UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE HUMANIDADES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO
CURSO DE BIBLIOTECONOMIA
AIRTIANE FRANCISCA RUFINO
FOLKSONOMIA: O EFEITO DE SUA APLICAÇÃO
NO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO DA
INFORMAÇÃO
FORTALEZA
2010
1
AIRTIANE FRANCISCA RUFINO
FOLKSONOMIA: O EFEITO DE SUA APLICAÇÃO NO PROCESSO
DE RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO
Monografia apresentada ao Curso de
Biblioteconomia, do Departamento de
Ciências da Informação, da Universidade
Federal do Ceará como requisito para
obtenção do grau de Bacharel em
Biblioteconomia.
Orientador: Prof. Dr. Antonio Wagner Chacon Silva
FORTALEZA
2010
2
R 926 f Rufino, Airtiane Francisca.
Folksonomia: o efeito de sua aplicação no processo de
recuperação da informação / Airtiane Francisca Rufino. –
Fortaleza, 2010.
57 f.: il.
Orientador: Dr. Antonio Wagner Chacon Silva.
Monografia (Graduação em Biblioteconomia) – Curso de
Biblioteconomia, Universidade Federal do Ceará –
Departamento de Ciências da Informação, 2010.
1. Folksonomia. 2. Classificação Colaborativa. 3.
BibSonomy. 4. Bookmarks Sociais. I. Silva, Antonio Wagner
Chacon. II. Título.
CDD 025.4
3
AIRTIANE FRANCISCA RUFINO
FOLKSONOMIA: O EFEITO DE SUA APLICAÇÃO NO PROCESSO
DE RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO
Monografia apresentada ao Curso de
Biblioteconomia, do Departamento de
Ciências da Informação, da Universidade
Federal do Ceará como requisito para
obtenção do grau de Bacharel em
Biblioteconomia.
Aprovada em: _____/_____/_____
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Prof. Dr. Antonio Wagner Chacon Silva
Orientador
__________________________________________
Prof. Ms. Jefferson Veras Nunes
Membro 1
__________________________________________
Profª. Ms. Maria de Fátima Silva Fontenelle
Membro 2
5
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela luz, pela força e pela e sabedoria que, mesmo diante das adversidades, sempre
me guiaram e me permitiram chegar até aqui, alimentando e encorajando no desejo de seguir
em frente.
À minha mãe, pelo exemplo de mulher que é e sempre foi, pelos ensinamentos, mesmo que
em silêncio, pela luta em me colocar onde hoje estou, pela força, pela confiança e,
sobretudo, pelo amor que é infinito.
Aos meus irmãos Dani e Junior, pelo carinho, pelo apoio, pela compreensão e pela presença
constante em minha vida.
Ao professor Antonio Wagner Chacon Silva, por todos os ensinamentos adquiridos durante
as aulas de Tecnologias da Informação I e de Planejamento de Unidades de Informação,
durante a monitoria, durante o projeto de extensão e, em especial, por ter confiado em mim
me aceitando como orientanda.
Ao professor Jefferson Veras Nunes, pelo apoio, pelos artigos ao longo da graduação, pelo
incentivo e por fazer parte da banca examinadora.
À professora Fátima Fontenelle, pelos ensinamentos e por fazer parte da banca examinadora.
À professora e amiga Virginia Bentes Pinto, por ter sido uma verdadeira mãe durante toda a
graduação, pelos ensinamentos teóricos e práticos sobre Biblioteconomia, Ciência da
Informação e, acima de tudo, de vida. Pelas orientações durante a monitoria, pelos artigos
que desenvolvemos, pelos puxões de orelha, pelos conselhos, pelo ombro amigo e pelo
companheirismo.
Ao professor Roosewelt Lins Silva, por ter plantado em mim a semente do academicismo,
que cresce a cada dia, por ter despertado em mim a paixão pelas tecnologias de informação,
pelos sistemas colaborativos e pelas redes sociais e, em especial, por ter me ajudado a
descobrir meu lado acadêmico/pesquisador.
Ao professor João Arruda, pelo apoio durante toda a graduação e pelas longas conversas
sobre Sociologia, Filosofia, Cultura, Antropologia e áreas afins.
Ao professor Luiz Tadeu Feitosa, pela confiança e credibilidade a mim conferidas e pelos
ensinamentos, os mais diversos possíveis, adquiridos durante as aulas, durantes as várias
conversas pelos corredores, pelas cantinas da universidade e pelo Pitombeira.
À professora Fátima Araripe, pela confiança, pelo apoio, pelos ensinamentos e pelas
palavras de incentivo.
À professora Lídia Eugênia Cavalcante, por ter despertado em mim o desejo de querer
sempre dar o melhor de mim em tudo que eu fizer.
Ao professor Márcio Assumpção, pelas longas discussões filosóficas que resultaram em
6
grandes ideias e na sementinha para o projeto de mestrado.
Ao professor Hamilton Tabosa, pelos ensinamentos, pelas grandes ideias, pela credibilidade
e pelos artigos no decorrer da graduação.
À professora Gabriela Belmont, pelo aprendizado durante a monitoria e pelas várias
conversas ao longo da graduação.
À professora Fátima Costa, pelo aprendizado durante a monitoria.
À professora Ivone Bastos, pelas orientações e pelos ensinamentos sobre organização,
sistemas e atuação profissional.
Ao professor Heliomar Cavati, pelas palavras de incentivo e pela confiança.
Ao professor Júlio César Araújo, por me aceitar como integrante do Grupo de Pesquisa
HIPERGED, o qual me rendeu ótimos frutos; pela confiança e credibilidade e, em especial,
pelas palavras direcionadas a mim ainda no início da graduação e que até hoje me fazem
correr atrás de cumprir a profecia, quando disse “Airtiane, você terá um futuro acadêmico
brilhante!”.
Ao Grupo de Pesquisa HIPERGED, por todo o conhecimento proporcionado, por todas as
oportunidades e pelos momentos de descontração.
Ao professor Hermínio Borges Neto, à Dina Mara e a todos os integrantes do Laboratório de
Pesquisa Multimeios e do Projeto PROBIOE, pelo aprendizado em um novo campo de
atuação, pela experiência em Educação a Distância, Ambientes Virtuais de Aprendizagem e
Objetos Educacionais, pelos momentos de integração, descontração, pela confiança e pelo
apoio constante.
À Biblioteca Laboratório do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Ceará, à
Biblioteca do Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará, à Biblioteca Pública
Municipal Dolor Bareira, bem como os responsáveis pelas mesmas, pelo aprendizado
durante o estágio realizado.
À Regina Holanda, pelos ensinamentos durante o estágio no Conselho Regional de
Medicina e depois, como presidente do Conselho Regional de Biblioteconomia.
À Biblioteca do Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará, pela família que
descobri e pelos vários ensinamentos que vou levar para a vida toda.
À Aparecida, uma mãe que ganhei ao longo da vida, companheira de todas as horas, seja pra
dar carão, puxar orelha, abraçar ou simplesmente pra ficar do lado; a segunda mãe que o
destino me deu e que eu passei a amar, nunca vou esquecer tudo que ela fez por mim, além
das tardes maravilhosas que passamos juntas no balcão da biblioteca do CEFET.
À Escola Presidente Médici, pela grande contribuição para a minha formação, pelas pessoas
maravilhosas que lá conheci e pelos melhores momentos da minha infância e adolescência.
7
À tia Cláudia, sem ela minha trajetória como estudante teria sido ainda mais dificultosa.
Aos professores da época do colégio, que sempre acreditaram em mim, Virginia, Ítalo,
Juliana, Paulo, Andrea, Kelry, Júlia, João Cláudio, Jacinta, Valdelice, Nancy, Sandra e
Cláudia.
Aos colegas da época do colégio, pelas alegrias, trabalhos em grupo, gincanas, semanas
culturais, interclasses, feira das nações, banda marcial e todas as outras ocasiões que tiveram
como cenário a Escola Presidente Médici.
Aos colegas do CEFET, que fizeram com que minha passagem por lá tenha sido ainda mais
marcante e prazerosa.
Aos colegas de graduação, por terem tornado esses quatro anos ainda mais prazerosos.
Aos amigos interdisciplinares, Ricardo Silveira e Breno, pelos momentos de descontração e
pelas conversas filosóficas; Rafael Ayala, esse ai tem história, conselheiro, psicólogo, divã,
tem sempre a palavra certa para cada momento, afinal, “Vai dar certo!”.
À Mirian, essa é especial, minha amiga de todas as horas, desde sempre e por muito tempo,
sempre me ajudou em minha caminhada, desde a época do colégio e nunca saiu do meu
lado, nem mesmo quando esteve longe, sempre se faz presente, uma irmã que ganhei ainda
na pré-escola e que quero ter por um longo tempo.
Ao tio Civon, sempre presente, incentivando e apoiando em todas as minhas escolhas.
Ao amigo Luiz Nunes, pela credibilidade e pelas longas conversas sobre os mais variados
assuntos.
Aos alunos de oficinas e cursos que ministrei pelo Brasil ao longo da graduação.
Ao BSF, sempre me instigando a pesquisar algo novo.
Aos amigos que fiz na graduação, Paty – sempre com a palavra certa na hora certa; Marília –
sempre por perto, “bigona” que quero ter sempre comigo; Rafa – companheiro de aventuras,
irmão, filho, pai, como ele diz, meu “tudão”; Mari – minha dupla; Andrezza – sempre
profetizando minha vida acadêmica; Aldenor – “Se eu tivesse uma filha, queria que fosse
igual a Airtiane”, preciso dizer mais nada; Dani – conselheira mor; Jéssica – traz alegria
sempre; Nonato – ombro amigo; Marquinhos – irmãozão.
