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FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO – PARTE 1 DE 2
Rafael Albertoni Faganello
BIBLIOGRAFIA DA AULA
Parecer PGFN 492/2011
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 23a. Ed. São Paulo: Saraiva,
2011. Capítulo III. Fontes do Direito Tributário.
SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito Tributário. 2ª. Ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
Capítulo II: Fontes do Direito Tributário (exceto item 4);
Fonte: aulas do Professor Aldo de Paula Júnior
FONTE MATERIAL
O QUE É UMA FONTE DO DIREITO?
- local de origem de alguma coisa, procedência (dicionário Michaelis).
- ponto originário de onde provém uma norma jurídica (SABBAG, 2012,
p.569).
O QUE É UMA FONTE DO DIREITO TRIBUTÁRIO?
- fonte real (material) fato gerador (naquilo que incide a norma tributária)
Vittorio Cassone, 2007 citado por SABBAG: “o próprio „cenário político, o patrimônio, a
renda, os serviços, transferências, movimentações financeiras etc‟ – após habilitadas
legalmente a dar surgimento à obrigação tributária, transformam-se em fatos
tributáveis.”
FONTE FORMAL
O QUE É UMA FONTE DO DIREITO TRIBUTÁRIO?
- FONTE FORMAL: direito tributário positivo
Art. 96, CTN: A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as
convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no
todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.
Art. 100, CTN: São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções
internacionais e dos decretos.
EXCEÇÃO: doutrina e jurisprudência são fontes do direito, mas não do direito tributário.
Auxiliam na interpretação.
FONTE FORMAL
Em razão do princípio da legalidade e estrita legalidade, as fontes formais são de suma
importância ao direito tributário, pois permite adequar corretamente à norma
competente para determinado ato tributário.
Exemplo: se um tratado internacional não tratar em seu conteúdo de tema tributário,
esse tratado não é fonte do direito tributário, pois não corresponde a uma fonte nos
termos de interpretação ampla do art. 96, CTN.
Todas as fontes formais, seja primária ou secundária, fazem parte da legislação
tributária, que é tudo aquilo inserido no art. 96, CTN.
FONTE FORMAL PRIMÁRIA
FONTE FORMAL PRIMÁRIA (PRINCIPAL):
Geralmente inova o ordenamento jurídico com a competência dada pela Constituição
Federal, ou seja, retiram sua validade direto da CF: emendas à constituição, leis
complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos-
legislativos e resoluções.
Obs: o decreto regulamentar é fonte primária (art. 96, CTN – fonte de obrigações
acessórias por exemplo), mas ato normativo secundário (art. 99, CTN), porque é
infralegal. IMPORTANTE: se é ato normativo secundário, competência do STJ em
recursos contra acórdão, não do STF.
- tudo aquilo que consta no art. 96, CTN, sendo que lei ali indicada tem sentido amplo.
OBS: a própria CF também faz parte das fontes primárias pela lógica, já que uma fonte
primária do direito tributário precisa da CF para existir, apesar de não constar expressa
no art. 96, CTN.
FONTE FORMAL PRIMÁRIA
hierarquia da pirâmide de Kelsen: um pouco da teoria pura do direito.
1 – Constituição Federal: outorga competências (a CF não institui tributos), estabelece
as limitações ao poder de tributar (art. 150 a 152, CF) e delimita a repartição das
receitas tributárias (art.157 a 162).
2 – Emenda à constituição federal: respeitando as cláusulas pétreas (art. 60, §4º, CF),
pode ser feita qualquer alteração em tributos em razão da dinâmica do tempo e
mudanças sociais. obs. não pode alterar competência tributária (fere forma federativa)
ou princípio tributário (fere direitos e garantias tributárias).
3 – Lei complementar: complementa o texto constitucional, mas não institui tributos
(matéria de lei ordinária).
OBS: e se uma lei complementar instituir tributo?
Resposta: pode, pois não é uma regra ser só lei ordinária, mas não é costume
FONTE FORMAL PRIMÁRIA
4 – Lei ordinária: tudo que tiver somente “nos termos/na forma da lei” é a lei ordinária,
ou seja, quórum simples para ser criada no processo legislativo (por maioria presente).
