumentou de 709.474 casos em
2010 para 711.164 em 2011 e a Previdência Social gastou cerca de 17 bilhões de reais com os
benefícios só em 2010, segundo o TST.
As principais causas de acidentes são pelas condições inseguras que acontece por falta de
planejamento e também pelos atos inseguros causados por atitudes irresponsáveis do próprio
trabalhador.
2.7. Produtividade no canteiro de obras
A produtividade está diretamente ligada a uma boa organização e planejamento do canteiro,
assim como na redução dos desperdícios de materiais e uso inadequado de equipamentos.
A empresa pode adotar como auxílio o uso do Programa 5S no projeto do canteiro. É um
conceito japonês, que se espalhou pelo mundo na década de 70 e seu nome consiste em cinco
iniciais de palavras que sintetizam as etapas do programa.
Segundo Cordeiro (2013:19), são eles: Senso de utilização (eliminação do que é inútil e
liberação de espaços); Senso de limpeza (manter o ambiente organizado, identificado e
sinalizado); Senso de saúde (conservar a higiene e saúde física e mental) e Senso de
autodisciplina (indivíduo consciente dos seus deveres), servem como uma ferramenta de
mudança organizacional da empresa e como base para implantação de qualquer programa de
qualidade.
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A empresa deve fazer o uso do livro de “lições aprendidas”, onde são registradas as falhas e
suas correções para que sejam aprendidas por toda equipe e não se repitam. Assim é possível
se aprender com o erro que deve ser discutido e analisado para após ser corrigido. Ficam
registradas as experiências vividas anteriormente pela empresa ou pelos planejadores de
canteiro elaborados anteriormente.
De acordo com a norma da ABNT, NBR ISO-9001 (2008:14), devem ser consideradas e
registradas as ações corretivas e preventivas para que o processo esteja em contínua melhoria.
As ações corretivas são aquelas estabelecidas para solucionar as não-conformidades
detectadas, assim são determinadas as causas e as ações para que não ocorram novamente. Já
para as ações preventivas, a organização deve identificar as não-conformidades potencias para
definir ações que impeçam que a mesma ocorra, e dessa forma evitam a causa do problema.
3. Conclusão
Conclui-se que o gerenciamento de obras é muito importante e deve ser aplicado a todo tipo
de obra. Assim como o uso do planejamento para a execução dos projetos do canteiro de
obras tem sido valorizado, pois já é possível encontrar em algumas construtoras brasileiras um
maior cuidado com esta etapa. Falta ainda uma otimização com modificações nos processos
construtivos utilizados que façam com que tenham maior fluidez do trabalho, e dessa forma
aumente a produtividade e a qualidade do produto final. Percebe-se a importância do
envolvimento dos profissionais ligados a coordenação de projetos estarem trabalhando junto
com a engenharia da obra , fazendo o planejamento, o acompanhamento com visitas a obra e
o controle das diversas fases do canteiro.
Foi constatado durante a pesquisa que o gerenciamento de obras é usado a muitos anos na
prática, mas pouco se vê em relação ao cuidado com o canteiro de obras, tem ainda poucos
critérios e bases teóricas para contribuírem com este estudo e aprimoramento de projetos. Em
empresas construtoras de Cuiabá-MT já existe uma preocupação, mas ainda têm muito a
aprender e aprimorar a forma como devem ser dispostos os canteiros, alterando
sequenciamento de atividades, reduzindo distâncias, tudo isso ainda na fase de projeto do
canteiro.
Sendo assim, procurou-se com este trabalho contribuir com mais uma ferramenta de
otimização de processos e levantamento de itens relevantes a serem analisados para fazerem
ou não parte do canteiro. O aprendizado deve ser feito através da melhoria contínua buscando
um projeto ótimo de layout para cada obra.
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