Download - ficha_6
C A D E R N O D E A P O I O A O P R O F E S S O R96FICHA DE AVALIAO 4 UNIDADE 4
medonhos. Foi um alvoroo, um levantamento. A me trmula, agachada junto dele,
P O R T U G U S97
punha-o de p sobre as perninhas moles, limpando-lhe as grossas lgrimas, j com, o
leno, j com beijos, quase a chorar tambm.
()
O Eusebiozinho foi ento foi ento preciosamente colocado ao lado da titi; ()
()
E, voltando-se para Eusebiozinho, que se conservava ao lado dela, quieto como se
fosse de gesso:
filho, diz tu aqui ao sr. Vilaa aqueles lindos versos que sabes No sejas
atado, anda! V, Eusbio, filho, s bonito
Mas o menino, molengo e tristonho, no se descolava das saias da titi: teve ela de
o pr de p, ampar-lo, para que o tenro prodgio no alusse sobre as perninhas fl-
cidas; e a mam prometeu-lhe que, se dissesse os versinhos, dormia essa noite com
ela
Isto decidiu-o: abriu a boca, e como de uma torneira lassa veio de l escorrendo,
num fio de voz, um recitativo lento e babujado:
()
Disse-a toda sem se mexer, com as mozinhas pendentes, os olhos mortios pre-
gados na titi. A mam fazia o compasso com a agulha do crochet; e a viscondessa,pouco a pouco, com um sorriso de quebranto, banhada no langor da melopeia, ia cer-
rando as plpebras.
Muito bem, muito bem! exclamou o Vilaa, quando o Eusebiozinho findou
coberto de suor. Que memria! Que memria! um prodgio!
()
Como ao outro dia era domingo, e havia missa cedo, as senhoras retiram-se s
nove e meia () e o moo das Silveiras levava ao colo o Eusebiozinho, que parecia um
fardo escuro, abafado em mantas, com um xale amarrado na cabea.
Ea de Queirs, Os Maias, Lisboa, Edio Livros do Brasil, s/d, pp. 68/76.
1. Nestes excertos, a personagem central Eusebiozinho.
1.1. Faz a sua descrio fsica.
1.2. Como o tratavam a me e a tia?
1.3. Transcreve do texto expresses que reforcem a resposta anterior.
1.4. Compara o comportamento deste menino com o de Carlos.
1.5. Ao fazer a descrio de Eusebiozinho, o narrador utiliza, por vezes, a ironia.
1.5.1. Retira dos excertos exemplos de ironia.
1.5.2. Qual , neste caso, o objetivo da utilizao desta figura de retrica?
1.5.3. Indica outros processos utilizados com o mesmo objetivo.
AEPM11CAP_07
C A D E R N O D E A P O I O A O P R O F E S S O R98
2. Recorda a leitura de Os Maias e indica outra personagem que tenha recebido uma educao seme-
lhante de Eusebiozinho.
2.1. Consideras que a educao recebida por ambos teve repercusses nas suas vidas?
2.2. A educao de Carlos, muito avanada para a poca em que vivia, centrada essencialmente no
desenvolvimento fsico, na observao da natureza e sem os temores da religio, preparou-o para
a vida? O seu futuro foi diferente do dos outros dois?
2.3. Qual seria a inteno de Ea de Queirs ao introduzir na obra, com tanto destaque, o tpico da
educao?
GRUPO II
1. Rel as seguintes frases retiradas dos excertos.
a. depois de crescidinho tinha tal propsito que permanecia horas numa cadeira
b. E, voltando-se para Eusebiozinho, que se conservava ao lado dela,
c. filho, diz tu aqui ao sr. Vilaa aqueles lindos versos que sabes
d. a me prometeu-lhe que () dormia essa noite com ela
e. o moo das Silveiras levava ao colo o Eusebiozinho, que parecia um fardo escuro,
1.1. Classifica as oraes subordinadas das frases.1.2. Indica a funo sinttica desempenhada pela orao subordinada em d.
2. Indica e justifica o tipo de ato ilocutrio que constitui a fala de D. Ana na frase c. e o da frase d.
3. Recorrendo aos testes que se utilizam para esse efeito, classifica aspetualmente a situao descrita
na orao subordinante da frase e.
GRUPO III
Tem bem presentes as regras de produo de um resumo e, depois de lido o texto, resume-o.
Ea Esttico e Poltico
Ea de Queirs , para mim, acima de tudo, o supremo ironista da nossa literatura
moderna e o renovador da lngua literria. Desprezando a retrica romntica, ignorando
mesmo o portugus clssico e vernculo que encontramos no Padre Antnio Vieira ou
em D. Francisco Manuel de Melo e que vai dar a Aqui li no e a Teixeira Gomes, soube
criar uma escrita plstica, luminosa, mais oral e at potica, com base em extenses
de sentido e mltiplas conotaes, hiplages, metforas e metonmias, isto , recursos
do estilo impressionista, muito praticado pelos seus mestres franceses, especialmente
Flaubert e Maupassant.
P O R T U G U S99
claro que no esqueo o empenho progressista de Ea na crtica da sociedade
burguesa conservadora, o retrato caricatural dos oportunistas, dos ricaos impantes, dos
manobradores da finana, dos parvos sentenciosos e reacionrios, como o Gouvarinho,
o Abranhos, o Dmaso Salcede, o Accio. Nem a crtica ao clero e ao mundo beatrio,
ao seu egosmo e s suas supersties.
Os Maias um romance prodigioso, onde cabem o romanesco e o satrico, teorias
sobre a educao e o gosto, o iderio socialista proudhoniano, o amor e a seduo, a
boalidade lusitana nesse e noutros domnios e, para alm da constante vivacidade e
beleza verbal, uma harmoniosa e trabalhada arte de construo da narrativa.
Tambm gosto do ltimo Ea, o de A Cidade e as Serras e de A Ilustre Casa de Ramires,
de Vidas de Santos, aquele, j politicamente desiludido ou acomodado, que se volta
para a suavidade de certos mitos cristos, revertendo cultura da infncia, e ganha
um apuro esttico que o coloca, na inveno verbal e na msica da frase, entre os
mais notveis prosadores do mostrurio europeu.
Urbano Tavares Rodrigues,
Ea esttico e poltico Revista Cames, Ea de Queirs, n. 9/10, 2000.
CLASSIFICAO
Grupo I
1.1. 5 pontos1.2. 5 pontos1.3. 5 pontos1.4. 5 pontos1.5.1. 5 pontos1.5.2. 5 pontos1.5.3. 5 pontos2. 5 pontos2.1. 5 pontos2.2. 5 pontos2.3. 5 pontosTotal = 55 pontos+
Grupo II
1.1. 10 pontos
1.2. 10 pontos
2. 10 pontos
3. 15 pontos
Total = 45 pontos
Grupo III
100 pontos
Total = 200 pontos
+