OBS: e se uma lei ordinária for votada com quórum de lei complementar ela pode virar
lei complementar? Resposta: pode, desde que a CF permita que ela seja matéria de lei
complementar
5 – decreto: apesar de ser fonte primária do direito tributário, não inova o ordenamento
jurídico e tem limitação na lei por ser ato normativo secundário.
Ex. decreto dar uma isenção na apuração de imposto de renda sem que tenha lei
permitindo isso.
Obs: ato normativo primário e secundário (estrutural – Kelsen) é diferente de fonte
primária e fonte secundária (metodologia científica do direito)
FONTE FORMAL PRIMÁRIA -DECRETO
5 – decreto: Tem função de regulamentação da lei (forma de recolher tributos e código
das guias por exemplo), ou seja, pode definir obrigação acessória que, não cumprida,
vira uma obrigação principal (somente pela lei) pela multa.
Ato normativo secundário: Art. 99, CTN. O conteúdo e o alcance dos decretos
restringem-se aos das leis em função das quais sejam expedidos, determinados com
observância das regras de interpretação estabelecidas nesta Lei.
Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.
§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto
as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou
da fiscalização dos tributos.
• § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-
se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.
FONTE FORMAL PRIMÁRIA – LEI DELEGADA
6 – lei delegada:
Ato normativo do poder executivo delegado pelo poder legislativo (por resolução do
congresso – 2 casas) mediante solicitação do presidente para tanto.
Semelhante à lei ordinária tendo diferença somente na construção do processo
legislativo.
Lei delegada não pode ter matéria de lei complementar (art. 68, §1º, CF).
Entraram em desuso com as medidas provisórias sendo mais utilizadas em razão da
praticidade desse modelo (criadas em 1988 com emendas em 2001)
FONTE FORMAL PRIMÁRIA – MEDIDA PROVISÓRIA
7 – medida provisória (art. 59, V e art. 62, CF):
antigo decreto-lei da CF de 1967: teoria da recepção da nova CF. Tem alguns
vigentes ainda para imposto de importação (decreto-lei nº 37/66) e contribuição de
melhoria (decreto-lei nº 195-67), por exemplo.
instituição de tributos: caráter de relevância e urgência. Críticas de
possibilidade de criar tributos através desse modelo de medida provisória, salvo, para
alguns, para criar imposto extraordinário de guerra e empréstimos compulsórios (art.
148, I, CF) (art. 154, II, CF).
somente na via federal: governadores e prefeitos não podem utilizar esse
instituto pelo caput do art. 62, CF, mas, por analogia, não se poderia admitir?
AdinMC 812-9 julgada pelo STF em 1993, por exemplo, decidiu que sim em razão do
princípio da simetria (art. 25, §1º, CF), desde que se respeite os limites constitucionais.
Questão ratificada em decisões posteriores.
não pode ser matéria de lei complementar.
FONTE FORMAL PRIMÁRIA – MEDIDA PROVISÓRIA
7 – medida provisória (art. 62, CF):
§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os
previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro
seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi
editada. (princípio da anterioridade ressaltado)
§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia,
desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias,
prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso
Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes (ver
próximos slides).
FONTE FORMAL PRIMÁRIA – MEDIDA PROVISÓRIA
7 – medida provisória (art. 62, CF):
§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a
rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e
decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas.
§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida
provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado
o projeto
FONTE FORMAL PRIMÁRIA – DECRETO LEGISLATIVO
8 – decreto legislativo: ato realizado pelo Congresso Nacional. Usa-se, geralmente,
para aprovação de tratados e acordos internacionais (art. 49, I, CF)
Lembrar da questão da medida provisória que, não sendo convertida em lei em 60
dias, o congresso definirá, por decreto legislativo, os efeitos jurídicos da mesma.
Obs: caracterizam como lei ordinária em relação ao quórum, mas não precisa de
sanção do presidente. Contudo, tem limitações para somente informar as
consequências jurídicas das medidas provisórias e aprovar atos internacionais.
