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FICHAMENTO DO LIVRO "A CIVILIZAÇÃO DO RENASCIMENTO"
Referencia bibliográfica: DELUMEAU, Jean. Um Novo Homem (Terceira Parte).
IN: A Civilização do Renascimento. Trad. Pedro Elói Duarte. Lisboa: Edições
70, 2004. [p. 287-429]
O autor propõe uma visão sobre os homens do Renascimento, dizendo que
eles começavam a se despertar sobre as miragens da Idade Medieval q que
isso se dá por conta, sobretudo após a tomada de granada em 1492.
No Renascimento o homem começa a ter sua liberdade, já que é quando
ocorrem as primeiras grandes navegações. Descobrem a América e o mundo
imaginário dos europeus dá lugar ao Novo Mundo em que se encontravam
riquezas e terras para serem exploradas. Com a leitura ao capitulo por
percebe-se que o autor ainda continua falando dessa libertação do homem e
nos fala sobre a reforma protestante que houve no século XVI, com o Martinho
Lutero dando assim um olhar de Moderno sobre o seu tempo.
DELUMEAU nos diz que homens e mulheres do Renascimento tinham fome de
romanesca, que na Idade Média isso era um sonho, mais que somente no
Renascimento que se aflora. O Renascimento foi uma busca do homem
moderno a sua antiguidade e que isso era muito bem apresentado com os
quadros, representando um paraíso mitológico e ninfas. No Renascimento
buscava-se uma aproximação do mundo terrestre juntamente com a natureza
acolhedora e harmoniosa, DELUMEAU nos fala também sobre a representação
religiosa dos quadros e afirma que a imagem do Demônio, Satanás e a Morte
eram feitas de formas horrendas para poder atingir o imaginário simples e fazer
com que os cristãos indolentes tremessem de medo.
O autor nos conta sobre as utopias do Renascimento, que era o imaginário de
um mundo perfeito numa época em que pouco podia sonhar. Ele dá exemplos
de alguns escritores que escreviam essas utopias como Thomas More (Utopia),
Kaspar Stiblin (Breve Descrição do Estado Eudemonia, Cidade do País
Maçaria), Campanella (A Cidade do Sol) e até mesmo Francis Bacon (A Nova
Atlântida) já que seu pensamento constitui-se entre o pensamento antigo
(Platão) e o pensamento moderno. Mas o autor rebate esses pensadores
dizendo que os utopistas do século XVI e século XVII estavam atrasados a sua
época, pois o individualismo crescia muito no Renascimento, enquanto eles
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pregavam a coletividade; o capitalismo se desenvolvia, e eles rejeitavam a
propriedade privada e a moeda.
O autor deixa claro que toda essa busca da antiguidade e toda essa explosão
cultural do Renascimento se deram somente para os ricos já que os pobres
continuavam morrendo de fome, pois o Renascimento se da muito por causa
do setor privilegiado já que eles bancavam os artistas da época e divulgavam o
humanismo.
DELUMEAU cita alguns artistas e letrados que foram bancados pelas
burguesias, como Leonardo da Vinci, Miguel Ângelo, Ronsard, Shakespeare.
Leonardo da Vinci foi o primeiro artista que na Europa do tempo Renascentista
teve um prestigio enorme; Rafael foi uma espécie de herói e/ou semideus, teve
uma vida de príncipe e morreu numa sexta-feira Santa do ano de 1520, até o
Papa Leão X chorou; Miguel Ângelo foi o primeiro que teve uma biografia em
vida, teve uma espécie de culto antes de morrer e foi o que teve honras de
funerais especiais.
Como já foi dito o poder da burguesia crescia muito, principalmente na Itália do
Quattrocento, já que muitos príncipes não tinham descendência real como
Francesco Sforza, Afonso e Ferrante de Aragão, Segismondo Malatesta, etc.
Como pode se vê o Renascimento italiano colocou em questão à legitimidade
de chefes do estado e a nobreza hereditária.
O autor fala sobre a literatura do Renascimento e evidencia que a inspiração
vinha dos amantes cuja paixão não era correspondida e onde se consolavam
em plena solidão já que essa era uma tendência na sociedade culta da época.
Outro tema da literatura do Renascimento é a Morte, a idéia de que a vida não
valia a pena ser vivida era muito expressando pelos autores Renascentistas,
por conseqüência disso surgiu o medo e o desejo da morte.