Aos amigos e à família que descobri pelo Brasil afora, por me proporcionarem momentos
maravilhosos, pela hospitalidade, pelo companheirismo, pelas oportunidades, pelas ideias e
artigos feitos em parceria, muitas vezes por email ou por msn e, em especial, por fazerem
parte de minha história, melhor que isso, por terem escrito várias páginas dessa história
junto comigo. Em Minas Gerais, Pat Guimarães, Ju Miranda, Josué Salles, Gustavo Jesus,
Daniel de Brito, Flávio, Hugo Avelar, Fernanda Samla, Ibrahim Camilo, Pedro Neto, André
Moosler, Hugo Oliveira, Maria Fernanda, Marcus Vinícius, Aretha, Bergato e Flavinha. Em
Florianópolis, Daniel Garcia, Scheila Conrado, Marchelly Porto e Isadora Garrido. No Rio
de Janeiro, Alex Saraiva, Cláudio Reis, Moreno Barros, Úrsula Mor e Daniel Arjuna. Em
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Teresina, Denise, Samantha, Lena e Raphael. Em Recife, Rod Galvão, Pietro Santiago, Xaxá
Santos, Túlio Revoredo, Amélia, Silla, Jonatan Cândido, Duh Barros, Thiago Leite e Rafael.
Em São Luís, Leozin Pereira. Em São Paulo, Ju Moretti, Tati Kanashiro e Tiago Murakami.
Em Belém, Thiago Rosa. Em Porto Alegre, Derbi Casal. E em João Pessoa, Júlio Rei.
Aos encontros de estudantes, congressos e demais eventos científicos que pude participar ao
longo da graduação, onde conheci pessoas maravilhosas, que vão deixar saudade, onde
descobri alguns irmãos que passaram a fazer parte da minha vida.
Em especial a Bruno Brant, pelas conversas, pelo incentivo, pelo apoio, pelos e-mails, pelas
idéias, pelas discussões filosóficas, pelos telefonemas, pela surpresa boa na minha vida,
enfim, por tudo que foi, que é, que fez e que faz em mim.
Aos amigos, que me ligam para dizer “Pô, tô aqui num bar com um cearense e lembrei de
ti”; que me mandam mensagem só para dizer que estão com saudade; que me dão um toque
no celular no meio do dia, ou da noite, só para que eu saiba que “não te esqueci”; que me
mandam o convite da formatura, mesmo sabendo que, devido à distância, não poderei ir; que
me lembram, ao telefone, que “nêga, esse é o nosso último como estudante”; que olham para
um pão de queijo e pensam em mim e fazem questão de me dizer; que me mandam os
agradecimentos do TCC ou da Monografia só para que eu veja que meu nome está lá; que
twittam que está acabando, estamos nos formando; que vem me visitar; que me recebem em
casa e ainda me emprestam a família toda; que me mandam uma foto de tempos atrás; que
dizem que eu sou da família, ou que não dizem nada mas estão por perto; que me mandam
um poema que resume tudo; que me mandam uma música que canta toda uma história; ou,
simplesmente, os que existem e fazem parte da minha vida.
A todos aqueles, que, de uma forma ou outra, perto ou longe, pouco ou muito, consciente ou
inconscientemente contribuíram para a realização deste trabalho e para a minha chegada até
aqui, meu muito obrigado.
9
“Quem somos nós, quem é cada um de nós senão uma
combinatória de experiências, de informações, de
leituras, de imaginações? Cada vida é uma
enciclopédia, uma biblioteca, um inventário de objetos,
uma amostragem de estilos onde tudo pode ser
continuamente remexido e reordenado de todas as
maneiras”.
Ítalo Calvino
10
RESUMO
Trata de um estudo acerca do uso da folksonomia para a representação de informações, com
o objetivo de analisar o efeito de sua aplicação para o processo de recuperação da
informação. Buscando verificar se o uso da folksonomia facilita ou não o processo de
recuperação de informação e quais as formas de interferência da classificação livre, optou-se
por pesquisar a ferramenta BibSonomy. A escolha se deu pelo fato da ferramenta se destinar
ao gerenciamento de informações bibliográficas, mantendo, assim, relação direta com a
Biblioteconomia, grande área de estudo. Para tanto, foi realizada uma pesquisa quanti-
qualitativa, onde foram feitas várias buscas na ferramenta BibSonomy, todas utilizando o
termo “biblioteconomia”, em ambas as entradas disponíveis na ferramenta, entrada de
bookmarks e entrada de publicações. A liberdade de classificação presente no sistema é
visivelmente percebida, pois, não há um controle, tampouco uma padronização das tags
atribuídas pelos usuários. A partir da análise realizada com os dados obtidos nas buscas,
conclui-se que a liberdade no vocabulário criado pelos usuários e a falta de categorização,
características dos sistemas baseados em folksonomias, geram algumas falhas no processo
de recuperação de informações, inclusive a perda de conteúdos, o que nos leva a perceber a
grande necessidade em prosseguir com estudos tendo como base a folksonomia, os sistemas
que a utilizam e, sobretudo, seus reflexos na representação e, consequentemente, na
recuperação de informações.
Palavras-chave: Folksonomia. Classificação Colaborativa. BibSonomy. Bookmarks
Sociais.
11
ABSTRACT
The present work is a study on the use of folksonomy to the representation of information,
aiming to analyze the effect of its application on the information retrieval process. In order
to verify if the use of folksonomy facilitates or not the process of information retrieval and
which are the forms of interference of free classification, we chose to make a study on
BibSonomy. This tool was chosen because it deals with management of bibliographic
information, maintaining a direct connection with Librarianship, our major field of study. To
this end, we performed a quantitative and qualitative research, where several searches using
the term “librarianship” were made in BibSonomy, on both entrances available in the tool,
the bookmark and publications entrances. The freedom of this classification system is
clearly perceived, therefore there is no control, nor a tag standardization assigned by users.
According to the analysis of the data gathered in the searches, it follows that freedom in the
vocabulary created by users and the lack of categorization, characteristics of systems based
on folksonomies, generate some flaws in the process of retrieving information, including the
loss of contents, which leads us to realize the great need to continue with studies based on
folksonomy, systems that use it and especially its impact on the representation and hence the
retrieval of information.
Keywords: Folksonomy. Collaborative Classification. BibSonomy. Social Bookmarks.
12
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Pagina inicial do Delicious - http://delicious.com/..............................................31
Figura 2 – Pagina de bookmarks do Delicious.......................................................................32
Figura 3 – Tela inicial do Flickr - http://www.flickr.com/......................................................33
Figura 4 – Tela de descrição de conteúdos do Flickr..............................................................33
Figura 5 – Página inicial do BibSonomy - http://bibsonomy.org/..........................................36
Figura 6 – Caixas de busca disponíveis no BibSonomy - http://bibsonomy.org/...................37
Figura 7 – Entradas disponíveis no BibSonomy - http://bibsonomy.org/...............................38
Figura 8 – Resultados obtidos utilizando o termo biblioteconomia no campo de busca
search:all................................................................................................................................41
Figura 9 – Resultados obtidos utilizando o termo biblioteconomia no campo de busca
tag...........................................................................................................................................43
Figura 10 – Resultados obtidos utilizando o termo biblioteconomia no campo de busca
use...........................................................................................................................................44
Figura 11 – Resultados obtidos utilizando o termo biblioteconomia no campo de busca
group.......................................................................................................................................44
Figura 12 – Resultados obtidos utilizando o termo biblioteconomia no campo de busca
author.....................................................................................................................................45
Figura 13 – Resultados obtidos utilizando o termo biblioteconomia no campo de busca
concept....................................................................................................................................45
Figura 14 – Resultados obtidos utilizando o termo biblioteconomia no campo de busca
concept....................................................................................................................................46
13
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Sistemas que utilizam a folksonomia..................................................................30
Quadro 2 – Bookmarks recuperados no campo search:all.....................................................42
Quadro 3 – Publicações recuperadas no campo search:all....................................................42
Quadro 4 – Bookmarks recuperados no campo tag................................................................43
Quadro 5 – Quadro comparativo dos resultados obtidos nos campos search:all, tag e
concept....................................................................................................................................46
14
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................15
1.1 Justificativa.....................................................................................................................16
1.2 Objetivos..........................................................................................................................18
1.2.1 Objetivo Geral...............................................................................................................18
1.2.2 Objetivos Específicos....................................................................................................18
2 CLASSIFICAÇÃO E WEB..............................................................................................19
2.1 A Internet e o Novo Usuário..........................................................................................22
3 CLASSIFICAÇÃO COLABORATIVA OU FOLKSONOMIA ...................................25
3.1 Vantagens e Desvantagens do Uso da Folksonomia.....................................................27
3.2 Folksonomia na Prática.................................................................................................29
3.2.1 Del.icio.us......................................................................................................................31
3.2.2 Flickr..............................................................................................................................32
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS....................................................................35
4.1 Campo de Estudo............................................................................................................35
4.2 Metodologia.....................................................................................................................39
4.3 Instrumentos da Pesquisa..............................................................................................39
5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS............................................................41
6 CONCLUSÃO....................................................................................................................48
REFERÊNCIAS...................................................................................................................50
15
1 INTRODUÇÃO
A sociedade moderna apresenta-se como palco de novas discussões, muitas delas
pautadas em conceitos e ideias emergentes de uma “nova” cultura, fruto da
desterritorialização causada pela globalização. As discussões atuais, como tudo que é novo,
ou inédito, causam certa polêmica e, por vezes, acarretam em crises, seja por resistência em
aceitar os novos conceitos emergentes de tais discussões ou pelo vislumbramento com as
novas ideias emergentes.
Tais discussões são notórias em várias áreas do conhecimento e se intensificaram
ainda mais após a Revolução Informacional, quando a informação passou a ser produzida e
publicada cada vez mais rapidamente, atribuindo à informação um papel extremamente
importante junto à sociedade, o que acabou gerando uma necessidade ainda maior em
acessar o que é produzido em termos informacionais.
Diante do crescente aumento na produção de documentos e da participação cada vez
mais frequente dos usuários no ambiente onde as informações são produzidas e publicadas,
surgem novas necessidades. Na sociedade atual, dita sociedade da informação, ou ainda
sociedade do conhecimento, é preciso, além de classificar as informações rapidamente,
permitir ao usuário a interação com o sistema e com as informações disponíveis,
informações estas, que devido à riqueza nas formas, tipologias e meios que circulam,
passaram a ser chamadas de conteúdos. Durante o trabalho utilizar-se-á o termo conteúdo
para referir-se a informações e documentos disponíveis em meio eletrônico e em ambientes
virtuais.