FONTE FORMAL PRIMÁRIA - RESOLUÇÃO
9 – resolução: ato legislativo do Congresso Nacional ou de uma das casas e que não
precisa de sanção do presidente. Usados, por exemplo, para aprovar lei delegada.
Resoluções do Senado são mais utilizadas no direito tributário por conta do
federalismo, já que o Senado representa os Estados. Exemplo: resoluções do Senado
podem (facultativo) definir alíquotas máximas (teto) e mínimas (piso) de impostos
estaduais (icms, ipva e itcmd).
FONTE FORMAL PRIMÁRIA - RESOLUÇÃO
9 – resolução:
ICMS – art. 155, §2º, V e IV, CF; obs. Exceto para ICMS-exportação, em razão de
norma específica de imunidade (art. 155, §2º, X, “a”, CF).
Obs.1 O senado indica o mínimo e máximo, mas o Estado escolhe a alíquota aplicável
dentro desse intervalo.
Obs.2: atenção no art. 155, §2º e incisos no tocante à iniciativa para propor a resolução
e o quórum para aprovação que são diferentes para alíquotas mínimas e máximas.
FONTE FORMAL PRIMÁRIA - RESOLUÇÃO 9 – resolução: ITCMD: definirá alíquota máxima (art. 155, IV, §1º, CF):
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;
IV - terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal;
Resolução nº 09/92: máximo de 8%.
Obs. 1: Alguns Estados, na época, para evitar de ficar alterando lei estadual conforme
o senado fosse mexendo na alíquota, inseriram em lei que a alíquota seguiria o teto do
senado de forma automática, mas isso fere a constituição (art. 150, I, CF) e o STF já
informou que sem lei, não há tributo, logo, essa automação não é considerada lei
tributária, porque não define a alíquota para instituição do tributo.
Obs.2: a observação anterior pode ser objeto de atenção se o projeto de resolução do
senado 57/2019, de aumentar o teto/máximo de alíquota para 16%, for validado.
FONTE FORMAL PRIMÁRIA - RESOLUÇÃO 9 – resolução:
Resolução nº 09/92: progressividade
Art. 2º. As alíquotas dos impostos, fixadas em lei estadual, poderão ser progressivas
em função do quinhão que cada herdeiro efetivamente receber, nos termos da
Constituição Federal.
Obs. 3: a resolução permite alíquota progressiva conforme o quinhão de cada parte.
Qual a fonte da resolução? Ela pode inserir essa regra tributária? A resolução tem
característica de lei ordinária, pois nasce com força de lei. Se a fonte é a CF, o inciso IV
do §1º do art. 155 não é claro quanto a esse ponto e pode-se entender que sim ou não.
É um ponto a se discutir sobre eventual lei estadual sobre o tema, ainda mais com
eventual aumento do máximo para 16% e margem para tal tratamento diferenciado aos
mais ricos.
FONTE FORMAL PRIMÁRIA - RESOLUÇÃO 9 – resolução:
IPVA: definirá alíquota mínima (art.155, §6º, I, CF).
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
III - propriedade de veículos automotores
§ 6º O imposto previsto no inciso III:
I - terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal;
Projeto de Resolução do Senado n° 3, de 2019: 0% para veículos de 2 rodas de até
150 cilindradas (fundamento na classe mais pobre)
FONTE FORMAL PRIMÁRIA – TRATADOS E CONVENÇÕES
10 – tratados e convenções internacionais: ato internacional entre Estados Soberanos
a fim de dar efeitos jurídicos pertinentes ao que fora combinado.
no direito tributário destacam-se os tratados sobre imposto de renda,
exportação e importação. Por quê? Para evitar bitributação e aumentar as trocas
comerciais entre os países, evitando onerosidade dos custos e direcionamento do
comércio para outros países.
Exemplo: GATT: acordo geral sobre tarifas e comércio. Busca equivalência
de tratamento entre produto nacional e importado.
Exemplo na prática: Súmula 575, CTF: A mercadoria importada de país
signatário do GATT, ou membro da ALALC, estende-se a isenção do imposto sobre
circulação de mercadorias concedida a similar nacional.