DELUMEAU propõe ainda às questões da astrologia, ressaltando que como o
Renascimento era uma busca a antiguidade, essa procura dos deuses pagãos
em que tendiam virtudes mágicas dos planetas vai se criando a aproximação
do homem com os cosmos. E com essa aproximação faz o homem perceber
que ele pode ter dominação dos astros, ou seja, um homem pode adivinhar o
que era acontecer com ele em outro dia e que esses “magos” (homens que
fazem adivinhações) começam a ser exaltados pelo próprio homem; Deus
então começa a perder o lugar de todo o poderoso no olhar do novo homem
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moderno.
Na arte italiana do Renascimento se via muitas composições com a astrologia,
percebendo-se que muitas podiam dissimular significados muito profundos do
que meras artes belas do Renascimento.
O autor cita alguns pensadores da época em que não acreditavam nesse
assunto da astrologia; Erasmo, Rabelais, Lutero, Calvino.
DELUMEAU propõe agora o assunto da criança no Renascimento, dizendo que
o reconhecimento dessas faz afirmar o individualismo. O Renascimento como
já foi dito, foi uma época de muita representação artística, e a imagem do
menino Jesus ao lado da Virgem Maria, mas no final do século XV e inicio do
XVI, os artistas Leonardo da Vinci, Rafael e Miguel Ângelo começaram a fazer
imagem nua do menino Jesus ao lado da Virgem. Com isso os artistas do
Renascimento aumentaram cada vez mais o tema da infância na religiosidade,
tendo assim um pretexto para a representação da criança nesse movimento
artístico, já que a criança teve uma entrada discreta na civilização moderna.
Como também já foi dito, Renascimento só era pra pessoas ricas, então a
criança pobre passou despercebida perante a sociedade, enquanto a criança
rica começava a desfrutar da arte do retrato, o que começava a desenvolver,e
proporcionando a entrada das crianças na sociedade.
Com o surgimento da criança no Renascimento, começou a ter uma
preocupação sobre a educação. O autor fala que a educação da Idade
Moderna é diferente da Medieval, já que eles substituíram o latim da igreja pelo
Cícero e de Virgilio, e que introduziram o grego na educação das crianças.
O autor fala sobre o surgimento de universidades e como eram seus estudos,
dando exemplo de como era o ensino da Idade Média e como os alunos se
comportavam. Ele também ressalva que a procura do curso de teologia e arte
eram maiores que o direito e medicina, e que no século XVI e XVII, havia mais
pessoas cultas do que o século XIII e XIV. Como o autor já disse as pessoas
de condições mais modestas, não tinham tanta oportunidade como os ricos,
por isso sua aprendizagem se dava na pratica, ou seja, esses eram aprendizes
de seus mestres.
Segundo as pesquisas do autor, e tendo como afirmação o autor
BURCKHARDT, as mulheres pouco tinham acesso a escola e sua maioria
ficava em casa,mais mesmo com essa situação havia mais mulheres cultas no
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século XVI do que as épocas anteriores.Mesmo as mulheres não tendo tanto
acesso a escola,o autor destaca grandes mulheres que tiveram importante
papel durante esses períodos como Joana D´arc;Isabel,a católica;Catarina de
Medicis,Isabel I;Margarida de Navarra;Renata de França(duquesa de Ferrara)e
Teresa de Ávila.
Ele também fala que a exaltação da mulher (corpo da mulher)se da na
literatura e na arte,e que o renascimento foi a época em que mais se
evidenciou isso.Sem sair muito do contexto de sexualidade o autor comenta
sobre o homossexualismo masculina em que também teve sua manifestação
na arte e na literatura,dando exemplo de Miguel Ângelo e Leonardo Da Vinci
como uns dos colaboradores desse tema.
DELUMEAU começa a falar sobre a religião do século XVI, dizendo que nessa
época não se havia ateu, mas que havia muitos que não obedeciam aos
dogmas da igreja como Maquiavel, Nietzsche e ressaltando a idéia do autor
VASARI, para dizer que Da Vinci tinha um espírito herético, sendo mais filosofo
do que cristão. O autor diz sobre a questão do espírito e a carne, sobre o
inferno, a imagem de Deus e Jesus sendo comparado como humanista na
visão de BODIN. Segundo o estudo do autor ele nos revela que Rabelais
desprezava os padres e monges, rejeitava as peregrinações, os cultos aos
santos e as indulgencias, e que sua religião era o individualismo, mas mesmo
assim cristão, e que ele estava longe de ser ateu.
Como o próprio autor diz: “A sociedade européia continuava a ser
profundamente cristã” e “Das analises anteriores deve concluir-se que a
Europa do Renascimento não era pagã e não se descristianizara tanto quanto
pensava”, e “Devemos insistir mais no fato de o Renascimento ter pensado no
cristianismo” (p.p 397).