A participação do usuário passou a ser bem mais significativa, hoje, o usuário deixou
de ser apenas leitor e receptor de informações, passando a, também, autor, editor e, por
vezes, administrador. Os sistemas, ferramentas e sites disponíveis na internet, já perceberam
tal mudança, prova disso é que cada vez surgem mais sites que permitem ao usuário, além
do acesso aos conteúdos publicados, a interação com o sistema, seja na leitura, na edição,
nos comentários, no compartilhamento de conteúdos, ou, simplesmente, através da
utilização de hiperlinks disponíveis no sistema.
A web interativa, também conhecida como web 2.0, possibilitou uma grande
revolução na criação de conteúdos, hoje, qualquer pessoa pode criar e gerenciar conteúdos
na web, seja através de blogs, páginas pessoais ou de uma das inúmeras redes sociais
16
existentes. Tudo isso colabora com a mudança e a quebra de hierarquias, levando a uma
nova idéia de classificação, baseada na filosofia colaborativa e na inteligência coletiva,
emergentes dos preceitos de interatividade provenientes da web 2.0, a qual denomina-se de
folksonomia.
Pensar em tecnologias, interatividade e web em meio à Biblioteconomia implica em
concepções envolvendo vários campos específicos da área em questão, dentre os quais
podem ser citados a Arquitetura da Informação, a Representação da Informação, a
Organização da Informação e a Recuperação da Informação. Todos os campos citados
perpassam por conceitos emergentes das práticas desenvolvidas no ciberespaço, o qual
Monteiro (2009, p. 2) chama de “ambiente pós-moderno”.
Algumas das temáticas que contemplam os conceitos emergentes deste “ambiente
pós-moderno” são: Web Semântica, Folksonomias, Mecanismos de Busca e Ontologias.
Vale ressaltar que todas as temáticas são de grande relevância para a Biblioteconomia, bem
como para sua evolução. De acordo com Lacerda e Valente (2007), dois conceitos devem
permitir a emergência plena da internet, ambos bem recentes, são eles a Web Semântica e a
Folksonomia.
Dessa forma, diante da grande importância das temáticas citadas para o
desenvolvimento da Biblioteconomia, sobretudo em meio à fase atual que a área se
encontra, onde busca a inserção de artefatos e mecanismos tecnológicos para auxiliar na
realização de suas atividades, o trabalho em questão apresenta um estudo mais aprofundado
acerca da folksonomia, levando em consideração os efeitos de sua aplicação para o processo
de recuperação da informação.
1.1 Justificativa
A produção de informações e conteúdos é cada vez mais crescente na sociedade
atual, passando até mesmo a ser denominada de sociedade da informação. As mudanças
causadas pelo aumento na produção informacional são visíveis e marcantes.
Já em 1999, Robredo previa algumas mudanças no ciclo documentário e
informacional:
17
Transformações importantes ocorrerão não somente na comunicação acadêmica,
mas também em todo o ciclo documentário e na própria concepção dos serviços de
informação, assim como nos hábitos de armazenagem e conservação das
informações e dos documentos. Os processos de busca e recuperação da
informação e os mecanismos de acesso aos documentos originais também serão
profundamente afetados. (ROBREDO, 1999, p. 83-84).
O que Robredo previa em 1999 é visivelmente perceptível nos dias atuais. A
revolução informacional acabou por gerar novas demandas por parte da sociedade, das quais
a mais visível é a necessidade de manter-se informado, o que exige uma maior agilidade nas
práticas de tratamento das informações.
A partir de experiências pessoais com ferramentas e sites que adotam a folksonomia
para a organização de seus conteúdos, de conversas com outros usuários de internet, em
especial de redes sociais, e, com base na literatura existente sobre organização de
informação na internet, foi possível perceber a emergência e a relevância de uma nova
concepção para organização de informações online, denominada de folksonomia, onde o
usuário tem a possibilidade de classificar e organizar suas próprias informações, livremente.
Dessa forma, pelo fato de o uso da folksonomia ser realizado pelo próprio usuário,
de maneira livre e sem auxílio de tabelas ou normas, pretende-se analisar o efeito do uso da
folksonomia no processo de recuperação da informação.
Assim, tendo em vista todas as mudanças e evoluções ocorridas na produção do
conhecimento, cabe aos bibliotecários e demais profissionais da informação conhecer e
saber como funcionam as alternativas emergentes para o tratamento de informações
disponíveis na internet, bem como as ferramentas que já fazem uso de tais alternativas.
Por estes motivos, todas as mudanças e evoluções ocorridas do âmbito da
classificação e organização de informações, e conteúdos de uma maneira geral, acabaram
por gerar questões acerca do uso da folksonomia, as quais constitui o problema da pesquisa,
a saber: Qual o efeito do uso da folksonomia para o processo de recuperação da informação?
A motivação maior para a realização da pesquisa está no desejo pessoal, proveniente
da familiarização com sistemas que adotam a folksonomia, de compreender mais a fundo
como a folksonomia interfere nos processos de busca e recuperação de informações, para, a
partir de então, levar à comunidade bibliotecária as novas possibilidades de atuação em meio
ao ciberespaço, acreditando na possibilidade de contribuição da pesquisa para os estudos e
trabalhos emergentes acerca da folksonomia.
18
Para tanto, delimitou-se alguns objetivos para uma melhor realização da pesquisa, os
quais se encontram dispostos a seguir.
1.2 Objetivos
A partir das observações e das leituras realizadas até o presente momento, foi
possível delinear os seguintes objetivos:
1.2.1 Objetivo Geral
Analisar o efeito do uso da folksonomia no processo de recuperação da informação.
1.2.2 Objetivos Específicos
Estudar como o uso da folksonomia interfere no processo de recuperação da
informação.
Verificar de que maneira o uso da folksonomia facilita ou não o processo de
recuperação da informação.
19
2 CLASSIFICAÇÃO E WEB
Com o intuito de facilitar a sua vida no planeta, o homem, passou muito tempo
buscando classificar as coisas existentes. Mesmo que isto ocorra de maneira inconsciente,
todos os dias o homem se depara classificando seus objetos pessoais, sejam roupas, sapatos,
cd's, dvd's, fotos, cartas, livros, alimentos, contas ou quaisquer outras coisas, seja por cor,
tamanho, conteúdo, importância, ou ainda por outros vários critérios.
Dentre as inúmeras classificações realizadas diariamente, seja de forma consciente
ou inconsciente, podemos citar a arrumação do guarda-roupa, dos cd’s, do armário da
cozinha e das contas de uma casa. Onde, as roupas podem estar dispostas no guarda-roupa
por cores ou por tamanhos. Os cd's podem ser separados por gênero, por artista ou por data.
Os alimentos são separados em perecíveis e não perecíveis, se subdividindo, dentre outras
categorias, em cereais, condimentos, frutas, verduras e legumes. As contas são separadas em
pagas e a pagar, por datas e por espécies. Existem várias outras formas de organizar o
guarda-roupa, os cd’s, o armário da cozinha e as contas, os exemplos aqui apresentados são
apenas alguns dentre as inúmeras classificações que o homem realiza todos os dias, seja em
casa ou no trabalho, até mesmo sem se dar conta.
Assim como o homem sente a necessidade de classificar seus objetos pessoais e tudo
mais que o cerca, inclusive as pessoas, ele também sente a necessidade de classificar o
conhecimento, e esta prática também não ocorre apenas nos dias atuais. Tomando como base
o histórico da classificação do conhecimento, é possível perceber que seus primeiros
registros se deram no contexto filosófico, tendo como precursor Aristóteles (384 a.C. – 322
a.C.).
De acordo com Souza (2004), foi a partir das classificações feitas por Aristóteles que
outras formas de classificação foram surgindo e se aperfeiçoando, dando espaço ao
surgimento da CDD – Classificação Decimal de Dewey e da CDU – Classificação Decimal
Universal, as quais são definidas como:
Classificações documentárias voltadas para o uso de bibliotecas ou para uso
bibliográfico, ou seja, para indexação e descrição minuciosa do conteúdo dos
documentos. A CDD surgiu como uma classificação direcionada para a
organização de bibliotecas e a CDU como uma classificação para uso
bibliográfico. (SOUZA, 2004, p. 14).
20
A CDU – Classificação Decimal Universal – se deu a partir do aperfeiçoamento da
CDD – Classificação Decimal de Dewey, e possibilita o tratamento de outros documentos e
não só do livro. A CDU, assim com a CDD, é uma classificação sistemática, se dá por
categorização científica e hierárquica; agrupando os documentos de acordo com as
semelhanças entre suas características. Durante muitos anos, e ainda nos dias atuais, os
códigos de classificação bibliográfica – CDD e CDU – são utilizados para a classificação de
documentos.
Porém, ao longo do tempo, as formas de produção e classificação do conhecimento
foram ganhando novos rumos e novos espaços. Grande parte das mudanças ocorridas no
âmbito da produção de conhecimento é atribuída ao desenvolvimento das ferramentas
tecnológicas, em especial das ferramentas emergentes da internet.
Os computadores, artefatos tecnológicos usados com maior frequência, surgiram
apenas com a simples função de realizar tarefas e solucionar pequenos problemas, mas, ao
longo do tempo, a partir da evolução tecnológica pela qual foram submetidos, os
computadores se aperfeiçoaram, além disso, surgiram também outros artefatos compatíveis e
até superiores a eles. Mas o grande marco na evolução tecnológica se deu a partir do
surgimento das tecnologias digitais que foram consolidadas com o desenvolvimento da
internet.
Sobre a internet, vale ressaltar que é uma rede que interliga computadores, formando
uma grande rede única de comunicação. Nasceu como uma rede reservada, utilizada apenas
por pesquisadores do governo norte-americano, para pesquisas e compartilhamento de
recursos de informática, sendo restrita ao serviço militar e às pesquisas desenvolvidas em
âmbito militar.