FONTE FORMAL PRIMÁRIA - TRATADOS X ACORDOS x
CONVENÇÕES Conceitos e diferenças; para alguns, é a mesma coisa (art. 1, a, decreto 7.030/2009). Para outros, a diferença seria o aspecto político sobre o assunto abordado e a relevância diplomática. Tratados soam melhor que acordo quando se busca uma paz para uma guerra, por exemplo.
Onde encontrar? - É possível encontrar cópia dos acordos internacionais assinados pelo Brasil, em português, na página da Divisão de Atos Internacionais do Itamaraty. Para obter cópia dos acordos internacionais do Brasil em outros idiomas, deve-se solicitá-los por meio de mensagem enviada para [email protected] - http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/ - áreas de atuação – acordos bilaterais - escolher o continente - ver países.
Mais especificamente para tributos olhar no site da Receita Federal do Brasil: http://receita.economia.gov.br/acesso-rapido/legislacao/acordos-internacionais/acordos-para-evitar-a-dupla-tributacao/acordos-para-evitar-a-dupla-tributacao
FONTE FORMAL PRIMÁRIA - APLICAÇÃO DE TRATADO/ACORDO
INTERNACIONAL
SUPERPOSIÇÃO DO TRATADO EM RELAÇÃO À LEI INTERNA
Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação
tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.
OBS: não se revoga, mas suspende a aplicabilidade. Retirando-se a vigência do
tratado, é válida a aplicação da lei. Erro de escrita do CTN.
FONTE FORMAL PRIMÁRIA – TRATADOS - Principais tributos
brasileiros para operações internacionais
IRRF – 15% e 25% sobre o valor pago (para países com tributação privilegiada). Sujeito passivo é o beneficiário não-residente e responsável legal o brasileiro que deve reter na fonte. OBS. Há recentes alterações no imposto de renda e seria importante verificar as alíquotas atualizadas no regulamento do IR quando for atuar com algo desse assunto.
CIDE – 10% sobre o valor pago - para pagamento por licença de uso ou adquirente de conhecimentos tecnológicos, bem como contrato de transferência de tecnologia, seja por exploração de patentes e/ou com assistência técnica – lei 10.168/2000. Sujeito passivo é o detentor da tecnologia (brasileiro)
ISS – depende do município (2% a 5%) – necessário ser serviço na lei municipal
PIS/COFINS IMPORTAÇÃO – várias alíquotas. Exemplo: para serviço executado ou com resultado útil no Brasil: 1,65% (pis-importação) e 7,6% (cofins-importação) sobre o valor pago antes do IRRF mais ISS-importação e contribuições.
FONTE FORMAL PRIMÁRIA – TRATADOS E CONVENÇÕES
10 – tratados e convenções internacionais. Procedimento:
1 – presidente negocia e assina;
2 – aprovação pelo Congresso através de decreto legislativo (para continuar as
negociações)
3 – ratificação do presidente (vigência externa)
4 – promulgação por decreto presidencial (vigência interna em caso de definir data)
5 – publicação do decreto presidencial (vigência 45 dias depois da publicação em caso
de indefinição de data no ato internacional)
Obs. Controle de constitucionalidade difuso, posto não ser de direitos humanos, que aí
pode ser controle concentrado.
FONTE FORMAL PRIMÁRIA – LEI COMPLEMENTAR 11 – lei complementar (art. 146, CF):
- quórum: maioria absoluta. Demanda maior esforço para ser imposta e a torna mais estável no tempo quando imposta.
- lei federal (lei ordinária) x lei nacional (lei complementar)
(união federal) (aplica a todos os entes federados)
- somente outra lei complementar altera lei complementar
Obs: pela teoria da recepção da nova CF, o CTN, mesmo sendo lei ordinária pelo quórum em 1966, teve o patamar de lei complementar em razão do conteúdo constitucional exigido por lei complementar ser abrangido pelo CTN
FONTE FORMAL PRIMÁRIA – LEI COMPLEMENTAR
11 – lei complementar (art. 146 e 146-A, CF):
Art. 146. Cabe à lei complementar:
I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; Ex. quais produtos que
podem ter tributação de IPI, ICMS (lc 87/96 ou ISS (lc 116/2003)?