[...] a internet começou a nascer no final da década de 1950 a partir de projetos
desenvolvidos por agências do Departamento de Defesa Americano, preocupadas
com manter a viabilidade das telecomunicações em caso de guerra nuclear. A idéia
central desses projetos consistia em interligar centros militares por meio de
computadores, de tal forma que a destruição de um deles não impedisse a
sobrevivência dos demais bem como a de um centro remoto [...]. (COSTELLA,
2001, p. 231).
Ao longo do tempo, a internet ampliou seu espaço de atuação, deixando de ser um
artifício apenas dos militares e pesquisadores do governo. Passou de um serviço restrito a
militares para um recurso de pesquisa utilizado também entre a comunidade acadêmica,
21
possibilitando uma maior comunicação entre os pesquisadores das universidades.
Daí por diante, a internet foi crescendo e ampliando cada vez mais seu alcance.
Rowley (2002) deixa isso claro quando conta que historicamente, era, em essência, uma rede
acadêmica, mas seu uso em atividades econômicas cresceu tanto que deixou de ser uma
mera rede elitista de comunicação entre grandes centros de pesquisa, tornando-se acessível a
pequenas faculdades e empresas, além de bibliotecas do mundo todo. (ROWLEY, 2002, p.
187).
A internet passou por várias mudanças e evoluções ao longo do tempo, cada uma
delas possibilitou um aumento cada vez maior no número de adeptos, passando de
instrumento de pesquisa militar para ferramenta de uso diário no trabalho, nas escolas e nos
lares, atingindo a grandes massas populacionais.
A internet revolucionou as formas de comunicação, pois se antes para transmitir uma
notícia era necessário viajar horas, ou esperar dias para que uma carta fosse enviada, com a
internet, as possibilidades para se transmitir notícias em tempo hábil são inúmeras.
Com todas estas modificações, sobretudo após o crescente aumento no acesso à rede,
as informações passaram a ser produzidas mais rapidamente e atingiram um grande poder
dentro da sociedade. Cada nova informação adquirida implica em possibilidades maiores de
obtenção de conhecimento e sucesso.
Em atenção às palavras de Milanesi (2002), é possível perceber a importância do
desenvolvimento tecnológico para a produção e o acesso às informações, assim como, para
o cenário que se desenhava para as bibliotecas e para os seus usuários.
Nas duas últimas décadas do século XX o desenvolvimento tecnológico permitiu a
criação de computadores pessoais. Eles já existiam, mas para corporações. Eram
grandes e caros. [...] A popularização do computador ocorreu antes que as
bibliotecas, com raras exceções, descobrissem a sua utilidade. [...] Os cursos de
Biblioteconomia olharam para eles como, talvez, um exercício pouco prático de
catalogação, sem uma percepção clara de seus futuros desdobramentos. [...] Em
menos de duas décadas, as grandes máquinas evoluíram para pequenos e potentes
engenhos capazes de armazenar volumes gigantescos de informações e processá-
los em velocidade ano a ano maior. Ao estabelecer a possibilidade de conectar
esses computadores pessoais entre si e a grandes computadores, estava desenhada
a Internet. E com ela estabelecia-se um novo panorama para a informação: todo o conhecimento poderia estar na memória dos computadores e esse conhecimento
seria alcançado a qualquer momento por qualquer indivíduo que tivesse um
computador e um telefone para conexão. Além disso, caía a barreira entre o
escritor e o leitor: todos podiam desempenhar os dois papéis. Desenhou-se,
rapidamente, um cenário de perplexidade a respeito da informação e do destino
das bibliotecas. (MILANESI, 2002, p. 31-32).
22
Após a popularização do computador e do crescente aumento nos acessos à internet,
a informação ganhou outra proporção na sociedade e a Biblioteconomia passou a percebê-la
como razão para seus estudos.
Com todas as mudanças ocorridas no âmbito informacional, surge a necessidade de
tornar mais ágil a publicação destas informações a fim de também agilizar o acesso a elas.
Mais que isso, surgiu uma necessidade de interagir com as informações. Isso mesmo, o
usuário já não se satisfaz apenas recebendo passivamente as informações, ele busca
expressar sua opinião a respeito do que recebe e acessa. E é nesse contexto que nasce uma
outra proposta para a internet, baseada em conceitos interativos, dinâmicos e focada no
usuário.
2.1 A internet e o novo usuário
Com todas as mudanças e evoluções ocorridas ao longo do tempo, não cabe mais à
internet permanecer estática, pois os usuários sentem a necessidade de participar mais
ativamente do processo de produção e publicação de informações. É justamente em meio a
tais demandas por interação que surge um conceito de web mais interativa, a qual ficou
conhecida por web 2.0, definida por Maness (2007, p. 44) como “uma web não de
publicação textual, mas uma web de comunicação multi-sensitiva, uma matriz de diálogos e
não uma coleção de monólogos. Uma web centrada no usuário de maneira que ela não tem
estado distante de ser.”
Esta nova proposta para a internet veio atrelada de diversas ferramentas e recursos
que possibilitam o estabelecimento de comunicação e interatividade entre os usuários, entre
estes e os sistemas, e, ainda, entre os usuários e as informações.
Sobre a web 2.0, Silva e Blattmann (2007, p. 198) afirmam que “pode ser
considerada uma nova concepção, que passa agora a ser descentralizada, e na qual o sujeito
torna-se um ser ativo e participante sobre a criação, seleção e troca de conteúdo postado em
um determinado site por meio de plataformas abertas.”
Com vista nas inúmeras possibilidades de comunicação através da web 2.0, listamos
abaixo algumas das ferramentas e dos recursos provenientes dos conceitos dessa nova
proposta para internet, as quais são:
23
1 – Mensagens Síncronas;
2 – Blogs;
3 – Wikis;
4 – Streaming Media;
5 – Redes Sociais;
6 – Tagging
Para um melhor entendimento acerca de tais ferramentas, faremos uma breve
apresentação de cada uma delas, iniciando com as Mensagens Síncronas, ou Mensagens
Instantâneas, como também são comumente conhecidas, que são mensagens de texto
enviadas em tempo real, permitindo, assim, a comunicação entre indivíduos.
Em conversa com Maness (2007), é possível perceber que alguns consideram as
Mensagens Instantâneas como uma tecnologia de web 1.0, pois seu uso requer download do
software, quando a maioria dos sistemas 2.0 se baseia por completo em web. Porém, é
considerada 2.0 à medida que permite a presença do usuário no ambiente web, permite a
colaboração entre os usuários, empregando-lhe um caráter mais dinâmico. Além disso, os
softwares já estão agregando suas funcionalidades a serviços na web, onde permitem a co-
navegação, o compartilhamento de arquivos, a captura de telas e o compartilhamento e
mineração de dados.
Já os Blogs, em seu início, eram ferramentas utilizadas apenas como diários virtuais,
onde as pessoas contavam seus relatos, paixões e atividades rotineiras. Após a
disponibilização de softwares próprios para a publicação de blogs, como o Blogger e o
Groupsoup, estas ferramentas ganharam uma nova usabilidade, passando de diários pessoais
a fontes de informações sobre os mais diversos assuntos.
Todos os blogs por definição fazem ligação com outras fontes de informação, e
mais intensamente, com outros blogs. Muitos blogueiros mantêm um “blogroll”,
uma lista de blogs que eles freqüentemente lêem ou admiram, com links diretos
para o endereço desses blogs. Os blogrolls representam um excelente meio para
observar os interesses e preferências do blogueiro dentro da blogosfera; os
blogueiros tendem a utilizar seus blogrolls para ligar outros blogs que
compartilham os mesmos interesses. (BARROS, 2006, p. 16-17).
24
Atualmente os blogs ganharam uma dimensão significativa, sobretudo no âmbito da
comunicação, vários jornalistas mantêm blogs por ser uma possibilidade de estar mais
próximo de seus leitores. Não só jornalistas, mas profissionais das mais diversas áreas
mantêm blogs com o intuito de trocar informações e manter-se informados. Além disso, os
blogs permitem a interação com os leitores, nos espaços disponíveis para comentários.
As Wikis, por sua vez, são ferramentas que possibilitam que os usuários não só leiam
os conteúdos publicados, mas, que também participem da inserção de conteúdos em seu
ambiente ou na edição de conteúdos já publicados. Abdo (2009, p. 57) conta que “chama-se
“wiki”, palavra que no havaiano significa “rápido”, à simples e flexível ferramenta de
colaboração pela internet. Simples em conceito, mas complexa em sua tecnologia.”
Streaming Media é uma tecnologia de compreensão de dados que permite ao usuário
assistir a um vídeo ou ouvir um áudio sem que haja a necessidade de realizar download do
arquivo para o seu computador. Dessa forma, facilita o acesso à informação pelo fato de
permitir que o usuário utilize a informação mais rapidamente, visto que a transmissão se dá
por meio da própria web.
As Redes Sociais contemplam a mais promissora tecnologia web 2.0, pois, elas
englobam vários recursos web 2.0 em um único sistema. Elas podem ter como finalidade o
simples agrupamento de pessoas por afinidades pessoais ou profissionais, ou, ainda, para a
troca de recursos web, como arquivos de dados, fotos, vídeos, áudios ou sites favoritos.
Tagging, também conhecida como classificação colaborativa ou, ainda, por
folksonomia, do inglês folksonomy, é o uso de etiquetas ou palavras-chave para a
representação de conteúdos na web, sejam imagens, áudios, vídeos, ou páginas web.
Utilizada para organizar e facilitar a busca de páginas e recursos na internet, permitindo aos
usuários criarem termos que melhor dão um significado ao objeto que pretendem classificar,
em uma semântica mais clara e objetiva, em que cada usuário tagueia seu conteúdo usando
critérios de sua preferência, para em seguida, poderem utilizar as tags para indexar e
procurar o conteúdo classificado.
Tais ferramentas e recursos ganharam grande destaque em meio aos mais variados
públicos, indo desde pesquisadores e profissionais, passando por jovens e estudantes, até
chegar aos idosos e trabalhadores informais. Porém, nesse trabalho, optamos por centrar
nossa análise em uma única ferramenta dentre as supracitadas, a folksonomia.
25
3 CLASSIFICAÇÃO COLABORATIVA OU FOLKSONOMIA
Folksonomia, ou classificação colaborativa, é uma classificação mais flexível,
realizada de maneira colaborativa pelos próprios usuários dos sistemas, que utilizam tags
para organizar conteúdos disponíveis na internet.
Segundo a literatura, o termo folksonomia foi utilizado pela primeira vez em 2004,
pelo arquiteto de informação Thomas Vander Wal, em um fórum de discussão, para designar
o resultado do processo de identificação de recursos por usuários, através do uso de tags,
que são palavras-chave, rótulos ou etiquetas, utilizadas para caracterizar um assunto ou
categoria de um objeto, com o intuito de organizar e facilitar a busca de páginas e recursos
na internet, habilitando os usuários a criarem cabeçalhos de assunto que melhor dão um
significado ao objeto que pretendem classificar, em uma semântica mais clara e objetiva, em
que cada usuário tagueia – acrescenta uma ou mais tags – seu conteúdo usando os critérios
que julgarem mais adequados, após esse processo, as tags podem ser utilizadas na busca do
conteúdo classificado, além da possibilidade de compartilhamento através dos sistemas,
relacionando conteúdos, independente de onde eles estejam.
A palavra folksonomia é uma adaptação da palavra inglesa folksonomy, resultante da
junção dos termos folks – povo/pessoas – e taxonomy – taxonomia, estudo e classificação
sistemática. Em síntese pode ser traduzida como “classificação feita pelo povo” ou, ainda,
“classificação feita por pessoas”. Gouvêa e Loh (2007) apresentam alguns termos sinônimos
que também são utilizados ao se referir à folksonomia, tais como: “tagsonomia”, “tagging”,
“collaborative tagging”, “social tagging” ou “tag generation”.
De acordo com Silva e Blattmann (2007), folksonomia é uma analogia ao termo
taxonomia e tem como principal característica a criação de tags – palavras-chave ou
descritores – a partir dos conhecimentos prévios das pessoas que as utilizam, ou seja, a partir
do linguajar próprio de cada um. Em outras palavras, é uma forma relacional de categorizar
e classificar informações disponíveis na web, sejam textos, imagens, vídeos, músicas,
notícias, links, blogs, sites ou quaisquer outros conteúdos disponíveis na web.
A folksonomia se baseia no conceito de web 2.0, pois, como esta, é realizada de
maneira colaborativa, “funciona através da atribuição de tags (etiquetas), pelos próprios
usuários da web, a arquivos disponibilizados online. Assim, é o usuário que representa e
26
recupera informações através das tags que ele mesmo cria”. (AQUINO, 2008, p. 305).
A folksonomia é apresentada como uma classificação que objetiva facilitar a
recuperação da informação, isto pelo fato de ser realizada pelo próprio usuário, usuário este
que assume papel significativo na web atual. Tal afirmação se consolida com as palavras de
Silva e Blattmann (2007) quando colocam que:
A finalidade da folksonomia seria ordenar o caos existente na web. Embora a sua característica de liberdade para classificar aponte para a idéia de uma falta de
estrutura organizacional, o resultado para quem pesquisa é uma maior facilidade
para encontrar termos que as demais linguagens de indexação não conseguem
acompanhar em suas tabelas hierárquicas. (SILVA; BLATTMANN, 2007, p. 207).
A principal diferença técnica de uma folksonomia para uma taxonomia, apontada por
Gouvêa e Loh (2007), é o fato de que na folksonomia não há relação hierárquica entre as
classes, nesse caso representada pelas tags, além disso, não há exigência de exclusividade
entre as classes, pois, um único elemento pode pertencer a mais de uma classe.
A categorização da informação ocorre de forma espontânea, feita em cooperação por
um grupo de pessoas, diferente dos métodos tradicionais de classificação facetada. Ela surge
tipicamente em comunidades não-hierárquicas, sites de acesso público, por exemplo. Como
os próprios usuários são os organizadores da informação, isso produz resultados que
refletem mais precisamente o modelo conceitual de informação desta população.
(LACERDA; VALENTE, 2007, p. 4).
Folksonomia é o resultado da atribuição livre e pessoal de etiquetas às
informações dos recursos na Web, em um ambiente social, compartilhado e aberto a outros, pelos próprios usuários da informação, visando a sua recuperação.
Destacam-se portanto três fatores essenciais: o primeiro é o resultado de uma
indexação livre, feita pelo próprio usuário do recurso; o segundo objetiva a
recuperação posterior da informação e o terceiro é desenvolvida num ambiente
aberto que possibilita o compartilhamento e, até, em alguns casos, a sua
construção conjunta. (CATARINO; BAPTISTA, 2007).
Conforme Udell (2004 apud LACERDA; VALENTE, 2007, p. 6-7), a idéia de
abandonar a taxonomia tradicional, baseada em hierarquia, em favor de uma lista de
palavras-chave não é nova. A principal diferença é a retro-alimentação, que é imediata. Na
hora que você atribui uma tag a um item, você vê o grupo de itens que carregam a mesma
tag. Se não é o que você esperava, você é incentivado a mudar a tag ou incluir uma outra.
Para Lacerda e Valente (2007), o fascínio de certos usuários pelos sistemas que
27
utilizam folksonomias pode ser explicado pela capacidade inata que eles possuem de
recomendar links que não foram buscados, mas que se adéquam perfeitamente aos interesses
dos usuários. Tal ocorrência pode dar-se em meio à consulta de uma lista geral de links
catalogados com as mesmas tags usadas para as suas próprias informações, ao encontrar
usuários com interesses semelhantes e examinar a lista de bookmarks deles – o que
invariavelmente leva à descoberta de novos sites relevantes. Este é o ponto forte da
folksonomia. Potencializar o compartilhamento do conhecimento entre pessoas que falam a
“mesma língua”, são da mesma área técnica especializada ou, que, mesmo morando do outro
lado do mundo, tem as mesmas preferências.
Porém, nem só de pontos fortes vive a folksonomia, assim como em todas as idéias
emergentes e processos em andamento, a folksonomia também tem suas desvantagens.
Visando uma análise mais ampla acerca do uso das folksonomias, resolvemos apresentar
aqui algumas das vantagens e desvantagens apontadas por alguns autores.
3.1 Vantagens e Desvantagens do uso da Folksonomia
Com o intuito de entender melhor a classificação colaborativa, emergente dos
sistemas baseados na filosofia da web 2.0, e, a partir daí, levar o novo conceito juntamente
com sua usabilidade à sociedade, alguns autores tratam das vantagens e desvantagens da
aplicação dessa nova forma de classificar conteúdos.
No trabalho intitulado “Folksonomia: um novo conceito para a organização dos
recursos digitais na Web”, Maria Elisabete Catarino e Ana Alice Batista realizaram um
estudo sobre o uso da folksonomia e verificaram as vantagens e desvantagens que ela
possibilita.
As autoras apontaram as seguintes características como vantagens da adoção da
folksonomia para a classificação de conteúdos na Web:
1 – O cunho colaborativo e social.
2 – A possibilidade de formar, automaticamente, comunidades em torno de assuntos
de interesse.
28
3 – A liberdade de expressão, que possibilita abarcar todas as formas de ver um
mesmo conteúdo, respeitando as diferenças culturais, interpretativas, etc.
4 – O fato de todos os recursos etiquetados estarem disponíveis na Web e, portanto,
acessíveis de qualquer computador que esteja ligado à internet.
5 – A possibilidade de criar uma biblioteca de informação sobre artigos e/ou textos
acadêmicos, que também estarão acessíveis em qualquer lugar, não sendo necessário copiar
pastas de um computador para outro.
Como desvantagens da aplicação de folksonomias, as autoras apontaram as seguintes
características:
1 – A falta de um controle do vocabulário, que é resultado da característica de
liberdade na classificação dos conteúdos.
2 – Pouca precisão na recuperação da informação, causada pela liberdade de
atribuição de etiquetas, pois um mesmo termo pode ter significados diversos para os vários
usuários que atribuíram as etiquetas.
3 – Imprecisão nos termos utilizados.
4 – Polissemia e sinonímia.
Analisando as vantagens e desvantagens apontadas pelas autoras aqui citadas e com
base nas leituras acerca das características da folksonomia, é possível perceber que a
principal vantagem apontada é acerca do cunho colaborativo que as folksonomias possuem,
“ou seja, há uma forma de organizar os conteúdos dos recursos digitais da Web pelos seus
próprios usuários que compartilham com outros as suas etiquetas, que podem ficar
disponíveis para serem ou não adotadas na classificação de um mesmo recurso por outros
usuários”. (CATARINO E BATISTA, 2007). Já a principal desvantagem apontada está
relacionada à falta de controle de vocabulários resultante da liberdade de indexação dos
conteúdos de acordo com as necessidades e com o entendimento que os próprios usuários
possuem acerca dos conteúdos classificados.
Visando uma melhoria nos sistemas e na recuperação de informações, uma solução
29
para os problemas entorno da falta de controle dos vocabulários seria se trabalhar
conjuntamente o cunho colaborativo com uma maior precisão nos termo utilizados.
Em um curto espaço de tempo surgiram na internet vários sistemas onde a
participação do usuário é bem maior do que simplesmente a produção do conteúdo. Nestes
casos, o usuário também participa efetivamente na classificação das informações, tendo o
poder de influir no que é apresentado como o mais importante, tanto para ele como para
outros usuários com interesses em comum. A disseminação dessa forma colaborativa de
classificação de informações é tal que alguns autores já sugerem numa nova revolução
dentro da própria revolução que a internet representa. (LACERDA; VALENTE, 2007, p. 2).
Os sistemas baseados em folksonomias devem ter como base o uso de tags, porém,
como apontam Lacerda e Valente (2007), suas bases não podem restringir-se a elas. Além
das tags os sistemas devem conter outros dois elementos essenciais, a saber:
1 – O objeto que recebe as tags, os quais podem ser um site, uma página específica,
um arquivo de texto, uma imagem, um vídeo, uma música, uma notícia ou qualquer outra
coisa de possível acesso via internet ou que apresentem alguma representatividade na rede.