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente
sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies [...]
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para ME e EPP [...]
Art. 146-A. Lei complementar poderá estabelecer critérios especiais de tributação, com
o objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da competência de
a União, por lei, estabelecer normas de igual objetivo.
FONTE FORMAL PRIMÁRIA – LEI COMPLEMENTAR
11 – lei complementar (art. 146, CF):
art. 62, §1º, III, CF:
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar
medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso
Nacional.
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
III - reservada a lei complementar;
FONTE FORMAL PRIMÁRIA – LEI COMPLEMENTAR 11 – lei complementar (art. 146, CF):
Art. 24, §3º, CF:
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
Depois, ocorrerá uma adaptação da lei regional, mas não pode o Estado ficar esperando lei complementar se quiser cumprir com sua competência tributária.
Exemplo: não há lei complementar de normas gerais de IPVA, mas há projetos de lei em andamento.
§ 4º A superveniência de lei federal (entender também como lei nacional) sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO – PARTE 2 DE 2
Rafael Albertoni Faganello
FONTE FORMAL SECUNDÁRIA
FONTE FORMAL SECUNDÁRIA (COMPLEMENTAR): Justamente por ser
complementar, compreende-se como norma complementar, que está inserida como
parte da legislação tributária que, segundo o art. 96, CTN, é fonte do direito tributário.
Resp 460.986 (SABBAG): “[...] o tributo em si, com todos os seus elementos
constitutivos vem definido na lei, cabendo à regra secundária; e que por isso também é
fonte do direito tributário, especificar detalhes que escaparam à norma primária”.
possuem validade subordinada aos comandos de outra norma e não da Constituição.
OBS. Apesar de ser complementar, o decreto é fonte primária e é complementado por
uma norma complementar. Assim, uma norma complementar pode apenas aprimorar
um decreto e não necessariamente só leis.
FONTE FORMAL SECUNDÁRIA
FONTE FORMAL SECUNDÁRIA (COMPLEMENTAR): tudo aquilo que consta no art.
100, CTN e que complementa aquilo que não for nítido nas fontes primárias.
Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções
internacionais e dos decretos:
I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;
II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a
lei atribua eficácia normativa;
III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas;
IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios.
FONTE FORMAL SECUNDÁRIA – ATOS NORMATIVOS
Art. 100, I, CTN - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;
-São atos internos com objetivo de dar orientação universal aos contribuintes e aos
servidores públicos.
- somente vincula a Administração Pública, sendo facultativo ao Judiciário
Ex. portarias dos ministérios, circulares, instruções normativas, ordens de serviço,
parecer normativo, resoluções do ministro da fazenda, avisos, despachos em geral, ato
declaratório normativo, manual de preenchimento da declaração de imposto derenda
da Receita Federal, etc.
FONTE FORMAL SECUNDÁRIA – DECISÕES ADMINISTRATIVAS
Art. 100, II, CTN - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição
administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa;
- São decisões oriundas de processo administrativo tributário e que a lei define como
fonte normativa
Obs: decisões administrativas podem ser revistas pelo judiciário a critério do
contribuinte, mas se for desfavorável ao Fisco, esse não pode recorrer ao judiciário
(Art. 156, CTN. Extinguem o crédito tributário: IX - a decisão administrativa
irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa
ser objeto de ação anulatória;).
Exemplos: decisões do Tribunal Estadual de Impostos e Taxas (TIT) no quórum
especificado pela lei; acórdãos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais
(CARF).
FONTE FORMAL SECUNDÁRIA – PRÁTICAS ADMINISTRATIVAS
Art. 100, III, CTN - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades
administrativas;
dois pressupostos: usos e costumes
1 – uso (de observância constante e uniforme vista pelo público externo)
2 – opinião de necessidade (o costume é uma necessidade jurídica)
Tipos:
a) introdutórios: uma norma de conduta na ausência de lei
b) ab-rogatórios: considerar revogada uma lei não mais aplicada.
c) interpretativos: visa apenas explicitar a lei. OBS. Para efeitos de tributo e
instituição e regulação desses, somente esse tipo é usado no direito tributário.