2 – Os usuários, que representam os agentes do sistema à medida que são os
responsáveis pela atribuição das tags.
As folksonomias podem ser encontradas em diversos tipos de sites web que
permitem o armazenamento de recursos por parte de seus usuários, tais como o
armazenamento de imagem, de vídeo, documentos, músicas e links (URLs) e são também
chamados de “tagging systems”. (AVILA, 2008, p. 29).
Muitos sites já fazem uso da folksonomia para a classificação e organização seus
conteúdos, a seguir serão apresentados alguns destes sites, a fim de exemplificar a utilização
da classificação colaborativa.
3.2 Folksonomia na Prática
O efeito colaborativo, resultante da classificação feita por milhões de usuários, é um
30
dos pontos centrais de vários sistemas, perpassando pelos mais variados tipos de recursos
armazenados e compartilhados, indo desde os mais simples arquivos de texto aos mais
sofisticados recursos multimídias.
O quadro abaixo apresenta alguns dos sistemas que já adotaram a folksonomia na
classificação de seus recursos.
SITE TIPO DE RECURSO ENDEREÇO
Amazon Loja virtual http://www.amazon.com/
BibSonomy Informações bibliográficas http://www.bibsonomy.org/
CiteULike Links acadêmicos http://www.citeulike.org/
Connotea Informações bibliográficas http://www.connotea.org/
Delicious Links favoritos http://delicious.com/
Digg Notícias http://digg.com/
Diigo Links http://www.diigo.com/
Flickr Fotos http://www.flickr.com/
Last.Fm Músicas http://www.lastfm.com.br/
LiveJournal Weblog http://www.livejournal.com/
SlideShare Arquivos em formato ppt http://www.slideshare.net/
Technorati Weblog http://technorati.com/
Twitter Microblogging http://twitter.com/
Wikipedia Enciclopédia livre http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1gina
_principal
YouTube Vídeos http://www.youtube.com/ Quadro 1: Sistemas que utilizam a folksonomia.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Thomas Vander Wal (2005), arquiteto da informação que utilizou o termo
folksonomia pela primeira vez, utiliza dois conceitos para especificar a aplicação de
folksonomias nos sistemas, a saber o conceito de Folksonomia Ampla e de Folksonomia
Estreita. Onde Folksonomia Ampla se dá quando há possibilidade de visualizar em cada
objeto o número de vezes em que cada tag foi utilizada para descrevê-lo. Um exemplo bem
conhecido de um sistema que utiliza tal conceito é o Del.icio.us, ferramenta de bookmark
social. Já a Folksonomia Estreita ocorre quando o sistema desconsidera a quantidade de
vezes que a tag foi utilizada para descrever o objeto. Um sistema bem conhecido que pode
ser citado como exemplo é o Flickr.
Dos sistemas apresentados no quadro anterior, dois merecem destaque por terem sido
os pioneiros na adoção da folksonomia. São eles: o Del.icio.us e o Flickr, os quais serão
descritos a seguir:
31
3.2.1 Del.icio.us
Del.icio.us é um bookmark social, ou seja, é um serviço on-line que permite ao
usuário pesquisar e armazenar seus endereços favoritos, analogamente à barra de favoritos
do Desktop, mas seu grande diferencial é a possibilidade de acesso em qualquer computador
conectado à internet. É mais que um mecanismo de busca, é uma ferramenta para arquivar e
catalogar sites preferidos, facilitando o acesso posterior. “É um sistema de tagging
colaborativo para organizar páginas web o qual seu criador, Joshua Schachter, chama de
Social Bookmarks Manager”. (NASCIMENTO, 2008, p. 53).
Figura 1 – Pagina inicial do Delicious - http://delicious.com/
Este serviço, desenvolvido por Joshua Schachter, foi ao ar no final de 2003, a
organização dos endereços no Delicious é feita por meio de etiquetas, ou tags, atribuídas
pelo próprio usuário. Este recurso permite que outros usuários conheçam os endereços
favoritos organizados e armazenados, além de possibilitar que tais usuários façam buscas
através das tags.
O uso das tags permite o compartilhamento de bookmarks entre diferentes usuários,
formação de comunidades de acordo com as preferências dos usuários e facilita a posterior
recuperação das informações armazenadas, por este motivo é considerada uma ferramenta
social.
32
Para realizar buscas no Delicious, o usuário deve acessar o endereço
http://delicious.com/, onde terá acesso aos bookmarks de outros usuários a partir das tags
utilizadas para descrever os conteúdos. Já para utilizar o sistema, ou seja, inserir seus
próprios bookmarks, é necessário que o usuário crie uma conta, no mesmo endereço, de
forma gratuita e, dessa forma, poder compartilhar seus conteúdos.
Após a criação da conta de usuário, é possível inserir links e atribuir tags
representativas aos conteúdos. Na figura 2, a seguir, é possível visualizar uma lista de
bookmarks adicionados por um usuário. Além disso, é possível ter acesso, ainda, a todas as
tags utilizadas pelo usuário em seus bookmarks. Através das tags os usuários podem
conhecer outras pessoas com os mesmos interesses, criando, assim, comunidades e
interagindo entre si.
Figura 2 – Pagina de bookmarks do Delicious
3.2.2 Flickr
O Flickr é um site para armazenamento e compartilhamento de fotos e, recentemente,
agregou ao sistema a possibilidade de inserção de vídeos, que também utiliza a folksonomia
para classificação de seus recursos. Nele, os usuários, ao inserir uma foto ou um vídeo,
atribuem quantas e quais tags julgarem necessário para uma melhor recuperação da imagem.
Este recurso permite que as tags sejam atribuídas por qualquer usuário do serviço.
33
Assim como no Delicious, a busca no Flickr posse ser realizada mesmo que o
usuário não possua uma conta, basta que este acesse o endereço http://www.flickr.com/,
insira uma tag na caixa de busca e, então, terá acesso às fotos e aos vídeos indexados com
tais tags.
Figura 3: Tela inicial do Flickr - http://www.flickr.com/
Da mesma forma, para inserir suas próprias fotos e seus próprios vídeos é necessário
que o usuário crie uma conta, no mesmo endereço, de forma gratuita e, dessa forma, poder
compartilhar seus conteúdos.
Figura 4: Tela Descrição de conteúdos do Flickr
34
Os exemplos aqui apresentados são apenas algumas das inúmeras ferramentas que
utilizam as folksonomias para a organização de seus recursos. São várias as aplicações que
se podem fazer com o uso de folksonomias, segundo Catarino e Baptista (2007), o uso de
folksonomia teve início como um método para organização de recursos digitais na Web, mas
hoje já foram desenvolvidos projetos para etiquetagem de vários outros tipos de coleções,
inclusive de museus.
Dentre as diversas ferramentas que utilizam a folksonomia aqui apresentadas, uma
delas foi escolhida para uma análise mais minuciosa, o BibSonomy. A escolha se deu pelo
fato da ferramenta se relacionar diretamente com a Biblioteconomia, visto que se trata de
uma ferramenta para gerenciamento de recursos bibliográficos. Durante a análise da
ferramenta, serão levadas em consideração as possíveis vantagens do uso da folksonomia
para tal finalidade, gerenciamento de recursos, dando destaque à sua influência no processo
de Recuperação da Informação.
35
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
4.1 Campo de Estudo
A pesquisa foi realizada com a ferramenta BibSonomy, sistema desenvolvido e
mantido por estudantes e cientistas do Knowledge & Data Engineering Group of the
University of Kassel, dentre os quais podem ser citados, Andreas Hotho, Robert Jäschke,
Christoph Schmitz e Gerd Stumme.
O sistema escolhido para a pesquisa, assim como o Del.icio.us, sistema apresentado
anteriormente, também trata-se de um bookmark social, ou seja, é um serviço para
publicação e compartilhamento de URLs (Uniform Resource Locator – Localizador Padrão
de Recursos), que são endereços de recursos disponíveis na internet.
BibSonomy is a system for sharing bookmarks and lists of literature. When
discovering abookmark or a publication on the web, you can store it on our server.
You can add tags to your post to retrieve it more easily. This is very similar to the
bookmarks/favorites that you store within your browser. The advantage of
BibSonomy is that you can access your data from whereever you are. Furthermore,
you can discover more bookmarks and publications from your friends and other
people. (BIBSONOMY, 2010).
Segundo os próprios desenvolvedores do sistema, já citados anteriormente, o
BibSonomy “allows a user to share bookmarks (i.e., URLs) as well as publication
references.” Em outras palavras, é um sistema de compartilhamento de links, nesse caso
chamados de bookmarks, e listas de publicações bibliográficas.
Por ser um sistema destinado à publicação e ao compartilhamento de recursos
bibliográficos, o BibSonomy é “voltado principalmente a pesquisadores que desejam
compartilhar bookmarks e bibliografias”. (AVILA, 2008, p. 30).
O BibSonomy é um sistema que, como os demais serviços de bookmarks sociais,
oferece aos usuários a capacidade de eles próprios armazenarem e organizarem seus
conteúdos favoritos, além de atribuir tags para descrição dos conteúdos, apoiando e
colaborando para a formação de comunidades, permitindo que, mesmo através da rede, haja
uma troca social de material bibliográfico, é uma maneira mais amigável de aproximar os
usuários da literatura, nesse caso, em especial na literatura científica.
36
Os conteúdos publicados no BibSonomy podem ser armazenados na entrada
bookmarks ou na entrada publications, onde, a entrada bookmarks destina-se a links
enquanto que a entrada publications destina-se a publicações.
No caso de publicações, ou seja, dos itens postados na entrada publications, os
conteúdos são armazenados no formato BibTeX, que é um formato de arquivo utilizado para
descrever o processo e as listas de referências. (BIBTEX. [Tradução livre do autor], 2010).
O sistema aceita ainda exportações em outros formatos, como o HTML (HyperText Markup
Language – Linguagem de Marcação de Hipertexto) ou o EndNote (Software comercial para
gerenciamento de referências).
Figura 5: Página inicial do BibSonomy - http://bibsonomy.org/
A busca por bookmarks e/ou publicações no BibSonomy pode ser realizada de várias
maneiras, a saber:
1 – Busca por todos os campos. Pode ser feita de forma direta e completa, através da
inserção de tags, nome de usuários, nome de autores, grupos de interesses, conceitos ou
ainda pelo BibTeX referente ao conteúdo procurado; a serem inseridos na caixa de busca
disponível na página inicial, utilizando a marcação “search:all.”
O Círculo B da Figura 6 demarca a área referente à caixa de busca do sistema, onde
37
devem ser inseridos os termos para a realização das buscas no BibSonomy.
2 – Busca por campos específicos. Também realizada através da inserção de tags,
nome de usuários, nome de autores, grupos de interesses, conceitos ou ainda pelo BibTeX na
caixa de busca disponível na página inicial, porém, deve ser especificada na caixa de
campos a serem buscados o campo de preferência pela busca. Por exemplo, em uma busca
por tags, deve-se utilizar a marcação “tag” na caixa de campos. Já na busca por autor, deve-
se utilizar a marcação “author”. Da mesma forma, com os demais campos, os quais são:
“user”, para busca por usuários, “group”, para busca por grupos de interesse, “concept”,
para busca por conceitos, e “BibTeX key”, para busca pelo formato utilizado para descrição
das referências. (Figura 6 – Círculo A).
Figura 6: Caixas de busca disponíveis no BibSonomy - http://bibsonomy.org/
3 – Busca por tags sugeridas pelo sistema. O sistema apresenta em sua página inicial
uma relação com as tags mais buscadas, a qual pode ser conferida na Figura 6, na área
demarcada com a cor verde. O usuário que demonstrar interesse pelas tags sugeridas e assim
desejar realizar sua busca, basta clicar na tag de seu interesse que as referências descritas
com tal tag serão buscadas. Ao inserir um termo para busca, a relação sugerida pelo sistema
é de tags relacionadas com a utilizada na busca. A relação entre as tags se dá a partir das
38
atribuições feitas pelos usuários no momento da publicação de conteúdos.
4 – Busca filtrada. O usuário pode ainda realizar as buscas através de um filtro,
também disponível na página inicial do sistema, onde o usuário pode delimitar, dentre as
tags sugeridas pelo sistema, as que melhor se adéquam a sua busca. (Figura 6 – Círculo C).
5 – Busca apenas de bookmarks ou apenas de publicações. Caso seja de interesse do
usuário buscar apenas links ou sites sobre determinado assunto, basta que este clique no
nome “bookmark”, assim, só serão recuperados itens classificados em tal categoria. Da
mesma forma, se for de interesse do usuário buscar apenas por publicações, este deve clicar
no nome “publications”, dessa forma, só serão apresentados resultados classificados na
categoria selecionada. (Figura 7).
Agora, caso seja de interesse do usuário, buscar por ambas as entradas, tanto por
bookmarks como por publicações, basta realizar a busca, dentre as maneiras de busca
apresentadas anteriormente, que melhor se adéque às suas necessidades, sem demarcar
nenhuma das entradas, apenas inserindo os termos que julgar relevantes.
Figura 7: Entradas disponíveis no BibSonomy - http://bibsonomy.org/
No BibSonomy, os termos atribuídos para descrição dos conteúdos armazenados são
escolhidos livremente pelos próprios usuários que inserem os conteúdos, assim, o sistema
39
escolhido para a realização da pesquisa também faz uso da folksonomia para a classificação
de seus recursos.
Tendo em vista que o sistema aqui apresentado se destina à comunidade científica,
pelo fato de ser um sistema para gerenciamento de referências bibliográficas, é a partir daí
que se formam os grupos com interesses comuns, grupos de pesquisa, comunidades
científicas e usuários individuais que buscam organizar suas necessidades informacionais.
4.2 Metodologia
Toda pesquisa necessita de uma metodologia para a sua realização, nesse caso não
foi diferente. Na ocasião, foi realizada uma pesquisa netnográfica, a qual, segundo Kozinets
(2002, apud NASCIMENTO, 2008, p. 49) trata-se de uma descrição escrita resultante do
trabalho de campo que estuda as culturas e comunidades online emergentes, mediadas por
computador, ou comunicações baseadas na internet.
A escolha pela netnografia se deu pelo fato da proximidade com a pesquisa, já que
toda a fase empírica da mesma foi realizada no ambiente virtual, por meio da ferramenta
BibSonomy e trata justamente de uma forma de comunicação própria da internet, utilizada
para a classificação de recursos disponíveis online, que é a folksonomia.
A pesquisa aqui exposta tem como foco a apresentação do efeito da aplicação da
folksonomia para a recuperação da informação, para tanto foram realizadas várias buscas na
ferramenta BibSonomy, utilizando o termo “biblioteconomia”. A partir do conteúdo
recuperado com a utilização do termo “biblioteconomia”, pôde-se constituir os dados
necessários para a realização da análise.
4.3 Instrumentos da Pesquisa
A coleta de dados para a realização da pesquisa se deu por meio da realização de
buscas na ferramenta BibSonomy, utilizando o termo “biblioteconomia”. As buscas foram
realizadas em todos os campos disponíveis no sistema, a saber: “search:all”, “tag”, “user”,
“group”, “author”, “concept” e “BibTex key”. Os campos equivalem, respectivamente, à
40
busca em todos os campos, busca por tag, busca por usuários do sistema, busca por grupos
de interesse, busca por autor, busca por conceito e busca pelo formato BibTex.
Todas as buscas foram realizadas em ambas as entradas, bookmarks e publications.
Com exceção apenas da busca pelo campo “BibTex key”, por ser um formato de arquivo de
aplicação apenas para a entrada destinada a publicações, portanto, só consta a entrada
publications.
Após a realização das buscas na ferramenta, realizou-se uma análise quanti-
qualitativa dos dados coletados, ou seja, uma análise quantitativa e qualitativa, pois os dados
foram analisados tanto em âmbito estatístico quanto em âmbito interpretativo.
Sobre a análise em questão, Barros e Lehfeld (1990, p. 88-89) afirmam que “análise
qualitativa são os estudos nos quais os dados são apresentados de forma verbal ou oral ou
em forma de discurso” e que análise quantitativa “possuem um arsenal de procedimentos
quantitativos e estatísticos já legitimados quanto à sua precisão e validade cientifica”.
Com base nos dados coletados e nas definições aqui apresentadas, foi realizada uma
análise e interpretação dos dados coletados, a qual se encontra disposta a seguir.
41
5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
Para o desenvolvimento da presente pesquisa foram realizadas várias buscas na
ferramenta BibSonomy, todas utilizando o termo “biblioteconomia”. O sistema em questão
não faz distinção de termos escritos com letras maiúsculas ou minúsculas, por este motivo,
tendo em vista que as buscas realizadas a partir do termo “Biblioteconomia” apresentaram
os mesmos resultados obtidos quando utilizado o termo “biblioteconomia”, a distinção dos
termos não interfere na análise dos resultados aqui apresentados. Todos os itens recuperados,
em ambas as entradas – bookmarks e publications – são dispostos com base na data de
postagem, do mais recente para o mais antigo, ou seja, os conteúdos postados mais
recentemente ficam no topo da lista enquanto que as postagens mais antigas aparecem no
final da lista de itens recuperados.
As buscas utilizando o termo “biblioteconomia” foram realizadas nos sete campos de
busca disponíveis na ferramenta: “search:all”, “tag”, “user”, “group”, “author”,
“concept” e “BibTeX key”. Nas buscas realizadas, foram consideradas ambas as entradas
bookmarks e publications.
A primeira busca foi realizada no campo “search:all”, a qual ocorreu através da
inserção do termo “biblioteconomia”. O resultado obtido foi: 29 bookmarks recuperados e 9
publicações recuperadas, além de uma nuvem de tags contendo 50 termos. (Figura 8).
Figura 8: Resultados obtidos utilizando o termo biblioteconomia no campo de busca search:all
42
Dentre os bookmarks recuperados no campo “search:all”, encontram-se 2 sites
pessoais relacionados à área de Biblioteconomia, os quais são mantidos por bibliotecários
e/ou professores universitários da área em questão; 1 site de uma universidade internacional
com graduação e pós-graduação na área; 2 sites com conceitos e definições da área; 2 sites
de conselhos e entidades de classe da área; 5 portais com informações e links diversos
relacionados à área; 9 sites de periódicos científicos relacionados à área; 2 artigos; 1 blog; 1
software de gestão de tesauros disponível online; 1 site para um tesauro criado para a área; 1
monografia, e 2 sites com links para publicações. (Quadro 2).
Bookmarks recuperados no campo search:all
Tipo de Recurso Quantidade
Site Pessoal 2
Portal 5
Site de Universidade 1
Conceito 2
Entidade de Classe 2
Tesauro 1
Artigo 2
Periódico 9
Software 1
Monografia 1
Blog 1
Publicação 2
TOTAL 29 Quadro 2: Bookmarks recuperados no campo search:all
Fonte: Elaborado pelo autor.
Na entrada de publicações, os resultados obtidos equivalem a 1 livro, 3 teses e 5
artigos. (Quadro 3). Vale ressaltar que das publicações recuperadas, com exceção apenas do
livro, todas são publicações internacionais.
Publicações recuperadas no campo search:all
Tipo de Recurso Quantidade
Livro 1
Tese 3
Artigo 5
TOTAL 9 Quadro 3: Publicações recuperadas no campo search:all
Fonte: Elaborado pelo autor.
43
Já no campo de busca “tag”, ao inserirmos o termo “biblioteconomia”, o resultado
obtido foi: 21 bookmarks recuperados e apenas 1 publicação recuperada. Nesse caso, a
nuvem de tags sugeridas pelo sistema recuperou 20 tags relacionadas e 10 tags similares.
(Figura 9).