FONTE FORMAL SECUNDÁRIA – CONVÊNIOS
IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios.
- são convênios de colaboração. Obs: convênio do ICMS é fonte primária
quando ratificados pelos Estados por decreto executivo. OBS: não deveria ser decreto
legislativo da assembleia? Mesmo poder ratificando a sua negociação é afronta ao
federalismo?
- ex. convênios entre municípios e Estados para permutar informações e
cobrar IPVA corretamente. É interesse do município auxiliar, pois parte do valor
arrecadado vai para o município de domicílio do contribuinte. Art. 199, CTN
Art. 199. A Fazenda Pública da União e as dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios prestar-se-ão mutuamente assistência para a fiscalização dos tributos
respectivos e permuta de informações, na forma estabelecida, em caráter geral ou
específico, por lei ou convênio.
FONTE FORMAL SECUNDÁRIA – CONVÊNIOS
Art. 199. A Fazenda Pública da União e as dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios prestar-se-ão mutuamente assistência para a fiscalização dos tributos
respectivos e permuta de informações, na forma estabelecida, em caráter geral ou
específico, por lei ou convênio.
Ex. convênio para fiscalizar e cobrar multas de trânsito entre prefeitura e polícia militar
(Estado) não é fonte tributária, porque não é de colaboração para cobrança de tributos.
Por quê? Porque tributo é sobre atividade lícita (que tem multa de mora pelo atraso no
pagamento) e multa de trânsito é sobre atividade ilícita (infração à lei de trânsito)
FONTE FORMAL SECUNDÁRIA - SANÇÕES
Art. 100, CTN, Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui
a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor
monetário da base de cálculo do tributo.
Trata-se da exoneração do contribuinte de boa fé das sanções fiscais (multa, juros e
correção monetária).
ATENÇÃO: mas não o isenta de pagar o tributo caso tenha realizado o fato gerador.
FONTE FORMAL SECUNDÁRIA – PARECER PGFN 492.2011
Exemplo de ato normativo (art. 100, I, CTN)
Resumo do parecer: Reflexos gerados pela alteração da jurisprudência erga omnes do
Supremo Tribunal Federal (STF) em relação à coisa julgada em matéria tributária.
1 - Sentença que transitou em julgado para ser inconstitucional um tributo, ou seja, a
favor do contribuinte e depois decisão do STF validando a constitucionalidade da
cobrança. O Fisco pode voltar a cobrar?
2 - Sentença que transitou em julgado para ser constitucional um tributo, ou seja, a
favor do Fisco e depois decisão do STF declarando a inconstitucionalidade da
cobrança. O Fisco tem que parar de cobrar?
FONTE FORMAL SECUNDÁRIA – PARECER PGFN 492.2011
Entende-se o parecer para questões de fatos geradores sucessivos, ou seja, se novos
fatos geradores continuarem ocorrendo não estarão acobertados pela coisa julgada da
discussão judicial anterior, porque é uma nova relação jurídica, agora, com nova
interpretação do STF a respeito do assunto.
Obs. Os fatos continuam ocorrendo, mas o direito mudou.
A decisão transitada em julgado sob a égide de uma dada ordem normativa perde seus
efeitos vinculantes, para o futuro, com o advento de uma nova legislação, não sendo
apta a disciplinar atos praticados com base na ordem normativa sobrevinda;
FONTE FORMAL SECUNDÁRIA – PARECER PGFN 492.2011
O advento de precedente objetivo e definitivo do STF, por alterar o sistema jurídico
vigente, faz cessar a eficácia vinculante das decisões tributárias transitadas em julgado
que lhe forem contrárias.
A cessação da eficácia vinculante da decisão tributária transitada em julgado é
automática, independe de prévio reconhecimento judicial, ou seja, sem necessidade de
revisão judicial.
Começa a aplicar a partir do trânsito em julgado da decisão do STF.
Isonomia e livre concorrência: a ideia do parecer é tratar o contribuinte que tem decisão
judicial a favor e contribuinte que não tem com o mesmo tratamento diante da decisão
do STF.