Figura 9: Resultados obtidos utilizando o termo biblioteconomia no campo de busca tag
Na entrada de bookmarks, dos 29 recuperados no campo de busca search:all, apenas
21 foram recuperados no campo “tag”. Os 8 não recuperados equivalem a um site pessoal,
um site de uma universidade internacional, um periódico internacional, quatro periódicos
nacionais e um software. (Quadro 4).
Bookmarks recuperados no campo tag
Tipo de Recurso Quantidade
Site Pessoal 1
Portal 2
Conceito 2
Entidade de Classe 2
Tesauro 1
Artigo 2
Periódico 6
Software 1
Monografia 1
Blog 1
44
Publicação 2
TOTAL 21 Quadro 4: Bookmarks recuperados no campo tag
Fonte: Elaborado pelo autor.
Das publicações recuperadas no campo “search:all”, apenas o livro foi recuperado
no campo “tag”, as demais publicações, as teses e os artigos internacionais, não foram
recuperadas.
Na busca pelo campo “user”, não foram recuperados nem bookmarks nem
publicações, o que podemos interpretar como a não existência de usuários utilizando o termo
“biblioteconomia” para a designação nominal. Como não foi recuperado nenhum item, o
sistema não sugeriu nenhuma tag relacionada ou similar ao termo utilizado na busca. (Figura
10).
Figura 10: Resultados obtidos utilizando o termo biblioteconomia no campo de busca use
A busca realizada no campo “group”, assim como a realizada no campo “user”, não
obteve nenhum resultado, o que nos leva a perceber que não existe nenhum grupo
denominado pelo termo em questão. (Figura 11). A nuvem de tags sugeridas pelo sistema
não apresentou nenhuma tag, nem relacionada nem similar.
Figura 11: Resultados obtidos utilizando o termo biblioteconomia no campo de busca group
45
Da mesma forma que ocorreu nos campos “user” e “group”, a busca realizada no
campo “author” também não apresentou nenhum resultado (Figura 12). Consequentemente,
não foi sugerida pelo sistema nenhuma tag relacionada ou similar.
Figura 12: Resultados obtidos utilizando o termo biblioteconomia no campo de busca author
Já no campo de busca “concept”, foram recuperados 20 bookmarks e 1 publicação.
Dentre os bookmarks recuperados, encontram-se os mesmos recuperados na busca por tag,
com exceção apenas de um site de uma professora universitária. Sobre a publicação, a única
recuperada equivale ao livro já mencionado nas outras duas buscas. Mesmo com os
resultados obtidos, o sistema não apresentou nenhuma tag relacionada ou similar. (Figura
13).
Figura 13: Resultados obtidos utilizando o termo biblioteconomia no campo de busca concept
O campo “BibTeX key”, assim como os campos “user”, “group” e “author”, não
apresentou nenhum resultado. Como BibTeX é um formato de arquivo utilizado para
46
descrever o processo e as listas de referências, só se aplica à entrada de publicações. (Figura
14).
Figura 14: Resultados obtidos utilizando o termo biblioteconomia no campo de busca concept
O quadro abaixo traz uma comparação dos resultados obtidos nas buscas realizadas
nos campos “search:all”, “tag” e “concept”, visto que os demais campos de busca não
apresentaram nenhum resultado para o termo “biblioteconomia”, termo utilizado na
pesquisa.
Campo de Busca Quantidade de Bookmarks Quantidade de Publicações
Search:all 29 9
Tag 21 1
Concept 20 1 Quadro 5: Quadro comparativo dos resultados obtidos nos campos search:all, tag e concept
Fonte: Elaborado pelo autor.
Durante as leituras realizadas, conforme apresentado anteriormente, a maior
desvantagem do uso da folksonomia apontada pela literatura é a falta de controle do
vocabulário criado pelos usuários.
A partir da pesquisa aqui apresentada, foi possível constatar o descontrole do
vocabulário livre a partir do termo utilizado para a realização das buscas, pois, não há uma
padronização do termo em questão. Para designar o mesmo conteúdo, os usuários utilizaram
o termo “biblioteconomia” – com a letra inicial minúscula, “Biblioteconomia” – com a letra
inicial maiúscula, e, ainda, o termo “library”, que em português significa biblioteca e não
biblioteconomia.
No caso da ferramenta utilizada para a pesquisa, BibSonomy, o descontrole no
vocabulário criado pelo usuário não implica na perda de informação, pois, o sistema
recupera todos os conteúdos postados com a tag utilizada na busca e com as tags
47
relacionadas e similares à utilizada na busca. Porém, ocorre o fenômeno oposto à perda,
conhecido por revocação, que trata do excesso de informação, o sistema acaba recuperando
mais informação que o necessário, e, como consequência, acaba por demandar mais tempo
do usuário para encontrar dentre os conteúdos recuperados aquele que condiz com suas
necessidades.
Além do descontrole no vocabulário, foi possível perceber outro grande problema
relacionado à falta de categorização dos conteúdos. A ferramenta utilizada na pesquisa
possui duas entradas, uma para links e sites, denominada bookmarks, e outra para
publicações, denominada publications, como já apresentadas. Porém, a partir da análise
realizada com os conteúdos recuperados nas buscas, a partir do termo “biblioteconomia”, é
claramente perceptível a existência de publicações – como artigos e trabalhos acadêmicos –
postadas na entrada destinada a links e sites.
O armazenamento errôneo de conteúdos dificulta e até impede a recuperação das
informações neles contidos, pois, ao limitar a busca apenas aos conteúdos postados na
entrada destinada a publicações, as demais publicações, postadas na entrada denominada
bookmarks não serão recuperadas.
Dessa forma, o BibSonomy apresenta-se como uma ferramenta para gerenciamento
de conteúdos bibliográficos, que faz uso da folksonomia para a representação e recuperação
de seus conteúdos, permitindo o armazenamento e o intercâmbio de informações e de
conteúdos entre os usuários do sistema. No entanto, o caráter livre e colaborativo do sistema
apresentou algumas dificuldades no processo de recuperação das informações armazenadas
na ferramenta em questão, mostrando a clara necessidade de melhorias na aplicação da
folksonomia para a representação dos conteúdos, visto que, não basta ter e disponibilizar as
informações, é necessário, sobretudo, recuperá-las para, assim, poder acessá-las.
48
6 CONCLUSÃO
A discussão sobre o uso da folksonomia para organização de conteúdos traz consigo
algumas questões, as quais se focam na forma de representação de conteúdos e, em especial,
na recuperação dos mesmos.
Tais questões são relevantes para a esfera bibliotecária, pois permitem que tarefas
relacionadas ao tratamento de informações, antes realizadas por profissionais da referida
área, sejam realizadas por usuários comuns, sem uma formação própria para tal atividade.
A realidade da sociedade contemporânea apresenta uma crescente dinamicidade,
fruto de demandas emergentes das novas formas de produção de informações e das novas
ferramentas comunicacionais, o que faz com que os usuários se integrem cada vez mais aos
processos de produção de conteúdos, passando de meros receptores/leitores a
produtores/editores/autores.
A inserção do usuário no processo de produção de conteúdos se deu pela abertura
dos sistemas, que a cada dia permitem mais recursos para publicação, edição, classificação,
organização e gerenciamento de conteúdos, resultantes das idéias filosóficas colaborativas
que privam pelo uso da inteligência coletiva, ou seja, acreditam que a produção de
conteúdos em conjunto pode ser realizada de maneira mais eficaz, facilitando os processos
de recuperação dos mesmos.
Por conta disso, a folksonomia tem se mostrado bem presente nos estudos atuais
envolvendo temáticas sobre representação, organização e classificação de informações e
conteúdos disponíveis em meio eletrônico. A folksonomia passou a ser utilizada em vários
sistemas e diariamente usuários realizam a classificação livre, mesmo sem se dar conta.
A liberdade no processo de representação de conteúdos em meio eletrônico e em
ambientes virtuais acaba por gerar um descontrole no vocabulário criado pelos usuários, o
que, por vezes, interfere no processo de recuperação das informações desejadas.
A pesquisa aqui apresentada tomou como base a ferramenta BibSonomy para
analisar o efeito do uso da folksonomia no processo de recuperação de informação,
verificando se a classificação livre, realizada pelo usuário, facilita ou não tal processo.
Como podemos perceber através das análises realizadas na ferramenta BibSonomy, a
folksonomia facilita a classificação dos conteúdos, pois, o próprio usuário insere as tags que
49
julgar necessário para representar o conteúdo publicado. Porém, quanto à recuperação, o que
se percebe é que, por conta do descontrole proveniente da criação de tags, alguns conteúdos
não são recuperados no momento da busca. Além disso, a não existência de categorias,
característica dos sistemas que adotam a folksonomia, faz com que conteúdos distintos
sejam postos em um mesmo nível de atribuição, como apresentado na pesquisa, o fato de
publicações serem postadas na entrada destinada a links.
A folksonomia não surgiu para solucionar os problemas com recuperação de
informações, tampouco os referentes à representação de conteúdos. Sua proposta é permitir
aos usuários uma maior liberdade no tratamento de seus documentos, a partir da atribuição
de tags.
Com vista no exposto, espera-se que a pesquisa realizada possa contribuir para
estudos e trabalhos futuros envolvendo folksonomias e ferramentas de classificação
colaborativa, pois, a folksonomia é um campo em constante desenvolvimento e está
diretamente relacionada aos processos de representação e recuperação de informação, por
conta disso, deve ser pesquisada e inserida nas discussões das áreas de Biblioteconomia e
Ciência da Informação, bem como nas demais áreas afins.
Assim sendo, conclui-se que os sistemas que adotaram a folksonomia para a
representação de seus conteúdos, bem como recurso para busca de informações, ainda
possuem algumas limitações, o que nos leva a crer que muito ainda tem de ser pesquisado
sobre o uso da folksonomia na representação e na recuperação de conteúdos disponíveis
online.
Dessa forma, como proposta para trabalhos futuros, pretende-se avaliar mais
minuciosamente ferramentas para gerenciamento de conteúdos online, buscando contato
direto com usuários das ferramentas a serem analisadas, com o intuito de compreender o
processo de representação de conteúdos por eles utilizados.
50
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